Metodologias de Ensino
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE
NÍVEL TÉCNICO.................................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA................................................................................................... 12
CAPÍTULO 2
A PRÁTICA ESCOLAR E O MAGISTÉRIO – CONCEITOS.............................................................. 17
CAPÍTULO 3
A EFETIVAÇÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA ESCOLAR.................................................................... 24
UNIDADE II
ESTRATÉGIAS DE ENSINO....................................................................................................................... 34
CAPÍTULO 1
OS CONCEITOS E AS CARACTERÍSTICAS DE ESTRATÉGIA DE ENSINO......................................... 34
CAPÍTULO 2
O PLANO DE AULA.................................................................................................................. 41
UNIDADE III
EXÉRCICIO DO MAGISTÉRIO................................................................................................................. 46
CAPÍTULO 1
OS TIPOS DE PROCEDIMENTO/ATIVIDADE/TÉCNICA DE ENSINO................................................. 46
CAPÍTULO 2
A LINGUAGEM AUDIOVISUAL – CONCEITOS – FUNDAMENTOS.................................................. 89
CAPÍTULO 3
OS RECURSOS AUDIOVISUAIS – TIPOS, CARACTERÍSTICAS E RECOMENDAÇÃO DIDÁTICA PARA A
UTILIZAÇÃO............................................................................................................................. 93
CAPÍTULO 4
O USO DA INTERNET NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM....................................................... 103
UNIDADE IV
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO........................................................ 117
CAPÍTULO 1
O CATÁLOGO NACIONAL DE CURSOS TÉCNICOS – CNCT..................................................... 117
CAPÍTULO 2
TRABALHANDO COM CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DOS EIXOS TECNOLÓGICOS
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO E CURSOS
CORRESPONDENTES......................................................................................................... 121
CAPÍTULO 3
LABORATÓRIO DIDÁTICO ...................................................................................................... 126
UNIDADE V
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA................................................................................................................... 138
CAPÍTULO 1
O ALUNO, O PROFESSOR, O MATERIAL DIDÁTICO E O PLANEJAMENTO EM EAD..................... 138
CAPÍTULO 2
O PLANEJAMENTO EM EAD................................................................................................... 159
CAPÍTULO 3
O TUTOR E A MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM........................................................................ 175
CAPÍTULO 4
A MEDIAÇÃO E OS PROCESSOS COMUNICATIVOS................................................................ 183
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 207
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
O avanço das tecnologias da informação e da comunicação lança importantes desafios
aos educadores que se comprometem com a formação do cidadão-trabalhador, capaz
de garantir a sua autonomia e atuar com sucesso frente às novas exigências que são
postas neste século.
Para tanto, faz-se necessário que o professor tenha condições de refletir, continuamente,
e de formular novos referenciais teórico-práticos que o permita repensar o seu magistério,
redefinir e desenvolver suas estratégias de trabalho docente. Com tal objetivo, esta
disciplina foi pensada/concebida e organizada, considerando, ainda, a globalidade
do processo educativo e a visão prospectiva da educação tecnológica requerida pela
sociedade atual. Assim, você terá oportunidade de analisar os elementos constitutivos
do exercício do magistério, o que lhe permitirá aperfeiçoar e até mesmo inovar seu
magistério.
A proposta é constituída por duas partes: uma em que se apresentam alguns conceitos e
fundamentos pedagógicos de natureza genérica, mas voltados para aspectos curriculares
desenvolvidos na educação profissional e a outra, a segunda parte, dedicada à educação
a distância. Assim, diversos fatores serão analisados, considerando-se possíveis
dificuldades técnicas e materiais.
O programa proposto constitui-se, portanto, uma base para a prática educativa escolar.
Com esta proposta pretendemos ajudá-lo(a) a encontrar soluções adequadas para um
trabalho próprio, de muita satisfação pessoal, no exercício do seu magistério.
Objetivos
»» Promover análise reflexiva sobre o processo de ensino e de aprendizagem
e de seus componentes capaz de subsidiar o professor na definição e no
desenvolvimento do seu magistério, no contexto da educação profissional
e tecnológica, presencial e a distância, requerida pela sociedade atual.
8
»» Analisar os pressupostos teórico-metodológicos que devem nortear a
prática pedagógica da Educação Profissional e Tecnológica de Nível
Técnico.
9
PRESSUPOSTOS
TEÓRICOS DA
PRÁTICA ESCOLAR
NA EDUCAÇÃO UNIDADE I
PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA DE
NÍVEL TÉCNICO
Atualmente, verificam-se diversas possibilidades de ação didática devido, sobretudo, à
utilização de novas formas de comunicação, de novos espaços virtuais que oportunizam
a aprendizagem de informações e conceitos. Tal diversidade interfere na educação
como um todo, mas, de modo especial, na educação profissional porque esta, além de
utilizar o que é comum na prática educativa, traz para a aula do professor a aplicação
de tecnologias presentes no mundo produtivo.
Eis o desafio!
Figura 1.
11
Nada do que se apresenta está pronto, nem essa é a nossa intenção, pois desejamos que
esta Disciplina lhe ajude a reconstruir a sua própria didática.
Nós redigimos alguns textos, selecionamos e citamos outros de autores da área, com o
objetivo de provocar a reflexão necessária e a possível aplicação do que foi analisado na
reconstrução do seu referencial teórico-pedagógico.
Nesta perspectiva, esta proposta está dividida em duas partes. A primeira focaliza
aspectos relacionados à educação como um todo, mas sempre considerando
especificidades da educação profissional, e a segunda trata da educação a distância.
CAPÍTULO 1
Educação e Tecnologia
Vamos iniciar a nossa análise sobre relações presentes entre Educação e Tecnologia a
partir do objetivo geral da disciplina:
12
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
13
UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
Figura 2.
»» Educação e Tecnologia
»» Educação em tecnologia
»» Educação Tecnológica
14
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
Educação para a Tecnologia – Volta-se para os que vão lidar com a realidade de
uma sociedade dependente da tecnologia e deve incluir todos os jovens. (RODRIGUES,
1996).
15
UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
Esses princípios nos conduzem a refletir sobre como podemos desenvolver uma visão da
educação tecnológica, sob um paradigma educativo que reconheça o ideal de formação
de homens e mulheres completos com perspectiva holística. Uma visão que nos torne
conscientes do nosso papel social com responsabilidade e orientação adequadas para o
futuro. Enfim que possamos entender que o ser humano e o mundo natural não existem
para converterem-se em apêndices da tecnologia e do chamado “progresso”, segundo
a visão da tecnociência atrelada a correntes da globalização e do neoliberalismo dos
mercados. Não podemos perder de vista que o fundamento da vida é o exercício da
liberdade e da justiça, por meio da razão, orientada pelo amor, sob o contexto da
dignidade humana.
A educação profissional e tecnológica que nos cabe orientar deve nortear toda a nossa
prática escolar.
16
CAPÍTULO 2
A Prática Escolar e o Magistério –
Conceitos
Figura 3.
17
UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
A palavra aula deriva do latim aula/ae e, originalmente, significa pátio de uma casa,
palácio, a corte e os cortesãos romanos; a parte mais íntima e oculta de um santuário.
Permita-nos imaginar que, nas reuniões dos nobres romanos, desenvolvidas nos
palácios e nos santuários, havia a figura dos mestres, ocupados com a preparação
dos áulicos para o exercício de determinado ofício e/ou comportamento, e desses
momentos originou o atual conceito de Aula como qualquer atividade de ensino que
envolve professor e aluno, em um determinado espaço e tempo de duração.
quadro (preto, verde, digital) na parede. Essa é uma imagem que até pode acontecer,
mas não pode ser a regra.
Atualmente o discurso pedagógico exige que o professor utilize contextos de aula cada
vez mais diversificados, complexos e desafiantes.
A difusão acelerada de informações, o volume e nível de saberes que o aluno trás consigo
para a escola não permite mais que o professor tenha fala exclusiva, utilizando a sua
cátedra para exibir-se como o “sabe-tudo” no assunto. É importante que o professor,
sem negar o seu papel de mediador da aprendizagem, o seu ofício de mestre, configure
novas formas de lidar com as diversas expectativas existentes no contexto – expectativas
do aluno, de professores dos demais componentes curriculares, do mundo produtivo,
das famílias, da sociedade em geral.
19
UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
Figura 4.
A sua Aula traduz o que você sente, a sua forma de ver o mundo e as pessoas?
20
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
O magistério
A palavra magistério, de origem latina magisterium (dignidade, ofício de chefe) significa
cargo ou ofício de professor, do que conduz.
Queremos chamar a sua atenção para a associação que historicamente se fez entre
dignidade (significado original) e ofício do professor (significado atual) quando se
deu significado à palavra magistério. É importante que se resgate isso, pois dignidade
significa “qualidade moral que infunde respeito; consciência do próprio valor, honradez,
autoridade, nobreza”. (HOUAISS).
Podemos dizer que o magistério ou ofício do professor é uma função que requer
qualidade moral que infunde respeito; consciência do próprio valor, honradez,
autoridade, nobreza e, como tal,tem consequências positivas, influenciando pessoas.
Figura 5.
21
UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
É importante que o professor esteja atento a esses sinais e busque formas de ajudar
o aluno com problema. Uma mediação correta, a demonstração de afeto, de interesse
pelo aluno, mesmo que apenas em sala de aula, tende a gerar ternura e vontade de
mudanças pessoais. Toda pessoa gosta de saber que existe alguém que se preocupa com
suas atitudes e que estará por perto para ajudar quando necessário. É próprio do ser
humano querer retribuir com a mesma intensidade o estímulo que recebe. Por isso é
importante que se valorize e elogie os trabalhos executados de forma correta e que se
estimule o aluno a repensar uma atividade insatisfatória que ele realizou e o conduza a
novas oportunidades, valorizando a autonomia e as experiências de cada um.
Pense no seu tempo de estudante, identifique o professor que marcou presença positiva
em sua vida. Com certeza não foi aquele que apenas era considerado o “bambambam”
no assunto.
Quando o aluno se sente respeitado, valorizado, ele tende a gostar mais da escola
onde estuda; ele gosta de estar mais tempo onde percebe ser querido e, assim procura
retribuir o que recebe, preocupa-se com seus resultados e com os resultados dos colegas
quando recebe um bom ensino e atenção.
22
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
Por tudo isto se faz necessário repensar nossas aulas, pois só assim podemos contribuir
para a formação de pessoas, de profissionais criativos, autônomos, responsáveis,
solidários, independentes, competentes com valores e princípios morais e éticos sólidos.
É possível que, enquanto estiver lendo, imagine não ser mais necessária tanta
ênfase nesses aspectos. Até desejamos que isto seja uma realidade, pois esse
sentimento pode significar que você é uma pessoa preparada para o exercício
do magistério com nova abordagem, visando à formação de um aluno capaz de
associar o fator técnico da função que ele deverá exercer com os demais papéis
sociais que deverá desempenhar como membro participante da sociedade. Este
sentimento evidencia que o seu trabalho é – ou será – desenvolvido com visão
prospectiva e na perspectiva e formação de um novo trabalhador que aprende
continuamente, que aprende a aprender novos saberes com o seu cotidiano.
23
CAPÍTULO 3
A Efetivação da Prática Educativa
Escolar
Essas duas funções são indissociáveis. O professor precisa lidar com elas,
simultaneamente, instruindo e gerindo o comportamento dos alunos (a disciplina). A
administração, o controle do ambiente em que a aula se desenvolve é uma condição
para que a aprendizagem possa ocorrer. A ordem é muito importante no processo de
aprendizagem.
A ordem deve ser buscada muito mais como uma forma de cooperação dos alunos,
sendo esta o requisito mínimo para o bom funcionamento das atividades. Essa ordem
tem relação direta com a DISCIPLINA tão decantada em nosso meio.
24
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
3.1.3 Socioindividual 3.1.3.1. Combina a individualizada e a socializada, procurando equilibrar o esforço individual
e a ação grupal e promover a adaptação do ensino ao educando e a integração deste ao
meio social.
4.1.1 Sala de aula tradicional, sala de projeção, sala de artes, laboratórios, quadras
4.1. Físico – presencial
4. Espaço esportivas, biblioteca, auditório etc.
4.2 .Virtual
4.1.2 – Possibilitado com a utilização da Internet .
4.1 Tipos de Horário - 4.1.1. Aula comum – 50 minutos
5. Tempo
Duração 4.1.2 Aula geminada – variável
6.1.1 – Variável – conforme características do curso e condição da escola (carteiras,
cadeira, mesas comuns e específicas, bancadas, cestos, armários etc.)
6.1. Móveis
6.2.1 – Variável – conforme características do curso e condição da escola (quadro
6.2. Equipamentos
6. Material negro/verde/digital, retroprojetor, televisor, computador, projetor, gravador, específicos dos
6.3. Recursos visuais, laboratórios relativos ao curso técnico oferecido etc.
áudios e audiovisuais
6.3.1 – Variável – conforme características do curso e condição da escola. Correspondem
ao curso oferecido (livros, textos, cartazes, reálias, filmes, transparências etc.)
25
UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
Figura 6.
Para que possamos desenvolver uma reflexão necessária relativa à ORDEM, utilizamos
e apresentamos, para sua leitura, o texto ENTRE A JAULA DE AULA E O PICADEIRO
DE AULA, do Doutor em Educação e Professor Regis Moraes. (Sala de Aula: que
espaço é esse? 6. ed., São Paulo: Papirus, 1993. p 17-29).
Regis Moraes
26
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
Levando isso em conta, quero propor uma rediscussão do problema autoridade na sala
de aula. Segundo o meu modo de perceber e avaliar as chamadas “relações pedagógicas”,
não consigo conceber tema mais contemporâneo e de vanguarda como a questão
que acabo de propor. Está na hora de perdermos o medo perante certos problemas,
superando inócuos trejeitos falsamente pedagógicos e modismos, saindo à procura de um
equilíbrio até hoje raramente alcançado. Se o meu presumido leitor estiver naufragando
no equívoco do autoritarismo – quer seja pela aceitação e prática do mesmo, quer seja
por estranha confusão mental que o confunda com autoridade – haverá de ter curiosa
reação ante minha proposta temática: “Ih! A questão da autoridade? Não será que esse
educador está ficando velho?”. Urge, no entanto, lembrarmos que a retomada do tema
autoridade é a retomada do próprio tema do amor – coisa atemporal que alimenta os
sonhos de todo ser humano.
