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CURSO EM BACHARELADO EM PSICOLOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: UMA


ANÁLISE DO MODELO COGNITIVO

Juliana de Aguiar Pacheco

Muriaé
2020
JULIANA DE AGUIAR PACHECO

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: UMA


ANÁLISE DO MODELO COGNITIVO

Trabalho apresentado como requisito parcial


para a Conclusão do Curso de Bacharelado em
Psicologia do Centro Universitário
UNIFAMINAS.

Muriaé, 13 de Novembro de 2020


DEDICATÓRIA

A Deus, por ser meu sustento e refúgio em todas as situações e por feito a Psicologia ser meu
propósito de vida.
Aos meus pais e ao meu esposo por terem sido fundamentais nessa caminhada.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me ajudado a superar todos os obstáculos até aqui e por ter provido todos os
recursos necessários.
A Profª. Ms. Fabrícia Creton Nery Thomaz. Orientadora, braço amigo de todas as etapas deste
trabalho.
Aos meus pais Antônio e Maria das Graças, por não medirem esforços para ver esse sonho se
realizar.
Ao meu esposo Emmanuel, que sempre com paciência e amor ouvia minhas queixas de cansaço.
Aos meus colegas de sala, principalmente aos meus amigos mais próximos pelo
companheirismo e força em todos os desafios dessa jornada.
Aos professores, que direta e indiretamente contribuíram para o meu crescimento pessoal e
profissional.
EPÍGRAFE

[...] “Ebenézer; Até aqui nos ajudou o Senhor.”

1 Samuel 7:12b
PACHECO, Juliana de Aguiar. Transtornos de ansiedade na infância e adolescência: uma
análise do modelo cognitivo. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em
Psicologia. Centro Universitário UNIFAMINAS, Ano 2020.

RESUMO

O transtorno de ansiedade vem crescendo consideravelmente em todo o mundo, segundo a


Organização Mundial da Saúde (2017), estatísticas mostram os altos índices de pessoas ansiosas
independentemente da idade. O presente estudo justifica-se pelo número elevado de pessoas
com transtornos de ansiedade, a necessidade de intervenções eficazes e ampliação do
conhecimento teórico sobre o tema. Compreende-se que as estruturas cognitivas do ser humano
desde os primeiros anos de vida, é uma estratégia eficiente para interpretar esse fenômeno,
tendo em vista que as crenças e pensamentos ansiogênicos podem ter origem na infância e
acompanhar o indivíduo durante toda a sua vida. O presente estudo tem como metodologia
principal uma revisão bibliográfica através de uma revisão de literatura incluindo fontes dos
principais autores da temática abordada, assim também como artigos encontrados nas bases de
dados Scielo, Psico Info e Pepsic. Tem como objetivo apresentar uma análise do modelo
cognitivo dos transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes caracterizando as
particularidades dos transtornos, sintomas e as contribuições que o contexto pode trazer nesses
casos, evidenciando os benefícios do tratamento psicoterápico com base na Teoria Cognitivo
Comportamental. Contudo, conclui-se a importância do ingresso de novas pesquisas que
contribuam para o conhecimento da dinâmica da ansiedade na cognição do ser humano com o
intuito de elaborar técnicas cada vez mais eficientes de tratamento.

Palavras-chave: ansiedade; modelo cognitivo; infância; adolescência.


PACHECO, Juliana de Aguiar. Anxiety disorders in childhood and adolescence: an analysis
of the cognitive model. Completion of course work. Bachelor's Degree in Psychology.
UNIFAMINAS University Center, Year 2020.

ABSTRACT
Anxiety disorder has been growing considerably worldwide, according to the World Health
Organization (2017), statistics show the high rates of anxious people regardless of age. The
present study is justified by the high number of people with anxiety disorders, the need for
prevention and prevention and the expansion of theoretical knowledge on the subject. It is
understood that the cognitive structures of the human being since the first years of life, is an
efficient strategy to interpret this, considering that anxiogenic beliefs and thoughts can
originate in childhood and accompany the individual throughout his life. The present study has
as its main methodology a bibliographic review through a literature review including sources
from the main authors of the topic addressed, as well as articles found in the Scielo, Psico Info
and Pepsic databases. It aims to present an analysis of the cognitive model of anxiety disorders
in children and adolescents characterizing the particularities of the disorders, symptoms and
the contributions that the context can bring to these cases, evidencing the benefits of
psychotherapeutic treatment based on the Behavioral Cognition Theory. However, it is
concluded the importance of the entry of new researches that contribute to the knowledge of
the dynamics of anxiety in the cognition of the human being in order to elaborate increasingly
efficient treatment techniques.

Key Words: anxiety; cognitive model; childhood; adolescence.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................09
2. CARACTERIZAÇÃO DA ANSIEDADE.................................................................10
2.1 Dadosepidemiológicos.................................................................................................10
2.2 Caracterização dos sintomas........................................................................................13
2.3 Tipos de transtorno de ansiedade.................................................................................14
2.3.1 Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS)......................................................15
2.3.2 Mutismo Seletivo...................................................................................................15
2.3.3 Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) ....................................................16
2.3.4 Fobia Específica ....................................................................................................16
2.3.5 Transtorno de Pânico (TP).....................................................................................16
2.3.6 Agorafobia.............................................................................................................16
2.3.7 Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).....................................................17
2.3.8 Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento........................17
2.3.9 Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica.................................18
2.4 Tratamentos..................................................................................................................18
3. MODELO COGNITIVO PARA ANSIEDADE........................................................19
3.1 Estruturação da ansiedade.............................................................................................20
3.2 Crenças disfuncionais...................................................................................................23
3.3 Tratamento psicoterapêutico........................................................................................25
4. ANSIEDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: CONTRIBUIÇÕES DO
MODELO COGNITIVO........................................................................................................28
4.1 Caracterização dos sintomas e manifestações nas crianças e adolescentes..................28
4.2 Intervenção psicoterapêutica........................................................................................33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................37
6. REFERÊNCIAS..................................................................................................................38
9

1. INTRODUÇÃO

Beck (2012) explica que a ansiedade é uma resposta natural e fundamental ao corpo,
porém quando manifestada em excesso traz sérias complicações para a vida do sujeito
envolvendo mecanismos fisiológicos, cognitivos, comportamentais e afetivos que podem ser
resultado de reações de medo hipotético ou real e sem capacidade de controlar. Um fator
marcante no sentimento da ansiedade é o medo, que por sua vez é uma espécie de estado
neurofisiológico que é ativado por intermédio de uma assimilação cognitiva de perigo ou
ameaça, em contrapartida a ansiedade é marcada como uma esquematização de complexidade
ativada pela apreensão e medo. Ambos são peculiaridades do ser humano, tanto a ansiedade
positiva e a patológica, a diferença é a disfuncionalidade cognitiva ativada ao interpretar uma
situação considerada ameaçadora.
A partir das interpretações errôneas que o indivíduo faz acerca de certos acontecimentos,
é apresentado uma grande propensão a relacionar esses acontecimentos a interpretações de
futuras vivências, que acabam sendo vistas como ameaçadoras. Grande parte dessas
interpretações foram adquiridas e derivadas do período da infância, pois é na infância que são
construídas as crenças sobre si, sobre o outro e sobre o mundo, e o ser humano ainda não possui
uma estrutura cognitiva propriamente formada, não estando preparado para selecionar ideias,
podendo assim, desenvolver futuramente transtornos de ansiedade (BECK, 2014).
Os transtornos de ansiedade são psicopatologias caracterizada pelo medo e preocupação
excessiva ocasionada por reação a um evento muitas vezes inofensivo, tais transtornos trazem
consigo a ansiedade patológica e com ela vem inúmeros prejuízos na vida do indivíduo em
decorrência ao sofrimento produzido, e isso vem crescendo ano a ano em todo mundo (COSTA,
2019). Em 2017 o Brasil atingiu o ranking de país campeão com pessoas ansiosas, são quase
19 milhões de pessoas com algum transtorno de ansiedade (OMS, 2017). Com base na
estatística apresentada do número elevado de pessoas com transtornos de ansiedade do Brasil,
o presente estudo justifica-se pela importância de investigar o modelo cognitivo responsável
por sustentar os fatores dessa dinâmica, que na maioria das vezes começa na infância e perdura
até a idade adulta. Com a elaboração de novas crenças é possível atingir uma estrutura sólida e
saudável na saúde mental do indivíduo, resultando em um melhor aproveitamento em suas
relações internas e externas (BECK, 2014). Por esse motivo torna-se necessário estudar as
estruturas cognitivas que envolvem os transtornos de ansiedade na infância e na adolescência,
e também como a Terapia Cognitivo Comportamental pode auxiliar o indivíduo no tratamento
dessas psicopatologias, pois grande parte das pesquisas encontradas sobre a temática enfatiza a
10

eficácia das técnicas cognitivas comportamentais da abordagem no tratamento de transtornos


de ansiedade.
O presente estudo tem como objetivo principal apresentar os componentes do modelo
cognitivo dos transtornos de ansiedade na infância e na adolescência, de modo a observar as
implicações dos mesmos na vida no indivíduo. Ao longo do estudo objetivou-se também
caracterizar a ansiedade com explanação dos sintomas, apresentação de dados epistemológicos
e tipos de transtornos ansiosos. Também foi abordado a estrutura do modelo cognitivo; as
crenças disfuncionais presentes nos transtornos e os tipos de tratamentos existentes; por fim,
foi tratado a relevância do tratamento psicoterapêutico e a importância da integração do
contexto familiar e escolar no processo psicoterápico.
Para atingir os objetivos propostos foi realizada uma pesquisa de revisão bibliográfica
que consiste em um estudo que descreve as propriedades de um fenômeno e tem como método
a utilização de técnicas padrões na coletas de dados (ROTHER, 2007), a pesquisa foi elaborada
através de uma revisão de literatura, que “discute as considerações de vários autores sobre um
tema específico” (FONSECA, 2012, p. 15). Para isso foi feito um levantamento de fontes
primárias e secundárias de autores relevantes para a temática, como Aaron Beck, Judith Beck,
David Clark dentre outros. Desde modo, foi realizada uma seleção de materiais publicados a
partir de 2000 encontrados nas principais bases de dados como Scielo, Psico Info e Pepsic
artigos e livros disponíveis sobre a temática abordada. Após a leitura dos títulos os materiais
selecionados foram aqueles que cujo a temática se aproximava do objeto do estudo. Foram
excluídos artigos publicados em língua estrangeira e incluídos materiais que relacionam a
Terapia Cognitivo Comportamental com os transtornos de ansiedade na infância e adolescência.
Sendo possível então, a ampliação do conhecimento sobre a temática de modo a contribuir na
prática clínica.

