COMARCA DE ______________
TÍCIO DE SOUSA, brasileiro, solteiro, garçom, portador (a) da Cédula de Identidade
RG n.º XXXXX, inscrita (o) no CPF sob o n.ºXXXXX, residente e domiciliado
residente e domiciliado à Rua (endereço completo), vem mui respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, através de sua advogada infra-assinada, (nome,
OAB,endereço profissional) com fundamento no artigo 226, § 6º da Constituiçã o
Federal de 1988 e arts. 693 e seguintes do Có digo de Processo Civil, bem como aos
demais dispositivos legais aplicá veis ao caso, propor a presente:
AÇÃ O DE GUARDA COMPARTILHADA C/C AÇÃ O DE ALIMENTOS
de (nome da criança), menor impú bere, nascido aos XX dias do mês de Novembro
de 2016, residente e domiciliado à Rua (endereço completo da criança)
Em face de (nome da mã e), brasileira, solteira, residente e domiciliada domiciliado
à Rua (endereço completo da mã e) pelos motivos de fato e de direito que a seguir
passa a expor:
I- DOS FATOS
O Requerente e a Requerida mantiveram relacionamento afetivo no qual resultou
no nascimento de XXX, atualmente com 09 meses de idade, conforme Certidã o de
Nascimento em anexo.
Ocorre que, o relacionamento entre o Requerente e a Requerida se tornou
insustentá vel, razã o pela qual estes se afastaram, e a Requerente ficou com a
guarda da criança até o presente momento, porém sempre levando a criança para
passar um tempo com o pai.
Cabe salientar, que desde o fim do convívio de ambos, o Requerente passou a pagar
mensalmente a Requerida a quantia de R$XXXXXX e ainda realiza compras
semanais no supermercado de tudo que a criança necessita como leite e fraldas por
exemplo.
Todavia, diante do inconformismo da Requerida em ver o Requerente iniciando um
novo relacionamento, iniciou-se uma discussã o entre ambos, resultando inclusive
em Registro de Ocorrência na Delegacia XXXXX devido as agressõ es que a mesma
causou no Requerente, e apó s tal fato, a mesma garantiu que o Requerente nã o iria
mais poder ver a criança.
Abalado e muito apegado ao filho, o mesmo se encontra em situaçã o difícil, pois se
ver impossibilitado do contato com a criança com o qual tem grande amor e
carinho. Contudo, vale ressaltar que o Requerente nã o possui renda fixa, pois
trabalha como garçom em um restaurante e recebe conforme acontece o
“movimento” no estabelecimento, mas ainda assim, nã o poupa esforços para
manter a melhor qualidade de vida da criança.
Assim, diante dos fatos narrados nã o resta outra alternativa ao Requerente senã o o
ingresso da presente medida judicial com a finalidade de ter seus direitos
garantidos, conforme os fundamentos jurídicos que se passa a demonstrar:
II –DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Preleciona o artigo 98 do Có digo de Processo Civil que a pessoa natural com
insuficiência de recursos para arcar com custas judiciais e honorá rios de advogado
tem direito à gratuidade de justiça, conforme segue:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios
advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Assim, considerando que o autor nã o possui condiçõ es de arcar com as despesas
da presente demanda sem o prejuízo do seus pró prio sustento e de sua família
requer assim que lhe seja deferido o respectivo benefício, colocando-se à
disposiçã o para juntada de novos documentos caso seja do entendimento de Vossa
Excelência.
III – DA GUARDA
O caput do artigo 227 da Constituiçã o Federal é claro quando assegura à criança e
ao adolescente, com absoluta prioridade:
“o direito à vida, à saú de, à alimentaçã o, à educaçã o, ao lazer, à profissionalizaçã o, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitá ria, além de colocá -los a salvo de toda forma de negligência,
discriminaçã o, exploraçã o, violência, crueldade e opressã o”
Verifica-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente, através de seu artigo 7º e
seguintes, abarcou o instituto constitucional acima o transformando em Direito
Fundamental da Criança e do Adolescente. Vejamos:
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteçã o à vida e à saú de, mediante
a efetivaçã o de políticas sociais pú blicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condiçõ es dignas de existência.
Esses dispositivos vêm alicerçados pela primeira parte do artigo 229 da Carta
Magna, ao dispor que:
“Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores”.
Adicionalmente, dispõ e o art. 1.634, II, do Có digo Civil Brasileiro, que ter a
companhia e a guarda dos filhos é complemento do dever de educá -los e criá -los,
eis que a quem incumbe criar, incumbe igualmente guardar; e o direito de guardar
é indispensá vel para que possa, sobre o mesmo, exercer a necessá ria vigilâ ncia,
fornecendo-lhes condiçõ es materiais mínimas de sobrevivência, sob pena de
responder pelo delito de abandono material, moral e intelectual.
