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Regina Pinto de Carvalho

APLICAÇÕES DA
ENERGIA NUCLEAR

Indústria • Meio ambiente


Produção de alimentos • Bens culturais
Publicado por
International Atomic Energy Agency - IAEA
Vienna International Centre
PO Box 100 / 1400 Vienna, Austria
www.iaea.org

Revisão
Vera Lucia De Simoni Castro

Revisão técnica
Ana Márcia Greco de Sousa

Ilustração
Henrique Cupertino

Diagramação
Christiane Morais

Apoio
Agência Internacional de Energia Nuclear - IAEA
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC
Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN
Sociedade Brasileira de Física - SBF
CAPÍTULO I – FUNDAMENTOS 9
A composição do núcleo 9
Reações nucleares 10
Decaimento radioativo 12
Obtenção de radioelementos 12
Obtenção de feixes de radiação ionizante 13
Interação da radiação com a matéria 14
Detecção da radiação ionizante 15

CAPÍTULO II - ISÓTOPOS ESTÁVEIS 17


Isótopos da água 17
Isótopos estáveis em matéria orgânica 18
Medida das variações isotópicas 19
Espectrômetro de massa 19
Espectroscopia por absorção de laser 20
Aplicações 21
Isótopos do oxigênio 21
Informações sobre águas superficiais e subterrâneas 21
Isótopos do carbono 22
Origem do carbono na atmosfera 22
Origem do carbono nos oceanos 24
Isótopos do nitrogênio e enxofre 24

CAPÍTULO III – APLICAÇÕES DA ENERGIA NUCLEAR NA INDÚSTRIA 25


Radiotraçadores 25
Radiotraçadores na indústria petrolífera 25
Fluxos gasosos 28
Sistemas nucleônicos de controle 29
Retroespalhamento de nêutrons 29
PGNAA 30
Varredura γ 32
Análise por transmissão dual de emissão γ 32
Testes não destrutivos 33
Radiografias e gamagrafias 33
Outros usos da radiação ionizante 34

CAPÍTULO IV - ESTUDOS AMBIENTAIS 35


Radiotraçadores 36
Uso do ouro como radiotraçador 36
O tecnécio-99m usado como radiotraçador 37
Trítio como radiotraçador em aterros sanitários 38
Traçadores ativáveis 39
Radiotraçadores para estudo de solo 40
Uso de fontes seladas 41
Análise por transmissão γ 41
Retroespalhamento γ 41
Estudos meteorológicos 42

CAPÍTULO V - APLICAÇÕES DA ENERGIA NUCLEAR NA PRODUÇÃO DE


ALIMENTOS 45
Estudo de solos 45
Mutação induzida 46
Técnica do inseto estéril 48
Irradiação de alimentos 52
Pecuária 53

CAPÍTULO VI - APLICAÇÕES DA ENERGIA NUCLEAR PARA FINS CULTURAIS 55


Datação com carbono-14 55
Muografia 56

SUGESTÕES DE LEITURA 59
As aplicações pacíficas da energia nuclear são em geral desconhecidas da população.
Dando seguimento ao projeto iniciado no livro anterior, “Aplicações da Energia Nuclear
na Saúde”, pretendemos com este novo trabalho exemplificar o uso da energia nuclear em
áreas tão diversas quanto a indústria, os estudos ambientais, a produção de alimentos ou a
preservação de bens culturais. O objetivo é fornecer ao professor do ensino médio bibliografia
sobre o assunto, em nível adequado, para complementar seu trabalho em sala de aula.
Após uma breve introdução contendo os fundamentos da Física Nuclear, seguem-se
capítulos sobre as aplicações nas diversas áreas. Os capítulos de aplicações são independentes e
podem ser lidos em qualquer ordem. Por essa razão, optamos por repetir em alguns capítulos
informação importante para a sua compreensão, mesmo que ela já tenha sido fornecida em
outro capítulo.
Procuramos apresentar as ilustrações de forma a serem compreendidas por pessoas
daltônicas. Se você, caro leitor, possui essa característica e teve dificuldade na interpretação
das figuras, por favor, faça contato, para que o trabalho possa ser melhorado.

Gostaríamos de agradecer inúmeros especialistas, de todas as partes do planeta, que


dedicaram parte do seu tempo para nos receber ou ler o material, enviar informação e
referências. Alguns deles são citados ao final de cada capítulo.
Em especial, agradecemos ao Prof. João Alberto Osso Júnior (IAEA) por suas observações
e comentários. A ele agradecemos também por se ocupar da parte operacional do projeto.
Agradecemos ao Dr. Raúl Ramirez pelo apoio ao projeto.
Agradecemos imensamente ao Prof. Aldo Malavasi (IAEA) que abraçou o projeto e
permitiu que ele atingisse uma escala muito maior do que se imaginava inicialmente.

Regina
Janeiro/2019

(...) e não esquecer que a estrutura do átomo não é vista mas sabe-se dela. Sei
de muita coisa que não vi. E vós também. (…)

Clarice Lispector - A Hora da Estrela

7
CAPÍTULO I – FUNDAMENTOS

Podemos descrever um átomo como possuindo um núcleo positivo e elétrons


negativos, situados em uma região em torno do núcleo. O volume do átomo é determinado
pela chamada nuvem eletrônica e sua massa é principalmente devida à massa do núcleo.
As transformações dos núcleos através de bombardeamento e emissões são o objeto de
estudo da Física Nuclear.
Este capítulo apresenta um sumário dos fundamentos da Física Nuclear que serão
necessários para a compreensão dos capítulos posteriores.1

A composição do núcleo
As partículas que compõem o núcleo são chamadas núcleons. Elas podem ser positivas
(os prótons) ou não possuírem carga elétrica (os nêutrons). Existem forças de atração entre
os núcleons, que precisam compensar as forças de repulsão elétrica entre os prótons, para
que o núcleo se mantenha coeso.
Os elementos químicos se distinguem uns dos outros pelo número de prótons em
seus núcleos (igual ao número de elétrons, se o átomo é neutro). Eles podem ter números
diferentes de nêutrons, mantendo as mesmas propriedades químicas, mas possuindo massas
diferentes. Átomos do mesmo elemento com números diferentes de nêutrons são chamados
isótopos. A maioria dos elementos possui isótopos naturais. Muitos isótopos naturais são
estáveis; outros, instáveis, decaem por emissões radioativas.
Os núcleos são representados pelo símbolo do elemento ao qual correspondem; um
número à esquerda, abaixo do símbolo, representa o seu número atômico (número de
prótons), e um número à esquerda, acima do símbolo, representa seu número de massa
(número de prótons + número de nêutrons). Se um núcleo estiver em um estado excitado,
isso é representado por um asterisco à direita, acima do símbolo. No exemplo abaixo, temos
a representação de um núcleo de urânio-236 (92 prótons, 144 nêutrons) num estado excitado:
236 ∗
92U i-1
238 234 4
1 94Pu do→assunto,
Para um desenvolvimento mais detalhado 92Uo+leitor
2α pode se dirigir aos primeiros capítulos do livro
anterior: “Aplicações da Energia Nuclear na Saúde” (R. P. de Carvalho e S. M. Velasques de Oliveira), SBPC-
1 236 ∗ 141
235 <http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>
92 1
0n + em:
IAEA (2017), disponível 92U → ( 92U ) → 56Ba + 36Kr + 3 0n + E Acesso em jan/2019.

2 3
1H + 1H → 42He9+ 10n + E

18
8O + 11p → 18
9F + 10n + E
É dispensável se escrever o número de prótons, já que ele é determinado pelo símbolo do
elemento; porém, pode ser útil exibir esse número, para facilitar a visualização dos processos nucleares.

Reações nucleares
Um núcleo pode ser modificado por emissão espontânea, absorção ou bombardeamento
de partículas, fótons ou de outros núcleos.
Quando um núcleo não está em equilíbrio, ele pode sofrer decaimento, emitindo
partículas ou radiação, para atingir uma configuração mais estável. Os isótopos que decaem
espontaneamente são denominados radioisótopos. As emissões nucleares são descritas na
Tabela I-1 e na Figura I-1.
Tabela I-1 – Características das emissões nucleares

Partícula Composição Barrada por


α 2 prótons + 2 nêutrons folha de papel
β- elétron lâmina de Al
pósitron (semelhante a um elétron de
β+ lâmina de Al
carga positiva)
ν neutrino - -
ν anti-neutrino - -
placa de Pb ou alguns metros de
γ fóton de alta energia
concreto
n nêutron bloco de boro ou parafina
Baseado em: R. P. de Carvalho e S. M. Velasques de Oliveira – Aplicações da Energia Nuclear na Saúde – IAEA,
SBPC, 2017 – Disponível em: http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf
Obs: Prótons e nêutrons existem em permanência dentro do núcleo; as partículas β são criadas no momento de sua
emissão, que é sempre acompanhada da emissão de neutrinos. Estes são partículas sem carga, de massa muito menor
que a do elétron, e que transportam quantidade de movimento e energia, sendo responsáveis pela conservação dessas
grandezas durante as transformações nucleares. Por serem neutros e terem massa muito pequena, os neutrinos interagem
muito pouco com a matéria.

Figura I-1: Materiais que podem blindar as emissões nucleares

partícula α

partícula β

raio γ / X

nêutron

neutrino

folha de lâmina de placa de bloco de


papel alumínio chumbo parafina
Baseado em: R. P. de Carvalho e S. M. Velasques de Oliveira – Aplicações da Energia Nuclear na Saúde – IAEA, SBPC,
2017 – Disponível em: <http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>. Acesso em jan/2019.

10
As emissões nucleares têm altas energias e são capazes de ionizar os átomos sobre os
quais incidem (ionizar = arrancar elétrons). Por isso, são chamadas radiação ionizante. Os
raios-X, embora não tenham origem nuclear, também têm energia suficiente para ionizar a
matéria, e, portanto, também são considerados como radiação ionizante.
As reações nucleares podem ser representadas de forma análoga às reações químicas. A
seguir, temos alguns exemplos de reações nucleares:

256 ∗
92U
256 ∗
238 234 4 92U
94Pu → 92U + 2α (i-2)
256 238 ∗
92U 94Pu → 234 92U1 + 2α
4
1 235 ( 236 ∗ ) 141 92
0 n + 92 U → 92U → 236 Ba
56 ∗ + 36 Kr + 3 0 n + E
238 U
92234 4
1 Pu → 92236
94235 UU +∗ 2α 141 92
3 10n + E
2 0n + 3 25692∗U4 → ( 92 1 ) → 56Ba + 36Kr + (i-3)
1H + 1238 H →
92U 2 He +
234 0 n + 4 E
1 235 94Pu∗ → 141
236 92U + 2α92 1
0n + 92U → ( 92U ) → 2
1H U
256 +∗ 11H →3642Kr
56 Ba
3 + He++3 010n n++E E
18 1 234 18
1
238
8
235 94
O +
Pu →
1 p
236
→ ∗ U 9+F
92 →4
141α 0 n + E92 1
0n + 92U → 2 ( 923U ) → 4 56Ba + 36Kr + 3 0n + E
92 2
1H + 1H →18 2OHe+ +1p10n→ + 18
E 1 (i-4)
1 235 236 ∗ ) 94
238
18
O3Pu141→
(p, 8 234
18
n)4+92 U + 42α 19F → 0n + E
F92 1
n + U → ( U
2
92 H + H 56→ Ba Kr
1 + 3 n + E
11 → 218 He36 + 1n + E
0 92 0
1
1 235
18
8 O+ 236 1 p∗ → 9141 F →180O 0 n(p,
+92n)
E 18F 1
7 U 3→ ( 0 4 −U ) →
0n +2H92 Ba + Kr + 3 0n + E
71
Be + e
92 → Li +56 ν + γ36
1 4+ 118 HO−1→+ 21He p →+3 018nF++E1n + E
8 1
18 9
7 n) 18F0 −
O (p, 0
7 (i-5)
2
H + 3
H →4 Be 4 + −1e1 → 3Li + ν + γ
He
−λt + n+E
18 11 N = 118 N0 e 21 0
8O + 1p → 189O F → 0n 18 +E
7 0 −(p, n)7 F
4Be + e → Li + 1ν +N γe−λt
→ 18F →N =
18 −1 1 3
18 O + 1T p 18 0n + E
0
7 8O (p, n)
4 Be + 0 1−�2 F 97
e → Li
3−λt + ν + γ (i-6)
−1
N =
18 (p, N 0 e T
7 0 − O
7N n) 18F 1�2
4Be + −1e →N 3= Li +N0 eν−λt+ γ
T
2− �2 7
1
7
4NBe + −10e−λt → Li + ν + N γ (i-7)
= N0 e T1 3
1 N �N 2 2
∙ N ==NN e−λt
21� 2
T 40 1 N N
2 2
N
∙ =
T21 2 2 4
1 N 2 o
A equação i-2Ndescreve � N decaimento espontâneo do plutônio-238 que, após a emissão
∙ =
de uma partícula 2α,21 seN2transforma
4
N no urânio-234.
∙ N=
Na equação i-3,2 um 2 núcleo
4 de urânio-235 absorve um nêutron e se transforma em
1 N N 2
urânio-236, num ∙ estado
= excitado; em seguida, este se divide em dois núcleos menores,
2 2 14N N
bário-141 e criptônio-92,∙ = emitindo 3 nêutrons. Esta reação é denominada fissão e desprende
2 2
uma grande quantidade de energia.4
Na equação i-4, temos a reação entre um isótopo de hidrogênio com 1 próton e 1 nêutron
(o deutério, que pode também ser representado pelo símbolo D) e outro isótopo do hidrogênio,
com 1 próton e 2 nêutrons (o trítio, também representado por T). Os dois núcleos se fundem
em um núcleo de hélio-4, emitindo 1 nêutron e grande quantidade de energia. Essa reação
leva o nome de fusão e é uma das principais fontes de energia do Sol e das estrelas.
A equação i-5 descreve o bombardeamento do oxigênio-18 por um próton, resultando
em flúor-18, emissão de um nêutron e de energia.
A equação i-6 é uma forma simplificada de descrever a reação da equação i-5: estão
indicados o núcleo inicial, as partículas envolvidas (entre parênteses) e o núcleo final.
Na equação i-7, temos um exemplo de captura eletrônica: o núcleo de berílio-7 absorve
um elétron de sua própria nuvem eletrônica, transformando-se em lítio-7 e emitindo um
neutrino e energia na forma de radiação γ.

11
94 92
2 3 4 1
18 1H + 11H → 2He18+ 0n + E1
8O + 1p → 18 9F → 0 1
n + E 18 10n + 1235 236 ∗ 141 92 1
92U → ( 92U ) → 56Ba + 36Kr + 3 0n + E
18 1 18 8O1 + 1p → 9 F → 0 n + E
8 O + 1 p → 9F → 0 n + E 2 3 4 1
1H + 1H → 2He + 0n + E
Decaimento radioativo 18 (p,
O n) 18
F 18 (p,
18 (p,
O n) 18F O n) 18F 18
8O + 1p → 18F → 1n + E
1 9 0
Durante o decaimento7Be
radioativo,
0 −− 7oLi número
7+ ν + γ N de radioisótopos diminui com o tempo
4 4Be++ −1
−1ee →→ Li + 0ν + γ 7
7 0 18 (p,
3 3 O n) 18F
t, a partir de um número inicial N0, segundo
7
4Be + −1 umae lei

→ 3exponencial:
Li + ν + γ
7 0 −
N = N0 e−λt 4Be + −1e → 73Li + ν + γ
N = N0 e−λt
T1� N = N0 e−λt i-8 N = N0 e−λt
2
O tempo necessário para ocorrer oT1decaimento de metade dos núcleos T1� em uma amostra é
N �2 T
denominado meia-vida e representado pelo
2
símbolo �2 . Assim, se no início de uma observação
1
2

existem N núcleos radioativos na amostra, após uma meia-vida restarão N2 núcleos radioativos;
1 N NN
depois de 2 meias-vidas, restarão 2 ∙ 2 =2 4 núcleos N
radioativos, e assim
1 N
por
N
diante. A Figura
I-2 mostra a variação do número de núcleos radioativos
2 em função do 2 2tempo.
∙ =
4

Figura I-2: Variação do número 1de∙ núcleos


N
=
N
radioativos
1 N N em função do tempo, em um
caso de decaimento espontâneo 2 2 4 ∙ =
2 2 4
N
Número de núcleos

N/2

N/4

N/8
T 2T 3T Tempo
½ ½ ½
Fonte: R. P. de Carvalho e S. M. Velasques de Oliveira – Aplicações da Energia Nuclear na Saúde – IAEA, SBPC,
2017 – Disponível em: <http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf.>. Acesso em jan/2019.

Obtenção de radioelementos
Os radioelementos encontrados na Natureza são aqueles cuja meia-vida é maior
que a idade da Terra, pois os outros decaíram para um núcleo estável. Encontramos
também radioelementos naturais de meia-vida mais curta, que fazem parte da cadeia
de decaimento dos elementos de meia-vida mais longa. Por exemplo, o rádio-228
(T½= 5.8 anos) existe na Natureza porque provém do decaimento do tório-232 (T½=14 ∙ 109 anos).
Temos ainda radioelementos de meia-vida mais curta que a idade da Terra formados na alta
atmosfera pelo bombardeamento das moléculas ali presentes por raios cósmicos.
Outros radioisótopos podem ser obtidos artificialmente por bombardeamento com
partículas carregadas ou nêutrons. Muitos são também formados nas reações de fissão
provocadas pelo homem; quando isso ocorre em reatores nucleares, os produtos de fissão
podem ser reaproveitados para outros usos. Testes e explosões nucleares ocorridos no século
passado lançaram radioelementos na atmosfera terrestre, sendo que os de meia-vida mais
longa ainda estão presentes em todo o planeta.
Quando os radioisótopos presentes na atmosfera, sejam eles de origem natural ou antropogênica,
caem sobre o solo, são chamados FRNs (do inglês Fallout RadioNuclides, radionuclídeos de queda).
A Tabela I-2 mostra alguns radioelementos, sua origem e valor da meia-vida.
Tabela I-2 – Origem e meia-vida de alguns radioelementos
Radioelemento Meia-vida Origem
232
Th 14 ∙ 109 anos
238
U 4,5 ∙ 109 anos Meia-vida comparável à idade da Terra
40
K 1,3 ∙ 109 anos
14
C 5.730 anos
3
H 12,3 anos Formados na alta atmosfera
7
Be 53 dias

12
Radioelemento Meia-vida Origem
210
Pb 22,2 anos Produto de decaimento do 238U
239
Pu 24 ∙ 103 anos
137
Cs 30 anos Formados em testes e explosões nucleares
90
Sr 28 anos
60
Co 5,3 anos
Obtidos em reatores para uso na Medicina ou na Indústria
131
I 12 dias

Obtenção de feixes de radiação ionizante


Para se obter artificialmente os radioisótopos, são necessários equipamentos para produzir
os feixes de partículas ou radiação, que promovem as reações nucleares.
Os feixes de partículas carregadas são obtidos em aceleradores lineares ou cíclotrons,
como mostrado na Figura I-3.
Figura I-3: Obtenção de feixes de partículas carregadas B

bomba
+/- de vácuo
alvo

+
E
A B C D E F
fonte de
-/+
partículas

(A) (B)
A: Num acelerador linear, um filamento metálico é aquecido para separar elétrons dos átomos do metal; esses elétrons
são acelerados em regiões com campos elétricos alternados e sincronizados com o movimento dos elétrons, de modo
a acelerá-los sempre na mesma direção. Feixes de prótons podem ser obtidos de forma semelhante. Os feixes são
concentrados usando-se campos magnéticos. B: Num cíclotron, ao mesmo tempo em que são aceleradas, as partículas
carregadas são desviadas por campos magnéticos, percorrendo uma trajetória em espiral. A cada volta, os valores de
campo elétrico e magnético são ajustados para aumentar a energia do feixe. Fonte: R. P. de Carvalho e S. M. Velasques
de Oliveira – Aplicações da Energia Nuclear na Saúde – IAEA, SBPC, 2017. Disponível em: <http://portal.sbpcnet.
org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>. Acesso em jan/2019.

Os feixes de nêutrons são obtidos no interior de reatores de fissão, que produzem nêutrons
de alta energia. Eles são moderados (têm sua energia cinética reduzida) por material rico em
hidrogênio contido no reator, em geral, água ou água pesada (contendo isótopos pesados de
hidrogênio). As colisões dos nêutrons com núcleos de massa semelhante (hidrogênio ou deutério)
fazem com que a energia seja repartida. Outra forma de se obterem nêutrons é o uso de reações
indiretas, em que partículas carregadas incidem sobre um alvo e provocam uma reação, emitindo
nêutrons. Existem também alguns radioisótopos que decaem com emissão de nêutrons.
Os raios-X podem ser obtidos por desaceleração de partículas carregadas ou por
bombardeamento. Quando essas partículas são desaceleradas, há uma emissão de raios-X,
no fenômeno conhecido como bremsstrahlung, palavra alemã que significa radiação de
frenamento. Esse efeito é obtido lançando-se as partículas contra um alvo. Ao mesmo tempo,
elas deslocam elétrons das camadas mais internas dos átomos desse alvo; elétrons de níveis
mais altos “caem” para ocupar o lugar dos elétrons arrancados, emitindo raios-X de energia
correspondente à diferença de energia entre o estado inicial e o final do elétron.

