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DOI: 10.18468/estcien.2019v9n1.

p89-101 Artigo Original

Identificação das classes de metabólitos secundários em


extratos etanólicos foliares de Campomanesia adaman-
tium, Dimorphandra mollis, Hymenaea stigonocarpa,
Kielmeyera lathrophytum e Solanum lycocarpum
Identification of the class of secondary metabolites in the foliar ethanolic extracts of
Campomanesia adamantium, Dimorphandra mollis, Hymenaea stigonocarpa,
Kielmeyera lathrophytum andSolanum lycocarpum

Antonio Carlos Pereira de Menezes Filho1


Carlos Frederico de Souza Castro2
1 Mestrando em Agroquímica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Rio Verde, GO, Brasil. Graduado em Ciências
Biológicas pela Universidade de Rio Verde, GO, Brasil.
E-mail: astronomoamadorgoias@gmail.com http://lattes.cnpq.br/1071427974283935 http://orcid.org/0000-0003-3443-4205
2 Doutor em Química pela Universidade de Brasília. Professor no Mestrado em Agroquímica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Goiano, Campus Rio Verde, GO, Brasil.
E-mail: carlos.castro@ifgoiano.edu.br http://lattes.cnpq.br/6519321142404132 http://orcid.org/0000-0002-9273-7266

RESUMO: O bioma Cerrado apresenta inúmeras espécies vegetais que ainda possuem poucos da-
dos na literatura a respeito dos compostos fitoquímicos. O objetivo deste estudo foi identificar
através da triagem fitoquímica dos compostos químicos nos extratos foliares de C. adamantium, D.
mollis, H. stigonocarpa, K. lathrophytum e S. lycocarpum. Folhas foram coletadas em uma área de Cerrado,
onde foram produzidos extratos etanólicos sendo avaliados por testes fitoquímicos. Foram obtidos
a partir dos testes fitoquímicos qualitativos a presença de compostos, de ácidos orgânicos, açúcares
redutores, alcaloides, catequinas, cumarinas, depsídeos, depsidonas, ligações olefínicas, fenóis, fla-
vonóides, glicosídeos cardiotônicos, saponinas e taninos, e não foram detectados compostos polis-
sacarídicos e purinas nos cinco extratos etanólicos foliares avaliados. A pesquisa preliminar realiza-
da para os extratos foliares avaliados possibilitou o conhecimento prévio indicando a natureza das
substâncias presentes nos preparados populares.
Palavras-chave: Propriedades fitoquímicas, folhas, extração.

ABSTRACT: The Cerrado biome presents numerous plant species that still have few data in the
literature regarding the phytochemical compounds. The objective of this study was to identify the
phytochemical chemical compounds in the leaf extracts of C. adamantium, D. mollis, H. stigonocarpa,
K. lathrophytum and S. lycocarpum. Leaves were collected in a Cerrado area, where ethanolic extracts
were produced and evaluated by phytochemical tests. The presence of compounds, organic acids,
reducing sugars, alkaloids, catechins, coumarins, depesides, depsidones, olefinic bonds, phenols,
flavonoids, cardiotonic glycosides, saponins and tannins were obtained from qualitative phytochem-
ical tests and no polysaccharide compounds and purines in the five foliar ethanol extracts evaluated.
The preliminary research carried out for the leaf extracts evaluated allowed previous knowledge in-
dicating the nature of the substances present in the popular preparations.
Keywords: Phytochemical properties, leaves, extraction.

1 INTRODUÇÃO sendo considerado um bioma de transição


entre todos os outros biomas brasileiros
O Cerrado é o segundo maior bioma natu- (BUENO et al., 2018). O Cerrado apresenta
ral ocupando uma área de quase 2 milhões de diversas fitofisionomias com grande variedade
km2, cerca de 22% do território nacional, de espécies vegetais, atualmente estão identifi-

