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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2
UNIDADE 1 - SERVIÇOS DE SAÚDE ........................................................................ 3
UNIDADE 2 - A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL ...................................................... 12
UNIDADE 3 - A GESTÃO DO SUS .......................................................................... 19
UNIDADE 4 - GESTÃO DE SERVIÇOS DE ALTA, MÉDIA COMPLEXIDADE E DA
ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE .......................................................................... 28
UNIDADE 5 - A GESTÃO DOS RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ............. 38
UNIDADE 6 - PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA ................................................... 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44
2

INTRODUÇÃO

O modelo de administração gerencial que veio sendo implantado desde fins


dos anos 90, principalmente no Brasil, nos mostra que, na área de saúde, é preciso
dotar estes serviços públicos de maior eficácia e resolutividade.
Para que isto se torne uma realidade, é preciso superar os fatores que
ocasionam seu baixo desempenho, que passam pela falta de recursos, humanos ou
materiais e baixa qualificação do pessoal, mas não esquecendo que a existência de
recursos, por si só, não garantirá a qualidade dos serviços.
Segundo Hampton (2001):
Uma organização, seja ela, Secretaria, Hospital ou Centro de Saúde, é
unidade social deliberadamente construída para atingir determinados objetivos. Ela
resulta de uma combinação de pessoas, recursos e tecnologia para atingir aqueles
objetivos. Para isso, ela possui uma maneira padronizada de operar. Assim, em
qualquer organização, onde as pessoas se agrupam para realizar determinadas
tarefas, para produzir bens ou serviços, é necessário que haja um trabalho para
prover as condições necessárias à realização de seus objetivos.
A esse trabalho realizado para conseguir o desempenho das tarefas,
resultados e satisfação dos cidadãos chamamos na atualidade de “Gestão”.
Esperamos, portanto, que ao longo desta leitura, vocês, atuais e futuros
gestores, encontrem subsídios para uma reflexão crítica sobre o papel do gestor e
dos caminhos sinuosos que ele precisa seguir para atingir os objetivos dos serviços
de saúde: atendimento digno, de qualidade e eficaz aos cidadãos que procuram os
serviços de saúde.
Enfim, os caminhos que permeiam os serviços de saúde são cheios de
detalhes e o assunto é extenso, portanto, recomendamos uma leitura atenta e que
busquem sempre nas referências bibliográficas complementares, respostas para
questionamentos e lacunas que por ventura surjam no decorrer no curso.

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UNIDADE 1 - SERVIÇOS DE SAÚDE

O Brasil, país de dimensão continental, nos mostra municípios e regiões


brasileiras vivendo nos mais diversificados contextos e nos levam a perceber que a
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) – nosso sistema de saúde atual - tem
uma missão muito complexa e desafiadora, principalmente em se tratando de
participar da construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Para o SUS atingir os seus objetivos, é preciso qualificar permanentemente a
gestão pública de saúde em todas as esferas governamentais, pois ao gestor
público, em qualquer nível que se encontre, federal, estadual ou municipal, cabe
uma grande responsabilidade. Eles não são meros agentes administrativos. Eles
formulam e produzem políticas e estratégias institucionais, dirigem, comandam,
conduzem e difundem as decisões.
Portanto, ao pensar em gestão, conforme diz Miranda (2005): “é
essencialmente pensar em gestores, em seus comportamentos, suas ações, seus
cálculos, suas práticas, suas relações de poder, suas interações, mediações,
desacordos e acordos”. É o que analisaremos nos capítulos adiante.

1.1 Conceituações e objetivos


Segundo a ANVISA (2007), Serviços de Saúde são estabelecimentos
destinados a promover a saúde do indivíduo, protegê-lo de doenças e agravos,
prevenir e limitar os danos a ele causados e reabilitá-lo quando sua capacidade
física, psíquica ou social for afetada.
Para Novaes (2004)

Os serviços de saúde são hoje estruturas organizacionais e técnicas


extremamente diversificadas, incluindo desde consultórios individuais e
unidades básicas até hospitais terciários e especializados, bem como
serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. A condição essencial para sua
identificação é ser o espaço onde se localizam os profissionais e as
tecnologias materiais responsáveis pela realização da atenção à saúde da
população.

Ainda de acordo com as análises de Novaes, os serviços se transformam


continuamente no que diz respeito ao perfil tanto dos profissionais, com uma
ampliação nas categorias inseridas nos processos assistenciais, com especialização
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horizontal (tipos de profissionais) e vertical (tipos de especialistas nas categorias


profissionais), quanto das tecnologias materiais incorporadas e dos procedimentos
diagnósticos e terapêuticos realizados. Isso faz com que os serviços de saúde,
atualmente sempre integrados a “sistemas de atenção à saúde”, constituam-se em
objetos que desafiam categorizações e dificultam as análises que buscam identificar
e mensurar a sua participação e o seu impacto sobre os problemas de saúde de
populações especificadas.
Enfim, poderíamos dizer que os serviços de saúde possuem duas funções
básicas: cuidar da doença e prevenir a doença, através da fiscalização de ambientes
propícios ao surgimento de doenças e das mais diversas campanhas de
conscientização da população.

1.2 Enquanto disciplina e objeto de pesquisa


Algumas análises etimológicas são necessárias para entendermos os
serviços de saúde enquanto disciplina e objeto de estudo de pesquisas.
Segundo Garcia (2001), educar e fazer saúde são dois termos relacionados
intrinsecamente.
Daí, podem ser traçadas várias relações entre o educar e o cuidar, entre os
modelos educacionais e os modelos tecnoassistenciais dos serviços de saúde.
Os termos terapia e educar aproximam-se em sua origem etimológica.
Segundo Rubem Alves (1993 citado por Garcia, 2001), em grego, therapeutés
é um “serviçal” e o verbo therapeuein quer dizer “cuidar, tomar conta, como se cuida
de um jardim, como se cuida de uma criança”.
Quanto ao educar, há o educare do latim, que originariamente tinha o sentido
de criar, nutrir, amamentar, cuidar, passando depois a significar educar, instruir,
ensinar. Há também, o sentido de conduzir para fora, lançar, “tirar de dentro”, mas
também parir, produzir, criar. Tais significados parecem completar-se,
demonstrando, por um lado, que para educar seria necessário alimentar, nutrir,
indicando que aquele que está sendo educado nutre-se de conhecimentos. Por outro
lado, demonstra-se que este processo deve partir de dentro, sendo necessário ter
fome e demonstrá-la. Assim, cabe ao terapeuta e ao educador cuidar procurando
compartilhar, produzir, gerir.

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Enfim, educar é cuidar e para cuidar se educa, portanto, cuidar/educar é o


ponto de partida e de chegada da ação.
Isso nos leva a crer que qualquer intervenção que se faça na saúde é fruto de
uma ação pedagógica, portanto, decorre daí, os serviços de saúde serem
considerados objeto de pesquisa e de estudo (GARCIA, 2001).
Aqueles que buscam se especializar em gestão de serviços de saúde
precisam estar atentos para o lado educativo, de pesquisa, de busca de novos
conhecimentos e da internalização dos mesmos, para que as intervenções a serem
realizadas, visando sempre o melhoramento da secretaria, do órgão ou da unidade
de saúde, sejam baseadas em conhecimento, e não em hipóteses aleatórias, sem
embasamento que lhe dêem alguma segurança.
De encontro ao exposto acima, encontramos no Ministério da Saúde (MS),
que o conhecimento gerado pelas áreas técnicas e entidades vinculadas ao próprio
MS surge da confluência dos saberes de diversos domínios: biologia, economia,
enfermagem, engenharia, estatística, farmacologia, informática, medicina, nutrição,
psicologia, química, sociologia, dentre outras. Estes saberes se fundem à prática de
gestão do sistema público de gestão (BRASIL, 2007).
Neste contexto, surgiu a Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na
Saúde – SGTES, criada dentro do Ministério da Saúde, pelo decreto nº 4726/03,
sendo um órgão com as finalidades de promover a ordenação da formação de
recursos humanos na área de saúde, elaborar e propor políticas de formação e de
desenvolvimento profissional para essa área, planejar, apoiar e coordenar atividades
relacionadas ao trabalho e à educação na área de saúde, promover a articulação
com órgãos educacionais, dentre muitas outras finalidades.
Portanto, estudar, analisar, pesquisar a medicalização, os diversos sistemas
de saúde, a demanda dos serviços, dos gastos com saúde, etc., são pontos de
extrema importância para se conhecer e decidir por políticas e programas que visem
sempre a qualidade de vida.
Enfim, neste processo todo, ao educador, ou ao profissional de saúde não
basta saber; é preciso também querer; e não adianta saber e querer, se não se tem
a percepção do dever e não se tem poder para acionar os mecanismos de
transformação nos rumos da instituição (GARCIA, 2001).

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É importante aproximar e deixar caminhar juntos, o mundo das pesquisas,


dos estudos e o mundo do trabalho, pois um completa o outro, proporcionando
novas soluções para atender aos objetivos pertinentes aos serviços de saúde.