13
Interação da radiação com a matéria
As formas de interação da radiação com a matéria dependem do tipo de radiação: fótons
(radiação eletromagnética), partículas carregadas ou nêutrons.
A radiação eletromagnética (fótons) interage com a matéria em 3 diferentes formas, de
acordo com a sua energia: o efeito fotoelétrico, o efeito Compton e a formação de pares
(Figura I-4).
No efeito fotoelétrico, um fóton incide sobre uma superfície metálica e arranca um
elétron pertencente a um átomo da superfície. Esse fenômeno ocorre para energias mais
baixas do fóton.
Em energias intermediárias, um fóton e um elétron livre ou fracamente ligado a um
átomo se comportam como duas partículas que se chocam, modificando suas trajetórias e
obedecendo as leis de conservação da energia e da quantidade de movimento. Esse fenômeno
é denominado efeito Compton.
Se a energia do fóton é bastante alta, pode ocorrer a formação de pares: o fóton
desaparece, dando surgimento a um elétron e um pósitron, obedecendo à lei de conservação
da massa-energia. Esse fenômeno ocorre nas proximidades de um núcleo, que recua,
obedecendo à lei de conservação da quantidade de movimento.
Pode também ocorrer o fenômeno inverso, a aniquilação de pares: um pósitron e
um elétron se aniquilam, gerando fótons de energia correspondente às massas e energias
do par. Embora não tenham origem nuclear, esses fótons são chamados radiação γ, devido
à sua alta energia.
Figura I-4: A: Ilustração do efeito fotoelétrico, B: do efeito Compton e C: da formação
de pares

fótons elétrons
incidentes arrancados fóton
desviado

fóton
incidente
elétron
livre

elétron
desviado
fóton
(A) (B)

e-

(C)

e+
Fonte: R. P. de Carvalho e S. M. Velasques de Oliveira – Aplicações da Energia Nuclear na Saúde – IAEA, SBPC,
2017 – Disponível em: <http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>. Acesso em jan/2019.

14
As partículas carregadas interagem com os átomos principalmente arrancando elétrons
(ionização) ou transferindo-os para níveis de energia mais elevados (excitação). Durante a
interação, elas sofrem desaceleração e emitem radiação eletromagnética.
Os nêutrons, por não possuírem carga elétrica, interagem com os núcleos através de
espalhamento (choque com troca de energia) ou captura, quando levam o núcleo a um estado
excitado e provocam reações nucleares ou fissão do núcleo.

Detecção da radiação ionizante


Os detectores de radiação usam como meio de detecção as formas de interação da radiação
com a matéria e, em geral, transformam os sinais obtidos em seu interior em imagens ou
pulsos elétricos, que podem ser medidos e analisados.
A primeira forma de detectar radiação foram os filmes com emulsão fotográfica. A
emulsão consiste em grãos de sais de prata, que são ionizados pela passagem da radiação. A
prata se transforma em prata metálica, e se pode ter uma imagem mostrando a trajetória da
radiação. Esta forma de detecção ainda é usada em casos especiais.
Atualmente, os detectores mais comuns contêm gás, que é ionizado pela passagem da
radiação; os íons se deslocam sob a ação de uma diferença de potencial, provocando um
pulso elétrico que pode ser medido. O detector de gás mais conhecido é o contador de
Geiger-Müller (Figura I-5).

Figura I-5: Esquema de um contador de Geiger-Müller

gás hélio, neônio ou


argônio a baixa pressão
eletrodo positivo
(fio central)

fonte pulso
radioativa elétrico
+ -
450 V
elétrico
pulso

pulso
janela fina elétrico
de mica eletrodo negativo
(tubo de alumínio)
medidor

A radiação ioniza o gás contido em uma câmara; os íons se deslocam sob a ação de uma diferença de potencial entre
a carcaça e um fio central, provocando um pulso elétrico que é registrado em um medidor externo.
Baseado em: R. P. de Carvalho e S. M. Velasques de Oliveira – Aplicações da Energia Nuclear na Saúde – IAEA,
SBPC, 2017 – Disponível em: <http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>. Acesso em jan/2019.

15
Detectores mais modernos usam cristais cintiladores, que emitem luz após a passagem
da radiação; os fótons emitidos geram elétrons, que são multiplicados e medidos em um
circuito externo (Figura I-6).
Figura I-6: Esquema de um detector cintilador

partícula Detector
carregada cintilador

Fótons

guia de luz

fotocatodo

fotomultiplicadora
dinodos

O cristal cintilador emite fótons com a passagem da radiação; ao incidir sobre o fotocatodo, os fótons geram elétrons
devido ao efeito fotoelétrico. Os elétrons emitidos são acelerados e se chocam contra placas metálicas (dinodos), de
onde arrancam outros elétrons. O feixe de elétrons, assim multiplicado, forma um pulso elétrico, que é analisado por
um circuito externo.
Fonte: R. P. de Carvalho e S. M. Velasques de Oliveira – Aplicações da Energia Nuclear na Saúde – IAEA, SBPC,
2017 – Disponível em: <http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>. Acesso em jan/2019.

Outro tipo de detecção é feito usando-se materiais semicondutores: neles, a radiação


ioniza um cristal semicondutor e os elétrons emitidos ficam retidos em níveis de energia
não ocupados, em impurezas do cristal. Esses elétrons podem ser liberados, por exemplo,
com o aumento da temperatura do cristal e, ao voltar para seus níveis de energia originais,
emitem fótons, que podem ser transformados em pulsos elétricos.

16
CAPÍTULO II - ISÓTOPOS ESTÁVEIS

Quase todos os elementos possuem diversos isótopos (núcleos com o mesmo número
de prótons, porém número diferente de nêutrons), ocorrendo na natureza 1
1H
em diferentes
proporções. Alguns são estáveis, outros emitem radiação de tipo, energia e meia-vida bem
16
definidos. Como veremos a seguir, é possível usar a proporção de11Hisótopos8O estáveis para se
determinarem certas características das substâncias e compostos formados por
2
esses elementos.
16
1H
1
1H 8O
1
Isótopos da água 1H
2 17
8O
16
8O 1H
1 16
As moléculas de água (H2O) são principalmente formadas por e , mas existem 1H 8O
17 18
pequenas proporções de moléculas formadas por 1H (deutério),
2 ou . A Tabela II-1 8O 8 O
16 2
mostra a abundância média dos isótopos estáveis de hidrogênio e de oxigênio. A determinação 8O 1H
17 (ROsample − R std )
18
desses valores médios é feita usando-se água do mar. 8O δ 1000 = 8 2H 17 ∙
1 R std8O
18 1
Tabela II-1 – Abundância de isótopos estáveis em8OáguaH (R sample − R std ) 1
δ11 = do mar 17 ∙18
1000 O
[heavy
R std 8isotope 8Oconcentration]
isótopo 11deoxigênio abundância relativa (R sample 1
H R = abundância relativa
H isótopo − R16 16
18de
O )hidrogênio
std [light isotope concentration]
δ= 8 ∙ 1000 18
[heavy isotope (R O − R std )
concentration]
sample
R std R =16 δ=
8
∙ 1000
1
18H
16
O 0,99985 28O
2
o⁄
R oo 0,99757
1H
1 [light isotope concentration] std
[heavy isotope concentration] (R sample − R std )
16
28O R = 2 δ = 18
o⁄Rδ Oisotope = −10 ∙ 1000
o⁄
oo
1H 0,00015 18H
17
17
[light isotope concentration] O [heavy oostd concentration]
0,00038
8 R=
(R sample[light−isotope R std ) concentration]
2 o⁄ 17 δ 18O
O [heavy = −10 oconcentration]
isotope ⁄oo ∙ 1000 = −10
18H
17
O oo R
18
188
8=O R std 0,00205
8 o⁄
(R [light isotope
− R std ) concentration]
oo
δ 18(R 18sample
o
17
O
Os valores1888padrão
O O = −10
para as abundâncias relativas de hidrogênio e O⁄Roostd ) naRágua
oxigênio
− ∙ 18
1000 do= = −10
mar sãoo medidos nos
laboratórios da IAEA (International Atomic Energy δAgency, = sample
sample 8
Agência Internacional
R
stdstd ∙ 1000 oδ
sample⁄oo = 0,99R
deOEnergia ⁄std
−10 Atômica),
oo em
18 (R sample − R std ) R std
std
Viena, Áustria, usando
(R sample 8−OR std ) uma mistura de água dos cinco continentes,
(R sample − R std
∙ 1000 e são
=)(R −10 conhecidos − [R18 pela) sigla VSMOW
∙ 1000 Mean Ocean Water, Padrão
δ =(do inglês Vienna Standard δR=stdMédio de Viena R sample
de δ∙ 18 O==0,99R
1000
sample
Água do −10 o⁄O]
std
Oceano).
std oo ∙ 1000 = −10
R std [heavy isotope R std concentration] R std [ 16O]
(R sample − R std ) R= (R sample − 18 R std )
δ= ∙ 1000 [light
R[heavy isotope concentration]
= 0,99Rconcentration] [ O] ∙ 1000 = −10
A proporção de isótopos estáveis δ em uma determinada amostra é dada com relação à
R std concentration]
[heavy isotope
sample isotope std
R std[ 16RO]sample𝛿𝛿𝛿𝛿 18= 𝑂𝑂𝑂𝑂 0,99R std
R= R =
proporção na amostra padrão:
[light isotope concentration] [light isotope
18 o⁄
[ O] oo
o⁄ concentration]
oo
[heavy isotope concentration] δ = 0 o⁄oo
R= 18 o R sample 𝛿𝛿𝛿𝛿 18 = 0,99R
𝑂𝑂𝑂𝑂 [ 18stdO]
o⁄ concentration] δ [
18 16 OO] = o⁄−10 o⁄oo
[light isotope oo oo oo δ1 (vapour) 16 = −13 o⁄oo
δ = 0 o18 [ O]
(R amostra − R padrão18 ) o,⁄ [
⁄oo
O]
18
δ O =o⁄−10 o⁄oo δ= (R sample
sample δ −𝛿𝛿𝛿𝛿 OR
18
= )
−10
∙ 1000 oo
std
𝑂𝑂𝑂𝑂
std δ1 (rain) = −3 o⁄oo
oo R padrão ∙ 1000 = −10 [ 16 O] o⁄oo𝛿𝛿𝛿𝛿 𝑂𝑂𝑂𝑂 o
18
δ1 (vapour) = −13
Rδstd
std
(R sample − R std
= 0 o⁄
oo ) δ2 (vapour) = −15 ⁄oo
(R sample −OR=
δ 18 ) o⁄oo
std−10 o⁄δ = 0 o⁄
∙ 1000 = −10 [concentração doRisótopo ∙ 1000
pesado]
o⁄
=
δ1 (rain) −10= −3 18 oo oo
R std R
δ1 (vapour)
std = −13 = 0,99R
oo 𝛿𝛿𝛿𝛿
δ 𝑂𝑂𝑂𝑂
(rain) = −5 o⁄oo
(R sample − R std ) R = sample
sample std
std 2
[concentração do isótopo 17 leve]
δ2 (vapour) =δ1−15
δ = 0 o⁄oo12
(vapour)o⁄ = −13 o⁄
oo oo
∙ 1000 = −10 δ1 (rain) = −3 o⁄oo
R
R sample = 0,99R std R sample[ 18O] =
18 0,99R C
⁄oo 6 = −3 o⁄oo
std std = −5
δ2 (rain) δ1o(rain)
δ2 (vapour) = −15 o⁄
oo δ1 (vapour) = −13 o⁄oo
(R amostra − R padrão ) 16
[ 16O] 12 13 o
(R (R 18
O −−
amostra
sample
R padrão
R std ) )
δ=δ = 8R ∙ ∙1000
1000
R std
padrão (R sample − R std )
(R sample − R std ) δ= ∙ 1000
δ = [concentração ∙ 1000 R std
(R
[heavy − Rdo
isotope isótopo
) pesado]
sendo (Rδ=
R R ==
amostra
R std
amostra
− R padrão ) concentration]
padrão
∙ 1000 .
δ= [concentração
[light padrão do
Risotope isótopo leve]
∙concentration]
1000 [heavy isotope concentration]
[heavyRisotope
padrão concentration] R=
R= [light isotope concentration]
A unidade de δ concentration]
[concentração
[light isotope é do oo (partes
o⁄ isótopo por mil).
pesado]
[concentração
R =(R amostra − doRisótopo
padrão ) pesado]
R = Por exemplo, se tivermos
[concentração do isótopoo⁄ uma
∙ 1000 amostra
leve]
= −10 em que δ 18O = -10 o⁄oo , isso quer dizer que:
[concentração δo⁄18
doOisótopo
R padrão
oo = −10 leve] oo
δ 18O = −10 o⁄oo
(Rδ sample
18 − R std
o⁄ )
(R amostraROamostra
−=R−10 )oo∙ 1000
= 0,99R
padrão = −10
padrão
(R amostra − R padrão
R ) ∙ 1000 = −10 (R sample − R std )
R
(R sample −padrão
R ) std ∙ 1000 = −10
R padrão std ∙ 1000 = −10 ∙ 1000 = −10
R std
R std Rδ1 (vapor) = = −13 o⁄
0,99R oostd
R amostrasample= 0,99R padrão
R amostra = δ0,99R padrão
1 (chuva)
o
= −3 ⁄oo R sample = 0,99R std
R sample = 0,99R std
[ 18O] o
δ2 (vapor) = −15 o⁄ ⁄oo
δ1 (vapor)
δ1 (vapor) [=18 −13
=
o
O] oo[

−13
16 O] oo [ 18O]
o
ou seja, a razãoδ1[(chuva)
16O] o na
= −3amostra
δ2 (chuva) = −5 o⁄ ⁄oo
oo é 1% menor que essa
1
razão no
[ 16padrão.
O]
δ1 (chuva) = −3 ⁄oo
𝛿𝛿𝛿𝛿 18𝑂𝑂𝑂𝑂 1H
δ2 (vapor) = −15 oo o⁄
Observa-se
δ2 (vapor) = que 𝑂𝑂𝑂𝑂 δas
−15
𝛿𝛿𝛿𝛿 18 o⁄ moléculas
0 o⁄oo
=oo contendo isótopos
16
mais leves𝛿𝛿𝛿𝛿 18têm
𝑂𝑂𝑂𝑂 mais probabilidade de
o 8 O
evaporar ou de δ2 participar
δ2 (chuva)
δ=
(chuva) = −5 ⁄de
δ= 0−5 o⁄ o⁄oo = −13 o⁄oo reações químicas, porque as ligações
δ = 0 ⁄oo moleculares são mais
o
1 (vapour) oo oo
facilmente quebradas. Pela mesma razão, as moléculas
2 com isótopos mais pesados têm mais
δ1 (vapour)δ= −13 o⁄ −3 o⁄oo 1H δ1 (vapour) = −13 o⁄oo
1 (rain) =oo
probabilidade de permanecer em fases condensadas.
= −3 o⁄oo δ1 (rain) = −3 o⁄oo
A partirδ1dessas
(rain)
δ2 (vapour) = −15 o⁄oo pode-se estudar 17
observações, a8Ovariação de δ no trajeto descrito pela
água desdeδ2a(vapour)
evaporaçãoδ= −15 ⁄oonos
o o oceanos até a formação deδ2rios = −15 opela
e lagos
(vapour) ⁄oo chuva. A Figura
2 (rain) = −5 ⁄oo
18
II-1 dá um exemplo desse 8O
oo trajeto. A mudança da distribuição isotópica
= −5 o⁄oodurante um processo
δ2 (rain) = −5 o⁄ δ2 (rain)
12
6 C
de vaporização / 12 condensação é chamada fracionamento (R −R )
de 12 Rayleigh.
6C sample std C
13
C δ= ∙ 10006
Figura II-1: variação
13 de6 δ O no ciclo da água R std
18

6C
13
6C
14
7N [heavy isotope concentration]
14 R=
7N [light isotope concentration] 14
7N
15
7N (R amostra − R padrão )
15
7N
δ = (R amostrao⁄− R padrão )∙ 1000
15
δ= oo
R padrão 7N
∙ 1000
(R amostra − R padrão ) 32 R padrão
16S
δ = (R amostra − R padrão )∙ 1000
32
S δ 18O = −10 o⁄oo
δ= R padrão ∙16
1000 [concentração do isótopo 32
16S
R padrão 34 R =(R[concentração
chuva vaporpesado]
do isótopo pesado] chuva
16S leve] = -5 ⁄oo
δ o
34 R = δsample − R
[concentração )
= -3 o⁄oo std ∙do = -15 ⁄oo
δisótopo o
vapor
[concentração do isótopo16 S
pesado] [concentração do isótopo
1000 = −10 34leve]
R = [concentração do isótopo
δ = -13pesado]
o
⁄oo v R std 16S
R = [concentração do isótopo leve]����⃗ o
[concentração do isótopo vo
����⃗leve] (R amostra − R padrão )
(R amostra − R padrão
R sample )∙ 1000
= 0,99R vo
����⃗
std = −10
�⃗
E R padrão ∙ 1000 = −10
(R amostra − R padrão ) �⃗
E R padrão
(R amostra − R padrão )∙ 1000 = −10 [ 18O] �⃗
E
R padrão ∙ 1000 = −10 R amostra = 0,99R
R padrão R amostra[ 16
=O]0,99Rpadrão
padrão
mar
R amostra = 0,99R δ= 0 o⁄oo
R amostra = 0,99Rpadrão
padrão
18
𝛿𝛿𝛿𝛿 =𝑂𝑂𝑂𝑂−13 o⁄
δ1 (vapor) oo
δ1 (vapor) = −13 o⁄oo
O padrão é dado pela composição isotópica da água do mar, o
δ = 0
δ1 (chuva) = −3 ⁄ oo .o⁄Aooevaporação prioriza o isótopo mais leve:
δ1 (vapor) = −13 oo⁄oo δ1 (chuva) = −3 o⁄oo
δ1 (vapor) = −13 ⁄oo . As nuvens se deslocam para o continente, onde o vapor se condensa em chuva e ocorre o inverso:
δ1δ(vapour)
(vapor) = = −15−13 oo⁄⁄oo
δ1 (chuva) = −3 oo⁄oo . Novamente a água se evapora, com δ22 (vapor) = −15 o⁄oo oo e as nuvens são carregadas pelo vento
δ1 (chuva) = −3 ⁄oo o⁄o⁄ .
para o interior do continente, onde se condensam dando δ (rain) ==−3
δ21(chuva) −5 oooo
δ2 (vapor) = −15 oo⁄oo δ2 (chuva) = −5 o⁄oo
δ2 (vapor) = −15 ⁄oo
δ2 (vapour) = −15 o⁄oo
δ2 (chuva) = −5 oo⁄oo
Isótopos estáveis em matéria orgânica
δ2 (chuva) = −5 ⁄oo
δ2 (rain) = −5 o⁄oo
O estudo da origem ou do transporte de matéria
12 orgânica pode ser feito usando-se as
6C
razões isotópicas de carbono, nitrogênio ou enxofre, além das de hidrogênio e oxigênio
mostradas anteriormente. A Tabela II-2 mostra a razão
13
6C
entre os principais isótopos estáveis
desses três elementos.
14
7N

