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ATV 10 decreto de Lei 25/1937

1. Compare as definições de “patrimônio histórico e artístico” do Decreto-Lei 25/37


e de “patrimônio cultural” da Constituição Federal de 1988.

A definição de ‘patrimônio histórico e artístico’ conforme o Decreto-Lei 25/37 contempla os


bens materiais nacionais cujo interesse de tombamento é avaliado pelo Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional contemplando as dimensões históricas, artísticas e estilísticas
dos objetos. Paralelamente, são incluídos os monumentos e as paisagens naturais de ‘feição
notável’, “dotados pela natureza ou agenciadas pela indústria humana”. No que tange a
Constituição Federal de 1988, observa-se a ampliação do conceito de patrimônio, uma vez
que passa a incorporar a dimensão “cultural”, o que engloba os bens materiais tanto quanto
intangíveis, como por exemplo, os saberes tradicionais de um povo, seus modos de vida e
suas manifestações culturais.

2. Quais são os livros de tombo previstos pelo Decreto-Lei 25/37?

São previstos pelo Decreto-Lei 25/37 quatro livros do tombo, a saber: I. o Livro do Tombo
Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, referente às coisas pertencentes à categoria de arte
arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular; II. o Livro do Tombo Histórico, referente às
coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica; III. o Livro do Tombo das Belas Artes
, referente às coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira; IV. o Livro do Tombo das Artes
Aplicadas, referente às obras que se incluem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou
estrangeiras.

3. Em qual livro de tombo você inscreveria: a) Um quadro de Guignard b) A Serra do


Curral c) O altar da Igreja do Rosário em Ouro Preto d) Ouro Preto

Conforme a definição dos livros do Tombo descritas no Decreto-Lei 25/37, teríamos: um


quadro de Guignard no Livro do Tombo das Belas Artes; a Serra do Curral no Livro do
Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; o altar da Igreja do Rosário em Ouro Preto
no Livro do Tombo Histórico e Livro do Tombo das Artes Aplicadas; e Ouro Preto no Livro
do Tombo Histórico.
4. O que significa “tombamento de ofício”?

O tombamento de ofício trata-se do tombamento incidente sobre os bens públicos,


notificando-se a entidade a quem pertencer ou cuja guarda estiver o bem, seja a União, o
Estado ou o Município.

5. Compare o tombamento voluntário e o compulsório.

Segundo o Art.7° do Decreto-Lei 25/37, o tombamento voluntário ocorre quando o


proprietário emite um pedido de tombamento que será avaliado pelo Conselho Consultivo do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ou ainda quando o proprietário aceita,
por escrito, a inscrição do bem em quaisquer dos Livros do Tombo. No que se refere o Art. 8°,
o tombamento compulsório resulta da recusa do proprietário à inscrição do bem no Livro do
Tombo. Dessa forma, o proprietário terá um prazo de quinze dias para apresentar as razões de
impugnação da notificação emitida pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
a qual será avaliada no prazo de outros quinze dias. Se não houver impugnação ou mediante a
não validação da mesma, procede-se à inscrição do bem no Livro do Tombo.

6. Compare o tombamento provisório e o definitivo.

Consoante o Art. 10°, o tombamento provisório refere-se ao período de “tombamento de coisa


pertencente à pessoa natural ou à pessoa jurídica de direito privado”, o qual poderá ocorrer de
maneira voluntária ou compulsória. Já o tombamento definitivo trata-se do registro dos bens
em um dos quatro Livros do Tombo. Para efeitos de Lei, o Art. 10° ressalta que o tombamento
provisório se equipara ao definitivo.

7. Os bens tombados poderão ser vendidos? Há restrições quanto a isso?

Caso ocorra a transferência de propriedade dos bens é necessário que o adquirente faça
registro no órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro
de um prazo de trinta dias, sob pena de multa. Outras restrições se referem ao deslocamento
dos bens, devendo-se registrar as mudanças de lugar no prazo de trinta dias, igualmente sob
pena de multa.
8. Os bens tombados poderão ser reformados e/ou alterados? Há restrições quanto
a isso?

Segundo o Art. 17, os bens tombados não poderão ser reformados ou alterados pelo
proprietário sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, seja pessoa natural ou jurídica, sejam autoridades pertencentes à União, aos Estados
ou aos municípios. A pena aplicada a violação da lei é a aplicação da multa estipulada no
valor de cinquenta por cento do dano causado.