1.3 Enquanto serviço para a população – a atenção básica à saúde


Qualquer tentativa de definir condensadamente a atenção básica à saúde não
conseguiria o intento, portanto, eis na íntegra a sua concepção segundo o Ministério
da Saúde, que nos mostra ser a atenção básica, a sua condição mais próxima de
serviço de saúde para a população:
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no
âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção
da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias,
democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a
populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade
sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas
populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que
devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu
território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-
se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do
cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da
humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2007).
A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade,
na integralidade e na inserção sócio-cultural e busca a promoção de sua saúde, a
prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que
possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL,
2007).
Como gestores dos sistemas locais de saúde, os municípios e o Distrito
Federal, são os responsáveis pelo cumprimento dos princípios da Atenção Básica,
pela organização e execução das ações em seus territórios.
Sucintamente, temos abaixo as responsabilidades de cada esfera gestora em
relação a atenção básica:

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Federal:
• Elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica;
• Co-financiar o sistema de atenção básica;
• Ordenar a formação de recursos humanos;
• Propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação da
atenção básica;
• Manter as bases de dados nacionais.
Estadual:
• Acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em seu
território;
• Regular as relações inter-municipais;
• Coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos humanos em
seu território;
• Co-financiar as ações de atenção básica;
• Auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção básica em seu
território.
Municipal:
• Definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território;
• Contratualizar o trabalho em atenção básica;
• Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e
gerência);
• Co-financiar as ações de atenção básica;
• Alimentar os sistemas de informação;
• Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão
(BRASIL/DAB, 2007).
No capítulo seguinte serão discutidas com mais detalhes, a estrutura e o
funcionamento das Unidades Básicas de Saúde, as quais preconizam a atenção
primária nos municípios.

1.4 Os problemas da administração tradicional dos serviços de saúde


Quando falamos em administrar a saúde pelo lado da oferta, estamos falando
em administração tradicional. Exemplos deste tipo de administração seriam os casos
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em que os médicos “montam” seu consultório e aguardam os pacientes aparecerem


ou dando uma volta no tempo, quando a Igreja construía uma Santa Casa e os
enfermos iam procurar atendimento.
Para Medici (2000) quando o serviço tem que ser pago, a situação se torna
mais complexa, principalmente porque a capacidade de pagamento de tais serviços
acaba por se tornar um mecanismo de seleção de atendimento, o qual variará de
acordo com a renda pessoal e, por tabela, será levado em consideração, as tarifas
cobradas.
Dentre as características destes sistemas de saúde regidos pela oferta, e que
podemos considerar negativas, temos:
1. A redução da qualidade do atendimento devido à baixa competitividade, ou
seja, sem opções e liberdade de escolha, os médicos não procuram agradar
os pacientes porque estes não têm escolha e tem que se acostumar com a
saúde que recebem, independente de sua qualidade. Por outro lado, como
não tem informação sobre seu estado de saúde, qualquer coisa que o médico
faça é aceitável;
2. Os médicos trabalham em várias instituições para conseguirem manter uma
renda compatível com suas necessidades e geralmente, dedicam-se mais
àquelas instituições que pagam melhor em detrimento da qualidade nos
sistemas onde o controle é menos rígido. Consequências visíveis nestes
estabelecimentos, é a cumplicidade entre os profissionais e mesmo os
gerentes que muitas vezes também trabalham em mais de um local,
escondendo as falhas do sistema e o absenteísmo generalizado.
3. Os estabelecimentos sabem que a prevenção reduz os riscos de utilização
dos serviços de saúde, estreitando o mercado, mas justamente por serem
regidos pela oferta, não praticam nem promovem a prevenção. Os pacientes
também não se preocupam em desenvolver e cultivar bons hábitos, pois é
mais cômodo procurar os serviços de saúde quando necessitam de algum
tratamento.
4. A falta da prática preventiva e de estímulo a pesquisas de diagnósticos leva
os profissionais a optarem pelo uso de medicamentos produzidos pela
indústria farmacêutica ou uso de equipamentos modernos, que acaba por ser

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mais fácil, os quais elevam os custos quer sejam dos planos de saúde ou do
serviço público.
A falta de qualidade no atendimento, entendida aqui como tratamento digno,
atencioso, rápido, instalações limpas, conforto no sentido de reduzir o sofrimento do
paciente são aspectos desfavoráveis nos sistemas regidos pela oferta (MEDICI,
2000).
As características acima deixaram bem claro que a tendência dos sistemas
que funcionam pela oferta não leva em consideração a redução de custos e muito
menos a preocupação com a qualidade de trabalho do profissional e qualidade de
atendimento aos pacientes.
No caso do nosso direcionamento, os serviços de saúde que são públicos e
que atendem por demanda, é preciso realizar um trabalho voltado para a prevenção
por dois motivos básicos: o primeiro porque viver com qualidade de vida é muito
melhor e segundo, porque os custos precisam ser reduzidos, uma vez que as verbas
do governo federal raramente são suficientes para atender toda a população em
todos os serviços necessários.1
Nesse sentido, uma função primordial dos serviços de saúde, na perspectiva
de promover qualidade, é fornecer a informação necessária e a
educação/conscientização para que cada um saiba quais são os seus limites e,
dessa forma, reduzir seus riscos. O serviço de saúde dirigido pela oferta não tem
preocupação com isso, mesmo porque a redução de uso/consumo de bens e
serviços de saúde é contrária aos interesses de quem os oferece.
O mesmo ocorre quando Ministérios ou Secretarias de Saúde mantêm
diretamente seus próprios serviços. Como estes tendem a absorver quase todo o
orçamento setorial, os gastos com saúde pública e com vigilância sanitária e
epidemiológica vão se contraindo, aumentando os riscos de endemias,
contaminação ambiental e outros problemas de saúde coletiva, que afetam mais as
populações pobres. Analogamente, se estes mantêm somente suas funções de
financiadores e reguladores da prestação de serviços, podem não somente exercer

1
Um exemplo atual desta condição do governo federal, de não conseguir arcar com todas as
demandas está visível na perda da CPMF que aconteceu recentemente, contribuição esta, na faixa
de 40 bilhões de reais, que certamente, acarretará problemas sérios ao Ministério da Saúde no
tocante a implementação e custeio de muitos programas na área de saúde, como o programa bolsa
família.
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um maior controle sobre o gasto global com saúde, como também cuidar das tarefas
que lhe são específicas de saúde pública e vigilância (MEDICI, 2000).

1.5 A evolução e as tendências atuais da gestão dos serviços de saúde


Estudos de Teixeira e Vilasboas (2007) relativos a planejamento e gestão,
mostram que de acordo com as últimas Conferências Nacionais de Saúde, foram
encontrados alguns eixos estruturantes da reforma do sistema público de saúde que
nos levam a compreender a evolução pela qual passou nossa saúde e quais as
tendências atuais de grande interesse público.
São eles:
• A descentralização da gestão do SUS, com consequente redefinição das
funções e competências de cada esfera de governo;
• O financiamento do setor, incluindo o debate acerca das fontes de recursos e
dos mecanismos de transferências intergovernamentais;
• A mudança dos modelos de atenção à saúde, especialmente as inovações
gerenciais necessárias à consolidação de modelos alternativos aos
hegemônicos;
• A implantação dos sistemas de auditoria, controle e avaliação dos serviços de
saúde;
• O aperfeiçoamento dos mecanismos de controle social sobre a gestão do
sistema de saúde;
• O desenvolvimento e gerenciamento de recursos humanos para a gestão e
operação do sistema;
• O gerenciamento de sistemas de informação como suporte ao processo de
tomada de decisões em saúde.
Estes eixos nos mostram que a concepção atual de administração é a
chamada contingencial, que leva em consideração a interdependência de fatores
tais como: a tecnologia, as tarefas, os recursos, a clientela e a própria
administração.
Essa tendência atual nos mostra que mesmo organizações de saúde,
precisam ser entendidas de uma maneira ampla, ou seja, só vamos entender o que

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nela acontece, buscando e encontrando uma rede de causas e não uma única
causa.
Enfim, quando pensarmos em reestruturar o sistema de saúde, temos de
considerar não apenas a rede, mas também a organização dos serviços de cada
unidade que a compõe, reordenando sua prática a partir de uma nova concepção,
definida pelo modelo assistencial de saúde que se quer, reconhecendo, portanto,
que as organizações são sistemas interdependentes de complexidade crescente, e
que a mudança de uma parte de uma organização afeta outras partes. Em uma
unidade de saúde, por exemplo, as pessoas, tarefas e administração apresentam
inter-relações diversas entre si e seu meio, variando sua complexidade em função
do tamanho, da tecnologia e dos seus objetivos (TEIXEIRA E VILASBOAS, 2007).