15
18 7N

32
16S
δ = 0 o⁄oo
δ = 0 ⁄oo R sample ==0,99R
δ2 (vapour) −15 o⁄ std
δ2 (vapour) = −15 o⁄oo
oo
δ1 (vapour) = −13 o R sample = 0,99R std 13
C
δ1 (vapour) = −13 o⁄oo

oo δ (rain) = −5 o⁄
δ22 (rain) = −5 o⁄oo oo
13
6C
6 [ 18O]
18
Tabela
δ11 (rain) II-2
δ (rain)
= −3 –
= −3 o⁄Abundância
o⁄oo relativa de [ O]
12 isótopos de carbono, nitrogênio
14 e enxofre [ 16O]
oo 12C [ 18O] 7N
14
1666C 7N
o
δ2 (vapour) = −15 o⁄oo [ O]
Isótopo
δ2 (vapour) de ⁄oo Abundância
= −15 Isótopo13 de[ 16O] Abundância Isótopo
15 de Abundância 𝛿𝛿𝛿𝛿 18𝑂𝑂𝑂𝑂
o 13 6 C
C 15
7 N
N
carbono
δ2 (rain)
δ2 (rain)
= −5 o⁄
= −5 ⁄oooo relativa nitrogênio6
𝛿𝛿𝛿𝛿 18𝑂𝑂𝑂𝑂
relativa enxofre
7 relativa
12 14 𝛿𝛿𝛿𝛿 18𝑂𝑂𝑂𝑂 32 δ = 0 o⁄oo
126C 0,9893 14 7N 0,99636 32S 0,9502
6C δ = 07N o⁄
oo 16S
16
δ = 0 o⁄oo δ1 (vapour) = −13 o⁄oo
13
6C
13 0,0107 δ (vapour)15
15N o 0,00364 34
34S 0,0421
6C 7N−13 ⁄oo 16S
7= 16
1 o⁄
δ1 (vapour) = −13 oo δ1 (rain) = −3 o⁄oo
valores14 32 o⁄ isótopos são
O 14 de
referência para as
7N
abundâncias
δ1 (rain) =S
relativas
32
S−3
dosoo medidos pelo laboratório
vo
����⃗
v
����⃗ IAEA, em Viena,
7N o
16
16δ1 (rain) = −3 ⁄oo o δ2 (vapour) = −15 o⁄oo
que fornece as amostras padrão. O padrão para o carbono é medido na belemnita, rocha calcária oriunda de fósseis
15 proveniente da formação δgeológica o ⁄oo
2 (vapour)16 =S −15
marinhos, 34
157N δPee
34 Dee na
2 (vapour)
S =Carolina
−15 o⁄oodo Norte (EUA), ��⃗⃗ e leva o nome de VPDB
E o
(Vienna-Pee7N Dee Belemnite); o padrão para o nitrogênio
16 E
é estabelecido usando-se ar atmosférico e levaδo2 (rain)
nome =de−5 ⁄oo
δ2 (rain) =δ−5 o⁄ o⁄
AIR; para32 o enxofre, usa-se o padrão VCDT (Vienna-Canyon
v
����⃗ oo= −5Diablo
(rain) oo Troilite), medido em meteoritos encontrados
16S
32 v
����⃗o2 12
16 S
na região de Canyon Diablo (EUA). 2 o 6C
12
34 6E
��⃗⃗C 12
6C
16S
34
S E
Medida das variações isotópicas
16 13
6C
13 13
v
����⃗
Observando
voo
����⃗ C
as Tabelas II-1 e II-2, verifica-se
6 6Cque, para muitos elementos, a razão entre as
14
concentrações naturais dos diferentes isótopos tem ordens de grandeza de 10 -3 ou até menos. 7N
�E⃗ 14 14
N
�⃗
Por isso,Eos instrumentos de medida devem 7N ter7alta sensibilidade e precisão. Atualmente são
usados espectrômetros de massa ou de absorção por laser no infravermelho. 15
15 7N
15
7N 7 N
Espectrômetro de massa 32
32 �B⃗ 16S
A Figura II-2 mostra o esquema de 32
S S
16funcionamento 16 de um espectrômetro de massa (MS,
do inglês Mass Spectrometer), equipamento usado para se medir a quantidade de átomos com 34
34
S �B⃗ ����⃗
F 16S
determinada massa. 34 E
16S
16
O material a ser analisado é vaporizado e ionizado, e os íons são acelerados por um
�B⃗
campo elétrico, adquirindo uma velocidade ����⃗ vo . Na figura, ����⃗
FE o íon mostrado ����⃗
F
voe
é negativo����⃗
sua velocidade é horizontal, vo
����⃗ B
�B⃗ para a direita.
O feixe �⃗ �B⃗ onde existe�⃗um campo elétrico E �⃗
FE iônico então passa por um filtro de velocidades,
����⃗ E �⃗ ����⃗
F B F = qE
e um campo magnético �B⃗ . Na figura, E �⃗ é vertical,B de cima para baixo, e �B⃗ é perpendicular
B E
à página e penetra nela. E ����⃗
F
����⃗
F ����⃗
FE FE = qE v
Nessa Bregião, cada íon
����⃗
FE FEuma força elétrica ����⃗
negativo está sujeito a����⃗ FE , ����⃗
vertical
FE
para cima,
e a uma força magnética F ����⃗
B
, vertical para baixo. A força elétrica é proporcional à carga q do
íon ( FE = qE ), e a força magnética, à carga e à velocidade ����⃗
F v do mesmoF ( FB = qvB ). Por isso
B
����⃗
F ����⃗
����⃗
F
é possível regular os valores dos campos para que as forças elétrica e magnética
B B F ����⃗ se cancelem
FE B= qE B
para íonsvcom determinada velocidade; essesFíons E = qE
seguirão em
FB = qvB F =mv linha reta e
2 alcançarão uma
abertura no final dessa FE = qE qE = qvB
FE região.
= qE E FER= qE
v
Depois do filtro de velocidades, os íons alcançam uma região onde existe somente
F = qvB v mv 2
B
o campo magnético, perpendicular à direção dav sua velocidade.
= qvB Esse campo v modifica
v o
v v
deslocamento do feixe FBiônico,
= qvBfazendo com que os íons R percorram uma R=m∙ trajetória circular,
cujomv
2
raio depende do valor da massa dos íons. FB Isso
= qvB pode ser deduzido se observamos qB que a
= qvB F = qvB v F B F qvB
=
F
forçaRmagnética é a força = qvB B
B 2 centrípeta que provoca o movimento circular = qvB
B de cada íon:
mv 2 R=m∙ 1 16 1
= qvB mv 2 qBmv 2 1H 8O 1H
v mv R
2 mv = qvB mv 2
R=m∙ R = qvB = qvB
= qvB R 1 =18 qvB 1
R R 1H 8O 1H
1 16 1
qB R v 1 H O
8 1 H
R=m∙ v
qB R = m ∙ 1vH 18O 1H 1 v16 1
1 16 1 v qB R = m ∙ 1H 8Ov1H
1 H O
8 1 H R=m∙ R=m∙ 1 8 1
R = m∙
qB
1 16 qB 1
qB qB
1H 8O 1H 1 16 1 1 16 1 2 16 2
1H 8O 1H

1 18 1
H O H
Os padrões para as razões isotópicas podem também 11H
ser16O 1H1H 8Opor
8fornecidos 1Houtras organizações
1 8 1
H 1 internacionais,
2
1 16 1
1 16 1 1H 8O
1 1H 81O 116
1HTechnology, Instituto
por exemplo, pelo NIST1H O H
1 8(National
18 1 Institute of Standards and H 8O21H de Padrões e
Nacional
1H 8O 1H
1 1
1H
2 16 2
1 16 1
1H 8O 1H
1 18 1 H O H
Tecnologia, 11H 18
EUA) ou pelo IRMM (Institute for Reference O 1H1 and
8Materials
1
8 1Measurements,
1 18 1Instituto para Materiais
H O H
1 18da1Comunidade Européia)
e Medidas de Referência,
1H
1 816O 1H1 1H 8O 1H 1 81 118 1
1H 8O 1H
1H 8O 1H 2 δ 18O
2 16 2
1 H O
8 1 H 1 16
11H 16
1
8O 11H 1 H 1 16 1
1 16 1 1H 8O 1H 1H 81O 116 H 1
1H
2 816
H OO 1H2
H 19 1H 8O 1H
2 1 8 1 13
2 16 2 δ C
2 16 2 18
1H 12H 168O 12H δ O
2 16 2 1H 8O 1H 1H 82O 116 H 2
1H 82 O 1H
H 1H 8O 1H
1
Uma placa detectora, colocada ao final da trajetória dos íons, informa a intensidade do
feixe para cada valor do raio, ou seja, para cada valor de massa.
Figura II-2: Esquema de um espectrômetro de massas

detector de velocidade

�B⃗

to s
����⃗
FE len
ai s
�B⃗ n sm
- ����⃗
F
ío �B⃗
B
����⃗
FE íon
FE = qE sm
ais ����⃗
FE
ráp �B⃗
����⃗
F B
ido
s
v ����⃗
F B
FE = qE ����⃗
FE
FB = qvB FE = qE
v ����⃗
F B
2
mv v
= qvB
FRB = qvB FE = qE
FB = qvB
2 v
mv
R=m∙ massa menor v
= qvB
qB mv 2
R = qvB
1 16 1 massa maior F
RB = qvB
1H 8O 1Hv
R=m∙ 2 v
1 18 1 qB mv
R = m ∙
1H 8O 1H separação de= qvB
massas
qB
R
1 16 1
1 H16 O1 H
O espectrômetro de H 88Otem
massas
1 1H o 1 16 1 v
inconveniente de ser um equipamento de grande porte
1H 8O 1H
e que exige blindagem, para1 18que 1 campos magnéticos externos =
R nãom ∙
interfiram na medida.
1H16
2 8O21H qB
1H 8O 1H
Além disso, se existirem íons diferentes, porém com a mesma razão1H 8Ocarga/massa,
1 18 1
1H eles serão
1 16 1
igualmente detectados. No1entanto,
H 28O 1H ele tem a vantagem de que o1H mesmo
16 1 equipamento pode
O H
1 H 11 168 11
ser usado para medir razões isotópicas em diferentes elementos, e1éHusado
8 1Hpara H, C, O, N ou S.
O
2 16 2
1H 18
8O 1H 1 18 1
H O H
δ de
Espectroscopia por absorção O laser 21 168 21
1H 8O 1H
2
Um outro equipamentoδ113 H
desenvolvido recentemente é o
1 16 1
1H 8O 1H
espectrômetro por absorção
C 2
H
1 no fato de que, quando
de laser (LAS, do inglês Laser 18
Absorption Spectrometer), que se baseia
2 16 2
δ O
iluminadas com laser que emite no infravermelho, as moléculas H 8O 1H
1 absorvem as frequências
18
δ O
correspondentes às suas vibrações
13
naturais. 2
As moléculas podem ser 15δ C
comparadas a sistemas massa-mola,13 H
1onde os átomos seriam
δ N δ C
as massas e as forças de ligação entre eles seriam as molas. Esses conjuntos
18
podem oscilar
por rotação das “massas”, compressão δ O
ou flexão das “molas”, com frequências de vibração
34
δ S
características de cada sistema, e que estão na faixa de frequências do infravermelho. Assim,
13
δ 15N que diferem pela presença de δ
se em uma amostra temos moléculas C do mesmo átomo
isótopos
15
em algumas delas, as frequências de vibração serão ligeiramenteδdiferentes,
N e isso pode ser
34
δ S da amostra.
observado no espectro de absorção
δ 34S
20 δ 15N

δ 34S
v mv 2
= qvB
A Figura II-3 mostra exemplos de espectros de absorção para amostras de água contendo
R
FB =Quanto
diferentes isótopos. qvB maior a massa do isótopo, menor a sua frequência de vibração.
v
Figura II-3: Espectros
mv 2 de R = m ∙
absorção no infravermelho de amostras de água
= qvB qB
R
1 16 1 (A) �B⃗ (B)
1H 8O 1H
v
R=m∙ �B⃗�B⃗ ����⃗
qB 11H 188O 11H FE H2O
Absorbância (u.a.)

Absorbância (u.a.)
�B⃗ ����⃗
����⃗
FFEE ����⃗
F
1 16 1 1 16 1
1H 8O 1H H B
1 8O 1H
����⃗
FE ����⃗
����⃗
FFBB FE = qE D2O/H2O (1/1)
1 18 1 2 16 2
1H 8O 1H 1 H 8O 1H
����⃗
FB FFEE ==qE
qE
1 16 1
v
H 2
1 8O 1H 1H
FE = qE vv D2O
FB = qvB
2 16 2
1H 8O 1H δ 18O
3662.6 3662.8
vFFBB ==qvB
3663.0 qvB3663.2 mv 2 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
2 = qvB
Honda (cm13 R
mv22δ ) C
Número 1qvB
FB =de -1
Número de onda (cm-1)
mv
==qvB qvB v
2Rδ 18
O RR R = m ∙ Baseado em: Vanderkooi, J. M. et al .: Biochimica
mv
Baseado em: van Trigt, .: Thesis Rijksunivesiteit Groningen
qB
= qvB vv
(2001) disponível em:R<https://www.rug.nl/research/portal/ et Biophysica Acta - Proteins and Proteomics, 1749
RR == mm ∙ ∙ (2), 214-233 (2005).
δ 13
files/3035350/thesis.pdf>. Acesso
C em jan/2019.
15qB qB 1 16 1
H 8O 1H
v δ N 1
R=m∙
No eixo horizontal temos oqB número
1
H 88de
16
1 16
11H
onda,
OO1111H que corresponde
1 18 1 ao inverso do comprimento de onda e, portanto, é
H 1H 8O 1H
δ 34S No eixo vertical temos a absorbância, em unidades arbitrárias. Em A,
proporcional à frequência da luz absorvida.
a amostra contém 11H 168O 11H e 1111HH18
18O 11H . Nota-se que
88O11H
1 o16pico
1H 8O 1H
1 de absorção do isótopo de menor massa está numa
1
H
δ 15
frequência mais alta (modo Nrotacional/vibracional). Em B, o espectro de uma amostra composta é comparado1 ao
1 18 1 11 16
1H 8O
espectro de uma amostra 1H de 11H
pura H 16
88OO1111HH e outra de 21H 168O 21H . Da mesma forma que no caso anterior, observa-se
16
que o isótopo de menor massa vibra com frequência maior (modo de estiramento simétrico). 3 8O
34
1 16δ 1 S 2121HH1616
1H 8O 1H 88OO2121HH 2
1H 2
1H
�B⃗ Os equipamentos
2 16 2LAS são22
compactos e fáceis de transportar, o que facilita seu uso em pesquisas
1 8 1 H O H
11H H 18
δ O a calcular automaticamente a razão entre
de campo. Para esse fim, eles são calibrados de forma 17os
8O
����⃗
FE
isótopos desejados.21Por
H isso, são
18
δδ OO
18 necessários equipamentos
δ 13C
diferentes para medidas em H 2
O, CO 2
18
ouF����⃗N O (medidas em H, O ou C ). Para as medidas em N ou S , usa-se o espectrômetro de massa.
8 O
B2
δ 18O δδ13
13C
C
FE = qE (R sample − R std )
Aplicações 13 δ= ∙ 1000
δ C R std
Isótopos
v do oxigênio δ 15N
FInformações
B = qvB
sobre águas superficiais
δδ15
15N e subterrâneas [heavy isotope concentratio
N δ 34S R=
[light isotope
A análise isotópica das águas de rios, lagos e reservas subterrâneas pode informar sobreconcentration
mv 2 15
oR movimento
= qvB δ Náguas;δδessa
dessas 34S informação é valiosa para se acompanhar e administrar a
34
S o⁄
oo
obtenção e o uso da água.
v 34
R = m Um

qB
exemploδ interessante
S está na Figura II-4, que mostra a razão isotópica δ 18O =para −10 o⁄oo
o lago Vitória, na África, assim como para os pântanos, rios e águas subterrâneas no seu
4

entorno.
1 16 1
1H 8O 1H A partir dos dados mostrados, é possível concluir que as águas (R lago−sofrem
dosample R std )
∙ 1000 = −10
evaporação
1 18 1 e precipitação, porém o lago não é abastecido pela reserva subterrânea Rnem
std pelos
1H 8O 1H
rios adjacentes. Além disso, pode-se também concluir que os pântanos são abastecidos pela
1 16 1
reserva
1H 8O 1H subterrânea, e não por fluxo lateral das águas do lago.
R sample = 0,99R std
2 16 2
1H 8O 1H
[ 18O]
2
3
(núcleo de hidrogênio com 1 próton e 1 nêutron) é chamado de deutério, para o qual se usa o símbolo D[. 16O]
1H
4
δO
18 lago Vitória é um dos grandes lagos africanos localizado entre a Tanzânia, o Quênia e Uganda.
O 𝛿𝛿𝛿𝛿 18𝑂𝑂𝑂𝑂

δ 13C δ = 0 o⁄oo
21
δ1 (vapour) = −13 o⁄oo

δ1 (rain) = −3 o⁄oo
δ 15N
Figura II-4: Razão isotópica δ 180 para o lago Vitória (África) e para as águas no seu entorno
4

Razão isotópica do oxigênio δ 180 (o⁄oo)


Lago
3
2
1
0
-1
Rios
-2
Pântanos
-3 Água
-4 subterrânea

A razão positiva para o lago indica que ele sofre principalmente evaporação e precipitação e não é abastecido pela reserva
subterrânea ou pelos rios, que tem δ 180 negativo. Os pântanos tem δ 180 negativo, indicando que são abastecidos pela
água subterrânea e não por transbordamento do lago. (Baseado em documento IAEA- Water Resources Program)

Isótopos do carbono
Origem do carbono na atmosfera
A presença de CO2 na atmosfera terrestre é principalmente devida à respiração dos seres
vivos ou à decomposição de seus restos. Embora a sua concentração seja baixa, esse gás é útil
porque provoca um “efeito estufa” benéfico, que impede que parte do calor do Sol absorvido
na superfície do globo escape novamente para o espaço. Isso ajuda a manter a temperatura
da Terra em níveis convenientes para a manutenção da vida. No entanto, se a concentração
de CO2 na atmosfera aumentar, pode ocorrer retenção excessiva de calor, resultando em
desequilíbrio do clima e prejuízo para os seres vivos.
A concentração de gás carbônico na atmosfera terrestre se manteve constante durante um
longo período de tempo, em torno de 0,028%. Porém, nos últimos 150 anos, tem-se notado
um aumento nessa concentração, que chega hoje a 0,040%, o que significa um aumento de
30% (Figura II-5). Através de medidas da razão isotópica do carbono é possível se estudar
a causa desse aumento.
Figura II-5: Variação da concentração de CO2 na atmosfera terrestre ao longo do tempo
Concentração (ppm)

400
CO2

350

300

250
1800 1900 2000
Ano
Baseado em dados da EEA (European Environment Agency, Agência Européia para o Meio Ambiente), disponíveis em:
<https://www.eea.europa.eu/data-andmaps/indicators/atmospheric-greenhouse-gas-concentrations-10/assessment>.
Acesso em jan/2019.

22
Ao lado disso, medidas de δ 13C na atmosfera, mostradas na figura II-6, indicam que
esse valor diminuiu com o tempo, embora tenha aumentado a concentração de CO2.5
Sabe-se que as plantas absorvem mais facilmente do ar o gás composto por isótopos
mais leves. A razão isotópica do carbono nas plantas é, portanto, diferente dessa razão na
atmosfera. Com o passar do tempo, as plantas mortas foram soterradas e transformadas
em combustíveis fósseis, guardando a mesma proporção isotópica. A queima desse
combustível, então, lança na atmosfera CO2 com uma proporção menor de 13C com relação
ao 12C. A diminuição do valor de δ 13C na atmosfera leva, portanto, à suposição de que
o aumento do gás carbônico lançado na atmosfera é devido à queima de combustíveis
fósseis, hipótese corroborada pelo fato de que essa tendência tenha sido notada a partir
do início da Revolução Industrial.
Figura II-6: Variação da razão isotópica δ 13C em CO2 da atmosfera, em função do tempo,
medida na Antártida (A) e na Austrália (B)

-7.4 (A)

-7.8
δ 13C (o⁄oo)

-8.2

-8.6

2000 2004 2008 2012 2016


Ano

-7.6
(B)
δ 13C (o⁄oo)

-8.0

-8.4
1995 2005 2015

Ano
Baseado em dados do NIWA (National Institute of Water and Atmospheric Research, Instituto Nacional de Pesquisas
Aquáticas e Atmosféricas, Nova Zelândia), disponíveis em: <https://www.niwa.co.nz/atmosphere/our-data/trace-
gas-plots/carbon-dioxide>. Acesso em jan/2019.

Tanto a concentração de CO2 quanto o valor de δ 13C em tempos passados podem ser inferidos através
5

de medidas feitas em anéis de troncos de árvores muito antigas, em corais e esponjas oceânicas ou no ar
preso em gelo nos polos.

23
Origem do carbono nos oceanos
Parte do gás carbônico lançado na atmosfera se dissolve nas águas oceânicas ou é
absorvido por microalgas, na superfície dos oceanos, e transformado em moléculas orgânicas.
Eventualmente o carbono de origem orgânica será depositado no fundo do oceano, sem
contato com a atmosfera.
O bombeamento de CO2 da atmosfera pelos oceanos é útil, para manter estáveis os
níveis de gás carbônico na atmosfera, porém o excesso desse gás dissolvido nos oceanos pode
provocar a acidificação dos mesmos, trazendo danos à vida marinha.
Atualmente verifica-se um aumento na concentração de CO2 nos oceanos, e análises
isotópicas de carbono em corais e esponjas indicam a diminuição no valor de δ 13C (Figura
II-7), o que pode ser mais uma evidência de que o excesso de gás carbônico é devido à
queima de combustíveis fósseis.
Figura II-7: Variação da razão isotópica δ 13C em CO2 de esponjas marinhas, em função
do tempo, medida na Jamaica

+4.9

+4.7
δ 13C (o⁄oo)

+4.5

+4.3

+4.1

+3.9
1800 1900 1960 1980 2000
Ano
Baseado em dados de F. Böhm et. al. [Earth and Planetary Science Letters 139(1-2), 291 (1996)], disponíveis em:
<http://www.realclimate.org/images/bohm_corals_13C.jpg>. Acesso em jan/2019.

Isótopos do nitrogênio e enxofre


As composições isotópicas do nitrogênio e do enxofre podem ser usadas para se determinar
a presença de poluição nas águas ou de agrotóxicos e excesso de antibióticos em alimentos
de origem animal ou vegetal. Isso é possível porque detergentes, medicamentos e produtos
químicos usados na indústria e na agropecuária contém grande quantidade de nitratos e sulfatos.
As reações químicas usadas para a produção dessas substâncias ocorrem de forma diferente para
isótopos de massas diferentes, e, portanto, há variação nos valores de δ 15N e δ 34S.
Medidas isotópicas podem informar se a origem do nitrogênio e do enxofre contidos
em águas e alimentos é natural ou devida a poluentes artificiais.