2. CARACTERIZAÇÃO DA ANSIEDADE
2.1 Dados epidemiológicos
Os transtornos de ansiedade são quadros clínicos que podem ser caracterizados como
primários, não procedentes de outras doenças psiquiátricas, ou secundários a outros transtornos.
Os tipos de transtornos de ansiedade mais comuns são os relacionados a fobias, estresse pós-
traumático, transtorno obsessivo-compulsivo e pânico, os mais comuns são agorafobia e o
transtorno de ansiedade generalizada (COSTA, 2019). Tais transtornos têm sido vinculados a
diversificados aspectos culturais, sociais, ambientais e econômicos. No contexto educativo, no
11

trabalho e social podem ser encontrados fatores ambientais e psicossociais estressores que como
consequência podem servir como desencadeadores de ansiedade (DINELLI; ASSUMPÇÃO,
2018).
Os transtornos de ansiedade estão entre os principais transtornos mentais que afetam a
população mundial. No continente americano os problemas relacionados a ansiedade atingem
5,6% da população, com evidência para o Brasil, que possui o maior número de pessoas com
transtornos de ansiedade entre todos os países do mundo; 9,3% da população brasileira
apresenta algum tipo de transtorno ansioso trazendo inúmeros prejuízos em diversas áreas da
vida de um indivíduo (CHADE, PALHARES, 2017); afetando cerca de 18,6 milhões de
brasileiros e mais de 322 milhões de pessoas em todo o mundo (OMS 2017). No Brasil os
transtornos de ansiedade são mais presentes nas mulheres do que nos homens, sendo 7,7% em
mulheres e 3,6% em homens (GRACIOLI, 2018).
Luz (2012, p. 86) diz que “as mulheres tendem a usar mais estratégias cognitivas
desadaptativas, como reavaliação positiva1, ruminação2 e catastrofização3”, sendo assim os
maiores índices de ansiedade em mulheres podem estar correlacionado à maneira de
enfrentamento sendo que essa pode ser influenciada por fatores que precisam ser analisados de
acordo com cada caso. Existem alguns fatores prevalentes encontrados na maioria das mulheres
que apresentam transtornos de ansiedade, são eles: histórico de doenças crônicas, pouca
escolaridade, baixo nível socioeconômico e uso abusivo de álcool e tabaco, condições genéticas
e hormonais, preocupação com a saúde dos filhos, organização da rotina, baixa autoestima,
inseguranças em relacionamentos amorosos e etc.; (COSTA, 2019). Alguns fatores podem ser
considerados advindos de uma cultura imposto às mulheres que vem de anos, a responsabilidade
com os afazeres domésticos e o lugar de cuidado ainda são aspectos que grande parte das
mulheres enxergam como sendo somente seu papel na sociedade. As principais queixas das
mulheres com ansiedade patológica estão relacionadas a dificuldades para dormir ou
permanecer dormindo, inquietação, ficar facilmente irritada e triste (ARAÚJO, 2019).
Já nos homens os transtornos de ansiedade são decorrentes de alguns fatores
relacionados a liderança, inseguranças do trabalho agregando o medo do desemprego. Segundo
Fernandes (2018, p. 15) esses fatores “referem-se a inibição excessiva de comportamentos,

1
Dificuldade de lidar com situações corriqueiras (FERNANDES, 2015).
2
Estratégia que o indivíduo utiliza para enfrentar as emoções negativas. São pensamentos disfuncionais
persistentes sobre determinado acontecimento passado (LUZ, 2012).
3
Resposta exagerada aos acontecimentos. Um tipo de distorção cognitiva que enxerga o futuro sempre de forma
negativa (LUZ, 2012).
12

sentimentos e comunicação espontânea, geralmente em uma tentativa de evitar desaprovação


alheia, vergonha ou perda de controle dos impulsos”. Luz (2012) defende a ideia de essas
situações estão relacionadas ao aspecto cultural de que o homem não deve de maneira nenhuma
expor suas fraquezas e sentimentos, é à cobrança por ser forte o tempo inteiro sem se abalar
com as circunstâncias que o envolvem. O autor também fala que
Homens tem maior habilidade de isolar as emoções relacionadas a uma situação e
uma tendência a evitar usar uma abordagem emocional nas situações, enquanto as
mulheres, de forma contrária, tem a tendência a usar mais frequentemente uma
abordagem emocional nas situações (LUZ, 2012, p. 41).

Os transtornos de ansiedade não estão presente só na fase adulta, eles também são
encontrados na infância e na adolescência, cerca de 10% de crianças e adolescentes em todo o
mundo sofrem com algum tipo de transtorno de ansiedade, podendo essa manifestação está
relacionada a fatores ambientais e hereditários (MINARINI, 2019). Diferente dos adultos, as
crianças demonstram objeções em assimilar e identificar seus medos. Situações como
realização de provas, cobranças dos cuidadores por alta dedicação, mudança de escola e
exigências sociais são os principais fatores facilitadores para o surgimento de transtornos de
ansiedade em crianças, sendo os âmbitos mais comuns de preocupação das crianças estão
relacionadas à escola, saúde e segurança pessoal. Em geral, as meninas apresentam mais
preocupações que os meninos em relação ao contextos citados, as preocupações que mais são
encontradas nas meninas envolvem a cobrança por boas notas na escola, adaptação com novos
professores, saúde das pessoas mais próximas e segurança ao sair sozinha, por exemplo.
(DINELLI; ASSUMPÇÃO, 2018).
Isso se expande para o período da adolescência, que de acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS) (2018), a adolescência é compreendida cronologicamente de 10 aos
19 anos de idade, já para a Organização das Nações Unidas (ONU) (2018) o período da
adolescência é compreendido entre 15 aos 24 anos e conforme o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA, 1990) esse período vai de 12 aos 18 anos de idade. Apesar das demarcações
cronológicas, a adolescência está inserida no processo da juventude que além de ser uma etapa
biológica da vida do sujeito também possui características culturais que devem ser avaliadas
como um todo (MACHADO, 2012).
Alguns autores contemporâneos defendem a ideia de que
É importante enfatizar que a inscrição da juventude atual na vida possui dois
traços definidores: a liberdade de ação e o hedonismo. A consciência da
autonomia subjetiva, da liberdade individual e o senso de privacidade talvez
sejam algumas das maiores inovações da sociedade moderna em relação à era
clássica. [...] O sujeito moderno está sozinho, entregue à sua própria sorte. A
13

forma simbólica moderna de proteção contra a situação de desamparo,


reatualizado com a descoberta do espaço infinito, é a racionalidade
(MOREIRA et al. 2011, p. 461).

Nessa fase o indivíduo é acometido por inúmeras transformações psicológicas,


familiares, biológicas e sociais. Gracioli (2018, p. 41) refere-se a essa fase como sendo uma
fase de “desenvolvimento na qual os sujeitos deparam-se com dúvidas e desafios diante das
mudanças que experimentam, predispondo-os a alterações psicoafetivas”. Com base na grande
relatividade emocional, a adolescência apresenta possibilidades significativas para a
manifestação de transtornos de ansiedade passando a ter sentimentos de frustação, irritabilidade
ou raiva excessiva, podendo sofrer uma espécie de junção com mais de um transtorno devido a
explosões emocionais e mudanças inesperadas de humor; já nos adolescentes mais jovens os
sintomas que indicam o sofrimento por ansiedade são físicos e podem ser acometidos por
náuseas, dores de cabeça e dores de estômago; os transtornos de ansiedade em geral tem maior
preponderância em adolescentes que possuem práticas do uso de substâncias psicoativas. Assim
como em outros períodos da vida, na adolescência também há eventos significativos que
contribuem para o surgimento de transtornos de ansiedade, alguns desses fatores estão
relacionados à escolha profissional, a saída da escola, mudanças hormonais e a entrada no
mundo adulto, finalizando então os processos desse ciclo (GROLLI; WAGNER; DALBOSCO,
2017).
2.2 Caracterização dos sintomas
De acordo com o CID 10 (1994), a ansiedade é uma resposta natural do ser humano e
essencial para a sobrevivência e adaptação, porém, quando em excesso, é capaz de estimular
medo, expectativa ou dúvida. Entretanto, quando esse sentimento mantem-se por muito tempo
e passa a intervir nas atividades do dia a dia, a ansiedade deixa de ser sadia e torna-se um
problema patológico. Apresenta-se essa psicopatologia como transtorno de ansiedade,
denominado principalmente, pela ansiedade acentuada abrangendo preocupação crônica e
tensão constante causando sofrimento relevante.
A ansiedade é um estado fisiológico e psicológico caracterizado por fundamentos
emocionais, comportamentais, somáticos e cognitivos (DINELLI; ASSUMPÇÃO, 2018). Os
indivíduos que apresentam sintomas de ansiedade partilham característica de medo,
perturbações corporais e ansiedade excessiva; o medo é resultado da resposta emocional em
relacionado as ameaças próximas percebidas, em contrapartida a ansiedade é a precipitação de
ameaças futuras (OBELAR, 2016).
14

O indivíduo quando está ansioso apresenta um conjunto de reações fisiológicas


referentes a uma situação ameaçadora. Enquanto o organismo prepara as respostas
comportamentais frente a situações de ameaça ou perigo, o corpo experimenta
sintomas físicos relacionados ao aumento da frequência cardíaca, do consumo de
oxigênio, da pressão arterial e da frequência respiratória (ARAÚJO, 2019, s.p).

Embora existam diferentes categorias de transtornos de ansiedade, os sintomas são de


conformidade entre a maioria e são divididos em grupos, são eles: sintomas físicos, psicológicos
e comportamentais. Os sintomas físicos compreende-se como a manifestação observada de fora
do desconforto que a indivíduo sente, os mais comuns são palpitações do coração, sudorese,
tremores ou abalos, sensação de tontura ou desmaio, tensão muscular, boca seca, formigamento
no corpo, náusea e desconforto abdominal. Os sintomas físicos são resultados dos sintomas
psicológicos, entre eles estão o sentimento de fracasso, medo de morrer, desrealização referente
a sensação de irrealidade e a despersonalização caracterizada pela sensação de estar distante de
si mesmo. Já os sintomas comportamentais estão presentes quando o indivíduo detecta perigos
ou ameaças, manifestam-se em decorrência de respostas evitativas, defensivas e na busca de
sensações de segurança e estabilidade emocional. Entre os sintomas comportamentais estão as
reações de irritabilidade, dificuldade de concentração, inquietação constante, dentre outros
(MORAIS; MADALENA, 2019). Segundo o DSM-V (2014) o indivíduo só deve ser
diagnosticado com transtorno de ansiedade se houver ocorrência contínua e intensa de sintomas
físicos, psicológicos e comportamentais. É de suma importância avaliar todos os sintomas antes
de obter o diagnóstico, pois muitos sintomas possui comorbidades com doenças
cardiovasculares, renais e transtornos psiquiátricos.