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UNIDADE 2 - A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

2.1 Do nascimento à Constituição de 1988


Para falarmos do atual sistema de saúde pública que está em vigência no
Brasil, precisamos voltar no tempo e relembrar alguns fatos importantes que
marcaram a saúde no Brasil no século XX.
O nascimento da saúde pública no Brasil deu-se na transição do século XIX
para o século XX, no período compreendido entre o fim da monarquia e o início da
"República Velha". Configurou-se em um processo de elaboração de normas e
organizações sanitárias e de mudança nas práticas dominantes até então. Ficou
conhecido como "sanitarismo campanhista", tendo sido marcante nos estados de Rio
de Janeiro e São Paulo, visando principalmente sanear os espaços de circulação
das mercadorias exportáveis predominando até meados dos anos 60.
Na década de 20 surgem, no bojo da industrialização incipiente, as Caixas de
Aposentadoria e Pensões (CAPs), organizadas pelas empresas e administradas
com a participação dos trabalhadores, regulamentadas por lei. Elas foram a primeira
participação do Estado brasileiro na assistência individual à saúde, mas a
acessibilidade e o alcance dessas CAPs era limitado a algumas empresas ligadas
ao comércio exportador, ferroviário, marítimo e bancário (CARPINTERO E GARCIA,
2000 apud LORA, 2004).
Na década de 30, as CAPs foram substituídas pelos Institutos de
Aposentadoria e Pensões, organizados por categoria profissional e administrados
pelo governo. Na década de 60, foram unificados para criar o Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social. Esta situação compõe os marcos
administrativos nas políticas de saúde pública no Brasil de 1923 a 1975, período em
que é possível evidenciar a duplicidade assistência/previdência, caracterizada pelo
privilégio exercido pela prática médica curativa, individual, assistencialista e
especializada, em detrimento da saúde pública, bem como o desenvolvimento de um
sistema que priorizava a capitalização da medicina e a sua produção privada (o que
foi visto no tópico sobre os problemas da administração tradicional).
O Ministério da Saúde esteve, desde sua origem, ligado às ações preventivas
por meio de campanhas sanitárias, assumindo, na área de assistência médica,
apenas as funções de criação e manutenção de grandes hospitais para
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enfermidades crônicas (OIKAWA, 2001 apud LORA, 2004). Com o golpe militar de
1964, os institutos de previdência foram unificados no Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), sob controle estatal. A criação do Fundo de Assistência e
Previdência do Trabalhador Rural (Funrural), incluiu os trabalhadores rurais no
sistema previdenciário. Posteriormente, mediante contribuição individual, os
benefícios foram estendidos aos empregados domésticos e trabalhadores
autônomos.
Desta forma, ampliou-se o acesso à assistência médica da população
brasileira, porém apenas uma fração da sociedade tinha o direito ao acesso aos
serviços: aqueles que contribuíam previamente à previdência.
Na década de 70, desde o seu início, vários estudos e pesquisas foram sendo
publicados, demonstrando que o modelo de desenvolvimento que o Brasil tinha
adotado concentrava renda, não distribuía benefícios sociais e, portanto, tratava mal
a saúde de sua população.
Em 1975, a Lei nº. 6229, organizou o Sistema Nacional de Saúde e
estabeleceu as principais competências das distintas esferas de governo. Essa
organização tinha forte característica centralizadora no nível federal e nítida
dicotomia entre as ações coletivas (competência do Ministério da Saúde) e
individuais (competência do Ministério da Previdência e Assistência Social), o que
fazia com que não se estabelecesse um comando único em cada esfera de governo.
No nível federal, além das competências do Ministério da Previdência e Assistência
Social e do Ministério da Saúde, também se definiam competências para os
Ministérios da Educação, do Trabalho e do Interior.
Esse sistema recebeu fortes críticas de setores acadêmicos (Universidades,
Departamentos de Medicina Preventiva e Social e Escolas de Saúde Pública) e de
setores da sociedade civil.
Já na década de 80, principalmente a partir de 1985, no interior do processo
de redemocratização do país, deu-se o nascimento de um considerável movimento
de múltiplos atores políticos, chamado Movimento da Reforma Sanitária.
O grande marco histórico nesse processo foi, sem dúvida alguma, a VIII
Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em março de 1986, que contou com a
participação de diversos setores organizados da sociedade.

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Segundo Lora (2004) houve um consenso de que para o setor da saúde no


Brasil não era suficiente uma mera reforma administrativa e financeira, mas sim uma
mudança em todo o arcabouço jurídico-institucional vigente, que contemplasse a
ampliação do conceito de saúde segundo os preceitos da reforma sanitária.
Este encontro foi importante para legitimar as propostas de unificação do
sistema no Ministério da Saúde de garantia, pelo Estado, de condições dignas de
vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e
recuperação da saúde, em todos os seus níveis a todos os habitantes do território
nacional (BRASIL, 1987).

2.2 Pós Constituição de 1988 – o nascimento do SUS


Nasce com a Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS), mas
que só foi regulamentado em 1990 com a Lei Orgânica da Saúde de nº 8080 e nº
8.142.
O SUS é definido como o conjunto de ações e serviços de saúde prestados
por órgãos e instituições públicas e por entidades privadas conveniadas ou
contratadas.
São princípios do SUS:
• UNIVERSALIDADE - o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas
as pessoas, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras
características sociais ou pessoais;
• EQUIDADE - é um princípio de justiça social que garante a igualdade da
assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. A
rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais da população a ser
atendida;
• INTEGRALIDADE - significa considerar a pessoa como um todo, devendo as
ações de saúde procurar atender à todas as suas necessidades.
Destes derivaram alguns princípios organizativos:
• HIERARQUIZAÇÃO - Entendida como um conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; referência e
contra-refrência;

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• PARTICIPAÇÃO POPULAR - ou seja, a democratização dos processos


decisórios consolidado na participação dos usuários dos serviços de saúde
nos chamados Conselhos Municipais de Saúde;
• DESENCENTRALIZAÇÃO DA POLÍTICA ADMINISTRATIVA - consolidada
com a municipalização das ações de saúde, tornando o município gestor
administrativo e financeiro do SUS (LEI 8080/90).

Os objetivos e as atribuições do SUS foram assim definidas:


• Identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da
saúde;
• Formular as políticas de saúde;
• Fornecer assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações
assistenciais e das atividades preventivas.
• Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica;
• Executar ações visando a saúde do trabalhador;
• Participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento
básico;
• Participar da formulação da política de recursos humanos para a saúde;
• Realizar atividades de vigilância nutricional e de orientação alimentar;
• Participar das ações direcionadas ao meio ambiente;
• Formular políticas referentes a medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos, e outros insumos de interesse para a saúde e a participação
na sua produção;
• Controle e fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para
a saúde;
• Fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo
humano;
• Participação no controle e fiscalização de produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos;
• Incremento do desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde;
• Formulação e execução da política de sangue e de seus derivados.
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Assim, o Estado adotou uma política de ampliação do acesso à atenção,


promovendo a um maior número de pessoas um leque mais diversificado de ações e
serviços de saúde. Esta universalização do acesso à atenção vem sendo
implementada ao longo das duas últimas décadas por uma série de mecanismos
legais, institucionais e organizacionais, objetivando unificar e descentralizar a
atenção à saúde (OIKAWA, 2001 apud LORA, 2004).
Dentro do universo das experiências que foram surgindo, seja em nível local
ou regional, a Saúde da Família distinguiu-se como uma estratégia de real
implantação do Sistema Único de Saúde e de seus princípios doutrinários e
organizacionais. Assunto que será tratado no último capítulo desta apostila, dada
sua importância.

2.3 Os tipos de organização dos sistemas de saúde


Existem muitas formas de organização dos sistemas de serviços de saúde,
mas os mais conhecidos, de acordo com Mendes (2002), são dois:
• Os que se organizam através de um conjunto de serviços de atenção à
saúde, isolados, e sem comunicação entre si, onde atua uma atenção básica
de forma precária e descontínua e;
• Os sistemas constituídos de uma rede integrada de pontos de atenção à
saúde, organizados pela atenção básica, que presta uma assistência
continuada a uma população previamente determinada e se responsabiliza
pelos resultados econômicos e sanitários relacionados a essa comunidade.
Nos sistemas fragmentados, predomina uma estrutura piramidal, como mostra
a figura 1, onde os serviços são acessados de forma hierárquica, segundo uma
complexidade crescente. Entretanto, essa forma de conceber a organização do
sistema entende a Atenção Básica enquanto menos complexa do que as demais.
Para Mendes (2002), a Atenção Básica compreende uma série de
conhecimentos interdisciplinares, além de atitudes e habilidades altamente
especializadas.
No sistema integrado de organização dos serviços, o sistema piramidal é
substituído por uma rede horizontal integrada, onde não há hierarquização dos
serviços. Na rede horizontal, os diferentes pontos de atenção à saúde constituem

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“nós” dessa rede, que é coordenada pela atenção básica para que haja uma
interação qualificada entre eles. Portanto, como centro da comunicação desse
sistema, a Atenção Básica tem um papel altamente resolutivo, fundamentalmente
organizador e, sobretudo, de responsabilização pelo usuário em qualquer ponto da
rede (FIGURA 2)

ALTA
COMPL.

MÉDIA
COMPLEXIDADE

ATENÇÃO
PRIMÁRIA
Figura 1: Modelo Piramidal
Fonte: Mendes (2002)

HOSPITAL

CENTRO DE HOSPITAL/DIA
ENFERMAGEM UNIDADE
BÁSICA
DE SAUDE

AMBULATÓRIO
ATENÇÃO
ESPECIALIZADO
DOMICILIAR

Figura 2: Rede horizontal - sistema integrado de organização dos serviços


Fonte: Mendes (2002)

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Outro aspecto importante da nova proposta de regionalização do SUS diz


respeito ao modelo assistencial. A organização piramidal do sistema de saúde por
níveis hierarquizados de “complexidade”, ao reproduzir a ideia de centro-periferia,
discrimina negativamente os municípios menores, reproduzindo desigualdades e
induzindo relações competitivas, incompatíveis com a proposta de regionalização
solidária, que demanda formas de articulação mais igualitárias, horizontais e
flexíveis.
O modelo vertical de organização do sistema de saúde também tende a
desconsiderar a densidade cognitiva da atenção básica e sua importância para a
organização regionalizada do sistema de saúde com eficiência e qualidade.
A instalação e fortalecimento das comissões intergestoras regionais e de
fóruns de participação e controle social, com representação dos conselhos
municipais, constitui uma das estratégias para viabilizar a co-gestão regional.
Segundo Mendes (2002), através de tecnologias de informação pretende-se
promover uma maior transparência e compartilhamento dos processos de gestão,
possibilitando acompanhamento e controle dos fluxos intermunicipais de pacientes;
fortalecimento do controle social e disseminação de informações e criação de canais
virtuais de debate, entre outros.

