Você está na página 1de 36

CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

EFIGÊNIA APARECIDA DE ASSIS BITENCOURT

AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM CASO DE


SUSPEITA DE TDAH

São Paulo
2020
Efigênia Aparecida.de Assis Bittencourt

Avaliação Neuropsicológica em Caso de Suspeita de TDAH

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de


Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental como
parte das exigências para obtenção do título de Especialista
em Neuropsicologia

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

São Paulo, ___ de ___________ de _____


Título expandido: Avaliação neuropsicológica em caso de suspeita de TDAH

Title: Neuropsychological assessment in suspected ADHD case

Título abreviado: Avaliação neuropsicológica: TDAH?

Resumos/Abstracts: Os manuscritos devem ser acompanhados de dois resumos, cada um

composto por 150 a 300 palavras, o primeiro escrito português e o segundo em inglês. Quanto

às palavras-chave, devem ser escolhidas cinco ao total. No mínimo três das cinco palavras

devem ser da base de dados MeSH (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh). O resumo deve conter,

em forma de texto (sem subtítulos): objetivo(s) do estudo, método, resultados e conclusões.

RESUMO

Este estudo de caso objetivou corroborar na avaliação neuropsicológica e da mesma forma

auxiliar no processo diagnóstico de uma criança do sexo masculino de 07 anos com suspeita de

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Tal objetivo partiu das queixas apresentadas

pelos pais, professora e profissionais da saúde (Psicólogo, fonoaudiólogo e psicopedagogo).

Diante das queixas e partindo do modelo neuropsicológico, ou seja, da correlação entre a

estrutura cognitiva e suas funções, foi possível identificar funções cognitivas preservadas e as

com prejuízos/comprometidas com o processo da aprendizagem. Tornou-se possível, através

das técnicas de Avaliação Neuropsicológica (Anamnese, observação e instrumentos capazes de

avaliar as Funções Eficiência Intelectual, Atenção, Memória, Visuo construção, Percepção e

linguagem), identificar funções preservadas e prejudicadas, que oscilaram entre média e muito

abaixo da média que é esperado para a idade da criança. Os resultados pontuaram para o

comportamento desatento, hiperativo e dificuldades de aprendizagem. Os resultados indicaram

as Funções Atenção e Executivas (capacidade de raciocínio e velocidade de processamento)

como as mais prejudicadas, ficando muito abaixo da média ou limítrofe. Dessa forma, foi

possível concluir que o paciente apresentou características comportamentais as quais sugerem


quadro compatível com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade do tipo combinado,

com dificuldades de aprendizagem secundárias ao TDAH.

Palavras-chave: Neuropsicologia; Avaliação Neuropsicológica; TDAH, alterações cognitivas,

drogas.

ABSTRACT

This case study aimed to corroborate the neuropsychological evaluation and also to assist in

the diagnostic process of a 7-year-old male child suspected to have Attention Deficit

Hyperactivity Disorder. This objective was based on the complaints presented by parents,

teachers, and health professionals (Psychologist, phonoaudiologist and psychopedagogue). In

view of the complaints and starting from the neuropsychological model, that is, the correlation

between the cognitive structure and its functions, it was possible to identify preserved cognitive

functions and those with impairments/affected the learning process. It became possible, through

neuropsychological evaluation techniques (Anamnesis, observation and instruments capable of

evaluating the Intellectual Efficiency, Attention, Memory, Visuoconstruction, Perception, and

Language Functions), to identify preserved and impaired functions, which oscillated between

mean and much below the expected average for the child's age. The results scored for

inattentive, hyperactive behavior and learning difficulties. The results indicated the Attention

and Executive Functions (reasoning capacity and processing speed) as the most impaired ones,

being far below the average or threshold. Thus, it was possible to conclude that J. presented

behavioral characteristics that suggest a condition compatible with attention deficit

hyperactivity disorder of the combined type, with learning difficulties secondary to ADHD.

Keywords: Neuropsychology, Neuropsychological Assessment, ADHD, Cognitive

Alterations, Drug

Introdução
A Neuropsicologia é a ciência que investiga o comportamento do indivíduo, assim

como suas funções e disfunções cerebrais. Surgiu no século XX diante da preocupação em

entender a inter-relação entre o cérebro e a mente. Tem como diferencial a capacidade de

detectar ou não as disfunções cognitivas, podendo essa ser genética, de desenvolvimento ou de

percurso. Podendo ainda contribuir como diagnóstico, intervenção, planejamento,

acompanhamento em tratamentos psicológicos, reabilitação e posicionamento da evolução do

quadro. Difere da avaliação psicológica por tomar como partida o funcionamento do cérebro

(Mader, 2020).

De acordo com Michels, (2020), a neuropsicologia é um campo do conhecimento

interessado em estabelecer as relações entre o funcionamento do sistema nervoso central com

as funções cognitivas e o comportamento, tanto nas condições normais quanto nas patológicas.

A cognição é um conjunto de processos mentais complexos usados no pensamento, na

classificação, no reconhecimento e compreensão, com a finalidade de serem utilizados para

julgamento através do raciocínio, para aprendizagem e soluções de problemas Sales e

Burnaham, (2015). Grillo e Silva (2004) defendem a importância da vigilância precoce no

desenvolvimento físico, motor e cognitivo infantil. A identificação precoce, tratamento de

alterações e transtornos são importantes, pois alguns podem, quando não tratados, persistir com

incapacidades até a vida adulta. Ou seja, identificar precocemente e diagnosticar o TDAH em

crianças para fins de intervenção traz benefícios a curto e longo prazo. Crianças diagnosticadas

e em tratamento são menos propensas a precisar de atendimento na escola, dos sistemas

jurídico e de saúde. A intervenção precoce pode ajudar a melhorar o autocontrole, funções

executivas, habilidades sociais e desempenho escolar (EBC,2015).

Por outro lado, a ausência de diagnóstico e intervenção pode trazer prejuízos ao

indivíduo, tais como: Desempenho ineficiente, frequentes mudanças de emprego, faltas,

atrasos, erros excessivos, desorganização, esquecimento, problemas com autoridades,


distração, lentidão, dificuldade em iniciar ou priorizar tarefas. E ainda estudos demonstram

relatos de indivíduos que recebem tratamentos inadequados por seus pares, professores e

familiares. Sofreram alto número de reprovações, expulsões e transferências compulsórias. Tais

acontecimentos podem influenciar negativamente na construção da identidade, ao longo da

vida, fazendo com que se sintam diferentes dos outros (Castro, C.X.L &Lima, R.F, 2018).

O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM -V (APA, 2014),

classifica como principais transtornos do neurodesenvolvimento: Deficiência intelectual (leve,

moderado, grave e profundo); Transtorno da comunicação (fala, linguagem, gagueira,

transtorno da comunicação social); Transtorno do espectro autista; Transtorno do déficit de

atenção e hiperatividade; Transtorno especifico da aprendizagem; Transtorno motor (transtorno

do desenvolvimento da coordenação, do movimento estereotipado e transtorno do tique).

O Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), vem sendo pesquisado há

tempos. George F. Still, em 1902, um dos precursores no assunto, acreditava que algumas

crianças tinham um "Defeito de Conduta" (Lima, 2011).

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade foi denominado somente em

1987, anteriormente era conhecido como Disfunção Cerebral Mínima e Síndrome Infantil da

Hiperatividade. Entende-se que o TDAH não é um problema moderno, Hipócrates, pai da

medicina, em 493 a.C já falava das crianças rápidas e inquietas. Em 1798, Alexandre Crichton,

foi o primeiro médico a falar das dificuldades de atenção e a primeira publicação oficial dos

sintomas foi feito pelo médico Dr. George Frederic Still em revista denominando o transtorno

de “Defeito do Controle Moral” (Cavalcanti, 2013).

Nos tempos atuais, o TDAH é reconhecido como um transtorno de ordem neurológica

que compromete a aprendizagem (Bonadio e Mori, 2013 p.15). Autores afirmam que esse

transtorno tem causado grandes impactos na vida familiar, escolar e social do indivíduo, pois
causa prejuízos no desempenho escolar, habilidades sociais, funcionamento intelectual e pode

perdurar até a idade adulta (Ribeiro, 2016).

