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CANTIGAS

CANÇÃO DO ADEUS ÍNDICE


por ordem alfabética

Chegou a hora do adeus,


Irmãos, vamos partir. A morte saiu à rua --------------------------------------- 24 Meu lírio roxo do campo---------------------------- 43
No abraço dado em Deus, A Plaina ---------------------------------------------------------- 3 Milho verde ---------------------------------------------------- 33
Irmãos, vamo-nos despedir. A ternura do quarenta -------------------------------- 11 Morra quem não tem amores ------------------ 5
Adeus ó serra da Lapa ------------------------------ 13 My Bonnie ------------------------------------------------------ 22
Alecrim ------------------------------------------------------------ 35 Não vás ao mar, Tónio ------------------------------ 18
Estribilho: Aloutte, gentille alouette --------------------------- 21 Natal dos mendigos ------------------------------------ 28
Balada do sino --------------------------------------------- 26 Nau Catrineta ------------------------------------------------ 12
Canção d’ embalar ------------------------------------- 9 Ó malhão ------------------------------------------------------- 32
Partimos com a esperança, irmãos, Canção do adeus ---------------------------------------- 44 Ó rama, ó que linda rama ------------------------ 38
De um dia aqui voltar, Cantiga partindo-se ------------------------------------ 6 Os olhos da Marianita ------------------------------- 30
Com fé e confiança, irmãos, Canto jovem -------------------------------------------------- 27 Perde a estrela -------------------------------------------- 9
Partimos a cantar. Casa portuguesa ----------------------------------------- 15 Ponha aqui o seu pézinho ------------------------ 41
Erva cidreira -------------------------------------------------- 20 Postal dos correios ------------------------------------- 14
Eu ouvi o passarinho --------------------------------- 34 Regadinho ----------------------------------------------------- 19
II Fado de Coimbra ---------------------------------------- 23 Resineiro -------------------------------------------------------- 36
Fui colher uma romã ---------------------------------- 6 Ribeira vai cheia ------------------------------------------ 5
Grândola, Vila Morena ------------------------------ 16 Rouxinol repenica o cante ----------------------- 8
A Deus que fez bela a amizade, Laurinda --------------------------------------------------------- 7 Se tu és o meu amor --------------------------------- 10
Nós vamos pedir. Liberdade, liberdade ---------------------------------- 20 Senhora do Almurtão --------------------------------- 37
Nos guarde em unidade, Marcha romântica --------------------------------------- 8 Traz outro amigo também ------------------------ 16
E que nos torne a reunir. Maria Faia ------------------------------------------------------ 42 Triste viuvinha ---------------------------------------------- 10
Menina estás à janela ------------------------------- 31 Vai, Maria vai ------------------------------------------------ 17
Menino d’ ouro --------------------------------------------- 25 Vampiros -------------------------------------------------------- 29
Estribilho. Menino do bairro negro ----------------------------- 40 Vejam bem ---------------------------------------------------- 4
Mestre André ------------------------------------------------- 39 Vou-me embora, vou partir ---------------------- 4

III
Adeus, irmãos, que unidos
Neste belo ideário,
A Beja voltaremos
Pr’ abraçar o SEMINÁRIO.

Estribilho.

44
MEU LÍRIO ROXO DO CAMPO

Meu lírio roxo do campo


Criado na Primavera
Quem me dera amor saber,
Ai, ai,
A tua tenção qual era.
A tua tenção qual era,
Desejava amor saber,
Meu lírio roxo do campo,
Ai, ai,
Quem te pudesse valer.
Toda a vida fui pastor,
Toda a vida guardei gado,
Tenho uma nódoa no peito.
Ai, ai, de me encostar ao cajado.
De me encostar ao cajado,
Toda a vida fui pastor,
Toda a vida fui pastor,
Ai, ai,
Toda a vida guardei gado.
De me encostar ao cajado,
Lá nos montes e olivais,
Eu gostava de saber ai ai
Se cada vez me amas mais.
De me encostar ao cajado,
De me encostar à janela,
Eu gostava de saber,
Ai, ai,
A tua tenção qual era.

