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Conceitos iniciais
1º Períodos
Capítulo 1
O que é Direito?
Rios de tinta já foram gastos na tentativa de conceituar o Direito. Até hoje não se
conseguiu chegar a um conceito satisfatório. Nada é tão simples e ao mesmo tempo tão
complexo quanto definir Direito.
A palavra direito intuitivamente nos outorga a noção do que é certo, correto, justo,
equânime. Quando se menciona a palavra é importante saber se a empregamos como
substantivo, adjetivo ou advérbio. A palavra direito, no uso comum, é sintaticamente imprecisa:
o meu direito será protegido; ele deve andar direito; não se trata de um homem direito; ele é seu
braço direito; ele estuda Direito etc.
O Direito, ius, no dizer do termo romano tradicional, é a arte do bom e do justo (ars
boni et aequi). Há, portanto, que se enfrentar, de plano, o Direito como arte e como ciência. O
termo ius é mais antigo na história do Direito Romano, dando origem a muitas palavras.
Por isso, o termo direito é palavra plurívoca, pois possui vários significados, ainda
que ligados e entrelaçados, com sentido analógico.
O Direito como arte ou técnica procura melhorar as condições sociais ao sugerir e
estabelecer regras justas e eqüitativas de conduta. Pois é justamente como arte que o Direito,
na busca do que pretende, se vale de outras ciências, como Filosofia, Antropologia, Economia,
Sociologia, História, Política. Embora Hans Kelsen tenha tentado demonstrar que há uma teoria
pura do direito, livre de qualquer ideologia política, o quadro do dia-a-dia do Direito traduz
outra realidade.
Desde o início da vida em comunidade, ainda na pré-história, o Direito já estava
presente como tentativa de ordenar a sociedade. O Direito não se limita a apresentar e classificar
regras, mas tem como objeto analisar e estabelecer princípios para os fenômenos sociais tais
como os negócios jurídicos; a propriedade; a obrigação; o casamento; a filiação; o poder
familiar etc. Já nesse ponto, muito singelamente se posta a grande díade, ou seja, duas grandes
forças que disputam: o direito posto pelo Estado, ou seja, o ordenamento jurídico ou direito
positivo, a configurar, portanto, o positivismo; e, por outro lado, a norma que se sobreleva
e obriga independentemente de qualquer lei imposta, o idealismo, cuja maior
manifestação é o chamado direito natural, o jusnaturalismo. Para esta última vertente,
adiante-se que existe um Direito muito mais amplo e sobreposto às leis elaboradas pelo Homem;
um Direito que se aplica independentemente de norma, um Direito imanente à natureza humana,
o justo e eqüitativo que independe da Lei: o direito natural. Ou, em termos absolutamente
singelos, o sentido do que é justo independe da lei. E o homem, seja de qualquer parte do
mundo, nasce com essa sabedoria.
Quanto à compreensão do Direito, se nos prendermos ao mundo da cultura, como
faremos referência, ou seja, das realizações humanas, pois o Direito é sem dúvida um dado
cultural, ele deverá ser visto como ciência cultural. Assim como todos os trabalhos humanos,
devem ser vistas as leis elaboradas pelos homens. Se, porém, divisarmos o Direito sob o prisma
do fenômeno social e político, este deverá ser visto como uma ciência social.
Quando nos debruçamos exclusivamente sobre a origem etimológica da palavra
direito, não há maior dificuldade: direito provém de directus, directa, directum, rectum, a
significar direto, reto, correto, conforme. Daí podermos sempre ligar o termo utilizado na
linguagem vulgar e por vezes na técnica com tudo aquilo que é correto, justo, conforme a regra,
enfim, direito. Também, por extensão, direito é tudo aquilo que se mostra conforme a moral ou
à regra moral.
Ademais, sempre haverá o subjetivismo de cada autor na compreensão do que se
deva entender por Direito. Desse modo, diferente será a orientação da definição, quer se
propenda para conceituá-lo como direito positivo ou como direito natural. Assim, pode-se
definir o Direito de um país, em sentido estrito, como o conjunto de normas impostas pelo
Estado para regular a sociedade. Nesse sentido, que não é em absoluto abrangente, o Direito
engloba a Constituição do Estado e todas as demais leis ou normas, em todos os níveis. Não é,
porém, a definição que se deva dar ao Direito enquanto ciência. O Direito, nesse sentido,
coloca-se em plano superior e abrangente, transcendente das simples normas impostas por este
ou aquele Estado, este ou aquele ordenamento.
Por isso, o Direito tem cinco principais acepções, ou seja, cinco diferentes
sentidos. Todos se completam. Eis abaixo os cinco sentidos:
Lei
Justiça Ciência
Fato
Faculdade
social
Epistomologia - do grego episteme (ciência) e logo (estudo) - é a teoria da ciência.
Cabe-lhe estudar as características próprias do objeto e do método de cada ciência, investigando
suas relações e os princípios comuns ou diferenciais. Epistemologia jurídica,
conseqüentemente, será, em sentido estrito, a teoria da ciência do direito. Isto é, o estudo das
características relativas ao objeto e aos métodos dos diversos ramos jurídicos.
É importante dizer, ainda, que o Direito tem total ligação com o Estado, uma vez
que o Direito serve ao Estado, a fim de criar regras para uma convivência mais ordeira e
pacífica, beneficiando a todos. Se o Estado é um complexo de estruturas e mecanismos
públicos, existe uma cadeia de regras que vão ajudar a pautar o comportamento tanto dos
particulares, quanto dos agente públicos que trabalham para o Estado. Assim, o Direito é
extremamente importante para o Estado.
Tem-se que muito sangue fora derramado para que se pudesse garantir normas e
regras destinadas a todos, evitando-se particularidades que podem levar a privilégios que soam
injustos. Se é certo, com efeito, que o Estado existe para a consecução do bem comum, ou
seja, com vistas ao estabelecimento de condições mínimas e indispensáveis para que a
população do Estado possa realizar-se plenamente, desenvolvendo a seu turno suas aptidões em
benefício próprio, em prol da coletividade e em busca da felicidade, como bem sintetizado pela
citada Declaração de Independência dos Estados Unidos, deverá fazê-lo de maneira prudente,
com o afastamento desde logo da estatocracia, que é o excesso da presença do Estado na vida
de sua população, e de seu extremo, que é a anarquia, caracterizada pela total ausência do
mesmo Estado, necessitando de leis provenientes do Direito para uma harmonia entre a
presença do Estado e a vida dos cidadãos.
Fontes:
MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 33. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016.
VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito. 2. ed. 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
FILOMENO, José Geraldo Brito. Teoria geral do Estado e da constituição. 11. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2019.
GAMBA, João Roberto Gorini. Teoria geral do Estado e ciência política. São Paulo: Atlas, 2019