2.3 Tipos de transtorno de ansiedade


O que difere um transtorno de ansiedade de outro são as situações que servem como
gatilho e o tipo de objeto cognitivo associado, mesmo que os sintomas sejam muito parecidos
entre si eles acabam sendo especificados por exames mais detalhados dos tipos de eventos que
são mais receados ou evitados (OBELAR, 2016). O DSM-V (2014) aponta que para o
diagnóstico de transtornos de ansiedade seja realizado, o indivíduo deve apresentar sintomas
fisiológicos, comportamentais e psicológicos por em média seis meses, diferenciando do medo
e preocupação provisória ocasionados pelo estresse cotidiano; e também não estar sob o uso de
nenhuma substância ou medicamento que possam estimular o surgimento de tais sintomas.
Sendo assim existem diferentes tipos de transtornos de ansiedade, como: Transtorno de
Ansiedade de Separação (TAS); Mutismo Seletivo; Fobia Específica; Transtorno de Ansiedade
Social (Fobia Social); Transtorno de Pânico (TP); Agorafobia; Transtorno de Ansiedade
15

Generalizada (TAG); Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento e


Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica (DSM-V, 2014). Porém os
transtornos mais comuns em crianças e adolescentes, são: Transtorno de Ansiedade de
Separação (TAS), Mutismo Seletivo e Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social).
2.3.1 Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS)
Consiste no medo e ansiedade excessiva e impróprias em relação a alguma fase do
desenvolvimento, incluindo a separação de pessoas significativas nas relações sociais do
indivíduo que tem mais apego, mais comum em crianças e adolescentes. O indivíduo apresenta
grande sofrimento ao ficar sozinho ou quando prevê o distanciamento de casa e de figuras de
apego; preocupação exagerada acerca de perigos, perdas, ferimentos, doenças ou mortes;
resistência ao sair de casa com medo de ir para a escola ou outro lugar devido ao medo da
separação; nega dormir fora de casa, entre outras características. Em crianças e adolescentes
esses comportamentos são presentes pelo menos por quatro semanas e em adultos seis meses
ou mais. Os pensamentos resultam em um sofrimento relevante trazendo prejuízos no
funcionamento acadêmico, social, profissional ou em outros contextos importantes para o
indivíduo (DSM-V, 2014).
2.3.2 Mutismo Seletivo
O indivíduo com mutismo seletivo apresenta fracasso na tentativa de falar em
determinados ambientes e situações que exigem dele expectativa para essa fala. Esse transtorno
não está relacionado a deficiência da fala; a crianças e o adolescente não tem nenhuma
dificuldade no processo da fala em geral, porém o Mutismo Seletivo apresenta mais
complexibilidade do que um transtorno de comunicação, podendo trazer prejuízos na realização
de tarefas que envolvam comunicação no âmbito profissional, educacional e social. As crianças
e adolescentes que apresentam esses transtornos não se prontificam a iniciar uma conversa,
geralmente falam somente quando estão em família e se por acaso tiver alguém que não
conhecem no mesmo ambiente elas se calam completamente. Recusam a fazer atividades na
escola a ponto de preferirem arcar com os prejuízos acadêmicos decorrente a esse
comportamento, passam a se comunicar através de gestos, escrita e cochichos com pessoas bem
próximas. As características associadas ao mutismo seletivo são: timidez excessiva, retraimento
social, isolamento, apego, negativismo, ataques de birra e medo de ser constrangido. Se tratando
do público infantil, especificadamente, de acordo com o DSM-V (2014), “em contextos
clínicos, as crianças com Mutismo Seletivo quase sempre recebem um diagnóstico adicional de
16

outro transtorno de ansiedade, sendo o mais comum o Transtorno de Ansiedade Social (Fobia
social).”
2.3.3 Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social)
O indivíduo com ansiedade social apresenta medo e ansiedade focada em situações que
o colocam exposto a possível avaliação de outras pessoas, exemplo, encontrar e conversar com
as pessoas que não tem muita intimidade, ser observado bebendo ou comendo, situações
relacionada a exposição em público em geral e etc. O indivíduo teme ser humilhado,
constrangido, e avaliado negativamente. Os sentimentos de ameaças são quase sempre
desproporcionais a real situação social. Vale destacar que esses comportamentos ansiosos não
são derivados de medicamentos ou outra condição médica. Em crianças e adolescentes, a
esquiva e a ansiedade não acontece só em ambientes que os adultos são a maioria, mas também
aonde há pessoas com a mesma faixa etária no mesmo contextos sociais (DSM-V, 2014).
2.3.4 Fobia Específica
A Fobia Específica consiste em ansiedade ou medo focados em uma situação ou objetos,
como alturas, voar, animais, ver sangue, tomar injeção e etc.). Sempre que o indivíduo estiver
exposto a situação fóbica ele apresenta uma resposta automática de medo e ansiedade; os
sentimentos de ameaça são desproporcionais em relação ao real perigo apresentado; a esquiva
é constante tendo duração de no mínimo seis meses. Em crianças e adolescentes que apresentam
condições de Fobia Específica o medo e a ansiedade podem vir acompanhado de ataques de
raiva, choro, comportamento de agarrar-se e imobilidade. Cerca de 75% dos indivíduos com
Fobia Específica, receiam mais de um objeto ou situação. (DSM-V, 2014).
2.3.5 Transtorno de Pânico (TP)
Os ataques de pânico ocorrem de forma inesperada e recorrente, ou seja, mais de um
ataque em pânico sem que haja motivos realísticos para tamanha preocupação. Os ataques
podem acontecer repentinamente, o sujeito pode estar dormindo, relaxando, comendo; a
frequência com que esses ataques acontecem podem variar de forma significativa, sendo um
por um por semana, dois por mês e até mesmo um por dia em casos mais graves. Pode-se dizer
que é um surto intenso de medo ou desconforto que atinge um pico em poucos minutos e em
meio a esse pico ocorrem muitos sintomas. Quando a criança e o adolescente apresenta esse
transtorno, os sintomas mais comuns são sensação de asfixia, tontura, calafrios ou ondas de
calor, desmaio, náusea, taquicardia, medo de morrer e de enlouquecer. Os sintomas podem
variar de acordo com a cultura do indivíduo (DSM-V, 2014).
2.3.6 Agorafobia
17

A característica principal da agorafobia é o medo e a ansiedade exacerbada e intensa ao


se expor em determinadas situações. Para que o diagnóstico seja realizado os sintomas precisam
estar presentes em algumas situações, como uso de transporte público, permanecer em espaços
abertos (estacionamentos, pontes ou mercados), permanecer em locais fechados, ficar no meio
de uma multidão, ficar numa fila ou sair sozinho. As situações podem ser diversificadas
variando de pessoa para pessoa. Quando o indivíduo encontra-se em uma dessas situações, logo
vem pensamentos que algo terrível está prestes a acontecer e que escapar dessas situações pode
ser muito difícil ou que pedir ajuda pode ser quase impossível. Os sintomas da Agorafobia são
bem parecidos com o Transtorno de Pânico, em crianças e em adolescentes inclui-se vômitos,
inflamações intestinais e sensação de estar perdido mesmo conhecendo o local que ocorre as
crises (DSM-V, 2014).
2.3.7 Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Os atributos predominantes do Transtorno de Ansiedade Generalizada são preocupações
em excesso e ansiedade com expectativa apreensiva acerca de atividades do dia a dia. A
duração, a expressividade ou a frequência da ansiedade e preocupação não condizem com as
chances reais do evento acontecer, e caso ele aconteça, as preocupações são desproporcionais
ao impacto real que esse evento pode causar. O indivíduo com esse transtorno tem dificuldade
de conter e impedir pensamentos preocupantes, os adultos regularmente pensam nas
circunstancias diárias voltadas para o trabalho, finanças, desgraças com os filhos, saúde dos
membros da família, dentre outros. Com crianças e adolescentes as preocupações são voltadas
para qualidade de seu desempenho e alta preocupação com competência, durante o decorrer do
transtorno as preocupações podem ser alteradas. Os principais sintomas são, preocupação
exagerada em grande frequência na maioria dos dias ocorrendo pelo menos por seis meses em
vários contextos sociais, fadigabilidade, esquecimentos, tensão muscular, dificuldade para
dormir e permanecer dormindo e sensação de estar com os nervos à flor da pele e inquietação
(DSM-V, 2014).
2.3.8 Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento
No Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento os sintomas são
ataques de pânico em consequência a abstinência, intoxicação a alguma substância ou
exposição a um determinado tipo de medicamento e que já são provenientes de algum quadro
clínico. Normalmente a manifestação dos ataques de pânico vem acompanhado de delirium e
perturbações e surgem em média um mês após o início do processo de abstinência, intoxicação
ou exposição a um medicamento; essas perturbações e trazem consigo sofrimento clinicamente
18

significativo acarretando prejuízos em todas as áreas da vida do sujeito. Esse tipo de transtorno
é pouco encontrado em crianças e adolescentes, sendo mais comum na fase adulta (DSM-V,
2014).
2.3.9 Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica
De acordo com o DSM-V (2014) esse transtorno surge em consequência a preocupação
de outro caso clínico distinto que o indivíduo esteja vivenciando. A característica principal para
se fazer o diagnóstico é o indivíduo está inserido em outra patologia que incluem a ansiedade
como manifestação sintomática, alguns exemplos são: hipertireoidismo, distúrbios
cardiovasculares, feocromocitoma, hipoglicemia, dentre outros. O DSM-V (2014, p. 231) diz
que “a ansiedade devida a outra condição médica é diagnosticada quando a condição médica
induz ansiedade e precedeu o início desta.” Os sintomas mais comuns dessa condição é
alteração de humor, delírium, amnésia e ataques de pânico. O público que apresenta maior
prevalência de Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica é são os adultos,
sendo pouco encontrado a manifestação no público infanto-juvenil (CORDIOLI, 2005).