O fato que aqui nos interessa é que a supervalorização da razão instituiu um clima
intelectualista que, após haver esgotado sua pujança, conduziu ao cansaço. Eis porque
principia com anarquistas, no século passado (e de uma maneira ostensiva), a crítica
da Inteligência. É de Bakunim, grande teórico anárquico russo, a seguinte passagem:
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UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
No bojo desta tão veemente crítica, vinha germinando uma contestação ao magistério.
Coisa que de curioso modo evoluiu até nossos dias, passando à moda o ataque ao
chamado “discurso competente”, nem sempre se fazendo a necessária distinção entre
os dois discursos competentes: o que, por autoritário, estanca o diálogo e esmaga o
interlocutor, e aquele que só pronuncia em situação de diálogo, enriquecendo a
convivência humana.
Quando se cai nessa indistinção das inteligências, fica aniquilada a riqueza dialética
do existir humano, pois, neste, é a polaridade antitética que constrói as grandes
superações. E basta pôr abaixo a riqueza dialética do existir humano, para que o terreno
fique preparado para as mais estranhas semeaduras. Hoje se contesta o magistério,
vemos contestadas as lideranças pedagógicas, tudo isto em nome de algo que a História
indicasse deve ser feito, muito mais em nome de ressentimentos equivocados. Os
professores como que passam a ter vergonha de exercer uma autoridade para a qual
estão designados, uma autoridade que nada tem a ver com traços autoritários desta ou
daquela autoridade, mas que emerge do próprio processo educacional e de ensino. Diz
Gusdorf: “Os professores, também eles, só pensam em se eximir, em se esconder num
28
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
canto ou no fundo da classe, pois sua presença pode perturbar. O não estar ali, porque
só a sua presença arrisca impedir alunos de respirarem livremente; ela obstaculiza a
manifestação das potências espontâneas, que não tardariam a se afirmar se os poderes
instituídos não violentassem a alma infantil do moço ou da senhorita”.
Para aceder a uma liberdade de pleno exercício, o homem livre deve matar Deus,
matar seu pai, livrar-se dos professores, chefes e de todos os patrões que mutilam sua
autenticidade; o sonho seria fazer tábula rasa, absolutamente, em flutuar no espaço,
fora de toda ação de gravidade, de toda alienação, de toda usurpação de qualquer
natureza ou de quem quer que seja. É assim que se representavam os anjos do céu nas
imagens mitológicas de outrora.
Primeiro quadro: rememoro um tempo em que meu irmão mais velho ia para a escola (o
antigo ginásio), trajado militarmente, com roupa cáqui, cinturão largo, gravata e quepe
– pobre e fantasiada figura. Sei que, em sua sala de aula, pontificava um semideus
(o professor), dardejando ordens sobre silenciosas cabeças adolescentes. Presença
esmagadora e, muitas vezes, amordaçante, situava-se o professor como o ponto de
convergência de todos os acontecimentos, como protagonista maior do ensino – misto
de instrutor, moralista, adestrador de comportamentos. A esquadra de fardados que
lhe ficava adiante ia recebendo – no mais estupefato silêncio – as lavas de erupções
docentes, alguns para viverem para o resto de suas vidas de cerviz dobrada pela vontade
própria; outros desenvolvendo no íntimo com a sua forte revolta a mais sofisticada arte
de mentira e da hipocrisia – nem que isso lhe servisse de recurso temporário. Uma
coisa, porém, era certa: ninguém se atreveria a, face a face, contestar o que fosse, nas
atitudes e no discurso do professor.
Este o primeiro quadro, cuja lembrança me aterroriza, mas que, agora, procuro esquecer
aqueles tempos de ditadura estado-novista no Brasil e levo meu pensamento para uns
30 anos depois, quando eu, antes uma criança espantada, vi-me trabalhando do ensino
de 2o Grau.
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UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
mestres, sentindo que, sob anomia, nenhuma sala de aula funciona e, ao mesmo tempo,
tendo que enfrentar os pedagogos de uma “vanguarda de última hora” com todo o seu
menosprezo por qualquer tipo de disciplina de trabalho, [...]. Tudo se parecia com uma
caricatura: o antigo leão docente mostrava-se desdentado e ocupava uma situação
periférica, melancólica, pois uma nova escola, que há muitos anos ganhara justamente
o apelido de Escola Nova, ensinara umas coisas intrigantes:: ninguém ensina ninguém,
o aluno é que aprende vivenciando experiências” ou “o aluno deve ser respeitado para
que faça a sua autoavaliação” ou “o importante não é a disciplina, mas a criatividade do
aluno” (outro petardo na rica dialética do existir humano).
Havia acontecido, não sei há quanto tempo, uma “revolução coperniciana” que colocara
– aliás, muito devidamente – o aluno como centro do processo de ensino, mas que não
evitara, na prática do nosso dia a dia, que se desse o famoso movimento pendular; ou
seja, ao soltarmos o pêndulo de um extremo, este se movimenta primeiro para o extremo
oposto, demorando e muito para assumir uma posição de equilíbrio. Resumindo: à
antiga “jaula de aula” opunha-se, cerca de 30 anos depois, um “picadeiro de aula”; na
primeira, um voluntarismo espontaneísta que consumia uma enormidade de verbas
e custos para não se levar a parte nenhuma. Tudo isto sob a cumplicidade de uma
situação política ditatorial cujas forças governamentais se encarregavam pessoalmente
da desculturalização e da consequente despolitização do País.
Hoje está posto um desafio que precisa começar a ser enfrentado no exato espaço da
sala de aula: o de se recuperar o sentido da autoridade nas relações pedagógicas, sem
qualquer concessão a autoritarismo, que desde já estamos fartos. Gosto das pedagogias
dialéticas, quando estas nos põem perante o fato inegável de que o contexto político
condiciona a escola, mas fico insaciado quando as vejo querendo resolver tudo
exclusivamente pelo lado político, eximindo-se de tarefas que estão adstritas ao que há
de mais interno (e humilde) no processo de ensino.
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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
a ver com liderança, e nada tem a ver com chefia; entendendo-se que líder é aquele que
se propõe e é aceito, enquanto que chefe – no mais comum – é aquele que se impõe por
um recurso de poder. Cabe ao professor, no uso de uma autoridade que, como disse, é
inerente à sua função, auxiliar o educando a ir reconhecendo que a vida é diferenciada
tanto em coisas intransformáveis, quanto em coisas que podem e devem ser modificadas.
O filhote estabanado e ansioso quer se atirar de qualquer jeito para fora do ninho, mas
a mãe- ave não deixa. A ave sabe que o ninho está em galho mais alto, sabe que as asas
do filhote ainda estão fracas. Pela não diretividade das aves-mães, não haveria, hoje, a
maior parte das lindas espécies de pássaros que ainda vivem nas matas.
Como alguém que está na sala de aula há 20 anos, vejo que, em nenhum momento,
o professor pode usar certo lado de poder do magistério para coagir, para adestrar,
para desrespeitar o terreno interior de seu aluno; ao mesmo tempo, é preciso muita
perspicácia para encontrar o ponto de equilíbrio. O educador digno de tal tarefa não
pode se esconder em pernósticas teorias para eximir-se de sua autoridade orientadora
e amiga em sala. A mais racional das autoridades é a do “contrato”, a que nasce de um
encontro de partes que se respeita e que se ergue e se sustenta sobre o consentimento.
Por isso dizia, páginas atrás, que retomar o tema da autoridade é retomar a própria
questão do amor na educação. Autoridade nunca tem fascínio por uniformizações,
por produções em série de cidadãos medíocres. “[...] A educação deve permitir a cada
indivíduo encontrar seu estilo; ser ele mesmo, para além da espontaneidade incoerente,
para além das normas prontas e acabadas e dos lugares comuns; ser ele mesmo,
assimilando o que cada cultura ofereça de verdadeiramente humano.”.
31
UNIDADE I │PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO
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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DE NÍVEL TÉCNICO│ UNIDADE I
sufocar o lúdico ou eliminar a alegria. A vida não é isto ou aquilo, mas é, na verdade,
isto e aquilo.
Quero concluir estas reflexões tão simples, recorrendo de novo ao mestre de Estrasburgo,
que anota: “No caso do esporte, todos admitem que o melhor deve ganhar, graças a um
treinamento obstinado, mobilizando o essencial de si mesmo. A cultura do espírito não
é mais fácil do que a cultura do corpo”.
Entre os dois quadros que eu pintei deste estudo, procuro a face equilibrada de uma
sala de aula.
Pense sobre o que leu e faça uma autoavaliação sobre os seguintes aspectos:
Figura 7.
33
ESTRATÉGIAS DE UNIDADE II
ENSINO
CAPÍTULO 1
Os Conceitos e as características de
estratégia de ensino
até aqui nós analisamos o processo de ensino e de aprendizagem com foco na aula prevista
pelo professor e desenvolvida/orientada por ele e pelo aluno. Neste capítulo, vamos
aprofundar os aspectos já destacados, analisando a Aula como uma ação resultante de
estratégia maior. Cada elemento de uma aula compõe, é parte de determinada estratégia
de ensino definida pelo professor.
34
ESTRATÉGIAS DE ENSINO│UNIDADE II
O aluno aprende por ele mesmo, com o que ele mesmo faz. Assim, os procedimentos
orientados/mediados pelo professor precisam contribuir para que o aluno possa
mobilizar seus esquemas operatórios de pensamento e participar ativamente das
experiências de aprendizagem propostas. O aluno mobiliza seus esquemas observando,
lendo, escrevendo, analisando, classificando, experimentando, comparando,
demonstrando, sintetizando, propondo hipóteses e soluções para problemas formulados.
(EMERENCIANO).
35
UNIDADE II │ESTRATÉGIAS DE ENSINO
36
ESTRATÉGIAS DE ENSINO│UNIDADE II
Outros princípios
37
UNIDADE II │ESTRATÉGIAS DE ENSINO
38
ESTRATÉGIAS DE ENSINO│UNIDADE II
Este princípio se apoia na afirmação de que o desenvolvimento das capacidades mentais e dos modos de
ação é o principal objetivo do processo de ensino de que é alcançado no próprio processo de assimilação
de conhecimentos, habilidades e hábitos. A assimilação de conhecimento não é conseguida se os alunos
não demonstram resultados sólidos por um período mais longo ou menos longo. O atendimento deste
princípio exige do professor :
»» exercícios de fixação;
(LIBÂNEO, JOSÉ CARLOS. Didática. São Paulo: Cortez, 1994, com adaptações)
Um trabalho norteado por esses princípios, com certeza, significa uma mudança
educativa importante que demanda uma constante prática de reflexão, de pensar sobre
o nosso cotidiano, sobre a nossa aula, o nosso magistério, considerando as condições
disponíveis para a realização do nosso trabalho e, sobretudo, sobre, as decisões que
vamos adotar.
40
CAPÍTULO 2
O Plano de aula
Figura 8.
Até aqui, nós vimos conceitos e elementos de uma aula e princípios básicos que devem
nortear os procedimentos de ensino que se realizam durante uma aula. Vimos, também,
que o desenvolvimento de uma aula requer atenção ao fluxo da atividade pedagógica
prevista, pois este depende do conjunto harmônico das várias partes que a compõem.
Esse fluxo acontece em etapas bem caracterizadas e, em alguns momentos, possui
passos precisos que precisam ser observados e, portanto, planejados.
Esse tipo de planejamento resulta do plano do curso e do geral da escola, mas é específico
de cada aula prevista , traduzindo-se no Plano de Aula.
Para que o plano de aula seja instrumento de orientação de uma prática docente eficiente
e eficaz, é preciso que o professor conheça a estrutura didática de uma aula, ou seja, as
etapas e os respectivos passos a serem seguidos para ministrá-la.
A boa aula envolve: preparação e introdução do conteúdo; aplicação do que foi tratado;
controle e avaliação.
Ao definir o seu plano de aula, você precisa decidir e organizar o que e como vai trabalhar
as etapas e os passos. Para melhor entendimento, elaboramos um quadro, reunindo a
descrição destas a partir de um texto apresentado por Libâneo (2009).
41
UNIDADE II │ESTRATÉGIAS DE ENSINO
Aplicação do que foi ›› demonstração, pelos alunos, da capacidade de utilização, de forma autônoma, dos
tratado conhecimentos e das habilidades adquiridos;
›› estabelecimento da relação do conhecimento adquirido com os anteriores;
›› transferência dos conhecimentos para situação da vida prática e situações novas.
Alguns pontos podem ser considerados básicos para o preparo de uma boa aula:
42
ESTRATÉGIAS DE ENSINO│UNIDADE II
É importante lembrar que a definição dos conteúdos deve ser organizada de maneira
que não fragmente a construção de conhecimentos do educando. (GIL, 2008).
43
UNIDADE II │ESTRATÉGIAS DE ENSINO
Figura 9.
O trabalho de recuperação prévia dos requisitos pode ser feito com a monitoria de
outro aluno que esteja bem no assunto. Você pode, até mesmo, realizar, no início do
ano letivo e/ou do bimestre, o “mutirão da equidade”, quando/onde todos os alunos e
outras pessoas que se dispõem poderão colaborar para que o corpo discente (como tal)
esteja preparado para desenvolver a proposta de ensino planejada. Essa medida, além
de eficaz, tem a ver com os princípios de solidariedade, de justiça que são estabelecidos
para a educação nacional. Ela educa, facilita o trabalho do professor e promove o
SUCESSO, a satisfação de todos os alunos. Reafirmamos que não temos o direito de
culpar o aluno pela sua falta de base. Precisamos fazer algo por ele. Um professor não
tem o direito de desconhecer o problema do aluno, de atribuir a ele um baixo conceito,
de reprová-lo se nada fez para ajudá-lo.
É certo que, quase sempre, o professor sozinho não consegue desenvolver essa tarefa. Ele
precisa de apoio e deve procurar a ajuda na própria escola, com a família, aproveitando-
se de recursos tecnológicos disponíveis. Ele só não pode se omitir em relação a um
aluno que precisa de ajuda.
44
ESTRATÉGIAS DE ENSINO│UNIDADE II
Um aluno que não acompanha o processo escolar é uma pessoa infeliz, ele se sente
frustrado, embora, nem sempre explicite esse sentimento de forma correta. De alguma
maneira, com tristeza ou rebeldia traduzida em indisciplina, esse sentimento virá à
tona.