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cadas mais de 11.000 espécies de flora nativa, Os estudos fitoquímicos possuem grande
onde destas 4.400 são endêmicas, várias espé- vertente, visto que, não aborda apenas plantas
cies são produtoras de frutos que alimentam a medicinais conhecidas, mas sim o vasto banco
fauna local (MENDONÇA et al., 2008; vegetal natural como, por exemplo, a flora do
MYERS et al., 2000). Cerrado que apresenta uma alta variabilidade
Com essa pluralidade vegetal e aos com- de espécies para obtenção de compostos bioa-
postos fitoquímicos, muitas espécies dessa tivos, no desenvolvimento de novos alimentos
flora são utilizadas como plantas medicinais funcionais e como fitoterápicos aplicados a
aplicadas a terapias alternativas que a cada ano inúmeras patologias que acometem humanos
vem atingindo um público maior influenciado e animais (MELLO; SANTOS, 2001).
pela questão econômica, regiões longínquas O estudo preliminar fitoquímico das espé-
com acesso quase restrito pela distância a uma cies semi-arbustivas e arbustivas do Cerrado
unidade de saúde e ao difícil acesso ao Sistema como a gabiroba (C. adamantium Berg.), favei-
único de Saúde (SUS). Isso requer maior em- ro (D. mollis Benth.), jatobá-do-cerrado (H.
penho da pesquisa para fornecimento de in- stigonocarpa Mart. ex Hayne), pau-santo (K.
formações sobre os compostos orgânicos ma- lathrophytum Saddi.) e lobeira (S. lycocarpum A.
joritários (SILVA; OLIVEIRA; LIMA, 2015; St. – Hill.), torna-se necessário para que pos-
LOLA-LUZ; HENNEQUART; GAFFNEY, samos compreender as informações fitoquí-
2014). micas dos metabólitos secundários produzi-
Para tanto, as análises fitoquímicas se fa- dos por essas espécies, com tudo alguns testes
zem necessário para que se possa identificar simples e de baixo custo podem ser realizados
os vários tipos de compostos em um mesmo para a identificação dos principais compostos
extrato vegetal (raízes, caule, cascas, galhos, dos grupos dos flavonóides, alcalóides, tani-
folhas, inflorescência e sementes). O isola- nos, cumarínicos, glicosídeos cardiotônicos e
mento de compostos orgânicos com caracte- purinas apresentando atividades potencial-
rísticas terapêuticas aplicadas a novos fitofár- mente benéficas para tratamento de inúmeras
macos vem ganhando força no mercado de complicações médicas (SILVA; MIRANDA;
produtos naturais. CONCEIÇÃO, 2010).
Para Silva, Miranda e Conceição (2010), a O presente trabalho teve por objetivo reali-
pesquisa fitoquímica te como pilar, conhecer zar análises fitoquímicas preliminares a nível
os constituintes químicos que as plantas pro- qualitativo em cinco espécies botânicas que
duzem como metabólitos secundários, muitos coabitam no Cerrado tipo cerradão, pesqui-
deles como agentes desencadeados por stress sando a presença de ácidos orgânicos, açúca-
químico, biológico e físico, como, tipo de so- res redutores, alcalóides, catequinas, cumari-
lo, sazonalidade, irradiação solar, pluviosidade nas, depsídeos, depsidonas, duplas ligações
e até queimadas. Os autores complementam olefínicas, fenóis, flavonóides, glicosídeos car-
que a necessidade de novos estudos abordan- diotônicos, polissacarídeos, purinas, saponinas
do uma vasta quantidade de espécies da flora e taninos.
que ainda não possuem relatos dos seus com-
postos químicos conhecidos, torna-se a análi- 2 MATERIAIS E MÉTODO
se fitoquímica de extrema necessidade para
identificação dos grupos de metabólitos se- Material vegetal
cundários com características relevantes no As folhas das espécies vegetais, Campomane-
cenário fitoterapêutico. sia adamantium Berg., Dimorphandra mollis
Benth., Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne,