2.4 Tratamentos
O tratamento para os transtornos de ansiedade é realizado conforme a demanda do
indivíduo e a expressividade dos sintomas apresentados, incluindo sobretudo, a psicoterapia e
a utilização de fármacos ansiolíticos e antidepressivos que agem no cérebro com o objetivo de
reduzir os sintomas. Além disso, existem algumas práticas auxiliadoras recomentadas para o
tratamento da ansiedade em geral, as atividades como meditação, exercícios físicos, yôga e
dança são métodos que auxiliam na diminuição dos níveis de estresse e aumenta a sensação de
relaxamento (REED et al, 2012). Sempre que os sinais da ansiedade estiverem acontecendo
com frequência é orientado ao indivíduo que procure um profissional capacitado para que o
tratamento seja iniciado, evitando provocar consequências maiores, como potencializar o
surgimentos de doenças autoimunes, cardiovasculares ou psiquiátricas (CORDIOLI, 2005).
A psicoterapia é um dos tipos de tratamento mais sugeridos nesses casos. Conduzida
por um psicólogo, é uma estratégia de tratamento bastante eficaz para os transtornos de
ansiedade. Nos casos iniciais ou de grau mais leves, não se faz necessário o uso de
psicofármacos sendo suficiente para controlar os sintomas ansiosos. As intervenções realizadas
através da psicoterapia são importantes, pois são capazes de identificar os pensamentos
disfuncionais do indivíduo e ajudam na promoção do autoconhecimento e na queda significativa
de conflitos emocionais (MORAIS, 2019).
19

Outro tipo de tratamento sugerido é o medicamentoso, que envolve tipos de


medicamentos, como os antidepressivos e os ansiolíticos. Os antidepressivos são os
psicofármacos que tem como objetivo controlar os sintomas ao recompor neurotransmissores
que ativam o bem-estar e o humor. A Venlafaxina, Sertralina, Paroxetina e Escitalopam são
medicamentos escolhidos para o tratamento de transtornos de ansiedade. Já os ansiolíticos,
embora são muito eficazes e tem o objetivo de acalmar, não devem ser indicados como primeira
opção de medicamentos, pois causam efeitos colaterais como quedas e sonolência e
dependência. Alguns exemplos de ansiolíticos são Diazapam, Lorazepam e Clonazepam. É
importante destacar que para o uso de qualquer medicamento é necessária a prescrição médica,
pois é de extrema relevância a observação dos efeitos, a necessidade de ajuste ou troca de
medicamento (CORDIOLI, 2005).
Vale destacar também a utilização de tratamentos naturais, que são empregados como
recursos alternativos naturais bastante usadas como complementação dos tratamentos
psicoterápicos. Podem ser muito eficazes na redução de sintomas e na diminuição da
necessidade de uso de remédios; são considerados métodos alternativos exercícios físicos,
caminha, dança, pilates, natação, tai chi e yôga, até mesmo a criação de um animal de estimação
auxiliam no tratamento da ansiedade proporcionando bem-estar e relaxamento, principalmente
quando envolvem cães. Além disso, é indicado a prática de atividades de lazer e atividades que
auxiliam no desenvolvimento de novas habilidades como ler, tocar algum tipo de instrumento
e pintura; vale ressaltar que o uso de remédios naturais também podem ter uma ação calmante
contribuindo para controle da ansiedade (REED et al, 2012).
Contudo, conclui-se que há diversos recursos para o tratamento da ansiedade que podem
ser utilizados em diferentes contextos de acordo com cada indivíduo, sendo crianças,
adolescentes, jovens, adultos e idosos. Todos os tratamentos citados possuem resultados
positivos diante a ansiedade, o que diferencia a escolha do método a ser empregado é a
sintomatização que cada indivíduo apresenta. As manifestações clínicas da ansiedade no
público infanto-juvenil demanda muita cautela já que as principais técnicas de identificação dos
transtornos usam os mesmos padrões diagnósticos, cabe ao profissional responsável envolvido
no tratamento avaliar qual intervenção será mais eficaz de acordo com os sintomas apresentados
em cada indivíduo.

3. MODELO COGNITIVO PARA ANSIEDADE


3.1 Estruturação da ansiedade
20

A premissa que rege o modelo cognitivo da ansiedade baseia-se na ideia de que os


pensamentos de um indivíduo delimitam diretamente sua maneira de sentir e se comportar. A
cognição desempenha um papel fundamental na mediação entre a situação e a emoção, aqueles
que sofrem com transtorno de ansiedade não sabem discernir sua estrutura cognitiva, e por isso
dão mais ênfase na situação e não na cognição, ou seja, sua avaliação a respeito da situação é
agente principal de sua ansiedade (CLARK; BECK, 2012). Outro aspecto a ser ressaltado é a
vulnerabilidade, que fundamenta-se na percepção que o indivíduo tem de si como submetido a
riscos internos e externos incontroláveis que ele mesmo enxerga incapaz de superar; tais
particularidades se dão mediante a um modelo cognitivo disfuncional. Contudo, pode-se dizer
que a expressividade do estado de ansiedade resulta da compreensão entre a avaliação do fator
de ameaça e a avaliação do modo de enfrentamento e segurança (PETERSEN, 2011). Clark e
Beck (2012) dizem que
O modelo cognitivo de ansiedade está estabelecido dentro de uma perspectiva de
processamento de informação, na qual ocorre um distúrbio emocional devido a um
excesso de funcionamento deficiente no mecanismo cognitivo. [...] A ansiedade é o
produto de um sistema de processamento de informação que interpreta uma situação
como ameaçadora aos interesses vitais e bem-estar do indivíduo (BECK; CLARK,
2012, p. 44).

Os transtornos de ansiedade apresentam dois processos comportamentais principais que


se manifestam-se para resguardar de perigos e danos, são eles: mobilização comportamental e
imobilidade de situações. A mobilização comportamental está ligada a maneira de
enfrentamento como luta ou fuga; pedir ajuda, comportamentos defensivos de esquiva para
desvalorizar o perigo, que ocasiona a excitação autonômica e gera respostas fisiológicas do
organismo em relação a exposição ao perigo ou vulnerabilidade de enfrentamento da ameaça,
mobilizando o sujeito diante o evento estressor. Em contra partida, a ansiedade pode gerar uma
espécie de imobilidade de situações em que o confrontamento ativo contribui para o aumento
do perigo fazendo com que o indivíduo tenha sensações de impotência, embriaguez e desmaios
(PETERSEN, 2011).
Clark e Beck (2012) apud Beck (1996) apontam uma maneira de reestruturar o modelo
cognitivo de uma pessoa com transtorno de ansiedade, chamada Modo de Orientação. O Modo
de Orientação trabalha no nível pré-consciente e proporciona um ajuntamento de esquemas que
tem como objetivo fazer com que o indivíduo tenha uma percepção instantânea dos estímulos
ameaçadores minimizando os perigos, sendo assim, tem como fundamento o entendimento e
ativação de esquemas funcionais diante à acontecimentos que outrora provocariam crises
ansiosas. Esse padrão pode ser formulado para agir em vários âmbitos possibilitando a
21

identificação de estímulos negativos e relevantes que comprometem a sobrevivência. Sendo


assim, o Modo de Orientação é uma forma de reestruturar o modelo cognitivo favorecendo o
processamento inicial de ameaças reconhecendo precocemente e minimizando os pensamentos
disfuncionais.
Existem características típicas nos tipos de transtornos ansiedade, a mais comum é a
preocupação, que fundamenta-se em pensamentos incessantes e incontroláveis relacionados a
perigos futuros muitas vezes considerados improváveis. Esses pensamentos são derivados de
crenças que o ser humano adquire na sua estrutura cognitiva no decorrer do seu
desenvolvimento, principalmente na infância. Tais pensamentos são chamados de pensamentos
automáticos e atuam em todos os momentos na vida de qualquer indivíduo, são tão espontâneos
que na maioria das vezes nem são percebidos, porém, se treinado o indivíduo consegue
identifica-los regularmente. No cotidiano há situações que podem ser consideradas como
gatilho para a evocação dos pensamentos automáticos, e pessoas que apresentam esses
pensamentos de forma negativa frequentemente tem uma visão distorcida de acontecimentos
considerados neutros, colaborando para o desencadeamento de transtornos de ansiedade
(ABREU; GUILHARDI, 2004).
O modelo cognitivo conta com a estrutura de esquemas, que segundo DUARTE et al
(2008) apud Beck (1976) diz que esquemas são entendidos como composições de cognição que
tem um significado que se refere a uma estrutura pré-estabelecida de crenças que conduzem o
indivíduo nas suas experiências mais variadas na vida. Os autores também definem esquema
como “estruturas cognitivas que organizam e processam as informações que chegam ao
indivíduo, são propostos como representações dos padrões de pensamento adquiridos no início
do desenvolvimento do indivíduo” (DUARTE, s.p, 2008).
Wright (2018) que diz que o modelo cognitivo também consiste em reconhecer
imediatamente dois tipos de processos envolvidos nos transtornos de ansiedade, são eles:
Processo Automático e Processo Estratégico. O Processo Automático está relacionado à
atenção que o pré-consciente dá a estímulos associados a tensão e ameaças. Esse tipo de
processo faz com que haja vestígios negativos de memórias automáticas nos transtornos de
ansiedade; o indivíduo possui memórias condicionadas de medo no pré-consciente, por
exemplo. As emoções que ocorrem no Processo Automático geralmente são adquiridas sem
esforço de maneira involuntária, são construídas de forma rápida, difíceis de controlar e exigem
uma análise mínima dos fatos.
22

Já o Processo Estratégico nos transtornos de ansiedade está relacionado aos processos


que são adquiridos de maneira mais lenta e elaborada. Pode-se dizer que os julgamentos, os
pensamentos preconcebidos e o ato de racionar sobre uma situação são atribuições elementares
da subjetividade que fazem parte da ansiedade; esse processo é construído de forma voluntária,
intencional, com total consciência dos pensamentos, foca em processar as circunstancias por
etapa e com mais atenção. É o Processo Estratégico que é responsável pelo indivíduo buscar
tratamento, pois ele tem plena consciência dos seus pensamentos destrutivos. Vale ressaltar que
a preocupação, a cogitação ansiosa, as imagens consideradas ameaçadoras e as memórias
traumáticas são fundamentais para o compreensão do modelo cognitivo do indivíduo com
transtorno de ansiedade (WRIGHT, 2018).
Há também os princípios centrais que sustentam o modelo cognitivo do indivíduo com
ansiedade, esses princípios são derivados das articulações das reações consideradas ansiosas.
São eles: A Avaliação de Ameaça Exagerada é um tipo de princípio central do modelo cognitivo
da ansiedade, ela é caracterizada por um foco intensificado e altamente seletivo apontado para
riscos que são entendidos como tendo um embate negativo relacionado à tarefas indispensáveis
no dia-a-dia. Outro princípio central é a Importância Aumentada, que é o envolvimento da
ansiedade com fórmulas particulares de enfrentamento, resultando na desvalorização da própria
competência de encarar uma problemática identificada. Já o Processamento Inibitório de
Informação de Segurança, trata-se da identificação dos estados de ansiedade através do
processamento limitado e reduzido de sinais de segurança que aumentam as chances de
gravidade por um perigo que já existe. Há também o Pensamento Construtivo ou Reflexivo
Prejudicado, este refere-se a dificuldade de manter um raciocínio lógico e real sobre o evento
ameaçador, sendo inúteis para a redução de sintomas de ansiedade (CLARK; BECK, 2012).
Além dos princípios cognitivos citados acima, existe o Processamento Auto
Perturbador, este refere-se ao foco de atenção que o indivíduo desenvolve por si mesmo
intensificando assim o próprio sofrimento. Há também a Primazia Cognitiva, esta está
relacionada com a primeira impressão que o indivíduo tem a respeito do evento estressor e da
vulnerabilidade individual que é interpretada de forma errônea gerando respostas defensivas
comportamentais e fisiológicas imprópria ao lidar com a ameaça. E por fim, há a
Vulnerabilidade Cognitiva à Ansiedade, que por sua vez, é a consequência de crenças nucleares
a respeito do sentimento de incapacidade pessoal vinda da ameaça (CLARK; BECK, 2012).
Contudo, o modelo cognitivo enxerga o transtorno de ansiedade como uma resposta
derivada de uma análise excessiva e inadequada de vulnerabilidade pessoal advinda de uma
23

sistematização de informações falhas que enxergam de maneira equivocada os acontecimentos


ou sinais neutros como alarmante. Com isso, os princípios cognitivos que colaboram para a
manutenção da ansiedade patológica só podem ser diminuídos a partir da ativação de novos
esquemas construídos durante o tratamento psicoterapêutico, minimizando o sofrimento do
indivíduo, que por sua vez, são elaborados de forma automática e involuntária contribuindo
para permanência da ansiedade patológica. (SERRA, 2006).

