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Tribunal de Justiça de Mato Grosso

PJe - Processo Judicial Eletrônico

23/06/2021

Número: 1003667-62.2021.8.11.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: Segunda Câmara de Direito Privado
Órgão julgador: GABINETE DO DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO
Última distribuição : 05/03/2021
Valor da causa: R$ 1.000,00
Processo referência: 1049356-40.2020.8.11.0041
Assuntos: Direito de Imagem, Liminar
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ANTERO PAES DE BARROS NETO (AGRAVANTE) RODRIGO TERRA CYRINEU (ADVOGADO)
ALEXANDRE APRA DE ALMEIDA - ME (AGRAVADO)
ALEXANDRE APRA DE ALMEIDA (AGRAVADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
79513 22/03/2021 16:39 Decisão Decisão
482
Vistos etc.

Recurso de agravo de instrumento interposto por ANTERO PAES DE


BARROS NETO em face da decisão proferida pelo Juízo de Direito da 11ª Vara Cível da
Comarca de Cuiabá/MT, nos autos da Tutela Provisória de Urgência n.º 1049356-
40.2020.8.11.0041, interposta em desfavor de ALEXANDRE APRA DE ALMEIDA – ME e
ALEXANDRE APRA DE ALMEIDA, que indeferiu o pedido de antecipação de tutela para
determinar a retirada da matéria objeto de discussão do ar.

Alega o agravante, em síntese, (i) ofensa ao artigo 489, §1°, inciso III do
CPC; (ii) a matéria veiculada pela parte Agravada canalizou o foco da questão à pessoa do
Agravado, com o fito iníquo de manchar sua imagem social e moral, em desrespeito ao princípio
da dignidade humana; (iii) o ato foi praticado de forma vil, com abuso de direito, tonando-se ilícito
ao macular os direito de personalidade do Agravante; (iv) num primeiro olhar a matéria associará
a imagem do Agravante ao cometimento de diversos crimes, comezinho na tentativa macular sua
reputação.

Pugna pela concessão de tutela recursal para o fim de determinar a retirada


provisória da nefasta reportagem de todo e qualquer veículo de informação

Breve relato.

Nessas condições, a pretensão encontra permissivo no art. 1015, I, do CPC,


viabilizando o curso deste agravo na forma instrumental, bem como, pelos documentos juntados,
foram preenchidos os requisitos disposto no art. 1017, I, do mesmo Código.

De outro lado, neste instante inicial e diante dos documentos coligidos aos
autos, entende-se que não há elementos capazes de evidenciar a probabilidade do direito
buscado pelo agravante, conforme exigido pelo art. 300 do CPC, o que recomenda a manutenção
da decisão interlocutória recorrida.

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Desde já anoto que, neste momento, cabe analisar apenas a existência ou
não dos requisitos legais para a concessão da tutela de urgência, sob pena de se antecipar o
julgamento de mérito, que depende da observância do pleno exercício do contraditório e da ampla
defesa, com a produção de todas as provas que se fizerem necessárias.

No caso dos autos, os documentos que instruem a inicial (ID 78613970-


p.16) evidencia a veiculação, nas páginas da internet mantidas pelos requeridos, de notícias de
que “EMPRESA DE ANTERO É CITADA PELA PF EM INVESTIGAÇÃO QUE ENVOLVE EX-
GOVERNADOR DO PT”.

Com efeito, o caso em tela envolve o conflito entre direitos fundamentais de


importância inconteste, quais sejam o direito à liberdade de expressão e de informação, de um
lado, e o direito à privacidade de outro.

Na hipótese, tais direitos e garantias estão em aparente conflito, sendo que,


em sede de tutela antecipada, não se pode garantir a prevalência do alegado direito da parte
autora, face ao direito da demandada, de expressar sua opinião.

À exceção de hipóteses de extrema urgência, deve o Magistrado, antes de


conceder a antecipação da tutela, oportunizar a manifestação da parte contrária, em respeito ao
princípio do contraditório, até porque, ao menos neste momento processual, entendo que não
restou configurada qualquer conduta ilícita consistente na ofensa à honra ou à imagem do
agravante, na medida em que a referida reportagem possui cunho informativo, sendo certo que,
na esteira da jurisprudência do STJ, "da atividade jornalística não são exigidas verdades
absolutas, provadas previamente em sede de investigações no âmbito administrativo, policial ou
judicial." (REsp 1.473.393/SP).

Assim, ao menos nesse momento processual, estou em manter a decisão


recorrida, por seus próprios fundamentos.

Com essas considerações, INDEFIRO a liminar vindicada.

Intimem-se a parte agravada, por intermédio do respectivo patrono, para,

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querendo e no prazo legal, apresentar contrarrazões (art. 1019, II, do NCPC).

Às providências de estilo, autorizando a Senhora Secretária da Segunda


Câmara Cível a assinar os expedientes necessários.

Cumpra-se.

Desembargador Sebastião de Moraes Filho

=relator=

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