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Kielmeyera lathrophytum Saddi. eSolanum lycocar- reativo indica a presença positiva de ácidos
pum A. St. –Hill., foram coletadas em uma orgânicos na amostra.
área de Cerrado pertencente à Universidade
de Rio Verde-GO. A coleta foi realizada nas Teste para açúcares redutores
primeiras horas da manhã, as folhas de cada Para análise qualitativa de açúcares reduto-
espécie vegetal foram armazenadas em emba- res (AR), seguiu conforme proposto por Go-
lagens plásticas de polietileno transparente e mes, Martins e Almeida (2017) com modifica-
levadas para o laboratório de Química Tecno- ções. Uma alíquota de 3 mL do extrato etanó-
lógica no Instituto Federal Goiano, Campus lico foliar foi acrescido com 5 mL de água
Rio Verde-GO. destilada. Logo em seguida foram adicionados
2 mL de solução de Felhing A e 2 mL de so-
Preparo dos extratos etanólicos lução Felhing B, posteriormente foi aquecido
O preparo do extrato etanólico foi realiza- em banho-maria a 100 ± 1,0 °C por 5 minu-
do conforme Menezes Filho e Castro (2019) tos. A presença de precipitado com coloração
com modificações. As folhas foram lavadas vermelho tijolo indica a presença de açúcares
em água corrente e deixadas para retirada do reduzidos.
excesso de água sob folhas de papel toalha.
Logo após, as folhas foram trituradas em li- Testes qualitativos para alcaloides
quidificador doméstico até obtenção de um Para análise de alcaloides, seguiu conforme
triturado homogêneo. Foram pesadas 100 g descrito por Menezes Filho e Castro (2019) e
de material foliar triturado e logo em seguida Barbosa et al. (2008) com modificações. Onde
foi realizada a extração utilizando álcool etíli- 2 mL de extrato foliar etanólico foi acrescido
co 95%. com 3 mL de uma solução aquosa de HCl
A extração procedeu-se por 7 dias em local 10% (m/v), sendo aquecido por 10 minutos a
ao abrigo de luz e calor. Após esse tempo, as 100 ± 1,0 °C em banho-maria. Em seguida, a
soluções foram filtradas em papel filtro quali- solução foi esfriada a temperatura ambiente
tativo e o sobrenadante foi centrifugado em de 25 ± 1,0 °C. Logo após, a solução foi sepa-
tubos Falcon de 50 mL a 3000 rpm por 15 rada em igual quantidade em dois tubos de
minutos. O sobrenadante após centrifugação, ensaios.
foi armazenado em frascos de cor âmbar e No tubo 1, foi realizado utilizando 5 gotas
levados para geladeira a 8 ± 1,0 °C até análi- do reativo de Mayer (1,36 g de HgCl2 em 60
ses. mL de água e 5 g de KI em 10 mL de água
destilada para 100 mL de solução) e no tubo
Teste de determinação qualitativa 2, realizou-se a reação com reativo de Wagner
para ácidos orgânicos (1,27 g de I2 e 2 g de KI diluído em 5 mL de
Para determinação qualitativa de ácidos or- água destilada, completando-se para 100 mL).
gânicos seguiu conforme descrito por Gomes, Homogeneizando-se manualmente por 1 mi-
Martins e Almeida (2017) com modificações. nuto.
Foram utilizados 3 mL do extrato etanólico Uma leve turbidez ou precipitado se forma
foliar dissolvidos em 5 mL de água destilada. no fundo do tubo, apresentando coloração
Logo após, a amostra foi filtrada em papel (roxa a alaranjada, ao branco, creme e mar-
filtro e 2 mL do sobrenadante foi adicionado rom) evidenciando a presença de metabólitos
em um tubo de ensaio acrescido com 5 gotas secundários.
do reativo de Pascová. A descoloração do

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Testes qualitativos para glicosí- Testes para catequinas


deos cardiotônicos Para determinação qualitativa de catequinas
Para determinar a presença de alcaloides nos extratos etanólicos foliares, seguiu con-
nos extratos etanólicos foliares, seguiu con- forme descrito por Gomes, Martins e Almeida
forme descrito por Gomes, Martins e Almeida (2017) com modificações.
(2017) com modificações. Uma alíquota de 5 Teste A. Uma alíquota de 3 mL do extrato
mL de extrato etanólico foliar foi acrescido etanólico foliar, foi acrescido com 3 mL de
com 5 mL de HCl 5% (m/v). A solução pre- metanol P.A., um palito de fósforo foi embe-
parada foi filtrada em papel filtro. A solução bedado com esta solução e deixado para eva-
foi dividida em 4 tubos em igual partes, sendo porar em temperatura ambiente de 25 ± 1,0
cada tubo acrescidos com 1 mL da solução °C até ficar seco. Logo em seguida o palito foi
preparada. umedecido em HCl P.A., e levado para uma
No tubo 1, foi adicionado 1 mL do rea- chama de bico de Bunsen. A coloração ver-
gente de Baljet composto por (8 gotas de áci- melha da chama indica a presença de catequi-
do acético P.A., e 3 mL de clorofórmio P.A.). nas.
A coloração se torna roxa, laranja-roxeada ou Teste B. Uma alíquota de 3 mL do extrato
violeta, indicando a presença de glucosídeos etanólico foliar foi acrescido com 1 mL de
cardiotônicos. solução aquosa de vanilina 1% e mais 1 mL de
No tubo 2, foi adicionado 1 mL do reativo HCl P.A. Ocorre mudança de coloração com
de Kedde (Solução A composta por ácido 3,5- formação de precipitado.
dinitrobenzóico a 3% em 10 mL metanol
P.A., e Sol. B composta por uma solução Testes para fenóis, taninos e du-
aquosa de KOH a 5,7%), foi adicionado. A plas ligações olefínicas
coloração reagente apresenta tons de rosa ao Para determinação qualitativa de fenóis e
azul-violeta indicando a presença de cardenó- taninos seguiu conforme descrito por Gomes,
lidos. Conforme Silva e Lima (2016) os com- Martins e Almeida (2017) com modificações.
postos bufadienólidos não reagem. Uma alíquota de 3 mL de extrato etanólico
Tubo 3, foi realizado a reação de Keller- foliar foi adicionado 3 gotas de uma solução
Killiani o reagente é composto por (1 mL de etanólica de FeCl3 1% (m/v) e homogeneiza-
ácido Acético P.A., duas gotas de cloreto fér- do em Vortex por 30 segundos. A presença
rico III a 5% em metanol (m/v) e 1 mL de inicial de coloração entre o azul e vermelho
ácido Sulfúrico P.A.). Há formação do um indica a presença de fenóis.
anel na cor vermelho acastanhado, reação A presença de precipitados escuros de to-
mais cor da fase acética azul esverdeada. nalidade azul indica presença de taninos piro-
Tubo 4, foi realizado a reação de gálicos e em verde taninos catéquicos (BRITO
Raymond-Marthoud. O extrato depois de fil- et al., 2008).
trado, foi adicionado 2 gotas de solução de Para duplas ligações olefínicas seguiu con-
cloreto férrico III a 10% em metanol P.A., e forme descrito por De Ugaz e Lock (1994)
duas gotas de acetato de chumbo a 10%. A com modificações. Foram utilizados 3 mL do
solução foi homogeneizada por 1 minuto em extrato foliar etanólico, acrescidos com 2 mL
Vortex. O resultado positivo apresenta colo- de água destilada e 3 mL de uma solução
ração amarela a roxo. aquosa de permanganato de potássio 0,01%
(m/v). A solução foi homogeneizada por 10
segundos em Vortex. Logo em seguida foram
adicionadas 2 gotas de uma solução aquosa de

