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45 Anos da
Comédia Cearense
Haroldo Serra
RETROSPECTIVA
45 Anos da
Comédia Cearense
Fortaleza, 2002
Capa, Computação
gráfica iconográfica
HAROLDO JÚNIOR
Revisão
HIRAMISA SERRA
Editor
HIROLDO SERRA
Diagramação
SÉRGIO LINHARES
E A R E N S E
de Guilherme Figueiredo
C
De certa forma a Comédia Cearense é uma extensão do Teatro
O M É D I A
Experimental de Arte, grupo teatral surgido em 1952 e fundado
por Marcus Miranda, B. de Paiva, Hugo Bianchi e Haroldo Serra,
C
que inovou a cena cearense e permitiu o surgimento de muitos ta-
D A
lentos locais. O TEA foi o primeiro grupo no Ceará a abdicar do
N O S
auxilio do ponto. Foi sem dúvida, um passo enorme a caminho
de uma interpretação moderna onde o ritmo da encenação não de-
A
4 5
pendia mais do sopro vindo do porão do palco. A ida de Hugo
Bianchi, B. de Paiva e Marcus Miranda para o Rio de Janeiro pro-
R E T R O S P E C T I VA
vocou a desativação do TEA. Maiores informações no capítulo Bas-
tidores, com a transcrição de texto de Marcelo Costa sobre o Teatro
Experimental de Arte publicado em sua História do Teatro
Cearense.
Em 1957, Haroldo, Hiramisa, Glyce Sales, Palmeira Guima-
rães e outros amadores fundaram a Comédia Cearense. O autor
nacional foi escolhido para a estréia do grupo. À época, as tempora-
das se resumiam a um ou dois fins de semana no máximo. Lady
Godiva, de Guilherme Figueiredo, foi recorde: 20 encenações, in-
cluindo clubes e teatro. A peça foi encenada na cidade do Crato.
Posteriormente, uma segunda versão.
Segunda Versão
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Estréia: 24/09/63 Theatro José de Alencar.
12 Com: Haroldo Serra, Tereza Paiva e Aderbal Freire Filho.
Cenotécnico: Helder Ramos Luz: Lamartine Cenários e
Figurinos: Arialdo Pinho Música: Paurillo Barroso - Produ-
ção: Haroldo Serra Direção: B. de Paiva.
E A R E N S E
Com: Hiramisa Serra, Haroldo Serra, Ruy Diniz, Itamar Ca-
C
valcante, Ary Sherlock, Baman Vieira e Glyce Sales.
O M É D I A
Cenotécnico: Helder Ramos Luz: Lamartine - Figurinos:
Cira Pereira. Cenário, Iluminação e Direção: Haroldo Serra.
C D A
Segunda Versão
N O S
Estréia: 22/06/60 Theatro José de Alencar
A
4 5
Com: Hiramisa Serra, Haroldo Serra, B. de Paiva, Gonzaga
R E T R O S P E C T I VA
Vasconcelos, Ary Sherlock e Baman Vieira.
Cenotécnico: Helder Ramos Luz: Lamartine Figurinos:
Cira Pereira Cenário: J. Figueiredo Produção: Haroldo
Serra Direção: B. de Paiva.
MACBETH
de Shakespeare
O PAGADOR DE PROMESSAS
de Dias Gomes
E R R A
próprio filme.
H
Estréia:14/07/62 Theatro José de Alencar
E A R E N S E
Com: José Humberto, Gracinha Soares, Tereza Paiva,
C
Edilson Soares, Marcus Fernandes, Afonso Barroso, José
O M É D I A
Maria Lima, Aileda Cavalcante, Ernesto Escudero, Hiramisa
Serra, Aderbal Freire Filho, Leonan Moreira, José Newton,
Roberto César, Aécio de Borba, José Maria Cunha, Luiz An-
C D A
tônio Alencar, Francisco Zani, Joaquim Ribeiro, Álvaro Maia,
Antônio Augusto, Renan Cavalcante, Ribeiro Soares e Maura
N O S
Matos.
A
Cenotécnico: Helder Ramos Luz: Lamartine Sec. de Pro-
4 5
dução: Afonso Barroso Cenário: J. Figueiredo - Produção:
R E T R O S P E C T I VA
Haroldo Serra Direção: B. de Paiva
MÉDICO À FORÇA
de Molière
O MORRO DO OURO
de Eduardo Campos
E A R E N S E
com a participação do ator cearense Milton Morais (Zé Valentão) e
Mírian Pérsia (Madalena).O projeto teve o apoio do então gover-
C
nador César Cals que foi ao Rio especialmente para a estréia. Ga-
O M É D I A
nhou ótima reportagem da revista O Cruzeiro.
Em 1976 foi montada em São Paulo no Teatro Aplicado, com
produção de Tom Santos, com excelente receptividade pelo público
C D A
e crítica especializada. Na oportunidade, a Comédia e o produtor
Tom Santos promoveram uma exposição das obras do Ferreira do
N O S
Ceará. O Gal. Torres de Melo, naquela ocasião, radicado em S. Pau-
A
lo, mandou banda de música em farda de gala... Uma festa. Mar-
4 5
cou a estréia profissional do ator José Dumont.
R E T R O S P E C T I VA
Foi encenada em dezenas de municípios cearenses integrando
o projeto Caravana da Cultura, prioridade do Secretário Ernando
Uchoa, da Secretaria de Cultura.
Inaugurou vários teatros: o Carlos Câmara da EMCETUR,
com as presenças do Ministro Armando Falcão, Gov. César Cals e
Secretários, Demócrito e Vânia Dummar, da crítica teatral Ilka
Marinho Zanotto, do produtor teatral Tom Santos e do autor; o
Teatro Municipal de Juazeiro do Norte e o teatro do Centro Comu-
nitário Presidente Médici.
Convidado por Jack Lang para o Festival de Nancy o Mor-
ro... não pode ir (38 passagens aéreas por conta do grupo impos-
sível).
A comunidade do Morro do Ouro, onde se desenrola a estória,
denominou de Eduardo Campos, o grupo escolar do bairro. O
anexo do Theatro José de Alencar foi denominado Teatro Morro do
Ouro em homenagem ao espetáculo.
A última montagem foi 1990, no Teatro Arena Aldeota, mere-
cendo do Grupo Balaio, Destaques de Autor (Eduardo Campos);
Atriz (Hiramisa Serra);Composição Musical (Belchior e Jorge
Melo) e Direção Musical(Mário Mesquita). O texto foi publica- 17
do na revista Comédia Cearense, números 1 e 9 ( esgotados).
18 Estréia:11/07/63 Theatro José de Alencar
Versão Musical
Rio
A R O L D O
E A R E N S E
Pinheiro, Jorge Mello, Haroldo Serra, B. de Paiva, Hiramisa
Serra, Tereza Mello, Yara Victória, Almir Teles, Chico Silva,
C
Elizabeth Matos, Mary Neubauer, Vera Monteiro, Amália
O M É D I A
Riomar, Tarcísio Gurgel, Martha Vasconcelos, Francisco Neto,
Célio Barros, Adail Daliano, Cairo Trindade, João Antônio,
Paulo Rogério, Wanderley Pinto e Wilson Cirino. Sonoplastia:
C D A
Manolo - Iluminação: Jorginho de Carvalho- Música: Belchior
e Jorge Mello Conjunto Musical: Daniel Oliveira, Geraldo
N O S
Darbilly e Sérgio Palha Produção, Ambientação e Direção:
A
Haroldo Serra.
4 5
R E T R O S P E C T I VA
S. Paulo
... Acredito que o autor será muito criticado por muita gente
que ainda acha que em uma obra de arte, sobre a nudez pura da
verdade, deve vir sempre o manto diáfano da fantasia...
Fran Martins - Unitário
E A R E N S E
mos cinco anos, temos que reconhecer a existência de novos e ho-
nestos dramaturgos, perfeitos analisadores da problemática social.
C
Assim é Gianfrancesco Guarnieri com Gimba e Eles não usam
O M É D I A
Black-Tie, assim também Antônio Calado com Pedro Mico. As-
sim Alfredo Dias Gomes com o Pagador de Promessas e A Inva-
são.
C D A
Nesta lista pode participar agora Eduardo Campos, com o seu
Morro do Ouro pela felicidade de caracterizar o popular e o regi-
N O S
onal, de pintar os tipos que enchem os bairros das capitais nordesti-
A
nas, e mais particularmente Fortaleza, da sua honestidade de não
4 5
fazer distorções.
R E T R O S P E C T I VA
É claro que, de certa forma, o público se choca com a crueza da
ação do diálogo. Mas, na sua reportagem social, o autor não pode-
ria poupar a prostituta, empurrada da zona rural para a cidade
grande; como fórmula de sobrevivência o bicheiro, forjando sonhos
para cada um dos fregueses a fim de suportar a vida do asfalto; o
bodegueiro, ganhando cruzado pela venda de cachaça que faz pas-
sar problemas de fome de amor; o contrabandista comerciante mar-
ginal eterno alvo dos tiras; a monitora e assistentes sociais de-
nunciadoras de um vazio conhecimento dos problemas de falsas
soluções; as mulheres do society eternas caçadoras de novidades
para fugirem à monotonia das quatro paredes do lar; a lavadeira e
outros tipos autênticos de qualquer bairro.
Nesse mostrar as coisas dos subúrbios, Eduardo Campos de-
monstrou ter dado o salto tríplice-semântico-participante, atestou
que a sua honestidade de autor sobrepuja as próprias conveniências
pessoais e de dirigente de empresa, e num arranco de liberdade vol-
tou as idéias, que dormitavam consigo, desde que deixara às mani-
as consideradas loucas de escrever e interpretar para a gente dos
bairros, que o aplaudia como autor e artista.
Eduardo Campos ganhou a dimensão do intelectual moderno, 21
sem barreira e com horizontes definidos, dentro da realidade nacio-
nal para atestar isso. Aí está a sua peça com as ações, os tipos e o
22 linguajar do nosso homem comum, que anda de alpargata de rabicho,
que come uma vez por dia, que sofre e sua nos transportes coletivos,
que não tem dinheiro para casar, que vegeta até a tuberculose o
conduzir para a última morada.
As figuras humanas estão todas ali, com a sua necessidade
econômica, com o seu misticismo doentio, com os seus desejos e
instintos animalescos, com a alegria nos lábios ao viver intensa-
mente a dança do Bumba-Meu-Boi com toda aquela gama que faz
uma criatura se arrastar no lodo e ainda ter tempo para sonhar com
coisas belas.
Em Morro do Ouro encontra-se também o talento de
metteur-en-scëne de B. de Paiva, imprimindo perfeito equilíbrio
na composição, no ritmo, bem como nas interpretações magistrais
dessa plêiade de jovens revelações onde se destacam Teresa
Bittencourt, José Humberto, Hiramisa Serra, Afonso Barroso e tan-
tos outros.
Excelente também é o cenário de Flávio Phebo, cearense
que reside em S. Paulo, onde foi várias vezes premiado como cenó-
grafo e figurinista. Apesar de estar distante, realizou um trabalho
magistral, recriando com todos os detalhes, os barracos caracterís-
ticos dos bairros dando mais autenticidade ao ambiente onde se
desenrola a peça.
Em suma, esta obra popular de Eduardo Campos, apesar
de algumas deficiências que de tão insignificante não tiram o brilho
do contexto geral, constitui-se uma revolução, rompendo com a ve-
lha estrutura do melodrama e do digestivo e fazendo-nos mais crentes
de que o futuro já se integrou na realidade dos dias presentes, na
vida teatral cearense.
Inácio de Almeida - 1963
E R R A
E A R E N S E
artista que é José Maria Bezerra Paiva, o nosso conhecido B. de
Paiva, a direção, a realização, a vivência enfim, do seu Morro do
C
Ouro.
O M É D I A
Nadir Saboya - 1963
C D A
Quando já se afirmara que o teatro cearense sucumbira , eis
N O S
que, mais uma vez, Haroldo Serra aparece e joga a última cartada.
A
Desta feita, a tábua de salvação foi a obra máxima do teatrólogo
4 5
Eduardo Campos, Morro do Ouro, que Haroldo vestiu de rou-
R E T R O S P E C T I VA
pa nova, a fim de testar a veracidade das afirmações, segundo as
quais, o teatro já era coisa do passado, morto e sepultado, por obra e
graça da Televisão.
A roupagem nova com que Haroldo Serra vestiu o velho
Morro foi roupagem sonora, concebida segundo a extraordinária
capacidade criadora dos jovens Belchior e Jorge Melo, dois expoen-
tes que acabam de colocar o Ceará na pauta do movimento de MPB
que até então congregava, apenas, cariocas e baianos e algumas ex-
ceções mineiras, paulistas e gaúchas.
Sem tirar o mérito da obra de Eduardo Campos, que conside-
ramos como sua melhor criação, não temos palavras para louvar o
gênio inventivo de Haroldo Serra, que repetiu o feito de Alan e
Lerner, a famosa dupla norte-americana, que transformou o
Pigmalião, de Shaw, no soberbo espetáculo My Fair Lady. Sal-
vando as devidas proporções, o trabalho de Haroldo Serra merece os
mesmos encômios que receberam os geniais adaptadores da
Broadway.
Mesclando a espetaculosidade mecânica de O Balcão e a co-
reografia alucinante de Hair e mais ainda, valendo-se de todas as
modernas tendências que são a tônica forte das atuais montagens 23
teatrais nas grandes cidades, o esforçado homem de teatro de nossa
terra construiu o seu Morro, que agora, é, realmente, de Ouro,
24 graças ao tratamento recebido durante nada menos de nove meses
período exato de uma gestação.
Nessa fase de montagem de Morro do Ouro, houve quem
afirmasse que, como denúncia, a peça está superada, uma vez que a
própria peça quando de sua encenação original, encarregou-se de
solucionar o angustiante problema da famigerada favela onde pro-
liferava a marginalização, pois as autoridades, ante a denúncia le-
vada ao palco, resolveram mudar a situação dos infelizes que ali
moravam.
Mas, não se justificam tais afirmações, uma vez que o Morro
do Ouro permanecerá, pelo tempo afora, como símbolo de um pro-
blema social, como identificação de um aglomerado de criaturas que
vegetam na mais absoluta promiscuidade. E não importa se geo-
graficamente se chama Morro do Ouro, Curral, Cinzas ou
Lagamar. Por outro lado, como espetáculo em que Haroldo Serra
acaba de situar a obra-prima de Eduardo Campos, Morro do Ouro
pode ser incluída nas criações imortais e daqui a cem anos, ela ain-
da será algo digno da admiração pública.
Não é fácil concentrar esta versão musicada de Morro do
Ouro, principalmente, porque ela surge, no momento exato em
que o teatro vem sendo apontado como a mais desacreditada das
artes, mormente entre nós. Posso dizer, apenas, que o espetáculo é
chocante, não pelo fato de apresentar a nudez que caracteriza Hair,
ou a promiscuidade moral de Navalha na Carne, ou os palavrões
de Roda Viva. Este espetáculo choca, pela sua grandiosidade, pela
sua contínua vibração, pela sua música maravilhosa, pelo seu liris-
mo, pela sua brutalidade.
Não é este o comentário definitivo que pretendo fazer de Morro
do Ouro.
E R R A
matéria de teatro!
Por enquanto, adianto que a peça tem cenas inesquecíveis...
canções inesquecíveis... interpretações inesquecíveis... E uma
H
Hiramisa Serra diferente de todas as Hiramisas que você já vira
E A R E N S E
antes. Ela está, apenas Divina, Maravilhosa, Estupenda como mu-
lher do aleijado. E faço minhas, as palavras de Afonso Jucá:
C
Hiramisa está tão autêntica como mulher de um mendigo que a
O M É D I A
gente, lá do fim da platéia sente a catinga dela.... Confesso que
também senti.
Marciano Lopes
C D A
O BOM TEATRO EXISTE
A N O S
Ontem foi apresentada a mais original e bem montada peça
4 5
do festival: O Morro do Ouro, do grupo de Fortaleza. Consegui-
R E T R O S P E C T I VA
ram um perfeito entrosamento entre som, iluminação e interpreta-
ção. Os atores surgiam como que impulsionados por uma varinha
de condão. De todas as partes da platéia só se ouviam aplausos e
mais aplausos. A Basílica, mais uma vez, abrigou um grande pú-
blico que vibrou durante todo o desenrolar das cenas. O Júri Popu-
lar aprovou dando 96% de bom e ótimo e apenas 4% de regular. Só
não entendo os 4% de regular.
Estes jovens estão conseguindo criar uma nova imagem do
Nordeste. Uma imagem colorida, onde se reflete um Estado em
desenvolvimento, em todos os setores e principalmente no teatro.
A mulher do aleijado ( Hiramisa Serra) esteve esplêndida...
A única crítica que poderíamos dizer diante de tão genial espe-
táculo cênico é que eles não precisavam ser tão geniais... mas foram.
Quando terminou o espetáculo ninguém queria retirar-se: sen-
tia-se em cada rosto o desejo de continuidade, pareciam todos cla-
mar: Queremos mais, queremos mais. O Morro do Ouro proporci-
onou a todos que viveram juntos com seus personagens, seus pro-
blemas e suas tradições, uma sensação dourada, uma sensação gos-
tosa de saber que o bom teatro existe. Eles mostraram o colorido da
pobreza e a expressão do desamor dentro de um clima de euforia e 25
grandiosidade.
Sônia Margarida Diário da Região
19/07/71 - S.J. do Rio Preto - SP
26 Quem foi ontem ao auditório da Basílica sentiu o que é comu-
nicação. O Morro do Ouro mexeu com todos, foi um espetáculo
maiúsculo , dentro de um ritmo alucinante, alegre, gostoso, comu-
nicativo, característica marcante do diretor Haroldo Serra, um
cearense que sabe da coisa.
Valter Vale A Notícia 19/07/71- S.J. do Rio Preto - SP
CEARENSE
S
E A R E N S E
escritor e Haroldo Serra mostra suas virtudes de diretor.
O Morro do Ouro não é um morro como outro qualquer. Con-
C
sistente qual uma rocha, às vezes lírico, às vezes místico, é um vul-
O M É D I A
cão em erupção contínua. Suas lavas atingem, de pronto, a sensibi-
lidade de quem o assiste. Na verdade, é uma peça viva, esculpida
pelo talento do escritor cearense Eduardo Campos e dirigida pelo
C D A
seu conterrâneo Haroldo Serra.
Quem vai ao Teatro do Senac, em Copacabana, está virtual-
N O S
mente no topo do Morro do Ouro, onde poderá aplaudir a coreogra-
A
fia amorosa de Zé Valentão (Milton Morais) e sua quenga preferi-
4 5
da, Madalena, interpretada por Mírian Pérsia. Tudo isso com o
R E T R O S P E C T I VA
acompanhamento do som de Jorge Mello e Belchior, aquele menino
grande que ganhou com Hora do Almoço o Festival de Música
Universitária, promovido pela Rede Tupi de Televisão.