Ainda, conforme se verifica do artigo 1583 do Có digo Civil, § 2º e § 3º, alterado
pela lei 11.698/2008, a guarda unilateral ou compartilhada será atribuída ao
genitor que revele melhores condiçõ es para exercê-la, senã o vejamos:
Art. 1583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
[...]
§ 2º. A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condiçõ es
para exercê-la e, objetivamente, mais aptidã o para propiciar aos filhos os seguintes
fatores:
I – afeto nas relaçõ es com o genitor e com o grupo familiar;
II – saú de e segurança;
III – educaçã o.
§ 3º. A guarda unilateral obriga o pai ou a mã e que nã o a detenha a supervisionar
os interesses dos filhos.
Assim, para que uma decisã o de tal repercussã o se dê, é sempre necessá rio olhar
para o melhor interesse da criança, e ademais observar que a mã e impedir que o
filho tenha contato com o pai já configura ato de Alienaçã o Parental conforme
preceitua a lei 12.318/2010, dessa forma, torna-se imperioso que se determine o
compartilhamento da guarda, para que se preserve os laços entre pai e filho,
A Lei 12.318/2010 cita em seu art. 6º:
Caracterizados atos típicos de alienaçã o parental ou qualquer conduta que dificulte
a convivência de criança ou adolescente com genitor, em açã o autô noma ou
incidental, o juiz poderá , cumulativamente ou nã o, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilizaçã o de instrumentos
processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienaçã o parental e advertir o alienador;
II- ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III- estipular multa ao alienador;
IV- determinar acompanhamento psicoló gico e/ou biopsicossocial;
V- determinar a alteraçã o da guarda para guarda compartilhada ou sua inversã o;
VI- determinar a fixaçã o cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII- declarar a suspensã o da autoridade parental
Pará grafo ú nico; “Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilizaçã o ou
obstruçã o à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigaçã o de
levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasiã o
das alternâ ncias dos períodos de convivência familiar.
Também, neste sentido os Tribunais de Justiça de Minas Gerais e do Rio Grande do
Sul, senã o vejamos:
DIREITO DE FAMÍLIA. MODIFICAÇÃ O DE GUARDA. REQUISITOS LEGAIS PARA
DETERMINAÇÃ O. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. - O instituto
da guarda foi criado com o objetivo de proteger o menor, salvaguardando seus
interesses em relaçã o aos pais que disputam o direito de acompanhar de forma
mais efetiva e pró xima seu desenvolvimento, ou mesmo no caso de nã o haver
interessados em desempenhar esse munus. - O princípio constitucional do melhor
interesse da criança surgiu com a primazia da dignidade humana perante todos os
institutos jurídicos e em face da valorizaçã o da pessoa humana em seus mais
diversos ambientes, inclusive no nú cleo familiar. (TJ-MG - AC:
10701110426635001 MG, Relator: Dá rcio Lopardi Mendes, Data de Julgamento:
04/04/2013, Câ maras Cíveis / 4ª CÂ MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o:
10/04/2013).
APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃ O DE GUARDA E ALIMENTOS. MELHOR INTERESSE DA
CRIANÇA. A guarda deve ser definida com o objetivo de garantir o melhor interesse
da criança. No caso, observa-se que o pai tem melhores condiçõ es de zelar pelos
interesses da menina. RECURSO DESPROVIDO. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelaçã o
Cível Nº 70045833266, Sétima Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 28/03/2012) (TJ-RS - AC:
70045833266 RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Data de Julgamento:
28/03/2012, Sétima Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia
02/04/2012).
Por fim, em razã o da narrativa fá tica que envolve o presente caso, com amparo nos
dispositivos legais preambularmente invocados, requer seja deferida a
regularizaçã o da guarda do menor para a modalidade COMPARTILHADA,
expedindo-se assim o respectivo termo.
IV – DOS ALIMENTOS
O art. 229 da Constituiçã o Federal estabelece que os pais têm dever de assistir,
criar e educar os filhos menores:
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade.
No mesmo sentido, o art. 1.695 do Có digo Civil estabelece como um direito
recíproco entre pais e filhos a prestaçã o de alimentos, in verbis:
Art. 1.695. Sã o devidos os alimentos quando quem os pretende nã o tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à pró pria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessá rio ao seu sustento.
Já o inciso IV do art. 1.566 do Có digo Civil prevê que sã o deveres de ambos os
cô njuges o sustento, a guarda e a educaçã o dos filhos.
Art. 1.566. Sã o deveres de ambos os cô njuges:
(...)
IV – sustento, guarda e educaçã o dos filhos;
Conforme se extrai da documentaçã o acostada aos autos, o Requerente reside de
favor com seus pais, exerce profissã o de garçom, recebendo conforme ocorre o
movimento no estabelecimento em que trabalha e desde que a genitora e seu filho
saíram de seu convívio tenta de todas as formas possíveis sustentar a criança, nã o
lhe deixando faltar nada. Porém, nã o possui condiçõ es de arcar com um valor
acima do que lhe é possível, razã o pela qual requer que seja homologado em
audiência um valor fixo para que proceda com o pagamento da pensã o alimentícia
de seu filho.