Agradecimentos: agradecemos a colaboração dos pesquisadores L. Araguas-Araguas


e Manfred Groening (IAEA) na elaboração deste capítulo.

24
CAPÍTULO III – APLICAÇÕES DA
ENERGIA NUCLEAR NA INDÚSTRIA

Os radioisótopos têm diversas aplicações industriais, por exemplo, nas indústrias químicas
e do petróleo ou na mineração. São usadas principalmente três técnicas: radiotraçadores,
sistemas de controle nucleônico e técnicas não destrutivas. Neste capítulo serão mostrados
alguns exemplos do uso dessas técnicas.

Radiotraçadores
Radiotraçadores são radioisótopos incorporados a um sistema e que podem ser
monitorados, indicando o movimento do fluido ou sólido a ser estudado. São muito usados
nas indústrias química e petrolífera, e também nos estudos de processos ambientais. Os
traçadores radioativos são interessantes porque os detectores são muito sensíveis, podendo-se
usar concentrações muito baixas do radioelemento. Na maioria das vezes se tem detectores
portáteis e as medidas podem ser feitas no local estudado.
O radiotraçador deve estar numa forma cujas propriedades físicas e químicas sejam
semelhantes às do material que se quer rastrear, e ter meia-vida compatível com o tempo de
medida: se a meia-vida for muito curta, não será possível preparar, transportar, introduzir
o traçador no local do teste e realizar a medida antes que a atividade caia a valores não
mensuráveis; se ela for muito longa, restará material radioativo no local, após o fim da análise.

Radiotraçadores na indústria petrolífera


Na indústria petrolífera, os radiotraçadores podem ser usados para a detecção de
vazamentos em tubulações, devido a falhas nas conexões ou rachaduras. Como nos campos
de petróleo normalmente se injeta água sob alta pressão, para facilitar a extração e transporte
do óleo, é comum se usarem radiotraçadores solúveis em água. Estes podem ser sais solúveis,
como o KBr contendo bromo-82, ou água tritiada (água onde um ou os dois átomos de
hidrogênio foi substituído por trítio).

25
O 82Br pode ser obtido através do bombardeamento com nêutrons do isótopo estável 81Br:
81 82
35Br + 10n → 35Br + γ

82 82
36Br → Kr + 0β− + ν�
e T1 = 35 h
35
Por sua vez, o bromo-82 decai por1 emissão
81 1
�2
β- no elemento
82 estável criptônio-82:
35Br + 0n → 35Br + γ
THO TDO T2 O
82 82 0 −
35Br → 36Kr + 1 β + ν�e T1� = 35 h
6 1 4 3 2
3 Li + 0 n → 2 He + 1 T
A meia-vida do bromo-82 indica THOque TDO há tempo T2 O suficiente para que a atividade do
elemento possa ser observada durante os trabalhos em uma refinaria, por exemplo; ao mesmo
3 3 0 6−
1T → 2He
tempo, ao final das medidas, o+ −1β + ν�1 terá
radiotraçador
3Li + 0en →
4
2He
T1�e =
+ 31T
decaído 12.3 years
2 não deixará resíduos radioativos
no ambiente.
76
O trítio (átomo de hidrogênio 34Secom+ 422 79
Kr +e+1
α nêutrons
→ 36 +
0β próton)
um + ν é o único isótopo radioativo
3 3 0 −
1 T → 2 He + −1 β + ν�e T 1� = 12.3 years
do hidrogênio. Embora sua meia-vida (12,3 anos) seja curta, 2 em comparação com a idade da
NaBr
Terra, ele existe na natureza porque76
é criado 79na alta +1 atmosfera, através do bombardeamento
34Se + 42α → 36 Kr + 0β+ + ν
de nitrogênio por raios cósmicos. 35 79Seu
Br +comportamento
1 79
1p → 36Kr + 0n
1 químico é o mesmo do átomo de
81 1 82
hidrogênio, e, portanto, tende a se 35 combinar
Br + 0nNaBr →com35Broxigênio
+ γ para formar água tritiada, que
é também chamada óxido de trítio (THO, TDO ou T2O). A concentração de trítio natural é
6
82
muito baixa (1 átomo de
79
36Br
Kr → 82
T para
79Kr 79+ 0
Br18 β−
átomos
+1+ ν� 79
n T1pode
+ 10ele �2 = 35
serh obtido artificialmente,
35h
35 10
36
35 35Br
1+ 1p de→e H36),
Krmas
por exemplo, através da ativação de lítio-6 por nêutrons:
THOT1� TDO
= 4.5 h T2 O
79 79 0 + 2
36Kr → 35Br + 1β + ν T1� = 35h
2
6 1
→𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾42He + 31T
3Li + 0n 84
T1� = 4.5 h
84 21 85
36Kr + 0n → 36Kr
O processo é feito submetendo-se cerâmica contendo lítio ao fluxo de nêutrons de um
3 3 0 −
1T → 2He + −1β + ν�e 84 T1� = 12.3 years
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾 2
reator nuclear. 85 85
36Kr → 37Rb + −1β + ν
0 −
� T1� = 4.5 h
2
O trítio decai em hélio-3 (estável) com emissão :
76 4
34Se +842Kr α + 79
→ 136 Kr + 85 0ββ + ν
+1 -+
36 0n → 36Kr
n,γ β− β− 2(n,γ) β−
238 239
92U85�� 92U85� � 23993Np
239
��NaBr 94 Pu �⎯⎯� 94Pu �
241
� 241 Am
3 36Kr 3→ 37Rb 0+ −−1β + ν
0 −
� T = 4.5 95
T1�1�2= 12,3 hanos
1T → 2He + −1β + ν�e 2
241 237 79 4 1
95Am → 93Np + α + γ 79 1T1 = 432 years
n,γ β 35
− Br +
2 1β
p
− → Kr + 0
36 2(n,γ) 2 n�
β−
238
92 U �� 239
92U �� 239
93 Np �
� 239
94 Pu �⎯⎯� 241
94 Pu �� 241
95Am
As vantagens de se usar o óxido de trítio como radiotraçador são seu comportamento
241
95Am → 93
237
9 44
Np++ 22αα → 12 1
+ γ6C + 0n + Tγ1� = 432 anos
4Be 2
químico, idêntico ao da água, e o fato de em seu decaimento não haver emissão γ, apenas
241 79Kr → 237
Am
9536 → 79
35
93 Br
Np ++ 04 +
12βα + + γν T1�T1= = 35h
432 years
2 �2
emissão β- de baixa energia, que é facilmente 3� KT blindada. A desvantagem é que a energia da
2
radiação emitida é baixa: ela é de no49Be
máximo 4T 18,6
+ 2α1�→= 4.5 12
6CkeV, +h 10ncom
+ γmédia de 6 keV. Para sua detecção,
2
é necessário adicionar a amostra de água 6tritiada × 10 a Jum detector de cintilação, que emite luz
−21

fluorescente em resposta à radiação β . Esse 3procedimento


- � 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾
84 KT precisa ser feito em laboratório.
252 102 2 146 1
Cf →
Embora a meia-vida do trítio98seja relativamente
40 Zr + Ce + 4
58 longa,0em n comparação com o tempo das
84 1 −21 85
medidas feitas na indústria, o resíduo 36Kr6+ n → ao
× 010 J36Kr
2 2não é danoso
3 1 ser humano ou ao meio ambiente. Isto é
1H + 1H → 2He + 0n + 3.3 MeV
devido ao fato de que a energia
85 da
85 sua emissão
252 + 0β −
é muito baixa, e a radiação é pouco penetrante
36Kr → 37Rb 98Cf →−1102 ++
40Zr ν� 146 1
58Ce + 4 0Tn 1� = 4.5 h
(ela não penetra, por exemplo,1Ha +pele
2 3 humana). No caso de ingestão, o trítio é rapidamente
4
1H → 2He + 0n + 17.6 MeV
1 2

eliminado do organismo n,γ nas moléculas


2
H de
H β+− 21239 → βágua,
3−
+ principalmente
1
MeV βpelas vias urinárias.
2He239 0n + 3.3 241
2(n,γ) −
238 2391 241
92U ��
A Figura III-1 ilustra 92U � � 93Np �para
o procedimento � 94detecçãoPu �⎯⎯� de Pu �� em
94fugas 95Am
tubulação, usando um
radiotraçador e detectores
241
enterrados
2
1H + 3H ao
237 1
→4 2
longo
4
He + da 1 tubulação. Na Figura III-2, mostra-se o
0n + 17.6 MeV
Am → 93Np + 2α + γ T1� = 432 years
método de detecção usando uma sonda que se desloca no
95 2interior da tubulação.

9
+ 42α → 126C + 10n + γ
4Be
Usa-se o símbolo T para o trítio (hidrogênio com 2 nêutrons e 1 próton) e D para o deutério (hidrogênio
6

com 1 nêutron e 1 próton). 3� KT


2

10−21 J
6 × 26

252 102 146


98Cf → 40Zr + 58Ce + 4 10n
Figura III-1: Detecção de vazamento em uma tubulação, usando radiotraçador e
detectores enterrados
detectores de radiação

injeção do
radiotraçador

bastão
enterrado

fuga

O radioisótopo é injetado em um trecho da tubulação e, após algum tempo, observa-se a leitura em detectores
enterrados no trajeto da tubulação. No caso de haver vazamento ou bloqueio na tubulação, o radioisótopo irá se
concentrar no local do problema e os detectores situados depois desse local não indicarão a presença de atividade.
Baseado em documento disponibilizado por Patrick Brisset (IAEA).

Figura III-2: Detecção de vazamento em uma tubulação, usando radiotraçador e uma sonda
registro dos dados

marcação
de posição

fuga

fluxo

sonda

O radioisótopo é injetado na tubulação e espera-se certo tempo, para que ele viaje ao longo da linha, junto com o
fluido. No caso de haver vazamento no trajeto, o radioisótopo ficará acumulado na região da fuga. A seguir, a sonda
é inserida dentro da tubulação. Enquanto se move junto com o fluido, ela registra a atividade ao longo da tubulação
e é recolhida no fi nal do trajeto, para que os dados sejam analisados. A intervalos regulares, são enterradas fontes para
marcação das distâncias. Baseado em documento disponibilizado por Patrick Brisset (IAEA).

27
Fluxos gasosos
O estudo de fluxos gasosos é importante na indústria petrolífera, em tubulações de
transporte de gases, ou na indústria química, em colunas de fracionamento catalítico ou em
ambientes com exaustão e fluxo de ar controlado (Figura III-3).

Figura III-3: Uso de radiotraçador para monitoramento do fluxo de ar em um ambiente industrial

entrada 3 5
de ar
1
6

exaustão

81 824
2 35Br + 10n → 35Br + γ

82 81Br0 +− 1 82
82
35Br → 36Kr35 + 1β 0+n ν� →e 35
Br + γ T1 = 35 h
�2
81 1 82
82 82 35Br 0+ 0n ν�
→ 35Br + γ
O traçador é inserido através da Br → de
35entrada 36Kr
ar e+sua β− +
1atividade e é medida T1� = 35 h da sala, com os medidores
THO TDO T2 Oem diferentes
2
pontos
1 a 6; posteriormente, ele é eliminado
82 junto
82 com a
0 − exaustão de ar. Baseado em documento IAEA disponível em:
35Br → 36Kr + 1β + ν�e T1� = 35 h
<https://www-pub.iaea.org/MTCD/Publications/PDF/TRS423_web.pdf>
6 THO 1 TDO4 T O3 (pg. 141). Acesso em jan/2019.
2
3Li + 0n → 2He +2 1T
81 82
356BrTHO+ 101n → TDO 4 Br T
35 +2 O3γ
3 Li + 0 n → 2He + 1T
Um exemplo de radiotraçador gasoso é o criptônio-79, gás nobre que pode ser obtido
3 82 3
α→
1T35
por bombardeamento de selênio-76:
Br 2→He82+ −10+β6−Li0+
β− ν+
�1e ν� 4He + 3T �1�== 12.3 years
36Kr
1T 35 h
3 1 + 0n → e 2 1T 2 2
3
→ 32He +76−10β− +
1T ν�e 79 +1 +T1� = 12.3 years
+ 42α →
34SeTHO 36Kr +T2 O
TDO 0β +2 ν
3 3 0 −
1 T → 2 He + β + ν
�e 79 T1 = 12.3 years
76 −1 4 +1 + �2
34Se6 + 2α1 →NaBr Kr
4 + 03β + ν
3Li + 0 n → 2He + 1T
36
Outra forma de obtenção é através do bombardeamento de bromo-79 com prótons, a
76 4 79 +1 +
Se +
partir de uma solução aquosa de34brometo α
2 1de→ Kr
sódio
36 + β
79 (NaBr +
0 1 ): ν
79 NaBr
35Br + 1p → 36Kr + 0n
3
1T → 32He + 0 −
−1β
79 + ν�e1 NaBr79 T11� = 12,3 years
35Br + 1p → 36Kr + 0n
2
79 79 0 +
36Kr →7635Br79+ β 1+ ν 79Kr
+1 ++ 1n T1�2 = 35h
34Se 35
4 1+
+ Br p79 →
2α →1 36Kr +36 0β + ν
0
O criptônio-79 decai
79
em bromo-79
79
com emissão β+:
0 +
36Kr → 35Br + 1βT + = ν
4.5 h
T1� = 35h
NaBr
1�
2
2
79 79 0 +
36Kr → 35Br + 1β + ν T1� = 35h
79 T11� 84= 4.5
79 h 1
2
35Br + 1p 2→𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾
36Kr + 0n
Para a produção dos isótopos acima 84
1� = 4.5usar
éTpreciso
284
1 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾
h aceleradores de partículas carregadas.
85
Outra rota para a produção do79radiocriptônio
36 Kr + n → 36Kr
0 é a irradiação por nêutrons do criptônio-84
79 0 +
36Kr → 35 Br + 1 β + ν
84 T1� = 35h
em reator nuclear, obtendo-se o criptônio-85
84 1 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾
( T =
85 4,5 h),2mais adequado para estudos de
85
36Kr →
85
Rb +36−1 0 +
Kr β− +0nν� →1/236Kr T1� = 4.5 h
84 37
ventilação. O isótopo estável Kr é o mais abundante dos sete2 isótopos naturais do criptônio
84T1 =14,5 h 85
85 85 Kr + 0n → 36Kr
0 �2

(abundância isotópica ~3657%)
Kr →e 37
n,γ asβRb
−irradiações
+ −1β β−+ em
36 ν� reatores2(n,γ) Tsão
1 = frequentemente
β4.5
− h mais práticas
238 239 239 239 241�2 241
do que em aceleradores.U �� U
92 85As reações �� Np �
� Pu �⎯⎯� Pu �
� Am
Kr → 85Rb de + produção
β 84+ ν� e de decaimento T1 = 4.5do
92 93 0 − 94 94 95 criptônio-85 são:
36n,γ 37β− −1 β− 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾 �2 β− h
2(n,γ)
238 239 237 239 4 239 241 241
U
241 ��
9295Am → U ��
92 93Np + Np �

93 2α + γ 94 Pu �⎯⎯� T1�94=Pu432
�� years
95Am
n,γ − 84 1
β 36Kr + β0n → 36Kr
− 85 2(n,γ) 2 β−
238
241U �� 239 U �� 239
92237 Np �� 239 94 Pu �⎯⎯�
241
Pu �� 24195Am
92
95Am → 939 Np +93 424α + γ 12 1 T1� 94= 432 years
Be + α → C + n + γ2
85
36Kr → 37
241 Rb + −104β2 − + ν� 6
85 4 0
T1 = 4,5 h
95 Am → 237
939Np + 24α + γ 12 1
T1��2= 432 years
2
4Be + 2α 3 →� KT 6C + 0n + γ
n,γ β− β− 2 2(n,γ) β−
238
92 U �� 239
92U �� 9 239Np4 �
4Be
� 23912
Pu �⎯⎯�
93+ 2α 3→94 6C + 0n + 94
1 241
γ Pu �� 241
95Am
28� KT −21
6 × 10
2 J
241 237 4
95Am → 93Np + 2 α + γ
3�2 KT T1� = 432 years
252
Cf → 6 ×Zr
102 J Ce + 421n
10+−21146
Sistemas nucleônicos de controle
Os sistemas nucleônicos de controle (NCS, do inglês Nucleonic Control Systems) são sistemas
onde radiação ionizante (α, β, γ, X ou n) incide sobre o material a ser analisado, e se obtém
informação sobre o material através da interação entre ele e a radiação, usando-se detectores
apropriados. Dessa forma se podem controlar propriedades físicas do material: densidade,
massa, composição química, teor de umidade etc. Entre os NCS destacam-se a moderação e o
retroespalhamento de nêutrons, a análise de ativação por nêutrons de raios γ imediatos (γ pronto),
análise por transmissão dual de emissão γ, retroespalhamento, tomografia e varredura γ.
Retroespalhamento de nêutrons
Nesta técnica, um feixe de nêutrons rápidos incide sobre o material a ser analisado. Ao
colidir com núcleos de hidrogênio do material, os nêutrons perdem energia (são moderados);
choques diretos fazem com que alguns nêutrons sejam refletidos de volta e percam parte de sua
energia. Um detector de nêutrons lentos é colocado ao lado da fonte e registra a intensidade de
nêutrons retroespalhados, que é proporcional à densidade de átomos de hidrogênio no material.
Deslocando-se a fonte e o detector ao longo do recipiente, podem-se conhecer, por exemplo,
os níveis de líquidos e/ou gases em colunas, a separação de fases, presença de precipitação ou
impurezas etc. A técnica pode ser usada externamente, em recipientes fechados, sem interromper
o processamento do material. A Figura III- 4 ilustra o uso do retroespalhamento de nêutrons
em um tanque de petróleo para se conhecer o conteúdo interno do mesmo.
81 82
35 0 35 Br + 1n → Br + γ
Figura III-4: Medida por retroespalhamento de nêutrons em um tanque de petróleo
82 82 0 −
35Br → 36Kr + 1β + ν�e T1� = 35 h
2

vapor
THO TDO T2 O

6 1 4 3
3Li + 0n → 2He + 1T
fase orgânica

3
1T → 32He + 0 −
−1β + ν�e T1� = 12.3 years
2
água
76 4 79 +1 +
34Se + 2α → 36Kr + 0β + ν

precipitado NaBr

79 1 79 1
tanque de35Br + 1p → 36Kr + 0n
sinal de
armazenamento retroespalhamento
de nêutrons
79 79 0 +
36Kr → 35pela
Cada fase do material pode ser reconhecida Br + 1β + νde nêutrons retroespalhados,
intensidade T1� = 35hque é proporcional à densidade
2
de átomos de hidrogênio presentes naquela fase. Baseado em documento IAEA disponível em: <https://gnssn.iaea.org/
RTWS/general/Shared%20Documents/Radiation%20Protection/CS%20on%20Radiotracers,%2020-24%20February%20
T1� = 4.5 h
2
2017/Review%20paper%20Radioisotope%20applications.Rev%20PB%2013%20sept%202013.pdf>. Acesso em jan/2019.
84
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾
A fonte de nêutrons geralmente usada nesta técnica é composta por uma pastilha de óxido
de amerício-241, prensado com berílio-9
84 metálico.
1 O amerício é um elemento transurânico7
85
36Kr + 0n → 36Kr
que pode ser obtido em reator, bombardeando urânio-238 com nêutrons, o que provoca
e β-: 85
uma série de emissões γ85 0 −
36Kr → 37Rb + −1β + ν � T1� = 4.5 h
2

n,γ β− β− 2(n,γ) β−
238 239 239 239 241 241
92U �� 92U �� 93Np �� 94 Pu �⎯⎯� 94Pu �� 95Am

241 237 4
95Am → 93Np + 2α + γ T1� = 432 years
Elementos transurânicos
7
são elementos que possuem números atômicos
2 maiores que o do urânio. São
instáveis e não existem na natureza, podendo ser obtidos artificialmente em laboratório.
9 4 12 1
4Be + 2α → 6C + 0n + γ

3�29KT
2

6 × 10−21 J
84 1 85
36Kr + 0n → 36Kr
3 3 0 −
1T → 2He + −1β + ν�e T1� = 12,3 anos
2
O amerício-241 decai com emissão :
85 85 0α−
36Kr → 37Rb + −1β + ν � T1� = 4.5 h
2

n,γ241Am β→
− 237 −
Np β+ 42239

α + γ 2(n,γ) 241 T1�β =241
432 anos
238 239 239
92U �� 9592U �� 93Np
93 �� 94 Pu �⎯⎯� 94Pu �

2 95Am

O berílio absorve 241


a95partícula
Am → 237 α93eNp
se+transforma
4
2α + γ
em carbono-12,
T1 = 432emitindo
years um nêutron rápido: �2