3.2 Crenças disfuncionais


O ser humano apresenta uma inclinação natural para construir crenças no decorrer de seu
desenvolvimento, essa característica é mais presente na infância, isso porque nessa fase a
criança ainda não desenvolveu a capacidade de selecionar ideias. Assim, as vivências obtidas
são profundamente significativas para a formação de crenças sobre a realidade; essas crenças
são chamadas crenças centrais ou nucleares e a maior parte delas permanecem estáveis ao
longo de toda a vida de modo a organizar um padrão de expectativas correlacionadas. As
mesmas podem ser positivas e negativas, resultando em um indivíduo com características de
segurança ou insegurança, tendo maior chance de desenvolver conflitos internos e
interpessoais que podem colaborar significativamente para o desencadeamento de transtornos
de ansiedade (OSMO, 2017).
A origem de uma crença se dá quando o indivíduo atribui um significado às situações
decorrentes de suas vivências que apresentam grau de importância considerável, e que a partir
disso é interpretada psicologicamente como verdade. Devido aos inúmeros estímulos recebidos
no cotidiano uma crença inicial é construída provisoriamente no momento em que é interpretada
como verdadeiro aquilo que a mesma representa (OSMO, 2017).
J. Beck (2014) explica que as crenças nucleares são as estruturas cognitivas formadas a
respeito de si, do outro e do mundo; são compreensões tão fundamentais e profundas que não
são flexíveis nem para si mesmo, o indivíduo interpreta tais ideias como verdades absolutas
como elas são. Pode-se dizer que as crenças centrais está no nível mais imprescindível de uma
crença, elas são rígidas, globais e difundidas, influenciam de forma significativa a vida do
sujeito sendo capaz de causar reações emocionais, comportamentais e fisiológicas;
manifestadas através dos pensamentos automáticos em diversos eventos do dia-a-dia. Além das
crenças nucleares, existem também as crenças intermediárias, pode-se dizer que são presunções
que o indivíduo faz dos acontecimentos usando como base as atitudes e regras que não estão
relacionadas necessariamente às situações, sendo assim, espera-se que com a maturidade e
24

novos conhecimentos a partir das vivências possam formar novos pensamentos que
ressignificam crenças nucleares disfuncionais (ABREU; GUILHARDI, 2004).
Como já foi dito, as crenças nucleares são construídas principalmente a partir das
vivências adquiridas na infância, fazendo com que muitas dessas experiências resultem em
marcas positivas e negativas que servem de direcionamento no decorrer da vida. Por vezes, as
crenças nucleares são construídas negativamente fazendo com que se enquadrem
especificamente em três grandes categorias, são elas: o Desamparo, o Desamor e o Desvalor.
Em casos de transtornos de ansiedade as categorias mais manifestadas são o Desamparo e o
Desvalor. Alguns pacientes manifestam crenças nucleares que se enquadram em todas as três
categorias e elas são responsáveis pelo modo de como uma pessoa interpreta e se comporta em
determinadas situações (ANDRETTA; OLIVEIRA, 2011).
O Desamor está relacionado ao não merecimento de ser amado, desejado, atraente, ser
imperfeito e abandonado por todos ao redor. O indivíduo acredita que tem defeitos de caráter
que o impede de ser amado e de receber carinho das outras pessoas (BECK, J. 2014). Algumas
falas são mais decorrentes do indivíduo que apresenta essa crença central de forma mais
fortalecida, geralmente expressam afirmações que se sentem diferentes, indesejados, solitários,
rejeitados e abandonados (ANDRETTA; OLIVEIRA, 2011). Já o Desamparo tem como
característica os sentimentos de vulnerabilidade, fragilidade, incompetência e impotência. As
falas mais utilizadas na manifestação dessa crença são relacionadas a sentimentos de
inadequação e ineficiência, geralmente o indivíduo não se vê apto a encarar nenhum tipo de
mudança em sua vida, se vê na condição de fracasso, vulnerável, sem recursos e passível de
receber maus tratos (ANDRETTA; OLIVEIRA, 2011). Já o Desvalor o indivíduo acreditar que
ele não tem valor perante as outras pessoas, acredita que é um incapacitado, um fracassado e
inadequado; a preocupação maior não é com as suas habilidades pessoais ou se é amado, ele só
consegue acreditar que é ruim para as pessoas que convivem e até mesmo que é um ser que
oferece perigo em seu contexto social. As falas mais comuns que caracterizam a prevalência
dessa crença são de incapacidade de receber valor, ser inaceitável, acredita ser um derrotado,
cruel, acredita também ser um perigoso sem o merecimento de viver (BECK, J. 2014). Vale
ressaltar que a eficácia do processo terapêutico de acordo com a Terapia Cognitiva
Comportamental depende principalmente da identificação da categoria das crenças, para obter
um resultado significativo (ANDRETTA; OLIVEIRA, 2011).
Beck (2008, p. 57) é claro ao falar da importância de construção de crenças nucleares
positivas, quando diz que “crenças nucleares embutidas nas estruturas cognitivas modelam o
25

estilo de pensamento de um indivíduo e promovem erros cognitivos encontrados na


psicopatologia”. Muitas vezes, o indivíduo encara à cauda dos eventos negativos com uma visão
parcial ignorando variáveis importantes. Com a retribuição o sujeito é capaz de atribuir
adequadamente às responsabilidades às partes certas e desconstruir o pensamento de se
responsabilizar por tudo o que acontece. Ao discutir as atribuições com o objetivo de fazer uma
avaliação ampla e direta, tem-se como conclusão que a culpa pelas adversidades não estão
exatamente relacionadas à falta de habilidade ou esforço do sujeito, mas sim, sob influência das
crenças nucleares construídas (ABREU; GUILHARDI, 2004).
Sendo assim, as emoções, os sentimentos, os pensamentos e os comportamentos são da
maneira que são porque são dirigidos pelas crenças nucleares que cada indivíduo carrega como
estrutura cognitiva, o sujeito que apresenta algum transtorno de ansiedade possui sintomas que
foram derivados de crenças nucleares negativas que estão ativas, é importante ressaltar que na
maioria das vezes o indivíduo não tem consciência que essas crenças existem (SANTOS, 2013).

3.3 Tratamento psicoterapêutico


Entre as modalidades de tratamentos psicoterápicos existentes para transtornos de
ansiedade, a Terapia Cognitiva Comportamental é vista por muitos a abordagem predominante,
construindo uma inserção de conceitos e técnicas psicoterápicas e discernindo entre si de acordo
com o foco preeminente. A abordagem é considerada eficaz na diminuição de sintomas e taxas
de ocorrência, com ou sem a utilização de medicamentos, em uma fasta variedade de transtornos
de ansiedade (KNAPP; BECK, 2008).
A Terapia Cognitiva Comportamental baseia-se em uma sistematização de psicoterapias
na qual a forma como o sujeito organiza suas vivências determina a forma de como ele se sente
e se comporta. De acordo com essa abordagem, os sentimentos são determinados pela maneira
como são interpretadas as situações, nesse caso, os transtornos de ansiedade ocorrem de
maneira adulterada e disfuncional ao perceber as situações, interferindo nos comportamentos
do ser humano (BECK; RUSH, 1997). O tratamento de transtornos de ansiedade diante a
perspectiva da Terapia Cognitivo Comportamental tem um foco em aumentar a consciência do
indivíduo sobre seus pensamentos automáticos e após isso modificar as crenças nucleares
disfuncionais e subjacentes. O tratamento pode ser iniciado com a identificação e
questionamentos acerca dos pensamentos, esse processo conta com a condução do
psicoterapeuta para que a pessoa analise seus pensamentos, sobretudo quando há um
descontrole emocional durante a sessão (KNAPP; BECK, 2008).
26

Dentro da Terapia Cognitivo Comportamental com ênfase em transtornos de ansiedade


existem técnicas que facilitam o acesso direto do terapeuta às crenças nucleares do paciente,
uma delas é a técnica chamada Seta Descendente ou Flecha Descendente, que consiste em
detalhar uma situação vivenciada pelo paciente fazendo com que ele perceba a ligação dos
pensamentos automáticos, que são os pensamentos que vem à mente espontaneamente aos
pensamentos mais enraizados, para então acessar a crença nuclear que o mesmo sustenta. Para
que esse processo seja realizado de forma eficaz o terapeuta faz questionamentos sobre o
significado que o paciente atribuiu a aquela situação e ao pensamento. Os termos ‘seta’ ou
‘flecha’ são usados com o objetivo de direcionar e fazer com que o paciente traga à consciência
a raiz de suas emoções e sentimentos. Existem inúmeras técnicas eficazes no tratamento
psicoterápico de transtornos de ansiedade, podendo ser incluída também tarefas ou exercícios
que os pacientes devem fazer em casa para o fortalecimento do tratamento (SANTOS, 2013).
De fato, o psicoterapeuta conjuntamente com o paciente, terão que avaliar o quanto as
crenças são verdadeiras a ponto de ditarem seus pensamentos e emoções e justificarem suas
experiências, as quais muitas têm como resultados sentimentos de fracassos, decepções e
frustrações. Quando o paciente tem acesso direto a suas estruturas pessoais inúmeros pontos
são melhorados, como motivação, conduta, condições culturais, afetividade e demais processos
cognitivos e psicológicos (KRÜGER, 2015).
Segundo Abreu e Guilhardi (2004) o tratamento psicoterápico para transtornos de
ansiedade tem como objetivo geral realizar um ajuste cognitivo, promover os processos de
reestruturação cognitiva e identificação de crenças, para então colaborar com a substituição ou
correção dos padrões disfuncionais por estruturas funcionais do pensamento. Pode-se dizer que
uma mudança duradoura acontece quando as crenças nucleares são modificadas por meio de
um processo de reestruturação cognitiva; vale destacar a importância da tomada de consciência
que o paciente deve ter sobre si, com base na exploração das crenças que influência diretamente
a cognição (KRÜGER, 2015).
Para que as mudanças estruturais ocorram, é preciso ir muito além da mudança de
erros cognitivos associados a uma síndrome específica. Somente por meio de análise
e correção das crenças mais arraigadas, alterando a organização dessas crenças, a
reestruturação cognitiva pode ser realizada. O tratamento precisa ter como foco as
crenças nucleares do paciente (KNAPP; BECK, 2008, p. 61).