43
MARIA FAIA A PLAINA

Eu não sei como te chamas A plaina corre ligeira


Ó Maria Faia Xária Xária Xáriá-ó
Nem que nome te hei-de pôr Tornando lisa a madeira
Ó Maria Faia, ó Faia Maria Xária Xária Xáriá-ó

Cravo não que tu és rosa, No viçoso bosque em flor


Ó Maria Faia Sente-se o mesmo rumor
Rosa não que tu és flor Xária Xária Xária
Ó Maria Faia, ó Faia Maria Xária Xária Xáriá-ó

Não te quero chamar cravo, No torno se amolda o aço


Ó Maria Faia, Crissa crissa crissá-ó
Que te estou a engrandecer, Com arte, amor e cansaço
Ó Maria Faia, ó Faia Maria. Crissa crissa crissá-ó

Chamo-te antes espelho, Na birgorna do ferreiro


Ó Maria Faia, Bate o martelo certeiro
Onde espero de me ver Crissa crissa crissa
Ó Maria Faia, ó Faia Maria. Crissa crissa crissá-ó

O meu amor abalou O rochedo antes da aurora


Ó Maria Faia. Pinga pinga pingá-ó
Deu n’ uma linda despedida, Aos golpes do pinção chora
Ó Maria Faia, ó Faia Maria. Pinga pinga pingá-ó

Abarcou-me a mão direita, Um artista com suor


Ó Maria Faia, Lhe dará forma melhor
“ Adeus ó prenda querida “ Pinga pinga pinga
Ó Maria Faia, ó Faia Maria. Pinga pinga pingá-ó

42 3
VEJAM BEM PONHA AQUI O SEU PEZINHO

Vejam bem Estribilho: III


Que não há só gaivotas em terra
Quando um homem se põe a pensar Ponha aqui o seu pezinho, Eu cá fui a Santo Amaro,
Quem lá vem Devagar devagarinho, À casa da minha tia,
Dorme à noite ao relento na areia Que vai à ribeira grande. P’ra me fazer uns calções,
Dorme à noite ao relento no mar Eu tenho uma carta escrita, Mas a pobre criatura,
E se houver Para ti cara bonita, Esqueceu-se da abertura,
Uma praça de gente madura Não tenho por quem a mande. Para as minhas precisões.
E uma estátua de febre a arder
Anda alguém
Pela noite de breu à procura
I Estribilho.
E não há quem lhe queira valer
Vejam bem
Daquele homem a fraca figura Eu fui casar às Capelas, IV
Desbravando os caminhos do pão Por ser fraco das canelas,
E se houver Com uma mulher sem nariz Eu cá fui a Vila Franca,
Uma praça de gente madura E esta gente das Fajãs, Escarchado numa tranca,
Ninguém vai levantá-lo do chão Já me deu os parabéns À morte de uma galinha,
P’lo casamento que eu fiz. E o que ela tinha no bucho:
Sete gatos e um macaco
Estribilho. E um soldado da marinha.

II Estribilho.
VOU-ME EMBORA, VOU PARTIR
Eu nasci à Sexta-feira, V
Vou-me embora vou partir, mas tenho esperança De barbas e cabeleira,
De correr o mundo inteiro, quero ir Mais parecia o anti-Cristo, Toda a moça que é bonita,
Quero ver e conhecer rosa branca E até o Senhor Padre Cura, Se ela chora, se ela grita,
E a vida dum marinheiro sem dormir Que é homem de sabedoria, Não houvera de nascer.
Nunca tal houvera visto. É como a maça madura,
E a vida dum marinheiro, branca rosa Da quinta do Padre Cura,
Que anda lutando no mar com talento Estribilho. Todos a querem comer.
Adeus adeus minha mãe, meu amor
Eu hei-de ir hei-de voltar, com o tempo. Estribilho.
4 41
MENINO DO BAIRRO NEGRO RIBEIRA VAI CHEIA

Ribeira vai cheia


Negro bairro negro Bairro negro E o barco não anda,
Bairro negro Onde não há pão Tenho o meu amor
Onde não há pão Não há sossego Lá naquela banda...
Não há sossego
Lá naquela banda
Olha o sol que vai nascendo
Lá naquele lado
Menino pobre o teu lar Anda ver o mar Ribeira vai cheia
Queira ou não queira o papão Os meninos vão correndo E o barco parado!
Há-de um dia cantar Ver o sol chegar
Esta canção
Menino sem condição
Olha o sol que vai nascendo Irmão de todos os nus
Anda ver o mar Tira os olhos do chão
MORRA QUEM NÃO TEM AMORES
Os meninos vão correndo Vem ver a luz
Ver o sol chegar Ó que linda rama tem o alecrim
Se até dá gosto cantar Menino do mal trajar Ó que linda rama tem o alecrim
Se toda a gente sorrei Um novo dia lá vem Toca-lhe mansinho que ele está em flor
Quem te não há-de amar Só quem souber cantar Como vão os teus amores
Menino a ti Virá também
No alto da serra está uma bandeira
No alto da serra está uma bandeira
Se não é fúria a razão Menino pobre o teu lar Não tem uma letra, não tem um bordado
Se toda a gente quiser Queira ou não queira o papão Deixa não te dê cuidado
Um dia hás-de aprender Hás-de um dia cantar
Haja o que houver Esta canção Ó bandeira diz-me que cor é que tens
Ó bandeira diz-me que cor é que tens
Eu não tenho cor e sou de seda pura
Negro bairro negro
Faço inveja à formosura

