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Universidade Federal de Minas Gerais

Instituto de Fı́sica
Fı́sica Experimental III: Eletromagnetismo

Prova:
Fı́sica Experimental III

Melissa Dias Mattos

Professor:
Douglas S. Ribeiro

18 de março de 2021
1 Diodo semicondutor
1.1 Resultados e análise
Sabe-se que, teoricamente, a corrente em função da tensão é dada pela equação de Ebers-
Moll:
V
I = Is · [exp(
) − 1] (1)
ηVT
em que, para V > 0, 1, V pode ser expressa aproximadamente por
V
I ≈ Is · exp() (2)
ηVT
onde Is é uma corrente quase constante, que surge na polarização reversa, η é o fator de
idealidade, que depende do tipo de material do qual o diodo foi produzido, e VT é uma constante
de origem térmica:
kT
VT = →
− VT ≈ 26mV (3)
q
sendo k = 1, 38 · 10−23 J/K a constante de Boltzmann, q = 1, 69 · 10−19 C a carga do elétron,
T = 300K a temperatura ambiente em kelvin.
A energia do processo de eletroluminescência é dada por E = hf , onde h é constante de
Planck e f a frequência da emissão de radiação. Essa energia é proporcional à tensão de corte
do diodo, dada por E = q ·VF , sendo q = 1, 6·10−19 C a carga elementar. Sendo assim, é possı́vel
obter uma relação do comprimento de onda da luz emitida por um LED com sua tensão de
corte, dada por:
hc
hf = = qVF (4)
λ
em que c é a velocidade da luz.
Para cada valor de tensão aplicada, obteve-se uma corrente correspondente, de acordo com
a tabela F da figura 1:

Figura 1: Variação de corrente em função da tensão aplicada em um diodo (LED).

1
O tipo de diodo é determinado por meio da tabela 1, onde mostra os elementos semicon-
dutores utilizados, as tensões de corte VF e os comprimentos de onda da emissão principal λ.

Cor M aterial λ(nm) VF (V)


Azul InGaN 470 3,6
Verde GaP 565 2,1
Amarelo GaAsP/GaP 585 2,1
Vermelho GaAIAs 600 1,8

Tabela 1: Dados tı́picos de LED’s comerciais.

Com os dados da tabela F, plotou-se os pontos em um computador, realizou-se uma regressão


exponencial e montou-se um gráfico da corrente I em função da voltagem V conforme a figura 2.

Figura 2: Gráfico de V em função de I, correspondente aos valores da tabela F da Figura 1.

A partir das informações do gráfico 2 e sabendo que o ajuste exponencial segue a expressão
y(x) = y0 + A exp ( xt ), então, relaciona-se a curva com a equação (2). Assim:

y(x) = I(V )
x=V
t = ηVT
A = Is
Determinando Is tem-se:

Is = (407, 0 ± 0, 1) · 10−14 A

Considerando VT = 26mV , o valor de η é dado por

η = (3, 517 ± 0, 003)V −1

2
Ao utilizar o espectrômetro para medir o comprimento de onda λ(nm) da luz emitida pelo
diodo, obteve-se
λ = (640 ± 10)nm
Segundo a figura 1, o valor da tensão de corte corresponde à VF = 1, 75V . A partir disso, é
possı́vel determinar experimentalmente a constante de Planck h na equação (4). Então,
λqVF
h= = 5, 97 · 10−34 J · s
c
A incerteza é obtida por meio da incerteza padrão combinada uc explicitada pela fórmula
v
u N
uX ∂f
uc (y) = t ( )2 u2 (xi )
i=1
∂x i

então
uc (h) = 0, 0933 · 10−34 J · s
Logo,

h = (5, 97 ± 0, 09) · 10−34 J · s (5)

1.2 Conclusão
Infere-se, portanto, que λ corresponde, aproximadamente, ao comprimento de onda do LED
vermelho, conforme a tabela 1. A constante de Planck medida experimentalmente em (5) possui
um valor não suficientemente próximo ao valor teórico, correspondente à h = 6, 626 · 10−34 J · s,
uma vez que o diodo semicondutor utilizado não é ideal. Assim, ao ser polarizado direta-
mente, o diodo não ideal apresenta resistência durante o fluxo dos portadores de carga, e, ao
ser polarizado inversamente, ele não se comporta como um isolante totalmente eficiente. Por
conseguinte, as caracterı́sticas do componente não idealizado influencia nos resultados obtidos
pelo experimento, o que justifica a discrepância entre o valor experimental em relação ao valor
teórico.