Deixando o topo do Morro do Ouro, encontramos no seu sopé
sua população, composta de canelau, gente sem berço, alguns sem
chão, muitos sem teto, com exceção de um candidato a vereador,
muito demagogo, mas por sinal, muito bom. Também, pudera! In-
terpretado por B. de Paiva, nem poderia ser diferente. Tirante a mãe
de Madalena que já chega no fim da peça, trazendo o retrato do
padre Cícero nas mãos, com o mesmo ardor com que uma porta-
estandarte conduz a bandeira de sua escola -, todas as mulheres que
habitam o Morro do Ouro são quengas. Não escapa nem a mulher
do aleijado, uma personagem muito bem vivida por Hiramisa Ser-
ra. Mas a natureza teatral, na qual elas foram geradas, lhes deu
uma forte dose de calor humano, que faz suar até mesmo os especta-
dores.
Pôr isso, O Morro do Ouro não é um morro qualquer. Pôr
isso, no Terceiro Festival de Teatro Amador, realizado em S. José do
Rio Preto, S. Paulo, a peça fez jus ao Arlequim, primeiro prêmio do
certame e foi a preferida pelo júri popular, além de ganhar outros 27
troféus. Na Guanabara, o Morro do Ouro está sendo encenado sob
os auspícios do governo do Ceará, que vem prestigiando todos os
28 movimentos culturais nas suas mais variadas expressões. Quem se
comunica como Eduardo Campos - , através de um grupo tão
homogêneo, dirigido por Haroldo Serra, precisa ser ouvido e enten-
dido por todos. Ainda bem que o Morro do Ouro tem eco.
Orlandino Rocha - Revista O Cruzeiro - 1972
E A R E N S E
demagogo com muita graça. As demais aquisições cariocas são: Paulo
Pinheiro, Yara Vitória, Célio Barros, Marcus Miranda, Elizabeth
C
Matos, Mary Neubauer, Vera Monteiro, Almir Teles, Francisco Silva
O M É D I A
e Tarcísio Gurgel, todos desempenhando muito bem seus papéis. E
ainda o coro constituído por Adail Daliano, Cairo Trindade, Fran-
cisco Neto, João Antônio, Paulo Rogério, Wanderley Pinto e Wil-
C D A
son Cirino, todos perfeitamente entrosados.
Parabéns, pois, a Haroldo Serra por ter mostrado ao Rio de
N O S
Janeiro o que está se fazendo, em matéria de teatro, no Ceará, e a
A
Belchior e Jorge Mello, ótimos compositores e cantores. Podem ir
4 5
que vão gostar.
R E T R O S P E C T I VA
Roberto de Cleto O Dia 20/02/72
E A R E N S E
marginalidade avultam as figuras de um contrabandista, uma pros-
tituta, um aleijado, um bicheiro, um dono de botequim e assim por
C
diante. Seus conflitos concentram-se nas questões do dia-a-dia,
O M É D I A
animadas pela vinda da polícia, de um candidato a vereador ou a
mãe da prostituta, devota do Padre Cícero. Não há uma análise em
profundidade de nenhum problema social, mas o desfile de figuras
C D A
expressivas de um cotidiano triste.
Enquanto o texto, de 1963, adota linguagem realista, em voga
N O S
desde a estréia, em 1958, de Eles Não Usam Black-Tie, de
A
Gianfrancesco Guarnieri, Haroldo Serra acrescentou-lhe o elemen-
4 5
to musical. Como a música (de Jorge Mello, que é também cantador,
R E T R O S P E C T I VA
e de Belchior) é bonita e propicia os deslocamentos do conjunto, o
espetáculo ganha uma nova dimensão. Pode ser discutido o sacrifí-
cio da última parte do texto, que sugere ao espectador ter ficado
incompleto, sobretudo, o destino de Zé Valentão.
O Morro do Ouro funciona pelo colorido, pela plasticidade,
pelo ritmo sempre dinâmico do desempenho. Mesmo com os defici-
entes recursos técnico da iluminação ou das projeções, o palco se
encontra em continuo movimento. É possível que Haroldo Serra
tenha alterado as características das assistentes sociais, cuja fatui-
dade não precisaria chegar à composição artificial das personagens.
Mas na sua perspectiva solidária com a verdade do morro, compre-
ende-se a deturpação caricatural do mundo lá de fora tanto as
assistentes como o político e os policiais.
Um elenco de 22 intérpretes, numa produção forçosamente
econômica, deveria ter altos e baixos. A rapidez dos ensaios não
permitiu a superação de trabalhos inaceitáveis. Mas há muitos de-
sempenhos espontâneos e vigorosos, como os de Tereza Mello
(Madalena), Thereza Teller (Elvira), José Dumont (Aleijado),
Ricardo Guilherme (Ezequiel), Vera Silva (Margot) e Zélia Silva
(Mulher do Aleijado). Diversos intérpretes prometem uma carreira 31
de êxito.
As primeiras atividades do empresário Tom Santos não con-
32 venceram de nenhum ponto de vista. Não eram artisticamente séri-
as nem indicavam bons propósitos. As três estréias da última tem-
porada e Morro do Ouro são indícios de uma salutar regenera-
ção, que pode converter o Teatro Aplicado num dos centros mais
importantes do palco paulista e brasileiro. São esses os votos de
quem acompanha, quase como torcedor, esse esforço pela implanta-
ção de uma dramaturgia nacional, originária dos vários estados e
cunhadas de popularidade.
Sábato Magaldi Jornal da Tarde 16/03/76
E A R E N S E
que apresenta, elementos da cultura popular como o Bumba- meu-
boi e a música de viola. A junção destes elementos em cenas frag-
C
mentadas fornece ao espectador um quadro genérico da situação. O
O M É D I A
dramaturgo encerra bruscamente a peça sem deixar indicações pre-
cisas sobre o desfecho das muitas tramas que armou. Enquanto a
mãe da prostituta não chega, ou durante a sua permanência, acon-
C D A
teceram amores difíceis e sensuais, violências da polícia e façanhas
engraçadas de um esperto cambista do jogo do bicho. Um fecho mais
N O S
orgânico daria maior consistência ao texto e ao espetáculo.
A
Haroldo Serra, um dos veteranos encenadores de teatro do
4 5
Nordeste deixou por algum tempo suas atividades como diretor
R E T R O S P E C T I VA
do Teatro José de Alencar, de Fortaleza, e o trabalho junto aos gru-
pos Comédia Cearense e Teatro Móvel e veio reproduzir O
Morro em São Paulo a convite do produtor Tom Santos.
Seu espetáculo é claro nas intenções críticas ao fixar determi-
nado drama social sem deixar de dar ao espectador o encanto dos
folguedos populares. É um trabalho maduro, sem preciosismos, que
aproveita ao máximo a potencialidade dos atores, embora o tempo
de ensaios (um mês) tenha sido bastante exíguo. Pena que a crítica
não disponha, no momento, a relação dos intérpretes para citar os
que se destacam ( o bicheiro e o aleijado). A falta de outro recurso
imediato, a solução é registrar nomes conhecidos como os de Thereza
Teller, na melhor composição de sua carreira (a velha) e Luzia
Carmelo, que volta ao palco na criação de um marcante tipo popu-
lar (costureira e lavadeira).
O Morro, além dos méritos artísticos evidentes, é um lem-
brete a mais aos empresários paulistas. O nordeste tem um teatro
expressivo embora careça de novas influências renovadoras. Forta-
leza, por exemplo, faz teatro desde de 1830, conforme documenta
Marcelo Farias Costa em sua História do Teatro Cearense.
Quem mais, em São Paulo, se habilita a prestigiar estes valo- 33
res?
Jefferson Del Rios - Folha de S. Paulo - 12/03/76
34 ...O espetáculo ganha um ritmo e uma vivacidade que pren-
dem o espectador. Se nesse sentido o diretor obteve excelente resul-
tado, é preciso reconhecer que contou com um elenco jovem que se
entregou ao espetáculo com grande garra, dando mesmo a impres-
são de sentir enorme satisfação em participar da montagem, o que
sempre se comunica ao público.
... Finalmente, é preciso destacar o aproveitamento de elemen-
tos da cultura espontânea popular , o que parece certo como um
caminho para a realização não somente de um teatro, mas de uma
arte brasileira.
Clovis Garcia - O Estado de S. Paulo 12/03/76
O LIXÃO RÍ
E A R E N S E
bem conduzida pelas mãos hábeis de Haroldo Serra e embelezada
pela música de Jorge Mello e Belchior. São marcantes as interpreta-
C
ções de Thereza Teller, como a mãe Elvira; Tereza Mello, como
O M É D I A
Madalena; Simone Miranda, como a menina e Ricardo Guilher-
me como o bicheiro Fortuna.
Ilka Marinho Zanotto Visão 05/04/76
C D A
SUCESSSO NO APLICADO
A N O S
Simples e direto, o diálogo de Eduardo Campos é muito bom
4 5
e apesar de ter sido escrito ha dez anos mantém o interesse e não cai
R E T R O S P E C T I VA
no lugar- comum...
Hilton Viana Diário da Noite 12/03/76
E A R E N S E
gente chegar ao universal é partir da aldeia da gente. Essa monta-
gem é um passo à frente. O cearense veio fazer um teatro deles
C
falando deles. Está surgindo uma necessidade nos autores de pro-
O M É D I A
curar o Brasil. O lamentável é que nós, que representamos a arte
popular brasileira, tenhamos total desconhecimento das nossas
raízes. Precisamos descobrir a verdade de cada um com alguém que
C D A
conheça de perto os seus ( e nossos) problemas. O teatro do Ceará
e suas implicações sociais me interessam profundamente. E se a
N O S
proposta do trabalho é fazer uma dramaturgia cearense isso repre-
A
senta uma contribuição enorme ao teatro brasileiro...
4 5
Plínio Marcos - Teatrólogo
R E T R O S P E C T I VA
COMENTÁRIOS DE PRÓPRIO PUNHO
A melhor coisa que posso dizer desse espetáculo é que ele tem
alma, que toca a alma da gente. Tem coração e a inteligência de
Haroldo Serra, sonhador e realista, realizador notável de coisas
grandes. Que gente! Autenticidade, pureza, grandeza, amor e mui-
to Brasil. Valeu! E como? Eduardo Campos se inscreve como autor
pai dégua.
Pedro Bloch - Teatrólogo
E A R E N S E
Direção: José Nilton Cenário: Flávio Phebo Produção:
Haroldo Serra Direção: B. de Paiva.
C O M É D I A
O BEIJO NO ASFALTO
C
de Nelson Rodrigues
D A
N O S
Estréia:04/12/63 Theatro José de Alencar
A
4 5
Com Aderbal Freire Filho, Haroldo Serra, José Humberto,
Edilson Soares, B. de Paiva, Gracinha Soares, Eliete Regina,
R E T R O S P E C T I VA
Aileda Cavalcante e Fernando Augusto.
Cenotécnico: Helder Ramos Luz: Lamartine Assist. de
Direção: José Nilton Produção: Haroldo Serra Direção: B.
de Paiva.
A BARRAGEM
de Guilherme Neto
JOÃO GANGORRA
de R. Magalhães Junior
ROSA DO LAGAMAR
de Eduardo Campos
E A R E N S E
Festival Nacional de S. José do Rio Preto ,com excelente receptividade
pela crítica e público sendo 2a colocada pelo júri popular e recebendo
C
indicações para Melhor Espetáculo; Melhor Diretor e Melhor
O M É D I A
Atriz. Integrando a Caravana da Cultura, da Sec. de Cultura, foi
apresentada em Teresina, em junho de 1977. Foi selecionada pelo
SNT para o Projeto Mambembão, se apresentando com sucesso de
C D A
público e crítica em Brasília, S. Paulo e Rio de Janeiro, resultando
na indicação de Hiramisa Serra para o prêmio Mambembe de
N O S
atriz, ao lado de Fernanda Montenegro, Aracy Balabanian e Clarisse
A
Abujanra. Ganhou Placa de Bronze no Theatro José de Alencar
4 5
pela 100a. apresentação e outra no Teatro Carlos Câmara por oca-
R E T R O S P E C T I VA
sião das comemorações das 300 apresentações. Participou da pro-
gramação de reinauguração do Teatro de Icó, em 1980. Foi encena-
da no Palácio da Abolição a convite do Gov. Adauto Bezerra. Uma
de suas apresentações mais emocionantes foi a encenação realizada
no próprio bairro Lagamar. Foi comovente a receptividade e partici-
pação da comunidade em debate promovido com a presença do au-
tor, após o espetáculo. Também encenada no Teatro Móvel e Casa
Amarela. A festa de 500 apresentações, no Teatro Arena Aldeota,
foi promovida pela Fundação Demócrito Rocha que na ocasião pres-
tou homenagem a Hiramisa Serra pelos seus trinta anos de teatro.
Encenada na programação inaugural do Teatro do IBEU, em 1975.
O texto original foi publicado na revista Comédia Cearense nú-
meros 2 e 9 ( esgotados). A versão musical foi publicada na Revista
da SBAT, edição de abril de 1990.
Versão Musical
ELENCO DO MAMBEMBÃO
E A R E N S E
Luiz e Deugiolino Lucas - Música: Haroldo Serra com ar-
ranjos de Helder Peixoto Intérpretes: Quinteto Agreste
C
Filme: Polon Lemos- Fotos: Geraldo Oliveira - Luz: Hiroldo
O M É D I A
Serra C/Regra: Trepinha e Deugiolino Lucas Fotos: Geral-
do Oliveira Iluminação, Ambientação e Direção: Haroldo
Serra.
C D A
Teatro Arena Aldeota
A N O S
Estréia: 10/09/88
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Com Hiramisa Serra, Zulene Martins, Haroldo Serra, Arnaldo
Matos, Ayla Maria, Lourdinha Falcão, Marcus Miranda, de-
pois Ary Sherlock, Walden Luiz, Raimundo Arrais, Antonieta
Noronha, Macilon Daniel, Josamar Leão, e Rogério Medeiros.
Luz e Som: Hiroldo Serra Figurinos: Hiramisa Serra Mú-
sica: Haroldo Serra com arranjos de Helder Peixoto Ilumi-
nação Ambientação e Direção: Haroldo Serra.
... Mais uma vez foi colocada diante de nós a cristalina mas 43
tão facilmente esquecida verdade. O teatro brasileiro não se restrin-
ge apenas a Rio e São Paulo. O grupo de Fortaleza, por exemplo,
44 demonstra possuir um elenco cuja competência na medida em
que um único espetáculo possa constituir base válida para um jul-
gamento pode perfeitamente ser comparada ao nível médio dos
elementos profissionais que costumamos ver no Rio.
Yan Michalski - Jornal do Brasil 12/07/66
E A R E N S E
comum com muita facilidade e segurança.
A direção se conduziu com acerto na encenação. Dentro das
C
possibilidades do quadro de intérpretes, a representação decorre equi-
O M É D I A
librada e viva. Hiramisa Serra no personagem-título demonstra
desembaraço, embora o natural nervosismo das primeiras cenas.
Teresa Paiva e Salete Dias também se portaram com denodo nas
C D A
figuras de Maria Galante e Emília. Ayla Maria (D. Julieta) um
tanto fria e por demais angélica no tipo que encarna, sem maiores
N O S
ensejos de destaque. É mais cantora do que atriz. Haroldo Serra
A
tira proveito do papel que lhe coube (Vasques) mas sem oportunida-
4 5
de de maior comicidade. B. de Paiva numa ponta (oficial de justiça)
R E T R O S P E C T I VA
demonstra seu domínio de palco. Jório Nerthal faz o bêbado com
segurança. Os demais mantém o bom nível da representação. Ce-
nário bem armado de J. Figueiredo, dentro de simplicidade de reali-
zação.
Síntese: Uma produção honesta o atual espetáculo da Comé-
dia Cearense, no Teatro Nacional de Comédia. Demonstração de
que pelo nordeste já se faz teatro com coragem, sem fantasia e sem
literatice.
Edigar de Alencar A Notícia 05/07/66
E A R E N S E
Quero fazer um teatro que atinja tanto o juiz da comarca
C
como o vendedor de pirulitos. Assim Haroldo Serra se pronuncia
O M É D I A
sobre o seu teatro. E esta afirmação fica patente em Rosa do
Lagamar, de Eduardo Campos, peça montada pela Comédia
Cearense, sob sua direção, ora apresentada no Teatro Escola Par-
C D A
que. Haroldo Serra, um cearense que trabalha há mais de 25 anos
pelo desenvolvimento teatral do seu estado, é um artista tipicamen-
N O S
te popular. Ele carrega consigo todos os condimentos do teatro cir-
A
cense, do deboche e do escrachado brasileiro.
4 5
Em Rosa do Lagamar é colocado em cena o povo brasileiro,
R E T R O S P E C T I VA
com seus problemas, malandragens, amores e sofrimentos. Tudo no
espetáculo é simples. E esta simplicidade o torna bastante específico
e estabelece a comunicação direta entre os atores e o público. O espe-
táculo até certo ponto é rústico, e o diretor às vezes lança mão de
velhos clichês, mas mesmo assim, como não poderia deixar de ser, o
espetáculo é de grande honestidade. Nele está contida a aspereza do
teatro popular, seu sal, suor, barulho, cheiro, enfim, um teatro bas-
tante próximo do povo.
Rosa do Lagamar é uma antiheroina brasileira. Uma mulher
simples que encontramos em qualquer ponta de rua, em qualquer
botequim de canteiros de obras. Arraigada às suas crenças religio-
sas e a padrões de comportamento. Rosa vive a sonhar com a volta
do marido, que partiu há dez anos. Ela também sonha com um fu-
turo promissor para a filha, que acaba grávida, lhe dando assim um
profundo desgosto.
Em todo o espetáculo, tanto a polícia, como também a alta so-
ciedade, são criticados sagazmente pelo autor, crítica esta reforçada
pela direção do espetáculo. O casal que representa a alta sociedade
cearense é desprovido de qualquer humanismo, e nas suas vestes,
carros, ventiladores, por causa do calor cearense, sentimos toda a 47
futilidade de suas vidas.
O espetáculo está também intimamente ligado a filosofia do
teatro de Brecht, principalmente no seu final, quando os atores can-
48 tam uma marcha carnavalesca, e portando estandartes, conseguem
fazer com que o público pense e reexamine toda a problemática apre-
sentada na peça.
Eduardo Campos, autor de Rosa do Lagamar, não desviou
nem por um momento seus olhos dos problemas brasileiros, parti-
cularmente cearenses. E a peça nos traz uma carga de informações
no que concerne aos hábitos, gírias e costumes do povo cearense.
Rosa do Lagamar é um espetáculo claro, simples e poético.
Nele a obscenidade é fascinante, exercendo um papel de libertador
social, pois, por sua própria natureza, o teatro popular é anti-auto-
ritário, anti-tradicional, anti-pomposo, anti-pretensioso. É um es-
petáculo para o povo.
José Anderson Jornal de Brasília 20/01/79
apesar de ter sido escrito há dez anos, mantém o interesse e não cai
A R O L D O
no lugar-comum.
Hilton Viana Diário da Noite 27/01/79
H
FINALMENTE ROSA DO LAGAMAR CONSEGUE
E A R E N S E
LEVANTAR O ASTRAL
C
Finalmente um bom espetáculo . A exclamação de um anô-
O M É D I A
nimo espectador do 9o Festival Nacional de Teatro Amador, mostra
bem a insatisfação do público com as peças apresentadas antes da
Rosa do Lagamar, pelo grupo Comédia Cearense, um verdadeiro
C D A
e bem acabado exemplo do teatro popular, daquele que ri de peque-
nas tragédias que acontecem todos os dias e que discute a luta pela
N O S
sobrevivência contra o poderio econômico de forma simples, direta
A
sem metáforas e metalinguagens.