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UNIDADE 3 - A GESTÃO DO SUS

Este capítulo tem o objetivo de apresentar o funcionamento e os papéis


básicos dos gestores do Sistema Único de Saúde nas três esferas da Administração
Pública, ou seja, federal, estadual e municipal, mas de antemão já recomendamos a
leitura do Manual da Gestão Municipal de Saúde do Ministério da Saúde, disponível
no site do próprio Ministério, visto ser um assunto para ser analisado
minuciosamente, pois são muitas as leis, normas operacionais básicas, portarias e
instruções normativas que regem as gestões de saúde nestas esferas.
Os três níveis de governo são responsáveis pela gestão e financiamento do
SUS, de forma articulada e solidária.

3.1 Nível Federal


No que diz respeito ao gestor federal, são identificados quatro papéis básicos,
quais sejam:
a) Exercer a gestão do SUS, no âmbito nacional;
b) Promover as condições e incentivar o gestor estadual com vistas ao
desenvolvimento dos sistemas municipais, de modo a conformar o SUS -
Estadual;
c) Fomentar a harmonização, a integração e a modernização dos sistemas
estaduais, compondo, assim, o SUS - Nacional; e
d) Exercer as funções de normalização e de coordenação no que se refere à
gestão nacional do SUS.

O exercício dos papéis do gestor federal requer a configuração de sistemas


de apoio logístico e de atuação estratégica, que consolidam os sistemas estaduais e
propiciam ao SUS maior eficiência com qualidade, quais sejam:
a) Informação informatizada;
b) Financiamento;
c) Programação, acompanhamento, controle e avaliação;
d) Apropriação de custos e avaliação econômica;
e) Desenvolvimento de recursos humanos;
f) Desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e
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g) Comunicação social e educação em saúde.

O desenvolvimento desses sistemas depende, igualmente, da viabilização de


negociações com os diversos atores envolvidos e da ratificação das programações e
decisões, o que ocorre mediante o pleno funcionamento do Conselho Nacional de
Saúde (CNS).
Depende, além disso, do redimensionamento da direção nacional do Sistema,
tanto em termos da estrutura, quanto de agilidade e de integração, como no que se
refere às estratégias, aos mecanismos e aos instrumentos de articulação com os
demais níveis de gestão, destacando-se:
a) A elaboração do Plano Nacional de Saúde, contendo as estratégias, as
prioridades nacionais e as metas da programação integrada nacional,
resultante, sobretudo, das programações estaduais e dos demais órgãos
governamentais, que atuam na prestação de serviços no setor saúde;
b) A viabilização de processo permanente de articulação das políticas externas
ao setor, em especial com os órgãos que detêm, no seu conjunto de
atribuições, a responsabilidade por ações atinentes aos determinantes sociais
do processo saúde-doença das coletividades;
c) O aperfeiçoamento das normas consubstanciadas em diferentes instrumentos
legais, que regulamentam, atualmente, as transferências automáticas de
recursos financeiros, bem como as modalidades de prestação de contas;
d) A definição e a explicitação dos fluxos financeiros próprios do SUS, frente aos
órgãos governamentais de controle interno e externo e aos Conselhos de
Saúde, com ênfase na diferenciação entre as transferências automáticas a
estados e municípios com função gestora;
e) A criação e a consolidação de critérios e mecanismos de alocação de
recursos federais e estaduais para investimento, fundados em prioridades
definidas pelas programações e pelas estratégias das políticas de
reorientação do Sistema;
f) A transformação nos mecanismos de financiamento federal das ações, com o
respectivo desenvolvimento de novas formas de informatização, compatíveis
à natureza dos grupos de ações, especialmente as básicas, de serviços

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complementares e de procedimentos de alta e média complexidade,


estimulando o uso dos mesmos pelos gestores estaduais e municipais;
g) O desenvolvimento de sistemáticas de transferência de recursos vinculada ao
fornecimento regular, oportuno e suficiente de informações específicas, e que
agreguem o conjunto de ações e serviços de atenção à saúde, relativo a
grupos prioritários de eventos vitais ou nosológicos;
h) A adoção, como referência mínima, das tabelas nacionais de valores do SUS,
bem como a flexibilização do seu uso diferenciado pelos gestores estaduais e
municipais, segundo prioridades locais e ou regionais;
i) O incentivo aos gestores estadual e municipal ao pleno exercício das funções
de controle, avaliação e auditoria, mediante o desenvolvimento e a
implementação de instrumentos operacionais, para o uso das esferas
gestoras e para a construção efetiva do Sistema Nacional de Auditoria;
j) O desenvolvimento de atividades de educação e de comunicação social;
k) O incremento da capacidade reguladora da direção nacional do SUS, em
relação aos sistemas complementares de prestação de serviços ambulatoriais
e hospitalares de alto custo, de tratamento fora do domicílio, bem como de
disponibilidade de medicamentos e insumos especiais;
l) A reorientação e a implementação dos sistemas de vigilância epidemiológica,
de vigilância sanitária, de vigilância alimentar e nutricional, bem como o
redimensionamento das atividades relativas à saúde do trabalhador e às de
execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
m) A reorientação e a implementação dos diversos sistemas de informações
epidemiológicas, bem como de produção de serviços e de insumos críticos;
n) A reorientação e a implementação do sistema de redes de laboratórios de
referência para o controle da qualidade, para a vigilância sanitária e para a
vigilância epidemiológica;
o) A reorientação e a implementação da política nacional de assistência
farmacêutica;
p) O apoio e a cooperação a estados e municípios para a implementação de
ações voltadas ao controle de agravos, que constituam risco de disseminação
nacional;

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22

q) A promoção da atenção à saúde das populações indígenas, realizando, para


tanto, as articulações necessárias, intra e intersetorial;
r) A elaboração de programação nacional, pactuada com os estados, relativa à
execução de ações específicas voltadas ao controle de vetores responsáveis
pela transmissão de doenças, que constituem risco de disseminação regional
ou nacional, e que exijam a eventual intervenção do poder federal;
s) A identificação dos serviços estaduais e municipais de referência nacional,
com vistas ao estabelecimento dos padrões técnicos da assistência à saúde;
t) A estimulação, a indução e a coordenação do desenvolvimento científico e
tecnológico no campo da saúde, mediante interlocução crítica das inovações
científicas e tecnológicas, por meio da articulação intra e intersetorial;
u) A participação na formulação da política e na execução das ações de
saneamento básico (GESTÃO MUNICIPAL DE SAÚDE, 2001).

3.2 Nível Estadual


Segundo Brasil (2007), são identificados quatro papéis básicos para o estado,
os quais não são, necessariamente, exclusivos e sequenciais. A explicitação a
seguir apresentada tem por finalidade permitir o entendimento da função estratégica
perseguida para a gestão neste nível de Governo:
1. Exercer a gestão do SUS, no âmbito estadual;
2. Promover as condições e incentivar o poder municipal para que assuma a
gestão da atenção à saúde de seus munícipes, sempre na perspectiva da
atenção integral;
3. Assumir, em caráter transitório (o que não significa caráter complementar ou
concorrente), a gestão da atenção à saúde daquelas populações
pertencentes a municípios que ainda não tomaram para si esta
responsabilidade. As necessidades reais não atendidas são sempre a força
motriz para exercer esse papel, no entanto, é necessário um esforço do
gestor estadual para superar tendências históricas de complementar a
responsabilidade do município ou concorrer com esta função, o que exige o
pleno exercício do segundo papel;

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4. O mais importante e permanente papel do estado é ser o promotor da


harmonização, da integração e da modernização dos sistemas municipais,
compondo, assim, o SUS - Estadual.

O exercício desse papel pelo gestor requer a configuração de sistemas de


apoio logístico e de atuação estratégica que envolvem responsabilidades nas três
esferas de governo e são sumariamente caracterizados como de:
a) Informação informatizada;
b) Financiamento;
c) Programação, acompanhamento, controle e avaliação;
d) Apropriação de custos e avaliação econômica;
e) Desenvolvimento de recursos humanos;
f) Desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e
g) Comunicação social e educação em saúde.