O TDAH, no âmbito familiar, causa impactos consideráveis, promovendo dificuldades

de convívio no dia a dia. As interações, geralmente, são marcadas por conflitos, desarmonia e

discórdias, impactando na qualidade de vida de todos os integrantes. Pais relatam baixa estima,

sentimentos de fracasso e incompetência em seu papel. Chegam a encarar o filho como

inoportuno, aversivo, desobediente, preguiçoso e mal educado. Enfrentam dificuldades

rotineiras, como lidar com o esquecimento, desde tarefas mais simples como de higiene pessoal,

às mais difíceis de dar conta, como por exemplo, dificuldade escolar. Diante das cobranças

excessivas e das rejeições dos pais, as crianças podem se tornar resmungões, incoerentes e,

muitas vezes, agressivos (Benczik e Casella, 2015).

De acordo com Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA, 2012), alguns

fatores podem influenciar para o desenvolvimento do TDAH, entre eles a hereditariedade, o

uso de substâncias na gestação, como nicotina e álcool, e sofrimento fetal. De acordo com a

ABDA, (2012), estudos mostram associação desses fatores com possíveis causas de alteração

na região orbito-frontal do bebê.

Fatores ambientais também podem favorecer o transtorno, que se intensifica no

ambiente escolar. De acordo com Cardoso (2009), não podemos desconsiderar a influência do

ambiente no comportamento do aluno. O ambiente não é o causador do transtorno, mas poderá

agravar os sintomas de comportamento. Conhecer o TDAH e saber distinguir o transtorno da

indisciplina escolar é determinante para evitar rótulos e estigmas, além de possibilitar as

intervenções devidas. Pesquisam revelam que o hipocampo e as amigdalas cerebrais são

responsáveis pela regulação das emoções e da motivação, e que essas estruturas são menores

nos indivíduos com TDAH. E ainda, apontam para outros diversos fatores que podem estar

relacionados ao TDAH, entre eles: presença de excesso de chumbo no sangue, fatores


perinatais, alterações metabólicas (como distúrbios da tireoide), diversos fatores biológicos e

psicossociais (Missawa & Rossetti, 2014).

Indivíduos com TDAH ficam sujeitos a mais julgamentos negativos, que geram

prejuízos emocionais, fracassos, dificuldades na interação familiar e frequentes frustrações

devido a comportamentos inadequados. As comorbidades mais comuns são ansiedade,

depressão e transtorno Opositivo-Desafiador -TOD (Antônio e Fontes, 2018).

Dados relevantes sobre a prevalência mundial do TDAH apontam que houve um

expressivo crescimento na atualidade. Apontam prevalência de 4 a 10% entre crianças. Sendo,

5,29% entre menores de 18 anos, 6,48% em crianças com idade escolar. O primeiro estudo

epidemiológico sobre o TDAH no Brasil, feito no Instituto Glia, com 5.961 jovens em 18

estados, aponta prevalência de 4,4% entre crianças e adolescentes brasileiros de 04 a 18 anos

(Lacet & Rosa, 2017).

A princípio o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade era atribuído apenas a

disfunção na infância. Contudo nos últimos anos estudos tem focados na população adulta.

Achados científicos afirmam que se trata de transtorno não diagnosticado ou tratado na infância.

Estatísticas indicam que 2 de 3 crianças com TDAH seguem com os sintomas para vida adulta

e apresentam quadro clínico (desatenção, impulsividade e hiperatividade). Contudo, a maioria

dos adultos desenvolvem estratégias compensatórias para lidar com as dificuldades e prejuízos.

A maioria dos prejuízos estão na necessidade de trocar de estímulos (troca de emprego,

relacionamentos, dificuldades acadêmicas e falta de controle inibitório). Podem apresentar

comorbidades, de depressão, ansiedade, alcoolismo, drogadição e dislexia (ABDA, 2016).

Objetivo

Diante do exposto, o artigo tem como objetivo apresentar um estudo de caso, em que

foi realizada Avaliação Neuropsicológica com a finalidade de avaliar as funções cognitivas de

uma criança com suspeita de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.


Método

De acordo com Yin (p.21, 2003), os estudos de casos contribuem para compreensão dos

fenômenos, suas características, além de ser uma estratégia comum de pesquisa na psicologia e

em outras áreas com suas diferentes estratégias, vantagens e desvantagens.

Foi realizada avaliação neuropsicológica de uma criança de 07 anos, do sexo masculino,

não alfabetizada, com suspeita de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

A criança, referenciada como J., foi encaminhada pela psicóloga, para fins de avaliação

neuropsicológica devido dificuldade de aprendizagem, comportamento opositor, dificuldades

em aceitar regras, agitação e falta de atenção desde primeira infância. Ao todo ocorreram 10

atendimentos, incluindo anamnese. No decorrer dos atendimentos a criança apresentou bom

humor, boa socialização e boa expressão verbal.

Para avaliação, foram aplicados os instrumentos: Escala Wechsler de Inteligência para

crianças - WISC IV (Wechsler et al, 2013), instrumento que avalia inteligência e capacidade

intelectual e o processo de resolução de problemas de crianças e adolescentes; Bateria Psicológica

para avaliação da Atenção (BPA) (Rueda, 2013), instrumento que avalia atenção Concentrada,

dividida e alternada; FDT - Teste dos Cinco Dígitos (Sedó, de Paula, Malloy-Diniz, 2015), que é

um instrumento que permite avaliar, de forma breve e simples, a velocidade de processamento

cognitivo, a capacidade de focar e reorientar a atenção e a capacidade de lidar com interferências;

Teste Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT) (Malloy-Diniz, de Paula, 2018),

instrumento que avalia a memorização de um novo conteúdo; Figura Complexa de Rey (Oliveira,

Rigoni, Rey, 2014), a fim de investigar nível de atenção, memória não verbal e capacidade

visuoconstrução; SNAP-IV - Escala para Diagnóstico de TDAH em crianças (Universidade RJ) -

26 itens.
Foi utilizado ainda como método de investigação desenho livre e de forma lúdica utilizou-

se recompensas para que a criança pudesse concluir as atividades, ou seja, para cada tarefa

cumprida um brinquedo, ou algo comestível escolhido pela criança.

Resultados

Dados da anamnese

O presente estudo avaliou uma criança de 07 anos, não alfabetizado denominado por J.

J. foi gerado em uma gestação gemelar conturbada, desejada, mas não planejada. Sra. AP, a

progenitora relatou que durante a gestação, sofreu agressões físicas e psicológicas. Fez uso de

álcool, cigarros e substâncias químicas, antes de engravidar. Parou com as substâncias por

desejar engravidar. A mãe se declarou muito "inconsequente", antes e após o nascimento das

crianças. O casal mantinha uma relação conflituosa e desestruturada, que se agravou ainda mais

com a confirmação da gravidez. Por conta da rejeição do pai das crianças, das agressões físicas

e psicológicas, a gestação ocorreu num período extremamente estressante, abalando o estado

emocional e psicológico da mãe. Posteriormente o pai passou a dar mais assistência, mas

abrigas continuaram constantes. O uso de bebida alcóolica exacerbava ainda mais as brigas.

Em seguida ao parto, a mãe teve hemorragia, por conta disso, o processo de amamentação

tardou.

Onze meses mais tarde, as crianças ficaram doentes e foram internadas com

bronquiolite. Dois meses antes ocorreu o falecimento da avó materna. Devido a esses

acontecimentos, mãe passou por processo de luto e entrou em depressão. A relação do casal

continuava insuportável. A mãe relatou uma insistência em ser assumida pelo pai das crianças,

o que não ocorria, e, essa relação trazia ansiedade e brigas muito constantes. Quando J.

completou um ano de idade aproximadamente, após uma violenta briga entre o casal,

envolvendo agressões física, verbais e psicológicas, frustrada e motivada por “ciúmes e

egoísmo”, decidiu que não iria cuidar sozinha dos gêmeos e foi embora deixando os filhos em
poder do pai biológico, levando apenas o filho mais velho de um outro relacionamento. O pai,

por sua vez, decidiu pedir a guarda dos filhos e delegou os cuidados com as crianças a outra

companheira com quem se relacionava paralelamente. Desde essa época J. e a irmã gêmea mora

com o pai.