Negra como a noite, negra como os corvos


Negra como a noite, negra como os corvos
Crista em desafio contra os ditadores
Morra quem não tem amores.

40 5
FUI COLHER UMA ROMÃ MESTRE ANDRÉ

Fui colher uma romã Foi na loja do Mestre André Refrão: Ai, olé,
Estava madura no ramo Que eu comprei um pifarito Ai, olé,
Fui encontrar no jardim
Tiro, liro, liro, um pifarito Foi na loja
Aquela mulher que eu amo
Do mestre André
Aquela mulher que eu amo
Dê-lhe um aperto de mão Foi na loja do Mestre André Refrão: Ai, olé ....
Estava madura no ramo Que eu comprei um pianinho
E o ramo caiu no chão Plim, plim, plim, um pianinho
Tiro, liro, liro, um pifarito
Vou-me embora para a cidade
Já o campo me aborrece
Eu lá na cidade tenho Foi na loja do Mestre André Refrão: Ai, olé ....
Quem apenas por mim padece Que eu comprei um Tamborzinho
Tum, tum, tum, um tamborzinho
Plim, plim, plim, um pianinho
Tiro, liro, liro, um pifarito
CANTIGA PARTINDO-SE
Foi na loja do Mestre André Refrão: Ai, olé ....
Senhora partem tão triste Que eu comprei uma campainha
Meus olhos por vós, meu bem Tlim, tlim, tlim, uma campainha
Que nunca tão tristes vistes Tum, tum, tum, um tamborzinho
Outros nenhuns por ninguém Plim, plim, plim, um pianinho
Tiro, liro, liro, um pifarito
Tão triste, tão saudosos,
Tão doentes da partida,
Tão cansados, tão chorosos, Foi na loja do Mestre André Refrão: Ai, olé ....
Da morte mais desejosos Que eu comprei um rabecão
Cem mil vezes que da vida. Chi-ri-bi-ri-bão um rabecão
Tlim, tlim, tlim, uma campainha
Partem tão tristes os tristes, Tum, tum, tum, um tamborzinho
Tão fora de esperar bem,
Plim, plim, plim, um pianinho
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém Tiro, liro, liro, um pifarito

6 39
Ó RAMA, Ó QUE LINDA RAMA LAURINDA

Estribilho: Oh Laurinda linda, linda - és mais linda do que o Sol


Deixa-me dormir uma noite - Nas dobras do teu lençol
Ó rama, ó que linda rama,
Sim, sim cavalheiro, sim - Hoje sim, amanhã não...
Ó rama da oliveira.
Meu marido não está cá - Foi p’ra feira de Gravão
O meu par é o mais lindo
Que anda aqui na roda inteira
Onze horas, meia noite - Marido à porta bateu
Que anda aqui na roda inteira Bateu uma, bateu duas - Laurinda, não respondeu
Aqui e em qualquer lugar Ou ela setá doentinha - Ou já tem outro amor
Ó rama, ó que linda rama Ou então “precura” a chave - Lá no meio do corredor.
Ó rama do olival.