O desenvolvimento desses sistemas, no âmbito estadual, depende do pleno


funcionamento da Comissão Estadual de Saúde (CES) e da Comissão Intergestora
Bipartite (CIB), nos quais se viabilizam a negociação e o pacto com os diversos
atores envolvidos. Depende, igualmente, da ratificação das programações e
decisões relativas aos tópicos a seguir especificados:
a) Plano estadual de saúde, contendo as estratégias, as prioridades e as
respectivas metas de ações e serviços resultantes, sobretudo, da integração
das programações dos sistemas municipais;
b) Estruturação e operacionalização do componente estadual do Sistema
Nacional de Auditoria;
c) Estruturação e operacionalização dos sistemas de processamento de dados,
de informação epidemiológica, de produção de serviços e de insumos críticos;
d) Estruturação e operacionalização dos sistemas de vigilância epidemiológica,
de vigilância sanitária e de vigilância alimentar e nutricional;
e) Estruturação e operacionalização dos sistemas de recursos humanos e de
ciência e tecnologia;

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f) Elaboração do componente estadual de programações de abrangência


nacional, relativas a agravos que constituam riscos de disseminação para
além do seu limite territorial;
g) Elaboração do componente estadual da rede de laboratórios de saúde
pública;
h) Estruturação e operacionalização do componente estadual de assistência
farmacêutica;
i) Responsabilidade estadual no tocante à prestação de serviços ambulatoriais
e hospitalares de alto custo, ao tratamento fora do domicílio e à
disponibilidade de medicamentos e insumos especiais, sem prejuízo das
competências dos sistemas municipais;
j) Definição e operação das políticas de sangue e hemoderivados; e
k) Manutenção de quadros técnicos permanentes e compatíveis com o exercício
do papel de gestor estadual;
l) Implementação de mecanismos visando à integração das políticas e das
ações de relevância para a saúde da população, de que são exemplos
aquelas relativas a saneamento, recursos hídricos, habitação e meio
ambiente (GESTÃO MUNICIPAL DE SAÚDE, 2001).

3.3 Nível Municipal


A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no âmbito do SUS,
deve ser desenvolvida em um conjunto de estabelecimentos, organizados em rede
regionalizada e hierarquizada e disciplinados segundo subsistemas, um para cada
município – o SUS-Municipal – voltado ao atendimento integral de sua própria
população e inserido de forma indissociável no SUS, em suas abrangências
estadual e nacional.
Os estabelecimentos desse subsistema municipal, do SUS-Municipal, não
precisam ser, obrigatoriamente, de propriedade da prefeitura, nem precisam ter sede
no território do município. Suas ações, desenvolvidas pelas unidades estatais
(próprias, estaduais ou federais) ou privadas (contratadas ou conveniadas, com
prioridade para as entidades filantrópicas), têm de estar organizadas e coordenadas,
de modo que o gestor municipal possa garantir à população o acesso aos serviços e

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a disponibilidade das ações e dos meios para o atendimento integral (GESTÃO


MUNICIPAL DE SAÚDE, 2001).
Isso significa dizer que, independentemente da gerência dos
estabelecimentos prestadores de serviços ser estatal ou privada, a gestão de todo o
sistema municipal é, necessariamente, da competência do poder público e exclusiva
desta esfera de governo, respeitadas as atribuições do respectivo Conselho e de
outras diferentes instâncias de poder. Assim, de acordo com a Norma Operacional
Básica (NOB SUS 01/96) a gerência é conceituada como a administração de uma
unidade ou órgão de saúde (ambulatório, hospital, instituto, fundação etc.), que se
caracteriza como prestador de serviços ao Sistema. Por sua vez, gestão é a
atividade e a responsabilidade de dirigir um sistema de saúde (municipal, estadual
ou nacional), mediante o exercício de funções de coordenação, articulação,
negociação, planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. São,
portanto, gestores do SUS os Secretários Municipais e Estaduais de Saúde e o
Ministro da Saúde, que representam, respectivamente, os governos municipais,
estaduais e federal.
A criação e o funcionamento desse sistema municipal possibilitam uma
grande responsabilização dos municípios, no que se refere à saúde de todos os
residentes em seu território. No entanto, possibilitam, também, um elevado risco de
atomização, ou diminuição, fragmentação desordenada dessas partes do SUS,
permitindo que um sistema municipal se desenvolva em detrimento de outro,
ameaçando, até mesmo, a unicidade do SUS. Há que se integrar, harmonizar e
modernizar, com equidade, os sistemas municipais.
Devido à realidade do poder público nos municípios brasileiros ser muito
diferenciada, caracterizando diferentes modelos de organização, de diversificação
de atividades, de disponibilidade de recursos e de capacitação gerencial, necessário
de faz, configurar modelos distintos de gestão.
Assim para operacionalizar as condições de gestão, a NOB-SUS 01/96,
considera e valoriza os vários estágios já alcançados pelos estados e pelos
municípios, na construção de uma gestão plena, bem como os papéis dos gestores
a nível estadual e federal para que possam exercer as suas competências

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específicas de gestão e prestar a devida cooperação técnica e financeira aos


municípios.
Neste sentido, o poder público estadual media a relação entre os sistemas
municipais; e o federal, media entre os sistemas estaduais. Assim, quando ou
enquanto um município não assume a gestão do sistema municipal, é o estado que
responde, provisoriamente, pela gestão de um conjunto de serviços capaz de dar
atenção integral àquela população que necessita de um sistema que lhe é próprio.
As instâncias básicas para a viabilização desses propósitos integradores e
harmonizadores são os fóruns de negociação, integrados pelos gestores municipal,
estadual e federal – a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) – e pelos gestores
estadual e municipal – a Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Por meio dessas
instâncias e dos Conselhos de Saúde, são viabilizados os princípios de unicidade e
de equidade.
As tarefas de harmonização, de integração e de modernização dos sistemas
municipais, realizadas com a devida equidade (admitido o princípio da discriminação
positiva, no sentido da busca da justiça, quando do exercício do papel redistributivo),
competem, portanto, por especial, ao poder público estadual.
Ao federal, incumbe promovê-las entre as Unidades da Federação.
O desempenho de todos esses papéis é condição para a consolidação da
direção única do SUS, em cada esfera de governo, para a efetivação e a
permanente revisão do processo de descentralização e para a organização de redes
regionais de serviços hierarquizados (GESTÃO MUNICIPAL DE SAÚDE, 2001).
Voltando aos sistemas municipais de saúde, em vista de apresentarem níveis
diferentes de complexidade, sendo comum estabelecimentos ou órgãos de saúde de
um município atenderem usuários encaminhados por outro, quando o serviço
requerido para o atendimento da população estiver localizado em outro município, as
negociações para tanto devem ser efetivadas exclusivamente entre os gestores
municipais.
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a gerência (comando) dos
estabelecimentos ou órgãos de saúde de um município é da pessoa jurídica que
opera o serviço, sejam estes estatais (federal, estadual ou municipal) ou privados.

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Assim, a relação desse gestor deve ocorrer somente com o gestor do


município onde o seu estabelecimento está sediado, seja para atender a população
local, seja para atender a referenciada de outros municípios.
O gestor do sistema municipal é responsável pelo controle, pela avaliação e
pela auditoria dos prestadores de serviços de saúde (estatais ou privados) situados
em seu município. No entanto, quando um gestor municipal julgar necessário uma
avaliação específica ou auditagem de uma entidade que lhe presta serviços,
localizada em outro município, recorre ao gestor estadual.
Em função dessas peculiaridades, o pagamento final a um estabelecimento
pela prestação de serviços requeridos na localidade ou encaminhados de outro
município é sempre feito pelo poder público do município sede do estabelecimento.
Os recursos destinados ao pagamento das diversas ações de atenção à
saúde prestadas entre municípios são alocados, previamente, pelo gestor que
demanda esses serviços, ao município sede do prestador. Este município incorpora
os recursos ao seu teto financeiro. A orçamentação é feita com base na
programação pactuada e integrada entre gestores, que, conforme já referido, é
mediada pelo estado e aprovada na CIB regional e estadual e no respectivo
Conselho de Saúde.
Quando um município, que demanda serviços a outro, ampliar a sua própria
capacidade resolutiva, pode requerer, ao gestor estadual, que a parte de recursos
alocados no município vizinho seja realocada para o seu município.
Esses mecanismos conferem um caráter dinâmico e permanente ao processo
de negociação da programação integrada, em particular quanto à referência
intermunicipal (BRASIL, 2007).

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UNIDADE 4 - GESTÃO DE SERVIÇOS DE ALTA, MÉDIA


COMPLEXIDADE E DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE

Hoje em dia, ao falarmos em gestor, pensamos em um dirigente, que precisa


ser um líder, requer conhecimentos e habilidades nas dimensões técnica,
administrativa e psicossocial, pensando o papel de cada profissional e ao mesmo
tempo, as inter-relações existentes entre eles.
Ele deve mobilizar e comprometer seus funcionários na organização e
produção dos serviços de saúde.
Por ser uma pessoa de decisão, precisa de informações, de autonomia e de
um referencial para exercer seu papel.
Segundo Teixeira e Vilasboas (2007) a prática cotidiana de gestão em
qualquer nível de governo, coloca um enorme desafio aos gestores: identificar e
selecionar os conhecimentos, métodos, técnicas e instrumentos de trabalho que o
ajudem a tomar decisões e a conduzir o processo de implementação das políticas,
planos, programas e ações de saúde sob sua responsabilidade.
Em outras palavras, aperfeiçoar o processo de planejamento e gestão de um
sistema, em qualquer nível, demanda o acesso a informações de natureza técnico-
científica e político-institucional, que venham incorporar conhecimentos e
tecnologias de formulação, implementação e avaliação de políticas, planos,
programas, projetos, os quais são destinados a intervir sobre o estado de saúde da
população.
Antes de enumerarmos e discutirmos sobre as diversas características
necessárias aos gestores, vamos conceituar os serviços de alta, média
complexidade e atenção primária à saúde que são de extrema importância para
entendermos os detalhes da gestão em cada uma destas instâncias.
Em relação a alta complexidade, segundo definição do Ministério da Saúde
(2007), diz respeito ao Conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS,
envolve alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população acesso a
serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção à Saúde (atenção
básica e de média complexidade).
Principais áreas que compõem a alta complexidade do SUS, organizadas em
redes são:
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• Assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos


procedimentos de diálise);
• Assistência ao paciente oncológico;
• Cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica;
• Procedimentos da cardiologia intervencionista;
• Procedimentos endovasculares extracardíacos;
• Laboratório de eletrofisiologia;
• Assistência em tráumato-ortopedia;
• Procedimentos de neurocirurgia;
• Assistência em otologia;
• Cirurgia de implante coclear;
• Cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical;
• Cirurgia da calota craniana, da face e do sistema estomatognático;
• Procedimentos em fissuras lábio-palatais;
• Reabilitação protética e funcional das doenças da calota craniana, da face e
do sistema estomatognático;
• Procedimentos para a avaliação e o tratamento dos transtornos respiratórios
do sono;
• Assistência aos pacientes portadores de queimaduras;
• Assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica);
• Cirurgia reprodutiva;
• Genética clínica;
• Terapia nutricional;
• Distrofia muscular progressiva;
• Osteogênese imperfecta;
• Fibrose cística e reprodução assistida.