9. Os bens tombados em nível federal poderão sair do país?

Conforme o Art. 14, a coisa tombada não poderá sair do país, salvo por curtos períodos sem a
transferência do domínio, para fins de intercâmbio cultural e validado pelo Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

10. O que deve fazer o proprietário de um bem tombado que for furtado ou se
extraviar?

A partir do exposto no Art. 16, o proprietário de um bem tombado que for furtado ou
extraviado deverá notificar o fato ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
dentro de um prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento do valor incidente sobre
o objeto.

11. Quais as implicações do tombamento para o entorno dos bens tombados?

Conforme o Art. 18, são aplicadas restrições para o entorno dos bens tombados, as quais
proíbem construções que impeçam ou prejudiquem a visibilidade do bem tombado, bem como
a proibição da colagem de anúncios e cartazes em suas fachadas. Dentre as penas, cita-se a
demolição da construção e a aplicação de multas de cinquenta por cento incidentes no valor
do objeto.

12. O que deverá fazer o proprietário de bem tombado que não possua recursos
para mantê-lo?

Em concordância com o Art. 19, o proprietário de bem tombado que não possua recursos para
mantê-lo deverá notificar a situação ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
elucidando as necessidades das obras, sob a pena de multa correspondente ao dobro do valor
dos danos causados por omissão. Sendo assim, recebido o pedido, o Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional pede a execução das obras a expensas da União. Conforme o
parágrafo segundo, “à falta de qualquer das providências previstas (...), poderá o proprietário
requerer que seja cancelado o tombamento da coisa”.

13. O que é o “direito de preferência”?

No campo do patrimônio, o direito de preferência é concedido ao poder público no caso de


alienação onerosa dos bens tombados de pessoas naturais ou jurídicas de direito privado.
Conforme o Decreto-Lei 25/37, a preferência é conferida à União, aos Estados e aos
Municípios, respectivamente.

14. Quais as obrigações dos negociantes de antiguidades e de obras de arte em


relação ao patrimônio?

Segundo os artigos 26, 27 e 28, os negociantes de antiguidades, tais como obras de arte de
qualquer natureza, de manuscritos e livros antigos ou raros, assim como os agentes de leilões,
são obrigados a fazer registro especial dos bens no Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, além de apresentarem semestralmente relações dos bens históricos e
artísticos que possuem, sob pena de multa de cinquenta por cento do valor atribuído aos
objetos.

15. O que é a “transferência do direito de construir”?

A transferência do direito de construir é um instrumento urbanístico que confere ao


proprietário de um lote a transferência do potencial construtivo para outra localidade da
cidade ou ainda o direito de venda do mesmo. Tal instrumento pode contribuir para a proteção
do patrimônio histórico e artístico, uma vez que controla o adensamento nos sítios tombados,
evitando-se assim, danos decorrentes dos impactos de novas construções no perímetro
circundante, bem como prejuízos à visibilidade dos bens.
Capítulo do livro O registro cultural e os desafios do patrimônio imaterial".

01 - Como se define o “patrimônio cultural imaterial” pela Unesco?

Conforme definição da UNESCO, entende-se por patrimônio cultural imaterial “as práticas,
representações, conhecimentos e técnicas _ junto com os instrumentos, objetos, artefatos e
lugares culturais que lhe são associados _ que as comunidades, os grupos e, em alguns casos,
os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. No mesmo
sentido, a UNESCO discute a vulnerabilidade deste patrimônio cultural visto que sua
perpetuação é vinculada a transmissão de uma geração para a outra.

02 - Relate brevemente a experiência decorrente do trabalho de Mário de Andrade e


Aloísio de Magalhães referente a dimensão do patrimônio imaterial ou intangível.
Qual o deslocamento provocado no campo do patrimônio que esta abordagem traz?

No que tange a dimensão do patrimônio intangível, Mário de Andrade, tanto quanto Aloísio
de Magalhães, estiveram a frente de seu tempo na concepção de instrumentos para a
conservação do patrimônio imaterial, trazendo novas abordagens teóricas-metodológicas que
viriam a ser aprofundadas décadas depois. Ambos adotaram um viés antropológico e
etnográfico, da mesma forma que valeram-se das tecnologias disponíveis na época para
registrar e documentar as manifestações culturais brasileiras, tais como fotografias e
filmagens.