9
4Be + 42α → 12
6C + 10n + γ

3� KT de 4 MeV.
A energia dos nêutrons emitidos é da ordem
2

PGNAA 6 × 10−21 J
A PGNAA (do inglês Prompt Gamma
252 Neutron
102 Activation
146 Analysis,
1 análise de raios γ imediatos
98Cf → 40Zr + 58Ce + 4 0n
por ativação de nêutrons) é uma técnica usada, por exemplo, na mineração ou na indústria
de cimento, para análise de material
2 2enquanto
1H + 1H → 2He
3 é transportado
1
81+ 0n + 3.3 MeV em esteiras (Figura III-5A).
Br + 10n → 82 35Br + transportadora.
γ
Fontes de nêutrons térmicos são colocadas abaixo da esteira
8 35 Ao incidir
2 3 4 1
sobre o material, os
81 nêutrons sãoH + H →
1 82 absorvidos He +
2 pelos n + 17.6
0 núcleos, MeV
que são excitados
1
35Br + 0n → 35Br
82 1 82
+ γ→ 36Kr + 1β + ν�e
35Br

T1� = 35 e h decaem para
seu estado fundamental emitindo raios γ. Cada elemento presente no material a ser analisado
2

tem emissão
82 γ82com energia
0 −
35Br → 36Kr + 1β + ν�e
bem definida, T1� = e THO
a35intensidade
h TDO Tda emissão é proporcional à
2 2O
quantidade do elemento; detectores γ colocados acima da esteira indicam, então, a presença
6 1
e a quantidade de cada
THOcomponente
TDO T2(Figura
O III-5B).
3Li + 0n → 42He +são
Nêutrons 3
1T muito penetrantes, o que
permite analisar toda a espessura do material na esteira.
6 1
→ 42He + 31T
3Li + 0n
Figura III-5: Análise de raios γ31Timediatos
→ 32He + por
0 −
−1β ativação
+ ν�e T1� =(PGNAA)
de nêutrons
2
12.3 years

3
1T → 32He + 0 −
−1β + ν�e T1� 76
=Se12.3
+ 42years 79
α → 36 Kr + +1 +
0β + ν
detector
hidrogênio

234
(A) 25 (B)
silício

76 4
34Se + 2α → 79 +1 +
36Kr + 0β + ν NaBr

ferro / alumínio
cálcio

20
raios γ NaBr 79 1 79 1
Contagem

35Br + 1p → 36Kr + 0n
15 cálcio
ferro

79 1 79 1
35Br + 1p →
nêutrons 36Kr + 0n
100 + + 30
36Kr → 35Br + 1β x
79 79
ν T1� = 35h
2
x 15
79 79 0 + 5
36Kr → 35Br + 1β + ν T1� = 35hT1� = 4.5 h
2
fontes 2
0
T1� = 4.5 h 0 184𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾 2 3 4 5 6 7 8
2

84 1 85
Energia (MeV)
36Kr + 0n → 36Kr
84
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾
A: Esquema do equipamento. B: Espectro de energias na análise de cimento. Baseado em documento Thermofisher
85
85Kr → 85Rb + 0β− + ν
84
Scientific, disponível em:36Kr + 10n → 36 36Kr
<https://www.thermofi � T1� = 4.5 h
sher.com/br/en/home/industrial/cement-coal-minerals/cement-
37 −1 2
coal-minerals-learning-center/cement-analysis-production-information/pgnaa-pftna-technology.html>. Acesso em
85 85 0 −
36Kr → 37Rb + −1β + ν
jan/2019. �238 n,γ 239T1�β−=239
4.5 h β− 239 2(n,γ)
241
β−
241
92U �� 92U �

2 93Np �� 94 Pu �⎯⎯� 94Pu �� 95Am

A fonte
n,γ β−
de nêutrons β−
usada na
241 PGNAA −
2(n,γ) 237 é oβcalifórnio-252. O Tcalifórnio é um elemento
238
92U�� 239
92U �� 239 � 239
93Np � 95Am
94 Pu �⎯⎯�→ 24193Pu
94
+ 42241
Np �� α + γ
95Am 1� = 432 years
2
transurânico que pode ser obtido a partir do plutônio, em um reator nuclear, através de uma
sequência 4 β- (Figura
95Am de→ absorções
93Np + 2αde
+ nêutrons e decaimentos
241 237 4
γ T1� =49Be
432 1III-6).
+years 12
2α → 6C + 0n + γ
2

9
+ 42α → 126C + 10n + γ 3� KT
4Be 2
8
Nêutrons térmicos são nêutrons em equilíbrio térmico com o meio em que se encontram ou seja, que
têm energias da ordem de 3�2 KT (cerca de 0.04 eV ou 6 × 10−21 J )

252 102 146


6 × 10−21 J 98Cf → 40Zr + 58Ce + 4 10n
30
2 2 3 1
252
98Cf → 102
40Zr + 146
58Ce + n + 1H → 2He + 0n + 3.3 MeV
4110H
76 4 79 +1 +
34Se + 81
2αBr→+ 361Kr
n →+ 82
0β + ν
82 82 35 0 − 0 35Br + γ
35Br → 36 Kr + 1 β + ν
�e T1� = 35 h
2
Figura III- 6: Obtenção 82 Cf-252
do
35Br → 36Kr + 01βNaBr
82 a partir − do Pu-239, por meio de uma
+ ν�e T1� = 35 h sequência de
2
absorções de nêutrons e decaimentos
79 β1 -
THO TDO
79
T12 O
35Br + 1p → 36Kr + 0n
6
THO 1 TDO4 T2 O3
249 249 249 249 250
250 250 250251251251 251
252252252 252
3Li + 0n → 2He + 1T Cf
9898 Cf
98Cf9898 Cf Cf
98 Cf
98Cf9898Cf Cf
98 Cf
98Cf98
98Cf
Cf
98 Cf
98Cf98Cf
249 249 250 250 251 251 252 252
6 1 4 3 98 Cf98Cf 98Cf98Cf 98Cf98Cf98Cf98Cf
79 249 79
249
249
249 250 Li
0250
250 ++ 251
250 νn98 → He +
2521T
36Kr →
249 Cf
Cf Br
CfCfCf+
250 3
Cf βCfCf +
CfCf0251 251
251
251252
Cf
Cf CfCf2Cf252
252
252
Cf
Cf Cf
CfCfT249
249 1�249
Bk =250 35h
249250250 250
98
249
249
9835
98
98
98 98
250
250
98198 9898 98
251
251
989898
2529898
252
98
9898
97972Bk
97Bk Bk
9797 Bk
97Bk 97Bk
3 398Cf
Cf Cf
098 −Cf Cf
Cf Cf
Cf 249 249 250 250
T 252→252252He + −1β + ν�e T1� = 12,3 97Bk 97Bk
years 97Bk 97Bk
98 98 98 98 9898
249
249
249249249
250250250
250250
251251
251251252
251
1 252 2
Cf98
9898 Cf98
CfCf98Cf
98 Cf98
98 Cf98
CfCf
9898Cf
Cf98
98 Cf98
Cf98
Cf Cf
9898Cf98
Cf249
Cf
98 Cf
249249Cf
249
249
Bk
Bk
98 Bk 250
250
Bk
Bk 250
250
Bk 250
Bk Bk
BkBk 2
3 397
97 97
97
97 97 97097
β97−97T+1� ν�= 4.5 h 244 244 244
CmCm
=Cm
244 245
96Cm
245245
CmCm
96Cm
245
96Cm
246246246 246247
CmCm
96Cm 96Cm
247 247248
247
Cm Cm
96Cm 96Cm
248
248 248249
Cm Cm
96Cm
96Cm
2
1T →249 249
2 He
Bk
Bk +250
250
−1BkBk 2 e T96196

96 12,39696
244
years
244
9696
245 245
9696
246 246
9696
247 247
96
248
96Cm 96Cm 96Cm 96Cm 96Cm 96Cm 96Cm 96Cm 96
9797 769797 4 79 +1 + 2
24434Se + 2α →246 Kr
246+ 247 β247 + ν248
249
249
249249
250
249
250250
250250
Bk
9797 Bk
97Bk
97 Bk
97
97Bk
Bk
97 Bk
97 BkBk
97 97Bk 244
244 244
244
Cm
Cm Cm
Cm
Cm 245245245
Cm 245
245
Cm Cm
CmCm 36
246 246
246
CmCm CmCm
Cm 0247
247
Cm 247
Cm
243 Cm
243Cm
Cm
243
248
243
248
248
Cm248 249
Cm
244 Cm
244Cm
Cm
244
249
244
249
249
249
Cm
Cm CmCm
Cm
96969696
96 969696 969684𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾
96 9696
96 96 969696 9696AmAm Am95Am
96969696Am
96
9595 Am Am95Am
96
95249
969696
96
244
244
Cm76
96Cm
245
34Se96
245
+Cm Cm4
2α → 96
79
246
246
Cm+ 247
Kr
96Cm
+1
247 +9595
βCm
Cm + 95 ν248
248
96Cm
Cm
243
249
243 96
Am Am96CmCmAm
244 244
95 95Am
96 96 36 096
96 96
244
244
244
CmCm Cm 245
244244
Cm 245
245
Cm
Cm 245245246
CmCm Cm
96Cm
246246
Cm 246246
Cm Cm 247
Cm 247
Cm 247
Cm
243
243
247247
Cm
243Cm
243
243Cm248248
Cm 248
Cm
244
244 244
248248
Cm
244Cm
244 Cm249
Cm NaBr
249
249
Cm 249249
Cm Cm Cm Cm 95 95
9696 9696 9696 9696 96 9696 96 96 9696 96 96Am
Am96Am
Am
Am
96 96 96 Am
96AmAm
96 Am
Am
96 96 96 96 96 96 239 239
Pu239 239
Pu 240
240 240 240241241241 241242
242 243
242 242 243243 243
94Pu Pu PuPu
94Pu PuPu Pu
94Pu Pu PuPu
94Pu Pu
Pu Pu
94Pu94Pu
84 1
95
243
243
95 95
95
95
Am 244
95
244
95
Kr 95
95
+95
0nNaBr → 85 36Kr 9494 9494 94 9494 94 9494 94 94
9494
95Am AmAm
36 239 239 240 240 241 241 242 242 243 243
243
243
243
Am 243243
Am Am 244
Am 244
244
Am
Am 244244
Am AmAm
95 95
79 95
Br 240+241
1
1p241 → 36 79
Kr 1
+ 0243 n 243 94 Pu94 Pu 94 Pu
decaimento β
94Pu 94 Pu
94 -Pu 94 Pu94Pu94Pu94P
9595 9595 9595 95 9595 95Am 85 239
239 239
239
Pu
85
239 240
PuPu Pu240
Pu 35240
240
Pu 0Pu Pu
Pu
− Pu241 241
241
Pu
Pu Pu
PuPu 242
242 242
242
242
Pu
Pu Pu
PuPu243 243
243
Pu
Pu PuPuPu
94 94
94
94 94 94 94
94 9494 94
9494 94
94 94
9494 94 94
9494
36Kr →
94 Rb + 79−1β +
94 1ν
p�Pu + T10243
239
239 240
240 79 94 = 4.5 h
9494Pu
37Pu 35
94 Br
94Pu Pu+ 241 241
19494 → 36
Pu 242
242
Kr
94Pu
94 Pu 1n243
�2 Pu
94Pu
94 absorção de nêutron
239
239
239239239
240240
240240240
241241
241241241
242242242 243
242242 243243243243
Pu94
9494 Pu94
PuPu
94 Pu94
94Pu
94 Pu94
PuPu 94Pu
94 Pu94
94 Pu94
PuPu
9494Pu
Pu94
94 Pu94
PuPu94 Pu
94 Pu94
94 PuPu 94 Pu
79
n,γ36Kr →
79
β− 35Br + 1ββ
0 −+
+ ν 2(n,γ) 241 T1�β− =241 35h
238 239 239 239
92U �� 79 92
U �� 79 93
Np ��
0 + 94
Pu �⎯⎯� 94 Pu ��2
95 Am
36Kr → 35Br + 1β + ν T1� = 35h
2
241 237 4 T1� = 4,5 h
95Am → 93Np + 2α + γ 2 T1� = 432 years
A sequência de eventos é muito longa, oT1que=explica 4,5 h a enorme
2 perda de material durante
�2
o processo de obtenção. Essa dificuldade 9 4 na obtenção 12 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾 1 e manuseio do material faz com que
84
4Be + 2α → 66C + 0n + γ
ele seja extremamente caro, cerca de US$30×1084𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾 a grama. Porém, sendo um forte emissor de
84 1
nêutrons, a quantidade usada em equipamentos 36Kr +
3� KT medida
0den → 85 36Kr é da ordem de microgramas (μg).
2 1
O califórnio é instável85e decai 85 por emissão 84
36Kr + de → 36Kr α ou por fissão; no último caso,
0n partículas
85
Kr → 37Rb + −10β− −21 + ν� T1� = 4,5 h
há a geração de grande quantidade de nêutrons,
36
6 ×0 10 como
J no exemplo 2 abaixo:
85 85 −
36 Kr → 37 Rb + −1 β + ν
� T 1 � = 4,5 h
n,γ β− β− 2(n,γ) 2 β−
238 239
92U �� 9298
252
UCf��→239 102
93NpZr��
40
146
+ 23994
58 4 10n 241
Pu+�⎯⎯�
Ce 94Pu �� 241
95Am
n,γ β− β− 2(n,γ) β−
238 239 239 239 241 241
92U �� 2 92U2372�� 93Np
241
�� 94 Pu �⎯⎯� 94Pu �� 95Am
95Am 1→ H + 931Np
H → + 3242He
α ++γ 10n + 3.3 MeV
Os nêutrons gerados têm alta energia (em média, 0,7 MeV, podendo chegar a até T1� = 432 years
2
241 237 4
2,6 MeV) e devem ser termalizados antes de incidir sobre o material a ser analisado. Para
95Am 2
→ 93
39
Np + 2 α + γ T1�2 = 432 years
1H + 1H →+42He
Be 4 + 1
α → 0 n
12+ 17.6
C + 1 MeV
n + γ
isso, o radioelemento é encapsulado com material composto de grande quantidade de átomos
4 2 6 0
9 4 12 1
de hidrogênio (cerâmicas ou polímeros). 4Be + 2α → 6C + 0n + γ
3
Outra fonte de nêutrons usada na PGNAA�2é KT o amerício-241, já descrito neste capítulo.
É também possível obter nêutrons através3�da KT
2 fusão de deutério e trítio, formando hélio
6 × 10−21 J
e liberando nêutrons: −21
252 102
6 × 10
146
J1
98Cf → 40Zr + 58Ce + 4 0n
252
2 98 2
Cf → 10240
3
Zr + 146
158
Ce + 4 10n
1 H + 1 H → 2 He + 0 + 3,3 MeV
n
2 2 3 1
21
H + 31H → 42He + 10n + 3,3 MeV
1H + 1H → 2He + 0n + 17,6 MeV
2 3 4 1
1H + 1H → 2He + 0n + 17,6 MeV

Como os nêutrons usados na PGNAA são os térmicos, é preciso moderar estas formidáveis
energias de um fator da ordem de 109 vezes. Isto se faz introduzindo materiais especiais
constituídos de átomos leves (p.ex. parafina) entre a fonte e o material a ser analisado.
Para que ocorram as reações de fusão, é necessário um acelerador que forneça aos núcleos
energia suficiente para vencer a repulsão eletrostática entre eles. Geradores de nêutrons
baseados na fusão D-T já estão sendo comercializados e proporcionarão uma fonte de nêutrons
muito mais acessível e de custo mais baixo que os reatores nucleares.

31
Varredura γ
A atenuação dos raios γ depende da densidade e da espessura do material que eles
atravessam. Por isso, é possível se obter informação sobre o interior de um recipiente
fechado, usando-se fontes γ e detectores apropriados. No caso da varredura γ, a fonte é
colocada de um lado do recipiente, e o detector, do lado oposto; eles se deslocam em
conjunto, permitindo uma varredura de todo o recipiente (Figura III-7). Essa técnica é
útil para se conhecer o nível das diversas fases presentes no interior de uma coluna de
destilação, bem como defeitos na sua estrutura interna. As fontes mais comumente usadas
são o 137Cs ou 60Co; e como detectores usam-se cintiladores de NaI(Tl).

Figura III-7: Perfil de uma coluna da indústria petrolífera, feito através de varredura γ

fonte

detector
estruturas
quebradas

espuma

vedação
base

intensidade
de radiação
transmitida

A fonte γ é colocada em um lado da coluna, e o detector, no lado oposto. Como a intensidade γ transmitida depende
da densidade do material atravessado, é possível mapear a estrutura interna da coluna e a presença de líquido ou
espuma. Baseado em A. Jaafar, Hydrocarbon Asia jan/feb, 62-65 (2005) disponível em: <http://scanningtech.com/
PDF/article3.pdf>. Acesso em jan/2019.

Análise por transmissão dual de emissão γ


Muitas vezes se quer conhecer a forma de um objeto ou estrutura inseridos em um
recipiente, porém o perfil obtido fica comprometido, porque as diversas fases presentes têm
índices de atenuação da radiação muito próximos, o que dificulta o estabelecimento de
fronteiras nítidas entre as fases. Esse problema pode ser contornado usando-se duas emissões
γ de energias diferentes.
O perfil de atenuação de cada material é dependente da energia da radiação; combinando-
se os resultados obtidos com radiação de energias diferentes, é possível se obter informação
mais precisa sobre o interior do recipiente.

32
A transmissão dual também é útil para análise de produtos de mineração transportados
por esteira, em que a espessura do material transportado pode dificultar a transmissão da
radiação através de componentes de maior densidade.

Testes não destrutivos


Os testes não destrutivos (NDT, do inglês Non Destructive Testing) são aqueles que não
alteram o material analisado e geralmente usam a absorção de radiação eletromagnética ou
de som para obter informação sobre o interior de um recipiente. NDTs radiográficos incluem
a obtenção de imagens através de raios γ, raios-X e, mais raramente, feixes de nêutrons.
Recentemente, a análise de feixes de múons vindos do espaço tem sido usada para o estudo
de grandes estruturas.

Radiografias e gamagrafias
Após a passagem através de um material, os raios-X e raios γ são atenuados de forma
proporcional à densidade e à espessura desse material. Medindo-se a intensidade da radiação
que atravessou um objeto, é possível transformar a informação obtida em imagens que ilustram
o interior dos objetos. Essa técnica é amplamente usada na medicina, no controle de bagagem
em aeroportos, na verificação da estrutura interna de recipientes, máquinas industriais,
esculturas, objetos antigos etc (Figura III-8). A geração de raios-X exige equipamentos fixos
e de grande volume, além de uma fonte de energia elétrica; nas situações em que é necessário
deslocar a fonte emissora, pode ser mais conveniente usar fontes γ, geralmente cobalto-60
ou césio-137. Além disso, os raios γ são mais energéticos e, portanto, mais penetrantes que
os raios-X, fornecendo mais informação quando se tem objetos muito espessos.
Figura III-8: Gamagrafia da engrenagem do motor de uma turbina, mostrando falha
em seu interior

Foto: Commissariat à l’Énergie Nucléaire – CEA-CADAM (França)


Fonte: <http://www.radioactivity.eu.com/site/pages/Non_Destructive_Testing.htm>. Acesso em jan/2019.

33
Na radiografia e na gamagrafia, a detecção é feita por detectores cintiladores e os dados
são processados em computador para fornecer uma imagem do objeto.9
Na tomografia, imagens feitas em diferentes ângulos e alturas podem ser agrupadas para
se ter uma ideia tridimensional do objeto.

Outros usos da radiação ionizante


Além dos exemplos já citados, a cada dia surgem novas propostas de aplicação da energia
nuclear na indústria, assim como em outras áreas. Através de irradiação γ, por exemplo,
é possível se obter a cura de materiais poliméricos devido a alterações em sua estrutura
(aparecimento de ligações entre as cadeias poliméricas).

Agradecimentos: agradecemos a colaboração dos pesquisadores Rubens Martins


Moreira e Jefferson Vianna Bandeira (CNEN, Brasil), João Alberto Osso Júnior, Patrick
Brisset e Sabharwal Sunil (IAEA) na elaboração deste capítulo.

Antes do desenvolvimento dos métodos computacionais, a detecção de raios-X ou γ era feita usando-se
9

filmes fotográficos, sensíveis à radiação. Hoje, esses filmes são ainda usados em situações especiais.

34
CAPÍTULO IV - ESTUDOS AMBIENTAIS

As regiões costeiras ou as margens de cursos d’água são preferencialmente escolhidas


para habitação pelas populações do mundo inteiro. O ambiente nesses locais é modificado,
seja por eventos climáticos, seja pela ação humana, alterando o fluxo natural de sedimentos
e podendo provocar assoreamento ou erosão.
O estudo do transporte de sedimentos em meio aquoso é importante na construção e
manutenção de portos e barragens, onde é preciso se conhecer se a água transporta sedimentos
ou se eles são acumulados em locais determinados. Esse estudo também indica possíveis
alterações no meio ambiente costeiro e aquático, sendo importante para a sua proteção.
Uma das formas de se estudar a movimentação de água e sedimentos em portos, represas
ou cursos d’água é usando-se radiotraçadores, adicionados a amostras retiradas do local,
e que são em seguida lançadas na região em estudo e monitoradas, enquanto o material
marcado se desloca. Dependendo do estudo a ser feito, marca-se a lama em suspensão aquosa,
o próprio efluente líquido ou o material que se sedimenta no assoalho do corpo d’água. As
medidas de radiação são muito sensíveis e por isso se podem usar quantidades mínimas de
radiotraçadores.
Em alguns estudos se propõe a marcação do sedimento com elementos não radioativos;
mais tarde, são recolhidas amostras na vizinhança do local do despejo e, por meio de técnicas
nucleares, se verifica a presença do elemento marcador e sua quantidade.
Outra possibilidade é o uso de fontes seladas, emissoras de radiação que será absorvida
ou espalhada pelos sedimentos, indicando suas características; as análises são não destrutivas
e não interferem com o fluxo natural dos sedimentos.
Os estudos ambientais também podem se valer das vantagens das técnicas nucleares
através da observação do movimento de radioisótopos naturais ou de origem antrópica.