Os procedimentos da alta complexidade encontram-se relacionados na tabela


do SUS, em sua maioria no Sistema de Informação Hospitalar (SIH), e estão
também no Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) em pequena quantidade,
mas com impacto financeiro extremamente alto, como é o caso dos procedimentos
de diálise, quimioterapia, radioterapia e hemoterapia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, SUS
de A a Z, 2005).
A Média Complexidade Ambulatorial é composta por ações e serviços que
visam atender aos principais problemas e agravos de saúde da população, cuja
complexidade da assistência na prática clínica demande a disponibilidade de
profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos, para o apoio
diagnóstico e tratamento.
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No material de apoio conhecido como O SUS de A a Z, fornecido pelo Minis-


tério da Saúde no site do Departamento de Atenção Básica (DAB)
(http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/) e construída conjuntamente pelo Conselho
Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), temos, em acréscimo a
esta definição, uma relação dos grupos que compõem os procedimentos de média
complexidade do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA):
• Procedimentos especializados realizados por profissionais médicos, outros
profissionais de nível superior e nível médio;
• Cirurgias ambulatoriais especializadas;
• Procedimentos tráumato-ortopédico;
• Ações especializadas em odontologia;
• Patologia clínica;
• Anatomopatologia e citopatologia;
• Radiodiagnóstico;
• Exames ultra-sonográficos;
• Diagnose;
• FIsioterapia;
• Terapias especializadas;
• Próteses e órteses;
• Anestesia.

Segundo Mendes (2002), o MS utiliza frequentemente em suas normas, o


conceito de “redes de alta complexidade”, enquanto a literatura sobre o assunto
aborda redes como organizações sistêmicas que desenvolvem um enfoque siste-
mático e planejado para atender às necessidades dos eventos agudos e crônicos,
manifestados no decorrer do ciclo de vida de uma condição ou doença, provendo
intervenções de promoção da saúde, de prevenção das doenças ou danos, de con-
tenção do risco evolutivo, de tratamento, de reabilitação, de manutenção e de su-
porte individual e familiar para o autocuidado, por meio de um conjunto integrado de
pontos de atenção à saúde, que presta uma atenção contínua à população – no
lugar certo, com o custo certo e a qualidade certa – e que se responsabiliza pelos
resultados sanitários e econômicos relativos a essa população.
Entretanto, na maior parte dos estados, esses procedimentos foram
historicamente contratados/conveniados junto aos serviços de saúde, sejam
privados com fins lucrativos, sejam filantrópicos ou universitários, conforme a oferta

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dos prestadores, e seu acesso para a população sempre dependeu da procura


espontânea e voluntária dos pacientes.
Esta situação dificulta enormemente a alocação racional de serviços e equi-
pamentos de saúde, criando desigualdades regionais, até hoje ainda não resolvidas
pelo SUS. Os serviços de especialidades e a atenção hospitalar de média comple-
xidade, tornaram-se, frequentemente, a verdadeira porta de entrada do sistema,
atendendo diretamente grande parte da demanda que deveria ser atendida na rede
básica, perdendo-se tanto a qualidade no atendimento primário quanto no acesso da
população aos tratamentos especializados (quando verdadeiramente necessários),
representando, além disso, ampliação ineficiente dos gastos do SUS.
Por outro lado, as dificuldades da realização de procedimentos de maior com-
plexidade para sua população foi sentida por muitos municípios que, infelizmente,
tentaram construir sistemas de saúde municipais autônomos, expandindo a rede
municipal sem articulação regional, sem observar a necessária economia de escala,
com serviços de saúde mal dimensionados para as necessidades da população, que
se tornam ociosos, custosos e inviáveis técnica e financeiramente (MENDES, 2002).
Sucintamente, estas são as razões que levaram à importante discussão dos
gestores do SUS, ainda em desenvolvimento, sobre a adoção de critérios para a or-
ganização dessas ações de maior complexidade, permitindo a aplicação do princípio
de “regionalização” da assistência, sem o qual dificilmente o SUS poderá garantir a
integralidade das ações de saúde para a população brasileira.
As discussões ainda estão em andamento, contudo, fica aqui a “deixa” para
que aprofundem as reflexões, estando sempre atentos às notícias vindas do
Ministério da Saúde, para que na condição de gestores, quer a nível micro
(municipal), intermediário (estadual) ou macro (federal) se posicionem e lutem pelas
garantias da integralidade das ações de saúde, fazendo jus aos conhecimentos,
competências e aptidões inatas ao gestor de saúde.
Aprofundaremos a partir deste momento, as Unidades Básicas de Saúde
(USB), as quais, segundo o Glossário Temático do Ministério da Saúde (BRASIL,
2007)

São destinadas a prestar assistência à saúde a uma população


determinada, contando com uma equipe de saúde interdisciplinar em
caráter permanente, podendo ser considerada a menor esfera de saúde,
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embora a complexidade e dimensões físicas de cada UBS irão variar em


função das características da população a ser atendida, dos problemas de
saúde a serem resolvidos e da capacidade resolutiva.

Geralmente uma UBS pertence a um distrito sanitário de saúde, que é


definido como espaço geográfico que está em constante processo de mudança, pois
é produto da dinâmica social - construção e reconstrução - englobando os aspectos
econômicos, sociais, culturais e políticos, realizando atendimento de caráter
primário, conforme foi discutido no capítulo 1 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1987).
As UBS são baseadas em critérios geográficos, demográficos e políticos.
Possuem uma base organizacional constituída por três elementos fundamentais: a
participação, a descentralização e a lógica, sistêmicas com redes de organizações
(MOTTA, 1996, apud LAZZAROTTO, 2001). Na figura 3 abaixo, temos um modelo
de estrutura de uma UBS.

Figura 3: Modelo de uma estrutura de uma UBS.


Fonte: Lazzarotto, 2001.

As Unidades Básicas de Saúde – UBS desenvolvem suas atividades


embasadas em um sistema de valores e princípios que orientam suas ações para

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atingir seus objetivos. Portanto o gerenciamento local tem como propósito fazer com
que as UBS ofereçam serviços, para a população, com qualidade e resolutividade.
Como as organizações de saúde são consideradas complexas devido ao tipo
de serviços produzidos, o papel da gerência na eficácia da prestação dos serviços é
importante, considerando o processo de produção dos serviços de saúde, os quais
têm suas próprias características (JUNQUEIRA E INOJOZA, 1992 apud
LAZZAROTTO, 2001).
Assim, a função do gestor relaciona-se com a condução da organização,
sendo sua prática, uma necessidade, além de precisar estar comprometido com os
resultados.
No caso das USB especificamente e concordando com Mendes (2002), ao
gestor é preciso: capacidade para gerenciar recursos humanos, materiais,
financeiros, baseando sua gestão em evidências e não em opiniões, daí, podemos
afirmar que a ele cabem competências, habilidades e atitudes específicas e bem
determinadas, como se verá a seguir:

4.1 As características necessárias ao gestor dos serviços de saúde


4.1.1 Competências
Na atualidade, podemos dizer que a competência diz respeito a exatidão,
rapidez de resposta, capacidade de lidar com novas linguagens.
Segundo Chiavenato (2004), as competências essenciais são definidas pelo
conhecimento, pelas capacidades e habilidades.
Numa outra linguagem, poderíamos relacionar assim as competências
essenciais:
• Trabalhar em equipe – habilidades para informar;
• Ter um pensamento sistêmico – habilidade em manusear informações e
tecnologias;
• Solucionar problemas com criatividade – habilidade da auto-estima.

Para Lazzarotto (2001), estas competências têm a vantagem de facilitar a


adaptação do funcionário frente às rápidas mudanças do conhecimento, das
habilidades específicas, das atitudes, permitindo a aprendizagem ao longo da vida.

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As competências podem ser classificadas em categorias tais como:


• Técnicas (são competências de domínio de apenas determinados
especialistas);
• Intelectuais (relacionadas com a presença de espírito, capacidade de
percepção e discernimento das situações);
• Cognitivas (é uma mistura da capacidade intelectual com domínio de
conhecimento);
• Relacionais (administrar conflitos);
• Sociais e políticas (envolvem relações de participação na atuação em
sociedade. Exemplo: manter relações com indivíduos, grupos e associações);
• Didáticas e pedagógicas (relacionam-se com utilização de estratégias de
aprendizagem mais dinâmicas, as quais buscam integrar a teoria e o
desenvolvimento de habilidades);
• Metodológicas (saber elaborar normas, procedimentos e organizar o
trabalho);
• De liderança (reúne habilidades pessoais e conhecimentos de técnicas para
influenciar e conduzir pessoas para diversos fins. Um exemplo é saber
organizar e conduzir grupos comunitários) (LAZZAROTTO, 2001).