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NaCO3 7,5% (m/v) e homogeneizado nova- (2016) com modificações. Uma alíquota de 5
mente por mais 10 segundos em Vortex. A mL do extrato etanólico foliar, foi aquecido
descoloração indica presença de duplas liga- em banho-maria a 90 ± 1,0 °C até concentra-
ções olefínicas. ção de 0,5 mL. Em uma fita de 5 x 5 cm fo-
ram pingadas 3 gotas do extrato concentrado,
Teste para flavonoides onde formou-se duas manchas com aproxi-
Para a determinação qualitativa de fla- madamente 1 cm cada.
vonoides (reação de Shinoda) seguiu confor- A mancha 1 foi o controle e a mancha 2 foi
me descrito por Gomes, Martins e Almeida adicionado 1 gota de solução de NaOH 10%
(2017) com modificações. Uma alíquota de 5 (m/v). A fita foi levada para câmara com luz
mL do extrato etanólico foliar, foi acrescida ultravioleta e observada em dois comprimen-
com 15 gotas de HCl P. A., foi adicionado tos de ondas em 254 e 365 nm. A presença de
raspas de magnésio e deixado sob descanso coloração amarela ou verde indica compostos
por 5 minutos. A presença de coloração rósea cumarínicos no extrato.
indica flavonoides no extrato.
Teste qualitativo para saponinas
Teste qualitativo para polissacarí- A determinação da presença de saponinas
deo seguiu conforme proposto por Kloss et al.
O teste para polissacarídeos seguiu con- (2016) com modificações. Uma alíquota de 2
forme descrito por Gomes, Martins e Almeida mL de extrato etanólico foliar foi adicionado
(2017) com modificações. Em um tubo de com 5 mL de água destilada fervente. A solu-
ensaio, foi adicionado 5 mL do extrato etanó- ção foi deixada para esfriar até temperatura de
lico foliar e acrescido com 3 gotas de reagente 25 °C e agitou-se vigorosamente por 1 minu-
de lugol. A coloração azul indica a presença to. Logo após foi deixado em repouso por 15
de cadeias polissacarídicas nos extratos. minutos.
A presença de saponinas é observada pela
Teste de qualitativo para purinas formação de espumas persistentes.
Para determinação de purinas seguiu con-
forme proposto por Gomes, Martins e Al- 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
meida (2017) com pequenas modificações.
Em uma cápsula de porcelana, foi adicionado A triagem fitoquímica dos extratos etanóli-
3 mL do extrato etanólico foliar, com 3 gotas cos foliares de C. adamantium, D. mollis, H.
de uma solução aquosa de HCl 2N (m/v) e stigonocarpa, K. lathrophytum e S. lycocarpum apre-
duas gotas de H2O2 30% (v/v). A solução foi sentaram positivo para ácidos orgânicos, açú-
levada para evaporação em estufa com circu- cares redutores, alcaloides, catequinas, com-
lação e renovação de ar forçada a 90 ± 1,0 °C. postos cumarínicos, depsídeos, depsidonas,
Após este processo, a formação de coloração fenóis, flavonoides, glicosídeos cardiotônicos,
avermelhada como resíduo foi acrescido com saponinas e taninos. Foram observados testes
3 gotas de uma solução aquosa de NH4OH negativos para polissacarídeos e purinas em
6N (m/v). A coloração em tom violeta indica todos os extratos avaliados conforme de-
a presença positiva para purinas. monstrado na Tabela 1.