35
Radiotraçadores
Uso do ouro como radiotraçador
Para estudos de erosão de terrenos e movimentação de sedimentos no oceano, em canais de
portos ou em cursos d’água, pode-se marcar argila ou areia fina com ouro-198, elemento radioativo
com meia-vida relativamente curta (2,7 dias). As partículas de uma amostra do sedimento são
previamente tratadas com uma solução de ouro estável, na forma de ácido áurico, e o elemento ouro
fica adsorvido nas suas superfícies. Em seguida, a amostra é irradiada, obtendo-se um radiotraçador
com propriedades iguais às do sedimento a ser traçado. Quanto mais finas as partículas, maior
a relação entre sua superfície e seu volume e, portanto, mais eficiente é a marcação de ouro. O
material marcado é espalhado em pequenas proporções (da ordem de partes por bilhão) sobre a
superfície a ser estudada e posteriormente rastreado usando-se detectores apropriados.
O 198Au é obtido através do bombardeamento com nêutrons de 197Au metálico:
197
79Au + 10n → 198
79Au + γ

O 198Au decai em 198Hg, que é estável:


198 198 0 −
79Au
198
→ 80Hg + −1
198
β + ν�e +
0 −
γ T1� = 2.7 days
79Au → 80Hg + −1β + ν�e + γ T1� 2 = 2,7 dias
2

A radiação β é facilmente blindada pelo material no entorno; a radiação γ mais abundante


T1� = 27 days
emitida no decaimento do 198Au tem energia dedias
T1� 2 = 27 0,4 MeV.
A Figura IV-1 mostra um exemplo do2 uso de radiotraçadores para se estudar o transporte
de sedimentos no leito oceânico. T1� = 73 days
2 T1� = 73 dias
2
Figura IV-1: Aquisição1de
n +dados
235
U →sobre
( 236Uo
∗ ) transporte deSnsedimentos
→ 99Mo + 134 + 3 1n + E no leito do oceano
0 92 92 42 50 0

satélite
99 GPS99 0 −
43Tc → 44Ru + −1β + ν�e 99mTc T1� = 211 ∙ 103 anos
2
dad
os d
3
1T → 32He + 0
−1β
− e ⁄pTc
+ ν�e Mo os T1� = 12,3 anos
ição 2
99 99m 0 −
42Mo → 43Tc + −1β + ν�e T1� = 66 h
2
T1� =antena
1,3 ∙ 10GPS
9
anos
99m 2
99
43Tc → 43 Tc + γ T1� = 6 h
2

ão
d iaç
99 7 99 0 − 0 7− ra 3
43Tc →+44
4Be Rue + →
−1 −1dβ3eLi++ ν�νe + γ T1� T=
1� 211 ∙ 10
= 53 diasyears
o s 2 2
d
3
da
3 0 −
1T → 2He + −1β + ν�e T1� = 12.3 years
30 anos 153 s 2
detector de 137radiação 137m
55Cs �⎯⎯⎯⎯�
0 − 137
56Ba + −1β + ν �⎯⎯� 56Ba + γ
90%
40
19Kem�⎯� 40 + −10β− + 00 ν
20Caum
Após a inserção do radiotraçador na região estudo, detector é colocado no fundo do oceano e puxado por
um barco; ao atingir a região onde está depositado o radiotraçador,
9
os dados são enviados ao barco. A localização da
região ativa é determinada por GPS. BaseadoTem 2
= 1.2 ∙ 10
1� documento years
IAEA, disponível em: <https://gnssn.iaea.org/RTWS/
general/Shared%20Documents/Radiation%20Protection/CS%20on%20Radiotracers,%2020-24%20February%202017/
Review%20paper%20Radioisotope%20applications.Rev%20PB%2013%20sept%202013.pdf>.
40 0 −
10%
40 0 Acesso em jan/2019.
19K + −1e �⎯� 18Ar + γ + 0ν
198 198 0 −
A desvantagem no uso do ouro-198 como marcador é que a sua 80Hg79Au →
+ −1β + ν�e + γ
produção deve ser feita T1� = 2,7
2
em reator nuclear, que7nem sempre
0 − existe7 nas proximidades T1� = 53Tdays= 2,7 dias do traçador.
do local de utilização
4Be
198+ −1e 198
Au → →Hg 3Li+ + 0νβ+− γ
+ ν� + γ
Além disso, a energia de sua emissão γ é relativamente alta2 (400 keV)
79 80 −1 e 1�
2 e exige cuidados no
transporte e manuseio do1 material. T1� = 27 dias
235 236 ∗ ) 97 137 1 2
Quando a movimentação 0 n + U → (
do sedimento
92 92U → Rb
é muito
37 +lenta,
55 Cs + 2
usam-se
0 n traçadores com meia-
vida mais longa, por exemplo, cromo-51 ( T1� = 27 dias
30 years 153 s
) ou irídio-192 ( T1� = 73 dias ).
137 137m 02 − 137 2
55Cs �⎯⎯⎯⎯� 56Ba + −1β + ν �⎯⎯� 56Ba + γ
T1� = 73 dias
362
99 99 0 −
43Tc → 44Ru + −1β + ν�e T1� = 211 ∙ 103
2
198 198 0 −
79Au → 80Hg +197
−1β +1ν�e + γ
198
+ γ T1�2 = 2.7 days
79Au + 0n → 79Au
198 198 0 −
→ 79Au 80Hg + −1β + ν�e + γ T1� = 2.7 days
O tecnécio-99m usado como radiotraçador 2

198
79Au
Uma alternativa → 198
80Hg
proposta para βT
+ a−10marcação
−1
+ =
�e 27
�2 ν +deγdays
sedimentosT1�finos
= 2.7
é adays
utilização de tecnécio-
2
99m. Este elemento é comumente usadoT1em �2 =exames
27 radiológicos.
days 10
Ele é obtido no decaimento
do molibdênio-99, produto de fissão do T = 73 days
1� urânio-235, que pode ser separado quimicamente
2
de outros produtos de fissão: T
T11��2 =
= 27
73 days
days
1 235 2 134
0n + 92U → ( 236 ∗ 99
92U ) → 42Mo + 50Sn + 3 10n + E
1 235
0n + 92U → ( 236TU1�∗ ) →
92 2
= 73
99 days
42 Mo + 134
50Sn + 3 10n + E
99m
1
n +Tc 92 235 236
( 92U ∗ ) → de
U →meia-vida Tc
99 134 1
O 99Mo decai em 099m com 66 +
42Mo 50Sn
horas + 3 0n ser
e pode + Etransportado até o local
99m
Tc
de utilização, onde é feita a extração do tecnécio
Mo⁄Tc a partir da mistura Mo/Tc:

99 99m
Mo
99m⁄Tc
0 − Tc
42Mo → 43Tc + −1β + ν�e T1� = 66 h
2
99
42Mo →
99m 0 −
43Tc + −1Mo
β ⁄+Tcν�e T1� = 66 h
2
1� = 6 hda emissão γ com energia de
99m 99
O 99mTc decai em 99
com meia-vida de 6 horas,Tatravés
Tc 43Tc → 43Tc + γ
2
99
140 keV:11 42Mo99m→ 99m→Tc43
43Tc 43
99+ −10 −
Tc +βγ + ν�e T1 T1=� 6=h66 h�2 2

99 9999m
43Tc → 44Ru + −1
43Tc →0β43−
99 + ν+
Tc �e γ T1�T1�= 211
2 2
=6h∙ 103 years
99 99 0 −
43Tc → 44Ru + −1β + ν�e T1� = 211 ∙ 103 years
3 3 0 − 2
1T → 2He + −1β + ν�e T1� = 12.3 years
Como a meia-vida do molibdênio-99 é 10 vezes maior que a do tecnécio-99m, é
2
99 3 99 00β−−
43Tc → 3 Ru + −1 + ν� T1�T1= 211 ∙ 103 years
possível se obter tecnécio para diagnósticos médicos até uma semana após o recebimento
1T → 2He + −1β + ν�ee
44 2 �2 = 12.3 years
90%
do molibdênio; após esse prazo, ele ainda será útil como traçador ambiental, pois a atividade
40
19K0 �− ⎯� 40 0 −
20Ca + −1β + 0 ν
0
3 3
T → He + β90%+ ν
� T1� = 12.3 years
do 99mTc requerida nesse caso é muito inferior à necessária para exames médicos (da ordem
2198 40−1 0 −40e
1981 K −1 �⎯� 0 − 0
79Au → 80Hg 19+ β 20+Caν�e++−1γβ9 + 0 ν 2 T1� = 2,7 dias
T1� = 1.2 ∙ 10 years
de 10 -7 vezes). Isso se deve ao fato de que, nos estudos ambientais, a medida de atividade
2
2
90% 9
é feita com o medidor imerso na amostra (o radiotraçador ocupa todo o espaço em torno
40 T1 =
19K �⎯ ��
401.2 ∙ 10
Ca + 0β−years
2 20 10% −1
+ 00 ν
do medidor) enquanto que, nos diagnósticos médicos, a medida é feita fora do organismo
40
19K + −1T
0 −
e1 �⎯�= 27
40
18Ar + γ + 00ν
dias
�210% 9
T1� 0 =− 1.2 ∙ 4010 years
emissor, e, portanto, é pontual. É possível, então, utilizarem-se fontes de 99mTc que não são
40
19K + −1 2 e �⎯� 18Ar + γ + 0 0ν
mais úteis em clínicas médicas para o Tuso como radiotraçadores ambientais.
= 73 dias
1� 10%
7 0 − 7
4Be + em
O tecnécio-99 decai −1e40 → Li
0+− 2ν + γ
40emissãoT1 �- = 53 days
rutênio-99 por
19K + −1e �⎯� 18Ar + γ + β02ν, com meia-vida bastante longa
3 0
7 0 −
4Be + −1
(211.000 anos) e, portanto, e → 73Limuito
atividade + ν +baixa,
γ que Tnão
1� = 53 days
trará danos ao meio ambiente:
1 235 236 ∗ 2
97 137 1
0n + 92U → ( 92U ) → 37Rb + 55Cs + 2 0n
7 0235
− 7 236 ∗
99 4Be1+
Rueyears
+U→ Li +U ν�νe )+→γ 37Rb + T= Cs =
+ 53
2 1days
( 92 97 137
n99+−1
43Tc →0 4430 92 →
0 3−
−1β + T1153
�255
1� n3
s 2211 ∙ 010 anos
137 137m 0 − 137
55Cs �⎯⎯⎯⎯� 56Ba + −1β + ν �⎯⎯� 56Ba + γ
30235
years 153 s
1
n + U → ( 236 ∗ ) 0 97 − Rb + 137 2 10+
3 137
0Cs3He
Depois de feita a separação da mistura
1T 55→ 92 137m
BaνU�e+ →
+ −10β−56+92
2 �⎯⎯⎯⎯� −1β37 ��Cs137
+ ν �⎯T⎯55
1
+12,3
=56Ba nanos
, o tecnécio, na forma de TcO (OH)2 é
Mo/Tc γ
2
adsorvido em uma amostra do sedimento a ser estudado.
30 years 153 s
137 137m 0 − 137
55Cs �⎯⎯⎯⎯� 56Ba + −1β + ν �⎯⎯� 56Ba + γ
Um exemplo da utilização do tecnécio-99m como marcador de sedimentos é o estudo
T1� = 1,3 ∙ 109 anos
feito na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, Brasil. A chamada Lagoa da Pampulha
2
é, na realidade, uma represa, construída nos anos 1950, com o objetivo de controle de
inundações, abastecimento de água e formação de uma área de lazer para a cidade. Em
torno do corpo d’água 7
foram
0 −
construídos
7
jardins e equipamentos urbanos projetados por
4Be + −1e → 3Li + ν + γ T1� = 53 dias
arquitetos, paisagistas e urbanistas de renome, e hoje a área 2 é classificada como Patrimônio
da Humanidade pela Unesco. Porém a represa enfrenta problemas de assoreamento, pois o
sedimento trazido pelos cursos d’água que a alimentam
30 anos 153 sse depositam no fundo do espelho
137 137m 0 − 137
55Cs �⎯⎯⎯⎯� 56Ba + −1β + ν �⎯⎯� 56Ba + γ

10
A produção do tecnécio-99m e sua utilização na Medicina são descritas em: R. P. de Carvalho e S. M.
Velasques de Oliveira, “Aplicações da Energia Nuclear na Saúde”, SBPC-IAEA (2017). Disponível em:
<http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>. Acesso em jan/2019.
11
A energia da emissão γ do tecnécio-99m é 3 vezes menor que a do ouro-198 e, portanto, são exigidos
menos cuidados no manuseio e transporte do material.

37
d’água, não sendo levados pelos componentes da bacia hidrográfica. Seria necessário,
então, dragar o fundo da lagoa e transportar os sedimentos para outra área. Como a região
no entorno da represa é hoje completamente urbanizada, não há espaço disponível para o
depósito dos sedimentos. Uma solução proposta é de depositá-los na saída da represa, para
que sejam levados pelos cursos d’água. Esse seria o trajeto dos sedimentos, caso a represa
não existisse; eles são necessários para se manter o ecossistema da bacia hidrográfica, pois
carreiam compostos orgânicos necessários à manutenção da vida aquática.
Foi então feito um estudo para se determinar se os sedimentos depositados na saída da
barragem seriam transportados pelos cursos d’água. O traçador usado para os sedimentos
foi o tecnécio-99m, enquanto que a água foi marcada com Rodamina WT (do inglês Water
Tracer, traçador de água). A Rodamina é completamente solúvel em água e é fluorescente,
podendo ser facilmente rastreada. A Figura IV-2 mostra resultados desse estudo.
Figura IV-2: Estudo do transporte de sedimentos a partir da saída de uma represa
localizada em Belo Horizonte, Brasil
Atividade normalizada

A B C D

No ponto A, foram injetados simultaneamente Rodamina (curva azul, pontilhada) e Tc-99m absorvido em sedimento
(curva laranja, contínua). Em cada um dos pontos B, C e D, notou-se a passagem de água e sedimento marcados
ao mesmo tempo. A coincidência na altura e forma das curvas mostra que o sedimento e a água se deslocam de
198 198 0 −
79Au →na forma
forma semelhante. A mudança 80Hg +
das−1 β +indica
curvas ν�e + aγdispersão do material
T1� = 2,7
2
dias d’água; o ponto D está
no curso
localizado após uma zona morta, onde o sedimento foi dispersado e levou mais tempo para passar, o que modificou
a forma da curva. Baseado em: J.V.Bandeira, Tese de Doutorado – Escola de Engenharia da UFMG (2004).
Disponível em: <http://www.repositorio.cdtn.br:8080/bitstream/123456789/927/1/Tese_
T1� = 27 dias JeffersonV_Bandeira.
2
pdf>. Acesso em jan/2019.
T1� = 73 dias
Trítio como radiotraçador em aterros sanitários
2

O trítio (isótopo do hidrogênio contendo 1 próton e 2 nêutrons) pode ser usado como
radiotraçador em estudos de processos ambientais.12 Ele decai em hélio-3 (estável) com
99 99 0 −
emissão β- : 43Tc → 44Ru + −1β + ν�e T1� = 211 ∙ 103 anos
2

3
1T → 32He + 0 −
−1β + ν�e T1� = 12,3 anos
2

A energia da radiação β- emitida é baixa (média de 6 keV) e para sua detecção é necessário
T1� =que
usar um detector de cintilação líquida, ∙ 109 luz
1,3emite anosem resposta à radiação.
2
Observou-se que a concentração de trítio em chorume (líquido oriundo de aterros
sanitários) é da ordem de 104 a 105 vezes a sua concentração em água de chuva. A razão da
7
+ −10e− → 73Li + ν + γ
4Be T1� = 53 dias
2
O uso do trítio como radiotraçador na indústria petrolífera foi descrito
12
no Capítulo III: Aplicações da
Energia Nuclear na Indústria.
30 anos 153 s
137 137m 0 − 137
55Cs �⎯⎯⎯⎯� 56Ba + −1β + ν �⎯⎯� 56Ba + γ
38
alta concentração tem sido atribuída ao descarte nos aterros de mostradores de relógio, placas
de sinalização ou de interruptores elétricos luminescentes.13 O chorume é danoso ao meio
ambiente, pois contém microorganismos, alta concentração de metais e outros poluentes,
podendo contaminar os lençóis freáticos. Assim, é importante se rastrear sua rota, sendo a
alta concentração de trítio um indicador da presença de chorume.
A Figura IV-3 mostra um exemplo do uso de trítio como radiotraçador do chorume
proveniente de um aterro sanitário.
Figura IV-3: Medida do teor de trítio na vizinhança de um aterro sanitário

Teores de trítio na água superficial


(Ribeirão Ressaca)
Unidades de trítio (TU)

Nov. 1.999 (seca)

Abril 2.000 (chuva)

R1 R2 R3 E2 E4
Estação de coleta
R1: ponto de coleta no aterro sanitário; R2, R3, R4: pontos de coleta no curso d’água. A diminuição da atividade do
trítio indica que o chorume foi diluído no curso d’água, porém, continua a ser transportado, provocando poluição.
Baseado em: J. V. Bandeira, tese de Doutorado – Escola de Engenharia da UFMG (2004). Disponível em: <http://
www.repositorio.cdtn.br:8080/bitstream/123456789/927/1/Tese_JeffersonV_Bandeira.pdf>. Acesso em jan/2019.

Traçadores ativáveis
Para a análise da movimentação de sedimentos a longo prazo, podem-se marcar
amostras do sedimento com elementos estáveis, não presentes na região antes do estudo. Os
sedimentos marcados são lançados em diversas posições, sendo que para cada posição se usa
um marcador diferente. A intervalos de tempo determinados pela dinâmica do processo
na área, recolhem-se amostras nos pontos a ser estudados. Elas são analisadas por ativação
neutrônica, para se determinar a presença e quantidade dos traçadores em cada uma. Assim,
pode-se saber a direção e velocidade do deslocamento do sedimento.
Na análise por ativação neutrônica, a amostra é submetida a um fluxo de nêutrons, em
um reator de pesquisa. Os nêutrons são absorvidos pelos núcleos dos diversos elementos da
amostra, que emitem radiação γ. A energia dessa radiação tem valores característicos de cada
elemento e sua intensidade é proporcional à quantidade de núcleos ativados. Assim, pode-se
reconhecer a presença do elemento e sua concentração na amostra.14

13
A razão para o uso do trítio nesses equipamentos é que sua emissão β pode ser transformada em luz visível
por tintas fosforescentes.
14
A análise por ativação de nêutrons foi também descrita no Capítulo III – Aplicações da Energia Nuclear
na Indústria, no tópico: PGNAA

