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Faculdade de Engenharia

Departamento de Engenharia Química


Ciencia dos Materiais

Docentes: Prof. Doutor Engº Daniel Fumo


Doutor Engº Jonas Valente Matsinhe
Jonas.matsinhe@uem.mz
TEMA 1 - Classes de Materiais Correntes

Definição:
Materiais são substâncias com as quais se fazem as coisas ou seja produtos tais
como madeiras, betão, tijolos, aços, plásticos, vidros , burrachas, papel.
A maioria dos materiais são de natureza complexa, de modo que aprendemos a
usá-los mais por arte do que por ciência.

Por ex.: O betão é o material mais comum aplicado para construção de casas,
pontes, barragens, etc. Mas na sua aplicação, o construtor precisa de especificar
uma mistura padrão, como “receita” para ter a resistência à compressão exigida.
Para garantir a durabilidade da obra, o construtor combina o betão com outros
materiais como aço para aumentar resistência às deformações mecânicas e usa
aditivos químicos (por ex. tintas) para a estrutura resistir ao ataques corrosivos.

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TEMA 1 - Classes de Materiais Correntes

• Então o construtor pode fazer uma combinação de materiais de naturezas


diferentes, tais como: betão (cerâmicos: cimento+areia) + aço (metais) +
tintas (polimeros)
• A combinação destes materiais exige-se ao construtor: o conhecimento do
comportamento químico, mecânico e processamento através da ciência dos
materiais.
Ciência de materiais: disciplina científica que visa fundamentalmente à
descoberta de conhecimentos básicos sobre a estrututa interna, propriedades
e o processamento de materiais.
Engenharia de materais : especialidade de engenheiros que se dedica
essencialmente à aplicação dos conhecimentos científicos sobre os
materiais, de modo a que estes possam ser convertidos em produtos úteis ou
desejados pela sociedade.

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TEMA 2 - Classes de Materiais Correntes

As contribuições, em peso, de diversos materiais para


construção de um automóvel em 1993

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TEMA 1 - Classes de Materiais Correntes

Classes de Materiais Correntes

Classes de materiais Componentes Propriedades


(Fundamentais) típicos características

•Cerâmico Óxidos, como a sílica Duro, frágil, não


(SiO2), alumina conduz corrente
(Al2O3) eléctrica

•Metálico Átomos metálicos, Duro, dúctil, conduz a


como ferro (Fe), cobre corrente eléctrica
(Cu), aluminio (Al)

•Polímero Longas cadeias de Duro geralmente mole


compostos orgânicos, e flexível, não conduz
Cloreto de vinil (PVC) a corrente eléctrica

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas
Muitas propriedades dos materiais
podem ser remetidas quase directamente
aos átomos e moléculas constituintes por
exemplo: conductividade eléctrica e Electrão
térmica, magnetização, reflectividade,
espectro de raio X...
Por ex: O plástico comum, Neutrão
polietileno.(molécula básica é
gasosa:C2H4) o polímero é uma parafina Protão
típica, cera, um sólido mole que funde
aos 55oC. Se o número de moléculas da
cadeia linear for de vários milhares
delas, então o polieteleno resultante
torna-se num plástico translúcido
(garrafas de detergentes líquidos).

Então, a mesma substância básica é um gás, uma cera ou um sólido 6


resistente, dependendo da sua estrutura atómica.
TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas

Átomo: a unidade básica de um elemento, capaz de sofrer alterações químicas.


Os átomos são formados essencialmente por 3 tipos de partículas subatómicos: protões,
neutrões e electrões

Segundo o modelo simplificado corrente, um átomo é formado por um pequeno núcleo


(protões e neutrões) com cerca de 10-14m de diêmetro, rodeado por uma nuvem relativamente
ténue de electrões dispersos (núvem electrónica), de densidade variável, pelo que o
diâmetro do átomo é da ordem de 10-10m.

A núvem de electrões carregada é responsável por todo o volume do átomo, mas é


responsável por apenas uma parte da sua massa (1/1836 da massa do protão)

Constituintes de Massa Carga


átomo grama(g) Coulombs (C)
Protões 1,673x10-24 +1,602x10-19
Neutrões 1,675x10-24 0
Electrões 9,109x19-28 -1,602x10-19

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas

Número atómico: número de protões no núcleo do átomo de um elemento.