De acordo com relatos da mãe, o irmão mais velho de 12 anos, apresenta dificuldades

de aprendizagem e comportamentos agressivos, porém a irmã gêmea não apresenta nenhum

comportamento adverso.

Quando as crianças estavam com três anos de idade aproximadamente a mãe se

relacionou com outra pessoa e, quando o pai das crianças soube, agrediu-a fisicamente. Por esse

motivo AP, a mãe decidiu prestar queixa por violência doméstica, levando-o a reclusão por três

meses. Nesse período as crianças ficaram sob os cuidados da Sra. I, mulher mais velha, qual o

pai se relacionava em paralelo com a mãe das crianças. A mãe relatou que a Sra. I praticava

alienação parental com as crianças, se aproveitando do período de afastamento da mãe e do pai.

Relatou que após esse evento estressor e traumático, J. passou a apresentar comportamentos

agressivos, e a culpar a mãe pela prisão do pai. Passou a rejeitá-la por conta da ausência materna

e do abandono do pai. De acordo com os relatos, costumeiramente as crianças presenciavam o

excesso do uso do álcool e brigas por parte dos pais.

Em relação ao desenvolvimento, J. apresentou dificuldades para sentar-se e manter a

cabeça firme. Nessa época foi estimulado pelo pai. Andou com 1 ano e 06 meses, caia muito e

falou com aproximadamente 2 anos e meio. Durante a noite acordava muito, com choros

intermitentes, mas logo voltava a dormir. No decorrer do dia também ocorria os choros,

aparentemente sem motivo. A mãe relatou que J. apresentou dificuldades emocionais e motoras

desde nascimento. No entanto, somente no período escolar, diante das dificuldades de

aprendizagem, comportamento e socialização, a atenção dos pais foi despertada.


Pais relatam que a criança se relaciona bem e faz seus próprios amigos. É respeitoso e

afetivo com as pessoas.

J. cursa 1oano do ensino fundamental, tem dificuldade de ficar sentado em sala de aula,

e não está conseguindo avanço na alfabetização e, também, não apresenta interesse por

atividades escolares. Tanto J. quanto a irmã gêmea pratica duas vezes por semana esporte Judô.

J. iniciou tratamentos psicológicos, fonoaudiólogo e psicopedagogo nos anos de 2018 e

2019, e de acordo com os relatórios apresentados, obteve baixos rendimentos.

Avaliação neuropsicológica

No decorrer das sessões J. apresentava bom humor, facilidade de vínculo, boa interação,

verbalização, empatia e afetividade. No entanto, não apresentava interesse por nenhuma das

atividades e nem preocupações com os resultados delas. Algumas vezes relatou não gostar de

fazê-las. O tempo todo apresentava comportamento inquieto e interesse demasiado pelo

ambiente (distrator), porém não apresentou birras ou resistências. Nas sessões tentava

manipular ou sabotar as atividades, se esquivando. Com frequência ia ao banheiro, a janela, ao

bebedouro e fazia diversos questionamentos em relação ao ambiente.

Para avaliar função intelectual, foi utilizado Wisc IV - Escala Wechesler de Inteligência

para crianças e adolescentes. Apurou-se QI total = 87, percentil 19, classificação média inferior.

De acordo com os resultados (figura 1), J. apresentou estar dentro da média do esperado

para sua idade no que tange sua capacidade de compreensão verbal, contudo apresentou uma

queda considerável na habilidade para aquisição de conhecimento e retenção de informação.

No entanto, seus resultados melhoram quando precisa avaliar e usar suas experiências

adquiridas no cotidiano. No índice de organização perceptual apresentou uma queda nos

resultados, ficando abaixo da média quando comparado a outras crianças da sua idade. Em

relação a sua capacidade construtiva, formação de conceito não verbal, conceituar

abstratamente, visualização espacial e a capacidade de diferenciar o essencial dos detalhes não


essenciais que exija reconhecimento de objetos, raciocínio e memória de longo prazo e

reconhecimento visual, J. apresentou resultados abaixo da média no que é esperado para sua

idade.

Padrão de
J. .

Figura 1. Resultados da aplicação do Wisc IV

Ainda na avaliação através do instrumento WISC IV, J. apresentou uma discrepância

considerável nos índice de memória operacional e velocidade de processamento, apresentando

resultados bem abaixo do esperado para sua idade no que se refere a capacidade de

armazenamento a curto prazo, recordação e repetição imediata, da mesma maneira no que exige

habilidade de cálculos, raciocínio matemático, resolver as quatro operações básicas e resolução

de problemas que envolvam atenção sustentada e seletiva, abstração, concentração, organização

visual motora, flexibilidades cognitivas, precisão e rapidez de processamento.

Para avaliar melhor a atenção, foi utilizado o instrumento BPA (quadro 1).

Quadro 1. Resultados do BPA - Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção


N.Bruto Percentil Classificação
Atenção Concentrada 3 1 Muito Inferior
Atenção Dividida -61 0,1 Muito Inferior
Atenção Alternada 15 4 Inferior
Diante dos resultados do teste de atenção, o qual J. foi submetido, apresentou

classificação muito inferior, ou seja, resultado muito abaixo do esperado para sua idade.

Para avaliar controle inibitório, velocidade de processamento, capacidade de focar,

reorientar a atenção e a capacidade de lidar com interferências, foi utilizado FDT- Teste dos

Cinco Dígitos (quadro 2).

Quadro 2. Resultados do FDT-Teste dos Cinco Dígitos


FDT Ponto Bruto Percentil Classificação
Leitura 73" <0,1 Muito Inferior
Contagem 95" >0,8 Muito Inferior
Escolha 98" 24 Média Inferior
Alternância 111" 27 Média
Inibição 25 18 Média Inferior
Flexibilidade 38 82 Média Superior

Conforme resultados apresentados no quadro 2, J. demonstrou lentidão diante de tarefas

automáticas, indicando baixa velocidade de processamento. Apresentou ainda dificuldade para

inibir distratores e dificuldade para flexibilizar e controlar impulsos. No entanto foi capaz de

alternar o foco da atenção adequadamente.

Para avaliar Memória e Aprendizagem, foi utilizado o instrumento Teste de

Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey - RAVLT), instrumento que avalia memorização de um

novo conteúdo.

Quadro 3. Resultados do RAVLT


Categorias Pontuação Percentil Classificação
Primeiras etapas A1 04 50 Média
de A2 04 5-25 Média Inferior
aprendizagem A3 03 <5 Limítrofe
A4 03 <5 Limítrofe
A5 05 5-25 Média Inferior
Distrator B1 03 <5 Limítrofe
Evocação Imediata A6 04 5-25 Média Inferior
Evocação Tardia A7 04 25 Média Inferior
Reconhecimento Reconhecimento -4 <5 Limítrofe
Índices de Escore Total 19 <5 Limítrofe
Aprendizagem
Aprendizagem ao longo -1 <5 Limítrofe
das tentativas
Índice de Retenção Velocidade de 1 50 Média
Esquecimento
Índice de Interferência Proativa 0,75 25 Média
Interferência
Interferência Retroativa 0,80 50 Média
De acordo com os resultados apresentados no quadro 3, J. apresentou discrepâncias nos

resultados. Teve resultados abaixo da média dentro do que é esperado para idade dele em

capacidade de resistir a efeitos distratores e na capacidade de receber e manter novas

informações. Este perfil demonstra ausência de curva de aprendizagem por provável

interferência negativa da atenção no processo entrada de novas informações. Contudo o

conteúdo aprendido é resgatado após interferência e intervalo de tempo.

Para avaliar praxia, função visuoperceptiva e memória visual, foi utilizado o

instrumento Figura Complexa de Rey.

Quadro 4. Resultados da Figura Complexa de Rey


Escala Pontuação Percentil Classificação
Cópia 12 <31 Média
Evocação Imediata 04 < 14 Média Inferior
Evocação Tardia 2,5 <10 Inferior
Tipo de Cópia (V) Frequência acumulada 4,2%

Diante dos resultados acima, J. apresentou resultados dentro da média, no que é esperado

para sua idade, na capacidade de resgatar o estímulo copiado, no que visa avaliar percepção

visual, organização visuoespacial e memória visual. No entanto, no que diz respeito à extensão

e fidelidade da memória apresentou dificuldades na evocação imediata, ficando na média

inferior. Na capacidade de evocação tardia, J. não foi capaz de manter a fixação minimamente

coerente, apresentando resultados inferior à média esperado para sua idade. No geral,

apresentou tipo de cópia V, ou seja, pouco estruturada, possibilitando pouco reconhecimento

de detalhes, o que demonstra prejuízos perceptivos, planejamento e execução de ações.

