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EDUCAÇÃO, GÊNERO E DIFERENÇA:

TERRITÓRIOS DE SABERES, PODERES E DISCURSOS

José Carlos Lima Costa


Introdução
1960 a 1980 - movimentos sociais em oposição ao golpe militar;
1980 a 1990 - novas demandas educacionais vão surgindo;
Lei Nº 9.394, DE 20 de dezembro de 1996: educação pública e de
abrangência universal;
Usos das palavras "diferença" e "diversidade", resultado das lutas
dos movimentos sociais;
O discurso da diversidade coloca em pauta o alcance das
políticas públicas para as reivindicações, necessidades e
exigências de grupos sociais não visibilizados.
Estruturação da Pesquisa

nspirado nas propostas do método arqueológico (FOUCAULT, 2000) e cartográfico


(DELEUZE, 2011) experimento uma escrita crítica sobre atuação difusa e não centralizada do
poder, analisando alguns dispositivos sociais de subjetivação;

A principal problemática que norteia as discussões do presente trabalho é sobre os


dispositivos de poder, acionados pela escola, que produzem e propagam concepções sobre
identidade, diferença, gênero e sexualidade.
ESTRATÉGIAS DE PODER E SABER PARA UMA EDUCAÇÃO DOS CORPOS

O processo de educação dos corpos aciona uma estrutura micropolítica que emprega diversos
dispositivos que articulam discursos, saberes e relações de poder;
O gênero é uma identidade construída ao longo do tempo e externado por intermédio da
repetição de atos estilizados, que produz a ilusão de um “eu permanente” materializado nos gestos
e estilos corporais.
ESTRATÉGIAS DE PODER E SABER PARA UMA EDUCAÇÃO DOS CORPOS
Gênero não é exatamente o que uma pessoa “é”, nem precisamente o que uma pessoa “tem”. Gênero é o aparato pelo qual a produção e
normalização do masculino e feminino ocorrem junto a formas hormonais, cromossômicas, físicas e performativas que o gênero assume.
Presumir que o gênero sempre e exclusivamente significa a matriz do “masculino” e “feminino” é precisamente perder o ponto crítico de
que a produção desse binarismo é contingente e tem um custo, que essas permutações de gênero, as quais não se ajustam ao binarismo,
são partes do gênero tanto quanto suas instâncias mais normativas (BUTLER 2004, p. 42).

Gender is not exactly what one “is” nor is it precisely what one “has.” Gender is the apparatus by which the
production and normalization of masculine and feminine take place along with the interstitial forms of hormonal,
chromosomal, psychic, and performative that gender assumes. To assume that gender always and exclusively
means the matrix of the “masculine” and “feminine” is precisely to miss the critical point that the production of
that coherent binary is contingent, that it comes at a cost, and that those permutations of gender which do not
fit the binary are as much a part of gender as its most normative instance (BUTLER, 2004, p. 42).
Matriz de Inteligibilidade

Kristeva (1982) evidencia que o Sujeito


indivíduo é considerado abjeto não Abjeção
por falta de saúde ou limpeza, mas é
aquele que “perturba a identidade, o Masculino Feminino
sistema, a ordem. O que não respeita
Dissidentes
as fronteiras, posições e papeis. O
‘entre lugar’, o ambíguo, o múltiplo” Ininteligíveis Inteligível
(KRISTEVA, 1982, p. 4, tradução minha)
RELAÇÕES DE PODER, CURRÍCULO E PRODUÇÃO DE VERDADES SOBRE O CORPO
ESTRATÉGIAS DE PODER E SABER PARA UMA EDUCAÇÃO DOS CORPOS

Teixeira e Magnabosco (2011) assinalam que os discursos colocados em circulação e reiterados na


escola constituem os sujeitos em consonância com as normas sociais e culturais;
A escola é uma das instituições que colaboram com o processo de subjetivação. O poder
disciplinar (FOUCAULT, 2001) é acionado, por meio de inúmeros mecanismos, no intuito de
constituir e educar os sujeitos.
Cu
rr
íc
ul
o CURRÍCULO FORMAL: expresso no papel e
Fo nos documentos;
rm
al CURRÍCULO REAL: praticado em sala de aula;
CURRÍCULO OCULTO: valores e
eal subjetividades - mensagens ideológicas que
R
to

moldam a forma do conteúdo.


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PROBLEMÁTICAS E PROBLEMATIZAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Discussões sobre a escola sem partido e suas problemáticas;


Onde ficam as questões de gênero?
O currículo é uma construção neutra? A quem interessa essa construção?
REFERÊNCIAS
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