39
TT11�� ==73
73days
days
22

134
11
00nn+
235
+ 235
92
92
236 ∗∗))
UU →→((236UU →→ 42
92
92
99
99
42 Mo++ 134
Mo Sn++331010nn++EE
Sn
50
50
Radiotraçadores para estudo de solo
O movimento e a erosão 99m
99m
do solo podem ser estudados através de radiotraçadores.
Tc
Tc
Em geral, determina-se a presença e198concentração, 198 nas
0 −camadas superiores do solo, de
79Au → 80Hg + −1β + ν�e + γ T1� = 2,7 dias
2
radionuclídeos naturais ou dos chamados
Mo⁄⁄Tc
Mo Tc FRN (do inglês Fallout RadioNuclides, radionuclídeos
de queda). Alguns dos FRNs são formados na alta atmosfera, pelo bombardeamento de raios
99
99 99m
cósmicos. 42
42 Mo →→ 99m
Outros
Mo são
43
43 Tc
Tc ++ −1 00 −−
provenientes
−1 ββ ++ ν�νe�edos testes TT11�nucleares
�2= =66 66hh ocorridos entre
T1� = 27 diasas décadas de 1940 e
2 2
1960, ou de acidentes em usinas nucleares, quando produtos de fissão/fusão se espalharam
99m
99m 99
99
pela atmosfera emTc todo
Tc
43
43 →→ 43 43oTcglobo.
Tc ++ γγ Com oTpassar T11�� ==66
22
do
hh tempo, houve
T1� = a73queda
dias de radioelementos
2
que podem ser detectados e identificados através de sua atividade.
197 1 198
Um exemplo de radiotraçador 79Au + 0n → é
natural 79Au + γ
o potássio-40, que existe em pequena
99
99 99
99 00 −−15 33
Tc →→ na
Tc
proporção
43
43 44
44 Ru
Ru ++ −1
Natureza.
−1ββ ++Eleν�νe�e tem duasTT1rotas
1
�2�2= =211 211decaimento
de ∙ ∙ 10
10 years
years principais, ambas com a mesma
99 99 0 −
meia-vida: 43 Tc → 44 Ru + −1β + ν�e T1� = 211 ∙ 103 anos
198 198 0 − 2
00Au →ν�ν�80Hg + −1β
33
→ 3232He
11TT → He++ −1
79
−1ββ−−++ ee T+
T11��ν�e==+12.3
γ years
12.3 years T1�2 = 2.7 days
22
3 3 0 −
1T → 2He + −1β + ν�e T1� = 12,3 anos
2
90%
90%
40
40 40
40 00 −− 00
19
19 KK � �
⎯ ⎯
�� Ca
Ca
20
20 ++ −1
−1 ββ + + ν ν
T10�0 = 27 days
2
TT11�� == 1.2 1.2 ∙ ∙ 10 99
10 years
years T1� = 1,3 ∙ 109 anos
2
198 2 2 198 0 T−1 = 73 days
79Au → 80Hg + −1β �+ 2 ν�e + γ T1� = 2,7 dias
2
10%
10%
4040 0 0 −− 4040 0 0
KK++ −1 1−1ee �235
�⎯� 18
⎯� Ar(+
Ar + γU
236 γ+∗+ 0νν 99 134
→ 42Mo + 50Sn + 3 10n + E
1919 0n + 92U18 → 92 ) 0
T1�74Be=+27−1dias e → 73Li + ν + γ
0 −
T1� = 53 dias
2
2
77 00 −− 77
Be++ −1
44Be ee →→ 33LiLi
O decaimento do
−1 40 + νν++ γγ
+K TT199m
1 �2= = 53days
Tc53 days
é usado na datação de rochas, examinando-se o conteúdo de
�2
T1� = 73 dias
40
Ar: no material fundido, proveniente do magma, o gás argônio formado pelo decaimento
2
137
30 anos
137m 0 −
153 s
137
11
n
00 n++ 235
235
92 U
92U →→ (( 236 ∗∗))
236
92 U
92U → → 97
97
37
37 Rb
Rb ++ 137
137 Mo
55
55 CsCsCs
55 ⁄++
Tc�⎯⎯⎯⎯�
221010nn 56Ba + −1β + ν �⎯⎯� 56Ba + γ
escapou; após a solidificação, esse gás ficou preso na rocha e a sua proporção, comparada com
a proporção de potássio, 99indica o
Mo → 099m tempo
Tc + 153decorrido
0 ss−
β 137+ ν�e desde aT1formação da rocha. O exame do
�2 = 66 h
30years
30 years 153
137
137 137m
137m
Cs
conteúdo5555de �⎯⎯⎯⎯�
Cs�⎯⎯⎯⎯� é Tc
42Ba
menos Ba ++ −10−
ββ43−+
0+−
conveniente νν �� ⎯� 137
⎯−1
⎯�
porque Ba
Bao++ γγ
cálcio
Ca 43 T1� = 211 ∙ 10 anos origens, além do
pode ter outras
40 99 56
56 99 −1 56
56 3
→ 44Ru + −1β + ν�e
2
decaimento do potássio. Uma 99m vez conhecida
99 a idade da T1�rocha,
= 6 h pode-se observar se houve
43Tc → 43Tc + γ
erosão e transporte de 3 sedimentos
3
1T → 2He + −1β + ν�e
para
0 − outro local. 2
T1� = 12,3 anos
2
Um exemplo de radionuclídeo de queda natural é o berílio-7. Ele se origina na
alta atmosfera através
99 de choques99
43Tc → 44Ru + −1β + ν�e
de
0 −prótons, provenientes do vento
T1� = 211 ∙ 103 yearssolar, com átomos de
97 2
oxigênio ou nitrogênio caindo sobre
16 T1� o
2
= solo.
1,3 ∙ O 10 Beanosdecai em Li por captura eletrônica,
7

emitindo radiação γ 1com 3


T → energia
3 de 480 keV:
0 −
2He + −1β + ν�e T1� = 12.3 years
2

90%
0 −40K 7� 40
�⎯ 20Ca
0 − 0
7
4Be + −1e 19 → 3Li + ν ++ γ−1β + 0 νT1 = 53 dias
� 2
9
T1� = 1.2 ∙ 10 years
2
Como o radionuclídeo 30 penetra
anos no máximo 2 cm153 nos solo, é possível se determinar o
137 137m
valor esperado de atividade
55Cs �⎯⎯⎯⎯�
num40 local,
56Ba +
devido
0 −
0 −
β + ν �⎯⎯�0 137
56Ba + γ o que pode indicar se
−140ao seu decaimento,
10%
19K + −1e �⎯� 18Ar + γ + 0ν
houve erosão recente ou se o solo é proveniente de outro local.
O césio-137 é um radionuclídeo de queda de origem antrópica, proveniente da
fissão do urânio-235: 74Be + −10e− → 73Li + ν + γ T1� = 53 days
2

1 235 137
0n + 92U → ( 236 ∗
92U ) →
97
37Rb + 55Cs + 2 10n

30 years 153 s
137 137m 0 − 137
55Cs �⎯⎯⎯⎯� 56Ba + −1β + ν �⎯⎯�
+ γ 56Ba
15
A proporção isotópica do K é de 0,012%.
40

16
Esse processo se chama espalação: quando a partícula incide sobre um núcleo, arranca parte dos seus
componentes na forma de núcleos menores.

40
T1� = 1,3 ∙ 109 anos
2

O 137Cs foi lançado na atmosfera durante testes nucleares ou em acidentes em reatores


de fissão. O seu decaimento mais provável é:
7 0 −
4Be + −1e → 73Li + ν + γ T1� = 53 dias
2

30 anos 153 s
137 137m 0 − 137
55Cs �⎯⎯⎯⎯� 56Ba + −1β + ν �⎯⎯� 56Ba + γ

A energia da radiação γ é 0,66 MeV.

Na Alemanha, a camada superficial do solo foi contaminada com 137Cs proveniente


do acidente na usina nuclear de Chernobyl, em 1986. Esse radioelemento é absorvido por
plantas de raízes pouco profundas, mas árvores de raízes profundas não o absorvem. A caça
de animais selvagens, como cervos, fica interditada durante o outono/inverno, pois nessa
época os animais não encontram folhas de árvores e se alimentam de plantas rasteiras e
cogumelos. Sua carne fica então contaminada com o césio e não pode ser consumida. No
entanto, o césio não é metabolizado pelos animais e é eliminado pelas fezes. Por isso, pode
haver a caça e o consumo de sua carne em outras épocas do ano.

Uso de fontes seladas

Análise por transmissão γ


A transmissão de radiação γ depende da densidade do material que ela atravessa. Esse
fato permite a caracterização da camada de sedimentos em suspensão nas águas de portos,
barragens ou em canais de navegação. A fonte de radiação para a medida em transmissão é
geralmente o césio-137, cuja obtenção e forma de decaimento foram descritas anteriormente
nesse capítulo. Sua meia-vida longa (30 anos) o torna conveniente para o uso em fontes seladas.

Retroespalhamento γ
A análise de materiais usando raios γ pode ser feita em situações onde somente um dos
lados do objeto de estudo está disponível; nesse caso, fonte e detector ficam lado a lado e se
analisam os raios γ retroespalhados por efeito Compton.17 A intensidade do feixe retroespalhado
depende da densidade e da espessura do material, além do ângulo de espalhamento.
Essa técnica é muito útil para o estudo da concentração de sedimentos em portos,
rios, canais de navegação. As análises podem ser feitas em um ponto fixo, estudando-se a
variação da concentração de sedimentos com o tempo, ou medindo-se o perfil vertical dessa
concentração.
A Figura IV-4 mostra o esquema de uma sonda de retroespalhamento.

17
No efeito Compton, um fóton colide com o elétron de um átomo, comportando-se como partícula;
a troca de energia entre eles faz com que o fóton seja espalhado com energia diferente da inicial e que
depende do ângulo de espalhamento. O efeito Compton é também descrito no Capítulo I – Fundamentos.

41
Figura IV-4: esquema de uma sonda de retroespalhamento γ

sensor de pressão

detector de
cintilação
blindagem

fonte
radioativa

lastro

A fonte radioativa (em geral, césio-137) emite em todas as direções; a radiação que incidiria diretamente sobre o detector
é blindada por um cone de tungstênio, e somente a radiação retroespalhada pelo meio líquido consegue alcançar o
detector. O lastro na parte inferior da sonda permite que esta seja colocada na altura desejada, que pode ser determinada
pelo sensor de pressão.
Baseado em: A. Caillot et. al.: A New Nuclear Density Gauge to Measure Directly High Turbidities in Muddy Areas;
disponível em:<https://icce-ojs-tamu.tdl.org/icce/index.php/icce/article/view/3993/3676>. Acesso em jan/2019.

Estudos meteorológicos
A dinâmica atmosférica pode ser estudada usando-se o berílio-7 como radiotraçador. Como
foi descrito anteriormente neste capítulo, este radioelemento é formado na alta atmosfera por
espalação de núcleos de oxigênio ou de nitrogênio; ele adere a partículas de aerossóis18 que
são transportadas pelo vento e caem sobre o solo devido à gravidade e às chuvas. A análise da
presença de 7Be na baixa atmosfera pode dar informações sobre o movimento do ar.
O CTBTO (do inglês Comprehensive Nuclear Test Ban Treaty Organization, Organização
para o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares) é um organismo da ONU que
monitora explosões nucleares. Para isso, existe uma rede global de detectores que analisam a
composição do ar e a ocorrência de eventos sísmicos e que pode ser usada para outros estudos
e pesquisas. Os detectores indicam, entre outros fatores, a concentração de 7Be na atmosfera.
Sabe-se que a atmosfera terrestre é formada por células de convecção, onde o ar quente,
menos denso, sobe até a alta atmosfera, enquanto ar frio, mais denso, desce até próximo do
solo (Figura IV-5). As regiões entre duas células são chamadas zonas de convergência.
Existe uma zona de convergência próxima ao equador, duas nas zonas temperadas (uma em
cada hemisfério), e duas nas regiões polares.

18
Aerossóis são partículas finíssimas, sólidas ou líquidas, que existem em suspensão em um gás.

42
Figura IV-5: Células de convecção da atmosfera terrestre

zonas de convergência

células de convecção

A região entre duas células é denominada zona de convergência. Adaptado de: L. Terzi, M. Kalinowski,
Journal of Environmental Radioactivity 178-179, pg.1-15 (2017), disponível em: <https://prezi.com/view/
t1Daf9pyHDzVF3VD6S1S/>. Acesso em jan/2019.

Nas zonas de convergência no equador e nos polos, o sentido de circulação do ar faz


com que ele suba; nas regiões temperadas, inversamente temos ar que desce (Figura IV-6).
Como o 7Be é formado na alta atmosfera, espera-se que sua concentração seja mais elevada
na zona de convergência das regiões temperadas e mais baixa nas zonas de convergência do
equador e dos polos, em comparação com a concentração em outras regiões.
Figura IV-6: Circulação de ar nas zonas de convergência

fluxo de ar
fluxo de ar ascendente
descendente

fluxo de ar
ascendente

Pólo Zona Zona


temperada equatorial
Adaptado de: L. Terzi, M. Kalinowski, Journal of Environmental Radioactivity 178-179, pg.1-15 (2017), disponível
em: <https://prezi.com/view/t1Daf9pyHDzVF3VD6S1S/>. Acesso em jan/2019.

As zonas de convergência se deslocam com as estações do ano, situando-se ligeiramente


mais ao norte ou mais ao sul. Medindo-se a variação sazonal da concentração de 7Be, é possível
se determinar a posição das zonas de convergência e seus movimentos, associando-os com
características climáticas (verão, inverno, estações chuvosas ou secas, presença e intensidade
do fenômeno El Niño, ocorrência de monções etc).

Agradecimentos: agradecemos a colaboração dos pesquisadores Rubens Martins


Moreira e Jefferson Vianna Bandeira (CNEN, Brasil), João Alberto Osso Júnior, Patrick
Brisset e Sabharwal Sunil (IAEA) na elaboração deste capítulo.

43
CAPÍTULO V - APLICAÇÕES DA ENERGIA
NUCLEAR NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

A população mundial tem crescido exponencialmente e por isso aumenta cada vez mais
a demanda de alimentos. A energia nuclear pode ser usada na agricultura e na pecuária,
melhorando a produção de alimentos: no estudo e preparação do solo, na escolha das melhores
sementes e de espécies vegetais adaptadas a determinadas condições climáticas, na redução
de pragas agrícolas, na preservação da saúde de rebanhos etc. Neste capítulo, veremos alguns
exemplos de aplicações da energia nuclear.

Estudo de solos
Ao se preparar um terreno para a agricultura, é importante se conhecer se há movimento
ou erosão do solo, sua umidade, a necessidade de adubação, entre outros fatores. As técnicas
nucleares de estudo do solo incluem a observação de elementos radiotraçadores ou de isótopos
estáveis e as sondas de nêutrons.
Os radiotraçadores, sejam eles naturais ou de origem antrópica, informam sobre o
movimento das camadas superficiais do solo, indicando erosão ou acumulação de material
vindo de outras regiões.19,20 Os isótopos estáveis de carbono e nitrogênio (13C e 15N),
também podem ser usados para indicar movimentos do solo e erosão.
A composição isotópica de 15N é usada ainda nos estudos de fertilização do solo. Sabe-se que
as plantas precisam de nitrogênio para seu desenvolvimento; esse elemento é importante, por
exemplo, na formação da clorofila. Elas podem absorver o nitrogênio do solo ou do ar atmosférico.
Através de medidas da composição isotópica de 15N na planta e no solo, é possível determinar se o
elemento é proveniente do solo ou da atmosfera. Conhecendo-se as características do vegetal em
estudo, pode-se decidir sobre a necessidade de aumentar a concentração de nitrogênio no solo,
seja através do uso de plantas ou bactérias que fixam o elemento, seja por fertilização artificial.

19
O uso de radiotraçadores na indústria petrolífera e no estudo de transporte de sedimentos foi descrito
nos Capítulos III- Aplicações da Energia Nuclear na Indústria e IV- Estudos Ambientais
20
Os isótopos estáveis e a composição isotópica de alguns elementos foram detalhados no Capítulo II –
Isótopos Estáveis.

45
As sondas de nêutrons são usadas para se determinar a umidade do solo, baseando-
se na interação de nêutrons rápidos com a água. A fonte de nêutrons usada nessas sondas é
uma pastilha de amerício/berílio.21 O amerício-241 é um emissor α:

241 237 4
95Am → 93Np + 2α + γ T1� = 432 anos
2

9
4Be + 42α → 12
6C + 10n + γ
O berílio absorve a partícula α e se transforma em carbono-12, emitindo um nêutron
rápido: 241 1
Am → 237Np + 4α + �γ KT T1 = 432 years
95 93 2 2 �2

9 4
Be +
410 → 1221α
76
C + 410n + γ
5B + → 3Li + 2α + γ
0n
1� KT
2
3,8 dias
A energia dos nêutrons emitidos86éRnda�⎯⎯⎯⎯�
222 ordem218 dePo4+MeV.
84
4
2α As pastilhas são encapsuladas
com
241 alumínio,
237 chumbo
95Am → 93Np + 2α + γ
4 ou ferro, para T1 blindar
= 432 years a emissão γ.
10 �259Co1 + 1n7 → 604Co
Em contato com o solo, o fluxo5 de nêutrons B +
27 0 n → 0 3Li colide
+272α +com
γ os elementos do solo e troca
energia com seus
9 núcleos.
4Be + 2
4
60α → 12 Caso
6C60+ as
1 massas do núcleo e do nêutron sejam semelhantes, a troca
0n +0β γ− 3.8 days
27Co → 28Ni + −1 222 + νe + γ 218 4 T1� = 5,3 anos
de energia é mais efetiva, e os nêutrons 86Rn são�⎯⎯⎯⎯�
termalizados,
84Po + 2ou α seja, 2 têm sua energia reduzida

a valores da ordem de �2 KT . 1
59 1 60
O hidrogênio é o único elemento com 27Co + 0n →
baixo 27Co
peso atômico encontrado em quantidades
significativas nos solos60 típicos, 60 estando 0 − presente nas moléculas de água. Assim, a medida de
10 1 Co241→ 7 28Ni 4+237 βγ ++4ανe++γγ T=1�432
= 5.3 years
nêutrons térmicos5 B + 27 n → Am Li
está relacionada
0 95 3 +
→ 2 α +Np
−1
93 com a2 concentração de T1�água 2 no years
solo e pode determinar
2
a quantidade de irrigação 3.8 daysartificial 9necessária.
222
Rn
O fluxo de nêutrons
86
218
�⎯⎯⎯⎯�lentos84Po é
4
α + 42α por
42Be
+ medido, → 12 1
6C + 0n + por
exemplo, γ detectores tipo Geiger-Müller
(GM), usando gás
22
59
BF3, 1com boro 60
enriquecido 1� KT
em boro-10, que absorve nêutrons lentos e
27Co + 0n → 27Co 2
emite α e γ:
60 60 0 −
27Co → 28Ni + −1β + νe + γ T1� = 5.3 years
2
10 1 7 4
5B + 0n → 3Li + 2α + γ

222
3.8 days
218 4
86Rn �⎯⎯⎯⎯� 84Po + 2α
Os contadores GM determinam a intensidade mas não a energia da radiação ionizante
emitida. 59 1
27Co + 0n → 27Co
60

A vantagem das medidas feitas com sondas de nêutrons é que elas não dependem da
60
27Co
temperatura e pressão → 60
atmosférica 0 −
28Ni + do
−1βlocal,
+ νee +
sãoγ pouco afetadas
T1� pela
= 5.3 years
salinidade, composição
2
química do solo ou tipo de ligação das moléculas de água com as partículas do solo. Além
disso, o equipamento, composto pela fonte e pelo detector, é compacto e pode ser facilmente
transportado.

Mutação induzida
Mutação é uma modificação observada no DNA de um ser vivo. O DNA é uma fita
dupla de nucleotídeos, ligados por açúcares e fosfatos. Os nucleotídeos podem ter 4 tipos
de bases nitrogenadas: adenina, timina, citosina e guanina, identificadas pelas iniciais A, T,
C e G. Essas bases formam pares A-T ou C-G. A parte funcional do DNA é o gene, que
consiste em sequências especiais de centenas ou milhares de pares A-T ou C-G.

21
A fonte de Am/Be foi também descrita no Capítulo III – Aplicações da Energia Nuclear na Indústria.
22
Os detectores Geiger-Müller foram descritos no Capítulo I-Fundamentos.

46
A mutação pode ser pontual, quando substitui bases nitrogenadas por outras; pode inserir
ou retirar bases; ou pode inverter a ordem das bases. O fenômeno foi primeiro descrito pelo
botânico holandês Hugo de Vries, no início do século XX, que observou mutações em plantas
de prímula. A mutação induzida pode ser feita através do tratamento químico (agentes químicos)
ou da irradiação (agente físico) das sementes, provocando mutações que poderiam acontecer
naturalmente, porém levando mais tempo para acontecer (da ordem de milhões de anos). Ela pode
ser usada para se criarem, por exemplo, espécies de plantas resistentes ao clima (seca, salinidade
do solo, excesso de chuva etc.) ou mais nutritivas. Mutação induzida em plantas decorativas pode
resultar em flores com cores diferentes (Figura V-1). A técnica, portanto, acelera a evolução natural
das plantas. Como as mutações induzidas ocorrem numa frequência muito maior que as mutações
espontâneas, elas aumentam a probabilidade de se obterem características de interesse nas plantas.
Figura V-1: Flores de cores diferentes, obtidas através de radiação iônica de sementes
de petúnia

A B C D

E F G H

A: cor original; B-H: cores mutantes.


Fonte: Y. Hase et. al.: Plant Biotechnology 27, 99–103 (2010)

Como exemplo, temos o arroz: em 100 milhões de anos, a Natureza criou 140 mil
genótipos23 diferentes de arroz; usando-se radiação, é possível criar novos genótipos em menos
tempo: entre o início das pesquisas e a aplicação dos resultados, decorrem em geral 10 anos.
O processo consiste em submeter sementes ou tecidos de plantas à radiação γ, X, feixes
eletrônicos ou iônicos.24 A taxa de mutação é baixa (geralmente, entre 1% e 10%). As plantas
são cultivadas e se escolhem as que apresentarem características interessantes, para reprodução
em grande escala.
A mutação induzida foi comprovada em 1927, usando-se radônio como fonte emissora.25
As primeiras aplicações da mutação induzida ocorreram em 1936, na Indonésia (tabaco), em
1949, na Holanda (tulipas) e em 1950, na Suécia (mostarda) e na Alemanha (feijão). Hoje, a
técnica é usada mundialmente para se encontrar espécies convenientes para a alimentação
humana ou dos rebanhos animais.
241 237
Np + 42uma
95Am → 93Existe α + γconfusão frequente
T1� = 432 anosa mutação induzida e os organismos geneticamente
entre
2
modificados (GMOs, do inglês Genetically Modified Organisms). Os GMOs são obtidos
9 4 12
4Be + 2α → em
introduzindo-se + 10n espécie
6C uma + γ genes de outra espécie diferente. Os estudos são recentes e
1� KT
2
23
O genótipo é o conjunto formado pelos genes de um indivíduo.
24
Atualmente tem-se procurado usar prioritariamente raios-X ou feixes de elétrons ou íons, pois as fontes
dessas
10 radiações
1 deixam
7 4de emitir quando desligadas, ao passo que as fontes γ emitem continuamente.
5B + 0n → 3Li + 2α + γ
25
O radônio é um emissor α que faz parte da cadeia de decaimento do urânio-238:
3,8 dias
222 218 4
86Rn �⎯⎯⎯⎯� 84Po + 2α

59
27Co + 10n → 60
27Co 47
60 60 0 −
27Co → 28Ni + −1β + νe + γ T1� = 5,3 anos
2
ainda não se tem confirmação sobre a ausência de efeitos colaterais no seu consumo. Ao lado
disso, a mutação induzida provoca alterações nos genes que já existem na espécie, silenciando
alguns deles e expressando outros, e assim mudam algumas características da espécie. Tem
sido usada há quase um século, e não se tem relatos de problemas causados pelo seu consumo.