Nesse sentido, o principal legado de Mário de Andrade, enquanto ocupou o cargo de diretor
do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, ao longo dos anos 1930-40, refere-se
aos esforços de valorizar, reconhecer e proteger as raízes e a identidade da cultura brasileira.
Desenvolveu em sua prática profissional o que denominou de ‘artes patrimoniais’, isto é, a
arte compreendida como a “habilidade com que o engenho humano se utiliza da ciência, das
coisas e dos fatos”. Tal definição aproxima-se do conceito ampliado de patrimônio pela
Constituição de 1988, a qual passa a incorporar a dimensão da cultural. Do exposto, segundo
Andrade, a ideia de “patrimônio artístico nacional” refere-se a “todas as obras de arte pura ou
de arte aplicada, popular ou erudita, nacional ou estrangeira, pertencentes aos poderes
públicos, a organismos sociais e a particulares nacionais, a particulares estrangeiros residentes
no Brasil”. Paralelamente, subdivide a arte em oito categorias: arte arqueológica, arte
ameríndia, arte popular, arte histórica, arte erudita nacional, arte erudita estrangeira, artes
aplicadas nacionais e artes aplicadas estrangeiras. Além disso, organizou missões em diversos
estados brasileiros, com o intuito de conhecer e registrar as manifestações culturais
brasileiras, cujo objetivo é também empregar "documentações mais científicas para o registro
do patrimônio”.
Aloísio de Magalhães, por sua vez, discute a proteção do patrimônio nacional no contexto da
industrialização dos anos 1970, fazendo frente à tendência de dissolução e fragmentação da
cultura nacional mediante as imposições de uma cultura de massa estrangeira. Participou da
implementação do Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC, 1975) e desenvolveu um
banco de dados sobre a cultura brasileira cujo objetivo é a criação de um sistema referencial
básico das dinâmicas culturais brasileiras. Ao mesmo passo, traz o conceito de “referência
cultural”, o que significa atribuir sentidos e valores a bens e práticas culturais para além da
sua produção material. Imbuído por tal conceito, desenvolve quatro programas de estudo em
parceria com diversas parcerias federais, a saber: mapeamento do artesanato brasileiro,
levantamentos sócio-culturais, história da ciência e da tecnologia no Brasil e Levantamento de
Documentações sobre o Brasil. Igualmente, fundamentou vinte e sete projetos para a prática
das pesquisas e metodologias desenvolvidas, tais como o “projeto multidisciplinar do caju”,
evidenciando “a riqueza na relação homem-natureza”. Cita-se também a sua atuação no
IPHAN, decorrente da união do CNRC e o desenvolvimento do Programa de Reconstrução
das Cidades Históricas.

03 - Como o Decreto 3551/2000 estabelece os instrumentos de Registro e de


Inventário? Qual a diferença e especificidade de cada um desses instrumentos?

O instrumento legal estabelecido pelo Decreto 3551/2000 é o Registro de Bens Culturais de


Natureza Imaterial e o instrumento técnico é o Inventário Nacional de Referências Culturais
(INRC). Segundo o texto, o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial propõe os
registros nos seguintes livros: o Livro de Registro dos Saberes (para os conhecimentos e
modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades); o Livro de Registros de
Celebrações (para os rituais e festas que marcam a vivência coletiva, religiosidade,
entretenimento e outras práticas da vida social); o Livro de Registros das Formas de
Expressão (para as manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas); e o Livro
de Registro de Lugares (para mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se
concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas). Não obstante, no prazo de dez anos,
o IPHAN realiza avaliações periódicas para reavaliar o registro do bem, o que denota a sua
natureza flexível e particular em relação ao patrimônio material, visto que poderá se tornar
uma “referência cultural de seu tempo”.

Já o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) tem por objetivo a produção de


conhecimentos sobre os domínios da vida social que constituem referências de identidade
para determinado grupo social. Além disso, não restringe-se às manifestações em si, mas
vincula-se a determinada base espacial. Portanto, estende-se às edificações associadas a tais
manifestações, significações históricas e imagens urbanas.
04 - Qual normativa o Estado de Minas Gerais criou para proteção do seu patrimônio
imaterial ou intangível? Dê exemplos de patrimônios imateriais registrados no Estado
de Minas Gerais.

Para a proteção do patrimônio imaterial ou intangível mineiro, o Estado de Minas Gerais


lançou mão do Decreto n° 42505/2002, o qual institui diretrizes de Registros de Bens
Culturais de Natureza Imaterial ou Intangível, semelhante à estrutura da Lei Federal. Sendo
assim, podemos citar como exemplos, o modo de fazer do queijo artesanal da região do Serro
e o caso de Betim, em decorrência da regulamentação cultural dos diversos saberes
tradicionais, ligados ao artesanato por registro em no Decreto Municipal 16385/2000. Ainda,
no que se refere ao inventário, registra-se como patrimônio imaterial mineiro a Cerâmica
Candel, a Viola Caipira do Alto e Médio São Francisco, os Queijos artesanais, as
comunidades impactadas pela usina hidrelétrica de Irapé-Região do Médio Jequitinhonha, e o
Parque Nacional Grande Sertão: Veredas.

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