Quadro 5. Resultado Escala – SNAP-IV


Escala – 26 itens Escala/itens Pai Professora mãe Resultados

Bastante/Demais=Desatenção 01-09 07 03 03 13
Bastante/Demais=Hiperatividade 10-18 06 07 06 19

De acordo com os resultados da escala SNAP-IV, em que J. foi submetido, com

informações adquirida de diferentes contextos (escolar, pai e mãe), considerando que a criança
não reside com a mãe. As informações fornecidas pelo pai, J. pontuou 07 itens para sintomas

de desatenção dos itens 01-09 e 06 itens dos itens 10-18 para sintomas de hiperatividade. No

âmbito escolar foi informado 03 itens, para sintomas de desatenção dos itens 01-09 e 07 itens

para sintomas de hiperatividades dos itens 10-18. De acordo com as informações da mãe, J.

pontuou 03 itens para sintomas de desatenção dos itens 01-09 e 06 itens dos itens 10-18 para

sintoma de hiperatividade. Considerando os três ambientes, tais resultados justificam a falta de

controle inibitório, além desses fatores contribuírem para dificuldade atencional, também

dificulta na aprendizagem.

Os desenhos livres foram utilizados qualitativamente e através deles foi possível

observar aspectos emocionais, comportamentais, de personalidade e desenvolvimento. J.

apresentou aspectos emocionais afetivos, empático e boas expectativas para o futuro.

No contexto geral de observação psicológica J. apresentou-se distraído e explorador do

ambiente. Dos aspectos de personalidade, apresentou-se seguro, desinibido, extrovertido e

afetivo. Do aspecto do desenvolvimento apresentou dificuldades em motricidade fina,

desatenção hiperatividade /impulsividade.

Discussão

De acordo com os questionamentos, os quais levaram a elaboração deste estudo, foi

possível observar que J. apresentou características comportamentais as quais sugerem quadro

compatível com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade do tipo combinado, com

dificuldades de aprendizagem secundárias ao TDAH.

Observou-se que J. é uma criança esperta, educada, apresenta boa verbalização, boa

sociabilidade e afetividade, o que condiz com os relatos familiares. Por outro lado, os pais

relataram que J. normalmente apresenta comportamentos desatentos, impulsivos,

desorganizados e hiperativos, o que corrobora com as observações em atendimentos e queixa


escolar. Tais comportamento prejudicam na aprendizagem, impossibilitam a disciplina e

exigem maior atenção dos pais, professores e demais.

De acordo com o DSM-V (APA, 2014), o TDAH é um transtorno do

neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização, e/ou

hiperatividade-impulsividade, inquietação, intromissão em atividades alheias. Na infância o

TDAH frequentemente se sobrepõe a transtorno de externalização, tais como transtorno de

oposição desafiante e de conduta e costuma persistir na vida adulta, resultando em prejuízos no

funcionamento social, acadêmico e profissional.

De acordo com os pais em devolutiva "entender os comportamentos do filho como uma

dificuldade para execução de tarefas, desde as mais simples as mais complexas como sendo

uma característica do transtorno e não como uma recusa intencional irá facilitar no

relacionamento cotidiano". Concordam, ainda, com recomendação de tratamento paralelo com

terapia e medicação para controle da hiperatividade e impulsividade, assim como atividades

físicas e escolas inclusivas. A identificação do transtorno do déficit, que quanto mais precoce,

maiores são as possibilidades de amenizar os danos funcionais na infância, na adolescência e

vida adulta. Segundo pesquisadores, o tratamento do TDAH requer abordagens múltiplas,

intervenções psicoterápicas, farmacológicas, participação dos familiares, educadores,

profissionais da saúde e da própria criança.

A adição de fármacos estimula e promove a amenização dos sintomas motores e melhora

o desempenho acadêmico (Santos & Vasconcelos, p.719, 2010).

De acordo com os resultados encontrados, notou-se que J. apresentou, em relação a

algumas funções cognitivas, resultados abaixo do esperado para sua idade (quadro 6).

Quadro 6. Resumo dos resultados da avaliação neuropsicológica de J.

FUNÇÃO: EFICIÊNCIA INTELECTUAL CLASSIFICAÇÃO


WISC-IV- Escala Weschsler de Inteligência para Crianças
QI TOTAL Média Inferior
ÍNDICES:
Índice de Compreensão Verbal Média
Índice Organização Perceptual Média Inferior
Índice Memória Operacional Limítrofe
Índice Velocidade de Processamento Deficitário
FUNÇÃO: MEMÓRIA / MEMÓRIA EPISÓDICA CLASSIFICAÇÃO
FIGURA COMPLEXA DE REY- Cópia Média
FIGURA COMPLEXA DE REY - Evocação Imediata Média Inferior
RVALT- Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal
A1 Média
A2 Média Inferior
A3 Limítrofe
A4 Limítrofe
A5 Média Inferior
Distrator Limítrofe
Evocação Imediata e Tardia Média Inferior
Reconhecimento e Aprendizagem Limítrofe
Índice de Retenção Média
Índice de Interferência - Proativa Média Inferior
-Retroativa Média
WISC-IV- Escala Weschsler de Inteligência para Crianças
Dígitos Média
Informações Média
FUNÇÕES EXECUTIVAS CLASSIFICAÇÃO
FDT- Teste 5 Dígitos - Flexibilidade Média Superior
- Inibição Média Inferior
WISC-IV - Escala Weschsler de Inteligência para Crianças
Semelhança Média
SNL Média
Raciocínio Matricial Média Inferior
Aritmética Limítrofe
FUNÇÃO: ATENÇÃO CLASSIFICAÇÃO
BPA- Bateria Psicológica de Atenção - Alternada Inferior
- Concentrada Muito Inferior
- Dividida Muito Inferior
FDT - Teste 5 Dígitos Atenção (sustentada) - Leitura Muito Inferior
(sustentada) - Contagem Muito Inferior
(seletiva) - Escolha Média Inferior
(seletiva) - Alternância Média
WISC - IV Escala Weschsler de Inteligência para Crianças
Códigos -Atenção (concentrada/alternada, veloc. Processamento) Deficitário
Procurar Símbolos - Atenção (concentrada/alternada/v.procc) Limítrofe
FUNÇÃO: PERCEPÇÃO CLASSIFICAÇÃO
WISC - IV Escala Weschsler de Inteligência para Crianças
Completar Figuras Limítrofe
FUNÇÕES VISUOCONSTRUÇÃO CLASSIFICAÇÃO
WISC - IV Escala Weschsler de Inteligência para Crianças
Cubos Limítrofe
FIGURA COMPLEXA DE REY - Cópia Média
FUNÇÕES LINGUAGEM CLASSIFICAÇÃO
WISC - IV Escala Weschsler de Inteligência para Crianças
Vocabulário Média

De acordo com os resultados do instrumento que avaliou Função Eficiência Intelectual-

Wisc-IV, J. obteve resultados dentro da média esperada para sua idade no que diz respeito a

habilidade de conhecimentos adquiridos, flexibilidade cognitiva, habilidade verbal, formação

de conceito e desenvolvimento de linguagem. Obteve classificação média inferior na avaliação


perceptual e visual, conceito não verbal, capacidade de diferenciar o essencial dos detalhes não

essenciais, memória raciocínio a longo prazo e em processo de informações visuais.

Em relação a capacidade de armazenamento a curto prazo, rapidez e spam, habilidade

para cálculos e raciocínio matemático, habilidade para perceber e organizar temporalmente

diferentes categorias de estímulos verbais, J. apresentou resultados muito abaixo da média.

Também, em habilidades de desempenho psicomotor, atenção, velocidade de resposta,

apresentou resultados lenificados, ficando muito abaixo da média que é esperado para crianças

da sua idade.