Teste para derivados cumarínicos


Para determinação qualitativa de cumarinas
seguiu conforme proposto por Silva e Lima

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Tabela 1. Perfil fitoquímico qualitativo dos extratos etanólicos Para o teste de açúcares redutores foram
foliares de Campomanesia adamantium, Dimorphandra mollis,
Hymenaea stigonocarpa, Kielmeyera lathrophytum eSolanum obtidos resultados positivos para todos os
lycocarpum. extratos foliares avaliados. Gomes, Martins e
Table 1. Qualitative phytochemical profile of leaf ethanolic ex-
tracts of Campomanesia adamantium, Dimorphandra mollis, Almeida (2017) avaliando o perfil fitoquímico
Hymenaea stigonocarpa, Kielmeyera lathrophytum eSolanum do extrato etanólico de Nephrolepis pectinata
lycocarpum.
Classe dos metabólicos secundários Resultados qualitativos
observou a presença positiva de açúcares re-
Ácidos orgânicos (+) a, b, c, d, e* dutores. Duarte, Mota e Almeida (2014) en-
Açúcares redutores (+) a, b, c, d, e* contram açúcares redutores no extrato etanó-
Alcalóides (+) a, b, c, d, e*
Catequinas (+) a, c, d (-) b, e* lico bruto das folhas de T. serratifolia. Os auto-
Cumarínicos (+) a, b, c, d, e* res ainda complementam que a presença de
Depsídeos e Depsidonas (+) a, b, c, d, e*
Duplas ligações olefínicas (-) a, b, c, d (+) e* açúcares redutores e não redutores possuem
Fenóis (+) a, b, c, d, e* papel importante para aspecto de irradiação
Flavonoides (+) a, b, d, e (-) c*
Glicosídeos cardiotônicos: solar, onde plantas em pleno sol apresentam
Baljet (+) c, d (-) a, b, e* altos índices nos teores de açúcares.
Kedde (+) a, b, c, e (-)d*
Keller-Killiani (+) a, b, c, e (-) d*
Os principais açúcares redutores encontra-
Raymond-Marthoud (+) a, b, c, d, e* dos são, glicose e frutose, onde o primeiro
Polissacarídeos (-) a, b, c, d, e* atua no sistema nervoso central suprindo
Purinas (-) a, b, c, d, e*
Saponinas espumídicas (+) b, c, d (-) a, e* energia e previne contra a diabetes tipo 2, e o
Taninos (Vd) a, b, c, d, e* segundo possui efeitos para reposição energé-
*C. adamantium (+/-)a, D. mollis (+/-)b, H. stigonocarpa (+/-)c,
K. lathrophytum (+/-)d e S. lycocarpum (+/-)e.(Vd) Verde, taninos tica (GOMES; MARTINS; ALMEIDA, 2017;
catéquicos.Fonte: Autores.Sources: Authors. ARAÚJO; MARTEL, 2009; BARREIROS;
BOSSOLAN; TRINDADE, 2005).
De acordo com Brum et al. (2011), resulta- Os alcalóides foram positivos em todos os
dos negativos não implicam em sua ausência extratos etanólicos foliares avaliados neste
total destes compostos, possivelmente o nível estudo. Silva, Oliveira e Lima (2015) observa-
mínimo de detecção estejam abaixo para os ram a presença de alcalóides no extrato vege-
testes qualitativos avaliados. Os ácidos orgâni- tal das folhas de S. terebinthifolius. Carrera et
cos neste estudo foram positivos para os ex- al. (2014) não encontraram reação positiva em
tratos foliares etanólicos avaliados. Godinho extratos a quente e a frio em folhas de O. ma-
et al. (2015)avaliando extratos E. dysenterica,A. culata. Brito et al. (2008) avaliando o extrato
fraxinifolium,M. urundeuva eS. lycocarpum encon- etanólico foliar de Annona squamosa obteve
traram a presença positiva corroborando com resultados também positivos. Os autores
o resultado para S. lycocarpum neste estudo, e complementam que os alcalóides possuem
para B. gaudichaudii e S. paniculatumnão encon- ação biológica com açãoanti-hipertensiva, an-
traram a presença para o extrato etanólico das ti-inflamatória e antitumoral.
folhas. Para catequinas neste estudo, foram obser-
As plantas conseguem acumular quantida- vados resultados positivos para C. adamantium,
des expressivas de ácidos orgânicos no interi- H. stigonocarpa, K. lathrophytum e negativo para
or dos vacúolos, estes ácidos possuem ação D. mollis e S. lycocarpum. Souza et al. (2017)
bacteriostática em bactérias do grupo gram- obtiveram na triagem fitoquímica para extra-
negativa e são também utilizados em larga tos hidroalcoólicos foliares de P. barbatus re-
escala na indústria de alimentos como aditivos sultado positivo e para L. alba e P. anisumresul-
(MENEZES FILHO; CASTRO, 2019; GO- tados negativos. Gomes, Martins e Almeida
MES; MARTINS; ALMEIDA, 2017). (2017) avaliando extrato foliar de Nephrolepis
pectinata também observaram a presença de