Além disso, sob o posto de vista econômico, este é um aluno “caro”, pois provoca
reinvestimento e/ou perda. Precisamos estar cientes de que é muito mais “barato”
investir na recuperação do que em um reinvestimento total. Este é um argumento que
pode e deve ser utilizado quando se procura ajuda com a direção/autoridade e com a
família, se esta tem condição de ajudar.
45
EXÉRCICIO DO UNIDADE III
MAGISTÉRIO
CAPÍTULO 1
Os tipos de procedimento/atividade/
técnica de ensino
Figura 10.
Tipos de procedimento/atividade/técnica de
ensino, segundo a natureza do objetivo
Natureza do Objetivo Objetivo Geral do Procedimento
Individualizante Atendimento às diferenças individuais: ritmo de trabalho, interesses, necessidades, aptidões,
necessidade de recuperação de requisitos específicos.
Socializante
Promoção de interação social, de formação de lideranças, de desenvolvimento de habilidades sociais,
Socioindividualizante
de atitudes grupais; troca de experiências significativas em níveis cognitivos e afetivos entre colegas.
Promoção de equilíbrio entre o esforço individual e a ação grupal.
46
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Ensino em grupo
Figura 11.
Todo grupo possui propósitos comuns e um vínculo definido e sustentado pela consciência
de seus membros. A sua manutenção depende da forma de interação desenvolvida
pelos membros, da habilidade deles para agir com unidade, da possibilidade mútua
de satisfação de necessidades. Essas condições são aprendidas de maneira informal,
em situações que se apresentam em nossa vida social e, formalmente, no processo
educativo escolar.
47
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
48
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
»» Coordenador
›› Conduzir a reunião.
»» Secretário
›› Expressar-se livremente.
49
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
c. relatório de grupos;
Avaliação
A natureza do objetivo previsto para um trabalho individualizado é diferente do
previsto para um trabalho realizado em grupo, assim como variam as técnicas de
execução, mas ambas, alcançando objetivos próprios, podem resultar um produto
semelhante em termos de conhecimento construído e também pretendido.
Por exemplo: uma pesquisa sobre sustentabilidade realizada individualmente ou em
grupo pode apresentar resultados semelhantes no que se refere ao conteúdo produzido,
mas se diferem quanto ao alcance de objetivos relativos à formação de habilidade e de
atitudes alcançadas pelos alunos com a realização da atividade.
Por isso vamos apresentar os procedimentos sem ordem classificatória, ou seja, sem
classificá-las com individualizante ou socializante, embora algumas atendam apenas a
um desses aspectos, mas que você poderá identificar com a descrição da atividade.
»» Aula expositiva
»» Ensaio
»» Estudo de caso
»» Demonstração
»» Estudo dirigido
50
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Aula expositiva
Figura 12.
A aula expositiva se caracteriza pela exposição oral feita pelo professor para introduzir,
explicar informações e conceitos, generalizar conteúdos relativos a conhecimentos,
51
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Esse tipo de atividade de ensino tem sido alvo de muitas críticas (justas) quando
desenvolvida de forma tradicional, como ação unilateral do professor que se coloca
como o detentor do saber. Mas este comportamento não pode ser atribuído a esse tipo
de atividade e sim à personalidade pedagógica do professor que, certamente, assim
procederá em qualquer atividade de ensino que desenvolva, pois sua tendência é
“bancária”, no dizer de Paulo Freire.
Assim, a palavra passa a possuir grande valor, pois com ela é estabelecida a interação
social. A consciência e o pensamento são construídos com palavras e as ideias que se
formulam durante as interações.
52
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
53
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Estudo dirigido
Objetivos da atividade
Ensaio Pedagógico
Figura 13.
A palavra ensaio tem origem latina, exagium – ato de pesar, ponderar, prever,
avaliar. Essa origem justifica as várias acepções dadas a ela. Atualmente, é usada para
caracterizar:
54
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Segundo Nietzsche (apud DELEUZE, 2001, p. 8), todo fenômeno se constitui a partir
da relação de forças. A própria história de uma coisa se constitui a partir do confronto
entre forças [...] “um fenômeno não é uma aparência nem sequer uma aparição, mas um
signo, um sintoma que encontra o seu sentido numa força atual (...). Uma coisa possui
tanto mais sentido quanto haja forças capazes de dela se apoderarem”. (DELEUZE,
2001, p. 8).
Durante uma aula expositiva, nem sempre é possível levar em conta e esclarecer as
diversas forças presentes em determinado fenômeno. E não é por menos que o ensaio é
indicado para ser desenvolvido quando se quer que o aluno perceba o que ocorre “nesse
campo de combate de forças”, pois esta atividade busca recuperar aquilo que a lógica
discursiva não possui. Em um único objeto de estudo pode existir uma multiplicidade
de sentidos e o ensaio, enquanto experiência permite, na prática, a coordenação de
conceitos e de outros elementos envolvidos.
55
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Alguns tipos de ensaios demandam custos maiores e, nesses casos, pode optar-se por
pequenos perfis, que podem ser obtidos por doações e/ou empréstimo para a realização
em espaços genéricos, até mesmo em uma sala de aula comum. O importante é que se
possa promover a comprovação da validade dos conceitos teóricos ensinados quando
confrontados com os resultados experimentais.
Entrevista
Essa atividade é desenvolvida pelos alunos com a participação de uma pessoa que não
integra o grupo, geralmente, um especialista em determinado assunto.
56
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Para realizar a técnica, o professor deve planejar a atividade com os alunos, definindo
o assunto que se pretende conhecer ou aprofundar; escolhendo o entrevistado e o(s)
entrevistador(es) representante(s) do grupo, propondo o local, os recursos necessários,
a provável data e horário do evento.
A entrevista deverá ser mantida em tom de conversa e as perguntas devem ser formuladas
de forma a evitar respostas como “sim” ou “não”, mantendo as perguntas em nível de
entendimento geral do grupo. O entrevistador, por sua vez, evitará a terminologia
técnica que não esteja ao alcance do grupo.
O grupo deve ser preparado para receber o entrevistado, comportar-se durante o evento
e agradecer a contribuição prestada.
57
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Estudo de Caso
Figura 14.
O estudo de caso é um procedimento de ensino que pode ser utilizado quando se quer
que o aluno desenvolva uma aprendizagem de forma individualizada e/ou em grupo.
Ele se aplica muito bem a essa duas situações.
58
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
como reais em seu ambiente, em seu cotidiano e, assim, compreender o que se pretende
e depois os resultados alcançados com a atividade proposta.
59
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Para que o procedimento tenha bons resultados, devem ser observados os seguintes
aspectos.
»» O caso proposto não deve ser longo, nem complexo (de difícil solução),
para evitar discordâncias maiores.
60
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
O maior objetivo desse trabalho de grupo não é a solução do caso, mas o desenvolvimento
de uma proveitosa abordagem da questão.
Demonstração
Figura 15.
Ensinar utilizando a demonstração significa não ficar limitado a uma exposição oral, à
explicação teórica, é exemplificar, mostrar, comprovar um procedimento, uma ação, um
método, uma operação ou uma técnica. Pode ser vivenciada na abordagem de assunto
de qualquer natureza científica, econômico-financeira, administrativa, social e cultural,
na própria sala de aula, em outros ambientes da própria escola ou em espaços externos
durante visita técnica ou excursão em locais que possuam proximidade com o conteúdo
a ser demonstrado.
Esta é uma boa maneira de convencer o aluno ou provar algo ou validar a aplicação de
uma teoria, princípio ou conceito e pressupõe uma execução hábil, sublinhando os
aspectos importantes, eliminando o não essencial.
61
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
62
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
É comum que alguns alunos sintam dificuldade para apresentar suas ideias de maneira
organizada e sistematizada. Essa técnica os ajuda porque, mesmo inseguros ou tímidos,
estarão mais motivados porque vão expor o que observaram.
Figura 16.
Para este tipo de atividade, deve ser criada uma situação bem explicitada de um
insucesso profissional, relativo à área do Curso. Alguns exemplos.
63
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Atividades preparatórias
»» Cada aluno deverá ter o material de estudo e ser bem informado sobre
a atividade. Esse material pode ser disponibilizado pelo professor e
complementado pela pesquisa dos alunos.
Realização do Júri
64
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
65
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
»» Primeiro deve ser feita uma leitura geral do texto seguida pela leitura e
comentário de parágrafo a parágrafo.
Figura 17.
66
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Entre os signos e sistemas de signos estão vários sistemas de cálculo, diagramas, mapas.
»» sistema de signo;
»» redução;
»» projeção.
Com o nome mapa ou carta é um recurso de comunicação geográfica. Existe entre nós
a tendência de empregar o termo mapa quando se trata de documento mais simples,
diagramático e, quase sempre genérico, e carta quando se trata de documento mais
complexo, mais detalhado. Por exemplo: carta aeronáutica, carta náutica carta
topográfica.
67
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Precisão: preciso quando a posição dos fenômenos e dos lugares que nele figuram está
de acordo com a posição desses mesmos fenômenos e lugares na realidade, levando em
consideração a sua escala.
Legibilidade: legível quando cada informação inscrita pode ser facilmente encontrada,
percebida, distinguida entre as demais.
Eficácia: eficaz quando está perfeitamente adaptado ao seu objetivo sendo útil, conciso,
completo e verdadeiro.
Um mapa mal construído, mal lido ou mal interpretado pode induzir a informações
erradas sobre os temas apresentados.
Para ler o espaço, torna-se necessário outro processo de alfabetização. Ou talvez seja
melhor considerar que, dentro do processo alfabetizador, além das letras, das palavras
e dos números, existe outra linguagem, que é a linguagem cartográfica. (CALLAI).
A leitura do meio próximo ou remoto é fundamental para que todos nós, que
vivemos em sociedade, possamos exercitar nossa cidadania.
68
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Gráfico
Figura 18.
Clareza: deve possibilitar uma interpretação correta dos valores que representam o
fenômeno em destaque.
69
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Atualmente mapas, gráficos e tabelas são bastante utilizados na mídia e nos meios de
comunicação, tanto falados quanto escritos e também em material didático.
Por isso mapas e gráficos devem ser compreendidos no contexto das ações em que são
utilizados. E nesta perspectiva, a interpretação deles deve adquirir significados diferentes
quando realizada por alunos em contextos diferentes. Por exemplo, os estudantes em
sala de aula podem desenvolver diferentes formas qualitativas de interpretação de
mapas e de gráficos em atividades de todos os componentes curriculares, não só em
Geografia, História e Matemática, mas, para isso, os alunos precisam ser preparados
para entender a linguagem desses instrumentos – os explícitos e os implícitos.
70
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Painel Pedagógico
Em Didática, painel significa grupo de pessoas reunidas em debate sobre um tema.
Existe grande variedade de técnicas para realizar um painel: Painel de verbalização
– GV – GO, Painel com debatedores, Integrado. Alguns desses mais indicados para
grande grupo reunido em espaços maiores e outros de menor dimensão, próprio para
uma sala de aula.
Seguem dois mais indicados para a realização em uma sala de aula comum.
Depois dos estudos realizados pelos dois grupos, os resultados são apresentados na
forma de painel GV – GO.
71
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Em síntese, o primeiro grupo é o que irá discutir o tema na primeira fase, e o segundo
observa e se prepara para substituí-lo. Na segunda fase, o primeiro grupo observa e o
segundo discute. É uma técnica bastante fácil e informal.
72
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Pesquisa Escolar
Figura 19.
73
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Há três tipos de pesquisa que podem ser utilizadas como instrumento de aprendizagem.
»» Bibliográfica
»» Documental
»» De Campo
Quando se trabalha com essa atividade, o professor deve antes analisar com os alunos
as normas da ABNT para a elaboração de um trabalho acadêmico, dando destaque
à citação. O professor deve aproveitar a ocasião e falar sobre o plágio, destacando o
aspecto moral e criminal dessa conduta e ser muito atento em sua observação e rígido
na avaliação.
A pesquisa documental vai além desses, pois também explora outros documentos
escritos e outros não escritos como fonte de pesquisa, tais como filmes, vídeos,
estatísticas, cartas, pareceres, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza,
diários, projetos de lei, discursos, mapas, informativos, depoimentos orais e escritos,
correspondência, documentos arquivados em instituições diversas (repartições
públicas, associações, igrejas, hospitais) etc. Esses últimos são, geralmente, utilizados
como fontes de informações, indicações e esclarecimentos de dúvidas, para comprovar
fatos e nem sempre apresentam caráter, tratamento científico.
A pesquisa de campo é uma fase da pesquisa bibliográfica que dá uma visão maior, mais
abrangente daquilo que se pretende conhecer. É a realização de um estudo sobre um fenômeno
em seu contexto real, buscando compreendê-lo ou comprová-lo em situações particulares e
concretas. Assim, essa pesquisa procura explorar situações da vida real, cujos limites não estão
claramente definidos.
74
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Figura 20.
Nesse sentido, é importante que o aluno compreenda/ justifique a escolha por esse tipo
de pesquisa e participe da elaboração do projeto.
75
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Projeto Pedagógico
Figura 21.
A palavra projeto de origem latina projetus (ação de lançar para frente, estender),
significa também ideia, desejo, intenção de fazer ou realizar algo; descrição escrita e
detalhada de um empreendimento a ser realizado (...) (HOUAISS).
Esta forma de conceituar o termo define bem o procedimento de ensino, pois Projeto
Pedagógico é a construção de uma proposta de trabalho, de um empreendimento com
76
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Segundo Ron e Soler (2010, p. 23), os projetos, de acordo com o foco didático-pedagógico,
podem ser de ensino ou de aprendizagem.
Problemas
Potencialidades
Todo projeto está relacionado a uma lógica, no processo de elaboração, que contribui
para ampliar o campo de visão e a aplicabilidade de conhecimentos. Para sua execução
são utilizados conteúdos e procedimentos já aprendidos, permitindo que se traduza a
teoria em prática.
Podemos afirmar que toda ação humana nasce de um projeto ideado. Em diferentes
situações de trabalho e de estudo, o projeto é explicitado de diversas formas.
Bagno (1999, p. 22) entende que “fazer um projeto é lançar ideias para
frente, é prever as etapas do trabalho, é definir aonde se quer chegar
com ele – assim, durante o trabalho prático, saberemos como agir, que
decisões tomar, qual o próximo passo que teremos de dar na direção do
objetivo desejado”.