Beck (1995) apud Abreu & Guilhardi (2014) diz de que os sintomas de ansiedade são
disfunções de alta intensidade dos modelos cognitivos e devido algumas crenças nucleares
inflexíveis mais latentes o aparecimento de várias maneiras interpretativas são mais evidentes
nas situações do cotidiano. A visão sobre os transtornos de ansiedade está conectada
27

diretamente com a visão que cada indivíduo leva sua história evolutiva, como os padrões de
agir, pensar e de sentir de cada um. Sendo assim, nos casos em que a disfunção de crenças é
mais presente, há a um atraso considerável da velocidade necessária que o sujeito tem de
acompanhar a mudança do meio, construindo verdadeiros atrasos de interpretação, isto é, o
sujeito ainda se encontra aprisionado em determinadas crenças de valores irracionais antigos
(ABREU; GUILHARDI, 2004). No processo de cognição as crenças nucleares disfuncionais
alteram as estruturas adaptativas mais sólidas, imperando nos atos finais de interpretação e
significação, com isso, tem-se um dos campos com maior contribuição para o desenvolvimento
de transtornos de ansiedade. Feito que as crenças disfuncionais coordenam o âmbito
interpretativo resultando em distorções no entendimento e prendendo o indivíduo em possíveis
expectativas naquele momento impossibilitando-o de promover uma compreensão satisfatória
de determinados eventos (ABREU; GUILHARDI, 2004).
Para Caballo (2012), existem alguns aspectos indispensáveis e incomuns entre os
transtornos de ansiedade que são essenciais na avaliação na psicoterapia, o principal deles é a
sintomatologia, pois com os relatos de sintomas do paciente o psicoterapeuta será capaz de
averiguar a gravidade e a frequência que esses sintomas aparecem identificando assim o grau
de prejuízo que eles trazem na vida do paciente, para então, ter informações de como conduzir
o tratamento e assim diagnosticar se há ou não comorbidades com outros transtornos ansiosos.
O autor também destaca a necessidade de fazer uma avaliação completa e mais específica do
transtorno e do paciente, para isso é necessário propor um processo de avaliação que direciona
que alguns elementos devem ser empregados antes e depois da intervenção, são esses
elementos: Entrevista estruturada para a realização do diagnóstico; Avaliação dos sintomas
apresentados durante as crises ansiosas; Avaliação de variáveis de sintomas envolvendo mais
de um transtornos; Avaliação geral da ansiedade e depressão (CABALLO, 2012).
Para Clark & Beck (2012), a entrevista diagnóstica é essencial para realizar uma
conceitualização do caso e a partir daí estabelecer um planejamento de tratamento, analisar o
impacto que aquele sofrimento traz para o indivíduo, quais processos cognitivos servem como
gatilho para aquele sofrimento e se há ou não outros processamentos psicológicos que sejam
capazes de influenciar o tratamento psicoterápico. Ao iniciar o tratamento psicoterápico pelo
olhar da Terapia Cognitivo Comportamental, é indispensável que haja uma aliança terapêutica
entre o psicoterapeuta e o paciente. É necessário que o paciente esteja ciente que será realizado
um processo chamado psicoeducação, o paciente deverá saber como funcionará o tratamento e
que ele é capaz de monitorar seus pensamentos e sintomas que geram mudanças fisiológicas.
28

Os autores são claros ao dizer que o objetivo da Terapia Cognitivo Comportamental no


tratamento de transtornos de ansiedade “é a redução na frequência, intensidade e duração de
episódios de preocupação que levariam a uma diminuição associadas a pensamentos intrusivos
ansiosos automáticos.” (CLARK & BECK, 2012 p. 425).
Para que haja um alcance desse objetivo para o paciente, é necessário ser modificado o
olhar do mesmo em relação suas crenças disfuncionais. Logo nas primeiras sessões é importante
esclarecer para o paciente o modelo cognitivo do transtorno desenvolvido, assim como a
importância de dar continuidade no tratamento; vale apresentar também ao paciente a
diferenciação da preocupação produtiva e a preocupação patológica, pois assim ele se tornará
mais consciente de sua maneira de lidar com suas preocupações no dia a dia (MULULO, 2009).
Também cabe ao psicoterapeuta explorar os ângulos positivos de segurança das situações
diárias desse paciente enquanto aspectos da preocupação é avaliado para que se tinha uma
restruturação cognitiva, objetivando ajudar o desenvolvimento de um olhar equilibrado e mais
realista sobre os pensamentos de preocupação (SERRA, 2006).
Dessa forma, pode-se dizer que a Terapia Cognitivo Comportamental quando utilizada
de maneira combinada durante um determinado período, em sessão psicoterapêutica e também
tarefas de casa, resultará em melhorias significativas na vida do indivíduo com transtorno de
ansiedade, pois esse tende a desenvolver outras práticas diárias, modificando seu
comportamento e com isso passa a ter uma vida mais equilibrada e saudável distante de
situações ameaçadoras. Pois a finalidade da Terapia Cognitivo Comportamental não é libertar
o paciente de preocupações e ansiedade, mas sim auxilia-lo a lidar com as mesmas de forma
mais branda e saudável (MULULO, 2009).

4. ANSIEDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: CONTRIBUIÇÕES DO


MODELO COGNITIVO
4.1 Caracterização dos sintomas e manifestações nas crianças e adolescentes
A ansiedade patológica presente na infância e na adolescência podem ser derivadas de
uma associação desadaptativa de fatores hereditários e ambientais relacionados a maneira de
como foi aprendido a superar os medos (DINELLI & ASSUMPÇÃO, 2018). Levando em
consideração as estruturas cognitivas de uma criança e de um adulto, J. Beck (2014) afirma que
a criança e o adolescente estão mais propensos a internalizar crenças do que uma pessoa de
mais idade, isso porque as estruturas cognitivas estabelecidas no processo de negação não estão
totalmente formadas na fase infanto-juvenil. Pode-se considerar que a condição de
29

vulnerabilidade existente nesse período é um grande fator formador de crenças; o indivíduo


movido pela sobrevivência e pelo processo natural de adaptação é estimulado a adquirir crenças
com o intuito se estabelecer no meio. Outro fator influenciador na formulação das crenças é a
pré-disposição genética existente em determinados traços de personalidade.
Desde os primeiros estágios do desenvolvimento as pessoas tentam entender seu
ambiente. Elas precisam organizar sua experiência de forma coerente para que possam
funcionar adaptativamente. Suas interações com o mundo e as outras pessoas,
influenciadas pela sua pré-disposição genética, conduzem a determinados
entendimentos: suas crenças, as quais podem variar na sua acurácia e funcionalidade
(BECK, J, 2014, p. 55).

As interpretações feitas pelos processos mentais na infância até a adolescência possuem


a função de significar as experiências pelas quais vivenciaram, com isso, esses primeiros
significados são armazenados e assimilados à construção de regras de funcionamento da mente
e formação de conceitos. Esses conceitos servirão como base para a auto interpretação,
interpretação dos outros e interpretação do próprio contexto. As experiências consolidadas
nesse processo de aprendizagem são levadas durante anos até a vida adulta, onde também
passarão por processos de interpretação para que seja estabelecido um significado mais
consciente do que já foi vivenciado (ANDRETTA; OLIVEIRA, 2011).
[...] esses padrões coordenam o processo de percepção e de atribuição de significados,
sendo também chamado de rotulação e se constituindo de uma verdadeira rede de
significados em nossa estrutura cognitiva. Conhecidos como esquemas ou crenças
pela Terapia Cognitiva, essas estruturas são os padrões orientadores da percepção e
interpretação da experiência. (ABREU; GUILHARDI, 2004, p. 279).

Se tratando dos transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes, pode-se dizer que


grande parte são decorrentes de privações na compreensão e no reconhecimento dos medos,
que acabam se tornando sentimentos irracionais com grande intensidade. Grande parte dos
transtornos ansiosos encontrados em crianças e adolescentes são derivados de situações comuns
vivenciadas no ambiente escolar, cobranças familiares por alto desempenho em tarefas
cotidianas, comparações sociais e situações interpretadas como fracasso (DINELLI;
ASSUMPÇÃO, 2018).
O elemento psicológico que dá origem a problemática cognitiva envolvida na ansiedade
na infância e na adolescência são os esquemas iniciais desadaptativos que estão no nível
inconscientes da cognição no indivíduo, que por sua vez, grande parte deles apresentam estar
ligados às figuras cuidadoras. É importante lembrar que nem sempre um esquema desadaptativo
naquele momento será considerado desadaptativo em outras situações, pois em algumas
situações ele pode ter sido desenvolvido de maneira conveniente a ponto de permitir a interação
do indivíduo com o meio, sendo funcional naquele contexto de vida e possibilitando a melhor
30

lida com aquela situação de medo e ansiedade (BATISTA, OLIVEIRA, 2005). Vale ressaltar
também que na adolescência alguns esquemas elaborados na infância são mantidos inativos,
porém diante a um estímulo estressor ou às cognições relacionadas a certas ocorrências da vida,
os esquemas podem ser ativados mais de uma vez, dessa forma, sendo desadaptativo (LUZ,
2012).
Quando se trata de transtornos ansiosos em especial na fase de transição da fase infantil
para a adolescência, o medo e ansiedade são provenientes de ameaças subjetivas que
contribuem para o surgimento de crises de identidade derivadas de sentimentos de solidão,
rejeição e incertezas relacionadas ao futuro. Pode-se destacar a diferença da manifestação da
ansiedade nos diferentes gêneros, nas meninas a manifestação de transtornos de ansiedade está
ligada a necessidade de aprovação social envolvendo estética e cobranças com padrões de
beleza; já nos meninos está ligada com a auto cobrança de se sentirem resistentes a expor seus
sentimentos de medo e preocupação (OBELAR, 2016). No geral, existem fatores incomuns que
são desencadeadores de ansiedade tanto nas meninas e nos meninos, podem ser considerados
“grandes alterações que lhe estão a acontecer: no seu corpo, que não controla, na relação com
os pais, em que os conflitos de dependência/autonomia são constantes, nos receios que sente
em relação às suas competências sociais e na relação com os pares.” (BRITO, 2011; p. 208).
É possível citar marcadores biológicas específicas da fase transitória infanto-juvenil que
colaboram para o surgimento de ansiedade, exemplo, alterações no próprio corpo, ganho de
peso, surgimentos de acnes, questões sexuais e a passagem do adolescente para o mundo adulto
configuraram o surgimento de acontecimentos importantes dessa fase, dando início a uma nova
etapa da vida, podendo contribuir para o reaparecimento de esquemas desadaptativos gerando
transtornos de ansiedade, sendo o mais comum o Transtorno de Ansiedade Generalizada,
Transtorno de Ansiedade Social e Agorafobia (OBELAR, 2016). Apesar do sofrimento
emocional e psíquico que os transtornos de ansiedade causam na criança e no adolescente, é
possível perceber as manifestações fisiológicas presentes nas crises ansiosas, como
[...] “pode-se citar agitação, hiperatividade e movimentos precipitados; como
manifestações cognitivas surgem atenção e vigilância redobrada e determinados
aspectos do meio, pensamentos e possíveis desgraças. Essas manifestações podem ser
passageiras ou podem constituir uma maneira estável e permanente de reagir e sua
intensidade pode variar de níveis imperceptíveis até níveis extremamente elevados.”
(BATISTA; OLIVEIRA, 2005, p. 43).

