Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São previstos pelo Decreto-Lei 25/37 quatro livros do tombo, a saber: I. o Livro do Tombo
Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, referente às coisas pertencentes à categoria de arte
arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular; II. o Livro do Tombo Histórico, referente às
coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica; III. o Livro do Tombo das Belas Artes
, referente às coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira; IV. o Livro do Tombo das Artes
Aplicadas, referente às obras que se incluem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou
estrangeiras.
Caso ocorra a transferência de propriedade dos bens é necessário que o adquirente faça
registro no órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro
de um prazo de trinta dias, sob pena de multa. Outras restrições se referem ao deslocamento
dos bens, devendo-se registrar as mudanças de lugar no prazo de trinta dias, igualmente sob
pena de multa.
8. Os bens tombados poderão ser reformados e/ou alterados? Há restrições quanto
a isso?
Segundo o Art. 17, os bens tombados não poderão ser reformados ou alterados pelo
proprietário sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, seja pessoa natural ou jurídica, sejam autoridades pertencentes à União, aos Estados
ou aos municípios. A pena aplicada a violação da lei é a aplicação da multa estipulada no
valor de cinquenta por cento do dano causado.
Conforme o Art. 14, a coisa tombada não poderá sair do país, salvo por curtos períodos sem a
transferência do domínio, para fins de intercâmbio cultural e validado pelo Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
10. O que deve fazer o proprietário de um bem tombado que for furtado ou se
extraviar?
A partir do exposto no Art. 16, o proprietário de um bem tombado que for furtado ou
extraviado deverá notificar o fato ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
dentro de um prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento do valor incidente sobre
o objeto.
Conforme o Art. 18, são aplicadas restrições para o entorno dos bens tombados, as quais
proíbem construções que impeçam ou prejudiquem a visibilidade do bem tombado, bem como
a proibição da colagem de anúncios e cartazes em suas fachadas. Dentre as penas, cita-se a
demolição da construção e a aplicação de multas de cinquenta por cento incidentes no valor
do objeto.
12. O que deverá fazer o proprietário de bem tombado que não possua recursos
para mantê-lo?
Em concordância com o Art. 19, o proprietário de bem tombado que não possua recursos para
mantê-lo deverá notificar a situação ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
elucidando as necessidades das obras, sob a pena de multa correspondente ao dobro do valor
dos danos causados por omissão. Sendo assim, recebido o pedido, o Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional pede a execução das obras a expensas da União. Conforme o
parágrafo segundo, “à falta de qualquer das providências previstas (...), poderá o proprietário
requerer que seja cancelado o tombamento da coisa”.
Segundo os artigos 26, 27 e 28, os negociantes de antiguidades, tais como obras de arte de
qualquer natureza, de manuscritos e livros antigos ou raros, assim como os agentes de leilões,
são obrigados a fazer registro especial dos bens no Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, além de apresentarem semestralmente relações dos bens históricos e
artísticos que possuem, sob pena de multa de cinquenta por cento do valor atribuído aos
objetos.
Conforme definição da UNESCO, entende-se por patrimônio cultural imaterial “as práticas,
representações, conhecimentos e técnicas _ junto com os instrumentos, objetos, artefatos e
lugares culturais que lhe são associados _ que as comunidades, os grupos e, em alguns casos,
os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. No mesmo
sentido, a UNESCO discute a vulnerabilidade deste patrimônio cultural visto que sua
perpetuação é vinculada a transmissão de uma geração para a outra.
No que tange a dimensão do patrimônio intangível, Mário de Andrade, tanto quanto Aloísio
de Magalhães, estiveram a frente de seu tempo na concepção de instrumentos para a
conservação do patrimônio imaterial, trazendo novas abordagens teóricas-metodológicas que
viriam a ser aprofundadas décadas depois. Ambos adotaram um viés antropológico e
etnográfico, da mesma forma que valeram-se das tecnologias disponíveis na época para
registrar e documentar as manifestações culturais brasileiras, tais como fotografias e
filmagens.
Nesse sentido, o principal legado de Mário de Andrade, enquanto ocupou o cargo de diretor
do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, ao longo dos anos 1930-40, refere-se
aos esforços de valorizar, reconhecer e proteger as raízes e a identidade da cultura brasileira.
Desenvolveu em sua prática profissional o que denominou de ‘artes patrimoniais’, isto é, a
arte compreendida como a “habilidade com que o engenho humano se utiliza da ciência, das
coisas e dos fatos”. Tal definição aproxima-se do conceito ampliado de patrimônio pela
Constituição de 1988, a qual passa a incorporar a dimensão da cultural. Do exposto, segundo
Andrade, a ideia de “patrimônio artístico nacional” refere-se a “todas as obras de arte pura ou
de arte aplicada, popular ou erudita, nacional ou estrangeira, pertencentes aos poderes
públicos, a organismos sociais e a particulares nacionais, a particulares estrangeiros residentes
no Brasil”. Paralelamente, subdivide a arte em oito categorias: arte arqueológica, arte
ameríndia, arte popular, arte histórica, arte erudita nacional, arte erudita estrangeira, artes
aplicadas nacionais e artes aplicadas estrangeiras. Além disso, organizou missões em diversos
estados brasileiros, com o intuito de conhecer e registrar as manifestações culturais
brasileiras, cujo objetivo é também empregar "documentações mais científicas para o registro
do patrimônio”.
Aloísio de Magalhães, por sua vez, discute a proteção do patrimônio nacional no contexto da
industrialização dos anos 1970, fazendo frente à tendência de dissolução e fragmentação da
cultura nacional mediante as imposições de uma cultura de massa estrangeira. Participou da
implementação do Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC, 1975) e desenvolveu um
banco de dados sobre a cultura brasileira cujo objetivo é a criação de um sistema referencial
básico das dinâmicas culturais brasileiras. Ao mesmo passo, traz o conceito de “referência
cultural”, o que significa atribuir sentidos e valores a bens e práticas culturais para além da
sua produção material. Imbuído por tal conceito, desenvolve quatro programas de estudo em
parceria com diversas parcerias federais, a saber: mapeamento do artesanato brasileiro,
levantamentos sócio-culturais, história da ciência e da tecnologia no Brasil e Levantamento de
Documentações sobre o Brasil. Igualmente, fundamentou vinte e sete projetos para a prática
das pesquisas e metodologias desenvolvidas, tais como o “projeto multidisciplinar do caju”,
evidenciando “a riqueza na relação homem-natureza”. Cita-se também a sua atuação no
IPHAN, decorrente da união do CNRC e o desenvolvimento do Programa de Reconstrução
das Cidades Históricas.