O autor exemplifica:
[...] quando você quer dar uma festa de aniversário e faz a lista dos
convidados, calcula a quantidade de salgadinhos e refrigerantes, pensa
no tamanho do bolo e no número de cadeiras e sofás para acomodar
todas as pessoas está fazendo um projeto. As anotações que você faz em
sua agenda são seu projeto para aquele determinado dia. Uma receita
de bolo é o projeto de um bolo. O mesmo vale para a planta de uma casa
ou de um apartamento. Uma lista de compras também é um projeto – o
de gastar só o necessário.
»» Programação
»» Culminância
79
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Para essa fase podem ser utilizados Instrumentos administrativos que facilitam a
realização do trabalho. Esses instrumentos variam conforme o grau de complexidade
exigido. Exemplo de técnicas para programação de projetos: o gráfico de Gantt; a teoria
das redes; o caminho crítico.
80
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Como qualquer planejamento, o projeto também deve ser explicitado em um plano- síntese.
Não existe modelo para a elaboração e apresentação desse plano. Alguns professores/
projetistas preferem a forma mais discursiva, outros utilizam apenas esquemas gráficos,
outros ainda associam esses recursos. O que importa é que o planejamento resulte um
plano e que as etapas sejam descritas de forma clara e objetiva. Convém destacar que um
projeto maior pode ser desdobrado em subprojetos e estes se desenvolvem com as mesmas
características do principal.
Solução de Problema
»» um motivo bastante forte que oriente a ação na busca da resposta – por que.
a. Introdução ao problema
b. Trabalhar o problema
81
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
O professor tem grande responsabilidade na seleção dos problemas. Estes devem ser
adequados aos objetivos, à natureza da aprendizagem e do conteúdo e às necessidades
do aluno. Precisa também considerar a capacidade do aluno; as suas experiências
anteriores e os seus interesses pessoais.
Seminário
A técnica pode ser desenvolvida em uma ou mais sessões planificadas, com apresentação
de experiências pessoais, com consultas a diversas fontes, sempre seguidas de discussões
sobre elas.
82
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Simpósio
83
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Visita Técnica
Figura 22.
Alunos dos Cursos: Técnico em Administração e Técnico em Logística do Colégio Contec - Unidade Vila Velha - ES, durante
visita técnica a Viminas, localizada na Serra - ES, no dia 28/4/2010. (Google – imagem – acesso em 15/2/13).
84
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
A atividade tem caráter informativo sobre área e/ou serviços de uma instituição que
se propõe a ajudar no desenvolvimento da profissionalização, destinada a estudantes
interessados. Muitas empresas se predispõem a contribuir com a formação de alunos
de cursos profissionalizantes relacionados à atividade que desenvolvem, contribuindo
de forma efetiva e exercendo o papel de formadores de valores em suas relações sociais
com a comunidade.
Objetivos
»» Assunto
»» Local
85
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
»» Data
»» Meio de transporte
»» Participante(s)
86
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Figura 23.
»» desenvolver a criatividade;
»» liberar bloqueios;
87
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
›› todos devem falar alto, sem ordem preestabelecida, mas um de cada vez;
Verifique o que vai ocorrer em sua turma. Não desanime se nos primeiros exercícios a
contribuição de seus alunos for menor que esta.
Tempo rei
(GILBERTO GIL)
88
CAPÍTULO 2
A linguagem audiovisual – conceitos –
fundamentos
Figura 24.
89
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Com esses recursos midiáticos, os jovens têm acesso a informações por meio de imagens
que apresentam o concreto, o visível, o mediato, o próximo, tocando todos os sentidos.
Recursos que mexem com o nosso corpo, com a pele. As sensações e os sentimentos
nos tocam e “tocamos” os outros e estão ao nosso alcance por meio dos recortes visuais,
do close, do som estéreo envolvente. (MORAN, 1991).
Com Guttemberg surgiu a imprensa e com esta apareceram os livros. Uma nova
linguagem – a escrita foi introduzida no processo educativo da juventude.
Como será que os nossos colegas de antanho reagiram? O que será que eles
diziam de seus alunos que passavam horas com um livro na mão, que não
queriam mais discutir um assunto, dialogar com eles.
Como será que enfrentaram esse desafio? O que fizeram para reorganizar os
novos espaços?
A linguagem audiovisual consegue influir muito mais do que apenas a linguagem oral
ou apenas a escrita porque ela chega ao entendimento do aluno de forma concreta,
90
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
A linguagem audiovisual mostra ao invés de descrever e faz com que essa imagem, que
não é estática, atraia o espectador.
O professor precisa trabalhar o seu processo educativo para os meios, para que seus
alunos sejam formados como sujeito crítico, criativo, ativo no processo de utilização de
recepção das mensagens audiovisuais presentes na sociedade. As oportunidades são
variadas e podem auxiliar na realização de aulas mais atrativas, capazes de despertar
e desenvolver a atenção, o interesse do aluno em torno do tema tratado, contribuindo
para um aprendizado mais significativo.
Devido à presença massiva das tecnologias, todos os setores da sociedade são afetados
por ela, inclusive a educação. Algumas tecnologias como o computador, a internet,
a televisão, o DVD já estão presentes na escola, pressupondo práticas pedagógicas
inovadoras, que aproveitem as potencialidades desses meios no processo de ensino e
aprendizagem.
91
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
O professor precisa colocar-se como parceiro que encaminha e orienta o aluno diante
das múltiplas possibilidades e formas de se alcançar o conhecimento e de se relacionar
com ele. Para conseguir este intento o professor precisa incorporar em seu referencial
teórico-metodológico e em suas práticas uma nova forma de orientar o processo de
ensino e de aprendizagem, voltada para a potencialização de habilidades relativas ao
uso de múltiplas linguagens, e adquirir destreza para se autogerenciar em situações de
comunicação que constroem as novas redes telemáticas multimídia.
A seguir, destacamos alguns desses recursos e outros mais simples, mas também
importantes no processo educativo escolar.
92
CAPÍTULO 3
Os recursos audiovisuais – tipos,
características e recomendação
didática para a utilização
Figura 25.
93
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
A televisão como recurso audiovisual não se limita a único equipamento, pois ela inclui
o vídeo, o DVD etc. e, também, os materiais como os filmes. Esses podem ser utilizados
como atividades individuais e em grupo.
A TV e seus complementos físicos e virtuais podem ser usados como recurso didático,
de qualquer curso técnico, para:
94
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Observação – O destaque “de qualquer curso técnico” foi dado porque, em muitos
cursos técnicos, esses recursos compõem também a infraestrutura deles, assumindo
outros papéis na formação do aluno.
»» Preparação do ambiente.
95
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Figura 27.
A lousa digital é uma tela interativa, sensível ao contato, por canetas ou pelo toque do
dedo, para realização de comandos na tela multimídia. Trabalha em conjunto com um
projetor e um computador. A tecnologia de interação pode usar ultrassom resistiva ou
eletromagnética, com diferenças quanto à forma de contato. Ela é versátil, permite a
correção imediata de alterações na apresentação, favorece e estimula a participação dos
alunos.
Os métodos tradicionais adotados pela maioria das escolas incluem aulas expositivas,
utilizando caderno, lápis, borracha, lousa e giz. Sob esse enfoque, os recursos
disponibilizados pela tecnologia da informação e da comunicação são minimamente
utilizados na elaboração de metodologias de ensino mais atrativas e interessantes. Dessa
maneira, por meio de instrumentos como a televisão, o DVD, o computador e a lousa
digital, é possível introduzir a perspectiva da linguagem audiovisual na escola, devido à
crescente facilidade de acesso a essas tecnologias e às possibilidades que elas oferecem
para o trabalho com imagens e sons. Porém, caso a escola persista em paradigmas
de ensino centrados na linguagem escrita e na oralidade, ela ficará muito distante da
realidade de seu aluno, que já utiliza recursos tecnológicos modernos, como celulares
com câmera digital integrada para registrar os momentos significativos, resultando,
muitas vezes, em publicações desses vídeos em sites como o, com o objetivo de socializar
e acompanhar o índice de audiência do vídeo publicado. A possibilidade de atuar como
96
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Um dos aspectos mais interessantes é que, para interagir com a lousa, o professor ou o
aluno podem usar seu próprio dedo, da mesma forma que usam o mouse, isto é, com o
dedo podem abrir ou fechar programas, realizar tarefas, escolher opções de ações e, até
mesmo, desenhar. Há também a opção de utilizar acessórios, como canetas específicas
que possuem uma ponta de borracha, juntamente com um apagador especial que não
danifica a superfície do quadro. As canetas ficam em um suporte integrado à lousa e
cada uma delas possui uma “tinta eletrônica” nas cores: azul, vermelho, preto e verde.
97
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
e realizado no quadro durante as aulas. Para que isso ocorra, é necessária a instalação
do software de gerenciamento, o Notebook Software, pois a sua função é armazenar
e permitir que informações como textos, imagens ou vídeos sejam inseridos na lousa
digital. Dessa forma, o conteúdo desenvolvido em uma aula pode ser salvo pelo professor,
transformando-o em um arquivo que poderá ser utilizado novamente em outra aula.
Para a elaboração das aulas, o Notebook Software disponibiliza ao professor uma galeria
contendo inúmeras imagens, como planos de fundo, figuras ilustrativas (por exemplo,
estrutura do corpo humano, mapas geográficos, tabelas periódicas, formas geométricas
etc.) e imagens multimídia, em formato Flash3, subdivididas em categorias: História,
Geografia, Ciência e Tecnologia, Artes, Matemática, entre outras. Há também um ícone
contendo canetas coloridas que servem para escrever ou destacar algum conteúdo que
for importante.
[...]
O diferencial desse leitor é que ele permite escrever ou desenhar sobre o vídeo durante
a sua apresentação. Todas as opções de configuração do software e hardware podem
98
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
© ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v.8, n.1, p. 33-48, dez. 2006 – ISSN:
1676-2592 39A
Projetor de slides
Figura 28.
Recurso mais usado para assuntos específicos registrados, geralmente, por fotos. Na
educação profissional, é bastante utilizado para projeção de registros científicos e
técnicos que pressupõem destaques em detalhes. A sua utilização ilustra e enriquece o
conteúdo e evita a rotina das exposições orais.
»» Organização do conteúdo.
»» Preparação do ambiente.
99
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Cuidados técnicos
Retroprojetor
Figura 29.
O retroprojetor é muito utilizado pela sua forma simples de manuseio, pelas diversas
possibilidades de aplicação e pelos resultados que gera, projetando, de modo ampliado,
em tela ou na parede, matéria gráfica, impressa ou manuscrita, sem precisar escurecer
a sala.
100
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
»» Fácil operação;
»» Custo baixo.
›› serigrafia;
Cuidados técnicos
»» Regular a focalização.
Retenção
10% do que se lê
30% do que se vê
101
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
102
CAPÍTULO 4
O Uso da internet no processo de
aprendizagem
Figura 30.
103
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Figura 31.
104
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Comunicação assíncrona
Nesse tipo de comunicação não é necessária a presença física nem a conexão simultânea
dos participantes, que podem se comunicar sem a preocupação de tempo e espaço. A
comunicação assíncrona apresenta as seguintes características.
Santarosa (1999) alerta que há uma pequena diferença entre esses dois termos: o CSCW
refere-se à pesquisa no âmbito de trabalho, enquanto o CSCL é usado para designar
pesquisa na área de ensino e de aprendizagem. O termo groupware é indicado para
tecnologia gerada tanto pela pesquisa em CSCW quanto para CSCL. De acordo com o
autor, o objetivo desse sistema de comunicação é apoiar a colaboração, a coordenação
de atividades e a comunicação do grupo. Para isso, inúmeros recursos constituem
um groupware, por exemplo, correio eletrônico (e-mail), fórum, lista de discussões
105
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
106
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Figura 32.
Cruz (2008) orienta que, sendo a função da sala apenas a de recepção, basta uma
câmera e, se tratando de transmissão de aulas a distância, devem ser utilizadas duas
câmeras, uma voltada para os alunos e a outra para o professor. Os microfones devem
ser suficientes e bem posicionados para que os alunos se sintam confortáveis ao se
expressarem.
A autora explica, ainda, que ao propor uma aula por videoconferência, deve-se atentar
para pontos importantes, a fim de o meio favorecer o aprendizado. Destacam-se entre
eles a acústica, a visualização do professor, as condições de transmissão de imagens,
a iluminação e a versatilidade do ambiente para a ocorrência de diferentes tipos de
agrupamentos dos participantes, de forma a permitir que todos os participantes vejam
e sejam vistos da mesma maneira, escutem e possam ser escutados sem interferências
no áudio.
107
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Vale ressaltar, entretanto, uma forma acessível de audioconferência que é realizada por
meio do telefone, a qual exige apenas um aparelho que permita ligação compartilhada.
108
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
A cada dia surgem novas tecnologias que podem ser utilizadas no processo educacional.
Figura 33.
109
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
O sistema fechado não possui ambiente, não realiza trocas e, portanto, não recebe
influências externas. É o caso de objetos físicos como uma lata de biscoitos ou uma bola.
O sistema aberto troca energia ou matéria com o ambiente por meio de entradas e
saídas, influenciando e sendo por ele influenciado. Constituem exemplos desse tipo de
sistema: sociedades, seres vivos, empresas etc.
110
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Esse tipo de sistema é projetado como rede e sua estrutura envolve os seguintes
componentes:
111
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
»» Usar estratégias para que o programa seja reconhecido pelo aluno como
significativo, agradável ou apropriado para suas necessidades.
112
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
Os STI diferenciam-se dos outros sistemas CAI pela forma da exposição do conteúdo.
Esta exposição não ocorre de forma linear, considera o conhecimento prévio do aluno e
sua interação com o sistema.
Para Jesus (2003), os STI pertencem a uma categoria de software educacional que
se baseia na aprendizagem interativa. O aluno passa a ser visto como um ser ativo,
centro do processo de ensino e de aprendizagem, sendo, também, relevantes o seu
conhecimento atual e suas características de aprendizagem.
Existem várias definições para os STI. De acordo com Reva Freedam (2000, p. 15),
“Sistema de Tutor Inteligente é um termo amplo, que abrange qualquer programa de
computador que contém alguma inteligência e pode ser usado em aprendizagem”.