Técnica do inseto estéril


Dependendo da dose utilizada, a radiação ionizante pode provocar mutações, como
descrito no item anterior, ou causar alguma modificação em seres vivos. A capacidade de
esterilizar insetos com radiação é a base para a aplicação da técnica do inseto estéril (SIT,
do inglês Sterile Insect Technique), que tem como objetivo o desenvolvimento de métodos de
controle ou supressão de pragas na agricultura, e de insetos que causam doenças em humanos
ou em animais. A técnica é usada há mais de 50 anos para o controle de moscas da fruta e
moscas tsé-tsé.26 Hoje ela é amplamente utilizada para o controle de pragas agrícolas (mosca
da fruta, mosca do mediterrâneo), da pecuária (mosca do estábulo, mosca tsé-tsé, mosca da
bicheira) e de mosquitos transmissores de doenças para homens e animais.
Para o uso da técnica, cria-se em laboratório grande quantidade de insetos; os machos
são separados das fêmeas, geralmente na fase de pupas, e as fêmeas são descartadas. Na fase
de pupa, os machos são irradiados com doses convenientes; ao atingir a fase adulta, eles se
mostram estéreis, sem perder sua capacidade de acasalamento. Os insetos estéreis são liberados na
natureza, onde competem com os machos selvagens; as fêmeas que se acasalam com os insetos
irradiados não geram descendentes, e assim se pode controlar a população de insetos na região.
O ciclo de vida de um inseto é mostrado na Figura V-2.
Figura V-2: Ciclo de vida de um inseto

a fêmea adulta bota ovos

o adulto
emerge

larva pupa

A Figura V-3 mostra o desenvolvimento da SIT para moscas da fruta. As pupas macho
criadas em laboratório têm cor diferente das fêmeas (fêmeas brancas ou pretas, dependendo
da espécie, e machos marrom); elas podem ser separadas por um separador óptico, descrito
na Figura V-4.

26
A técnica do inseto estéril é também discutida em: R.P.de Carvalho e S.M. Velasques de Oliveira –
“Aplicações da Energia Nuclear na Saúde” – SBPC, IAEA (2017) – Disponível em: <http://portal.sbpcnet.
org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>. Acesso em jan/2019.

48
Figura V-3: Moscas da fruta criadas em cativeiro
(A)

© Regina P. Carvalho

(B)
© Regina P. Carvalho

(C)
© Regina P. Carvalho

A: os ovos são recolhidos em um recipiente colocado em baixo da gaiola. B: as larvas são criadas em bandejas contendo uma
pasta de carbohidratos e leveduras. C: as pupas macho e fêmea têm cores diferentes e podem ser separadas. Fotos feitas nos
laboratórios da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA – International Atomic Energy Agency), em Seibersdorf, Áustria.

49
Figura V-4: O processo de separação de pupas macho e fêmea de moscas da fruta
1

4
3
4
5
5 6
4

4
7

9 8

As pupas são introduzidas no separador (1) e uma plataforma vibratória (2) faz com que o material caia em monocamada
(3). Cada pupa é iluminada (4) e sua imagem é captada por câmaras (5), que enviam um sinal para o sistema de
processamento (6); este foi previamente programado para reconhecer objetos brancos ou escuros. Quando uma pupa
clara (fêmea) é detectada, o processador envia uma ordem para o canhão de ar comprimido (7), que desvia a trajetória
da pupa para o recipiente de material rejeitado (9). As pupas escuras (machos) são recolhidas separadamente (8). Baseado
em documento do Color Sorter Group – disponível em: <http://www.colorsortergroup.com/>. Acesso em jan/2019.

As pupas macho são irradiadas com cobalto-60, que é emissor γ, em uma gammacell
(Figura V-5), e incubadas. Nos laboratórios de pesquisa, depois da eclosão dos machos, eles
são colocados em contato com insetos selvagens, em ambientes controlados que simulam os
ambientes naturais (Figura V-6), para se verificar a interação entre os insetos.

Figura V-5: Equipamento para irradiação γ (gammacell)

(A) (B)

blindagem
(concreto)
recipiente para
© Regina P. Carvalho

irradiar as amostras
barras de Co-60
em torno do
recipiente

A: Aspecto externo; foto feita nos laboratórios da IAEA em Seibersdorf, Áustria. B: Esquema interno.

50
Figura V-6: Insetos machos irradiados são colocados em contato com populações
selvagens, em ambientes controlados, para se verificar a interação entre eles

© Regina P. Carvalho

Foto feita nos laboratórios da IAEA, em Seibersdorf (Áustria).

Procedimento similar é usado no controle de mosquitos transmissores de doenças em


humanos e animais (Figura V-7). Nos mosquitos, as pupas machos são menores que as fêmeas,
e podem ser separadas por meios mecânicos.

Figura V-7: Criação de Aedes aegypti

© Regina P. Carvalho
© Regina P. Carvalho

alimentação
das fêmeas
fecundadas
(sangue de porcos,
vacas ou cabras)

alimentação
(água glicosada)
(B)

entrada de
água e de
pupas
(A)
pupas
fêmeas

pupas
machos
© Danilo O. Carvalho

larvas
A: Os mosquitos são criados nos laboratórios da IAEA, em
Seibersdorf (Áustria). B: Os ovos são recolhidos na parte
inferior da gaiola. C: As pupas fêmeas e machos são separadas
entre duas placas que vibram. (C)

51
Para outros insetos, a técnica pode ter algumas alterações, devido às características
próprias de cada inseto. A separação entre machos e fêmeas das moscas do Mediterrâneo,
por exemplo, é feita com elevação da temperatura até 34ºC, o que mata os ovos fêmeas.
Esse mecanismo é mais simples e exato, pois permite a eliminação das fêmeas na fase de
ovo, simplificando o processo de criação dos insetos.
Outros insetos são muito resistentes à esterilização por radiação, como as mariposas. Porém,
se a dose for muito aumentada, pode matar os insetos. Nesse caso, a irradiação com doses
baixas não esteriliza o inseto, mas ele terá descendência estéril na segunda ou terceira geração.
A liberação dos adultos estéreis é feita semanalmente, em números que variam de 15
milhões a 1 bilhão de insetos por semana, dependendo do tipo de inseto, da área a ser
atingida e do grau de infestação. Para uso em áreas agrícolas, os lotes de insetos são resfriados
a 4ºC durante o transporte, sendo conservados em estado de latência. A liberação é feita por
pequenos aeroplanos e, à medida que caem, os insetos se aquecem e retomam a vitalidade.
Em áreas urbanas, a liberação é feita em vias terrestres.
A SIT tem tido bastante sucesso no controle de insetos, e em geral é parte de um conjunto
de técnicas usadas simultaneamente; seu sucesso depende de envolver toda a comunidade
em um projeto colaborativo.

Irradiação de alimentos
Após a cultura e colheita dos vegetais e a obtenção de produtos de origem animal, são
necessários procedimentos para que eles se conservem durante a estocagem e transporte,
até chegar ao consumidor. As técnicas de irradiação de alimentos têm como objetivos a
descontaminação, eliminando bactérias e fungos, o controle de pragas, como insetos, que podem
se instalar nos frutos e sementes, ou sua conservação por mais tempo, inibindo a brotação. Essas
técnicas são aplicadas em grãos, temperos, alguns frutos e legumes ou em carnes.
A irradiação também pode ser feita em refeições preparadas, que são particularmente
úteis na alimentação de astronautas, em hospitais ou no envio de alimentos a locais de
emergências (terremotos, enchentes). Nesse caso, o alimento é embalado com material que
não se deteriora quando sujeito à radiação; a embalagem evita que o alimento entre em
contato com micro-organismos e seja novamente contaminado. As embalagens de alimentos
irradiados levam um selo de uso internacional, denominado Radura (Figura V-8).
Figura V-8: Radura, o símbolo internacional usado para identificar alimentos tratados
por radiação ionizante

52
241 237 4 �2γKT
95Am → 93Np + 2α + T1� = 432 anos
2

9 4
4Be +
Usualmente, a irradiação γ é feita
10 com → 7 126C +4 10n obtido
1 2α cobalto-60, + γ através do bombardeamento
5B + 0n → 3Li + 2α + γ
de cobalto-59 (estável) em reator nuclear:
1 � KT
3.8 days
222
86Rn �⎯⎯⎯⎯�2 218
84Po + 42α

59 1 60
10 27Co1+ 0n 7→ 27Co 4
5 B + 0 n → 3 Li + 2α + γ
60 60 0 −
27Co → 28Ni + −1β
222
+ νe3,8+dias
γ
218 4
T1� = 5.3 years
2
86Rn �⎯⎯⎯⎯� 84Po + 2α
O cobalto-60 é um emissor de γ energéticos (1,3 MeV e 1,1 MeV, em proporções iguais):
59
27Co + 10n → 60
27Co

60 60 0 −
27Co → 28Ni + −1β + νe + γ T1� = 5,3 anos
2

No entanto, o uso de fontes γ acarreta problemas de segurança no transporte e manuseio


de radioisótopos e tem sido substituída por irradiação X ou por feixes eletrônicos, que só
irradiam quando em operação. O desenvolvimento de novas tecnologias de fabricação
permite que, atualmente, os equipamentos sejam menores e portáteis.

Pecuária
A produção de alimentos de origem animal (leite, carne) encontra problemas relacionados
com insetos parasitas como a mosca da bicheira, mosca do gado ou mosca tsé-tsé e com
doenças que atingem os rebanhos, como febre aftosa, peste bovina, peste suína. O controle
de insetos parasitas pode ser feito através da técnica do inseto estéril, descrita anteriormente
neste capítulo.
Um caso de sucesso na aplicação da SIT foi a erradicação de mosca da bicheira na
América do Norte. Essa mosca põe seus ovos nas feridas de animais, e as larvas se alimentam
do sangue e da carne dos mesmos. A infestação em rebanhos leva a uma grande perda de
animais e baixa na produção de carne ou leite.
Em 1965, a técnica foi implantada na Flórida, junto com outras técnicas de eliminação de
insetos e educação da população. Nos 10 anos seguintes ela foi estendida por todos os estados
do Sul, até a costa oeste norte-americana. Em 1981, a mosca da bicheira foi considerada
extinta nos Estados Unidos, ocorrendo apenas casos isolados em animais de estimação ou
cavalos de corrida que viajaram com seus donos para a América Central e do Sul, onde foram
contaminados. Em cada caso, foi feito um controle local com insetos estéreis durante 6 meses.
A partir de 1976, a técnica foi implantada no México e depois se estendeu pela América
Central. Desde 2000 existe uma barreira sanitária no canal do Panamá, com liberação semanal
de insetos estéreis, para evitar que haja recontaminação por insetos vindos da América do Sul.

Agradecimentos: agradecemos a colaboração dos pesquisadores Carlos E. Caceres,


Danilo O. Carvalho, Jorge Hendrichs, Carl M. Blackburn, Zhihua Ye e Fatma Sarsu (IAEA)
e Antonio Costa de Oliveira (Univ. Fed. de Pelotas, Brasil) na preparação deste capítulo.

53
CAP VI - APLICAÇÕES DA ENERGIA
NUCLEAR PARA FINS CULTURAIS

As técnicas nucleares são ferramentas úteis na preservação e estudo de bens culturais. Por
exemplo, a irradiação γ pode ser usada para eliminar fungos, microorganismos ou insetos
em livros e obras de arte antigos. A dose pode ser calculada para eliminar os organismos
indesejados, sem afetar o material a ser preservado.
A composição de tintas, cerâmicas ou ligas metálicas usadas em épocas passadas pode
ser revelada usando as técnicas de análise com nêutrons ou raios γ descritas no Capítulo III
– Aplicações da Energia Nuclear na Indústria.
A gamagrafia, também descrita no mesmo capítulo, é usada para mostrar o interior de
estátuas e outras obras de arte.
Além dessas, é usada a técnica de datação com carbono-14 para se conhecer a idade de
fósseis; e uma nova técnica de análise não destrutiva foi proposta recentemente para o estudo
de grandes edificações antigas: a muografia.

Datação com carbono-14


O 14C é formado na alta atmosfera, através do bombardeamento do nitrogênio-14 por
raios cósmicos, e é absorvido pelos seres vivos como CO2, da mesma forma que os isótopos
estáveis 12C e 13C:

14
7N + 10n → 14
6C + 11p

14 14 0 14
− + 1n → 14C + 1p
O 14C é instável,6Ce → 7N + −1β 7N
se transforma + ν� 0 14
em N por T1� = 5,730-years
6 decaimento
1 β:
2

14 14 0 −
6C → 7N + −1β + ν� T1� = 5.730 anos
2

55
A proporção entre os isótopos de carbono é a mesma enquanto o organismo está vivo
(da ordem de 1012 átomos de 12C para cada átomo de 14C), mas a quantidade de 14C começa a
diminuir após a morte, pois ele decai em 14N e não há mais absorção. Assim, determinando-
se a proporção entre o 14C e o 12C, é possível inferir há quanto tempo morreu o organismo
estudado. Em geral, considera-se que a proporção isotópica do carbono na atmosfera não
variou ao longo do tempo.
As primeiras datações por radiocarbono foram feitas na década de 1940, através da
contagem das emissões β- do 14C. Porém, devido à pequena proporção desse isótopo em uma
amostra de carbono, são necessárias grandes quantidades de material e longos tempos de
contagem. Por exemplo, uma amostra de de carbono “atual” perfaz em média 15 emissões
por minuto; para se obter uma informação precisa, seria necessário se realizar a contagem
por pelo menos 12 horas. Para amostras antigas, nas quais já houve o decaimento de parte
do 14C, a contagem pode demorar semanas ou meses.
Atualmente, é possível utilizar-se a técnica de espectroscopia de massa, descrita no
Capítulo II – Isótopos Estáveis, para se determinar a proporção de 14C no carbono total de
uma amostra. A análise pode ser feita rapidamente (10 a 30 minutos), e são usadas amostras
muito pequenas (~ 0.1 mg), o que diminui o dano causado à peça estudada.
O carbono-14 pode, portanto, ser usado para se determinar a idade de qualquer objeto
antigo contendo carbono de origem orgânica, como ossos de pessoas ou animais, conchas,
restos de alimentos em vasilhame pré-histórico, papel, tecido, palha, material de origem
vegetal encontrado em tijolos antigos etc.

Muografia
Múons (pronuncia-se ‘míons’) são partículas negativas, semelhantes aos elétrons, porém
com massa cerca de 200 vezes maior que a do elétron. São formados na alta atmosfera
terrestre, por choque entre os raios cósmicos e as moléculas da atmosfera. Eles interagem
muito pouco com a matéria e alcançam a superfície terrestre com energias elevadas. Ao
atravessar grandes volumes, perdem energia de forma proporcional à densidade do material
e à distância atravessada.
Devido ao fato de que o fluxo de múons é intenso em toda a superfície do globo terrestre,
eles podem ser usados para se examinar o interior de grandes estruturas (montanhas, grandes
edificações etc.). A muografia é semelhante à gamagrafia ou à radiografia, com a vantagem
que a fonte radioativa existe em permanência em qualquer lugar da Terra. A detecção dos
múons é feita por filmes de emulsão, e pode ser confirmada com detectores cintiladores.
Um exemplo de aplicação da muografia é o estudo do interior do vulcão Vesúvio. Através
das imagens obtidas se pode observar a formação de bolsões de lava e inferir a ocorrência
de futuras erupções.
Em outro estudo recente, foi feita a imagem do interior da pirâmide de Khufu, no
Egito. A partir das medidas, foi possível determinar a existência de um espaço vazio, até
agora desconhecido, dentro da pirâmide (Figura VI-1).

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Figura VI-1: Fluxo de múons incidentes, em função da posição dos detectores, na
pirâmide de Khufu (Egito)

B
A
fluxo de múons

-0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6

tgθ

A curva contínua laranja mostra os dados experimentais. A curva azul pontilhada mostra o fluxo esperado, levando-
se em conta a estrutura conhecida da pirâmide. O aumento do fluxo na região A é devido à presença de um túnel
conhecido (ausência de material que poderia atenuar o fluxo). A região B apresenta um valor inesperadamente alto
para o fluxo, indicando a existência de um espaço vazio, até agora desconhecido.
Baseado em: K. Morishima et. al.: NATURE , 552 (21/28), 386 (2017).

Algumas companhias estão atualmente propondo o uso da muografia para se verificar


a carga transportada em caminhões fechados.

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SUGESTÕES DE LEITURA

Os conceitos de Física Nuclear e suas aplicações, discutidos neste livro, podem ser encontrados
em livros básicos, como, por exemplo:

CARVALHO, Regina Pinto de; OLIVEIRA, Sílvia Maria Velasques de. Aplicações da Energia
Nuclear na Saúde. São Paulo: SBPC/IAEA, 2017.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert. Física. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. v. 4.
HEWITT, Paul G. Física conceitual. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.
LUZ, Antônio Máximo Ribeiro da; ALVARENGA, Beatriz Gonçalves de. Física: volume único.
São Paulo: Scipione, 1997.
OKUNO, Emico; YOSHIMURA, Elisabeth Mateus. Física das radiações. São Paulo: Oficina
de Textos, 2010.
PIRES, Antônio Sérgio Teixeira; CARVALHO, Regina Pinto de. Por dentro do átomo: física
de partículas para leigos. São Paulo: Livraria da Física, 2014.
ZAMBONI, Cibele Bugno. (Coord.). Fundamentos da física de nêutrons. São Paulo: Livraria
da Física, 2007.

Algumas páginas da internet oferecem informação sobre a energia nuclear e suas aplicações:
a) Páginas em português:
INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES. Material de aula. Ana
Maria Graciano Figueiredo – Material para o curso “Fundamentos em Tecnologia Nuclear – Física
Nuclear e Aplicações” – Disponível em: <https://www.ipen.br/portal_por/conteudo/posgraduacao/
arquivos/200703131119010-Curso2007_1.pdf>. Acesso em jan/2019.
CARDOSO, Simone Coutinho; BARROSO, Marta Feijó. Rápida introdução à física das
radiações. Rio de Janeiro: UFRJ. Disponível em: <http://www.if.ufrj.br/~marta/cederj/radiacoes/
fr-unidade2.pdf>. Acesso em jan/2019.
SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA. CARVALHO, Regina
Pinto de; OLIVEIRA, Sílvia Maria Velasques de. Aplicações da Energia Nuclear na Saúde.
Disponível em: <http://portal.sbpcnet.org.br/livro/energianuclearnasaude.pdf>. Acesso em jan/2019.
b) Páginas em inglês:
The Periodic Table. Disponível em: <http://periodictable.com/index.html>. Acesso em jan/2019.
NUCLEAR SCIENCE WALL CHART. Guide to the Nuclear Wall Chart. Disponível em:
<http://www2.lbl.gov/abc/wallchart/guide.html>. Acesso em jan/2019.
Radioactivity and its applications – IN2P3, France. Disponível em: <http://www.radioactivity.
eu.com/>. Acesso em jan/2019.
Radiotracer Applications in Industry – A Guidebook - IAEA, Vienna, 2004 – Disponível em:
< https://www-pub.iaea.org/MTCD/Publications/PDF/TRS423_web.pdf>. Acesso em jan/2019.
Use of Radiotracers to Study Surface Water Processes - IAEA-TECDOC-1760, Vienna,
2015. Disponível em: <https://www-pub.iaea.org/MTCD/Publications/PDF/TE-1760_web.pdf>.
Acesso em jan/2019.
Fundamentals of stable isotopes geochemistry – Carol Kendall, USGS (2010). Disponível
em: <https://wwwrcamnl.wr.usgs.gov/isoig/res/funda.html>. Acesso em jan/2019.

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Regina Pinto de Carvalho é professora e pesquisadora aposentada do Departamento
de Física da UFMG, onde sempre procurou divulgar a Física em todos os níveis, por meio da
orientação de estudantes ou treinamento de futuros professores. Essa preocupação continua
até hoje, dentro e fora da Universidade, com a capacitação de professores e a publicação de
livros de popularização da Física ou de apoio ao professor do ensino médio. Regina nasceu
em Belo Horizonte, em 1950, onde vive atualmente, depois de ter trabalhado e estudado
em outras cidades do Brasil e do exterior. Tem dois filhos e três netos.

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