Diante dos resultados dos instrumentos que avaliam a Memória – Figura de Complexa

de Rey; Teste de aprendizagem auditivo verbal – RVALT; e Wisc-IV - Escala weschsler de

Inteligência, J. apresentou resultados dentro da média no que é esperado para sua idade em

capacidade de resgatar estímulos, contudo apresentou dificuldades na evocação imediata e em

codificação das informações. Apresentou resultados dentro da média no que diz respeito a

memorização de novos conteúdos, no entanto não conseguia mantê-los ao longo do

aprendizado. Apresentou dificuldades na capacidade de armazenamento e repetição imediata.

Obteve resultado limítrofe na capacidade de inibir distratores.

Em relação às Funções Executivas, de acordo com os instrumentos FDT- Teste de Cinco

Dígitos e Wisc-IV, J. apresentou resultados oscilantes consideráveis, ou seja, acima da média

para capacidade de alternar o foco da atenção e abaixo da média para a capacidade de inibir

distratores e lentidão diante das tarefas automáticas. No entanto, apresentou resultado na média

para formação de conceitos, habilidades verbais abstratas, perceber e organizar diferentes

categorias de estímulos. Apresentou prejuízos nas habilidades para cálculos, raciocínio

matemático e capacidade de resolver problemas.

De acordo com o instrumento Wisc-IV – Escala Weschsler de Inteligência, que avaliou

a Função Percepção, J. obteve resultados limítrofe, ou seja, muito abaixo do que é esperado
para sua idade na capacidade de diferenciar o essencial dos detalhes não essenciais, e que

requeira o conhecimento do objeto. Os resultados são compatíveis com comportamento do

paciente observado no âmbito familiar, escolar e terapêutico, de não conseguir focar, manter a

atenção e de se distrair demasiadamente com os estímulos ambientais. Nas Funções

Visuoconstrução e percepção, avaliadas pelos instrumentos Wisc-IV- Escala Weschsler de

Inteligência e Figura Complexa de Rey, J. apresentou resultados dentro da média no que diz

respeito a percepção e memória visual em reprodução imediata e prejuízos com resultados

muito abaixo da média para habilidade construtiva, organização perceptual e visual e

conceitualização abstrata. Por fim, na Linguagem avaliada pelo instrumento Wisc-IV,

apresentou resultados dentro da média em desenvolvimento de linguagem e conhecimento de

palavras. Também se manteve na média, do que é esperado para sua idade na habilidade da

linguagem receptiva (“input”) e expressiva (“output”), o que corrobora com comportamentos

interativos. Apesar de J. ainda não ser alfabetizado, é possível considerar suas experiencias

relacionada a memorias implícitas.

Para avaliar Funções Atencionais foi utilizado instrumento BPA e FDT. J. apresentou

classificação muito inferior, ou seja, resultado muito abaixo do esperado para sua idade.

Constantemente se distraia com os estímulos externos do ambiente, perdia o foco e a todo

tempo, era preciso auxiliá-lo para manter-se engajado nas atividades. Tal comportamento

corroborou com o comportamento observado em ambientes familiar, escolar e demais

ambiente, ou seja, faz parte do cotidiano da criança.

Em relação aos prejuízos apresentados, esses podem estar relacionados ao

comportamento hiperativo que traz as dificuldades atencionais observadas nos diferentes

ambientes. Tais resultados, corroboram com o comportamento hiperativo, dificuldade

atencional e de manter-se focado nos diferentes ambientes, o que, consequentemente, prejudica

a aprendizagem.
De acordo com pesquisas, as FE são responsáveis pela capacidade de autorregulação e

autogerenciamento. Seu bom desenvolvimento é um importante marco adaptativo á espécie

humana para uma vida bem sucedida e adaptada. Afirma ainda que na avaliação

neuropsicológica a FE relaciona-se a uma ampla variedade de componentes como atenção

seletiva, controle inibitório, planejamento, organização, flexibilidade cognitiva, memória

operacional e percepção (Barros e Hazin, 2013).

Estudos sugerem ainda, que as limitações cognitivas podem ser verificadas em mais de

um domínio cognitivo. As mais associadas são atenção, memória de trabalho e componentes de

funções executivas. No entanto ainda não há clareza se está relacionada a que exija input

auditivo verbal ou visual (Gonçalves, et al 2013). De acordo com Axelson e Pena, (2015),

diferentes pesquisas enfatizam que a presença de disfunção executiva no TDAH e que de fato

o TDAH se refere a uma alteração no funcionamento executivo, mais especificamente em

prejuízo na habilidade de inibir o comportamento. Consideram ainda o TDAH uma síndrome

disexecutiva. E ainda pesquisas com neuroimagem revelam assimetria no córtex pré-frontal.

De acordo com Marques, (2020), as disfunções executivas são bastante presentes em

indivíduo com TDAH e são essenciais no processo de aprendizagem por contemplarem

aspectos como atenção, controle inibitório planejamento, memoria operacional que são

indispensáveis no processo da aquisição de novos conhecimentos. E ainda outros autores

apontam que o desenvolvimento das habilidades cognitivas e metacognitivas são essenciais no

processo da aprendizagem e que déficit nesse desenvolvimento estão presentes nas dificuldades

da aprendizagem (Medina, Minetto e Guimaraes, 2017). Dias, Menezes e Seabra (2010),

pontuam que indivíduos com disfunções executivas, tendem apresentar diversos problemas,

como planejamento, organização, inibição e que geralmente apresentam diversos transtornos,

entre eles, o transtorno ou dificuldade da aprendizagem como dislexia, discalculia, matemática

etc. E que o déficit no funcionamento executivo comumente está associado ao Transtorno de


Déficit de Atenção (TDAH), e pode comprometer as diversas áreas cotidiana, sobretudo, na

escola. Mencionam ainda que outros déficits executivos como memória do trabalho que podem

dificultar na compreensão da leitura e dificuldade de focar a atenção impossibilitando a fixação

da informação para futura evocação (Dias, Menezes e Seabra, 2010).

Apesar dos pais de J., no passado, terem vivido relacionamento desestruturado, diante

das dificuldades/transtorno do filho, reconhecido a partir do período escolar, se uniram e

decidiram cuidar da criança. Demonstram preocupação, carinho e disposição para cuidar da

criança. Determinado comportamento dos pais foi percebido de acordo com as consultas

médicas, fonológicas, terapeutas, psicopedagogos, as quais J. foi submetido desde ano 2018.

Os resultados desses atendimentos foram insatisfatórios, pois a criança apresentou resultados

abaixo da média. Contudo, apesar do contexto familiar anterior de J., em relação aos Aspectos

Emocionais, J. apresentou-se com bom humor, afetivo, amoroso, carinhoso, empático e boas

expectativas para o futuro. Tal comportamento foi mencionado nos diferentes ambientes escolar

e familiar. E ainda considerando que, após a guarda e retorno do período de reclusão do pai, o

progenitor se tornou o principal responsável pelas necessidades básicas, levando/buscando na

escola e atividades físicas e desenvolvimento das crianças. J. tem se desenvolvido em ambiente

familiar com estilo parental permissivo, o que pode corroborar com os aspectos emocionais.

Em relação aos Comportamentais, apresentou comportamento distraído e interesse

demasiado pelo ambiente. Pesquisas apontam que crianças com TDAH tem prejuízos no seu

desenvolvimento. Costumeiramente é afetado no autocontrole, na atenção, no controle de

impulsos e no nível das atividades. Socialmente são percebidas como indisciplinadas, crianças

que sonham acordadas, sempre perdendo coisas, não acabam nada que começam. São

facilmente distraídas pelo ambiente. A rigidez da sala de aula pode ser fatal (Jou, Amaral,

Pavan, Schaefer e Zimmer, 2010). Segundo, Pereira, Santos e Feitosa (2013), a desatenção e

hiperatividade são sintomas característicos de TDAH, classificam-no por ordem de


importância: desatenção, distração, hiperatividade, irrequietação, impulsividade, dificuldades

acadêmicas e pouco autocontrole. Os sintomas apresentam antes dos 7 anos e em pelo menos

dois contextos.

J. mostrou-se seguro, desinibido, extrovertido e boa socialização que, juntamente com

os aspectos emocionais, mostram que a criança não parece apresentar alterações de humor ou

emocionais.