Características de um STI
Para Jonassen (1993 apud FLORES; VICCARI, 2005), um STI deve passar por três
testes antes de ser classificado como inteligente:
113
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
»» o conteúdo do tema deve ser codificado para que o sistema possa acessar
as informações, fazer interferências e resolver problemas;
114
EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO│ UNIDADE III
A arquitetura clássica dos STI é formada por quatro módulos, a saber: modelo do
especialista ou domínio, do estudante, pedagógico e da interface. Esses módulos, além
de realizarem uma função específica do STI, devem agir em sincronia.
Vejamos os quatro módulos (ou modelos) que compõem a estrutura clássica de um STI.
Veja uma descrição que ilustra uma apresentação de conteúdo no modelo do estudante.
115
UNIDADE III │EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Normalmente, as decisões são sobre qual informação deve ser apresentada ao aluno,
como e quando. Deve-se tomar cuidado nesse modelo, pois, o sistema tutorial não
pode destruir a motivação pessoal do aluno ou a sua sensibilidade para a descoberta.
Este processo pedagógico necessita de criatividade e versatilidade e é importante
que o sistema reconheça para quem está ensinando, pois a maneira de ensinar está
diretamente ligada ao interesse do aluno. Quanto mais interessado ele estiver, melhor
será o seu rendimento.
116
TRABALHANDO COM
ESPECIFICIDADES DE UNIDADE IV
UM CURSO TÉCNICO
Figura 34.
CAPÍTULO 1
O Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos – CNCT
117
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
1. Ambiente e Saúde
2. Desenvolvimento Educacional e Social
3. Controle e Processos Industriais
4. Gestão e Negócios
5. Informação e Comunicação
6. Infraestrutura
7. Militar
8. Produção Alimentícia
118
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
12. Segurança
Características Básicas
Eixo Tecnológico Características Básicas
Comuns
Ética, biossegurança, processos de trabalho em saúde, primeiros socorros, políticas Ética, capacidade de compor
públicas ambientais e de saúde, além da capacidade de compor equipes, com equipes, iniciativa, criatividade,
Ambiente e Saúde
iniciativa, criatividade e sociabilidade, caracterizam a organização curricular destes
cursos. sociabilidade
Abordagem sistemática da gestão da qualidade e produtividade, das questões
Controle e Processos
éticas e ambientais, de sustentabilidade e viabilidade técnico-econômica, além de Ética
industriais
permanente atualização e investigação tecnológica.
Ética, raciocínio lógico,
Organização curricular dos cursos contempla estudos de ética, normas técnicas
Desenvolvimento capacidade de trabalhar em
e de segurança, redação de documentos técnicos, raciocínio lógico, além da
Educacional e Social equipes, iniciativa, criatividade,
capacidade de trabalhar em equipes, com iniciativa, criatividade e sociabilidade.
sociabilidade.
Gestão e Negócios Organização curricular dos cursos contempla estudos sobre ética, raciocínio lógico, Ética, raciocínio lógico,
empreendedorismo, normas técnicas e de segurança, redação de documentos capacidade de trabalhar em
técnicos, educação ambiental, formando profissionais que trabalhem em equipes equipes, iniciativa,
com iniciativa, criatividade e sociabilidade.
criatividade, sociabilidade.
Organização curricular dos cursos contempla estudos sobre ética, raciocínio lógico, Ética, raciocínio lógico,
Informação e empreendedorismo, normas técnicas e de segurança, redação de documentos capacidade de trabalhar em
Comunicação técnicos, educação ambiental, formando profissionais que trabalhem em equipes equipes, iniciativa,
com iniciativa, criatividade e sociabilidade. criatividade, sociabilidade.
Organização curricular dos cursos contempla estudos sobre ética, Ética, raciocínio lógico,
empreendedorismo, normas técnicas e de segurança, redação de documentos capacidade de trabalhar em
Infraestrutura equipes, iniciativa,
técnicos, educação ambiental, raciocínio lógico, formando técnicos que trabalhem
em equipes com iniciativa, criatividade e sociabilidade. criatividade, sociabilidade.
Organização curricular dos cursos contempla estudos sobre ética, Ética, raciocínio lógico,
empreendedorismo, normas técnicas e de segurança, redação de documentos capacidade de trabalhar em
Militar equipes, iniciativa,
técnicos, educação ambiental, raciocínio lógico, formando técnicos que trabalhem
em equipes com iniciativa, criatividade e sociabilidade. criatividade, sociabilidade.
Essencial à organização curricular dos cursos: ética, desenvolvimento sustentável, Ética, raciocínio lógico,
cooperativismo, consciência ambiental, empreendedorismo, normas técnicas e capacidade de trabalhar em
Produção Alimentícia equipes, iniciativa,
de segurança, além da capacidade de compor equipes, atuando com iniciativa,
criatividade e sociabilidade. criatividade, sociabilidade.
119
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
Características Básicas
Eixo Tecnológico Características Básicas
Comuns
Na organização curricular dos cursos deste eixo, ética, raciocínio lógico, raciocínio Ética, raciocínio lógico,
Produção Cultural e estético, empreendedorismo, normas técnicas e educação ambiental são capacidade de trabalhar em
Design componentes fundamentais para a formação de técnicos que atuam em equipes equipes, iniciativa, criatividade,
com iniciativa, criatividade e sociabilidade. sociabilidade.
Associação de competências da produção industrial relacionadas ao objeto da
produção, na perspectiva de qualidade, produtividade, ética, meio ambiente e
viabilidade técnico-econômica, além do permanente aprimoramento tecnológico. Ética, raciocínio lógico,
capacidade de trabalhar em
Produção Industrial Ética, normas técnicas e de segurança, redação de documentos técnicos, equipes, iniciativa, criatividade,
raciocínio lógico, empreendedorismo, além da capacidade de compor equipes, sociabilidade.
com iniciativa, criatividade e sociabilidade, caracterizam a organização curricular
destes cursos.
Integra a organização curricular dos cursos: ética, desenvolvimento sustentável,
cooperativismo, consciência ambiental, empreendedorismo, normas técnicas e
Ética, raciocínio lógico,
de segurança, além da capacidade de compor equipes, atuando com iniciativa,
capacidade de trabalhar em
Recursos Naturais criatividade e sociabilidade.
equipes, iniciativa,
Essencial à organização curricular destes cursos: ética, desenvolvimento
criatividade, sociabilidade.
sustentável, cooperativismo, consciência ambiental, empreendedorismo, normas
técnicas e de segurança.
A organização curricular dos cursos propiciará a construção de perfil de egresso
fundamentado em competências éticas, legais e técnicas contemplando, ainda,
raciocínio lógico, inteligência social, capacidade de diálogo, tolerância e atuação em Ética, raciocínio lógico,
Segurança equipes multi e interdisciplinares. Abrange, transversalmente, a Legislação Nacional atuação em equipes, iniciativa,
e Internacional no que se refere aos direitos humanos e cidadania, primando criatividade sociabilidade.
pela dignidade da pessoa. A atuação nas carreiras públicas fica condicionada ao
atendimento das normas específicas, notadamente do concurso público.
Traços marcantes da organização curricular dos cursos: ética, educação ambiental, Ética, raciocínio lógico,
Turismo, Hospitalidade e normas técnicas e de segurança, historicidade, empreendedorismo, redação capacidade de trabalhar em
Lazer técnica, além da capacidade de trabalhar em equipes, com iniciativa, criatividade e equipes, iniciativa,
sociabilidade. criatividade, sociabilidade.
Fonte: CNCT
A formação dessas Habilidades e Atitudes pode e deve ser almejada de forma objetiva
em diferentes oportunidades, aproveitando-se procedimentos de ensino voltados para
a construção de conhecimentos. Mas devem, também, ser objeto de trabalho específico,
buscando, sobretudo, avaliar as condições e o pensamento dos alunos. Existem muitas
atividades que se adaptam muito bem a essa formação e à verificação tão necessária.
Entre elas se destacam o júri simulado, o estudo de caso, o projeto didático, cujos
procedimentos didáticos foram destacados.
120
CAPÍTULO 2
Trabalhando com características
específicas dos eixos tecnológicos da
educação profissional e tecnológica de
nível técnico e cursos correspondentes
O Ministério da Educação, ao apresentar (no CNCT) os cursos que têm validade nacional,
refere-se a cada um, definindo o perfil descritivo deles e indicando possibilidades de
temas a serem abordados, possibilidades de atuação, infraestrutura recomendada e
duração deles, em termos de horas.
Localize a sua área de atuação e/ou de interesse, faça uma leitura atenta.
121
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
122
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
123
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
124
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
A construção dos conhecimentos específicos do curso pode e deve ser almejada de forma
objetiva em diferentes oportunidades. Existem muitas atividades que se adaptam mais
a determinado assunto e estas devem ser selecionadas segundo princípios analisados
em capítulos anteriores relativos à seleção e ao desenvolvimento de objetivos e de
conteúdos. Alguns desses procedimentos didáticos foram destacados em capítulo
anterior. Mas destacamos, agora, que um dos procedimentos mais utilizados e que foi
apenas citado em diversos pontos é a atividade desenvolvida no LABORATÓRIO.
125
CAPÍTULO 3
Laboratório Didático
Figura 35.
Na área de Educação Profissional de Nível Técnico existe uma grande diversidade de espaços didáticos que vão da sala de
aula tradicional a ambientes específicos, relacionados ao(s) curso(s) oferecido(s). Esses espaços específicos diferenciam-se
segundo a área de conhecimento a que se destinam, principalmente, em função das propostas pedagógicas e atividades
didáticas ali desenvolvidas. Via de regra, a esses espaços específicos dá-se o nome de Laboratório.
A palavra laboratório deriva de laborõris, de origem latina, que significa ação de laborar,
de trabalhar arduamente. (HOUAISS). Fiel à sua origem, laboratório também denota
trabalho e ação, mas com conotações distintas, pois foi associada a ela a ideia de espaço,
de onde se trabalha.
126
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
127
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
»» Oficina pedagógica
Figura 36.
128
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
e, para tanto, requer recursos financeiros, quase sempre, altos para sua montagem e
manutenção.
As atividades nele realizadas têm como objetivo um ensaio experimental que, em última
instância, oportuniza atividades muito próximas das atividades vinculadas à futura
profissão. Portanto, é necessário que o aluno já domine técnicas de planejamento, de
procedimentos experimentais e também tenha domínio de conteúdo, pois não tem
como objetivo direto o aprendizado inicial de conceitos ou princípios, nem de técnicas
específicas. É muito aceito porque nele o aluno tem oportunidade de demonstrar e
aplicar seus conhecimentos, desenvolvendo propostas, com maior liberdade de ação.
Esses laboratórios são indicados no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, por curso.
129
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
Oficina Pedagógica
Figura 37.
Na organização de uma oficina pedagógica, deve ser dada especial atenção à organização
do espaço físico – móveis e equipamentos em número e condições de atendimento
aos alunos no projeto que desenvolvem. De acordo com o curso oferecido, pode ser
necessária a disponibilidade de materiais específicos, até mesmo a associação com
outros espaços – biblioteca, laboratório, auditório, quadra esportiva etc. para realização
das atividades de pesquisa e transposição da teoria para a prática. Essa infraestrutura
deve ser dimensionada conforme o número de alunos de forma a possibilitar práticas
efetivas.
130
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
131
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
A utilização de qualquer laboratório deve ser feita segundo normas específicas, de uso
e de segurança, estabelecidas e amplamente divulgadas. Essas normas devem incluir
a forma de utilização dos espaços, do mobiliário, de equipamentos; de software;
vidraria; de produtos e de outros materiais de consumo que só devem ser utilizados
para a execução de experiências em aulas práticas. Precisa também prever sanções
disciplinares e legais destinadas a infratores dessas normas.
132
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
se torna mais fácil a transmissão da cultura e do saber estabelecidos, pois elas favorecem
o melhor entendimento dos conceitos e princípios trabalhados. É inegável que existe
diferença significativa entre o que é produzido e entendido em um laboratório didático
e o que é ensinado apenas em uma sala de aula tradicional, pois nele fica facilitada
a noogênese, ou seja, o aluno por meio de investigação/experimentação racionaliza/
constroi por si o conhecimento apresentado teoricamente.
Além das vantagens relativas ao aluno, o laboratório didático enriquece muito o professor
que sob regras próprias passa a gerar um novo saber o saber a ensinar. O saber a
ensinar construído na prática é muito diferente do adquirido por meio dos livros-textos
e manuais de ensino que se apresentam de forma organizada, dogmatizada, a-histórica.
(JOSÉ DE PINHO ALVES FILHO).
Além das vantagens (papéis) apontadas anteriormente sobre do uso de laboratório para
o aprendizado do aluno, destacamos outras enquanto procedimentos didáticos.
133
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
Embora não apresentam uma fórmula específica para a sua constituição, nem exemplos
universais que incorporem todas as demandas existentes em cada tipo de laboratório
didático, existem critérios e normas gerais que podem auxiliar na orientação das
atividades desenvolvidas nesses espaços.
134
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
A utilização dessas fichas servirá para que os alunos anotem o material utilizado e
a evolução do experimento. Pode, também, ser organizada uma pasta com todos os
experimentos que forem desenvolvidos no decorrer do ano.
FICHA DE LABORATÓRIO
Aluno:_______________________________________________________
Professor: ___________________________________________________
Disciplina: ___________________________________________________
Experimento: _________________________________________________
Ano/turma: __________________________________________________
Data: _______________________________________________________
Prática: _____________________________________________________
135
UNIDADE IV │ TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO
Atividades Anotações
Introdução teórica O professor fará um breve comentário sobre o conteúdo a ser desenvolvido no laboratório. Uma vez que a
aula teórica já foi dada anteriormente, esta introdução serve para que haja uma interligação
teoria e prática.
Material Listar todo o material que será utilizado na aula.
Objetivo Esta ficha será entregue antecipadamente ao técnico, que preparará todo o ambiente antes da aula.
Descrever os objetivos a serem alcançados, pelos alunos, com a proposição da aula prática.
Procedimentos Aqui, serão descritas todas as ações realizadas durante a atividade prática.