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compostos catéquicos. Em estudos fitoquími- vés da via do ácido chiquímico e ela via poli-
cos Melo et al. (2004) observaram a presença cetídica. As xantonas são precursoras de dep-
de catequinas em extrato de Peumus boldus. A sidonas em plantas superiores (gimnospermas
catequina tem como efeito a redução do teci- e angiospermas) através da reação de hidrope-
do adiposo corporal baseado no metabolismo roxilação, rearranjos de Baeryer-Villiger (DU-
dos lipídeos e atividade antiulcerogênica ARTE; MOTA; ALMEIDA, 2014).
(GOMES; MARTINS; ALMEIDA, 2017). De acordo com os autores Mota (2013),
O teste para compostos cumarínicos foram Micheletti et al. (2009) e Macedo et al. (2007),
positivos para todos os extratos etanólicos as depsidonas são um grupo de compostos
foliares avaliados neste estudo. Lima-Neto et estruturalmente relacionados aos depsídeos
al. (2015) avaliando extratos foliares de L. sendo estes, considerados seus precursores,
paniculata, H. speciosa, Q. grandiflora, K. coriaceae e com propriedades reconhecidas agindo como
P. rígida não apresentaram resultados positivos antioxidantes, antitumorais, analgésicas e anti-
para compostos cumarínicos. Carrera et al. piréticas.
(2014) avaliaram os extratos obtidos a frio e a Para o teste de duplas ligações olefínicas,
quente das folhas de O. maculata onde não foi apenas foi observado resultado positivo para
observado a presença de compostos cumarí- o extrato etanólico deS. lycocarpum.Carvalho-
nicos. Rodrigues, Souza-Filho e Ferreira Júnior et al. (2014) avaliando frações dicloro-
(2009) avaliando o extrato bruto hidrometa- metano do extrato foliar de E. copacabanensis
nólicos das folhas de Senna alata obtiveram encontraram carbonos olefínicos. As ligações
resultado mascarado não sendo possível a duplas olefínicas podem ser definidas pela
constatação positiva ou negativa deste com- presença de dupla ligação entre átomos de
posto. carbonos em hidrocarbonetos (alcenos).
Às cumarinas estão envolvidas em uma O nome olefina deriva do fato que hidro-
grande variedade de atividades farmacológicas carbonetos insaturados serem capazes de
e bioquímicas as quais dependendo dos pa- formarem compostos resinosos e oleosos,
drões de substituição; possuindo isômeros muitas das vezes pode apresentar aromas ado-
conhecidos por cromonas (5H-1-benzopiran- cicados. As ligações duplas olefínicas podem
5-onas) (KLOSS et al., 2016). estar associadas a reações de adição ou antio-
A avaliação qualitativa de depsídeos e dep- xidantes, dependendo da estrutura química na
sidonas neste estudo apresentou em todas as qual estão envolvidas.
amostras resultado positivo. Duarte, Mota e Todos os extratos etanólicos foliares neste
Almeida (2014) identificaram em teste qualita- estudo apresentaram conteúdo qualitativo de
tivo a presença de depsídeos e depsidonas em fenóis. Souza et al. (2017) encontrou fenóis
extrato bruto etanólico das folhas de T. serrati- nos extratos hidroalcoólicos de P. barbatus e P.
folia. Rodrigues, Souza-Filho e Ferreira (2009) anisum através da triagem fotoquímica qualita-
obtiveram resultado mascarado para depsídios tiva. Gomes, Martins e Almeida (2017) obti-
avaliando extrato hidrometanólicos das folhas veram resultados positivos avaliando o extrato
de Senna alata. Macedo et al. (2007) detectaram etanólico foliar de Nephrolepis pectinata. Félix-
a presença positiva de depsídeos e depsidonas Silva et al. (2012) encontraram fenóis em ex-
no extrato foliar de S. adstrigens. tratos aquosos de A. oleracea, C. ambrosioides, L.
Os depsídeos e depsidonas fazem parte dos alba, M. piperita, O. gratissimum, P. boldus e R.
compostos fenólicos, ocorrendo em liquens, officinalis.
fungos e vegetais superiores. A rota biosinté- De acordo com Menezes Filho e Castro
tica para produção de xantonas acontece atra- (2019), e Duarte, Mota e Almeida (2014), os