Para que a ansiedade patológica em crianças e adolescentes seja diagnosticada é


recomendado a atenção na presença, na intensidade e frequência dos seguintes sintomas:
tremores e sensação de fraqueza, inquietação, falta de ar, tensão muscular, náuseas, mãos frias
31

ou úmidas, diarreia, sudorese, aumento do número de urinadas, impaciência, dificuldade de


concentração, calafrios, insônia, memória prejudicada, dentre outros (BATISTA, OLIVEIRA,
2005). Vale destacar também que
A sintomatologia, quando não tratada, pode acarretar importantes prejuízos no
desenvolvimento, como a presença de transtornos mentais na vida adulta; dentre os
possíveis desdobramentos de problemáticas, além de transtornos mentais, estão abuso
de substâncias, criminalidade, desemprego e dificuldades de relacionamento
interpessoal e escolar (ANTONIUTTI, 2019, p. 11).

A literatura aponta que um número elevado de crianças e adolescentes que apresentam


transtornos de ansiedade podem ter desenvolvido essa condição em decorrência dos cuidadores
apresentarem algum tipo de comportamentos ansioso excessivo e preocupação aumentada sobre
alguns fatos que a criança e o adolescente presenciaram, com isso a transmissão da ansiedade
patológica acaba acontecendo devido ao processo de aprendizagem4 e modelagem5 ou por
dificuldades dos cuidadores em minimizar os sentimentos de medo da criança e do adolescente.
Com isso, os cuidadores possuem função primordial no tratamento psicoterápico (GRUJO;
MARQUEZ, 2009).
Segundo PARADA et al., (2018) nas famílias de crianças e adolescentes com
transtornos de ansiedade é comum encontrar modelos interativos onde imperam atitudes de
hostilidade, apatia e pouco acolhimento. O autor também afirma que falhas do suporte afetivo
são constantemente presente dando origem a um modelo de funcionamento conflituoso entre
os membros do sistema familiar, como: exposição permanente a conflitos familiares, falta de
paciência, exposição constante a situações perda, como o luto, por exemplo e etc. Esses
elementos são mais difíceis de serem percebidos de imediato pelos próprios cuidadores, pois
muitos deles encontram-se camuflados por trás de condutas de aparente preocupação e
superproteção. No geral, os padrões relacionais estabelecidos no contexto familiar é um grande
influenciador no impacto da ansiedade na vida da criança e do adolescente. Por tanto, vale
destacar que cada criança e adolescente responde da sua maneira a cada estímulo interpretado
como ansioso ou não (GRUJO; MARQUEZ, 2009).
Se tratando no processo psicoterápico baseado em intervenções cognitivo
comportamentais, é de extrema importância a inclusão dos cuidadores no tratamento, assim é

4
Processo comportamentais que envolvem interação entre indivíduos envolvendo experiências e valores
aprendidos no decorrer da vida relacionados a aspectos emocionais, psicossociais, cognitivos e culturais (GRUJO;
MARQUEZ, 2009).
5
Comportamentos adquiridos através do processo de observação. Atitudes comportamentais aprendidas a partir
de um comportamentos já existente (GRUJO; MARQUEZ, 2009).
32

possível verificar a remissão dos sintomas e a manutenção dos resultados atingidos, sendo que
o contexto familiar integra ativamente no processo de tratamento de sintomatologia. A literatura
aponta um número significativo de crianças e de adolescentes que se mantiveram até 3 anos em
remissão total de sintomas devido a inclusão da família do tratamento psicoterápico, em
comparação com as crianças e adolescentes que não tiveram seus cuidadores inseridos no
tratamento. Posto isso, pode-se dizer que a família tem um papel relevante no desenvolvimento
e na sustentação da ansiedade nas crianças e nos adolescentes, de modo que quando as famílias
são inseridas no tratamento as intervenções revelam-se mais efetivas na minimização dos
sintomas ansiosos, contribuindo também para a melhoria no relacionamento familiar e
prevenção de recaídas (PARADA et al., 2018).
Outro contexto importante de ser lembrado na vida de uma criança e de um adolescente
é o contexto escolar. O processo escolar deve contribuir para o desenvolvimento de habilidades
cognitivas, sociais, motora, psicológicas, de linguagem, de autonomia e de relacionamento
(SOUZA, 2011). Em toda fase escolar existem acontecimentos desencadeadores de ansiedade
na vida de um indivíduo, especialmente situações novas, que não foram vivenciadas na vida
familiar, pois é na escola que principalmente a crianças de pouca idade vão se deparar com uma
realidade distinta, um lugar desconhecido com pessoas estranhas que por muitas vezes as
exigem comportamentos que devido à pouca idade são incompreendidos, como fazer silêncio,
ficar de castigo, permanecer na fila e aprender a escutar uma pessoa que antes ela nunca teve
contato. Diante disso, a criança pode não saber lidar com esse excesso de comandos e
informações e pode sentir-se ansiosa, e se não for dado o devido cuidado a esses sentimentos
ansiosos, posteriormente pode trazer prejuízos no rendimento escolar e nas relações sociais
dessa criança (OLIVEIRA; SISTO, 2002)
É muito importante lembrar que a ansiedade excessiva apresentada no contexto escolar
não ocorre somente em crianças de pouca idade, mas sim, é muito encontrada também em
alunos veteranos de todas as idades se estendendo à adolescência, que em diversas situações se
sentem incapazes de enfrentar conflitos. A incapacidade de controlar as situações faz com que
a criança e o adolescente se sinta vulnerável ocorrendo o acúmulo de percepções errôneas,
assim, nota-se o aparecimento de sintomas e prejuízos causados pelos sentimento de medo e
preocupação derivados da incapacidade de gerenciar conflitos (BORGES et al., 2008).
Quando a criança e o adolescente com transtornos de ansiedade, não recebe o tratamento
adequado e a família e a escola não são parceiras desse tratamento, há grande chance desses
transtornos se estenderem até a idade adulta. Estima-se que o prognóstico é de a cada 3 casos
33

não tratados, 2 se estenderá para a fase adulta, acarretando em consequências profissionais,


sociais, familiares e até biológicas (PARADA et al., 2018). De modo geral, os transtornos de
ansiedade na infância e na adolescência apresentam um fluxo crônico no decorrer da vida,
quando não tratados. A literatura aponta pesquisas realizadas com população adulta em diversos
contextos sociais e apresenta indicadores de sintomas de ansiedade que deram início na infância
e por muito tempo foram diagnosticadas como outras patologias. Souza (2011) diz que o
Transtorno de Ansiedade de Separação mais comum em crianças, é um exemplo de que se não
for tratado acaba sendo evoluído para o Transtorno de Pânico e Depressão, fazendo com que o
indivíduo adulto desenvolva estratégias compensatórias evitando enfrentar situações que lhe
causam medo. Sem contar no prejuízo funcional imediato, deficiências cognitivas
desenvolvidas de médio e longo prazo, exemplo disso é a perda de interesse pela vida e baixa
autoestima (SOUZA, 2011).
Contudo, pode-se dizer que os transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes
podem ser gerados a partir de dois aspectos ansiogênicos, são: visão distorcido a respeito de si
e insatisfação com o contexto social daquele momento. Ambos podem servir como
formuladores de conflito interno ocasionando sentimento de impotência diante do inesperado
racional e dificuldades a respeito da própria perspectiva de significação (BATISTA,
OLIVEIRA; 2005).

4.2 Intervenção psicoterapêutica


A intervenção psicoterápica com base na Terapia Cognitivo Comportamental é a
abordagem que apresenta resultados significativos no tratamento de transtornos de ansiedade,
pois além das suas inúmeras técnicas pontuais e objetivas, a teoria apresenta um formato de
curto prazo nos tratamentos, podendo durar entre 5 a 22 sessões dependendo de cada caso,
especialmente se o paciente se apresentar resistente ao tratamento; cada sessão pode ter o tempo
de duração de 45 a 50 minutos. O foco dessa abordagem é o presente, mas também enfatiza a
relevância de pontuar vivências que envolvem a infância, contexto familiar, histórico, traumas,
vida social, trabalho, educação e etc. (FRIEDBERG et al, 2009). A teoria enfatiza os impactos
das crenças e comportamentos disfuncionais atuais. Tem como premissa a resolução de
dificuldades sociais, construção de imagens, treinamentos de relaxamento, exercício de
autocontrole, sendo essas as intervenções mais relevantes, selecionadas conforme a necessidade
da criança e do adolescente (SERRA, 2006).
34

A intervenção psicoterapêutica com base na Terapia Cognitivo Comportamental tem


como designo auxiliar o psicoterapeuta a conduzir o indivíduo a encontrar suas possibilidades
de escolha e autonomia através de um processo chamado Psicoeducação, que consiste em um
conjunto de técnicas psicológicas que tem como finalidade ensinar ao paciente a desenvolver
pensamentos e reflexões sobre as questões que o causam sofrimento e o levaram a procurar o
tratamento psicoterápico, contribuindo assim para execução de novos comportamentos
funcionais (ANTONIUTTI, 2019). A abordagem também faz uso de um método chamado
Conceituação Cognitiva, que
Flexibiliza as estratégias de tratamento, permite ao terapeuta reconhecer quais
técnicas funcionam e quais procedimentos são inócuos, facilitando a solução
produtiva de problemas quando o tratamento encontra obstáculos. [...] inclui o
histórico de desenvolvimento, o contexto cultural, os antecedentes comportamentais,
as estruturas cognitivas e os problemas levantados, ou seja, as questões que levam os
jovens ao tratamento (FRIEDBERG et al, 2009 p. 12).