Como realizar o
experimento
Questões,dúvidas e Todas as questões levantadas pelos alunos devem ser registradas neste campo, pois tanto podem ser
respondidas no momento, como podem gerar temas para as próximas atividades.
curiosidades
Conclusão Esta parte pode ser relacionada ao conteúdo, acrescida de uma autoavaliação, uma avaliação da aula e dos
funcionários. Fica a cargo dos educadores envolvidos.
Laboratório de Informática
O laboratório de informática, ou sala informatizada, é um ambiente que, por seus
próprios elementos e possibilidades de aplicação em todas as áreas profissionais
e modalidades de ensino, torna-se um recurso muito importante na prática escolar,
especialmente como recurso de ensino.
136
TRABALHANDO COM ESPECIFICIDADES DE UM CURSO TÉCNICO │ UNIDADE IV
Cada laboratório tem sua rotina própria, mas algumas apresentam características gerais
que destacamos a seguir.
137
EDUCAÇÃO A UNIDADE V
DISTÂNCIA
CAPÍTULO 1
O aluno, o professor, o material
didático e o planejamento em EaD
– E de um professor da modalidade?
Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. O que eu tenho a ver
com isso?
138
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
O aluno de EaD
O mundo está mais rápido e exigente e as pessoas têm cada vez menos disponibilidade
de tempo e condições de deslocamento, o que impõe flexibilidade para as alternativas
de aquisição e ampliação cognitiva. Além disso, encontram-se submetidas a uma maior
concorrência profissional, na qual se busca indivíduos capazes de trabalhar em grupo,
aprender com ele e de interagir com fluidez. Outro fator atual é a necessidade de inclusão
(social, digital etc.) e, paralelamente, a diversidade de alternativas que possibilitam a
escolha mais apurada, de acordo com os interesses pessoais de cada aluno.
O foco encontra-se no aluno e para que ele tenha um bom aproveitamento é essencial
conhecer seu perfil, sua motivação, seu estilo de aprendizagem e outros dados que
auxiliem no traçado do desenho do curso e no seu desenvolvimento.
Outro ponto a ser enfatizado é o fato de, para alcançar seus objetivos, serem
imprescindíveis a orientação e o direcionamento da atenção do professor e do suporte
da instituição à qual o aluno está ligado. Além disso, nas últimas gerações da EaD,
surgiram recursos tecnológicos mais avançados oferecendo apoio ao aprender a
aprender, trazendo para as relações meios que promovem o acesso ao conhecimento,
especificamente orientado ou buscado de maneira espontânea.
A EaD está calcada na aprendizagem mediada pela tecnologia e pela interação, assim,
necessário se faz que o aluno assuma um posicionamento comunicativo, colaborador,
ágil e efetivo da sua própria aprendizagem, capaz de lidar com as ferramentas dos
suportes midiáticos, com a intervenção cooperativa e com outros requisitos importantes
na interatividade dos atores da educação e seu ambiente de aprendizagem.
Paulo Freire (1983, p. 75) aponta outro fator essencial ao bom desempenho do
aprendente da EaD, a importância da contextualização:
139
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 38.
»» Aluno/interface
»» Aluno/instrutor
»» Aluno/conteúdo
»» Aluno/aluno
Este aluno tem um novo perfil: ser ativo na construção de seus conhecimentos e optar
responsavelmente pelo momento e local mais convenientes ou adequados para estudar
e estabelecer o ritmo de aprendizagem.
Tonieto (2005) observa que o perfil do aluno “está relacionado à categoria de curso que
ele está realizando”.
Cursos abertos em que o aluno se matricula por vontade própria, com o objetivo de
aprimorar seus conhecimentos em uma determinada área ou adquirir novas habilidades,
140
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Qualquer que seja a natureza do curso, o aluno de Educação a Distância precisa ser
independente e capaz de aprender com autonomia e pouca orientação. Esse
processo, denominado autodidatismo, não prescinde, entretanto, da figura do
professor para orientar o aprendizado essencial, bem como para ajudar o aluno a
identificar e sanar as deficiências que possa apresentar.
Nessa direção, estão concentrados os esforços estruturais dos cursos que oferecem um
trabalho de equipe com respaldo técnico, afetivo e cognitivo. O aluno ainda conta com
a parceria do professor; com a interação entre os alunos e com o comprometimento
de seu interesse e de suas motivações. Assim, manter as interações, estar fortemente
motivado e sentir-se desafiado a superar as dificuldades impedem o aluno de desistir
do curso.
Em entrevista com o Dr. Daniel Sigulem, citada no artigo “Educação a distância: quanto
mais longe, mais perto” de Mariana Cruz, o professor titular em informática da Saúde
respondeu como deve ser o aluno da EaD:
Nem todos têm o perfil próprio para educação a distância. Existem testes
que podem ser aplicados para avaliar se o aluno irá se adaptar ou não.
Aqueles que são mais passivos, que esperam receber tudo mastigadinho,
141
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Outros elementos peculiares ao perfil do aluno são a determinação para buscar o que
objetiva, mantendo o interesse em aprender e a lidar com os recursos disponíveis
para sua aprendizagem. Fazem parte dessa lista a responsabilidade com seus estudos,
mantendo-se também disciplinado e organizado para aproveitar o tempo e o espaço
que pode dispor para esse fim.
A sociedade requer que seus componentes mais do que autodidatas sejam indivíduos
que colaborem com o grupo do qual fazem parte e de seu desenvolvimento. A atualidade
valoriza a inteligência coletiva, na qual cada um contribui com suas competências em
favor de todos.
Howard Gardner, em sua Teoria das Múltiplas Inteligências, explica como essa
interligação das inteligências potencializa a aprendizagem e a aquisição das múltiplas
capacidades. Gardner (1994, p. 7) afirma:
A Educação a Distância oferece, pois, esse grupo relacional em que a convivência nas
atividades interativas é a deixa para desenvolver e aplicar a capacidade de diálogo,
elemento fundamental na colaboração para o aprendizado próprio e o de todos, uma
vez que o aluno é um ser coletivo, que aprende e age colaborativamente.
142
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Várias são as dificuldades enfrentadas pelo aluno da EaD, entre elas a conciliação do
trabalho, da vida pessoal e do lazer, que, de certa forma, também o motiva a buscar a
flexibilidade e a tecnologia para melhor enfrentar seus problemas. Porém, Carvalho
(2007) afirma que:
Estudos e debates promovidos por alguns autores mostram que o primeiro desafio para
o aluno lhe é apresentado já no início do curso quando a comunicação a distância utiliza
uma linguagem diferente da verbal ou escrita usualmente. Assim, ele passa a lidar com
ícones, emoticons, siglas e uma variedade de recursos e manifestações linguísticas
próprias da linguagem da rede. Silvia Dotta (2006) cita:
143
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O aluno é posto à prova também no momento em que percebe que ele mesmo é o agente
da comunicação e que a estrutura do modelo instrucional exige uma atitude dialógica e
não de mero receptor de conteúdo.
Especialistas em EaD sugerem esquemas e dicas que podem ajudar o aluno na organização
do seu trabalho acadêmico e, consequentemente, na superação das dificuldades com as
quais esbarra na busca da otimização de seu desempenho. Entre elas, organizar horários
no seu dia a dia para estudar, pesquisar, ler, ou seja, ter contato com o material didático
dentro e fora do Ambiente de Aprendizagem; criar o hábito de pesquisar e de registrar
conteúdo que julgar importante, ideias, pensamentos, conclusões e afins que ajudarão
o aluno a manter coeso o seu aprendizado. Outra sugestão diz respeito a não deixar que
se acumulem dúvidas, para isso é importante o contato com o tutor e os colegas, bem
como participar dos encontros virtuais, presenciais e das atividades propostas.
Com relação à definição de uma faixa etária para o aluno de cursos a distância, é muito
difícil precisá-la, mas, segundo alguns autores, a idade dos alunos situa-se entre o final da
adolescência e a idade madura. Diz-se, então, que se pertence à esfera da Andragogia,
considerada a ciência da aprendizagem de adultos, embora seja necessário, como já
vimos antes, considerar o conceito de Heutagogia que implica uma posição proativa
do estudante em relação ao estudo.
O aluno de EaD tem uma grande responsabilidade, ainda que compartilhada, sobre o
sucesso do seu processo de ensino e de aprendizagem. Diversos fatores já relacionados
fazem parte do caminho a ser percorrido.
De modo geral, os estudos são coordenados pelo aluno de EaD sobre o que os
pesquisadores chamam de estratégias do conhecimento e estratégias afetivas. Fazem
parte dessas estratégias a sabedoria de conhecer-se, sabendo de suas preferências, seu
estilo e seus pontos fortes nos quais se apoiar para aprender; a responsabilidade perante
o estudo assumido, confiando em si e na bagagem que traz das suas experiências. Esses
elementos deságuam no conhecimento efetivo e sólido do que o aluno se propôs a
buscar.
144
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
8. Flexibilidade e adaptação
145
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Professor
A escola não é estática nem intocável. A forma que ela assume em cada
momento é sempre o resultado precário e provisório de um movimento
permanente de transformação, impulsionado por tensões, conflitos,
esperanças e propostas alternativas. (HARPER, 1980.)
Já falamos sobre esses fatores todos, bem como sobre a palavra-chave deste novo
momento: a interatividade, processo no qual duas ou mais pessoas interagem,
participam em sintonia, dialogam, colaboram.
O atual contexto tecnológico coloca educadores diante de recursos que requerem uma
aproximação entre pessoas, explora oportunidades de solucionar problemas com
base na cooperação e colaboração conjunta, possibilitando autonomia na tomada de
decisões, na forma de pensar e agir. (FELIPPIM, 2009).
Nesta nova geração da EaD, é o professor quem cuida da relação entre o aluno e o
conhecimento; quem organiza o material necessário para que os conteúdos da
aprendizagem sejam apresentados e apreendidos a contento.
146
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Um mediador. Esta é a palavra que melhor define o novo professor, é ele quem
ajuda o aluno a lidar tanto com recursos e técnicas disponíveis, quanto com o próprio
conhecimento.
É preciso relembrar que o aluno a que nos referimos não é um ser individual na EaD.
Nessa modalidade de ensino, ele é coletivo, já que a comunicação se processa “para
muitos”. Esse aluno constitui-se de pessoas com o mesmo objetivo e interesses, mas
livres de fronteiras físicas e temporais e que são, agora, agentes da construção do
próprio saber.
O professor que tenha sua vida pessoal, sua formação e seu mundo profissional fundados
nas aulas presenciais, passa a lidar, na educação a distância, com uma nova forma de
relacionamento para a aprendizagem. O professor não é apenas mais um instrumento
que manipula recursos e inventa novidades chamativas, nem um mensageiro, tampouco,
um tira-dúvidas. É preciso muito mais! Cabe-lhe ser capaz de despertar e desenvolver
outras competências, redirecionando a visão da aprendizagem. Observar o aluno com
o seu aprendizado e criar estratégias de acompanhamento e operacionalização da
disciplina pela qual é responsável, enquanto ela acontece, de forma interativa, crítica e
construtiva.
147
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Assim, de acordo com esse autor, o professor precisa disponibilizar espaços abertos
à conectividade e franquear a sua exploração por ele mesmo e por seus alunos.
Ainda observa que conforme ocorre esse movimento exploratório do que ele chama
de territórios, vão surgindo novas e sucessivas modificações e significados, que
protagonizam a construção de um mapa cognitivo pela ação pedagógica.
É importante acrescentar que o professor deve ter segurança cognitiva que lhe permita
circular pelas diversas áreas de conhecimento de forma a ter condições de incentivar,
no aluno, o trânsito por outros caminhos, mantendo acesos o interesse e a motivação.
148
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Ao longo do discurso das expectativas geradas pelo novo professor, quando se analisa
a descrição do seu perfil ideal, é difícil não imaginar que se esteja buscando um super-
herói ou mesmo forçando o profissional a realmente assumir um “sacerdócio”. No
entanto, vale lembrar que aluno e professor estão passando por transformações e
as mudanças podem representar alguns percalços. O aluno já está aprendendo a se
posicionar como elemento participativo do seu processo de aprendizagem e o professor,
como seu orientador. Ambos estão reconstruindo seus perfis e papéis e este é um
processo compartilhado desde o período para a adaptação às novidades até o efetivo
aproveitamento dos recursos na aquisição do saber. A parceria professor e aluno ajuda-os a
manter, atemporalmente, a vontade, o interesse, a motivação e a constância no espaço
relacional da sala de aula, que, na EaD, substitui o espaço físico e presencial.
Afirma-se que, na EaD, o aluno é um ser coletivo e é hora de estender esse conceito
também para o professor, já que ele, com as responsabilidades de seu novo papel, precisa
complementar seu conhecimento com a ajuda de outros profissionais que lhes deem
suporte, de forma a promover a multidisciplinaridade e consequente enriquecimento
do saber. Ressaltamos, porém, que o contato direto da ação pedagógica se dá pelo
professor que a lidera, ratificando, nesse ato, o caráter básico e determinante da sua
presença na estrutura da EaD.
Estudos apontam que essa liderança deve abranger: atos de incentivo a trocas
cognitivas e de experiências entre os alunos e a aquisição, a manutenção e a promoção
da atualização do seu saber sob, principalmente, três dimensões, conforme Belloni
(2001):
– Que outras ações podem ser exercidas pelo novo professor adaptado à uma
condição de ser coletivo, virtual e líder?
149
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
»» Monólogo sábio de sala de aula. »» Diálogo dinâmico dos laboratórios, salas de meios,
e-mails, telefone etc..
»» Autoridade. »» » Parceria.
»» Formador – orienta o estudo e a aprendizagem, ensina a pesquisa, a »» » Pesquisador – reflete sobre sua prática
processar a informação e a aprender... pedagógica, orienta e participa da pesquisa de seus
alunos...
150
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
»» professor recurso – esta função poderá ser exercida também pelo tutor,
ele assegura uma espécie de “balcão” de respostas a dúvidas com relação
aos conteúdos de uma disciplina ou questões relativas à organização dos
estudos e das avaliações;
Material didático
A EaD é uma modalidade de ensino que, por ser desenvolvida em meio às distâncias
espaciais e temporais, necessita estruturar o material didático/ambiente de
aprendizagem de forma a auxiliar o aluno a vencer os desafios de estudar sem a presença
física de professores e colegas, com autonomia. Algumas das preocupações prevalentes
são as da existência e manutenção do diálogo, do contato e da interação entre os atores
envolvidos no ambiente de aprendizagem.