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96 Menezes Filho e Castro

compostos fenólicos fazem parte de um gru- Kloss et al. (2016) encontraram ausência de
po abundante bem diversificado apresentando reação para o reativo de Kedde, Keller-
estruturas simples e complexas e ao menos Killiani e Raymond-Marthoud, e reação posi-
um anel aromático. Os compostos fenólicos tiva para o reativo de Baljet em extrato etanó-
contribuem no sabor, no odor e na composi- lico foliar de P. umbellatum. Análises fitoquími-
ção de cores em diversos vegetais. Alguns cas em extratos foliares de A.marcgravianum e
compostos fenólicos tem apresentado ação A. nitidum realizadas por Añez (2009) revela-
antioxidante, sendo empregados na alimenta- ram a presença de glicosídeos cardiotônicos.
ção diminuindo a ação de reações oxidativas Os compostos glicosídicos atuam no sistema
envolvidas em doenças como câncer e enve- cardíaco precisamente no miocárdio, sendo
lhecimento precoce. utilizado no tratamento de insuficiência cardí-
Os flavonóides foram encontrados em C. aca congestiva (KLOSS et al., 2016).
adamantium, D. mollis, K. lathrophytum, S. lycocar- Não foram encontrados resultados positi-
pum não sendo observado em H. stigonocarpa. vos para a presença de polissacarídeos em
Gomes, Pena e Almeida (2016) obtiveram nenhum dos extratos etanólicos foliares avali-
resultado positivo para flavonóides em extrato ados neste estudo. Gomes, Pena e Almeida
metanólico foliar de C. zeylanicum. Costa et al. (2016), analisando extratos hexânicos de ace-
(2014), observaram a presença de flavonóides tato de etila e metanólico das folhas de C.
em resíduo líquido de folhas de sisal com de- zeylanicum, também não obtiveram resultados
cocção e sem decocção. Farias, Costa e Taka- positivos para presença de compostos polissa-
hashi (2011) caracterizando com diferentes carídicos.
solventes extratores sob o extrato de Banisteri- Trindade et al. (2016) avaliando o extrato
opsis anisandra observaram resultados positivos foliar de A. excelsum não detectou a presença
para extrato foliar macerado com hexano, de polissacarídeos avaliando dois testes fito-
acetato de etila e por metanol. químicos preliminares, para mucilagem (ácido
Zuanazzi (2004) comenta sobre a impor- tânico/cloreto férrico) e amido (lugol). Godi-
tância dos flavonóides aos quais fazem parte nho et al. (2015) não encontrou compostos
de um dos grandes grupos de compostos fe- polissacarídicos em extratos de B. gaudichaudii,
nólicos, de grande importância sendo encon- E. dysenterica, A. fraxinifolium, M. urundeuva, S.
trados nos mais variados tipos de vegetais lycocarpum e S. paniculatum, e positivo para A.
sendo amplamente distribuída no grupo das humile. Bona et al. (2012) não encontram po-
angiospermas. lissacarídeos no extrato hidroalcoólicos de E.
Para os testes de glicosídeos cardiotônicos mulungu.
neste estudo, foi observada para o reativo de Um dos principais polissacarídeos é o ami-
Baljet a presença de resultados positivos para do, utilizado na indústria de alimentos e como
H. stigonocarpa, K. lathrophytum e negativo para biomateriais sendo utilizado em processo cica-
C. adamantium, D. mollis, H. stigonocarpa e S. tricial (SCHIRATO et al., 2006), os autores
lycocarpum; para reação de Kedde apresentaram complementam sobre a utilização da goma
resultados positivos para C. adamantium, D. extraída de A. occidentale que vem sendo utili-
mollis e H. stigonocarpa; no reativo de Keller- zado apresentando resultados terapêuticos
Killiani reação positiva para C. adamantium, D. satisfatórios na cicatrização em lesões cutâ-
mollis, H. stigonocarpae S. lycocarpum e negativo neas em cobaias.
para K. lathrophytum e para o reativo de O teste para purinas neste estudo não
Raymond-Marthoud positivo para todos os constataram reações positivas em nenhum dos
extratos foliares. extratos foliares etanólicos avaliados. Resulta-