J. apresentou dificuldades na motricidade fina, aspecto observado em sessões, que

corrobora com os relatos pelos pais. O TDAH está associado a uma série de consequências,

um deles é alteração motora, que influenciam nas atividades escolares e de sua vida diária,

distúrbios do desenvolvimento da coordenação. As aptidões motoras com maior dificuldade nas

crianças com TDAH são: Organizações temporal (muito inferior), organização espacial

(inferior) e equilíbrio (inferior). A motricidade fina, global e esquema corporal geralmente são

classificadas como normal baixo (Barbosa e Munster, 2012).

No período de primeira infância J. passou por diversos eventos traumáticos, tais como

violência doméstica, separação dos pais, ambientes conflituosos, dependência alcoólica dos

pais, período de ausência do pai por motivo de reclusão, troca de ambientes e de responsáveis

de maneira repentina. Nessa mesma época a mãe de J. passou por um processo de depressão

por motivo do falecimento da avó materna de J., rejeição do companheiro e a internação dos

gêmeos quando ainda bebês. O uso excessivo e constante de álcool pelos pais, idas e vindas do

casal somado ao contexto familiar conflituoso, podem ter corroborado para o mal

desenvolvimento neuropsicológico de J. De acordo com autores, saúde mental materna é um

predito significativo dos padrões de interação mãe-bebê (Alvarenga, Paixão, Soares e Silva,

2018.). E ainda, afirmam que fatores ambientais, eventos de vida estressante, conflitos

interparietais e depressão materna. Silva, (2014), afirma que é negativo o impacto da depressão

materna no desenvolvimento infantil. As crianças apresentam mais sintomas internalizantes e


externalizantes, maiores problemas acadêmicos, social, afetivos e de comportamento desafiante

opositor.

De acordo com pesquisas, o vínculo afetivo na vida da criança é de suma importância

para o desenvolvimento harmonioso e equilibrado. A falta desses pode resultar em

transformação do plano físico e psicológico da criança, afetando sua saúde mental. Esses fatores

podem ser diversos e adquiridos na gestação, contexto familiar ou social, resultando em uso de

álcool, drogas, baixo aproveitamento escolar, violências e negligências. Portanto, crianças e

adolescentes inseridos em contexto familiar fragilizado podem ser afetados por fatores

prejudiciais que envolvam seu psicológico, biológico e genético, impactando principalmente

seu desenvolvimento cognitivo e socioemocional (Sales, 2016).

De acordo com relatos da mãe de J., quando bebê costumava chorar muito á noite

durante o sono, mas logo voltava a dormir. Durante o dia costumava chorar sem motivo

aparentes, “era uma criança chorona”. E ainda na segunda infância J. apresenta comportamentos

nervoso, inquieto e carência afetiva relatado pela mãe. No entanto foi observado apenas

comportamento inquieto e carência afetiva. Possivelmente o comportamento de J. refere-se a

uma resposta de um contexto familiar desestruturado e conflituoso, somado aos sintomas

característicos do TDAH, aspectos que corroboram com o comportamento inquieto da criança.

De acordo com Boas, Dessen e Melchior (2010), os conflitos conjugais tendem afetar

negativamente todo o funcionamento familiar e toda relação conjugal é caracterizada por algum

grau de conflito, podendo esse ser destrutivo ou construtivo conforme o manejo dos indivíduos.

Os destrutivos envolvem agressões físicas, violência, isolamento e hostilidade verbal. A

exposição das crianças aos conflitos gera prejuízos emocionais, de comportamentos, de saúde

e distúrbios do sono.

A mãe relata ter se desenvolvido num ambiente desfavorável, meio a conflitos

motivados por comportamentos violento do pai e causadores de grande sofrimento familiar. No


início da fase adulta a mãe iniciou um relacionamento, cujo parceiro fazia uso de drogas, ela

consequentemente passou a fazer o uso, dessa relação gerou uma criança com déficit cognitivo.

Mesmo se considerando muito “inconsequente”, por conta do desejo de engravidar novamente,

relatou ter parado com uso de drogas ilícitas antes da gravidez de J. e irmã e só voltou a fazer

uso apenas de bebidas alcóolicas algum tempo depois do nascimento das crianças. Schenker e

Minayo (2004), colocam como fatores de riscos e proteção para uso de drogas em diferentes

contextos sociais (família, pares, escola, comunidade e mídia), para eles a família tem um papel

importante, pois é instituidora das relações primárias, altamente influenciável diante de ofertas

de drogas. Para Ramirez e Rocha, (2015), o bom relacionamento com os pais, confiança e

proximidade afetiva auxiliam na prevenção contra os comportamentos de riscos, afirmam que

o equilíbrio entre fatores de riscos e proteção, contribui para o desenvolvimento da resiliência.

No Brasil existem poucos dados a respeito de gestante usuárias de drogas ilícitas, nos

Estados Unidos pesquisas mostram taxa crescente do uso de drogas por gestantes. O uso, abuso

e dependência de substâncias psicoativas são capazes de provocar consequências físicas e

psicossocial graves tanto para a mãe, quanto para a criança causando grandes preocupações

(Rocha, Alves, Chagas, Silva, Batista e Silva, 2015). No entanto, autores não divergem quanto

aos prejuízos causados por uso de drogas na gestação. Estudos apontam que o uso de

substâncias psicoativas por mulheres grávidas está relacionado aos prejuízos nas funções

cognitivas das crianças, impactando também na manutenção da atenção, prejuízo da memória

e no aprendizado, com deficiência no desenvolvimento cognitivo em crianças de até dois anos

e tem-se diagnosticado, com mais frequência, o Transtorno Déficit de Atenção e outros

diagnósticos como distúrbios somático, depressão e transtorno de ansiedade (Campelo, Santos,

Ângelo e Nobre, 2018).

A mãe de J. relatou ainda que outras pessoas na família apresentam dificuldades de

aprendizagem, desinteresses acadêmicos, sendo eles o irmão materno, o filho mais velho de 12
anos (irmão de J.) e o pai biológico de J. O tio materno e o pai biológico não concluíram a

escolaridade básica. O avô materno tinha comportamento nervoso. O irmão mais velho de J.,

além de ter dificuldades de aprendizagem, apresenta outros problemas mentais. Diante dos fatos

é possível considerar o fator genético corroborando com o TDAH de J. De acordo com um

estudo realizado nos cinco continentes, os resultados comprovam que a herdalidade do TDAH

se encontra entre 70% e 80% dos indivíduos. Apontam ainda que na genética do TDAH, não

existe um único gene, mas sim uma variante de genes. Mas no caso do TDAH, existe um gene

específico que indivíduos sem a doença não possui no DNA. Contudo explicam que apenas

uma pequena parte da hereditariedade está relacionada ao TDAH, além disso, existe uma

interação entre os genes e o ambiente que regula a sua expressão (Abda, 2019).

Rohde e Halpern (2004) afirmam que apesar do grande número de estudos já realizados,

a causa do TDAH ainda não é precisa. Entretanto, a influência genética e ambiental é

amplamente aceita. Estudos com gêmeos e adotados encontrou grande concordância para a

patologia, sendo incidência maior nos gêmeos monozigóticos do que dizigóticos e nos

adotados, mostrando fortes evidências da hereditariedade do TDAH. Foram encontrados uma

frequência maior do TDAH entre os pais biológicos do que os pais adotivos. Contudo autores

concordam que o TDAH, uma parte é genética e a outra está relacionada a interação com o

ambiente.

No entanto, estudos mostram que a criança diagnosticada precocemente e estimulada

adequadamente pode capacitar-se a desenvolver e controlar comportamentos disfuncionais. O

TDAH é um transtorno comum na infância e pode impactar o desenvolvimento do indivíduo.

O tratamento é sistêmico, incluindo educação sobre o transtorno para todos que lidam com a

criança, psicofarmacologia, treino de pais (e professores), foco em solução de problemas e

habilidades de comunicação e, também, deve acontecer de forma contínua (Desidério &

Miyazaki, 2007). Quando essa estrutura cognitiva se encontra em equilíbrio, resulta em


melhoria na aprendizagem, trabalho e relações sociais. Elementos do meio são incorporados a

estrutura cognitiva, modificando-a e adaptando-a ao meio. O processo de construção e

desconstrução é sucessivo e contínuo, favorecendo o equilíbrio que, por sua vez, facilita a

aprendizagem (Piovesan, Ottonelli, Bordin e Piovesan, 2018, p.77-78).