151
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Devemos considerar, nesse contexto, que, devido à natureza da EaD, o material didático,
impresso ou em qualquer outro meio, segundo trabalho da 58a Reunião Anual da SBPC,
2006, constitui-se no contato primeiro do aluno com o seu curso, o que aumenta a
importância do seu papel no processo educativo em qualquer nível.
Na EaD, o material didático pode ser apresentado de forma variada: oral, visual ou
escrita, por meio de impressos, vídeos, programas de TV e rádio, multimídia etc., a
depender das condições de acesso do aluno: correio, fax, computador, televisão e outros
meios de comunicação incessantemente possibilitados pela tecnologia. Porém, qualquer
que seja sua apresentação ou forma de difusão, é essencial que o material seja capaz
de estender o horizonte cognitivo e a interação, de forma a manter o aluno motivado,
produtivo e aprendendo significativamente. Para isso, ratificamos a necessidade de se
conhecer as características de cada público e do seu meio, o que lhe é disponibilizado
em termos de acesso e o seu conhecimento dos dispositivos tecnológicos.
152
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Por outro lado, na opção pelo diálogo, que Palange encara como “a escolha pelo desafio”,
é preciso que ocorram outras escolhas como quem é o interlocutor, para que serve o
curso, a busca de significado no contexto, os exercícios e a aplicação do conhecimento,
a avaliação e os recursos educacionais como o fórum, o bate-papo e outros.
Portanto, qualquer que seja o recurso ou material utilizado torna-se essencial não perder
de vista a sua função dialógica, para evitar que o aluno de EaD se sinta isolado.
Promover a interatividade é fundamental para a participação ativa entre os atores da
EaD, de forma a vencer distâncias e outros empecilhos na fluidez da comunicação.
Toda escolha pela comunicação dialógica, ainda sob a ótica de Palange (2008, p. 385),
leva em conta primeiramente o aluno, a aquisição do seu conhecimento e a prática do
aprendizado por meio da interação e da interatividade com o professor, com outros
colegas e com o material de estudo. Independentemente das formas de comunicação
“permanece a crença de que o diálogo e a interação entre as pessoas é o caminho para o
conhecimento [...] e redescobrimos que ‘o seu olhar melhora o meu’”.
Para que a EaD trabalhe com sucesso e qualidade, a tecnologia não pode ser utilizada
indiscriminadamente, o foco não pode ser a novidade da apresentação, mas o conteúdo,
sua relevância e capacidade de envolver o aluno participativamente ao seu processo
de ensino e de aprendizagem. Assim, alertamos para a necessidade de se desenvolver
projetos – pedagógico e instrucional – específicos, para que a mediação do material
didático se processe de forma otimizada e eficiente. A elaboração de material para a
EaD, seja ele impresso ou digitalizado, não se restringe à transposição do que seria
apresentado presencialmente. As realidades são diferentes, portanto, exigem que o
153
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Um aspecto interessante a ser analisado é apontado por Alves e Nova (2003, p. 105):
Esse dado sugere que no processo de elaboração de material para a EaD haja a
combinação de meios de acordo com critérios que os ajustem às necessidades e às reais
condições do cotidiano dos alunos. Essa opção visa às vantagens do uso mais adequado
da melhor tecnologia, lembrando que o trabalho pode ser feito de forma simultânea,
síncrona ou assíncrona.
154
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Ainda que ancorada e potencializada pelas novas tecnologias, a EaD não prescinde do
material didático escrito, impresso ou digitalizado, nos seus diversos formatos para
proporcionar o diálogo e uma orientação efetiva.
O aluno seleciona e constrói sentidos para o que lê nos diversos gêneros. Relembrando
que a leitura e as habilidades que a envolvem não se restringem a textos alfabéticos,
temos à disposição mapas, fotos, imagens, gráficos, uma infinidade de possibilidades
de apresentações e recursos gráficos. Essa utilização variada faz da comunicação um
elemento semiótico, que ultrapassa a linguística, e o dito popular “mais vale uma imagem
do que mil palavras” é a expressão de como e quanto a percepção imagética influencia
o seu leitor. A mesma concepção se aplica aos textos sonoros ou apenas apoiados em
sons, cujo ritmo, segundo alguns autores, ajuda a formar as elaborações mentais.
Seja qual for o texto apresentado no material didático para a EaD, ele deve ser dialógico,
claro, enxuto, articulado e propiciar a conversação entre os atores. Complementando
155
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
essa ideia inicial, Lima ( 2009) diz ser necessário incluir exemplos do cotidiano, de
maneira a mobilizar os conhecimentos prévios dos alunos. As atividades de estudo, bem
como os exemplos podem integrar organicamente o texto, funcionando como recurso
de tessitura num todo organizado.
A mesma autora explica que “o material didático deve ser uma ferramenta básica de
aprendizagem” e ser autoexplicativo, motivador, variado estimulando:
Não menos importantes são a sensibilização e a motivação do aluno, bem como uma
apresentação que busque manter acesa a vontade de aprender; a preocupação com a
sequência do conteúdo; o apoio de um orientador alerta aos problemas de compreensão
ou de outra ordem intervindo e retornando ao aluno sobre a sua atuação. Além disso, o
material didático deve prever autoavaliação e propostas de atividades complementares
ou de reforço.
No ambiente virtual, o material tem campo aberto para ser desenvolvido criativamente
pela quantidade de recursos disponíveis: movimento, cor, imagens e as possibilidades
de interagir. A exploração consciente e planejada evita que o digital seja subaproveitado
e, consequentemente, desperdice sua capacidade de aproximação e representação da
realidade.
O aluno de EaD que estuda por meio virtual dispõe de um instrumento valioso para a
ampliação do seu conhecimento: o hipertexto, que pela intertextualidade, ou seja, a
relação entre textos, está ligado ao conhecimento de mundo que pode ser compartilhado,
motivo pelo qual se presume ter grande capacidade de extensão e largueza do universo
cultural das pessoas.
156
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Adote um estilo claro, conciso, preciso, fluido e facilmente compreensível. Deixe claros
os objetivos do texto e faça um resumo no início.
157
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
(VERAS, 1998.)
158
CAPÍTULO 2
O Planejamento em EaD
Figura 38.
159
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Dimensões do planejamento
Várias são as dimensões envolvidas no planejamento. O Curso de Moodle para
professores, da UFBa, citando Juliane Corrêa (2007), apresenta quatro dimensões do
planejamento em EaD: pedagógica, administrativa, financeira e legal. Já para Oto Petters
(2006), as dimensões envolvidas no planejamento são: pedagógica, administrativa,
legal e humana. Assim, vamos abordar as cinco dimensões diferentes citadas.
160
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Etapas do planejamento
Conforme você já teve a oportunidade de ver, não existem etapas rígidas do planejamento.
Alguns estudiosos agrupam os procedimentos, outros dividem em etapas menores. O
importante é que nenhuma das ações essenciais seja ignorada.
Os dados coletados irão embasar a definição das etapas subsequentes. Por exemplo, você
pode imaginar que o curso deverá ser veiculado via Internet. Ao fazer a caracterização
161
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
da clientela, descobre que os aprendentes não têm acesso a computadores. Você então
imagina que eles poderiam se deslocar a laboratórios para realização das atividades,
porém, ao analisar a possibilidade de deslocamento do grupo até os laboratórios
verifica ser inviável... e assim por diante. Dessa maneira, as decisões vão delineando o
modelo do curso, a partir do contexto do aluno e da instituição, o que às vezes nos leva
a decidir não pelo que consideramos melhor, mas pelo que é mais adequado à realidade
da instituição e dos alunos.
O autor alerta que precisamos buscar formas de reduzir a distância entre o ideal e o
real no estabelecimento das prioridades e da adequação das estratégias de ensino e de
aprendizagem.
Nesta etapa são definidos: fundamentos teóricos; bases legais; habilidades, atitudes,
valores e competências a serem desenvolvidos pelos alunos; conteúdos a serem
trabalhados; tipo e desenho do material didático; características de implementação
tais como metodologia, recursos, equipe de produção e implementação, situações de
aprendizagem, sistemática de avaliação, infraestrutura e logística.
162
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Figura 39.
163
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Paiva e Pernambuco (2008, p. 49) explicam que manter o equilíbrio entre o ponto de
chegada e as ações não constitui uma tarefa fácil e explica: uma forma de contornar essa
dificuldade é estabelecer pontos de chegada específicos (produtos) e intenções gerais,
que serão perseguidas ao longo de todo o processo.
b. São mudanças desejáveis, mas cuja aquisição não pode ser garantida
em uma situação específica de ensino, ainda que sejam balizadoras
fundamentais do trabalho educacional, do aprendizado da cidadania e do
espírito crítico.
164
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
165
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Veja você que as possibilidades de combinação dos elementos são muitas. Cada situação
mostra ao professor institucional as diversas alternativas a serem desenvolvidas para
melhor atender às necessidades dos alunos.
166
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Para Hall e Wood (1990 apud LIMA; ROSATELLI, 2002), os sistemas tutores inteligentes
representam uma composição de diversas disciplinas como Psicologia, Ciência
Cognitiva e Inteligência Artificial e o principal objetivo desses sistemas é a modelagem
do conhecimento especialista humano para auxiliar o aluno em um processo interativo.
Sabe-se, hoje, que a sociedade e o mercado de trabalho exigem, cada vez mais,
profissionais qualificados. As instituições de ensino públicas e privadas enfrentam
dificuldade em atender uma demanda cada vez maior de pessoas que procuram
qualificação. A educação a distância aparece como alternativa para o atendimento
dessa demanda. As instituições se veem obrigadas a investir em atendimentos em larga
escala com cursos que atendam às necessidades de formação e sejam financeiramente
viáveis. Os STIs podem corroborar com os tutores humanos no desempenho de
uma orientação personalizada, evidenciando a importância deles em um processo
educacional a distância. Tendo estes fatos em mente, pode-se dizer que os sistemas
de tutores inteligentes trazem uma vasta lista de possibilidades e vantagens para a
educação a distância. O uso dos STIs na EaD fortalece os quatro pilares da educação ao
longo da vida que vêm sendo incorporados no âmbito dessa modalidade educacional.
Atualmente um público cada vez maior busca cursos a distância para sua qualificação
profissional. Destacam-se entre as possibilidades de aplicação de STI na EaD, de acordo
com Silva (2003), o fato de se poder:
167
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Silva e Seno (2001, p. 4) afirmam que “os STIs podem direcionar os estudos dos alunos,
com base em plano de estudo proposto pelo professor ou com base no resultado de
testes dos aprendizes”, ou seja, os sistemas tutores inteligentes podem acompanhar a
aprendizagem dos estudantes na educação a distância. Os agentes programados podem
rastrear os passos dos alunos, tarefa realizada pelo professor. É importante que fique
claro que a finalidade de uso dos STIs não é a substituição do professor por um programa
computacional, mas o auxílio no processo de ensino. Para Ferreira (apud BARREIROS;
AMARAL, 2004), os STIs podem incluir agentes como os chatterbots para simular uma
conversação entre o usuário e a máquina. Os chatterbots, programas de computadores
utilizados para simular a conversa entre pessoas, foram criados com o objetivo de
estudar a comunicação humana. Essa tecnologia já é utilizada em salas de bate-papo
na Internet e há projetos de sua utilização na educação como suporte ao aprendizado
para promover um relacionamento mais humano entre alunos e computadores. A ideia
central é integrar os chatterbots aos STIs, auxiliando os professores na construção
do conhecimento (SGANDERLA, 2003, apud BARREIROS; AMARAL, 2004). Esse
recurso tecnológico para EAD pode ter um valor bastante significativo, pois, de um lado
auxilia o professor na realização de suas ações e de outro permite um relacionamento
168
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
mais “amigável” entre a máquina e o estudante. Nesse último caso, há uma diminuição
da sensação de abandono causada ao aluno de EaD, uma vez que um relacionamento
mais humanitário pode mostrar ao aluno que ele não está só.
As vantagens de uso dos STIs são vastas, desde a promoção de um ensino mais
personalizado com interatividade maior do aluno e o sistema até o monitoramento dos
alunos nos processos de aprendizagem e avaliação.
De acordo com Weber e Specht (1997 apud CUNHA et al., 2001, p. 11):
Apesar de Weber e Specht afirmarem que cabe ao sistema realizar, na medida do possível,
o papel do professor, é importante esclarecer, de forma categórica, que não é objetivo
dos STIs substituir o professor em nenhuma modalidade educacional. O objetivo do
desenvolvimento de sistemas tutores inteligentes cada vez mais sofisticados consiste
em auxiliar o professor e melhorar o processo de tutoria. A inteligência artificial possui
o desafio de, a cada momento, inovar com novas tecnologias, sejam elas agentes ou
programas computacionais mais simples, que associadas aos STIs os transformam em
ferramentas poderosas para a EAD.
Diante dos desafios da inovação dos STIs, vários pesquisadores ligados à educação e
à engenharia da computação apresentam novas propostas de desenvolvimento de STI
que, associados a agentes ou multiagentes, proporcionam uma tecnologia superior a
um STI clássico.
169
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A cada dia surgem mais pesquisas que exploram o desenvolvimento de STI e agentes
computacionais com aplicabilidade em educação a distância. É possível observar que o
uso dessas novas tecnologias da inteligência artificial promove certa interatividade entre
alunos e tutores humanos, proporcionando aos tutores humanos informações sobre os
aprendizes, como, por exemplo, quantas vezes realizaram o login, se o conteúdo os está
satisfazendo ou não etc. Além disso, os STIs também realizam um acompanhamento
informal dos alunos, motivando-os e colhendo dados sobre suas avaliações. Contudo,
encontra-se, na literatura, uma quantidade maior de trabalhos desenvolvidos com os
sistemas de multiagentes e não STIs clássicos para o acompanhamento e avaliação de
aprendizagem na EaD. Uma explicação para tal preferência parece estar relacionada à
complexidade dos sistemas. Eles precisam ter maior autonomia para realizar as tarefas
solicitadas pelo professor e, para isso, é necessária uma estrutura mais complexa e com
tecnologia mais avançada. Em suma, todas as pesquisas sobre IA no campo da EaD
visam a corroborar com o crescimento e a qualidade dela e atender à demanda que
aumenta com o passar dos anos.
170
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
»» A quem se destina?
