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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

CAMILA SILVA PEREIRA


FERNANDA CAROLINE DE OLIVEIRA SANTOS
LETÍCIA VENTURA SILVA

TEMA: A CIÊNCIA E AS DISPUTAS POLÍTICO/IDEOLÓGICAS PELA


CONSTRUÇÃO DE DETERMINADO MODELO DE SOCIEDADE: DILEMAS,
CONTROVÉRSIAS E PERSPECTIVAS ENTRE OS INTERESSES DO MERCADO,
DA SUPERAÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS, DO CONSERVADORISMO
EMERGENTE E DA DIGNIDADE HUMANA

Avaliação submetida ao Prof. Carlos Alberto Máximo


Pimenta como requisito parcial para aprovação na
disciplina de Ciência, Tecnologia e sociedade do curso de
graduação em Engenharia Ambiental da Universidade
Federal de Itajubá.

ITAJUBÁ
2021
INTRODUÇÃO:

A ciência, a tecnologia e a inovação (CT & I) “são, no cenário mundial


contemporâneo, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento
econômico, a geração de emprego e renda e a democratização de oportunidades” (PACTI,
2007, p. 29). Logo CTS é o campo de conhecimento que estuda as interrelações entre ciência-
tecnologia sociedade em suas múltiplas influências, possuindo uma neutralidade, e tem como
objetivo construção de determinado modelo de sociedade, diminuindo as desigualdades
sociais e trazendo a dignidade humana.

Assim sendo, durante a dissertação indagamos como a ciência não sendo neutra causa
disputas sociais, controvérsias e dilemas acerca desta interrelação?
A ciência social é a produção de um aspecto do conhecimento do objeto que é
estudado, dessa forma, os olhares sobre este objeto podem ser diversificados e compreender a
diversidade ideológica e conceber que ideias, valores e crenças que circulam na sociedade são
diferentes e até radicalmente opostas.
Sobreposto a isso, ressalta-se que a ciência é integrada à sociedade tal que ela é
influenciada pelo período em que se encontra, então, sociedade e ciência sofrem mudanças
como um todo.
Desse modo, os conflitos ideológicos/políticos afetam a ciência?
De acordo com o mencionado no texto, como a ciência está integrada na sociedade,
esta torna-se afetada pelos interesses de um determinado grupo, e assim evidencia que a
ciência não possui uma neutralidade. Nesse sentido, cada ser possui a sua verdade, logo, vai
construindo um corpo de valores humanos com suas contradições e conflitos, dessa maneira,
pode-se concluir que a ciência social está intrinsecamente ligada ao homem, que é um ser
político.
Em consonância, Latour nos diz que a ciência não é neutra, pois como vimos em aula,
a ciência é guiada pelos interesses da elite, como por exemplo: organizações e agências de
monitoramento da ciência. Ela tem o poder de excluir as desigualdades sociais e por objetivo
equiparar os indivíduos, entretanto como ela não é neutra, mas sim pautada nos interesses de
um grupo, majoritariamente, a grande maioria não possui uma função cognitiva para entendê-
la.
Posto isto, Jean Leblond apud FIORAVANTI; ANDRADE; MARQUES, (2016,
p.1193) cita o “analfabetismo científico” e a “percepção pública da ciência”, que acentuam a
separação entre especialistas e não especialistas. Sendo assim, a humanidade é dividida
automaticamente em público leigo ‘ignorante’, de um lado, e os sábios cientistas, de outro.
Sobreposto a isto implica-se:
A ciência é neutra porque as aplicações do conhecimento científico, em conjunto,
favorecem equitativamente todas as sociedades e classes sociais. Desse modo, a ciência tem
por objetivo primário equiparar a sociedade em suas desigualdades e proporcionar a dignidade
humana, entretanto, como ela não possui esta neutralidade, acentua as desigualdades e
aumenta a tensão política ideológica.
Destarte, temos como exemplo o surto de Coronavírus, visto que desde o ano de 2020,
após o início da pandemia, além da grande dificuldade da saúde pública com milhões de
mortes acontecendo e diversos infectados, aumentou também, no debate, a dificuldade
ideológica e política em diversos países, bem como acentuou as desigualdades sociais, e o
Brasil não ficou de fora disso. Em 11 de junho de 2020 o governador de São paulo anunciou
que o Instituto Butantã iria fabricar vacinas em parceria com China, esta produção em
parceria levou uma discussão de oponentes, no debate de divergência tanto política quanto
ideológica, (pois os países com elevados índices de pesquisa buscavam quem encontrava a
cura dessa doença primeiro, o que até desencadeou um conflito geopolítico, sem contar que,
muitas pessoas com seus ideais não iam de acordo com a parceria China/Brasil, o que também
atrasou a fabricação de vacinas no país) evidenciando que a ciência não é neutra, como nos
mostra a fala Hilton Japisassu, em uma entrevista concedida a Editora ideia e letras, sobre seu
livro “ciência, questões impertinentes:

“Claro que os impactos socioculturais, econômicos e históricos exercem


uma influência determinante no modo de vermos e concebermos a Ciência. Porque
não podemos nos conformar com uma visão internalista e idealista concebendo a
ciência como uma atividade intelectual relativamente autônoma em relação às outras
atividades humanas e possuindo um desenvolvimento próprio.”