Unidade de massa atómica (u.m.a): unidade de massa baseada na massa exacta de 12 para
carbono
12
6 C
Número de Avogadro = 6,023x1023 átomos/mol: número de átomos num num mol-grama ou
mol de um elemento.

Fotão
O átomo de Hidrogénio é o mais simples e consiste num electrão em volta de um núcleo com um
protão. Se considerarmos o movimento orbital do electrão em torno do núcleo, só são
permitidas certas orbitais bem definidas (níveis de energia).
Durante a transição de um nível de energia inferior, o electrão emite uma quantidade discreta de
energia (quantun) sob a forma de radiação electromagnética, designada fotão.

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas
A variação de energia ∆E associada à transição do electrão de um nível
para o outro está relacionado com a frequência ν(niu) do fotão, pela
equação de Plank:
∆E= ν.h

h= 6,63x10-34 J.s (Joule.segundo)→ Constante de Plank

Uma vez que, para radiação electromagnética é dada pela equação:

c=ν.λ

C: velocidade da luz =3,00x108m/s


λ: é o comprimento da onda do fotão

Então a energia associada ao fotão pode ser descrita:

∆E= c.h/λ

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas
A ligação química entre átomos ocorre porque há diminuição
global da energia potencial dos átomos no estado ligado.
Os átomos ligados estão numa condição energética mais
estável do que quando não estão ligados.

Em geral, as ligações químicas entre átomos podem ser


classificadas em dois grupos: ligações primárias ou
fortes e ligações secundárias ou fracas.
Ligações Atómicas
Primárias Iónica
(fortes) Covalente
Metálica
Secundárias Dipolo permanente
(fracas) [ligações de van der Dipolo flutuante
waals]

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas
Ligações iónicas – ocorrem forças interatómicas relativamente
intensas, resultantes da transferência de electrões de um átomo para
outro, o qual origina iões que se ligam uns aos outros por forças de
Coulomb (atracção entre iões carregados positivamente e
negativamente).Na ligação iónica os átomos apresenta uma grande
diferênça de electronegativiade.

A ligação iónica é uma ligação não direccional relativamente forte.

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas

As energias de rede e os pontos de fusão dos compostos iónicos são


relativamente elevados. Na tabela periódica, a medida que aumenta o
tamanho do ião aumenta a energia de rede.

Energias de rede e pontos de


fusão de alguns sólidos iónicos Raios iónicos
Sólido Energia Ponto de
iónico de rede fusão (oC) Ião Raio iónico
(kJ/mol) (nm)

LiCl 829 613 Li+ 0,060

NaCl 766 801 Na+ 0,095

KCl 686 776 K+ 0,133

RbCl 670 715 Rb+ 0,148


CsCl 649 646 Cs+ 0,169
MgO 3932 2800
CaO 3583 2500

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas
Ligação covalente – caracterizada por forças interatómicas
relativamente intensas que tem origem na partilha de
electrões, formando-se uma ligação de direcção localizada.
Ocorre entre átomos com pequenas diferenças de
electronegatividade.
Na ligação covalente, podem formar-se ligações múltiplas
de pares de electrões entre um átomo e outros iguais ou
diferentes através de orbitais simples (s, p) e orbitais
hibridos (sp, sp2 e sp3).

CH4 H2

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas
Ligações metálicas- caracterizadas por forças interatómicas
relativamente intensas que tem origem na partilha de electrões, de
forma deslocalizada, e produzindo ligações não direccionais fortes entre
os átomos de metais sólidos.
Os metais sólidos são constituidos por cernes de iões positivos
(átomos sem electrões de valência) e por electrões de valência
dispersos sob a forma de uma núvem, electrónica, a qual preenche
grande parte do espaço. Os electrões de valência estão fracamente
ligados aos cernes positivos e, por isso, podem mover-se facilmente no
cristal metálico, sendo frequentemente designados por electrões livres.