No caso da gestão de uma UBS, a finalidade das competências diz respeito a


dar mais importância às respostas sociais, às necessidades da demanda nos
serviços de saúde, na medida em que se propõe a considerar o ambiente como
sendo o processo de trabalho com a equipe e a comunidade.

4.1.2 Habilidades
Na visão de Argyris (1999, p.14 apud Lazzarotto, 2001), ter habilidades
significa “fazer as coisas funcionarem sem esforço e com certeza de conseguir
repetir o feito sempre”.
O conceito de habilidade está relacionado com a forma de execução de
tarefas, na aplicação de conhecimentos, de agir, de pensar. A habilidade favorece a
aplicação da competência e da aptidão.

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Agilidade de raciocínio, falar claro e objetivamente são habilidades e


passíveis de ser treinada ou aperfeiçoada.
Dentro dos serviços de saúde podemos distinguir alguns tipos básicos, mas
muito importantes de habilidades: interpessoais, de gerenciar equipes, de liderança,
de criatividade e por fim, de motivação.
No caso das habilidades interpessoais, estas assumem um caráter
extremamente importante nas organizações em que o trabalho em equipe é uma
constante, pois fazem com que os gerentes sejam hábeis na condução de processos
interdisciplinares, atuando como agentes potencializadores das habilidades da
equipe (LAZZAROTTO, 2001).
Em relação às habilidades de gerenciar equipes, nos serviços de saúde, se
não pudermos determinar um ótimo estilo de gerência, pelo menos podemos supor
que será um gestor eficaz, aquele que conseguir envolver as pessoas nas tarefas,
alterando sua prática em função das mudanças que ocorrem no interior e fora da
organização, comprometendo seus funcionários com a produção dos serviços de
saúde. Desta mesma perspectiva é que a equipe de saúde pode assumir um papel
decisivo na mudança de qualidade dos serviços (LAZZAROTTO, 2001).
A habilidade da liderança, conceituada por Chiavenato (2004, p.314) como
sendo “a influência interpessoal, exercida em uma situação e dirigida por meio do
processo da comunicação humana à consecução de um ou mais objetivos
específicos” deixa claro que a liderança é um fenômeno social que ocorre em grupos
sociais, sendo a capacidade de influenciar as pessoas a fazerem aquilo que devem
fazer. O líder conduz seus objetivos em direção às suas metas.
A habilidade da criatividade, dentro das organizações de saúde, é visto como
algo a ser cultivado, o que gera a necessidade de criar ambientes propícios,
estimulando a criatividade das equipes nas realizações dos projetos, nos trabalhos
individuais e com a comunidade.
Finalmente a habilidade de motivar a equipe! O gestor está duplamente
envolvido em dois papéis de complexidade, exigindo dele conhecimento para
alcançar um nível de satisfação própria e, consequentemente, dos seus
companheiros, cuja eficácia possa ser comprovada. Sem objetivo e sem motivação,
ambos se perdem e consequentemente, perdem os serviços de saúde.

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4.1.3 Atitudes
Evidentemente que não pode faltar a um bom gestor a atitude, aqui definida
como “predisposição para uma reação comportamental em relação a um produto,
organização, pessoa, fato ou situação” (LAZZAROTTO, 2001).
Segundo Mattar (1996 apud Lazzarotto, 2001) a formação de uma atitude é
resultado de crenças, reflexos condicionados, fixações, julgamentos, estereótipos,
experiências, exposições a comunicações persuasivas, trocas de informações e
experiências com outros indivíduos.
Daí, podemos concluir que uma sociedade se constrói quando os seus pares
se respeitam (ética) e os espaços, necessários para este exercício, sejam garantidos
(cidadania).
Quando se fala em ética, podemos dividi-la dentre outras, em:
• Ética social, referente a princípios que envolvem o papel e o impacto da
organização na sociedade, como a questão dos direitos humanos;
• Ética individual, refere-se à ética da solidariedade, à maneira pela qual as
pessoas se relacionam nas organizações, envolvendo questionamentos do
tipo se devemos ser honestos uns com os outros, em todas as situações;
• Ética organizacional: refere-se à política interna, a assuntos ligados à
natureza das relações entre empresas e funcionários. A ética da dignidade da
pessoa humana deve pautar as ações empresariais na cidadania, a fim de
evitar discriminações ou favorecimentos.

Ao gestor dos serviços de saúde, cabe espaço para ser o detentor dos mais
diversos conhecimentos e das mais diversas competências, como visto
anteriormente, bem como necessita desenvolver as mais diversas habilidades e
buscar sempre por atitudes éticas, não só para ser um verdadeiro e justo gestor,
mas para servir de modelo a ser seguido dentro dos serviços de saúde, uma vez que
o objetivo de tais serviços passa pelo atendimento digno, justo e de qualidade para a
população em geral.
Diante destas novas exigências, o gestor necessita adquirir novos conceitos
sobre seu perfil profissional, pois o mercado buscará trabalhadores qualificados,
autônomos, que tenham imaginação e criatividade. No caso da saúde, o gestor

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utiliza o conhecimento científico, para criar e melhorar as práticas dos serviços de


saúde, cumprindo a missão social, humana, promovendo e protegendo a saúde dos
indivíduos, família e comunidade.
No trabalho em saúde, as habilidades exigidas para os trabalhadores são
sintetizadas na capacidade de estar em permanente processo de busca e
desenvolvimento. A competência está em saber gerenciar os conflitos, coordenar o
trabalho e a equipe dentro das instituições de saúde, agregando valor para a
instituição, com conhecimentos e as habilidades necessárias (LAZZAROTTO, 2001).

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UNIDADE 5 - A GESTÃO DOS RESÍDUOS DOS SERVIÇOS


DE SAÚDE

Parece-lhes estranho um tópico que trate de resíduos dos serviços de saúde?


Pois bem, a preocupação com a questão ambiental é um motivo mais que
suficiente para vermos o gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde, como
de fundamental importância na preservação da qualidade da saúde e do meio
ambiente e como um tópico que precisa ser discutido quando se trata da gestão de
serviços de saúde, principalmente em relação aos hospitais, ambulatórios e
unidades de saúde.
Segundo o Manual de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde
(GRSS - BRASIL, 2006):
“A gestão integrada de resíduos deve priorizar a não geração, a minimização
da geração e o reaproveitamento dos resíduos, a fim de evitar os efeitos negativos
sobre o meio ambiente e a saúde pública. A prevenção da geração de resíduos deve
ser considerada tanto no âmbito das indústrias como também no âmbito de projetos
e processos produtivos, baseada na análise do ciclo de vida dos produtos e na
produção limpa para buscar o desenvolvimento sustentável.
Além disso, as políticas públicas de desenvolvimento nacional e regional
devem incorporar uma visão mais pró-ativa com a adoção da avaliação ambiental
estratégica e o desenvolvimento de novos indicadores ambientais que permitam
monitorar a evolução da eco-eficiência da sociedade. É importante, ainda, identificar
ferramentas ou tecnologias de base socioambiental relacionadas ao
desenvolvimento sustentável e responsabilidade total, bem como às tendências de
códigos voluntários setoriais e políticas públicas emergentes nos países
desenvolvidos, relacionados à visão sistêmica de produção e gestão integrada de
resíduos sólidos.
Com relação aos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), é importante
salientar que das 149.000 toneladas de resíduos residenciais e comerciais geradas
diariamente, apenas uma fração inferior a 2% é composta por RSS e, destes,
apenas 10 a 25% necessitam de cuidados especiais. Portanto, a implantação de
processos de segregação dos diferentes tipos de resíduos em sua fonte e no
momento de sua geração conduz certamente à minimização de resíduos, em
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especial àqueles que requerem um tratamento prévio à disposição final. Nos


resíduos onde predominam os riscos biológicos, deve-se considerar o conceito de
cadeia de transmissibilidade de doenças, que envolve características do agente
agressor, tais como capacidade de sobrevivência, virulência, concentração e
resistência, da porta de entrada do agente às condições de defesas naturais do
receptor”.
Não só no Brasil, como em diversos e muitos outros países, a questão da
geração de resíduos das diversas atividades humanas tem se constituído em um
problema de grandes proporções, principalmente para os gestores municipais e,
sobretudo, nos grandes centros urbanos.
Os padrões de consumo da sociedade após a segunda metade do século XX,
a utilização de produtos não “degradáveis” e tóxicos, o aumento das populações,
são fatores que vem preocupando a todos, principalmente aqueles que tem
consciência do passivo ambiental que coloca em risco e compromete os recursos
naturais e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.
Os resíduos de serviços de saúde (RSS) se inserem nessa problemática
gerando políticas públicas e legislações que orientam para a sustentabilidade do
meio ambiente e preservação da saúde.
Em se tratando dos RSS, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) editou a RDC2 ANVISA nº. 306/04 e a Resolução CONAMA3 nº. 358/05
versam sobre o gerenciamento dos RSS em todas as suas etapas. Definem a
conduta dos diferentes agentes da cadeia de responsabilidades pelos RSS.
Refletem um processo de mudança de paradigma no trato dos RSS, fundamentada
na análise dos riscos envolvidos, em que a prevenção passa a ser eixo principal e o
tratamento é visto como uma alternativa para dar destinação adequada aos resíduos
com potencial de contaminação. Com isso, exigem que os resíduos recebam manejo
específico, desde a sua geração até a disposição final, definindo competências e
responsabilidades para tal.
A Resolução CONAMA nº. 358/05 trata do gerenciamento sob o prisma da
preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Promove a competência aos