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Identificação das classes de metabólitos secundários em extratos etanólicos foliares 97
dos iguais foram observados por Gomes, presença de compostos tanínicos. Já Costa et
Martins e Almeida (2017) estudando o extrato al. (2014) avaliando o resíduo líquido de sisal
bruto das folhas de Nephrolepis pectinata e (Agave sisalana) com decocção e sem decocção
Duarte, Mota e Almeida (2014) analisando o obtiveram resultado positivo para taninos.
extrato foliar de Tabebuia serratifolia. Costa et Carrera et al. (2014) observaram resultados
al. (2009) avaliando extrato seco de alcachofra positivos em extratos a frio e a quente de fo-
também não obteve resultado positivo para lhas de O. maculata. Mantovani e Porcu (2009)
purinas. também encontraram a presença positiva para
As purinas são derivadas de aminoácidos taninos totais e hidrolisáveis e ausência de
como a glicina, ácido L-aspártico e L- reação positiva para taninos condensados em
glutamina. Essa classe de compostos orgâni- extrato aquoso foliar de Lippia alba.
cos cíclicos do metabolismo secundário das De acordo com Kloss et al. (2016) os com-
plantas possui no mínimo um átomo de nitro- postos tânicos são responsáveis pela percep-
gênio no seu anel sendo largamente utilizado ção da adstringência pelo paladar visto em
na indústria farmacêutica como medicamentos muitos frutos. Esta adstringência é devido à
alucinógenos e também como veneno (VIZ- precipitação de compostos glicoproteicos sali-
ZOTTO; KROLOW; WEBER, 2010). vares, perdendo o poder lubrificante. São
Para saponinas neste estudo, houve a pre- compostos fenólicos altamente reagentes que
sença positiva para D. mollis, H. stigonocarpa e formam ligações de hidrogênio intra e inter-
K. lathrophytum e negativo para C. adamantium e moleculares, sendo facilmente oxidáveis na
S. lycocarpum. Godinho et al. (2015) avaliou a presença de compostos enzimáticos e influên-
formação de saponinas espumídicas em S. cia de metais (MONTEIRO; ALBUQUER-
lycocarpum e obtiveram resultado negativo. Sil- QUE; ARAÚJO, 2005; MELLO; SANTOS,
va e Lima (2016) obtiveram resultados negati- 2001).
vos para o extrato etanólico foliar de E. uniflo- Gomes, Martins e Almeida (2017), com-
ra como também observados neste estudo plementam sobre a ação terapêutica envol-
para C. adamantium e S. lycocarpum. Silva, Oli- vendo compostos tânicos com ação antidiar-
veira e Lima (2015) identificaram no extrato reica e antisséptica por via interna e externa
etanólico das folhas de Schinus terebinthifoliusa formando uma camada impermeabilizante as
presença de saponinas, neste estudo a presen- camadas da derme e de mucosas fazendo pa-
ça de formação de espuma persistente foram pel de proteção das camadas subjacentes.
positivas para D. mollis, H. stigonocarpa e K. De acordo com Miranda et al. (2016) e Ma-
lathrophytum. tos (2009) os resultados preliminares da pros-
Godinho et al (2015), e Schneider e pecção fitoquímica avaliando os metabólitos
Wolfling (2004), afirmam que as saponinas secundários constituintes de várias espécies
estão associadas as atividades hemolítica, anti- vegetais podem diferenciar, isso se deve a fa-
inflamatória e na redução da falha congestiva tores extrínsecos e intrínsecos como teores de
cardíaca por inibição do sódio no fluxo celu- minerais no solo, faixa de temperatura, água
lar. disponível e do próprio metabolismo secun-
Para taninos foram evidenciados resultados dário vegetal.
positivos para todos os extratos avaliados, aos
quais apresentaram coloração verde na reação 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
de identificação fitoquímica preliminar. Trin-
dade et al. (2016) estudando o extrato foliar O trabalho comprovou cientificamente ati-
de Aspidosperma excelsum não encontraram a vidades farmacológicas identificadas através

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98 Menezes Filho e Castro

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logia como cremes, pomadas de uso tópico e inatos associados. Revista Nutrição, Campi-
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Por fim é necessário que as espécies vege- https://doi.org/10.1590/S1415-52732005000300010
tais do Cerrado avaliadas neste estudo, sejam BONA, A. P. de.; BATITUCCI, M. C. P.;
submetidas a estudos fitoquímicos biomonito- ANDRADE, M. A. et al. Estudo fitoquímico e
rados, com o objetivo de isolar cada classe de análise mutagênica das folhas e inflorescências
composto ativo, quantificando o seu teor e de Erythrina mulungu (Mart. ex Benth.) através
estabelecendo suas atividades com ação na do teste de micronúcleo em roedores. Revista
produção de medicamentos ou mesmo com- Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu,
postos herbicidas naturais conciliando a pre- v. 14, n. 2, p. 344-351, 2012.
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ISSN 2179-1902 Macapá, v. 9, n. 1, p. 89-101, Jan./Mar. 2019

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