I De quem é este chapéu - Debroado a galão


É para ti meu marido - Que fiz eu por minha mão
Eu sempre gostei de ouvir De quem é aquele casaco - Que ali vejo pendurado
Cantar a quem canta bem, É para ti meu marido - Que o trazes bem ganhado
Se houvera quem me ensinara
Quem aprendia era eu
De quem é aquele cavalo - Que na minha esquadra entrou
É para ti meu marido - Foi teu pai quem te mandou
Estribilho De quem é aquele suspiro - Que ao meu leito se atirou
Laurinda que aquilo ouviu - Caiu no chão desmaiou
II
Todo o amor que t’eu tinha - Vai-se agora acabar
Não tenho inveja de quem tem Vai buscar as tuas irmãs - Trá-las todas num andor
Carros, parelhas e montes,
A mais linda delas todas - Há-de ser o meu amor
Só tenho inveja de quem bebe
A água em todas as fontes

Estribilho

38 7
MARCHA ROMÂNTICA SENHORA DO ALMURTÃO

Adeus Serra d’Ossa I


Adeus terra d’embalar
Flor da esteva primorosa Senhora do Almurtão
Água fontes a cantar Ó minha rosa encarnada,
Ao cimo do Alentejo
Levo-te nos olhos Chega a Vossa nomeada.
Nos sonhos que há pra sonhar Senhora do Almurtão,
No voo leve pomba branca Ó minha linda raiana,
No tempo que há-de acabar Virai costas a Castela
Não queirais ser castelhana,
Amigos que lembro Não queirais ser castelhana, ai...
Vida vai na flor dos ventos
Vinho triste do meu canto Estribilho:
Afaga-me os pensamentos.
Nossa Senhora da Póvoa,
Nossa Senhora da Póvoa,
Minha boquinha de riso,
Minha maçã camoesa,
ROUXINOL REPENICA O CANTE Minha maçã camoesa
Criada no paraíso,
Criada no paraíso.
Rouxinol repenica o cante
Ao passar da passadeira
Nunca mais tornas a Beja, oh ai II
Sem passares à Vidigueira
Senhora do Almurtão,
Sem passares à Vidigueira A Vossa capela cheira,
Sem ires beber ao Falcante Cheira a cravo,
E ao passares da passadeira, oh ai Cheira a rosas,
Rouxinol repenica o cante Cheira à flor de laranjeira.
Cheira à flor da laranjeira, ai...
Eu gosto muito de ouvir
Cantar a quem aprendeu Estribilho.
Se houvera quem me ensinara, oh ai
Quem aprendia era eu

8 37
RESINEIRO CANÇÃO D’EMBALAR
I
Dorme meu menino a estrela d’alva
Resineiro engraçado
bis Já a procurei e não a vi
Engraçado no falar Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p’ra ti
Ó, i, ó ai
Eu hei-de ir à terra dele Outra que eu souber na noite escura
bis
Ó, i, ó ai Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Se ele me lá quiser levar
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas


II Afina a garganta meu cantor
Resineiro é casado Quando a luz se apagar nas janelas
bis
É casado e tem mulher Perde a estrela d’alva o seu fulgor.

Ó, i, ó ai
Vou escrever ao resineiro
bis PERDE A ESTRELA
Ó, i, ó ai
Quantas vezes eu quiser
No Alto d’Aquela Serra
No alto daquela serra
Está um lenço de mil cores
III
Dizendo viva quem ama
Já tenho papel e tinta Morra quem não tem amores
bis
Caneta e mata-borrão
Levanta na tua mão
Ó, i, ó ai O mais lindo estandarte
P’ra escrever ao resineiro E guarda no coração
bis Para sempre uma amizade
Ó, i, ó ai
O mais lindo estandarte
Que trago no coração
A letras d’oiro bordado
Dum lado a nossa amizade
No outro um abraço dado
“Ajoelha-te” aos meus pés e reza
36 9
SE TU ÉS O MEU AMOR ALECRIM

I
Se tu és o meu amor
Dá-me cá os braços teus
Alecrim, alecrim doirado,
Se não és o meu amor
Que nasce no campo bis
Vai-te embora adeus adeus
sem ser semeado
Vendo a força do meu trabalho
Ruim paga me dão aqui
Ai meu amor
Vou-me embora sempre mais valho
Quem te disse a ti bis
Que a flor do campo
Lá na terra onde nasci
Era o alecrim?
Lá na terra onde nasci

Os cantos são de toda a gente


Canta a rola cheia o alecrim II
Vou-me embora e vou contente
Alecrim, alecrim aos molhos,
Por causa de ti bis
Choram os meus olhos.