Cobre

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas
Ligações secundárias- são relativamente fracas, com energias de
cerca de 4 a 40kJ/mol. A força motora para as ligações é atracção entre
dipolos eléctricos que existem nos átomos e moléculas.
O aparecimento de dipolos eléctricos em átomos ou moléculas sempre
que existem centros distintos de carga positiva e de carga negativa
originando momentos dipolares.
Onde:
μ- momento dipolar (C.m)
q – valor de carga eléctrica (Coulombs)
d – distância entre os centros de carga (m)
μ=q.d

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas
Dipolos flutuantes – podem desenvolver-se forças de ligação muito débeis
entre átomos de elementos de gáses nobres, os quais possuem camadas
completas de electrões de valência exteriores (s2 para o Hélio e s2p6 para Ne,
Kr, Xe, e Rn). Estas forças de ligação surgem por causa da forma assimétrica
da distribuição da carga electrónica, a qual origina dipolos eléctricos.
A núvem electrónica nos gases nobres sofrem alterações no tempo, criando
“dipolos flutuantes”. E, quando ocorre em átomos vizinhos podem originar
atracção entre si, de que resultam fracas ligações interatómicas não
direccionadas.
A passagem de gás ao estado líquido e/ou ainda na solidificação de gases
nobres a baixas temperaturas e altas pressões são devidas às ligações
dipolares flutuantes.

Gás nobre Ponto de Ponto de


fusão (oC) ebulição (oC)
Hélio -272,2 -268,9
Néon -248,7 -245,9
Árgon -189,2 -185,7
Cripton -157,0 -152,9
Xénon -112,0 -107,1

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TEMA 2 - Estrutura atómica. Ligações atómicas

Ligações Dipolos permanentes – podem desenvolver-se forças de


ligação fracas entre moléculas com ligações covalentes, se as
moléculas tiverem dipolos permanentes. Por ex. CH4 nas ligações C-H
dispostos numa estrutura tetraédrica, tem momento dipolar nulo por
causa do arranjo simétrico das quatro ligações C-H. A resultante da
soma vectorial das C-H é igual a zero.

Ligação de Hidrogénio é o caso especial de interacção dipolo-dipolo


entre moléculas polares. Esta ligação ocorre quando uma ligação
envolve o átomo de hidrogénio, O-H, H-N, interactua com um átomo
altamente electronegativo, O, N, F ou Cl. Por ex. H2O

Valores experimentais (em debyes)


H2O 1,84
CCl4 0
CH3Cl 2,00
CHCL2 1,10
Metano - CH4
HCl 1,03 17
TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Cristal: um sólido constituindo por átomos, iões ou moléculas,


arranjados de maneira repectitiva, segundo as três dimensões.

Estrutura Cristalina – arranjo ordenado (padrão) tridimensional de átomos ou iões no


espaço de um material designado material cristalino ou sólido cristalino

Redes cristalinas

Rede espacial /rede cristalina– arranjo tridimensional de pontos, todos com a


mesma vizinhança.
Nó da rede – ponto de um arranjo de pontos em que todos têm a mesma vizinhança
A quantidade de átomos vizinhos do nó da rede dará o numero de coordenação.

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais
Célula unitária – unidade da rede espacial que se repete.
Os comprimentos dos eixos (a,b, c) e os ângulos (α, β,γ) entre eles são os
parâmetros de rede da célula unitário.

Rede cristalina

Célula untária

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais
Sistemas cristalográficas e Redes de Bravais

Células unitárias
convecionais
das 14 redes de Bravais
agrupados em 7 tipos
distintos
células que podem definir
os sistemas cristalográficas.

Existem 4 tipos básicos:


- simples
- de corpo
centrado
- de faces
centrados
- de base
centradas

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais
Sistemas cúbicas de células unitárias

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais
Principais estruturas cristalinas dos metais

a)Cúbica de b)Cúbica de c)
corpo faces Hexagonal
centrado centrado
(CCC) (CFC) compacto
Cromio Aluminio (HC)
Ferro Cobre
Cadnio
Potassio Ouro
Sodio Chumbo Zinco
Vanadio... Niquel... Cobalto
Zirconio 23

Titanio
TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais
Estrutura cúbica de corpo centrado (CCC)
Posições atómicos

Na célula CCC, os átomos tocam-se


seguindo a diagonal do cubo,
pelo que a relação entre o comprimento
Uma célula unitária CCC tem da aresta do cubo a e o raio atómico R
1 átomo (no centro)+ é
8x1/8(nos vertices)
totalizando dois átomos 4R = a 3