2
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
3
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
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órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o


licenciamento ambiental dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSS.
Por outro lado, a RDC ANVISA nº. 306/04 concentra sua regulação no
controle dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento,
transporte, tratamento e disposição final. Estabelece procedimentos operacionais em
função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de
saúde.
De acordo com a RDC ANVISA nº. 306/04 e a Resolução CONAMA
nº.358/2005, são definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados
com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência
domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde;
necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento,
serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;
estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de
zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores
produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de
atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros
similares.
Embora a responsabilidade direta pelos RSS seja dos estabelecimentos de
serviços de saúde, por serem os geradores, pelo princípio da responsabilidade
compartilhada, ela se estende a outros atores: ao poder público e às empresas de
coleta, tratamento e disposição final. A Constituição Federal, em seu artigo 30,
estabelece como competência dos municípios "organizar e prestar, diretamente ou
sob o regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local,
incluído o de transporte coletivo que tem caráter essencial".
Desta maneira, uma vez cabendo aos estabelecimentos dos serviços de
saúde a responsabilidade pelo correto gerenciamento de todos os RSS por eles
gerados, é importante ao gestor do serviço de saúde conhecer a legislação
pertinente ao assunto, bem como os processos e procedimentos que permeiam o
gerenciamento dos RSS.

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UNIDADE 6 - PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA

Dentre os vários programas elaborados pelo governo federal, via Ministério da


Saúde, com a missão de trazer a saúde para perto do cidadão e, ao mesmo tempo,
proporcionar ao profissional da saúde, a especialização necessária para exercer seu
trabalho com mais qualidade, encontramos:
• Brasil Sorridente – melhorias das condições de saúde bucal;
• Doe vida, doe órgãos – que podem salvar vidas;
• SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – assistência pré-
hospitalar no âmbito do SUS, ou seja, um primeiro nível de atenção, aos
portadores de quadro agudo, de natureza clínica ou psíquica, ocorrida fora do
ambiente hospitalar;
• Farmácia Popular – ampliar o acesso da população aos medicamentos
considerados essenciais, executado pela Fundação Oswaldo Cruz
(FIOCRUZ) que adquire os medicamentos dos laboratórios farmacêuticos
públicos ou privados e disponibiliza nas farmácias populares, beneficiando as
pessoas que têm dificuldades em realizar o tratamento devido aos custos do
medicamento;
• Programa Nacional de Combate à Dengue – por ser a dengue, um dos
principais problemas de saúde pública do mundo;
• Programa Saúde da Família - reorganizar a prática da atenção à saúde em
novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais
perto das famílias e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.

Tais programas e outros serão tratados minuciosamente em apostila própria,


entretanto, é preciso dar atenção especial ao Programa Saúde da Família, que vem
sendo desenvolvido em várias partes do mundo, principalmente a partir do pós-
guerra, na Inglaterra, onde se iniciou uma maneira particular de atuação em saúde.
Posteriormente, alguns países da Europa, Canadá, Cuba e outros, seguiram
caminhos semelhantes em suas políticas de saúde, que foram denominadas de
várias maneiras, mas que tinham algo em comum: atuar diretamente na família, na
comunidade, de forma integral, no enfoque generalista (LORA, 2004).

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Segundo Lora (2004), no Brasil, a Saúde da Família vem sendo desenvolvida,


como estratégia, apenas a partir da década de 90, quando alguns estados do
Nordeste, em especial o Ceará, passaram a acreditar na possibilidade de melhoria
da qualidade de vida da população a partir da fomentação de ações simples
desenvolvidas e assimiladas pelas comunidades.
O Ministério da Saúde concebeu o Programa de Saúde da Família (PSF) em
1994, embora se tenha notícia de experiências anteriores semelhantes implantadas
em alguns municípios, como: Niterói – RJ em 1991 e Itacarambi – MG em 1993,
entre outros. Em documento, de 1996, avalia-se que a assistência à saúde praticada
na época era “marcada pelo serviço de natureza hospitalar, focalizada nos
atendimentos médicos, com uma visão biologicista do processo saúde/doença,
voltando-se prioritariamente para ações curativas” (BRASIL, 1996).
Assim, o Ministério da Saúde enfatiza a Saúde da Família como a principal
estratégia para a reorganização da prática assistencial em novas bases e critérios,
em substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado para a cura de
doenças e no hospital. A atenção está centrada na família, entendida e percebida a
partir de seu ambiente físico e social, o que vem possibilitando às equipes da
Família uma compreensão ampliada do processo saúde/doença e da necessidade
de intervenções que vão além de práticas curativas (BRASIL, 2003).
Desde então o PSF tem sido uma prioridade do governo federal, de alguns
governos estaduais e municipais como uma estratégia para a reorganização dos
serviços de saúde (MERHY e FRANCO, 1999 apud LORA, 2004).
Diversos são os motivos que levam a entender o PSF como transformador do
modelo de atenção à saúde municipal. Dentre eles, podemos citar:
• Cria novas oportunidades de acesso aos serviços às comunidades mais
vulneráveis, isto é, mais expostas aos riscos de adoecer;
• Estabelece uma metodologia de organização do trabalho dos profissionais de
saúde centrada no indivíduo, sua família e seu ambiente, estreitando os
vínculos e permitindo um conhecimento mais apropriado da realidade em que
vivem as pessoas e de quais são suas necessidades;
• Traduz, na prática, o conceito de responsabilidade sanitária, criando espaços
de construção de cidadania;

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• Articula-se à rede de saúde, de forma hierarquizada e regionalizada, para


garantir o acesso aos serviços de maior complexidade e;
• Promove o estabelecimento de relações intersetoriais que possam atender
demandas relacionadas às condições de vida das pessoas e famílias
residentes em um dado território, através de políticas públicas mais
integradas.

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44

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do
SUS. Brasília: CONASS, 2007.

TANAKA, Luiz Carlos Takeshi; KUAZAQUI, Edmir. Marketing e Gestão


Estratégica de Serviços em Saúde. São Paulo: Thomson Pioneira, 2007. 218 p.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência de Média e Alta
Complexidade no SUS. Brasília: CONASS, 2007. 248 p. (Coleção Progestores –
Para entender a gestão do SUS, 9).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. 4. ed. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2007. 68 p. – (Série E. Legislação de Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Gestão Municipal de Saúde: textos básicos. Rio de


Janeiro: 2001.

WESTPHAL, Márcia Faria; ALMEIDA, Eurivaldo Sampaio de. Gestão de Serviços


de Saúde. São Paulo: EDUSP, 2001. 280 p.

ANVISA. Agência de Vigilância Sanitária. Os Serviços de Saúde. Disponível em:


<http://www.anvisa.gov.br> 2007.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência de Média e Alta


Complexidade no SUS. Brasília: CONASS, 2007. 248 p. (Coleção Progestores –
Para entender a gestão do SUS, 9) Disponível em:
<http://www.saude.mg.gov.br/publicacoes/planejamento-gestao-em-saude/conass-
projestores/livro9.pdf>

BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para


a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências.

BRASIL. Lei Nº 8.142 de 28 de Dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da


comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde - SUS e sobre as transferências

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45

intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras


providências.

BRASIL. Ministério da Saúde. Anais da 8ª Conferência Nacional de Saúde. Centro


de documentação do Ministério da Saúde, Brasília, 1987.

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da Família: Uma estratégia de organização


dos serviços de saúde. Mimeo, Brasília, 1996.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gestão Municipal de Saúde: textos básicos. Rio de


Janeiro: 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programas e Projetos – Saúde da Família.


Documento disponível em <www.saude.gov.br> acesso em julho de 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios.


Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em
<http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/>

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de


gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde,
2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de atenção básica – DAB. Atenção


básica e Saúde da Família. Brasília: 2007. Disponível em:
<http://www.saude.gov.br/dab>

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção À Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. 4. ed. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2007. 68 p. – (Série E. Legislação de Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Secretaria de Gestão do


Trabalho e da Educação na Saúde. Glossário temático: gestão do trabalho e da
educação na saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração dos novos tempos. 2ª ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2004.

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GARCIA, Maria Alice Amorim. Saber, agir e educar: o ensino aprendizagem em


serviços de Saúde. Revista Comunic, Saúde, Educ, v.5, n.8, p.89-100, 2001.

HAMPTON, D. R. Administração Contemporânea: Teoria, prática e casos. São


Paulo, McGraw-Hill, 2001.

LAZZAROTTO, Elizabeth Maria. Competências essenciais requeridas para o


gerenciamento de Unidades Básicas de Saúde. Florianópolis: UFSC, 2001.

LORA, Adriano Peres. Acessibilidade aos Serviços de Saúde. Campinas:


Unicamp, 2004.

MEDICI, André Cezar. Tendências da gestão em saúde ao nível mundial: o caso


da assistência médica gerenciada (AMG). São Paulo: IPEA, 2000.

MENDES, Eugênio Vilaça. Os sistemas de serviços de saúde: o que os gestores


deveriam saber sobre essas organizações complexas. Fortaleza: Escola de Saúde
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Secretaria Executiva. Departamento de apoio a Descentralização. Gestores do
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