Ai meu amor,
TRISTE VIUVINHA Quem te disse a ti bis
Que a flor do campo
Era o alecrim?
Olha a triste viuvinha
Que anda na roda a chorar
É bem feito, é bem feito III
Já não tem com quem casar
Alecrim, alecrim doirado,
Já levaste um cabaço Que nasce no monte bis
Dois ou três hás-de apanhar Sem ser semeado.
Ela não tem que vestir
Ela não tem que calçar
Ai meu amor,
Já levaste dois cabaços Quem te disse a ti
bis
Cinco ou seis hás-de apanhar Que a flor do monte
É bem feito, é bem feito Era o alecrim?
Já não tem com quem casar.
10 35
EU OUVI O PASSARINHO A TERNURA DOS QUARENTA

I Quando penso o que passei A ternura dos quarenta


Fronteiras de solidão Não tem conta nem medida.
Alentejo quando canta, Tinha p’ra dar e não dei
Peito dado à solidão, Olhei p’ra traz e pensei Foram tantas as idades
Traz a alma na garganta Não tenho nada na mão. A vida que atrás deixei
E o sonho no coração Não quero sentir saudades
Tive tempo e não senti Vou em outras amizades
Tive amores e não amei Amar o que não amei.
Estribilho: Os amigos que perdi
E as loucuras que vivi Os copos que não bebi
Eu ouvi o passarinho, São tantas que já não sei. Os discos que não toquei
Ás quatro da madrugada, Os poemas que não li
Cantando lindas cantigas, Quem eu era, quem sou e quem pareço Os filmes que nunca vi
À porta da sua amada Se alguém hoje me espera As canções que não cantei.
Concerteza que mereço.
Por ouvir cantar tão bem, Mereço, ainda, amor tua presença Meus amigos, importante é o sorriso
A sua amada chorou, P’ra enfrentar a vida P’ra seguir viagem
Ás quatro da madrugada, Com a ternura dos quarenta. Com a coragem que é preciso.
E o passarinho cantou. Não adianta deitar contas à vida
Coro: A ternura dos quarenta
Lá, lá, lá … Não tem conta nem medida.
Não adianta deitar contas à vida
II Coro

Alentejo terra rasa,


Toda coberta de pão,
as suas espigas doiradas
Lembram mãos em oração.

Estribilho

34 11
NAU CATRINETA MILHO VERDE

Lá vem a Nau Catrineta, - Que me tem muito que contar; I


Sete anos e um dia - Sobre as águas do mar.
Milho verde, milho verde,
Já não tinham que comer, - Nem tão pouco que manjar, Milho verde maçaroca
deitaram sola de molho - pra no domingo jantar; À sombra do milho verde
A sola estava tão dura, - Não a puderam tragar. Namorei uma cachopa.
Ditam sortes à ventura - Qual haviam de matar.
A sorte caiu em preto, - No tenente-general.
II
- Sobe, gajeiro, assobe - áquele mastro real,
Vê se vês terras d’Espanha, - Areias de Portugal. Milho verde, milho verde,
Milho verde miudinho,
Palavras mão eram ditas, - Gajeiro caiu ao mar; À sombra do milho verde
Por milagre de Maria - Gajeiro tornou ao ar. Namorei um rapazinho.

- Já vejo terras d’Espanha - E areias de Portugal,


Também vejo três meninas . Debaixo dum laranjal. III

- Todas três são minhas filhas, - Todas três tas hei-de dar Milho verde, milho verde,
uma para te vestir, - Outra para te calçar, Milho verde folha larga,
a mais bonita delas - Para contigo casar. À sombra do milho verde
Namorei uma casada
Não quero as vossas filhas, - Que lhe custa a criar,
Quero a Nau Caterneta - Para no mar navegar.
IV
- Nau Caterneta não ta dou, - Que é d’El Rei de Portugal.
Quando chegar a Lisboa - Logo lha vou entregar. Mondadeiras do meu milho,
Mondai o meu milho bem,
Não olheis para o caminho
Que a merenda já lá vem.

12 33
Ó MALHÃO ADEUS Ó SERRA DA LAPA

I
Ó malhão, malhão Adeus ó serra da Lapa
bis
Que vida é a tua? adeus que te vou deixar
ó minha terra ó minha enxada
Comer e beber,
não faço gosto em voltar
Ó tirrim-tim-tim bis
Passear na rua!
Companheiros de aventura
II vinde comigo viajar
Ó malhão, malhão a noite é negra a vida é dura
bis
Ó malhão, aqui, não faço gosto em voltar

Se dançar, dancei Dou-te o meu lenço bordado


Ó tirrim-tim-tim bis
quando de ti me apartar
Se fugir, fugi!
eu quero ir prò outro lado
III não faço gosto em voltar
Ó malhão, malhão, bis
O malhão vai ver O meu dinheiro contado
é par quem me levar
As ondas do mar o meu caminho está traçado
Ó tirrim-tim-tim bis
não faço gosto em voltar
Ai, onde vão ter

IV Moirar a terra insegura


Ó malhão, malhão, fugir de serra e do mar
bis
Ó malhão do Norte meus companheiros de aventura
tudo farei pra salvar.
Quando o mar ‘stá bravo,
Ó tirrim-tim-tim bis
Faz a onda forte

V
Ó malhão, malhão,
bis
Ó malhão do Sul

Quando o mar ‘stá manso,


Ó tirrim-tim-tim bis
Faz a onda azul!