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais
Estrutura cúbica de faces centradas (CFC)

Na célula CFC, existem quatro


átomos (8x1/8+6x1/2) tocam-se
seguindo a diagonal do cubo,
pelo que a relação entre o
comprimento da aresta do cubo
a e o raio atómico R é
4R = a 2

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Estrutura Hexagonal Compacta (HC)

Área do triângulo ABC=1/2 (a)(asen60o)


Área total da base do HC = (6)(1/2 a2 sen60o)
Volume do HC = 3* c *a2 * sen60o
No HC existem 6 átomos onde
(2x6x!/6 (vertices)+3 (centro)+2x1/2(extremidades)

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Posições atómicos em células unitárias cúbicas

a) Orientação espacial dos átomos nas coordenadas tridemsional


b) As posições dos 8 átomos que se encontram nas vértices da célula
cúbica unitária CCC são: (0,0,0) ; (1,0,0); (0,1,0) ; (0,0,1)
(1,1,1) ; (1,1,0); (1,0,1) ; (0,1,1)

O átomo no centro da célula unitária CCC tem coordenadas (1/2; 1/2; 1/2) 27
TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Direcções em células unitárias cúbicas


Alguns metais ou ligas metálicas apresentam as propriedades de que variam com
orientação cristalográficas e é necessário definir as orientações.
Para os cristais cúbicos, os índices das direcções cristalográficas são os
componentes do vector-direcções segundo cada um dos eixos coordenados, após
redução aos menores números inteiros.
Usam-se as letras u, v e w para indicar os índices de orientação segundo os eixos x,
y e z, respectivamente, e escreve-se [u v w] sem virgulas.É de salientar que todas
as direcções paralelas têm os mesmos índices.

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Indices de Miller de planos cristalográficos em


células unitárias cúbicas
Para identificar os planos cristalográficos, numa estrutura cristalina cúbica,
usa-se o sistema de notação de Miller. Os índices de Miller de um plano são
definidos como os inversos das intersecções fraccionárias (com as fracções
reduzidas ao mesmo denominador) que o plano faz com os eixos
cristalográficos x, y e z coincidentes com três arestas não paralelas da célula
unitária cúbica.
Procedimento de cálculo de Indice de Miller:
1. Escolher um plano que não passe pela origem (0,0,0)
2. Determinar as intersecções do plano com os eixos cristalográficas x, y e
z com cúbo unitário. Estas intersecções podem ter números fraccionários
3. Obter os inversos dessas intersecções;
4. Reduzir as fracções ao mesmo denominador e determinar o menor
conjunto de números inteiros que estejam na mesma proporção das
intersecções.
Estes números inteiros são os Indices de Miller do plano cristalográfico e
são colocados entre parênteses curvos, sem vírgulas entre eles.
Geralmente, num cristal cúbico, usa-se a notação (hkl) para indicar
Índice de Miller, sendo h, k e l e referem-se aos eixos x, y e z,
respectivamente.

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Cúbo (b) Cúbo (c)


Eixos x y z x y z
Intersecção 1 1 ∞ 1 1 1
Inversos 1/1 1/1 1/∞ 1/1 1/1 1/1
Redução ao 1 1 0 1 1 1
menor valor
(1 1 1)
Indice de Miller (1 1 0)

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Preencher a tabela
Eixos x y z
Intersecção
Inversos
Redução ao
menor valor
Indice de Miller

Preencher a tabela
x y z

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Preencher a tabela

Eixos x y z
Intersecção
Inversos
Redução ao menor valor

Indice de Miller
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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Compacidade atomica
Para se determinar o volume ocupado pelos átomos numa célula unitária e percentagem dos
vazios usa-se o Factor de Compacidade Atómica (FCA):

FCA = o volume ocupado pelos átomos / o volume da célula unitária

Por exp.: O FCA do célula CCC é igual a 68 quer dizer que 68% e ocupado pelos átomos e
32% corresponde ao vazio.

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Interstícios nos planos e diagonais de compacidade máxima na estrutura


cristalina CCC

Estrutura cristalina CCC mostrando o plano (100) e uma secção (110).