Além dos instrumentos, as escalas SNAP-IV, uma forma de avaliar o indivíduo em

diferentes ambientes, auxilia no pré diagnóstico. Através da Escala, baseado em informações

de diferentes contextos, foi possível considerar pontuação de J. para desatenção e

hiperatividade, corroborando com o provável diagnóstico de TDAH.

J. ainda não está alfabetizado, apresenta dificuldades em identificar letras e juntar

sílabas. No entanto apresenta boa compreensão, boa verbalização e interação verbal e

capacidade de argumentação. É possível considerar o contexto familiar que proporciona ricos

estímulos. A criança é exposta diariamente a estímulos que envolvem o cotidiano do pai, a

principal pessoa responsável pelo desenvolvimento das crianças. O pai exerce a função de

pedreiro e é ele quem cuida diretamente da educação das crianças. Levando e buscando na

escola, preparando suas refeições e orientando-as no dia a dia. Em atendimento a criança

demonstrou muito essa convivência com o pai e detalhes da relação reproduzindo maneiras,

comportamentos e falas do pai. Foi possível perceber que exerce uma grande representatividade

de ídolo para a criança, o que justifica o fato de apesar da não alfabetização, desenvolver boa

verbalização, compreensão e capacidade de argumentação. No decorrer dos atendimentos não

apresentou problemas de dicção ou palavras verbalizadas incorretas. É possível inferir uma

relação com memória implícita.

Estudos trazem que o desenvolvimento humano é um fenômeno heterogêneo que

engloba diferentes tipos de habilidades. Em estudos realizados por Bandura, baseando-se na

teoria da aprendizagem social, as habilidades são aprendidas através das observações e


experiências, mantidas ou modificadas pelas consequências sociais, de interação entre os

processos cognitivo e ambientes/situações (Dias e Silva, 2019).

Conclusão

De acordo com os resultados da avaliação neuropsicológica, apesar de J. ter apresentado

rendimento intelectual preservado em habilidades verbais e nas tarefas que avaliam a linguagem

receptivas e na capacidade de compreensão das instruções simples, diante de estímulos visuais

demonstrou discrepâncias importantes. Nas atividades com demanda de raciocínio,

flexibilidade cognitiva, resolução de problemas, habilidades em matemática, concentração e

especificamente em velocidade de processamento, planejamento, apresentou baixo índice.

Essas dificuldades contribuíram diretamente no baixo desempenho das tarefas de "entrada" de

novas informações e de planejamento. Apresentou ainda comportamento desinteressado,

agitado, desatento e distraído.

Todas essas alterações encontradas podem justificar o atraso, prejuízo na leitura, escrita

e dificuldade de aprendizagem. A avaliação neuropsicológica de J., sugere assim, um quadro

compatível com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

A Avaliação Neuropsicológica, em paralelo com acompanhamento multiprofissional,

mostra-se importante mudança de curso do TDAH. A precocidade no diagnóstico e tratamento

do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade contribui para uma vida acadêmica,

social e familiar mais funcional, além de possibilitar equilíbrio emocional e melhor qualidade

de vida.

É inegável que, no decorrer da vida dessa criança, frequentes percalços irão surgir nos

seus diversos contextos, porém, é de muita valia os empenhos, principalmente no âmbito

familiar e escolar, além do suporte clínico e de reabilitação, suporte/base necessário no sentido

de atenuar as diversas dificuldades, possibilitando e capacitando a criança a caminhar sozinha,

tornando-a um indivíduo capacitado e funcional, apesar das presentes limitações.


REFERÊNCIAS

Associação Brasileira do Déficit da Atenção (2016). Tdah no adulto – o que dizem os estudos

recentes. Disponível em: <https://tdah.org.br/tdah-no-adulto-estudos-

recentes/>em16052020ás20h49.

Associação Brasileira do Déficit da Atenção (2019). Cientistas identificam genes envolvidos no

Tdah..Disponível em: <https://tdah.org.br/cientistas-identificam-genes-envolvidos-no-

tdah/>em230520 ás 22h53.

Associação Brasileira do Déficit da Atenção (2012). Quais são os outros fatores que tem

influência? Disponível em: <https://tdah.org.br/19-quais-sao-os-outros-fatores-que-tem-

influencia/>em180120ás21h17.

Alvarenga, P., Paixão, C., Soares, Z.F., Silva, A.C. S (2018) Impacto da saúde mental materna

na interação mãe-bebê e seus efeitos sobre o desenvolvimento infantil.Psico.Porto Alegre

v.49 n.3 (2018) 317-327.

Antônio, D.A.M., Fontes, M.A, (2018) Entendendo o Déficit de Atenção (TDAH), diagnóstico,

tratamento e suas implicações cerebrais. Disponível em:

<http://plenamente.com.br/artigo.php?FhIdArtigo=242>em190120ás19h04.

Axelson, V.T., Pena, P. (2015) As funções executivas e o transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade (TDAH) na primeira infância. Psicologia.pt Iss N646-6977.

Barbosa, G.O., Munster, M.A.V. (2012) Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade:

alterações motoras revista.da Sobama vol.13 n.2, suplemento, pp.25-30.

Barros, P.M., Hazin, I. (2013) Avaliação das funções executivas na infância: revisão dos

conceitos e instrumentos Psicol. pesq. vol.7 no.1 Juiz de Fora. DOI: 10.5327/Z1982-

1247201300010003.
Benczik, E.B.P., Casella, E.B. (2015) Compreendendo o impacto do TDAH na dinâmica

familiar e as possibilidades de intervenção Rev. psicopedag. vol.32 no.97 São Paulo

2015 ISSN 0103-8486.

Bonadio, R.A.A., Mori, N.N.R (2013) Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade:

diagnóstico da prática pedagógica [online]. Maringá: Eduem, 2013, 251 p. ISBN 978-85-

7628-657-8.

Boas, A.C.V.B.V., Dessen, M.A., Melchior, L.E. (2010). Conflitos conjugais e seus efeitos

sobre o comportamento de crianças: uma revisão teórica. Arq. bras.

psicol. vol.62 no.2 Rio de Janeiro 2010.ISSN 1809-5267

Campelo, L.L.C.R., Santos, R.C.A., Angelo, M., Nobrega, M.P.S.S. (2018) Efeitos do consumo

de drogas parental no desenvolvimento e saúde mental da criança: revisão integrativa.

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.14 no.4 Ribeirão

Preto out./dez. 2018.http://dx.doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2018.000411

Castro, C.X.L., Lima, R.F. (2018). Consequências do transtorno do déficit de atenção e

hiperatividade (TDAH) na idade adulta.Rev. psicopedag. vol.35 no.106 São

Paulo abr. 2018 ISSN 0103-8486

Cardoso, D.M.P. (2009) O fazer pedagógico diante do transtorno de deficit de atenção e

hiperatividade no contexto escolar. In: DÍAZ, F., et al., orgs. Educação inclusiva,

deficiência e contexto social: questões contemporâneas [online]. Salvador: EDUFBA,

2009, pp. 245-254. ISBN: 978-85-232-0928-5

Cavalcanti, A.M.(2013). Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH):Amente

inquieta da atualidade.tcc.repositório.ufsc, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Desidério, R.C.S., Miyazaki, M.C.O.S. (2007) Transtorno de Déficit de Atenção /

Hiperatividade (TDAH): orientações para a família. Psicol. Esc. Educ.


(Impr.) vol.11 no.1 Campinas jan./jun. 2007.https://doi.org/10.1590/S1413-

85572007000100018

Dias, N.M., Menezes, A., Seabra, A.G.(2010) Alterações das funções executivas em crianças e

adolescentes. Est. Inter. Psicol. vol.1 no.1 Londrina 2010 ISSN 2236-6407.

Dias, C.M.; Silva, C.F. (2019) Teoria da aprendizagem social de bandura na formação de

habilidades de conversação Psic., Saúde & Doenças vol.20 no.1 Lisboa mar. 2019

http://dx.doi.org/10.15309/19psd200108.

Ebc-Empresa brasil de comunicação (2015) TDAH: Intervenção precoce traz benefícios de

curto e longo prazo. Disponível em:<http://www.ebc.com.br/infantil/para-

pais/2015/08/tdah-intervencao-precoce-traz-beneficios-de-curto-e-longo-prazo>.