32 13
POSTAL DOS CORREIOS MENINA ESTÁS À JANELA

Querida mãe, querido pai. Então que tal? Menina estás à janela
Nós andamos do jeito que Deus quer Com o teu cabelo à lua
Entre os dias que passam menos mal Não me vou daqui embora
Lá vem um que nos dá mais que fazer Sem levar uma prenda tua
Mas falemos de coisas bem melhores:
Sem levar uma prenda tua
A Laurinda faz vestidos por medida Sem levar uma prenda dela
O rapaz estuda nos computadores Com o teu cabelo à lua
Dizem que é um emprego com saída Menina estás à janela

Cá chegou direitinha a encomenda


Pelo “expresso” que parou na Piedade
Pão de trigo e linguiça p’rá merenda Os olhos requerem olhos
Sempre dá para enganar a saudade Os corações, corações
Os meus requerem os teus
Espero que não demorem a mandar Em tod’ as ocasiões.
Novidades na volta do correio
Menina estás à janela
A ribeira corre bem ou vai seca? Com o teu cabelo à lua
Como estão as oliveiras de “candeio”? Não me vou daqui embora
Sem levar uma prenda tua
Já não tenho mais assunto pra escrever
Cumprimentos ao nosso pessoal Sem levar uma prenda tua
Um abraço deste que tanto vos quer Sem levar uma prenda dela
Sou capar de ir aí pelo Natal. Com o teu cabelo à lua
Menina estás à janela.

14 31
OS OLHOS DA MARIANITA CASA PORTUGUESA

I Numa casa portuguesa fica bem


Pão e vinho sobre a mesa;
Os olhos da Marianita Quando à porta, humildemente, bate alguém,
São verdes cor de limão bis Senta-se à mesa c’o a gente.

Ai sim, Marianita, ai sim Fica bem esta franqueza, fica bem


bis
Ai não, Marianita, ai não. Que o povo nunca desmente:
A alegria da pobreza
II ‘stá nesta grande riqueza
de dar e ficar contente.
Os olhos da Marianita
São negros cor de carvão. bis
Quatro paredes caiadas,
Um cheirinho a alecrim...
Ai sim, Marianita, ai sim
bis Um cacho de uvas doiradas,
Ai não, Marianita, ai não.
Duas rosas no jardim...
III
Um S. José de azulejos,
Mais um sol de Primavera...
Os olhos da Marianita
bis Uma promessa de beijos,
Tenho-os eu aqui na mão
Dois braços à minha espera...
Ai sim, Marianita, ai sim
bis ... É uma casa portuguesa com certeza,
Ai não, Marianita, ai não.
É, com certeza, uma casa portuguesa!
IV

Deitei um limão correndo


bis
Á tua porta parou

Ai se o limão te quer bem,


Que fará quem o deitou bis

30 15
TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM VAMPIROS

Amigo
No céu cinzento Enchem as tulhas
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem Sob o astro mudo Bebem vinho novo
Não percas tempo que o vento Batendo as asas Dançam a ronda
É meu amigo também Pela noite calada No pinhal do rei
Vêm em bandos Eles comem tudo
Em terras
Em todas as fronteiras Com pés de veludo Eles comem tudo
Seja benvindo quem vier por bem Chupar o sangue Eles comem tudo
Se alguém houver que não queira Fresco da manada E não deixam nada
Trá-lo contigo também

Aqueles Se alguém se engana No chão do medo


Aqueles que ficaram Com seu ar sisudo Tombam os vencidos
(Em toda a parte E lhes franqueia Ouvem-se os gritos
Todo o mundo tem)
As portas à chegada Na noite abafada
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também Eles comem tudo Jazem nos fossos
Eles comem tudo Vítimas de um credo
Eles comem tudo E não se esgota o sangue da manada