2 Campo magnético da Terra


2.1 Resultados e análise
Para cada valor de corrente I aplicada, a agulha da bússola sofre uma deflexão com ângulo
θ, ou seja,
C
tgθ = ·I (6)
BTh
B
tal que o ângulo é proporcional à CTh e C = 8

5 5
· µ0RN . Assim, realizou-se um conjunto de dados
de acordo com a tabela D da figura 3:

3
Figura 3: Valores de deflexão (θ) encontrados ao variar a corrente em um conjunto de bobinas de Helmholtz.

A partir das medições tabeladas na figura 3, realizou-se uma linearização, e, posteriormente,


uma regressão linear correspondente à cada medição, onde tgθ é uma função da corrente I
aplicada conforme a figura 4.

Figura 4: Gráfico tgθ em função da corrente aplicada, correspondente aos valores da tabela D.

De acordo com os dados obtido pelo gráfico e sabendo que a equação genérica de uma reta
segue a forma Y = A · X + B, relaciona-se os parâmetros da reta com a equação (6). Então,
tem-se que

Y = tgθ
X=I
C
A=
BTh

4
Logo,
C
BTh =
A
8µ N
em que C = 5√5R , R = (9, 5 ± 0, 1)cm e N = 100.
0

Desse modo, o valor da componente horizontal do campo magnético terrestre é

BTh = 0, 191 · 10−4 T

A incerteza é obtida por meio da incerteza padrão combinada uc explicitada pela fórmula
v
u N
uX ∂f
uc (y) = t ( )2 u2 (xi )
i=1
∂x i

em que obteve-se

uc (BTh ) = 0, 004 · 10−4 T


Em suma:
BTh = (0, 191 ± 0, 004) · 10−4 T

2.2 Conclusão
Infere-se, portanto, que o valor da componente tangencial do campo magnético terrestre ob-
tido experimentalmente corresponde a BTh = (0, 191 ± 0, 004) · 10−4 T . Segundo o NOAA (Nati-
onal Oceanic and Atmospheric Administration), a componente horizontal do campo magnético
local - Belo Horizonte - corresponde, aproximadamente, à BTh = (0, 185 ± 0, 001) · 10−4 T ,
conforme mostrado na Figura 5.

Figura 5: Campo magnético de Belo Horizonte

Portanto, o resultado obtido por esse experimento é consideravelmente próximo ao de Belo


Horizonte e, assim, o valor experimental pode ser dito como razoável e coerente. Vale ressal-
tar a importância de obter bons resultados das medições efetuadas, de forma que as bobinas
não estejam sob influência de qualquer campo magnético pertubador que possa interferir nas
medições executadas no experimento.

5
3 Questão 3
−x
3.1 y(x) = y0 + Ae b

−x
y(x) − y0 = Ae b

−x
ln y(x) − y0 = ln Ae b

−x
ln y(x) − y0 = ln A + ln e b
x
ln y(x) − y0 = ln A −
b
0 0
Seja y(x ) = ln y(x) − y0 e x = x:
x0
y(x0 ) = − + ln A
b

−t
3.2 V = V0 e RC

−t
ln V = ln V0 e RC
−t
ln V = ln V0 + ln e RC
t
ln V = ln V0 −
RC
Seja y = ln V e x = t:
−t
y= x + ln V0
RC

3.3 y(x) = αx2 + µ


Seja x0 = x2 :
y(x0 ) = αx0 + µ

3.4 y(x) = α x + γ

Seja x0 = x:
y(x0 ) = αx + γ

4 Questão 4
4.1 Quando e por que se utiliza o processo de linearização?
A linearização é um procedimento que consiste na aproximação de uma curva à uma reta,
de forma a encontrar uma relação entre duas variáveis que satisfaça a equação geral da reta
y = ax + b. A motivação para utilizar esse processo é a simplicidade na análise de uma reta
em relação à análise de uma curva, o que facilita a determinação das leis fı́sicas presentes
no experimento. A linearização pode ser realizada quando há uma função que apresenta o
comportamento de uma curva qualquer e que possa ser aproximada à uma reta.

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