Gonçalves, H.A, Mohr, R.M., Moraes, A.L., Siqueira, L.S., Prando, M.L., Fonseca, R.P. (2013)

Componentes atencionais e de funções executivas em meninos com TDAH: dados de uma

bateria neuropsicológica flexível J. bras. psiquiatr. vol.62 no.1 Rio de Janeiro 2013

https://doi.org/10.1590/S0047-20852013000100003 ISSN 0047-2085.

Grillo, E., Silva, R.J.M. (2004) Manifestações precoces dos transtornos do comportamento na

criança e no adolescente J. Pediatr. (Rio J.) vol.80 no.2 suppl.0 Porto Alegre Apr. 2004

ISSN 1678-4782 http://dx.doi.org/10.1590/S0021-75572004000300004.

Jou, G.I., Amaral, B., Pavan, C.R., Schaefer, L.S., Zimmer, M (2010) M. Transtorno de déficit

de atenção e hiperatividade: um olhar no ensino fundamental Psicol. Reflex.

Crit. vol.23 no.1 Porto Alegre Jan / Apr. 2010 ISSN 0102-7972

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722010000100005.

Lacet, C., Rosa, M.D. (2017) Diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

(TDAH) e sua história no discurso social:desdobramento subjetivos e éticos Psic. Rev.

São Paulo, volume 26, n.2, 231-253, (2017).


Lima, F.A (2011) O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade: entendendo melhor a

criança com TDAH no contexto da escola pública universidade aberta do Brasil

brasilia.Disponível:<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/2345/1/2011_FranciedilinaAlv

esdeOliveiraLima.pdf>042020.

Mader, M.J.(1996) Avaliação Neuropsicológica: Aspectos Históricos e Situação Atual Psicol.

cienc. prof. vol.16 no.3 Brasília 1996 ISSN 1414-9893 https://doi.org/10.1590/S1414-

98931996000300003.

Manual Diagnósticos e Estatísticos de Transtornos Mentais (2014). Transtorno do

neurodesenvolvimento (31) (5ªed),

Porto Alegre. Artmed.

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2014). Transtornos do

neurodesenvolvimento (31) (5ª ed.),

Porto Alegre. Artmed

Marques, P. (2020) Como o TDAH afeta as funções executivas? Neuroconecte.Disponível:<

https://neuroconecte.com/como-o-tdah-afeta-as-funcoes-

executivas/#:~:text=As%20disfun%C3%A7%C3%B5es%20executivas%20s%C3%A3o

%20bastante,de%20aquisi%C3%A7%C3%A3o%20de%20novos%20conhecimentos.>.

Medina, G.B.K., Minetto, M.F.J., Guimarães, S.R.K (2017) Funções Executivas na Dislexia do

Desenvolvimento: Revendo Evidências de Pesquisas Rev. bras. educ.

espec. vol.23 no.3 Marília July/Sept. 2017 ISSN 1980-5470

https://doi.org/10.1590/s1413-65382317000300009.

Michels, M.S. (2020) Neuropsicologia e psicoterapias cognitivo-comportamentais

Disponível:http://neuropsicologiajoinville.com.br/index.php?option=com_content&view

=article&id=71:o-que-e-neuropsicologia>.
Missawa, D.D.A, Rossetti, C.B. (2014) Psicólogos e TDAH: possíveis caminhos para

diagnóstico e tratamento Constr. psicopedag. vol.22 no.23 São Paulo 2014 ISSN 1415-

6954.

Pereira, V.R.C., Santos, T.M.M., Feitosa, M.A.G.(2013) Sinais comportamentais dos

Transtornos do Déficit de Atenção com Hiperatividade e do Processamento Auditivo: a

impressão de profissionais brasileiros ACR 2013;18(1):1-9

Piovesan, J., Ottonelli, J.C., Bordin, J.B & Piovesan, L.(2018)Psicologia do desenvolvimento e

aprendizagem.Teorias da aprendizagem e suas implicaçoes educacionais.Universidade de

Santa maria.1a.ed Santa Maria-RS.Acessivel em: https://www.ufsm.br/orgaos-

suplementares/nte/wp-content/uploads/sites/358/2019/07/MD_Psicologia-do-

Desenvolvimento-e-da-Aprendizagem.pdf

Ramirez, H.D.C., Rocha, M. (2015) Relações entre o uso de Drogas na adolescência e família

UNIDAV Disponível:< http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-

content/uploads/2016/02/Marciani-da-Rocha.pdf>

Ribeiro, S.P. (2016) TCC e as funções executivas em crianças com TDAH Rev. bras.ter.

cogn. vol.12 no.2 Rio de Janeiro dez. 2016 ISSN 1982-3746

http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20160019.

Rocha, P.C., Alves, M.T.S.de Brito., Chagas, D.C., Silva, A.A.M., Batista, R.F.L., Silva, R.A.

(2015) Prevalência e fatores associados ao uso de drogas ilícitas em gestantes da coorte

BRISA Cad. Saúde Pública vol.32 no.1 Rio de Janeiro 2016 Epub 16-Fev-2016

ISSN 1678-4464 https://doi.org/10.1590/0102-311X00192714.

Rohde, L.A., Halpern, R. (2004) Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: atualização J.

Pediatr. (Rio J.) vol.80 no.2 suppl.0 Porto Alegre Apr. 2004 ISSN 1678-4782

https://doi.org/10.1590/S0021-75572004000300009
Schenker, M., Minayo, M.C.S. (2004) Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na

adolescência Disponível: https://www.scielo.br/pdf/csc/v10n3/a27v10n3.pdf.

Sales, E.T. (2016) A Influência do Contexto Familiar na Saúde Mental das Crianças e

Adolescentes Vol. I - Ano 2016 ISSN 2446-5518

Sales, M.V.S., Burnham, T.F. (2015) Cognição e Formação: Uma Reflexão Complexa Int. J.

Knowl. Eng. Manage., ISSN 2316-6517, Florianópolis, v.3, n.7, p.65-86, nov. 2014/fev.

2015.

Santos, L.F; Vasconcelos, L.A. (2010) Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade em

Crianças: Uma Revisão Interdisciplinar universidade de brasilia Psic.: Teor. e Pesq.,

Brasília, Out-Dez 2010, Vol. 26 n. 4, pp. 717-724.

Silva, A.P. Casagrande. (2014) Depressão materna e comportamento de crianças:estressores,

práticas parentais positivas e suportes social FMRP Ribeirão Preto -SP (2014)

Disponível:< https://teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-28052015-

181814/publico/Dissertacao.pdf>.

Yin, R.K. (2001). O estudo de caso como estratégia de pesquisa. Estudo de caso: Planejamento

e método (p.21) 2ª edição. Porto Alegre RS: editora Bookman.

Referências dos instrumentos

Teste dos Cinco Dígitos– Sedó, M., de Paula, J. J. & Malloy-Diniz, L.F. (2015).FDT: teste dos

Cinco Dígitos. São Paulo: Hogrefe.

Oliveira, M.S.; Rigoni, M.S.; Rey A. Figuras Complexas de Rey: teste de cópia e reprodução

de memórias de figuras geométricas complexas. 2. ed. São Paulo: Pearson Clinical Brasil,

2014.

Malloy-Diniz, L.F.; Paula, J.J. Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey: RAVLT. 1.

ed. São Paulo: Vetor, 2018.


Rueda, F.J.M, Bateria de Avaliação da Atenção Concentrada, Dividida e Alternada - BPA.,

(2013). Editora Vetor.

Wechsler, D. Escala Wechsler de Inteligência para crianças: WISC-IV: manual de instruções

para aplicação e avaliação; [tradução do manual original Dupra, M. L.]. 1.ed. São Paulo:

Pearson Clinical Brasil, 2013.


Termo de Responsabilidade Autoral

Eu, Efigênia Aparecida de Assis Bittencourt, afirmo que o presente trabalho e suas

devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informada da responsabilidade

autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pelo trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de

Especialização em Neuropsicologia, sob o título “avaliação Neuropsicológica em caso de

suspeita de tdah”, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia

Cognitivo-Comportamental (CETCC) e meu orientador de quaisquer ônus consequentes de

ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as

responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a confecção da

monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno (a)

Você também pode gostar