GRÂNDOLA, VILA MORENA e não deixam nada


Se alguém se engana
A toda a parte Com seu ar sisudo
Grândola vila morena Chegam os vampiros E lhes franqueia
Terra da fraternidade
Poisam nos prédios As portas à chegada
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade Poisam nas calçadas Eles comem tudo
Trazem no ventre Eles comem tudo
Em cada esquina um amigo Despojos antigos Eles comem tudo
Em cada rosto igualdade
Mas nada os prende E não deixam nada
Grândola vila morena
Terra da fraternidade Às vidas acabadas
Eles comem tudo
À sombra duma azinheira São os mordomos Eles comem tudo
Que já não sabia a idade
Do universo todo Eles comem tudo
Jurei Ter por companheira
Grândola, a tua vontade Senhores à força E não deixam nada
Mandadores sem lei
16 29
NATAL DOS MENDIGOS VAI, MARIA VAI

Vamos cantar as janeiras Vai Maria vai Vai Maria vai


Vamos cantar as janeiras Maria vai Maria vai
Por esses quintais adentro vamos Maria vai trabalhar Aquele chão esfregar
Às raparigas solteiras
Não Senhora não Não Senhora não
Vamos cantar orvalhadas Senhora não Senhora não
Vamos cantar orvalhhadas Senhora não, Mariá Senhora não, Mariá
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas Vai Maria vai Vai Maria vai
Maria vai Maria vai
Vira o vento e muda a sorte
A roupa branca lavar O meu menino calar
Vira o vento e muda a sorte
Não Senhora não Não Senhora não
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte Senhora não Senhora não
Senhora não, Mariá Senhora não, Mariá
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra Vai Maria vai Vai Maria vai
Só se lembra dos caminhos velhos Maria vai Maria vai
Quem tem saudades da terra
A roupa branca enxaguar Maria vai trabalhar
Quem tem a candeia acesa Não Senhora não Não Senhora não
Quem tem a candeia acesa Senhora não Senhora não
Rabanadas pão e vinho novo Senhora não, Mariá
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura


Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ‘ventura

28 17
NÃO VÁS AO MAR, TÓNIO! CANTO JOVEM

Não vás ao mar, Tónio! Somos filhos da madrugada


Nessa traição, Tónio! Pelas praias do mar nps vamos
Deixas mulher, Tónio! À procura de quem nos traga
Filhos sem pão, Tónio! Verde oliva de flor no ramo
Navegámos de vaga em vaga
Ai, Tónio, Tónio! Não soubemos de dor nem mágoa
Não vás nessa maré! Pelas praias do mar nos vamos
Ai, Tónio, Tónio! À procura da manhã clara
Quem te avisa, amigo é!...
Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Não vás ao mar, Tónio! Para não se apagar a chama
‘stá o mar ruim, Tónio! Que dá vida na noite inteira
É falso o mar, Tónio! Mensageira pomba chamada
Penas sem fim, Tónio! Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Ai, Tónio, Tónio! Lá do cima duma montanha
Não vás ao mar, não vás!
Ai, Tónio, Tónio! Onde o vento cortou amarras
Sabe Deus se voltarás! Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a noite já não espera
Fresca brisa moira encantada
Vira a proa da minha barca

18 27
BALADA DO SINO REGADINHO

Uma barquinha Água leva o regadinho,


Lá vem lá vem água leva o regador.
Dim dem Enquanto leva e não leva
Na barquinha de Belém vou falar ao meu amor

Senhor Barqueiro Água leva o regadinho,


Quem leva aí Vai regar o almeirão
Dão dim Vira par e troca o par,
Na barquinha d’Aladim Vira-te p´ra aqui João

Levo a cativa Água leva o regadinho,


Duma só vez Vai regar o alecrim,
Dois três Vira par e troca o par,
Na barquinha do marquês Vira-te p´ra aqui Jaquim.

Ao romper da alva   Ó meu rico regadinho,


Casada vem que levas na tua mão?,
Dim dem Um cacho de uvas do Douro
Na barquinha é que vai bem que consola o coração.

Se a tem guardada   Ó meu rico regadinho,


Deixe-a fugir que levas no regador?
Dão dim Levo-o cheio de vinho
Na barquinha do vizir para dar ao meu amor.

Lá vai roubada   Debaixo desta ramada


Lá vai na mão cheira a cravos que rescende.
Dim dão Diga-me, ó minha menina,
Na barquinha do ladrão se esta uva se vende.