4 5
Pela primeira vez, dentro do 9o Festival uma apresentação ,
R E T R O S P E C T I VA
sem grandes produções, simples, mas espontânea e direta, conse-
guiu a unanimidade da platéia, que por várias vezes aplaudia o
espetáculo a cena aberta. Pela primeira vez um grupo mostrou que
se pode fazer teatro de linha popular sem recorrer a grosserias e
palavrões. Um teatro popular que ainda consegue agradar, fazer rir
e ao mesmo tempo pensar sobre os problemas de todos.
A encenação de ontem à noite, feita pela Comédia Cearense foi
irrepreensível. No palco algumas peças com restos de madeira for-
mam a casa de Rosa da Aldeota, que já foi do Lagamar e que queria
apenas um lugar tranqüilo e seco para morar e educar a sua filha
Maria Galante. O texto de Eduardo Campos, adaptado por Haroldo
Serra consegue ao mesmo tempo mostrar as dificuldades de Rosa
com uma boa dose de humor e fazer a crítica social.
Um espetáculo que beirou o perfeito, com truques que agrada-
ram o público, como a projeção de slide imitando um automóvel
trazendo o rico. Num ativo trabalho de interpretação, Hiramisa
Serra é a Rosa sofrida, Lourdinha Falcão dá a graça que a persona-
gem Emilia exige e Haroldo Serra é o malandro Vasques com todos
os seus tiques e truques. A espontaneidade do elenco foi outro
trunfo de Rosa do Lagamar, que finalmente conseguiu tirar a im- 49
pressão de enfado que pairava sobre o Festival. Como disse o espec-
tador: finalmente um bom espetáculo.
MCS Diário da Região 25/07/87 - S.J. do Rio Preto/SP
50 O grupo Comédia Cearense, que está completando 30 anos de
existência, mostrou ontem no Festival que permanece fiel às suas
origens, ou seja, fazer teatro popular da forma mais simples que há
sem invencionices. Rosa do Lagamar, de Eduardo Campos, o
mesmo autor de O Morro do Ouro, trata da eterna temática da
disputa pelo espaço urbano onde a justiça tem se mostrado sem-
pre ao lado do mais forte, do mais poderoso. Sem ser piegas o trata-
mento dado pelo diretor do espetáculo, emocionou-me pela limpeza
da concepção cênica. Teatro popular é isso: claro, cômico, trágico,
farsesco. É disso que o povo gosta. Superou a todos os outros espe-
táculos apresentados até agora. Dispara como favorito. Nota 10.
Luiz Carlos Bardari S. José do Rio Preto 25/07/87
E A R E N S E
e começa a ser a Rosa e vice-versa.
Qual irmã siamesa, Hiramisa não pode mais prescindir da sua
C
companheira que passou a integrar sua vida e seu cotidiano. Pois
O M É D I A
Hiramisa e Rosa se fundiram...
Levada a várias cidades brasileiras, inclusive Rio e São Paulo,
Hiramisa chegou a disputar com monstros sagrados do teatro, como
C D A
Fernanda Montenegro, o título de melhor atriz do ano. Pôr causa
da sua Rosa. E do seu talento também, é evidente.
N O S
Em 24 anos, o elenco da Rosa do Lagamar tem sofrido sucessi-
A
vas alterações e só Hiramisa permanece imbatível, donde se conclui
4 5
que não é mais possível a gente conceber a Rosa incorporar em
R E T R O S P E C T I VA
outro cavalo, digo em outra atriz, tal a simbiose existente entre
as duas criaturas. A Rosa nasceu para a Hiramisa, assim como a
planta parasita depende de outra para sobreviver.
Em 30 anos de carreira das mais dinâmicas, sempre partici-
pando de todas as montagens da Comédia Cearense como uma de
suas vigas mestras que é, Hiramisa é hoje, uma intérprete comple-
ta, quer no drama, na comédia escrachada ou na sofisticada e até na
tragédia. Ela dá conta do recado em qualquer personagem e em qual-
quer situação seja na pele de uma dondoca socialite ou recebendo
a simplória Rosa do Lagamar, cheia de sonhos e ilusões.
Nos últimos anos, senhora absoluta do mundo do teatro,
Hiramisa, além de atriz, tomou para si, outros encargos e tem-se
revelado, também, excelente figurinista com apuradíssimo bom gos-
to, cuidando ela própria de todo o setor de criação de vestuários
quer seja de uma peça infantil ou de montagens mais sofisticadas e
difíceis, inclusive de época, que exige mais pesquisa e o máximo de
equação.
Nesta atual montagem da Rosa do Lagamar com a qual
Hiramisa festeja suas vitórias, poderia comentar outros persona-
gens e outros intérpretes, porém, como este não é um comentário 51
crítico e sim uma homenagem a Hiramisa Serra, direi apenas, que
Arnaldo Matos, está notável, como o milionário, que Lourdinha
52 Falcão é a própria lavadeira e que dificilmente outro ator faria
um simplório vigia com tanta convicção como o tarimbado e vete-
rano Ary Sherlock. Para Haroldo nota mil pela idéia do carrão do
milionário em slide, bem como pelo achado do carro da polícia.
Mas, como disse, a festa é da Hiramisa, da Rosa e do Eduardo
Campos. 30 anos de carreira de Hiramisa que soma 24 anos rece-
bendo a Rosa em nada menos de 500 incorporações. Não são nú-
meros cabalísticos, são somas de vitórias e conquistas após tantas
batalhas escondidas, batalhas que sempre se refugiam do público
por trás dos bastidores.
Triste é dizer que a Rosa ainda vai incorporar muito, pelos
anos porvir. Em Hiramisa e em outros cavalos, digo atrizes. Pois
a Rosa do Lagamar é uma síntese de outras Rosas e Marias e Joanas
e Joaquinas e Sebastianas para as quais os lagamares da vida serão
uma constante, já que a Aldeota não passa de uma miragem. Ou de
uma triste decepção.
Marciano Lopes Diário do Nordeste
A VALSA PROIBIDA
de Paurillo Barroso com diálogos de Silvano Serra
E A R E N S E
Leite ficou responsável pela direção musical e interpretou com mui-
ta dignidade o príncipe tenor. Ayla Maria, talento indiscutível vi-
C
veu Mitz de forma brilhante. O maestro Nelson Eddy regeu a
O M É D I A
orquestra com Dina Piccinini ao piano e Dalva Stela orientou as
vozes e integrou o coral. Hugo Bianchi coreografou e dançou com
Tereza Paiva. Um dos pontos altos da montagem foram os cenários
C D A
e figurinos de Flávio Phebo aplaudidos a cena aberta em todas as
apresentações. Haroldo Serra produziu e Hiramisa atuou e cuidou
N O S
da realização dos figurinos. B. de Paiva foi o responsável pela dire-
A
ção. O empreendimento teve apoio parcial do Prefeito Murilo Borges.
4 5
60 dias em cartaz e nas quartas feiras era difícil comprar ingresso
R E T R O S P E C T I VA
para o fim de semana. Todo o custo coberto pela bilheteria.. Uma
glória.
Em noite de gala representamos para o Presidente cearense
Castelo Branco que no final vai a caixa-de-cena ciceroneado por
Armando Vasconcelos, para cumprimentar o elenco. Presentes tam-
bém vários de seus Ministros e os Reitores das Universidades Bra-
sileiras que realizavam congresso em Fortaleza e o Prefeito do Re-
cife que formulou convite para que A Valsa Proibida fosse a
Pernambuco. Fomos e também a Maceió onde ganhamos linda crô-
nica do saudoso Teotônio Villela, publicada abaixo na íntegra. A
Valsa... ganhou reportagem colorida no O Cruzeiro, à época a
revista mais importante do país e Placa de Bronze, no Theatro
José de Alencar.
20 anos depois Haroldo Serra resolveu, com a experiência da
primeira montagem, reencenar o espetáculo. O mesmo processo:
contatar as pessoas certas, testes de voz, construir cenários, confec-
cionar figurinos, ensaiar... ensaiar.. ensaiar... Felizmente muita gente
da primeira montagem voltou a participar: Flávio Phebo, Hugo
Bianchi, Hiramisa, Dalva Stela, Ayla Maria. Muita gente nova
embarcou no projeto: Raimundo Arrais, Hiroldo Serra, Thadeu 53
Nobre, Haroldo Júnior. O maestro Mozart Brandão, de volta ao
Ceará, regeu a orquestra. Novo sucesso. Dois meses em cartaz. Es-
54 tréia dentro da programação oficial do Estado comemorativa do cen-
tenário da abolição no Ceará. Teatro lotado. Presentes, dentre ou-
tros, o Governador Gonzaga Mota e D. Mirian Mota, Ernane Bar-
reira, José Macedo e D. Maria Macedo, secretários de estado, Afon-
so Barroso, filho do autor e que participou da primeira montagem,
e Orlando Miranda, diretor do Inacen que convidou a Comédia a
participar do 1o Mês da Ópera no Teatro Dulcina numa promoção
do Serviço Brasileiro de Ópera, organizado pela atriz Beatriz Veiga.
Elenco, cenários e o maestro Mozart Brandão, com o apoio do pre-
feito César Cals Neto enfrentaram a estrada. No Rio a orquestra e
coral da Somusica, com apoio do maestro Ciro Braga, participaram
da temporada. No saguão do teatro exposição do primitivista
cearense, J. Arraes e uma mostra do nosso artesanato. Estréia lotada
com gratas presenças: Rachel de Queiroz, Fagner, Carlos Durval,
Norma Geraldy, César de Alencar, Maurício Shermam, Oswaldo
Louzada, Paulo Pinheiro, Carlos Miranda, Humberto Braga, Mírian
Pérsia, Orlando Miranda, Stanley Whibbe e muita gente boa.
Receptividade excelente... Valeu...
Em 1990 mais um desafio para a Comédia Cearense: montar
em arena uma opereta encenada tradicionalmente em palco italia-
no. A concepção é outra. Uma maior interação público/ator dando
maior dinâmica ao espetáculo e relegando a um segundo plano a
cenarização que era predominante nas encenações anteriores. Em
relação à música novamente o espaço modifica a concepção da peça.
Ao contrário das outras montagens a música não é executada por
uma orquestra ao vivo. É criada uma trilha sonora à base de
sintetizadores e som eletrônico comandados por um computador. O
responsável pela inovação foi Herlon Robson que criou os arranjos,
executou e gravou. Deu certo... Mais uma vez o público prestigiou...
E R R A
E A R E N S E
roso, Haroldo Serra, José Humberto, Edinardo Brasil, Lourdes
Martins, Rufino Gomes de Matos, Matos Dourado, Roberto
C
César, Léa Maria, Ninito Cavalcante e F. Mesquita. Corpo de
O M É D I A
Baile: Tereza Paiva, Hugo Bianchi, Maria Helena Veríssimo,
Sônia Mariah, Nilma Carneiro, Marília Barros e Maria de
Lourdes. Oficiais e Coro: Zady, Lázaro, Zito Mark, Feijó
C D A
Benevides, Roberto Araújo, Paulo Afonso, Steferson, Luiz
Gonzaga, Miguel Araújo, Joventina, Isaltina, Lourdes e
N O S
Antonieta. Túlio Ciarlini foi substituto de Orlando Leite.
A
Cenotécnicos: Helder Ramos e Artur Pereira Luz: Lamartine
4 5
Direção Musical: Orlando Leite Regência da Orquestra:
R E T R O S P E C T I VA
Nelson Eddy Coreografia: Hugo Bianchi - Assist. de Dire-
ção: Afonso Barroso Cenários e Figurinos: Flávio Phebo
Produção: Haroldo Serra Direção: B. de Paiva.
Segunda Versão
Terceira Versão
E A R E N S E
Sempre gostei de operetas. Todavia, é um gênero de teatro que
C
não se explora mais no Brasil.
O M É D I A
A inflação, que aniquila a vida do país, como era natural, teria
que se sentir no setor do teatro. Nenhum empresário hoje, sem aju-
da do poder público, se arriscaria a montar opereta.
C D A
Quando a Comédia Cearense anunciou que iria montar a
opereta de Paurillo Barroso e Silvano Serra, supus que os seus dire-
N O S
tores haviam enlouquecido. Tanto Haroldo Serra como Zé Maria
A
estavam carecendo de repouso em Santo Antônio de Pádua.
4 5
Finalmente a Comédia Cearense concretizou o que prome-
R E T R O S P E C T I VA
teu, oferecendo ao público amante de teatro um espetáculo deslum-
brante. E as pequenas falhas, que porventura se observam, esca-
pam, escondidas no termo deslumbramento.
E a Comédia Cearense, embora ajudada, em parte pela
Edilidade, merece registro especial pela coragem e arrojo do empre-
endimento.
A Valsa Proibida é, pois, um espetáculo belíssimo e que me-
rece ser visto por todo o Ceará. Compensa, por exemplo, uma via-
gem do Cariri a Fortaleza , para assistir uma encenação que se leva-
rá tempo para esquecer.
Eu sabia das dificuldades que a Comédia vinha enfrentando
para preparar o espetáculo que eu assisti no sábado.
Sabia, por exemplo, que os cenários seriam majestosos, pois já
os tinha visto em croquis e na estiva. Sabia também que a or-
questra, apesar do seu número exagerado (33) não prestava. Falta-
va regência e retoques de partitura, partitura que primava em desa-
certo de acordes, que o ex-regente nunca ouviu nem sentiu.
E como não costumo meter o bedelho onde não sou solicitado,
aguardei, preocupado, porque estavam em jogo o nome do teatro
cearense e o grande capital investido. 57
Desse modo, não fui ao teatro com a disposição de espírito de
quem vai assistir a um grande espetáculo. Entretanto, a noite de
58 sábado, foi para mim uma noitada de surpresas .Uma sucessão de
surpresas agradáveis. A primeira delas foi o regente Nelson Eddy.
Essa história de Nelson Eddy ser um estreante na regência ,
não será, porventura, uma dessas mentirinhas de que se serve a
publicidade , para valorizar, ainda mais o esforço dos dirigentes da
função para contornar a crise eclodida com a atitude do ex-regente?
Se Nelson é, realmente, um estreante, estaremos, por sem dúvida
em face de um gênio...
Vejamos agora qual o comportamento das autoridades do Cea-
rá, em face do fenômeno Nelson Eddy. Será que ficarão em atitude
contemplativa, como se estivessem na observação de um bibelô?
Domingos Gusmão de Lima O Povo - 26/04/65
este Brasil, inclusive o grande My fair lady, com Bibi Ferreira e
A R O L D O
Paulo Autran.
Mas eu estou deixando muito de lado os cenários de Flávio
H
Phebo. Tudo é tão belo que da platéia partem exclamações de con-
E A R E N S E
tentamento, surpresa, alegria e palmas que coroam a criação do jo-
vem artista.
C
Os diálogos são vivos, movimentados, leves e muitas vezes
O M É D I A
hilariantes, trazendo sempre o espectador num estado de euforia.
Os artistas... bem os artistas são Haroldo Serra, Hiramisa,
Afonso Barroso, José Humberto que não precisam de adjetivos.
C D A
Os novatos impressionam por sua desenvoltura, como
Lourdes Martins, Matos Dourado e toda aquela bela equipe de jo-
N O S
vens da nossa sociedade. Moças e rapazes se movimentam com de-
A
sembaraço.
4 5
E os dois: Ayla e Orlando Leite? Ultrapassam a toda expecta-
R E T R O S P E C T I VA
tiva e independem de sinônimos.
Tereza Paiva e Hugo Bianchi estes são os mestres do ballet
deleitando nossas vistas tão pobres de exibição desta categoria.
Os músicos? Deus do Céu: souberam encher o José de Alencar
com beleza contida na obra de Paurillo.
Tudo isto se deve ao diretor, este fenomenal B. de Paiva talen-
to que tem plasmado a geração nova de artistas conterrâneos e que
planta a mais duradoura semente que se pode orgulhar um povo: a
cultura artística.
Mas é bom parar por aqui porque a Valsa Proibida não pode
ser descrita: ela foi feita para ser vista. E para orgulhar toda cabeça-
chata que se preza porque é toda ela cearense.
E vamos ao teatro.
Adísia Sá Gazeta de Noticias - 1965
E A R E N S E
sempenho a cargo do próprio Serra, o corajoso e já agora vitorioso
idealizador da Comédia Cearense. A esse conjunto juntemos a har-
C
monia do grupo de jovens militares que forma o fundo da peça, o
O M É D I A
corpo de bailarinos, onde Hugo Bianchi e Tereza Paiva são figuras
de primeiro plano, sem esquecer o equilíbrio e a graça com que esti-
veram em cena Hiramisa Serra, Lourdes Martins e Léa Maria.
C D A
Diríamos que para esta segunda encenação de A Valsa Proibi-
da houve um desses momentos raros e felizes, em que foi possível
N O S
reunir um punhado de artistas autênticos nos seus diversos planos,
A
por que não seria possível esquecer também a atuação da orquestra
4 5
regida pelo violinista Nelson Eddy, que em tão pouco tempo reali-
R E T R O S P E C T I VA
zou milagre inesperado.
É uma vitória de Paurillo Barroso. É mais uma vitória de B. de
Paiva e Haroldo Serra. E particularmente mais um triunfo da Co-
média Cearense e do próprio Ceará.
Moreira Campos Unitário 25/05/65
E A R E N S E
sutiíissima que presidiu tão insuflado momento criador de Paurillo
Barroso. E tudo tão bem ajustado, numa seriação de acontecimen-
C
tos cênicos tão agradáveis, que o grotesco ali posto e magnificamente
O M É D I A
posto, na atitude e na expressão do secretário da embaixada ameri-
cana , tão bem vivido por Edinardo Brasil, não arrepia aquele ex-
traordinário tapete de veludo da dialogação musical desse univer-
C D A
sal Orlando Leite e dessa descomunalíssima e esperançosa Ayla
Maria, que encarnam num triunfo teatral raramente observado as
N O S
personagens do príncipe e da plebéia tornada princesa da urdidura
A
delicada.
4 5
Tereza Paiva gênio do palco enche de maravilhosa fragrân-
R E T R O S P E C T I VA
cia todos os lances da opereta com a essência esquisita do seu
miraculoso poder de interpretação, seja quando apenas contracena
numa passagem comum, seja quando dá largas à perfeição rítmica
dos seus bailados, que as mais civilizadas platéias têm o que ver e
aplaudir.
Haroldo Serra, vivendo o Rei gagá, ridículo, com uma caracte-
rização de vestimenta impecável, sabe assumir como um mestre da
dramaturgia todos os gestos e inflexões, para que o personagem se
realize na dimensão exata que o autor quis revelada para a captação
sensorial do auditório.
José Humberto em Floflô, a famosa Lourdes Martins em Tanara,
Matos Dourado em Gen. Cynão, Afonso Barroso em Vavá, além da
atuante presença de Hiramisa Serra, Ninito Cavalcante, Roberto
César, Efe Mesquita, Léa Maria, Rufino Gomes de Matos, todos,
enfim. que completam tão significativamente o elenco dessa soberba
Valsa Proibida, dão com suas peregrinas qualidades para a cena,
um verdadeiro show de inequívoca afirmação de que o Ceará pode
ir onde quiser, ao Rio ou S. Paulo, à cultíssima Bahia ou a civiliza-
da Porto Alegre. E colher muito mais sucesso, receber mais frenéti-
cas palmas, porque de mais grossas avalanches de espectadores, e 63
sobretudo, mais habituados ao esplendor de manifestações dessa
ordem.