Assim diversos aspectos precisam ser observados, desde a seleção de temas e conteúdos
até a adequação para o processo de aprendizagem no ambiente de EaD.
171
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
»» elaboração de conteúdos;
»» planejamento da logística.
A implementação envolve:
172
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
»» realinhamento de ações.
Avaliação
Etapa importantíssima do processo de planejamento em sentido amplo. Processos
e etapas devem ser minuciosamente avaliados com vistas a garantir o alcance dos
objetivos com qualidade.
173
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A importância do follow-up
Numa pesquisa que fizemos com empresários, verificamos que a maioria das boas
ideias é abandonada por falta de “follow-up” e não porque eram ruins. Elas dariam
certo, seriam mesmo uma diferenciação espetacular para a empresa, desde que
fossem implantadas como planejado, com atenção aos detalhes e completo
follow-up. O que ocorre, porém, é que essas boas ideias foram abandonadas,
simplesmente, por que houve descuido, falta de acompanhamento em sua
implantação. E não raras vezes, essas mesmas ideias darão certo em outras
empresas, muitas vezes nossas concorrentes, que as implantaram com atenção
aos detalhes e completo follow-up.
(Extraído de: MARINS FILHO, Luiz A. Socorro! Preciso de motivação. 12. ed. São Paulo: Harbra,
1995. p. 17.)
174
CAPÍTULO 3
O tutor e a mediação da
aprendizagem
Figura 40.
A palavra tutor vem do latim protetor. A tutoria é uma dinâmica, disseminada ao longo do
tempo, associada ao Ensino Superior ou Universidade. Segundo Sá (1998), inicialmente
a tutoria tinha um caráter de orientação religiosa dentro das universidades, no século
XV. Com o passar do tempo, o tutor assumiu a função de conselheiro ou de assistente
no estudo acadêmico, não sendo responsável pelo ensino, pois não era o professor.
175
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As práticas de tutoria são apontadas como uma das questões mais relevantes a serem
estudadas nos sistemas de EaD, uma vez que a sua atuação é considerada decisiva para
o sucesso dos processos educativos desses sistemas e para a permanência do aluno nos
cursos oferecidos. (VILLARDI; OLIVEIRA, 2005).
Tipos de tutoria
De acordo com o atendimento oferecido e as formas de mediatização utilizadas, a tutoria
pode assumir várias modalidades, mas sempre dependente dos meios e recursos de
comunicação. Segundo Peters (2001), a tutoria pode ser: presencial, postal, telefônica
e on-line. Esses meios de comunicação além de diferenciarem as formas de atuação do
176
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
»» Tecnologia e presencialidade.
Figura 41.
177
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
178
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Também é importante o senso de oportunidade. Cada interação com o aluno deve ser
aproveitada, pois não se tem uma certeza da continuidade da disponibilidade do aluno
em relação a complementações posteriores de orientações.
Em sua atuação, o tutor corre sempre o risco de não poder aprofundar as discussões,
complementar orientações, sanar dúvidas de uma forma satisfatória em função do tempo
e das oportunidades. Há uma necessidade constante de reconstrução, de reformulação
e de reflexão sobre os aspectos contraditórios de sua atuação. Para que esses riscos
sejam minimizados, o tutor deve agir antecipada e preventivamente de forma a antever
as possíveis dificuldades de cada aluno.
Três outras dimensões são mencionadas por Aretio (2001) como inerentes às funções
assumidas pelo tutor: acadêmica, institucional e orientadora. Com relação à função
acadêmica, o autor descreve aspectos relacionados com os processos cognitivos, o
compartilhamento de saberes, a transposição didática e o esclarecimento de dúvidas.
A função institucional está vinculada aos procedimentos administrativos e à formação
continuada do próprio tutor. A função orientadora está voltada para aspectos afetivos/
emocionais e motivacionais nas interações estabelecidas com o aluno e os demais
membros da equipe pedagógica.
179
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Além dessas estratégias, cabe ao tutor juntamente com a equipe de apoio (coordenadores,
especialistas, professores) mapear o perfil dos sujeitos envolvidos em seu programa
de formação de modo que suas estratégias de ensino e aprendizagem correspondam
às possibilidades de cada indivíduo. Um dos objetivos da contextualização da prática
pedagógica consiste em tentar identificar as redes cotidianas dos sujeitos, a estrutura
física, os recursos, a organização do trabalho escolar, a influência do espaço físico na
prática pedagógica, o que qualifica e o que desqualifica esses sujeitos em seu fazer
pedagógico, ou seja, a tutoria não pode estar desvinculada das práticas sociais dos
sujeitos envolvidos no processo; aluno e tutor estão ligados nessa rede de formação e
vivenciam espaços de interação variados.
181
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Vários autores concordam que é importante que haja equilíbrio entre os vários
componentes dos sistemas de EaD (proposta pedagógica, estratégias de ensino, tempo
para realização das atividades, recursos didáticos, funcionamento das ferramentas de
comunicação) e a presença efetiva do tutor (SÁ, 1998; LITWIN, 2001). Da mesma forma,
é imprescindível assegurar uma mesma qualidade de desempenho entre os tutores. As
trilhas, as possibilidades de aprendizagem e a competência dos tutores têm impacto
direto sobre a qualidade desses componentes. As trocas de experiências e os espaços
para integração e a convivência entre os tutores são fundamentais para uma melhor
atuação da equipe como um todo.
É indispensável que o tutor estimule, colabore, questione, motive, desafie e promova
a autonomia e a cooperação entre os alunos, mas o planejamento dessas ações é
igualmente fundamental e muito mais depurado. Nesta direção, o tutor executa duas
importantes funções: informativa e orientadora. Ele tanto esclarece dúvidas, quanto
oferece ajuda para uma aprendizagem autônoma. Veja, no quadro que se segue, um
paralelo entre as funções do professor, no ensino presencial e do tutor, na EaD.
Processo centrado na informação e nos conteúdos Diversificadas fontes de informação (material impresso e
multimeios)
Convivência, em um mesmo ambiente físico, de professor e aluno, a maior Interatividade entre aluno e tutor, sob formas outras, não descartada
parte do tempo a ocasião para os momentos presenciais
Ritmo do processo ditado pelo professor Ritmo ditado pelo aluno dentro de seus próprios parâmetros.
Contato face a face entre professor e aluno Múltiplas formas de contato, também incluída a ocasional “face a
face”
Elaboração, controle e correção das avaliações pelo professor Avaliação de acordo com os parâmetros definidos previamente no
curso ou estabelecidos, em comum acordo, pelo tutor e o aluno
Atendimento pelo professor, nos rígidos horários de orientação e sala de aula Atendimento pelo tutor em horários flexíveis, lugares distintos e por
meio de recursos diversos.
(Tabela adaptada de: SÁ, Iranita Maria de Almeida. Educação a distância: processo contínuo de inclusão social. Fortaleza: CEC,
1998, p. 47.)
182
CAPÍTULO 4
A mediação e os processos
comunicativos
Figura 42.
183
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para Holmberg (apud SIMONSON et al., 2000), o ideal nas interações estabelecidas
nos processos de ensino é superar os efeitos negativos da distancia entre alunos e
tutores (tempo-espaço) ou da comunicação não contígua. De acordo com Sartori
(2006), a comunicação não contígua é uma característica própria da EaD e tem
como objetivo dar suporte ao aluno, mantendo-o sempre interessado e motivado,
facilitando a aprendizagem e incentivando o desenvolvimento de habilidades de estudo
autodirecionado e autogerenciado.
184
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
185
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ainda nessa direção, é preciso considerar que todo esse sistema comunicativo deve
estimular a pesquisa, a argumentação e a reflexão de todos os envolvidos por meio de
um diálogo problematizador que estimule a construção de significados. Essa postura
traz implicações para o tutor e para o aluno da EaD. Na interação, a mediação deve
sempre impulsionar o caminhar na direção da autonomia do aluno e do tutor. Esse
objetivo deve permear todos os processos, desde a elaboração do material didático,
o planejamento das atividades avaliativas, as estratégias pedagógicas empreendidas
ao longo do curso. De acordo com Sousa (2005), para superar aspectos negativos
associados à presencialidade algumas medidas estratégicas podem ser tomadas, como:
186
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
A prática da tutoria
187
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ambientes virtuais
Figura 43.
188
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
189
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ambientes presenciais
Figura 43.
Alguns Polos que não possuem Biblioteca podem utilizar Banco de Livros, organizado
de acordo com a quantidade de alunos e a demanda das obras.
190
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
2. Registro acadêmico
Deve conter:
»» pasta de relatórios;
191
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Rotinas da tutoria
Figura 44.
A rotina da tutoria exige do tutor uma adequada administração do tempo. Para isso,
torna-se necessário o planejamento das ações envolvendo os seguintes aspectos:
192
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Figura 45.
A função básica do tutor consiste em desenvolver uma relação pessoal com os cursistas
e criar um clima que estimule a tendência natural de descobrir, criar e aprender.
Portanto, o tutor é, antes de tudo, um facilitador da aprendizagem.
193
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
194
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Pallof e Pratt (2004, pp. 25-26) citam uma lista de condições que criam o perfil dos
alunos virtuais de sucesso, publicada pelo Illinois On-line Network, e que devem ser
objeto de reflexão do tutor.
Destaca-se o fato de os alunos que acessam os cursos dos locais de trabalho encontrarem
limitações ocasionadas pelos sistemas de segurança da organização, como os firewalls.
Os autores afirmam que esse aluno pode sentir-se mais livre para construir a própria
aprendizagem.
195
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
196
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
aprendentes. Com isso abrirá possibilidades para a compreensão das atitudes que tem
assumido, procurando modificá-las, pois a aceitação das próprias limitações ajuda a
aceitar as dos outros.
Os estudantes aceitam compartilhar a responsabilidade Compartilha suas opiniões a respeito das opções existentes para a configuração das
de planejar e executar a experiência da aprendizagem, experiências, dos materiais, dos métodos, convocando todos a decidir juntos.
sentindo-se comprometidos com o processo e com os Auxilia os discentes a se organizarem, visando a compartilhar a responsabilidade no
objetivos. processo de investigação e pesquisa.
Os estudantes percebem o progresso e o avanço em Ajuda os estudantes a estabelecer critérios e métodos adequados para medir o
direção às metas fixadas. progresso em relação aos objetivos fixados.
Ajuda os estudantes a adquirir e aplicar os conhecimentos necessários para se
autoavaliarem em relação às metas fixadas.
197
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
»» recuperação da aprendizagem;
»» domínio de pré-requisitos;
198
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Figura 46.
199
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
200
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Comunidades de aprendizagem
Um fator importante na Educação, hoje, seja ela presencial ou a distância, é a
compreensão da importância das redes ou comunidades de aprendizagem.
A autora explica que o termo foi proposto em 1993, por Howard Rheingold, que
apresentou algumas dinâmicas iniciais para o seu desenvolvimento, ampliado em 1995,
pela psicóloga Sherry Thurke, pesquisadora do Massachussetss Institute of Technology
201
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Com a expansão das plataformas abertas, no final dos anos 1990, as comunidades de
aprendizagem tiveram um grande desenvolvimento, em função das novas possibilidades
de construção coletiva do conhecimento, a partir de ferramentas específicas como as
wikis.
As redes de aprendizagem são vistas por alguns com desconfiança, por serem
consideradas como um esquema de produção capitalista, enquanto outros as consideram
uma real oportunidade de democratização do conhecimento. Depreende-se que a
forma de gerenciamento das comunidades determinará um ou outro foco. De acordo
com Weinberger (2007 apud PASSARELLI, 2008, p. 325) o conhecimento, ou melhor,
a aprendizagem, por meio dos conteúdos disponibilizados na rede e sua organização,
está se tornando um ato social.
202
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA│ UNIDADE V
Avaliação
Figura 48.
203
UNIDADE V │ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Os trabalhos dos alunos e seus resultados devem ser registrados de forma a garantir
o acompanhamento e a mediação da aprendizagem, além de garantir a legalidade dos
estudos. As formas de registro e seus instrumentos variam de acordo com a instituição
e sua proposta. Há parâmetros legais que não podem ser ignorados, cuja orientação
compete ao secretário escolar.
205
Para (não) Finalizar
Neste momento, refletimos sobre o que foi dito, o que poderíamos dizer e, especialmente,
se tudo que foi mencionado contribuiu para o seu aprendizado. Cada conteúdo
abordado foi cuidadosamente pensado com o intuito de atender às especificidades de
sua formação e de opção para aprofundamento de estudos relacionados ao seu Curso.
Para não finalizar a nossa conversa, deixamos uma reflexão de um trecho de Paulo Freire,
que pode despertar em você o desejo de se aprofundar nas questões que envolvem os
processos direcionados à organização do trabalho pedagógico como uma possibilidade
de desenvolvimento integral do ser humano.
“Este é um dos problemas mais graves que só põem à libertação. É a realidade opressora,
ao constituir-se como quase mecanismo de absorção dos que nela se encontram, funciona
como uma força de imersão das consciências. Nesse sentido, em si mesma, esta realidade
é funcionalmente domesticadora. Libertar-se de sua força exige, indiscutivelmente, a
emersão dela, a volta sobre ela. E por isso que só por meio da práxis autêntica que, não
sendo ‘blá-blá-blá’, nem ativismo, mas ação e reflexão, é possível fazê-lo.”
206
Referências
BELLONI, Maria Luiza. Ensaio sobre a educação a distância no Brasil. Educação &
Sociedade, ano XXIII, n. 78, Abril/2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
es/v23n78/a08v2378.pdf>. Acesso em: 11 out. 2008.
FERRÉS, Joan. Não basta usar ferramentas tecnológicas, é preciso criar um ambiente
multimídia em sala de aula. Revista Pátio, v.3, n.9, maio/jul. 1999, p. 25-27.
207
REFERÊNCIAS
208
REFERÊNCIAS
NUNES, Ivônio Barros. A história da EaD no mundo. In: LITTO, Fredric M.; FORMIGA,
Marcos (Orgs.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2008.
REBOUL, Olivier. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora Nacional, 1984. (Coleção
Atualidades Pedagógicas, v. 1.241).
209
REFERÊNCIAS
SILVA, Tomaz Tadeu da. Os novos mapas culturais e o lugar do currículo numa paisagem
pós-moderna. In: MOREIRA, Antonio Flávio (Org.). Territórios contestados. O
currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1995.
210