26 19
LIBERDADE, LIBERDADE MENINO D’OIRO

Liberdade, liberadde O meu menino é d’oiro


Quem na tem chama-lhe sua É d´óiro fino
Eu não tenho liberdade Não façam caso
P’ra sair de noite à rua! Que é pequenino

São tão bonitas O meu menino é dóiro


as carvoeiras! D’oiro fagueiro
Hei-de levá-lo
São tão catitas,
No meu veleiro
As feiticeiras!
Venham aves do céu
Oh! Que belo rancho Pousar de mansinho
Leva a mocidade! Por sobre os ombros
Viva as raparigas! Do meu menino
Viva a liberdade!
Venham comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino
No meu trenó

Quantos sonhos ligeiros


ERVA CIDREIRA P’ra teu sossego
Menino avaro
Não tenhas medo
Ó erva cidreira
Onde fores no teu sonho
Que estás no alpendre,
Quero ir contigo
Quanto mais te rego
Menino d’oiro
Mais a folha pende.
Sou teu amigo
Mais a folha pende Venham altas montanhas
Mais a rosa cheira, Ventos do mar
Que estás no alpendre Que o meu menino
Ó erva cidreira. Nasceu p’ra amar

Eu dantes era Venham comigo venham


E agora, já não Que eu não vou só
Na tua roseira Levo o menino
O melhor botão. No meu trenó

20 25
A MORTE SAIU À RUA ALOUETTE, GENTILLE ALOUETTE

A morte Pintor, reclama


Saiu à rua Outra morte Refrão: Refrão
Num dia assim Igual
Naquele Alouette, gentille alouette, 1. Je te plumerai le cou / et le cou
Lugar sem nome Só olho Alouette, je te plumerai Et les yeux! Et le bec! Et la tête
P’ra qualquer fim Por Olho e Alouette! (bis)
Dente por dente 1. Je te plumerai la tête (bis) Ah!...
Uma Vale Et la tête (bis)
Gota rubra Alouette! (bis) Refrão
Sobre a calçada À lei assassina Ah!...
Cai À morte 2. Je te plumerai le dos / et le dos
Que te matou Refrão et le cou! les yeux! Et le bec! Et la tête
E um rio Alouette! (bis)
De sangue Teu corpo 2. Je te plumerai le bec (bis) Ah!...
Dum Pertence à terra Et le bec! (bis) Et la tête (bis)
Peito aberto Que te abraçou Alouette! (bis) Refrão
Sai Ah!...
Aqui 3. ... le ventre
O vento Te afirmamos Refrão 4. ... les ailes
Que dá nas canas Dente por dente 5. ... la queue
Do caniçal Assim 3. Je te plumerai les yeux / et les yeux
Et le bec! Et la tête
E a foice Que um dia Alouette! (bis)
Duma ceifeira Rirá melhor Ah!...
De Portugal Quem rirá
Por fim
E o som
Da bigorna Na curva
Como Da estrada
Um clarim do céu Há covas
Feitas no chão
Vão dizendo
Em toda a parte E em todas
O pintor morreu Florindo rosas
Duma nação
Teu sangue,
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MY BONNIE FADO DE COIMBRA

My Bonnie is over the ocean,


My Bonnie is over the sea, Coimbra do Choupal,
My Bonnie is over the ocean, Ainda és capital
Oh, bring back my Bonnie to me. Do amor em Portugal,
Ainda
Coro:
Coimbra, onde uma vez
Bring back, bring back, Com lágrimas se fez
Bring back my Bonnie to me. A história dessa Inês
Bring Back, bring back, Tão linda!
Oh, bring back my bonnie to me!
Coimbra dos doutores,
P’ra nós, os teus cantores,
Oh blow ye winds ever the ocean A Fonte dos amores
Oh blow ye winds ever the sea És tu!
Oh blow ye winds ever the ocean
And bring back my Bonnie to me! Coimbra das canções,
Coimbra que nos pões
Coro Os nossos corações
A nu!

Last night as I lay on my pillow Coimbra é uma lição


Last night as I lay on my hed De sonho e tradição
Last night as I lay on my pillow O Lente é uma canção
I dreamed that my Bonnie was dead E a Lua, a Faculdade

Coro O livro é uma mulher


(Só passa quem souber!)
e aprende-se a dizer
The winds have blown over the ocean SAUDADE!...
The winds have blown over the sea
The winds have blown over the ocean
And brought back my Bonnie to me.

Coro

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