64 Homem feliz esse meu querido e formidável Paurillo Barroso
que chega aos 70 anos debaixo de tantos guizos que os ouvidos só
ouvem o sol-a-pino da mocidade. Esses 70 anos que ele está come-
morando nesta festa em que os deslumbrantes cenários de Flávio
Phebo esplendem e vibram na musicalidade maior de tudo quanto é
capaz de conceber, nas pautas do colorido infinito do talento de ar-
rojadas fulgurações de B. de Paiva, não são setenta, mas apenas 20,
que o carro da glória é essa Valsa Proibida, e o carro parou no
tempo. E vem lá em cima , espargindo juventudes, o gênio imortal
de Paurillo...
Quixadá Felício
E A R E N S E
constelação de artistas diletantes que povoou a ribalta: - Ayla Ma-
ria e Orlando Leite.
C
Médio-soprano, Ayla acalanta o dom das modulações varia-
O M É D I A
das e oportunas. É um encanto quando define emoção nos momen-
tos de transposição vocal. A Valsa Proibida deu-lhe oportunidade
de se revelar dominadora dos caprichos da cena lírica. Rapidamente
C D A
conquistou o delírio da platéia ao surgir na cena.
Orlando Leite revelou-se um artista completo. Ungido na sin-
N O S
fonia de esplendentes madrigais, Orlando passou de intérprete e
A
criador de melodias corais, ao domínio do bel canto, em estilo
4 5
napolitano, ensaiando grandes vôos para a cena lírica.
R E T R O S P E C T I VA
Orlando e Ayla, Fred e Mitz, conduziram-se com maravilhoso
desempenho, estrelando a vitoriosa estréia da Comédia Cearense.
A orquestra. Prata de casa, valores excepcionais disciplinados
sob a batuta de um jovem e talentoso discípulo de Paganini, pela
continuidade da vocação artística: Nelson Eddy. Ele é que, num
impulso sereno e confiante, comandou aquela congregação de artis-
tas, nucleados por Dina Piccinini, fada e mestra no conluio sin-
fônico do maravilhoso espetáculo. É mais um orgulho para a cultu-
ra artística cearense.
Leite Maranhão
as, coisa de que está cheia a partitura do meu velho amigo Paurillo
Barroso, sobressaindo-se a valsa que dá título à peça, de fácil fixa-
S
E A R E N S E
dio e televisão, ele, músico excelente e voz muito agradável, que
aplaudimos ( e coroamos) como regente do Madrigal do Ceará, que
C
aqui participou, há algum tempo, vitoriosamente, de uma competi-
O M É D I A
ção orfeônica. Outros elementos merecem anotação simpática, en-
tre eles J. Humberto, Hiramisa Serra, Roberto Araújo e Lourdes
Martins. Haroldo Serra compôs, com felicidade, um Rei mentecap-
C D A
to e Matos Dourado defendeu bem o General Synão.
Aqui fica, com um apertado abraço a Paurillo Barroso, a mi-
N O S
nha palavra de profunda simpatia pelos que fazem a Comédia
A
Cearense que nos trouxeram esse espetáculo, em que igualmente
4 5
ressaltam a vistosa montagem e o rico quarda-roupa.
R E T R O S P E C T I VA
Waldemar de Oliveira Jornal do Comércio 07/65
E A R E N S E
ciativa de Valter Oliveira esse maluco pernambucano que só pen-
sa no que é bom; a responsabilidade de Bráulio Leite que esposou a
C
idéia na igreja do ideal sob o admirável impulso filosófico de que
O M É D I A
nem só de pão vive o homem; o patrocínio de Luiz Gutemberg que
andou fazendo mágicas perigosas para salvar a palavra empenhada
tudo isso, senhores, está salvo e bem pago pela beleza do espetácu-
C D A
lo que os artistas amadores do Ceará estão proporcionando ao povo
alagoano. De minha parte, quero ser e faço questão de ser apenas
N O S
um atrevido camelô e berrar aos quatros cantos da cidade: - o Deodoro
A
está aberto. Vamos ao Teatro.
4 5
Teotôneo Villela
R E T R O S P E C T I VA
COMENTÁRIOS À SEGUNDA VERSÃO
são, que repete a surpresa que colhi dele, quando transpôs para o
palco em ritmo de balé, Os Deserdados; da professora Dalva Stela
H
, competente força de trabalho que não deserta dos compromissos
E A R E N S E
artísticos, a responder pela condução das vozes harmoniosas que
reforçam a moldura sonora da exibição.
C
Como observa o leitor, fizemos uma inversão da análise, fu-
O M É D I A
gindo à norma tradicional de comentários artísticos, preferindo co-
meçar pelos que dirigem. Nem sempre a ficha técnica, como se men-
ciona hoje, é discutida com atenção , ignorando-se que o êxito de
C D A
uma encenação teatral não pode estar dissociado do talento de todos
os seus participantes. Diferindo de qualquer outra atividade artís-
N O S
tica , o teatro alcança maior sucesso quando todos os seus valores
A
(de concepção, direção e representação) situa-se em igual nível de
4 5
realização.
R E T R O S P E C T I VA
Feliz sociedade que pode dispor de apreciáveis valores na arte
do canto, como o que nas três fases da encenação da opereta, ora
comentada, subiram ao palco em Fortaleza, notadamente Orlando
Leite e Ayla Maria (na segunda encenação) e agora, novamente,
Ayla Maria acompanhada de Raimundo Arrais, uma voz que se
impõe, vivendo ambos delicados duetos nos papéis de Mitz e Fred.
Solange Fernandes e Angelino Albano, no corpo de baile, cum-
prem exibição digna, ajustados a trabalho inteligentemente dirigi-
do, e coadjuvados pelas graciosas Sherezad, Airtes, Edinarita,
Ticiana, Fábia e Adriana.
Muito boas as interpretações do Cel. Floflô (Arnaldo Matos):
Theodor (J. Arraes); General Synão (César Ferreira), papel que in-
terpretei quando da primeira apresentação d A Valsa Proibida em
1941; Mr. Smith (Thadeu Nobre); Vavá (Luiz Arrais), seguidos
por Hiramisa Serra, na figura da ingênua e trêfega Sachia; e nesse
enquadramento, Rita de Cássia, Maria Auxiliadora e as damas que,
muito bem vestidas, concorrem para a formação de quadro cênico
realmente encantador.
O espetáculo que vimos transcorreu sem o menor comprome-
timento técnico ou artístico. Toda a inspiração e criatividade postas 71
em cena funcionaram corretamente com a seriedade da participação
dos bons oficiais de primeira e terceira linhas, e dos convidados,
72 bastante ciosos de sua colaboração em cena, envergando trajes de
Domênico (masculinos), Judite Lúcia e Fátima Albano (femininas)
, dignos de menção especial.
Pena que só de raro em raro possa a sociedade fortalezense ver
e aplaudir espetáculos como o d A Valsa Proibida.
Eduardo Campos - Correio do Ceará
E A R E N S E
ram, fazem com que o espectador retroceda ao tempo do romantis-
mo... Ayla Maria magistral em sua interpretação somou com os ir-
C
mãos Raimundo e Luiz Arrais as notas máximas do espetáculo quando
O M É D I A
extensão, sonoridade e beleza vocal se harmonizam. Hiramisa Serra
e Arnaldo Matos catalogam mais aplausos aos muitos que já recebe-
ram em apresentações outras. Maestro Mozart Brandão, talento ím-
C D A
par através do tempo e cada dia consegue ser melhor... e o maestro
da direção do teatro cearense Haroldo Serra merece aplausos de todos
N O S
nós e o cearense que não for ao Teatro José de Alencar aplaudir , fica
A
devendo apoio e incentivo aos talentos da terra....
4 5
Edmundo Vitoriano - O POVO
R E T R O S P E C T I VA
... A opereta do saudoso Paurillo Barroso terminou sendo
aplaudida de pé. Não somente pelo luxo e beleza do figurino, des-
lumbramento dos cenários de Flávio Phebo, como também pela atu-
ação segura de Ayla Maria além da bela voz de Raimundo Arrais e
dos impecáveis Haroldo e Hiramisa Serra. Lindas canções, diálo-
gos interessantes, enredo sem muitas pretensões. A Valsa Proibida
é um espetáculo que nos envaidece por ser todo made in Ceará .
Regina Marshall - O Povo
E A R E N S E
em opereta, foi um momento de gostosa saudade. Parabéns ao
Haroldo Serra que armou o espetáculo com tanta harmonia e bom
C
gosto. Parabéns a este esforçado grupo que muita garra nos propor-
O M É D I A
cionou estes momentos tão gostosos sem esquecer o meu velho
amigo Flávio pelos seus cenários e figurinos.
Carlos Durval - Ator
C D A
Parabéns Haroldo. É preciso raça e você tem. Foi um privilégio...
N O S
Paulo Pinheiro - Ator
A
4 5
Essa Valsa jamais será proibida. Alegra, comove e nos honra
R E T R O S P E C T I VA
de ser brasileiros. Um beijo
Norma Geraldy - Atriz
E A R E N S E
lógico seria lhe escrever apenas duas palavras porque resumiria
tudo:
C
Obrigado, Haroldo.
O M É D I A
Afonso Barroso
C
A FARSA DO CANGACEIRO
D A
N O S
ASTUCIOSO,
A
de Eduardo Campos
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Estréia: 08/09/65 Theatro José de Alencar
Segunda Versão
O CASAMENTO DA PERALDIANA
S
de Carlos Câmara
A R O L D O
E A R E N S E
foi um dos maiores sucessos do teatrinho do Joaquim Távora. Até
então as músicas interpretadas nas burletas, eram na sua maioria,
C
paródias de operetas de sucesso. No Casamento da Peraldiana são
O M É D I A
músicas originais compostas pelo talentoso maestro Silva Novo e
por Wagner Donizetti. A redescoberta de Carlos Câmara foi em
super produção. Flávio Phebo projetou cenários que reproduziam o
C D A
tradicional Passeio Público com suas estátuas e fonte com água
jorrando e figurinos retratando 1920 com muito brilho e muitas
N O S
cores. Uma grande orquestra com regência do maestro Cleóbulo
A
Maia, que também foi responsável pela orquestração, valorizou so-
4 5
bremaneira a musicalidade de Silva Novo. Haroldo Serra interpre-
R E T R O S P E C T I VA
tou a viúva Peraldiana Pimenta mantendo a tradição da persona-
gem ser vivida por homem. Estréia lotada com a presença do Gov.
Virgílio Távora. Foram dois meses de sucesso. (publicada na revista
Comédia Cearense n. 3 ( esgotado)
O FAZEDOR DE MILAGRES
de Eduardo Campos
E A R E N S E
Com Aderbal Freire Filho, Hiramisa Serra, Almir Pedreira,
C
João Falcão, Haroldo Serra, Lourdinha Falcão e Pedro
O M É D I A
Américo.
Cenotécnico: Helder Ramos - Luz: Lamartine Som: Hélio
Brasil Efeitos Especiais: Prof. Waldemar Garcia Decora-
C D A
ção: Luiz Antonio Adereços: Jacaúna Penteados: Elza
Maciel Administração: Afonso Jucá Confecções do figuri-
N O S
no: Glamour Arte: Mino - Cenário e Figurinos: Flávio Phebo
A
Iluminação e Direção: Haroldo Serra.
4 5
R E T R O S P E C T I VA
UM POLICIAL NA CIDADE
Marciano Lopes
H
O SIMPÁTICO JEREMIAS
E A R E N S E
de Gastão Tojeiro Adaptação: Haroldo Serra
C
Texto escrito em 1919 por Gastão Tojeiro. A peça era o cavalo
O M É D I A
de batalha do grande Leopoldo Froes. Nas suas andanças, remédio
para temporada fraca era o Simpático Jeremias. Isso motivou
C
Haroldo Serra. Transformando o texto em espetáculo corrido, man-
D A
tendo o charme das melindrosas da época e assumindo a comédia
N O S
escrachada, a peça teve excelente receptividade em Fortaleza e numa
mostra de teatro amador no Recife. O espetáculo ganhou muito
A
4 5
com os figurinos de Flávio Phebo e o cenário do arquiteto Neudson
Braga. A reação da crítica e principalmente do público encorajou o
R E T R O S P E C T I VA
grupo a participar, pela primeira vez de um festival nacional. Supe-
rando as dificuldades costumeiras e conhecidas, o elenco conseguiu
chegar. Era o II Festival Nacional de Teatro Amador de S. José do
Rio Preto SP, organizado pela professora Dinorah do Vale e
Humberto Sinibaldi. Grupos de Santos, Rio de Janeiro, Minas Ge-
rais, Paraná e Rio Grande do Sul participavam do Festival. A Co-
média Cearense era o único representante do Nordeste. Foi uma
experiência ímpar para o grupo. A preocupação maior da Comédia
Cearense era realizar uma encenação correta. Foi surpreendente a
receptividade do público, da crítica e dos componentes dos outros
grupos. Surpresa maior no entanto, foi o resultado do Festival. A
Comédia trouxe para o Ceará o troféu Arlequim de Melhor Es-
petáculo e mais os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Ator
(Haroldo Serra); Melhor Figurino (Flávio Phebo); Melhor
Sonoplastia (Helio Brasil); Melhor Ator Coadjuvante (Walden
Luiz); Menção Honrosa de Atriz (Jacy Fontenele ); Menção
Honrosa de Atriz Coadjuvante (Regina Távora); Menção Hon-
rosa de Ator Coadjuvante (Paulo Silveira). Este resultado foi im-
portante, não só para o grupo, mas também para a auto-estima do
nordestino. O grupo foi recepcionado pelo Gov. César Cals no Palá- 83
cio da Abolição e ganhou Placa de Bronze no Theatro José de Alencar,
por iniciativa do Jornal O Povo. Posteriormente o espetáculo fez
84 temporadas em Teresina (Theatro 4 de Setembro), São Luiz (Teatro
Artur Azevedo) e Manaus (Teatro Amazonas). Em 1988, foi
reencenada no Teatro Arena Aldeota.
Segunda Versão
E A R E N S E
Festival de Teatro do Nordeste, a melhor performance do certame
foi dada pela Comédia Cearense, sob a direção de Haroldo Serra,
C
com a roupagem nova que deu ao carcomido texto de Gastão Tojeiro.
O M É D I A
A concepção cênica dada pelo metteur-en-scène não é original,
todavia correspondeu à expectativa, seguindo a linha imposta por
Hermilo Borba Filho, a outro texto também de Gastão Tojeiro, Onde
C D A
Canta o Sabiá, montada no Recife pelo Teatro de Amadores de
Pernambuco...
N O S
... A direção apresentou apreciáveis marcas, concorrendo para
A
que o velho texto, com uma adequada roupagem, pudesse ser aceito
4 5
com agrado geral.
R E T R O S P E C T I VA
Adeth Leite Diário de Pernambuco 05/ 08/69
Fenômeno de Comunicação
E A R E N S E
Haroldo Serra.
C O M É D I A
ALVORADA
de Carlos Câmara
C D A
Novamente Carlos Câmara. Agora com seu texto mais popu-
N O S
lar: Alvorada. Montada para a inauguração do Teatro Móvel, em
noite de muita chuva com a presença do Gov. César Cals. Uma
A
4 5
iniciativa da Comédia Cearense com apoio do Governo do Estado,
Inacen e jornal O Povo. De 1974 a 1976 a peça integrou o Proje-
R E T R O S P E C T I VA
to Mobral Cultural em dezenas de municípios cearenses. (Outras
informações no capítulo Comunicações). Foi também encenada
no Teatro do IBEU.
Com o apoio do Secretário de Cultura Paulo Linhares e da
FUNARTE, Alvorada teve nova montagem que marcou os 40 anos
de fundação da Comédia Cearense. No processo de encenação o es-
petáculo contou com a assessoria do diretor José Renato, do maes-
tro Murilo Alvarenga e do cenógrafo Renato Scripilliti. Por ocasião
da estréia, a Comédia homenageou com o troféu Tripé (Autor/
Ator/Público), alguns de seus muitos colaboradores: Professora
Maria Lúcia Lima de Carvalho Rocha (Colégio Christus); Orlando
Miranda (pelo seu apoio quando diretor do SNT ); Eduardo Cam-
pos e B. de Paiva.
Por proposição da vereadora Luizianne Lins,(PT), Haroldo
Serra recebeu do presidente da Câmara Municipal, vereador
Acilon Gonçalves o título de Cidadão de Fortaleza, em
solenidade realizada antes do espetáculo e prestigiada por,
entre outros, Fábio Brasil, Dr. José Lima de Carvalho Rocha e
sua esposa Valéria Brasil Rocha (apoio permanente ao grupo).
Alvorada foi publicada na revista Comédia Cearense n. 8
87
(esgotado).
Segunda Versão
40 ANOS DE COMÉDIA
E A R E N S E
por seu filho Haroldo Júnior, o Toféu Tripé fez a abertura da
noite comemorativa, comandada por B. de Paiva, surgido por entre
C
as filas do Arena, surpreendendo com a postura de um prólogo, tão
O M É D I A
usado nos primórdios do teatro, a exemplo da Comédia DellArte.
Como num passe de mágica, abriu-se a cortina e eis que a família
Serra, em traje de gala, aparece para os aplausos da platéia.
C D A
Os distinguidos para receberem o Troféu Tripé foram aque-
les historicamente ligados ao grupo. Maria Lúcia de Carvalho Ro-
N O S
cha por permitir a continuidade do Projeto Teatro Permanente, ce-
A
dendo o Teatro Arena; Eduardo Campos, por ter contribuído (atra-
4 5
vés de seus textos) para a projeção da Comédia Cearense, e Orlando
R E T R O S P E C T I VA
Miranda, cearense honorário, que muito fez pela Comédia e pelo
teatro brasileiro, em suas várias gestões na direção do Inacen/
Fundacen.
Quando nos referimos à Comédia Cearense, dizendo tratar-se
de um dos grupos mais antigos do Brasil, não estamos apelando
para o exagero. Estamos, na verdade, divulgando o mérito de per-
manecer em cartaz tanto tempo, formando novos atores e novas
platéias através de seus projetos e ações e na preocupação de querer
acertar sempre. Parabéns aos que fazem a Comédia Cearense e, par-
ticularmente, ao Haroldo e Hiramisa, que batalham cotidianamen-
te pela permanência da família em cena.
Fernanda Quinderé O Povo 12/08/97
A GUERRA DO BENZE-CACETE
de Nertan Macêdo, adaptação de Haroldo Serra
O DEMÔNIO FAMILIAR
E R R A
E A R E N S E
outro cearense, Alberto Nepomuceno, quase tão ilustre quanto o
patrono do nosso teatro. Música, teatro e ballet juntos transforma-
C
ram o texto declamado num espetáculo de rara beleza. A peça em
O M É D I A
três atos ganhou dinâmica na encenação corrida, sem intervalos.