A Terapia Cognitivo Comportamental para o tratamento de crianças e adolescentes com


transtornos de ansiedade vem sendo muito ressaltada devido a sua eficácia ao focar na proposta
de novos comportamentos ao interagir com o paciente. Durante o processo psicoterapêutico
com o público infanto-juvenil o foco deve ser a investigação dos motivos que levaram a criança
e o adolescente a procurarem o tratamento (que na grande maioria são levados pelos
cuidadores), assim como a natureza do sofrimento causado a as dificuldades comportamentais
e psicológicas tanto expresso no âmbito familiar, social e escolar, pois são as principais áreas
que influenciam o bem-estar afetivo e emocional dos mesmos (FARIA, 2013).
Quando uma criança é conduzida a um tratamento psicoterapêutico com foco em
transtornos de ansiedade, é necessário ter uma conversa com os cuidadores daquela criança. O
primeiro contato é muito importante, é quando é colhida as informações essenciais sobre a
criança, como qualidade do sono, desenvolvimento, alimentação, comportamentos na escola,
doenças e etc. É indispensável esse contato com os cuidadores, pois muitas dessas informações
a criança não tem condições de fornecer e é também uma oportunidade para observar a posição
ocupada pela criança naquele contexto familiar (COUTINHO, 2005). No tratamento
psicoterapêutico com crianças que apresentam sintomas de ansiedade excessiva é muito
utilizado a ludicidade, pois devido à pouca habilidade de expressar-se e a pouca maturidade a
criança não tem condições de verbalizar suas experiências, seus sentimentos e emoções de
forma clara, fazendo-se necessário a utilização de métodos que envolvam instrumentos lúdicos,
como: jogos, fantoches, desenhos, teatros e etc.; onde elas podem exteriorizar suas queixas de
forma indireta (ANDRETTA; OLIVEIRA, 2011).
35

Para obter sucesso no tratamento psicoterapêutico com crianças, o psicoterapeuta deve


ver a criança como um indivíduo em sua integralidade e entender que determinadas situações,
que muitas vezes para um adulto pode ser encarada com facilidade, quando manifestada na
criança pode ser vista como birras, tolices e má educação, mas de fato essas atitudes podem ser
manifestações de angústias e ansiedade legítima (COUTINHO, 2005). Outro fator bastante
eficaz na promoção de saúde emocional nas crianças é proporcionar métodos de criação
enaltecendo sua potencialidade criativa envolvendo atividades que lhe trazem prazer, não
somente com objetos como papéis, tintas, argilas, lápis de cor, mas sim atividades que permitem
trazer à mente novas possibilidades claras de livre expressão, exemplo disso é o brincar
(OBELAR, 2016).
Já o processo psicoterapêutico com adolescentes com transtornos de ansiedade possui
diferenças do tratamento com crianças. Como os adolescentes possuem condições de verbalizar
seus sentimentos e emoções, as sessões de psicoterapia apresentam um formato estruturado com
a intenção de promover a coparticipação do paciente e do psicoterapeuta na solução dos
problemas relatados. Segundo a Terapia Cognitivo Comportamental as sessões devem ser
estruturadas na seguinte forma: revisão de humor dos últimos dias fazendo uma relação do que
foi trabalhado na última sessão, verificação da execução das tarefas propostas, realização de
uma rotina mais adaptativa, resumos regulares a respeito das queixas e resumo com o desfecho
do andamento do tratamento e feedback da sessão (FARIA, 2013).
A retomada no assunto da última sessão é indispensável, pois as sessão estão conectadas
entre si, dando direcionamento e continuidade. O adolescente pode ter um caderno de anotações
que auxiliará nas anotações do que foi trabalhado nas sessões e servirá para anotar as tarefas a
serem realizadas em casa, nesse sentido a revisão de tarefas tem como objetivo consolidar o
aprendizado, reafirmar a importância da reeducação e o estabelecer de novos hábitos. O
objetivo da elaboração de uma nova rotina adaptativa é o foco não no problema, mas sim nas
possíveis soluções que o próprio adolescente propõe juntamente com o psicoterapeuta, evitando
a esquiva no enfrentamento. O resumo final de cada sessão é feito para promover o
fortalecimento da memória do adolescente e a estimula-lo a ter consciência do que já foi
trabalhado; por fim ao dar o feedback regularmente do paciente em relação ao processo
psicoterapêutico, o psicoterapeuta pode perceber as expectativas, dúvidas e insatisfação,
podendo assim dar um novo direcionamento na psicoterapia, se necessário (ANTONIUTTI,
2019).
36

É de extrema importância que o adolescente seja respeitado em suas condições de saúde


mental e emocional, seus dramas, medos, segredos e possibilidades. Logo nas primeiras sessões
é interessante estabelecer com o adolescente que quando for preciso informar algo a família ou
responsável, ele será avisado com antecedência e saberá o porquê da comunicação. Pois a
clareza é essencial para o fortalecimento da confiança no processo psicoterapêutico e uma
conduta de transparência deve ser construída desde o início (COUTINHO, 2005). Vale destacar
que após extrair dados clínicos sobre o paciente, o psicoterapeuta precisa analisar se a criança
ou adolescente possui critérios que se encaixam a algum tipo de transtorno psiquiátrico, que
segundo o DSM-V (2014), um transtorno psiquiátrico é caracterizado por um composto de
sintomas consideráveis relacionado a prejuízos em várias áreas de funcionamento na vida do
indivíduo.
É de extrema importância ressaltar as contribuições dos principais contextos que a
criança ou adolescente vivenciam, sendo eles: a escola, a família e a comunidade (amigos
próximos). Grande parte do público infanto-juvenil passam cerca de pouco ¼ de suas vidas no
ambiente escolar, é na escola que acontece a evolução cognitiva, interpessoal, emocional e de
personalidade, devido a isso na maioria das vezes é no ambiente escolar que é percebido e
associado qualquer disfuncionalidade que a criança e o adolescente apresentam, sendo
imprescindível a capacitação de professores e demais funcionários a lidar com as necessidades
que o indivíduo com ansiedade patológica (FARIA, 2013).
Um relacionamento saudável entre a escola e a família faz total diferença na vida desses
indivíduos; a ansiedade diagnosticada como transtorno afeta o desempenho diário da criança
ou adolescente. É necessário analisar o efeito que o contexto familiar tem no processo de
aprendizagem e nos relacionamentos sociais. O tratamento deve ser projetado incluindo a
criança ou adolescente, a escola e eventualmente os amigos próximos. Tanto a escola, a família
e os amigos devem ser orientados que os sintomas ansiosos são manifestados
involuntariamente, mesmo que os sintomas sejam parecidos como atitudes manipuladoras, o
indivíduo não tem a consciência de que está agindo daquela forma (BRITO, 2011)
É necessário também que além da família, os colegas de classe apresentem atitudes de
compreensão e empatia com o indivíduo em sofrimento, sendo que na maioria dos casos de
transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes apresentam repercussões e dificuldades
escolares em decorrência da falta de concentração e inquietude, resultando no baixo rendimento
escolar. Caso seja necessário, vale oferecer a criança e ao adolescente a possibilidade da
37

presença de um tutor com quem ele possa contar para auxilia-lo a manter seu desempenho
escolar (BRITO, 2011).
Sendo assim, a criança e o adolescente é parte ativa no tratamento psicoterapêutico e no
seu processo de mudança, bem como a afetividade envolvida no tratamento atua em diversos
fatores, um deles é o vínculo terapêutico, que ultrapassa a perspectiva de um sistema
terapêutico, mas é utiliza como ferramenta para auxiliar o paciente a ser autonomia emocional
e elaborar estratégias de enfrentamento possibilitando um estilo de vida funcional e saudável
(FARIA, 2013). O psicoterapeuta não aponta as soluções ao paciente e nem tenta convence-lo
sobre seus pensamentos disfuncionais, mas sim guia o a um caminho de descobertas que
proporcione a compreensão do seu problema; compartilhando sugestões e desenvolvendo
estratégias para melhor lidar com suas crises (BATISTA, OLIVEIRA; 2005). Contudo, é
preciso destacar também que os cuidadores e escola que envolvem a criança e o adolescente
devem ser incluídas do tratamento psicoterápico de forma direta ou indireta, sendo os
cuidadores parte fundamental desse processo. Ambos devem passar segurança ao indivíduo
evitando críticas relacionadas à suas emoções e evitar castiga-los pelas suas reações
disfuncionais, oferecendo apoio nesse processo de sofrimento (BRITO, 2011).
Nesse sentindo, conclui-se que as intervenções cognitivas comportamentais apresentam
total condição de oferecer um tratamento psicoterápico eficaz ao público infanto-juvenil com
ansiedade patológica. Também contando com a participação do contexto familiar e escolar no
oferecimento de suporte emocional é possível obter mudanças significativas na vida da criança
e do adolescente, contribuindo para o bem-estar e saúde mental mesmo após a finalização do
processo psicoterapêutico (GRUJO; MARQUEZ, 2009)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns anos atrás era muito comum a ideia de que preocupações, medos ou angustia em
ficar longe da figura de apego eram aspectos naturais em crianças e adolescentes, pois eram
consideradas parte do desenvolvimento, porém existem alguns fatores criados para distinguir o
que é normal de cada período e o que visto como patológico, essa distinção é relacionada
principalmente aos prejuízos causados na vida do indivíduo (FARIAS, 2013). Como já foi dito
até aqui, os transtornos de ansiedade são prevalentes em crianças e adolescentes que possuem
crenças fragilizadas e acabam contribuindo para uma vida disfuncional e com sofrimento
significativo. Assim, é muito importante que os profissionais sejam capacitados a identificar os
sintomas prevalecentes a cada transtornos de ansiedade, pois quando a identificação é feita de
38

maneira assertiva outros fatores podem ser evitados, como: idas constantes ao pediatra em razão
das queixas somáticas, dificuldades no processo de aprendizagem, esquiva em ir para escola,
impedimento de estabelecer relacionamentos sociais e etc. (COUTINHO, 2005).
Em casos de transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes acredita-se que para
amenizar a gravidade da psicopatologia o ideal a ser feito é um diagnóstico preciso e
intervenções com técnicas psicoterápicas adequadas para cada caso em específico, diminuindo
as chances de desenvolver outros transtornos na vida adulta. No entanto, o agente causador dos
transtornos de ansiedade na infância e na adolescência, por vezes, ainda é desconhecido e
supostamente multifatorial. Os principais autores que abordam a temática, Aaron Beck, David
Clark, Judith Beck, Paulo Knapp, Gildo Angelotti, entre outros, dizem que o tratamento
psicoterapêutico é indispensável em casos de ansiedade patológica no público infanto-juvenil,
principalmente quando utiliza-se técnicas da Terapia Cognitivo Comportamental, pois tem
ganhado relevância no tratamento de transtornos de ansiedade em todas as faixas etárias
revelando maior relação também com a questão custo-benefício contando diretamente com a
interação das figuras de apego como parceiros na intervenção, contribuindo para a diminuição
da sintomatologia e enaltecendo o sentimento de auto controle da criança e do adolescente,
trazendo assim uma melhoria significativa na vida do indivíduo prevenindo a o surgimento de
recaída (KNAPP; BECK, 2008).
Contudo, apesar dos fatores considerados possíveis desencadeadores de transtornos
ansiosos em crianças e adolescentes citados em todo o trabalho, há inúmeros outros fatores a
serem pesquisados fazendo-se necessário uma maior dedicação em estudos considerando a
criança e o adolescente como ponto principal em transtornos psiquiátricos, com ênfase nos
transtornos ansiosos, uma vez que estão entre os mais identificados na infância e adolescência;
comprovando a relevância de mais pesquisas acerca da saúde mental nessa etapa da vida.

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