Mediante a isso, quem tem acesso aos benefícios trazidos pela ciência?
Dessa forma, a ciência deve ser voltada para o bem comum, proporcionando
efetividade para todos como um só, sem levar em conta interesses particulares para que assim,
ela possa trazer benefícios a todos.
Em conformidade o pensamento de Alain Touraine (1998, p.37) diz que o ator social é
alguém que, engajado em relações concretas, profissionais, econômicas, mas também
igualmente ligado à nacionalidade ou gênero, procura aumentar a sua autonomia, controlar o
tempo e as suas condições de trabalho ou de existência.
Desse modo, o sujeito não é um ator social. A ideia de Sujeito dá a prioridade ao
indivíduo, mesmo que seja ele bem concreto e definido como ator, enquanto o ator social “é
definido por uma relação com outro ator, o que supõe uma definição de papéis, de normas”
Assim sendo, a ciência é majoritariamente movida por interesses de um determinado
grupo, que possui o poder de impactar a agenda política, este acaba sendo favorecido pela
tecnologia advinda da ciência, atuando como um ator social, e pelos seus interesses acaba
manipulando-a, o que é totalmente incoerente, visto que a ciência é voltada para todos, e
quando um determinado grupo exerce maior influência em cima dela, ela começa a ser
voltada para um indivíduo e não para o geral, o que demonstra claramente a sua não-
neutralidade e querendo ou não, a exclusão de uma classe de pessoas, evidenciando assim,
uma desigualdade social e tecnológica.
Sob esse viés, como nos tempos passados, a qual um determinado grupo comandava a
ciência, tal como no século XVII no início da Revolução Científica, a qual a ciência era
voltada para grandes renomes e para locais economicamente evoluídos, ainda se observa um
conservadorismo, posto que essa prática ainda se perdura na sociedade, todavia, com o passar
dos tempos ele foi se emergindo. Nesse sentido, a ciência passou a ser mais praticada e
investida em todo o mundo, claramente, como já visto no texto, de forma desigual, porém,
com o decorrer do tempo ela está buscando evoluções e maiores debates, bem como ocorrido
na disciplina da CTS, a qual questiona esses conflitos quando se fala sobre Ciência,
Tecnologia e Sociedade, buscando assim, uma maior efetividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Como foi exposto, a CTS tem como objetivo a construção de determinado modelo de
sociedade pautada em interesses para o bem comum não tendendo a nenhum grupo.
Entretanto pôr a sociedade ter esse teor conservadorista emergente, adicionada com a não-
neutralidade, acentua-se as disputas políticas ideológicas, e as desigualdades sociais o que
acaba por evidenciar, que somente um determinado grupo usufrui da ciência, trazendo assim
um grande imbróglio para a sociedade contemporânea. Um exemplo utilizado pelo grupo para
sintetizar esta temática foi a pandemia do Coronavírus ao qual pelos caminhos teóricos, visto
em aula, levou-nos a concluir que a sociedade deveria nos dar um senso de progresso assim
como DAGNINO (2008) afirma: “A ciência nos dá um senso de progresso que a vida a ética e
a vida política não podem dar”
REFERÊNCIAS:

DAGNINO, Renato. Os Estudos sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade e a abordagem da


Análise de Política: teoria e prática. Ciência & Ensino (UNICAMP), v. 1, p. 2, 2008.

FIORAVANTI, Carlos Henrique; ANDRADE, Rodrigo de Oliveira; MARQUES, Ivan da


Costa. Os cientistas em quadrinhos: humanizando as ciências. História, Ciências, Saúde –
Manguinhos, Rio de Janeiro, v.23, n.4, out-dez. 2016, p.1191-1208

JAPISASSU, H Entrevista com Hilton Japiassu autor do livro CIÊNCIAS, QUESTÕES


IMPERTINENTES. Folha: 24 mar. 2011. Entrevista concedida a Editora ideias e letras.
Disponível em: < https://editoraideiaseletras.wordpress.com/2011/03/24/entrevista-com-
hilton-japiassu-autor-do-livro-ciencias-questoes-impertinentes/ >

TOURAINE, A. Igualdade e diversidade: o sujeito democrático. Tradução Modesto


Florenzano. Bauru: Edusc, 1998. p.37.

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