Os cenários de Flávio Phebo ganharam aplausos nos momentos em
que escravos à Debret promoviam mutações cênicas com cena
C D A
aberta. O espetáculo dirigido por Haroldo Serra contou com parti-
cipações importantes como as de Dalva Stela (orientação musical),
N O S
Hugo Bianchi (coreografia) e Nízia Diogo (piano). Encenada no
A
dia do aniversário de José de Alencar na reabertura do teatro após a
4 5
restauração de 1974. Posteriormente reinaugurou, o Teatro São
R E T R O S P E C T I VA
João, em Sobral.
EQUINÓCIO
adaptação de Haroldo Serra de um conto do
escritor José Alcides Pinto.
A CAÇA E CAÇADOR
de Francisco Pereira da Silva
E A R E N S E
celente texto do Nordestino/Piauiense/Universal: Francisco Perei-
ra da Silva, Chico, para os que privaram da sua amizade.
C
Na noite da estréia a Comédia Cearense outorgou o Troféu
O M É D I A
Tripé a personalidades que contribuíram para o desenvolvimento
do grupo: Dr. José Lima de Carvalho Rocha, Diretor do Colégio
Christus; Prof. Barros Pinho, Presidente da Funcet; Stanley Whibbe,
C D A
Coordenador de Teatro da Secretaria da Música e Artes Cênicas da
Funarte e Dr. Francisco Jereissati, Diretor do Pão de Açúcar.
N O S
Paranifaram os agraciados, Armando Vasconcelos; Eliézer
A
Rodrigues; José Anderson e Artur Bruno. Mário Barbosa, Edilmar
4 5
Norões, Fco. Ribeiro, José Augusto Lopes e Sônia Pinheiro deram
R E T R O S P E C T I VA
importante apoio na divulgação do evento.
Segunda Versão
COMENTÁRIOS:
do espetáculo.
Yan Michalski Jornal do Brasil 26/11/79
H
Novamente em Sintonia
E A R E N S E
Pesa muito numa encenação teatral o nível do elenco encarre-
C
gado de levar até o público o proposto pelo autor, e esquematizado
O M É D I A
pela direção do espetáculo.
Novamente montada, a peça A Caça e o Caçador, de Francis-
co Pereira da Silva, ganha desta feita um dimensionamento mais
C D A
eloqüente quanto a sua feitura cênica, na representação da Comédia
Cearense.
N O S
A farsa social do autor, solidifica-se uma linha de estilística de
A
representação própria da Comédia, com a direção de Haroldo Serra
4 5
sequenciando o tom regional, estacionado, na Rosa do Lagamar,
R E T R O S P E C T I VA
de Eduardo Campos, quando a troupe empunhava técnica de
amostragem dos caracteres do personagem, sedimentada num tea-
tro lúdico e prazerosamente enraizados em concepções repassadas
para uma linguagem teatral telúrica.
E essa retomada de sintonia está ocorrendo, na remontagem
da Caça, atualmente em cartaz no Teatro Móvel, com a exibição
de um espetáculo, que se não foi reestruturado na sua forma pri-
meira, partiu para uma aceleração de ritmo interpretativo com um
elenco que se apresenta muito melhor de que na temporada anteri-
or. Sem falar dos dois protagonistas Haroldo e Hiramisa Serra, a
direção apóia-se na experiência interpretativa de B. de Paiva, na
primorosa atuação de Antonieta Noronha, no rush interpretativo
de Ricardo Guilherme, a sempre comedida atuação de Walden Luiz,
com grau de extensão permitido por Lourdinha Falcão, Nairo Gomez,
Zulene Martins, Paulo Alencar, Deugiolino Lucas e Beth Araújo.
O texto em si já permite um caminho para um amplo entendi-
mento e deduções por parte do público pela sua incrível semelhança
com o Nordeste povoado pelo arbítrio do coronelismo, pelo mandos
e desmandos latifundiários, pela descrença dos mais, quanto ao pa-
pel da justiça. E mais ainda o texto, agora peça teatral emerge para 95
uma atualidade, no ato final, exatamente no julgamento do todo
poderoso, o sertanejo Raimundo Moça (Haroldo Serra), numa feliz
96 antecipação dos tempos da justiça brasileira da era Doca Street. O
clima de inanição do júri, formado por bonecos de pano, o machismo
tropical que ainda perdura, a corrupção transformando criminosos
em heróis nacionais aprofunda a farsa em realidade que ainda fa-
zem parte do contexto social.
Para transpor o concedido pela criação do autor, a direção do
espetáculo aplica sugestões cênicas as mais variadas, tomando, como
ponto de partida logo na chegada de Raimundo Moça com argu-
mentação servida com o apoio de teatro de mamulengos. O mesmo
apelo é vibrante quando do contraponto dos bonecos com o assassi-
nato de Maria (Hiramisa Serra) mulher de Raimundo Moça, num
bonito dueto visual carregado de emoções.
A atual temporada da Caça contemporiza valores da Comé-
dia Cearense, pelas marcações cênicas inerentes do grupo, como se
estivessem reassumindo postos para o fato intemporal de uma arte
teatral visceralmente, e antes de tudo, motivado pelo ambiente que
nos circundam.
Eliézer Rodrigues O Povo 28/11/79
E A R E N S E
Chapéu de Sebo incluída numa antologia traduzida para o ale-
mão em que figuram cinco autores do moderno teatro brasileiro.
C
Sua peça foi encenada na Alemanha, Finlândia e Tchecoslováquia.
O M É D I A
A Comédia Cearense para marcar os seus 45 anos de ativida-
des ininterruptas resgatou uma das peças mais representativas do
teatro de Francisco Pereira da Silva A Caça e o Caçador. Um
C D A
texto dos mais comunicativos, de fácil percepção pela platéia, mas
com alguns obstáculos para a sua montagem. Dificuldades trans-
N O S
postas com sucesso pela mão de um hábil diretor de teatro: Haroldo
A
Serra. Um homem que, nos seus 50 anos de cena, vive sob o signo
4 5
do teatro e, como poucos, conhece seus meandros, às vezes concre-
R E T R O S P E C T I VA
tos, objetivos; mas outras vezes subjetivos, fechados. Códigos só
abertos e lidos por quem, por tantos anos, desvenda os mistérios de
uma arte das mais difíceis da humanidade.
A Caça e o Caçador passa-se em vários planos. Planos não
temporais, nem dialéticos com personagens investidas de grande
carga psicológica, problematizadas com a sua relação com o mundo.
Mas a geografia da peça de Francisco Pereira é complicada. Ora a
ação passa-se na beira de um rio de um povoado do interior nordes-
tino; ora numa feira com toda a sua algaravia. A ação é transposta
depois para gabinetes, tribunais e casas de políticos corruptos. Em
outro momento, o conflito estabelece-se numa prolongada viagem
de balsa por caudaloso rio, onde os dois protagonistas Raimundo
Moça (Hiroldo Serra) e Maria (Itauana Ciribelli cumprem seus
destinos. A seqüência de acontecimentos de A Caça e o Caçador
envolve muitos personagens, lugares diferentes, complexas viagens,
enfim, diferentes cenários.
Haroldo Serra utilizou-se de recursos simples, retirados do te-
atro popular, para resolver todos os problemas cênicos postos pelo
texto de Francisco Pereira da Silva. Utilizou abertamente o teatro
de bonecos, nosso tão rico mamulengo, para representar feiras po- 97
pulares, portos e até o júri que julgou Raimundo Moça pelo assas-
sinato de Maria. Uniu atores e bonecos dando um ritmo alegre e
98 fantástico à farsa, esboçando um retrato carnavalizado de um po-
voado largado no interior do Nordeste brasileiro com um insinuan-
te jogo de luzes.
Raimundo Moça chega à sua cidade natal depois de um longo
tempo trabalhando nos seringais do Amazonas, lugar onde enricou
e comprou fazendas. Voltou para a mulher e, logicamente, com o
objetivo de constituir uma rede de novos negócios no povoado. No
entanto, Maria, sem notícias de Raimundo, entregou-se a outro
homens, enchendo-se de filhos. Raimundo, logo ao chegar, descobre
a traição da mulher. Apesar de rico, ele vira motivo de chacota da
população ribeirinha, só lhe restando, no contexto patriarcal brasi-
leiro, uma saída: matar Maria e lavar a sua honra. Para isso, conta
com o beneplácito dos poderosos do povoado. Existe aí um recorte
dos mais interessantes entre o comportamento das duas estâncias:
o povo e a minoria dominante. Para a comunidade mais pobre,
Raimundo com todo o seu dinheiro, tem a sua honra de homem
enxovalhada. Para os poderosos, o interesse recai não na honra, nem
na moral tão cara aos ribeirinhos; nem tampouco no assassinato de
Maria por Raimundo. Mas sim no poder econômico simbolizado
pelo protagonista. Um deles chega a entregar sua mulher para o
influente Raimundo Moça servir-se dela sexualmente em troca de
favores econômicos.
Como num grande banquete antropofágico unindo sexo, dinheiro
e religião, o protagonista é ungido, no final do espetáculo, pelas clas-
ses dominantes com vestes litúrgicas, símbolo do seu poder terreno.
Fica assim, patente a relação entre o profano e o sagrado.
Somente uma pessoa, uma outra mulher, tenta socorrer Maria
de seu infortúnio : Rosa (Ana Cristina Viana). Amante do gover-
nador (Lucio Leonn), Rosa tenta através do sexo salvar Maria do
E R R A
governadores e políticos.
A R O L D O
E A R E N S E
exige o controle dos corpos e desejos.
A montagem da Comédia é alegre. O ritmo da farsa está pre-
C
sente na composição dos personagens, figurinos, cenários, guar-
O M É D I A
dando uma sutil ponte entre a comédia e o drama. A bela música
medieval pontua toda ação. Numa balsa, no meio do rio, com um
punhal de prata (uma bela figura de Garcia Lorca ou Jorge Luís
C D A
Borges), Raimundo mata Maria. Mata por amor e ódio, orgulho e
paixão. Por ser rico é absolvido. Maria paga por seu ato falho (a
N O S
paixão) com a morte. O dinheiro protege Raimundo, juizes e políti-
A
cos corruptos. Eles estão livres. É a lógica, a razão, do nosso mundo
4 5
barroco. Como quer Calderon de la Barca A vida é sonho ou A
R E T R O S P E C T I VA
vida é uma comédia. Ou ainda como escreveu Francisco de
Quevedo: a vida é desengano.
José Anderson Sandes - 21/06/02 Diário do Nordeste
tro dela.
A R O L D O
E A R E N S E
bendito O Senhor é nosso Rei. Crença nascida da fé do povo. Só
que na Caça e o Caçador, apenas os ricos e corruptos ganham o
C
paraíso. Os tempos não mudaram.
O M É D I A
Eliézer Rodrigues é jornalista e editor da Revista Singular
C
OITO MULHERES
D A
N O S
de Robert Thomas, tradução de Luiz de Lima
A
4 5
Outra grande produção da Com édia Cearense com cenário e
figurinos de Flavio Phebo. Montada com a participação de várias
R E T R O S P E C T I VA
senhoras de nossa sociedade com renda em benefício de obras soci-
ais. Também foi encenada no Teatro São João , em Sobral, com o
apoio do Serviço de Promoção Social do Estado do Ceará.
RASHOMON
de Eduard Fay e Michel Kamin, tradução de Mário da Silva.
O CAPETA DE CARUARÚ
de Aldomar Conrado
E A R E N S E
de Eduardo Campos
C
Leitura dramática realizada, no Theatro José de Alencar, em
O M É D I A
comemoração aos 40 anos de atividades teatrais do autor, em 1979.
C
Com: B. de Paiva, Haroldo Serra e Paulo Alencar.
D A
N O S
CALU
A
4 5
de Carlos Câmara
R E T R O S P E C T I VA
Nova incursão ao teatro de Carlos Câmara. Com o apoio do
SNT e Sec. de Cultura do Estado, a Comédia Cearense promoveu
temporada no Rio e S. Paulo em comemoração ao centenário de
nascimento de Carlos Câmara. No Rio, uma turma de alunos do
Tablado escolheu Carlos Câmara para tema de trabalho de fim
do ano e em São Paulo, foi tema de discussão na Escola de Arte
Dramática.
Numa promoção da Prefeitura Municipal de Fortaleza, a peça
integrou com grande sucesso, o projeto Caminhão da Cultura,
em dezenas de bairros da cidade.O teatrólogo Márcio de Sousa,
veio a Fortaleza prestigiar o projeto. Encenada também na soleni-
dade de mudança do nome do Teatro da Emcetur para Teatro Carlos
Câmara. Publicada na revista Comédia Cearense n. 8 (esgota-
do).
COMENTÁRIOS
E A R E N S E
satisfação do diretor Haroldo Serra, colocando em cena toda uma
carga de informações visuais, configurações e ilustrações equiva-
C
lentes à época, acresce o potencial informático próprio do período.
O M É D I A
O texto inegavelmente é o melhor trabalho de Carlos Câmara.
Eliezer Rodrigues O Povo 06/12/79
C D A
Com a encenação da burleta de Carlos Câmara, Calu, no Tea-
tro Móvel, a Comédia Cearense dá mais uma vez uma valiosa con-
N O S
tribuição ao movimento teatral da cidade.
A
De há muito identificado com as vertentes de um teatro
4 5
compromissado com a nossa realidade, o diretor Haroldo Serra atesta
R E T R O S P E C T I VA
a sua capacidade de aviventar com soluções do código circense o
aludido espetáculo, que se nos apresenta com rendimento proveito-
so para a proposta cênica.
Ele recria a atmosfera brejeira do Ceará da década de vinte,
trazendo até a nova geração a presença de Carlos Câmara, como
cronista teatral de nossa terra e nossa gente.
Constatamos, no entanto, que nas entrelinhas de Calu aflora,
aqui e ali, o conflito entre a cidade (Fortaleza) e o sertão (Quixará
hoje Farias Brito) que o autor, através do jocoso, soube tão bem re-
fletir.
É um espetáculo que, sem sombra de dúvida, pode ser conside-
rado o melhor do ano.
Euzélio Oliveira O Povo
E A R E N S E
Seny Furtado, Raimunda Coelho e Pádua Alencar. Voz:
Nonato Albuquerque Cenotécnico: Evandro dos Santos e
C
Antônio Guedes Luz: Sérvulo Brasil Som: Hiroldo Serra
O M É D I A
Gravação: Luiz Carlos Adereços: Antônio Marechal e
Nirez Cenário: Roberto Galvão - Produção e Direção:
Haroldo Serra.
C D A
Segunda Versão
A N O S
Estréia: 18/06/88 Inauguração do Teatro Arena Aldeota
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Com: Hiamisa Serra, Glyce Sales, Haroldo Serra, Arnaldo
Matos, Tânia Dourado, Hiroldo Serra, Ary Sherlock, Rogé-
rio Medeiros, Massilon, Sérgio Alexandre, Marinina Gruska,
Eugênia Siebra, Seny Furtado, Pádua e José Domingos.
Cenotécnico: Bira e Catita Luz e Som: Hiroldo Serra Assist.
de Direção: Rogério Medeiros Adereços: Walden Luiz e
Nirez Figurinos: Hiramisa Serra Cenário: Roberto Galvão
Produção Iluminação e Direção: Haroldo Serra.
foi sem dúvida, escolha das mais felizes, pois embora seja uma obra
A R O L D O
E A R E N S E
com sua tarimba de palco e experiência de centenas de interpreta-
ções de Rosa do Lagamar, papel que lhe outorgou vários prêmios e
C
garantia para interpretar fortes papéis dramáticos. Nesta monta-
O M É D I A
gem, Hiramisa confirma sua maturidade de notável intérprete, seja
numa personagem de Eduardo Campos como numa figura clássica
de Brecht.
C D A
Haroldo, que reservou para si, o papel do operário, está tão à
vontade no seu personagem que fica difícil separar os dois. Tânia
N O S
Dourado, um dos valores da atual geração de artistas dos nossos
A
palcos, precisaria de uma Senhora Carrar, para demonstrar todo o
4 5
seu talento. Glyce Sales, como sempre, irrepreensível, faz a conten-
R E T R O S P E C T I VA
to a senhora Perez. Glyce é dessas intérpretes que a gente tem pra-
zer em rever. Não sei se foi esta a primeira vez que Ary Sherlock foi
dirigido por Haroldo Serra, porém o que o público vê é um Ary
diferente, mais solto e bem mais à vontade dentro do seu persona-
gem, o Padre. Hiroldo Serra é plenamente razoável, da mesma ma-
neira que os demais atores que fazem os pescadores e as mulheres,
compondo um conjunto harmonioso.
Mas, é Arnaldo Matos, quem impressiona por uma interpre-
tação perfeita de José. Trabalho difícil, pois fica permanentemente
em cena. É perfeito até quando faz contraponto, sentado sem falar,
enquanto outros atores dialogam em plano principal. Acredito ser
este o melhor momento na carreira de Arnaldo, que reafirma ser o
melhor ator cearense da atualidade.
Quanto à obra de Brecht, é eterna. Escrita na década de trinta,
quando um tirano assumiu a Espanha, é tão presente e tão moder-
na que a gente conclui serem os tiranos, males de todos os tempos e
de todos os lugares.
Inteligente o cenário de Roberto Galvão.
Marciano Lopes - Diário do Nordeste 27/06/88
109
A Comédia Cearense, o mais antigo grupo cênico em ativida-
de no teatro cearense, reassume a sua postura histórica e dá sinais
110 de que produzir teatro, no Ceará, ainda é possível, mesmo atraves-
sando turbulências econômicas nessa crise ingovernável. A Comé-
dia Cearense inaugura com a peça Os Fuzis da Senhora Carrar,
de Bertolt Brecht, o Teatro Arena Aldeota, uma belíssima casa de
espetáculos , aparelhada com requintes técnicos de primeira linha.
Um primor de teatro.
Precursora na produção teatral cearense, a Comédia, dirigida
pelo incansável Haroldo Serra, volta a ocupar o seu devido lugar
na animação cultural da cidade. Apoiada na estrutura econômica
do Colégio Christus, proprietário do Teatro Arena, a Comédia ide-
alizou aquela casa de espetáculos dentro dos padrões mais moder-
nos da tecnologia a serviço das artes cênicas. É um exemplo signifi-
cativo, partindo da iniciativa privada, nessa caatinga desértica, onde
a expressão teatral cearense padece de inanição ante a omissão e
incompetência dos órgãos públicos.
Quanto ao espetáculo, o texto revela o lado político do
engajamento circunstancial do autor alemão. Na família de pesca-
dores, comandada pela Sra. Carrar, viúva de um opositor do regime
franquista, durante a guerra civil, na Espanha, o teatro brechtiniano
empunha bandeira em defesa dos oprimidos, sufocados pela violên-
cia praticada na ditadura de Franco, que fulminou tantas vítimas.
O texto, por ser circunstancial e documentário de um período ne-
gro na história de um povo, meio século depois de escrito e encena-
do hoje, num Brasil a caminho da democracia, para nós, ecoa ape-
nas como uma revisão didática da obra de Brecht.
Na carpintaria interpretativa da peça , a trupe, formada na
maioria por atores detentores de currículos respeitados, o teatro
cearense, absorve aquilo consagrado na obra dramatúrgica de Brecht,
conhecido como distanciamento. Isto é, o mecanismo teatral, onde
E R R A
E A R E N S E
interiorização dos personagens. Enquanto Hiramisa (Sra. Carrar)
e Haroldo Serra (Operário) formam um duo afinado, compenetra-
C
do na transposição do teatro épico do autor. Os demais integrantes
O M É D I A
do elenco não destoam no contexto geral.