Dos Alimentos Provisó rios
A Lei 5.478/68 em seu artigo 4º regulamenta o direito aos alimentos provisó rios,
os quais serã o devidos até a decisã o final, conforme segue:
Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisó rios a
serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles nã o
necessita.
Tendo em vista as peculiaridades do caso concreto, aliado ao “periculun in mora” e
“fumus boni iuris” presentes nitidamente nesta demanda, o Requerente pleiteia
que seja arbitrado o valor de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) a título de
pensã o alimentícia provisó ria, até o trâ nsito em julgado desta açã o, assim como
determina o Art. 4º c/c Art. 13, § 2º, ambos da Lei nº 5.478, de 25.07.1968, “in
verbis”:
Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisó rios a
serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles nã o
necessita.
Art. 13. (omissis).
[...].
§ 2º. Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da citaçã o.
É importantíssimo que esse Juízo arbitre os alimentos provisó rios, uma vez que o
Requerente vêm procedendo com o pagamento de R$ XXXXX mensais e mais
compras de supermercado, arcando com tais despesas acima de suas condiçõ es,
pedindo as vezes ajuda de seus pais para comprar o que a criança necessita, já que
a Requerida nunca está contente com o que o Requerente tenta arcar, sempre
exigindo mais.
Assim sendo, desde já requer que sejam fixados alimentos provisó rios no importe
de R$ XXXXXX, bem como que referido valor seja depositado mensalmente, até o
quinto dia ú til de cada mês, em conta bancá ria a ser indicada pela Requerida. Nã o
obstando que o Genitor, por vontade pró pria, possa fornecer outros provimentos a
seu filho, desde que dentro de suas possibilidades econô micas.
Dos Alimentos Definitivos
Conforme já demonstrado, o Requerente reside de favor na casa de seus pais, bem
como precisa atender à s necessidades bá sicas da criança relacionadas a vestuá rio,
saú de, higiene, etc mas nã o esquecendo de suas pró prias necessidades como
alimentaçã o, combustível, vestuá rio e etc.
Assim, de acordo com as normas legais nesta açã o invocadas, além das cabíveis e
aqui omitidas, requer que seja arbitrado o valor fixo de pagamento a título de
pensã o alimentícia de seu filho, dentro das suas possibilidades econô micas, haja
vista que o mesmo nã o possui CTPS assinada, e recebe conforme o restaurante
lucra conforme preceitua o art. 1695 do Có digo Civil.
Desta forma, e partindo de uma média, o mesmo aufere uma quantia de
R$XXXXXXXX por semana, sendo assim, é imperioso que o valor da pensã o a ser
pago a títulos de alimentos nã o ultrapasse a proporçã o de 30% (trinta por cento)
dos seus rendimentos líquidos constando de referida decisã o que em caso de
desemprego, continuará obrigado ao pagamento da quantia neste processo a ser
arbitrada.
V – DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer o recebimento e processamento do presente feito, com
a finalidade de que em seu mérito sejam julgados TOTALMENTE PROCEDENTES os
pedidos delineados a seguir:
a) Concessã o ao Requerentes dos benefícios da assistência judiciá ria gratuita, nos
termos da fundamentaçã o;
b) Que seja deferida a GUARDA COMPARTILHADA em razã o da prevençã o dos
laços entre pai e filho que estã o ameaçados pela Genitora, bem como em
obediência ao princípio do Melhor Interesse da Criança;
c) Sejam arbitrados alimentos provisó rios no importe de R$ XXX nos termos da
fundamentaçã o até o final do processo;
d) Que seja deferido, em sede de sentença o pagamento de alimentos definitivos no
importe de 30% (trinta por cento) dos rendimentos líquidos do Requerente,
constando de referida decisã o que em caso de desemprego, este continuará
obrigado ao pagamento da quantia neste processo arbitrada;
e) Seja dada vista da presente açã o ao Ilustre representante do Ministério Pú blico;
f) Por derradeiro, uma vez transitada em julgada a sentença, requer seja lavrado
termo definitivo de guarda compartilhada, a tal e relevante encargo, com extraçã o
de certidã o de inteiro teor à Requerente.
g) A citaçã o da Requerido, no endereço supra mencionado no preâ mbulo desta
peça exordial, conclamando-o a anuir e ou contestar a presente açã o, sob pena de
revelia, confissã o e julgamento antecipado da lide;
h) O Requerente informa que possui interesse na realizaçã o de audiência de
conciliaçã o e mediaçã o nos termos do art. 319, VII do Có digo de Processo Civil;
Por fim requer, se necessá rio, provar o exposto por todos os meios em direito
admitidos, em especial a juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas e o
depoimento pessoal das partes;
Dá -se à causa o valor de 12 SALÁ RIOS MÍNIMOS meramente com fins fiscais.
Termos em que pede deferimento.
Cidade, 01 de Agosto de 2017.
ADVOGADO
OAB nºXXX