Observa-se que esta não é estrutura de máxima compacidade, mas que as
diagonais são direcções de máxima compacidade.

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Interstícios e planos de compacidade máxima nas


estruturas cristalinas HC e CFC

HC HC

HC CFC

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Cálculo de densidades volúmicas, planares e lineares em células


unitárias

Densidade volúmica do metal (ρv) = massa/volume ( da célula unitária)

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Densidade atómica planar do metal (ρp) = no.efectivo de átomos cujos centros são
intersectados pela área seleccionada /área selecionada ( da célula unitária)

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Densidade atómica linear (ρl) = no. de diâmetros atómicos intersectados por uma
linha com direcção considerada /comprimento da linha que intersecta os diâmetros (
da célula unitária)

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Distância interplanar num cristal cúbico


Nas estruturas cristalinas cúbicas, a distância interplanar de dois planos
paralelos sucessivos, com os mesmos , indices de Miller, designa-
se por dhkl em que h,k e l são indices de Miller dos planos.
Este espaçamento representa a distância entre o plano que passa
pela origem e o plano paralelo, com os mesmos índices, mais
próximo do primeiro.

a
d hkl =
h2 + k 2 + l 2

d Distância interplanar entre 2 planos

a Parâmetro da rede (aresta do cúbo)

h, k, l Indices de Miller

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Determinação de estruturas cristalinas (DR-X)


A estrutura cristalina é determinada por técnica
de Difracção de raios-X cujos
comprimentos de onda (λ) têm valores
próximos dos das distâncias (dhkl ) entre os
planos cristográficos.
Quando um feixe de raios-X choca com um
sólido cristalino, podem produzir-se picos
reforçados de radiação de diversas
intensidades.
n λ = MP + PN
n=1,2,3...ordem de difracção
MP= NP = dhkl senθ
Então:
n λ =2 dhkl senθ
Esta equação, conhecida como lei de Bragg
Na maior parte dos casos usa-se difracção da
primeira ordem, em que n=1 e teremos o
seguinte:

λ =2 dhkl senθ

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

As técnicas de DR-X permitem determinar a estrutura dos sólidos cristalinos. A maior parte das
substâncias cristalinas, a interpretação dos resultados da DR-X é complexa. O mais simples de
interpretar é o sistema cúbica de metais puros (CCC e CFC) através das seguintes equações:

λ =2 dhkl senθ d hkl =


a 2asen
=
h +k +l
2 2 2
h + k2 + l2
2

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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Registo dos ângulos de DR-X duma amostra (em pó do metal puro, CCC) de
tungsténio obtido através do difractómetro com radiação de cobre.

Na análise dos difractómetros é preciso saber quais são os planos


cristalográficos que são difractores.
•Na rede cúbica simples, são possiveis reflexões por todos os planos (hkl).
•Na CCC, apenas ocorre difracção pelos planos dos Indices de Miller (h+k+l)
seja número par.
•Na CFC, são aqueles cujos Indices de Miller são todos pares ou todos impares
Nota: O zero é considerado par
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TEMA 3 - Estrutura Cristalina dos Materiais

Interpretação dos resultados experimentais de DR-X ,


metais com estruturas cristalinas cúbicas
Elevando ao quadrado a equacção anterior , temos:

2 ( h 2 + k 2 + l 2 )
sen 2 =
4a 2

Dado que o comprimento de onda da radiacção incidente e o parâmetro da


rede são constantes, podemos eliminar estas quantidades, obtendo a razão
entre dois planos A e B:
sen 2 A h A2 + k A2 + l A2
=
sen 2 B hB2 + k B2 + l B2

Para estrutura cristalina CCC, as duas primeiras familias de planos


difractores são {110} e {200}:
sen 2 A
= 0,5
sen 2 B

Para estrutura cristalina CFC, as duas primeiras familias de planos


difractores são {111} e {200}: sen 2 A
= 0,75
sen 2 B
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Bibliografia

A. Guy (1990) – “Ciência dos Materiais”. Editora


Universidade de S. Paulo.

W. F. Smith – “Princípios de Ciência e Engenharia dos


Materiais”Terceira EdiçãoMcgraw-Hill de Portugal – 1998

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