Fica para a direção da peça (Haroldo Serra) a função mais
complicada na proposta do grupo. Por ser uma das obras que foge
C D A
a dialética de Brecht, e que resvala no ilusionismo, característica
teatral susceptível a exercícios de efeitos, Os Fuzis da Senhora
N O S
Carrar, permite o uso de recursos no teatro convencional. Ora,
A
como conjugar o raro artifício ilusionista de Brecht numa sala
4 5
construída para a realização do teatro aberto, como é o Arena? As
R E T R O S P E C T I VA
soluções aplicadas por Haroldo, em grande parte, resolvem situa-
ções de adaptação ao teatro de arena. Em outras, como o abrir e
fechar janela, através do uso da mímica, quebram o natural da
ambientação. Em contrapartida a estrutura técnica, cenotécnica,
iluminação, adereços e cenários sustentam com competência a apli-
cação do trabalho.
Eliézer Rodrigues O Povo 22/10/88
A MENTE CAPTA
de Mauro Rasi
Segunda Versão
COMENTÁRIOS
E A R E N S E
revolução, por sinal, bem mais interessante: ele constrói atores e
atrizes para os seus espetáculos. Surpreendente. Ele começou, com
C
as peças infantis, deu certo e logo adotou o mesmo sistema para as
O M É D I A
produções dramáticas e para as comédias, como esta que está em
cena no Teatro Arena Aldeota, A Mente Capta, de Mauro Rasi,
paulista, detentor do Molière (1988) para autores.
C D A
É muito simples o procedimento de Haroldo Serra. Ele minis-
tra pequenos cursos de teatro a rapazes e moças com talento com-
N O S
provado e que o procuram, com desejos de ingressar no mundo do
A
teatro. O que Haroldo faz, é tão somente, despertar os valores ador-
4 5
mecidos desses jovens. E ensina os rudimentos da maquina teatral,
R E T R O S P E C T I VA
condicionando cada um ao papel que irá interpretar na peça pro-
gramada.
O resultado é surpreendente e pode ser constatado na peça aci-
ma referida, no Arena, A Mente Capta, na qual, de doze intérpretes
em cena, apenas quatro são profissionais, pois os estreantes, em
número de oito, formam um conjunto de peso e medida, perfeita-
mente harmônico e capaz de sustentar qualquer espetáculo, quer
seja uma comédia ou um drama de forte densidade. Do naipe estre-
ante, uma surpresa, é a Poliana Moraes, talvez a maior revelação
do nosso teatro, desde a talentosíssima Fernanda Quinderé. Ela
consegue impressionar e é preciso muita força interpretativa e muito
exercício cênico para contracenar com essa menina que, em silêncio
e sozinha em cena, tem o dom de contar uma história, tanto em
uma peça histriônica quanto uma tragédia. Ela é realmente incrí-
vel. Não fica muito distante, a talentosa Eugênia Siebra, também
de grande força dramática, da mesma maneira que Marinina Gruska
(agora substituída pela veterana Glyce Sales) Guglielmina Saldanha,
Sergio Alexandre, Euler Muniz e Kildary Pinho, este último, tam-
bém, uma agradável revelação de comediante. Dos profissionais,
além de Ary Sherlock, Rogério Medeiros e J. Arraes, que faz uma 113
Carmem Miranda mais aperfeiçoada nos trejeitos e no revirar
dos olhos do que a Carmem original. Uma gracinha. Quanto a
114 Hiramisa Serra, tarimbadíssima , é a doutora Rosa Cruz, a ana-
lista esquizofrênica, e é esta, sem dúvida, a sua criação maior, a
prova incontestável do seu imenso talento. Sua performance, é im-
pressionante. Seu semblante, graças a pequenos truques de maqui-
lagem e ao seu olhar, convence como uma verdadeira louca. É, sem
dúvida, uma das maiores atrizes desse país.
A Mente Capta, é uma deliciosa sátira aos modernos conceitos
da psiquiatria e da psicanálise, com as neuroses e esquizofrenias do
mundo conturbado de hoje e os seus analistas ou médicos de Alma,
não raro, mais neuróticos ou loucos do que os pacientes que os pro-
curam.
Sem jamais ter visto a montagem original da obra de Mauro
Rasi, Haroldo Serra fez uma direção livre e inseriu personagens
estranhos ao texto, como o Ney Matogrosso de Rogério Medeiros
e a Carmem Miranda de J. Arraes. E criou uma espécie de prólo-
go que fica a cargo do talento de Eugênia Siebra.
Obs. O espetáculo começa antes de começar (?). Tome cuida-
do com Ella!
Marciano Lopes Diário do Nordeste 24/06/89
E A R E N S E
Mauro Rasi é um iluminado nesta panorâmica moderna do absur-
do.
C
Ivonilo Praciano O Povo - 26/08/89
O M É D I A
A Mente Capta mostrou que a cultura cearense está no mais
alto nível. A peça é hilariante, mas deixa bastante ensinamentos
C D A
pisquiátricos
Lêda Craveiro Professora Universitária
A
4 5 N O S
A CASA DE BERNARDA ALBA
R E T R O S P E C T I VA
de Garcia Lorca Tradução de Walmir Ayala
115
116 O GÓLGOTA A PAIXÃO DE CRISTO
a partir do original de Almeida Garret
E A R E N S E
Carlos Magno, Wagner Ramos, Raul César, Jade Ciribelli,
Ismael Mattos e as meninas Lia e Carolina Serra.
C
Apoio Cênico: Francisco Falcão, Walden Luiz e Jadeilson
O M É D I A
Feitosa Perucas: Thony Cenotécnico: Bila Som e Luz:
Haroldo Neto C/Regra: Ana Patrício Caracterização, Fo-
tos e Direção de Arte: Haroldo Junior Figurinos: Hiramisa
C D A
Serra Iluminação, Ambientação e Direção: Haroldo Serra.
N O S
VERSÃO 2002
A
4 5
Com: Odair Prado, Veimires Lavor, Marcus Fernandes,
R E T R O S P E C T I VA
Hiramisa Serra, Hiroldo Serra, Walden Luiz, Haroldo Serra,
Lana Soraya, Eliacy Saboya, Rachel Haddad, Paulo Roque,
Paulo César Cândido, Francisco Falcão, Paulo Freitas, Wagner
Pereira, Edson Paz, José Tarcísio, Lúcio Leonn, Marcus Araú-
jo, Nonato Soares, Victor Augusto, Santana Júnior, João Ca-
valcante, Jaccidey Cavalcante, Aldo Pio, Lia e Carolina Serra.
Penteados: Paulinho Cabeleileiros - Luz e Som: Gustavo
Portela Conta-Regra: Ana Patrício Cenotécnico: Bila
Apoio Técnico: Francisco Falcão e Walden Luiz Adereços,
Fotos e Direção de Arte: Haroldo Júnior Texto Original:
Almeida Garret Iluminação, Ambientação e Direção:
Haroldo Serra.
COMENTÁRIOS
Cena Roubada
rido espetáculo.
O que interessa aqui, de fato, é ressaltar a feliz iniciativa da
S
E A R E N S E
Christus, tem um significado muito amplo para o fortalezense e
para a classe teatral. E mais que isto, oportuniza a conhecer um
C
ícone da dramaturgia universal, agora com uma roupagem, utili-
O M É D I A
zando técnicas da encenação moderna. Assim, para comportar a
produção no Arena, metade das poltronas foram retiradas, dando
lugar a vários palcos complementares, de forma a permitir conti-
C D A
nuidade das muitas cenas. Um elevador hidráulico foi instalado
para dar realismo à ascensão de Cristo ao céu.
N O S
O elenco foi integrado por Odair Prado, Veimires Lavôr, Marcus
A
Fernandes, Hiramisa Serra, Walden Luiz, Hiroldo Serra, Paulo
4 5
Roque, Haroldo Serra, Paulo César Cândido, Irish Salvador, Paulo
R E T R O S P E C T I VA
Freitas, Simone Sucupira, Silvana Salles, Itauana Ciribelli, Carlos
Jamacaru, Marcos Aurélio, Wagner Pereira, Jadeilson Feitosa, Lú-
cio Leonn, Marcos Araújo, Raimundo Nonato, João Luiz, Carlos
Magno, Wagner Ramos, Raul César, Jade Ciribelli, Ismael Matos,
e as meninas Lia e Carolina Serra. No apoio cênico: Francisco Fal-
cão, Walden Luiz e Jadeilson Feitosa. Perucas: Thony. Cenotécnico:
Bila. Som e Luz: Haroldo Neto. C/Regra: Ana Patrício, Caracteri-
zação, fotos e direção de arte: Haroldo Júnior. Figurinos: Hiramisa
Serra. Iluminação, ambientação e Direção: Haroldo Serra. Este com-
pletando 50 anos de teatro em 2002.
Quem perdeu a apresentação não fique triste, pois terá oportu-
nidade na próxima Semana Santa. Afinal O Gólgota A Paixão
de Cristo, inspirado no original de Almeida Garret, retornou para
ficar. Que bom!
Paulo Tadeu O Estado 21/12/01
O DOMINGO DA TRADIÇÃO
E A R E N S E
questões mais sutis , como as conjecturas e embates pessoais em
torno do julgamento de Jesus, e a própria marcante presença de
C
Judas como ente permeador da trama. Tais sutilezas, todo o teor
O M É D I A
implícito e menos ritualizado do espetáculo, são relegados em nome
de uma concepção cênica de projeção, feito já apostasse que o públi-
co, doutrinado pela tradição, houvesse de distinguir o drama deli-
C D A
cado por baixo de suas cenas imponentes. Para ajudar nisso, O
Gólgota cumpre seu mister de imprimir um ritmo bem resolvido
N O S
nas cenas e entre elas, de apresentar personagens seguros na sua
A
interpretação, e, salvo algum relapso em instantes tensos tratados
4 5
com descuido como a cena em que Pedro corta a orelha do Soldado e
R E T R O S P E C T I VA
Jesus nem-te-ligo; no mais o espetáculo é competente ao que se pro-
põe apresentar.
Apenas acredito que atuações como as de Hiroldo Serra, na
carne-alma de um Judas atormentado, Lucio Leonn, como um Dou-
tor implacável, e mesmo Paulo Roque, na espontaneidade telúrica
de seu general Romano, deveriam, por suas ampliações
interpretativas, escapando da retidão de um padrão, servir como
modelo para toda a montagem, afim de esta lograr uma perspectiva
trágica (porque humana) mais rica. Mas sei que isso é difícil, que
muito raramente as Paixões de Cristo pelo mundo afora, aqui perto
mesmo, em Nova Jerusalém, fogem ao prazer de evocar o mito que
há tantos (e há tempos) emociona pela própria tez mitológica. Ques-
tão de gosto.
Thiago Arrais O Povo 14/03/02
da Paixão faz isso. Há trinta anos ele espera por um grande amor
A R O L D O
E A R E N S E
Trilhos da Paixão, o vencedor do Prêmio Eduardo Campos de
Dramaturgia.
C
Caio teve a sorte de ver seu rebento vir ao mundo teatral, atra-
O M É D I A
vés das mãos do experiente, criativo e competente Haroldo Serra,
que além da direção, assina também a iluminação e a ambientação
do espetáculo.
C D A
Para dar vida ao texto, Haroldo Serra encontrou soluções sim-
ples, mas brilhantes. Um trem em cena, com seus sons e movimen-
N O S
tos. Uma chuva de serpentina luminosa. Um ponteiro de relógio,
A
que gira rapidamente. Fantasias, que caem do céu por um fio. Re-
4 5
cursos que funcionam com perfeição.
R E T R O S P E C T I VA
Um dos pontos fortes da montagem é a iluminação. As lem-
branças aparecem envoltas num misterioso azul poético. A luz azul
suaviza, dá um tom de melancolia.
Outro acerto é da marcação, limpa, sem atropelar as mensa-
gens. Marcação fielmente seguida pelo elenco que consegue, assim,
transmitir bem as características dos personagens criados por Caio
Quinderé.
Odair Prado faz uma boa interpretação do vendedor de livros,
viciado em palavras cruzadas, que espera vender uma de suas cole-
ções.
Expressiva, Itauna Ciribelli encarna a jornalista impaciente,
mas que também espera por um furo jornalístico custe o que cus-
tar.
Hiroldo Serra está muito seguro no papel de malandro, cheio
de ginga e sedução, à espera de novos clientes para seu produto
suspeito.
Hiramisa Serra, já bem conhecida dos palcos cearenses, traz o
tom cômico à peça, quebrando um pouco a tensão causada pela pa-
tética espera de José Maria dos Anjos, vulgo Pierrô, pela sua
colombina. 123
Ao ator Lúcio Leon coube a parte mais difícil: viver o intrigan-
te José Maria dos Anjos. Transmitir sua fé, sua paciência e resigna-
ção de quem espera por trinta anos, preso a um sonho.
124 Toda a espera de José Maria dos Anjos nos parece curta, no
entanto, quando assistimos a um espetáculo de qualidade, com fei-
ção moderna, que agrada pelo conjunto e pela poesia. Ainda mais
quando estamos no Nordeste, onde fazer teatro é sempre um desa-
fio.
Mônica Silveira - Diário do Nordeste 14/06/01
E A R E N S E
onde tudo é muito simples e absolutamente enquadrado no contex-
to. Os refletores serão acesos e em cena estará um Pierrot... Falta
C
a Colombina.
O M É D I A
É por ela que ele está a esperar. E o público será emocionalmen-
te conduzido a esperar também. A espera é inquietante e ansiosa.
Três décadas... Fácil imaginar mas a Dramaturgia não surge do
C D A
nada. Do cotidiano brota a inspiração do autor. Afinal, a vida é
muito mais teatral que a Dramaturgia.
N O S
Foi num detalhe perdido numa notícia de jornal que a inspira-
A
ção soprou baixinho e fundo na sensibilidade de Caio Quinderé. E
4 5
assim nasceu a poética e instigante história de Nos Trilhos da Pai-
R E T R O S P E C T I VA
xão.
Sozinho numa estação de trem, onde o frio muitas vezes inco-
moda e a solidão é companheira contumaz, José Maria dos Anjos
espera insone a amada.
Dificilmente, Haroldo Serra teria encontrado outro ator à al-
tura de Lúcio Leonn para interpretar José Maria dos Anjos, o
Pierrot. Hiramisa Serra, a grande atriz que os cearenses conhe-
cem, arranca risos da platéia com sua despachada personagem. Em
seus breves minutos no palco, confirma o talento que Deus lhe deu.
Itauana Ciribelli é jovem, bonita e tem vasto caminho a percorrer.
Odair Prado é outra boa surpresa. Em pequena participação, revela
estudo na composição do personagem e está muito bem em cena.
Hiroldo Serra faz o malandro, vivendo talvez seu melhor momento
no teatro. É linda a cena na qual ele, Itauana e Leonn compõem o
triângulo Arlequim-Colombina-Pierrot. Todos de máscara, simbo-
lizando essa grande paixão pela qual todos nós sempre esperamos
É o destino invariável de toda criatura humana, e as exceções só
confirmam a regra.
O José Maria dos Anjos de Lúcio Leonn é o anjo que
cada um de nós carrega dentro de si, escondido no fundo 125
do coração à espera do momento de completa entrega.
126 Nos Trilhos da Paixão é um documento vivo da força do Te-
atro Cearense, do teatro sério, comprometido com a qualidade, nas-
cido de estudos e dedicação, de partilha e troca de experiências.
O texto de Caio Quinderé é recheado de vários momentos de
farta poesia. Bom de ouvir, gostoso de ver. Dá vontade de levar uma
cópia para casa.
Vencedor do Prêmio Eduardo Campos de Dramaturgia, o tex-
to justifica o prêmio. Caio é um autor novo, de futuro promissor,
como disse Juca de Oliveira após ver o espetáculo. A Direção de
Haroldo Serra é primorosa! São funcionais, delicados e bonitos os
objetos cênicos e muito criativa a forma como chegam ao palco. É
especialmente bela a cena na qual a jornalista vai entrevistar o
Pierrot, acusando-o de ter assassinado a Colombina: uma cortina
se abre e num ambiente roxo, ornado por rosas vermelhas de vários
tamanhos, surge um caixão branco... A cena é de uma plasticidade
irrepreensível e comovente. Arrepia e emociona. É o ápice da dire-
ção de Haroldo. O espetáculo, não à atoa, foi selecionado para o
projeto EnCena Brasil, do Ministério da Cultura.
Aurora Miranda Leão - Diário do Nordeste 17/12/01
E R R A
S
A R O L D O
H
TEATRO INFANTIL
Segunda Versão
Paiva.
A R O L D O
H
Terceira Versão
E A R E N S E
Resultante do Curso de Informação e Prática Teatral, minis-
C
trado por Haroldo Serra, para sócios da AABB. Foi apresentada na
O M É D I A
sede do clube e posteriormente no Arena.
C D A
Com: Marinina Gruska, Eugênia Siebra, Poliana Moraes,
N O S
Sônia Sales, Adriana Bezerra, Rogério Medeiros e Kildary
A
Pinho.
4 5
Cenotécnicos: Raimundo e Catita Luz e Som: Hiroldo Ser-
R E T R O S P E C T I VA
ra Figurinos: Hiramisa Serra Ambientação, Iluminação e
Direção: Haroldo Serra.
SIMBITA E O DRAGÃO
de Lúcia Benedetti
Haroldo Serra.
H
Segunda Versão
E A R E N S E
Estréia: 07/09/66 Theatro José de Alencar
C O M É D I A
Com: Ayla Maria, Hiramisa Serra, Salete Dias, Hugo Bianchi,
Tereza Paiva, Roberto César e B. de Paiva.
Cenotécnico: Helder Ramos Luz: Lamartine Figurinos:
C D A
Hiramisa Serra Produção: Haroldo Serra Direção: B. de
Paiva.
A N O S
Terceira Versão
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Estréia: 14/12/75 Theatro José de Alencar
O CASACO ENCANTADO,
de Lúcia Benedetti
Segunda Versão
E A R E N S E
de J. Reis
C
Estréia: 10/05/59 Theatro José de Alencar
O M É D I A
Com: Hiramisa Serra, Mariinha Drumond, Cybele Pompeu,
C
Gonzaga Vasconcelos e Francisco Falcão. Cenotécnico: Helder
D A
Ramos - Luz: Lamartine Figurinos: Hiramisa Serra
N O S
Ambientação, Iluminação e Direção: Haroldo Serra.
A
4 5
A BELA ADORMECIDA
R E T R O S P E C T I VA
adaptação de Mariinha Drumond
Terceira Versão
Quarta Versão
E A R E N S E
Sonora, Ambientação, Iluminação e Direção: Haroldo Serra.
C O M É D I A
CIRCO RATAPLAN
de Pedro Veiga
C D A
Estréia: 12/10/60 Theatro José de Alencar
N O S
Com: Tereza Paiva, Hiramisa Serra, J. Oliveira, Haroldo Ser-
A
4 5
ra e Edilson Soares.
Cenotécnico: Helder Ramos Luz: Lamartine Figurinos:
R E T R O S P E C T I VA
Hiramisa Serra Produção: Haroldo Serra Direção: B. de
Paiva.
Segunda Versão
Terceira Versão
Segunda Versão
Terceira Versão
Quarta Versão
S
A R O L D O
E A R E N S E
Medeiros, Kildary Pinho, Ricardo Moreira e Poliana Moraes.
Iluminação, Ambientação e Direção: Haroldo Serra.
C O M É D I A
A qualidade de uma peça infantil a gente mede pela parti-
cipação do público no desenrolar do espetáculo. Neste Julga-
mento dos Animais, Eduardo Campos, o inimitável mestre do
C D A
folclore, encontra um dos momentos mais felizes como
teatrólogo.
N O S
Demonstrando um profundo conhecimento da nossa gente do
A
campo, Manuelito, transpõe para o mundo diminutivo do palco
4 5
toda a vida movimentada de uma fazenda típica do sertão, sem fal-
R E T R O S P E C T I VA
tar inclusive as diabruras de um moleque insolente, no caso o Meia-
Pataca, que é um carvão.
A exceção do moleque Meia-Pataca, de seu Valadão, do mé-
dico e do Vaqueiro, todos os demais personagens são animais: ju-
mento, vaca, cavalo, que encontraram admiráveis intérpretes nessa
encenação elogiável. O excelente texto é farto de diálogos
saborosíssimos e plenos daquele espírito tão característico do autor
de O Morro do Ouro.
Os intérpretes muito bem conduzidos por Hiramisa Serra, que
também faz o papel de Meia-Pataca, todos estão à altura do texto,
merecendo maiores encômios o Jumento de Luiz Derossy, ator
que se revela magistral comediante. Walden Luiz, como o médico, é
inigualável, o mesmo acontecendo com Zulene, que faz uma vaca
gozadíssima. João Antônio fazendo o cavalo está quase
irreconhecível, arrancando gargalhadas do público grande e peque-
no que tem acorrido ao José de Alencar todos os fins de semana.
Marcus Miranda, na pele do cruel e depois complacente fazendeiro
Valadão é o ator seguro de sempre. Hiramisa travestida de moleque
Meia-Pataca, dá mais um show de interpretação e ratifica o
título de atriz mais versátil do Ceará. 137
Em suma, O Julgamento dos Animais é um bom trabalho
de Eduardo Campos, plenamente aproveitado pela Comédia
138 Cearense e que merece ser visto mais de uma vez, não só por cri-
ança mais também pelos adultos, pois sua mensagem é válida para
todos.
Além do mais, Meia- Pataca é um carvão, queima!
Marciano Lopes O Estado 08/11/86
PEDRO E O LOBO
Adaptação de Haroldo Serra
E A R E N S E
adaptação de Haroldo Serra.
C
Estréia: 05/03/67 Theatro José de Alencar
O M É D I A
Com: Ayla Maria, Antonieta Noronha, Haroldo Serra,
C
Hiramisa Serra e Marcos Miranda.
D A
Figurinos: Hiramisa Serra - Ambientação, Iluminação e Di-
N O S
reção: Haroldo Serra.
A
4 5
Segunda Versão
R E T R O S P E C T I VA
Estréia: 06/07/91 Teatro Arena Aldeota
A BELA ADORMECIDA
adaptação de Geraldo Markan e Leão Junior.
Segunda Versão
Terceira Versão
E A R E N S E
de Kleber Fernandes
C
Estréia: 12/10.68 Theatro José de Alencar
O M É D I A
Com: Haroldo Serra e Hiramisa Serra.
C
Cenário: Equipe de Alunos da Faculdade de Arquitetura da
D A
UFC Figurinos: Hiramisa Serra Cenotécnico: Helder Ra-
N O S
mos- Luz: Helio Brasil Iluminação e Direção: Haroldo Serra.
A
4 5
SEGUNDA VERSÃO
R E T R O S P E C T I VA
Estréia: 05/01/80 - Teatro Móvel
TERCEIRA VERSÃO
ABELINHA SONHADORA
de Nati Cortez
E A R E N S E
Melhor Espetáculo Infantil, prêmio SNT de 1976 Publicado na
revista Comédia Cearense n. 7 (esgotado).
C O M É D I A
Estréia: 10/10/76 - Theatro José de Alencar
C D A
Guilherme, Arlindo Araújo e Hiroldo Serra.
Música: Haroldo Serra Arranjos e Interpretação: Mário
N O S
Mesquita e Arlindo Araújo Figurinos: Hiramisa Serra Luz
A
e Som: Haroldo Junior Iluminação, Ambientaçãso e Dire-
4 5
ção: Haroldo Serra.
R E T R O S P E C T I VA
A MENINA SEM NOME
de Guilherme Figueiredo e música de Aluysio de Alencar Pinto
SEGUNDA VERSÃO
E A R E N S E
teatro tradicional. Munidas de papel e lápis, as crianças, junta-
mente com os atores, desenham à vontade. A sensação é de que ali,
C
no pequeno espaço do Teatro Móvel, está nascendo um mundo novo,
O M É D I A
onde são tomadas decisões e criadas formas de vida: terra ou não,
máquina ou não... tudo pode ser mudado, afinal o mundo é passível
de transformações. Aliás, parece ser este o principal objetivo pro-
C D A
posto pelo criativo João das Neves quando escreveu A Lenda do
Vale da Lua.
N O S
Também bastante criativa é a montagem da Comédia Cearense.
A
Simples, despojada, mas riquíssima em brincadeiras populares, coi-
4 5
sas que não se fazem há muito tempo. Os próprios atores fazem
R E T R O S P E C T I VA
questão de assumir a simplicidade e pobreza do espetáculo, como
querendo dizer às crianças: Olha, nosso povo, infelizmente, é muito
pobre, mas tem brincadeiras ricas e alegres.
E assim a peça se desenvolve, com imaginação e criatividade.
Pedaços de lenços são transformados em brisas, de papelão em tele-
visores, e o próprio Boi Estrela é montado em cima do tablado com
varetas e tiras de pano. Os atores Arnaldo Matos, Hiramisa Serra,
Walden Luiz e Rachel Hadad, com leveza e harmonia, comandam o
espetáculo, Sonham com as estrelas, contam histórias da lua sem-
pre atormentada pelos astronautas que lhe roubam preciosas pedri-
nhas e criam o Boi Estrela, a alegria do vale.
O conflito é estabelecido quando as crianças e o fogoso boi dei-
xam o vale e resolvem dar um passeio pela cidade: edifícios, carros,
televisores. Lá o Boi Estrela é atropelado por um carro, e como no
folguedo tradicional, morre, sendo ressuscitado mais tarde, com
canções populares. Fica aí estabelecida também a morte da cultura
popular na cidade grande.
É bastante significativa a montagem da Comédia Cearense,
principalmente quando sabemos que poucos grupos no Brasil se
dedicam honestamente ao teatro infantil. O que se vêem, atual- 145
mente, com raras exceções, são empreendimentos comerciais,
cujos espetáculos são vendidos como picolés da Kibon ou choco-
146 lates da Nestlé. A Lenda do Vale da Lua está sendo mostrada, no
Teatro Móvel, sempre aos domingos, às 17 horas. Vale a pena
assistir.
José Anderson Diário do Nordeste
ROMÃO E JULINHA
de Oscar Von Pfuhl
E A R E N S E
Hiramisa Serra Som e Luz: Brasil - Música: César Barreto-
Iluminação e Direção: Haroldo Serra.
C O M É D I A
Segunda Versão
C D A
Com: Arnaldo Matos, Ayla Maria, Rogério Medeiros, J.Arraes,
N O S
Anchieta Lacerda, Dora Lima, Hiroldo Serra, Domingos Neto,
A
Angela Cristina, Karine Bessa, Kelly de Castro, Rosana
4 5
Schiaerentolla, Érico, Álvaro, Pierre, Roberto, Dodth, e
R E T R O S P E C T I VA
Haroldo Neto.
Som e Luz: Massilon Moura Figurinos: Hiramisa Serra
Ambientação: José Tarcísio Música: César Barreto Ilumi-
nação e Direção: Haroldo Serra.
talento como ótimo comediante. Por sua vez, Ayla Maria, além de
A R O L D O
E A R E N S E
são avós de Haroldo Neto. Domingos Neto, é filho da talentosa
Glyce Sales. Um atestado de que o Teatro Cearense começa a fazer
C
gerações. E tradições...
O M É D I A
Marciano Lopes Diário do Nordeste 10/09/88
C
CINDERELA
D A
N O S
Adp. Livre de Hiramisa Serra
A
4 5
Estréia: 07/04/91 Teatro Arena Aldeota
R E T R O S P E C T I VA
Com: Manoela Villar Queiroz, Hiroldo Serra, Guglielmina
Saldanha, Poliana Moraes, Solange Teixeira, Adriana Chagas,
Kildary Pinho, Ulisses Narcísio, Sara Lacet, Simone Sucupira,
Cibele Mathias, Joelise Collyer, Carolina Firmino, Poliana
Gonçalves e Karla Farias.
C/Regra: Ana Patrício Cenotécnica: Bila Penteados:
Paulinho Cabeleireiro Perucas: Marlene Silveira -Som e Luz:
Francisco Costa Música: Herlon Robson Figurinos:
Hiramisa Serra Iluminação, Ambientação e Direção:
Haroldo Serra.
2a. Versão
O GATO DE BOTAS
adaptação livre de Walden Luiz
PINOCCHIO
adaptação livre de Walden Luiz
E R R A
E A R E N S E
Figurinos: Hiramisa Serra Caracterização e Direção de
Arte: Haroldo Junior Iluminação, Ambientação e Direção:
C
Haroldo Serra.
O M É D I A
O QUEBRA-NOZES
C D A
Adap: Walden Luiz
N O S
Adaptada a partir de um conto de Alexandre Dumas Filho
A
4 5
(inspirado em Hoffman) e música de Tchaikovsky. Encenada em
homenagem ao centenário de morte do compositor.
R E T R O S P E C T I VA
Estréia: 13/03/93 Teatro Arena Aldeota
A BELA E A FERA
adp. livre de Glyce Sales
ABRACADABRA,
de Maria Irismar - Música de Paurillo Barroso
E R R A
E A R E N S E
dor - Odair Prado Maira Saldanha Nágila Sobral - Naiana
e Neiara Serra.
C
Coreografia: Nádia Uchôa Arranjos Musicais: Nízia Diogo
O M É D I A
Luz: Serra Neto - Ambientação, iluminação e Direção:
Haroldo Serra.
C D A
O MÁGICO DE OZ
N O S
Adap. livre de Walden Luiz
A
4 5
Estréia: 06/08/94 - Teatro Arena Aldeota
R E T R O S P E C T I VA
Com: Márcia Sucupira, Hiroldo Serra, Cláudio Jaborandy,
Odair Prado, Irish Salvador, Silvana Salles, Marcos Araújo,
Poliana Moraes e Roberto Reial.
Contra-Regra: Ana Patrício Som e Luz: Bento Figurinos:
Hiramisa Serra Arranjos Musicais: Haroldo Ribeiro Ca-
racterização e Direção de Arte: Haroldo Junior Iluminação,
Ambientação e Direção; Haroldo Serra.
PETER PAN,
Adap. livre de Walden Luiz
O DETESTINHA
de Dimitri Túlio
MARIA
Adap. livre de Hiroldo Serra
S
A R O L D O
E A R E N S E
Serra, Poliana Moraes, Carolina e Lia Serra.
Contra-Regra: Ana Patrício Luz e Som: Jadeilson Feitosa
C
Figurinos: Hiramisa Serra - Caracterização e Direção de Arte:
O M É D I A
Haroldo Junior Iluminação, Ambientação e Direção:
Haroldo Serra.
C D A
A DAMA E O VAGABUNDO
N O S
Adap. de Hiroldo Serra
A
4 5
Estréia: 11/05/97 Teatro Arena Aldeota
R E T R O S P E C T I VA
Com: Itauana Ciribelli, Hiroldo Serra, Odair Prado, Irish Sal-
vador, Hiramisa Serra, Silvana Salles, Jadeilson Feitosa, Kalina
de Carvalho, Nayane de Carvalho, Carolina e Lia Serra.
Contra-Regra: Ana Patrício Luz e Som: Haroldo Neto
Direção Musical: Carlinhos Crisóstomo Figurinos: Hiramisa
Serra - Caracterização e Direção de Arte: Haroldo Junior
Iluminação, Ambientação e Direção: Haroldo Serra
FAMÍLIA ADDAMS
Adap. livre de Hiroldo Serra e Itauana Ciribelli
O SOLDADINHO DE CHUMBO
adap. livre de Hiroldo Serra
E A R E N S E
Adap. livre de Hiroldo Serra
C
Como resultado de um teste, com mais de cem garotos para
O M É D I A
escolha do intérprete para o personagem Mogli, três candidatos se
destacaram: Pablo, André e Arthur. A Direção resolveu aproveitar
C
os três, revezando os candidatos a cada semana.
D A
N O S
Estréia: 09/10/99 Teatro Arena Aldeota
A
4 5
Com: Pablo Vitoriano, André Goes, Arthur Frota, Hiroldo
Serra Silvana Salles Poliana Moraes Paulo Roque Lú-
R E T R O S P E C T I VA
cio Leonn Christiane Goes Lia e Carolina Serra.
Luz e Som: Haroldo Neto - Caracterização e Direção de Arte:
Haroldo Junior Figurinos: Hiramisa Serra Ambientação,
Iluminação e Direção: Haroldo Serra.
E A R E N S E
discutíveis de sua obra.
O tempo parece não reduzir o ânimo e a capacidade do querido
amigo na realização daquilo que é o oxigênio de sua vida, a força
C O M É D I A
que move sua ação cotidiana: o Teatro. E é com prazer que o reen-
contramos agora na produção de uma peça infantil de tanto bom
gosto e de agrado absoluto, em cena no espaço do Teatro de Arena
C
do Colégio Christus, na Aldeota.
D A
Nesta versão alencarina de As Mil e Uma Noites depara-
N O S
mos-nos com muitos detalhes que fazem de Haroldo e Hiramisa
A
artistas de respeitável grandeza no campo do teatro brasileiro. Es-
4 5
tão presentes na peça, antes de tudo, o poder de improvisação e o
R E T R O S P E C T I VA
talento criativo que superam as limitações para uma montagem
mais suntuosa.
O guarda-roupa, por exemplo, foi produzido por Hiramisa
Serra e consegue encantar pela graciosa policromia das fantasias
ostentadas pelas várias e belas odaliscas.
Vale a pena ver As Mil e Uma Noites, aos sábados e domin-
gos, no Christus, mais uma forte demonstração do talento dessa
predestinada família de artistas devotada ao teatro.
Blanchard Girão Diário do Nordeste
OS DÁLMATAS
adap. livre de Hiroldo Serra
1965
Placa de Bronze no Theatro José de Alencar:
1966
Placa de Bronze no Theatro José de Alencar 19/10/66
1970
E R R A
E A R E N S E
julgadora e Segundo Lugar pelo Júri Popular
Melhor Diretor Haroldo Serra
C
Melhor Ator - Haroldo Serra
O M É D I A
Melhor Figurino - Flávio Phebo
Melhor Sonoplastia - Hélio Brasil
Melhor Ator Coadjuvante - Walden Luiz
C D A
Menção Honrosa de Atriz Jacy Fontenele
Menção Honrosa de Atriz Coadjuvente Regina Távora
N O S
Menção Honrosa de Ator Coadjuvante Paulo Silveira
A
4 5
De volta a Fortaleza, é promovida pelo Jornal O Povo, A Noi-
R E T R O S P E C T I VA
te do Arlequim com presença do Governador do Estado, várias
autoridades e a classe teatral. A Comédia ganha Placa de Bronze
no saguão do Theatro José de Alencar:
À Comédia Cearense e a Haroldo Serra que com a peça O
Simpático Jeremias, de Gastão Tojeiro, ganharam no II Festival de
Teatro de São José do Rio Preto, os troféus de Melhor Espetáculo,
Melhor Diretor e Melhor Ator, a homenagem do Jornal O Povo
- Agosto de 1970
163
164 1971
III Festival Nacional de Teatro Amador de São José do
Rio Preto SP - 1971
1974
Em 5 de outubro a Comédia ganha Placa de Bronze, pela
inauguração do Teatro da Emcetur, com a peça de Eduardo Cam-
pos, O Morro do Ouro.
1976
Com a peça infantil O Planeta das Crianças Alegres, de
Ciro Colares, a Comédia Cearense ganha o prêmio Melhores do
Ano pelo Serviço Nacional de Teatro.
E R R A
1977
S
A R O L D O
E A R E N S E
com a amizade e a gratidão das Oito Mulheres Maria José Braz,
Dayse Griezer, Maria Helena Macêdo, Carla Fagundes, Edneuma
C
Melo, Ana Maria Macêdo e Walderez Vitoriano. 12/77.
O M É D I A
Do Dr. Luiz Campos ao Diretor e Ator Haroldo Serra - Abril /77
C D A
Em homenagem aos 25 anos de teatro de Haroldo Serra, o
Instituto Brasil-Estados Unidos apresenta a peça Abe Lincoln em
N O S
Illinois no Teatro do IBEU, dia 4 de abril às 21 horas. Em seguida
A
será oferecido um coquetel no pátio do Ibeu.
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Placa de Bronze no Theatro José de Alencar:
Dezembro de 1977
1978
Melhor Espetáculo Serviço Nacional de Teatro com
a peça Rashomon, de Eduard Fay e Michel Kamin com
tradução de Mário da Silva, que inaugurou o Teatro do Cen-
tro de Convenções, dentro das comemorações do
Cinqüentenário do jornal O Povo. - 24/02/78.
1979
A Câmara Municipal de Fortaleza, no ano do transcurso do
Sesquicentenário de Nascimento de José de Alencar, concede a
Haroldo Serra o Diploma Sesquicentenário de Alencar pelo seu
devotamento à causa da Cultura Brasileira. José Barros de Alencar
Presidente. Em dezembro de 1979
E A R E N S E
Plaqueta de Bronze oferecida pelas entidades assistenciais,
C
ACE e ACAD em 04/09/81
O M É D I A
1982
C D A
Plaqueta de Bronze- Haroldo Serra, as palmas da platéia e
N O S
do elenco do Morro do Ouro, nos seus 30 anos de Teatro Martha
A
Vasconcelos em 15/09/82.
4 5
R E T R O S P E C T I VA
À Comédia Cearense a homenagem do Programa Irapuan
Lima, pelos 25 anos de Atividades.
Conselho de Cultura
Sr. Haroldo Serra
17/09/82
1984
Hiramisa Serra Diploma de Grande Colaborador da Cultu-
ra Cearense, por seu Apoio e Participação nos Eventos Culturais do
Ceará Paulo Peroba Produções Culturais do Nordeste.
1985
Diário Oficial
27/07/85
E R R A
Conselheiro
S
A R O L D O
E A R E N S E
Troféu Carlos Câmara Agraciado: Haroldo Serra Pro-
C
moção do Grupo Balaio - (Outros agraciados: B. de Paiva e Edilson
O M É D I A
Soares)
C
Plaqueta de Bronze- Honra ao Mérito 30 anos de Comédia
D A
Cearense 1957/1987 - Fundação Cultural de Fortaleza Presi-
N O S
dente Cláudio Pereira.
A
4 5
Assembléia Legislativa
Sr. Haroldo Serra
R E T R O S P E C T I VA
Tenho a satisfação de comunicar-lhe que a Assembléia
Legislativa do Ceará, em atendimento ao requerimento do Senhor
Deputado Teodorico Menezes, aprovou e inseriu em Ata voto de
congratulações pelos trinta anos da Comédia Cearense.
Atenciosamente,
Deputado Luiz Pontes
Primeiro Secretário
1988
I Festival de Teatro Infantil do SESC
Organizado por Walfrido Salmito
Conselho de Cultura
Sr. Diretor da Comédia Cearense
07/11/88
Conselho de Cultura
Ilustríssima Atriz, Hiramisa Serra
Atenciosamente,
José Blanchard Girão
S
E A R E N S E
Promoção do Grupo Balaio (Outros agraciados: Glyce Sales e
Hugo Bianchi).
C O M É D I A
Prêmio Destaque do Grupo Balaio
C D A
Atriz: Lourdinha Martins ( Rosa do Lagamar )
Hiramisa Serra (Conjunto de Trabalhos)
N O S
Cenário: Roberto Galvão (Os Fuzis da Senhora Carrar)
A
Especiais: Colégio Christus (Construção do Teatro
4 5
Arena Aldeota)
R E T R O S P E C T I VA
Hiramisa Serra (30 anos de Teatro}
1989
I FESTIVAL DE TEATRO DO SESC
1991
Plaqueta de Bronze- À Comédia Cearense pelo transcurso do
segundo aniversário do Projeto Teatro Permanente. Fundação
Cultural de Fortaleza Presidente Cláudio Pereira Julho de 1991.
E A R E N S E
Plaqueta de Bronze 82o Aniversário do Theatro José de
C
Alencar Homenagem aos Ex-Diretores À Sra. Hiramisa Serra o
O M É D I A
nosso agradecimento 17/06/92
C
Plaqueta de Bronze 82o. Aniversário do Theatro José de
D A
Alencar Homenagem aos Ex-Diretores À Haroldo Serra o nos-
N O S
so agradecimento 17/06/92
A
4 5
Prêmio Destaque do Grupo Balaio
R E T R O S P E C T I VA
Ator: Euler Muniz ((Pinocchio}
Sonoplastia: Haroldo Serra (Casamento de Dona Baratinha)
Revelação: Odair Prado (O Gato de Botas)
Especial: Haroldo Serra (40 anos de Teatro)
1993
A Fundação Cultural de Fortaleza concede a Hiramisa Serra a
Placa de Honra ao Mérito pelos seus relevantes serviços prestados à
Cultura e a Ciência. Dia da Cultura Cláudio Pereira Presiden-
te. Em 05/11/93.
1994
Prêmio Destaque do Grupo Balaio
1995
I FESTIVAL DE FORTALEZA 1995
Prêmio Waldemar Garcia
E A R E N S E
Prêmio Destaque do Grupo Balaio
C O M É D I A
Autor: Dimitri Túlio (O Detestinha)
Figurino: Hiramisa Serra (A Onça e Bode)
C
Atriz Coad.: Poliana Moraes (Cinderela)
D A
Revelação: Itauana Ciribelli (Branca de Neve)
N O S
1997
A
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Troféu Carlos Câmara- Agraciado: Comédia Cearense
40 Anos. Promoção do Grupo Balaio (Outros agraciados: Ilclemar
Nunes e Muriçoca)
Senhor Diretor
Prezado Senhor
E A R E N S E
forma mais justa.
Diante disso o Teatro da Praia, filho caçula do movimento te-
C
atral, sente-se no dever de saudar esse importante antecessor e de-
O M É D I A
sejar que suas produções continuem a atravessar décadas, num res-
gate honroso daquilo que sabemos melhor fazer: Teatro.
Carri Costa
C D A
Câmara Municipal de Fortaleza
N O S
Presidente: Acilon Gonçalves
A
20 de setembro de 1997
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Cidadão de Fortaleza
Merecimento
1998
Prêmio Destaque do Grupo Balaio
E A R E N S E
Prêmio Destaque do Grupo Balaio
C O M É D I A
Ator: Hiroldo Serra (Peter Pan)
Ator Coad.: Jadeilson Feitosa (Peter Pan)
C
Paulo Roque (Mogli, O Menono Lobo)
D A
N O S
2000
A
4 5
Governo do Estado do Ceará
R E T R O S P E C T I VA
Secretaria de Educação Básica
Homenagem Especial
Antenor Naspolini
Secretário de Educação Básica 27/11/2000
2002
HAROLDO SERRA RECEBE HOMENAGEM NO TJA
O Povo 07/01/02
H
Coordenadoria de Assistência Social
E A R E N S E
Célula em Co-Gestão da Secretaria do
Trabalho e Ação Social SETAS
C O M É D I A
Esta Coordenação tem a honra de participar que V. Sa. foi in-
dicado para ser homenageado por seus relevantes serviços presta-
dos às Artes Cênicas, tanto no Ceará quanto a nível nacional.
C D A
Contamos com sua presença no dia 17 de janeiro de 2002 no
teatro SESC Emiliano Queiroz às 15h para receber nossas homena-
N O S
gens.
A
4 5
Regina Ângela Sales Praciano
R E T R O S P E C T I VA
Coordenadora
Atenciosamente,
Vereador Francisco Matias
Primeiro Secretário
Teatro da Praia
09/02.
HA R O L D O
Sereia de Ouro
E A R E N S E
Edilmar Norões comunicou a Haroldo Serra, em nome de D.
C
Yolanda Queiroz, a sua escolha para o troféu Sereia de Ouro.
O M É D I A
Também foram agraciados: Irmã Elizabeth Silveira; Prof. Roberto
Cláudio Bezerra e Jornalista Luiz Edgar Andrade. A solenidade
acontecerá no dia 27 de setembro de 2002, no Ideal Clube.
C D A
Por iniciativa do Vereador Heitor Férrer a Câmara Municipal
N O S
de Fortaleza, outorgará a Haroldo Serra, a Medalha Boticário
A
Ferreira.
4 5
R E T R O S P E C T I VA
183
EDITORA COMÉDIA CEARENSE
E A R E N S E
infantis Zartan, O Rei das Selvas, de Ilclemar Nunes; O
Planeta das Crianças Alegres, de Ciro Colares e O Julga-
C
mento dos Animais, de Eduardo Campos. 1981 (esgotada).
O M É D I A
Nº 8 Informações do Grupo e textos completos das burletas
Calu e Alvorada, de Carlos Câmara. 1981 (esgotada).
C D A
Nº 9 Informações do Grupo Comemorativa dos 25 anos
N O S
da Comédia Cearense e textos completos das peças O
A
Morro do Ouro e Rosa do Lagamar de Eduardo Cam-
4 5
pos. 1982 (esgotada).
R E T R O S P E C T I VA
Nº 10 Informações sobre o Grupo e texto completo da
opereta A Valsa Proibida, de Paurillo Barroso. 1984 (esgo-
tada).
Haroldo,
Procópio 30/11/69
190 Como se vê, Procópio, além de grande ator, era um verdadeiro
gentleman. Felizmente tive o prazer de conhecer na área teatral
outras personalidades não menos cordiais, uma delas é Sábato
Magaldi.
Em princípios de 1981 era iminente a venda, pela Universida-
de Federal do Ceará, do prédio vizinho ao Theatro José de Alencar,
que por direito pertencia ao Estado do Ceará. À época diretor do
teatro, procurava evitar, por todos os meios, que de repente, o pré-
dio privatizado, viesse abrigar sei lá o que...
Enviei correspondência consubstanciada a Sábato, então mem-
bro do Conselho Federal de Cultura, municiado por dados que me
foram fornecidos por Liberal de Castro. A resposta se fez de pronto:
Rio, 16/10/81
Prezado Haroldo:
E A R E N S E
Sr. Presidente, Srs. Conselheiros:
C O M É D I A
O Magnífico Reitor da Universidade Federal do Ceará
oficiou ao Excelentíssimo Senhor Governador daquele Es-
tado, propondo a venda do imóvel situado na esquina da
C D A
rua 24 de Maio com Liberato Barroso, em Fortaleza, onde
se acha instalada a antiga Faculdade de Odontologia, atual
N O S
Curso de Odontologia do Centro de Ciências da Saúde. O
A
terreno se incorporaria ao Theatro José de Alencar, tomba-
4 5
do pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Naci-
R E T R O S P E C T I VA
onal, o que é uma velha reivindicação dos responsáveis pela
casa de espetáculos, já que ampliariam os jardins e se adap-
taria uma construção ali existente para apoio das ativida-
des artísticas.
Informa o Magnífico Reitor que a alienação do imóvel
foi autorizada pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da
Republica, por meio do Decreto n. 86.031, de 27 de maio de
1981, e pondera que, se terceiros o adquirissem, poderia que-
brar-se a unidade arquitetônica do Teatro, com uma
edificação inconveniente para a beleza do logradouro.
É de louvar-se a preocupação do Magnífico Reitor que,
de acordo com a avaliação feita pelo Departamento de Obras
e Projetos da UFC, propõe a compra pelo preço de
Cr$124,897.040,00 (cento e vinte e quatro milhões oitocentos
e noventa e sete mil e quarenta cruzeiros).
Pelo que sei, ninguém admite em Fortaleza que o imó-
vel tenha destino diferente da incorporação ao Theatro José
de Alencar.
Ciente das dificuldades financeiras e jurídicas do Go-
verno do Ceará para realizar a transação, venho pedir que 191
este Conselho seja mediador no encaminhamento do pro-
blema, para que ele tenha um desfecho feliz.
192 E não me parece difícil. Na realidade, o imóvel que a
Universidade pretende agora vender ao Estado do Ceará foi
por ele cedido à Faculdade de Medicina, mediante condi-
ções constantes da Lei n. 55, de 17 de novembro de 1947. As
cláusulas salvaguardam os interesses do Estado, inclusive a
de voltarem os mencionados prédios e terreno ao patrimônio
do mesmo Estado se a Faculdade de Medicina não for efeti-
vamente fundada ou, se o for, não preencher de qualquer
maneira as suas finalidades. Ora, instalando-se a Faculda-
de de Odontologia da Universidade, atual ocupante do imó-
vel, no bairro de Porangabussu. Deixa ele de preencher as
suas finalidades, devendo pura e simplesmente reverter ao
patrimônio do Estado, que lhe dará a melhor destinação. A
devolução da área ao Governo do Ceará, sem nenhum ônus,
já que o imóvel serviu durante trinta anos ao ensino, é ato
elementar de justiça.
Sem aprofundar a questão jurídica, seria possível pre-
ver que, se a Universidade Federal alienasse o imóvel a ter-
ceiros, o Estado, em face das condições previstas na citada
Lei n. 55, de novembro de 1947, teria o direito de impugnar
a transação. E, entre dois órgãos da administração pública,
não cabe esse gênero de pendência.
O Governo do Ceará já havia solicitado ao Ministro da
Educação e Cultura a doação ou cessão gratuita do imóvel,
com o objetivo de construir o jardim da face poente do
Theatro José de Alencar. O Excelentíssimo Senhor Ministro
Eduardo Portella, então titular da pasta, respondeu ao
Excelentíssimo Senhor Governador do Ceará, alegando que,
No momento, entretanto, torna-se difícil atender a solicita-
E R R A
E A R E N S E
ao Ministério poderá pôr fim a uma questão do maior inte-
resse para o embelezamento de uma área tombada pelo
C
Patrimônio Histórico. O Estado do Ceará compromete-se,
O M É D I A
em contrapartida, a implantar os jardins projetados pelo
grande paisagista Roberto Burle Marx, demolindo todas as
edificações sem significado arquitetônico ora ali remanes-
C D A
centes, conservando apenas o pequeno e quase secular edi-
fício construído para a sede da Escola Normal, que será de-
N O S
vidamente restaurado para uso de serviços auxiliares do Te-
A
atro, tais como ensaios de peças, escolas de dança etc.
4 5
A boa vontade do Excelentíssimo Senhor Ministro Ru-
R E T R O S P E C T I VA
bem Ludwig poderá levar à revogação do Decreto n. 86.031,
de 27 de maio de 1981, que autorizou a Universidade Fede-
ral do Ceará a alienar o imóvel, devolvendo-se ele ao Estado
do Ceará, com o objetivo de servir a um tão nobre projeto
artístico e cultural.
E A R E N S E
Teatro Rachel de Queiroz será terminado...
... Mais uma vez o nosso agradecimento e aqui na Sociedade
C
de Cultura Artística o sr. terá sempre boa vontade, interesse e ale-
O M É D I A
gria em lhe servir.
Há melhor pagamento?
C D A
O bom nesse apoio que temos dado a implantação de casas de
N O S
espetáculos de nossas cidades interioranas é, quase sempre, a opor-
A
tunidade da Comédia Cearense encenar, na inauguração, um espe-
4 5
táculo de seu repertório.
R E T R O S P E C T I VA
A pedido do então Governador Adauto Bezerra, acompanha-
mos a implantação do Teatro Municipal de Juazeiro. Para inaugu-
ra-lo, por convite do Prefeito Orlando Bezerra, encenamos O Morro
do Ouro, de Eduardo Campos. Teatro lotado, muitos aplausos.
Uma noite memorável...
Senhor Diretor
E A R E N S E
tos, recortes, documentos, etc.) e nos encarregaríamos de promover,
junto a estabelecimentos de ensino e entidades culturais, a visita a
C
interessados.
O M É D I A
Ficaria, ainda, acertado que no caso de não ser mais possível a
permanência do Museu no T. J. de Alencar, o acordo seria desfeito,
sem que nenhuma parte envolvida tivesse direito a objeções.
C D A
Aproveito o ensejo para apresentar-lhe os mais sinceros pro-
testos de elevada estima e consideração.
A N O S
Atenciosamente
4 5
Ricardo Guilherme
R E T R O S P E C T I VA
Diretor do Museu de Teatro de Fortaleza
E A R E N S E
Ventos Uivantes adaptação do romance de Emille Brontè.
Estes quatro permaneceram fiéis ao sonho original. Suas
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teatrografias somam mais de um milhar de criações de espetáculos,
O M É D I A
como autores, atores e diretores. Hoje em dia na história do Teatro
Brasileiro, poucos são os que mais produziram, não apenas no Cea-
rá, em todo o Brasil. Nenhum grupo permaneceu mais fiel aos seus
C D A
princípios, enfrentado todas as transformações sócio-politíco-eco-
nômicas porque tem passado a província e o país. Não sobrevive-
N O S
ram somente do trabalho cênico, todos têm atividades outras. Marcus
A
Miranda, que Deus levou recentemente, era professor da Universi-
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dade Federal do Ceará, tendo feito televisão onde criou um dos per-
R E T R O S P E C T I VA
sonagens mais famosos da crônica cultural de Fortaleza, o
Praxedinho. Hugo Bianchi, foi professor do Conservatório Naci-
onal de Teatro, depois lecionou no Curso de Arte Dramática da
UFC e, por acidente de percurso burocrático, bastante injusto, não
recebeu o direito de aposentadoria. Este escrivinhador é professor
aposentado da Universidade de Brasília, (com passagens na UFC e
na UniRio, ator e diretor de Teatro, rádio, cinema e televisão) e
Haroldo Serra. Dos quatro, dois constituíram famílias: Haroldo
Serra tem três filhos: Haroldo Júnior, artista plástico e publicitário
premiado, Hiroldo, (Pedagogo, pós-graduado em Educação Artísti-
ca, Professor de Teatro e também Ator, fazedor de muitas coisas no
palco, continuador das artes do pai e da mãe Hiramisa) e a filha
Harolmisa... e lhe deram netos. O escriba que assina esta memória,
tem dois filhos: o mais novo, Carlos Bittencourt, está em Fortaleza,
graduado e pós-graduado em comunicações e Elizabeth, museóloga,
está mornado no Rio, cada um com uma filha.
De todos, o permanente e fiel amigo de Fortaleza, Haroldo Serra,
foi quem conseguiu concretizar o maior trabalho em termos de
experimentalismo e fidelidade às suas origens. Nenhum diretor re-
alizou o que, em termos nacionais, tanto projetou o nome de seu 199
Estado, na área de teatro. Diretor convidado para encenar espetá-
culos em São Paulo, reconhecido como inovador nas suas mise-en-
200 scene de O Simpático Jeremias e O Morro do Ouro, (espetá-
culos premiados em festivais nacionais, reconhecidos por críticos
como Sábato Magaldi, a quem a Comédia deve muitas recomenda-
ções; criou um espaço cênico que foi modelo para várias regiões do
País, o Teatro Móvel, sem fins lucrativos, apresentava as mais di-
versas manifestações culturais. Haroldo vem editando ha mais de
30 anos, a Comédia Cearense, revista que é documento histórico
dos mais importantes do Ceará, como crônica das atividades
fortalezenses das últimas décadas. Poucos são os amadores destes
últimos 45 anos que não passaram pelas mãos do Haroldo Serra:
Ricardo Guilherme, (que lhe deve não apenas a oportunidade de
iniciar-se ao reconhecimento público do sul e a quem deu apoio,
quando diretor do Theatro José de Alencar, para a criação do Museu
Cearense de Teatro); Aderbal Júnior, (homem de rádio no inicio,
ator de muitos espetáculos e hoje Aderbal Freire Filho um dos
mais importantes encenadores do País, inclusive no Uruguai, dei-
xou a advocacia, herança da família, a partir do pai, Aderbal Freire);
Glyce Sales, (integrante do TEA em 52, que fez a estréia nacional
de Lampião, de Rachel de Queiroz, magnífica atriz e poeta),
Lourdinha Falcão, (que é das nossas melhores intérpretes... e cada
vez menos aparece no palco) e esta notável atriz e mulher de teatro,
Hiramisa Serra, esposa, companheira de ideal e de trabalho de H.S
(o casal tem as mesmas iniciais), braço direito da Comédia, forma-
da em nível superior e ex-Diretora do Theatro José de Alencar, por
competência e história de vida.
O Theatro José de Alencar, tombado no Governo Virgílio
Távora, por intercessão deste escriba, sobre projeto de Liberal de
Castro, graças ao gesto de Juarez Távora, teve em Haroldo Serra
um dos mais dedicados e dinâmicos administradores. Aliás, lem-
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antiga sede da Academia Cearense de Letras. Mas Haroldo fez mais:
deve-se à sua iniciativa, junto ao Governador César Cals, a recupe-
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ração da estrutura comprometida e o surgimento do jardim anexo
O M É D I A
ao Teatro, onde antes funcionava o Centro de Saúde. Ainda: o Tea-
tro da Emcetur. (hoje abandonado, quase em ruínas) foi construído
graças ao espírito de um governador e ao assessoramento perma-
C D A
nente de HS, que soube aproveitar o espaço de um quintal para
erguer um teatro, a seu tempo dos melhores da cidade. Também é
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creditado a HS nomina-lo de Carlos Câmara, justa homenagem ao
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nosso grande comediógrafo. Naquele momento o Governo Cals tam-
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bém salvava o antigo prédio da cadeia pública, para transforma-lo
R E T R O S P E C T I VA
em centro cultural pioneiro em Fortaleza, quando não haviam ain-
da influências pré-globalizantes na terra de Iracema.
O Centro de Convenções que no projeto seria apenas um
auditório virou teatro, dos maiores do Brasil, pela feliz frase de HS
- ... um auditório não é um teatro, mas um teatro é um auditório
César Cals autorizou a Neudson Braga refazer o projeto. Eu e
Haroldo o inauguramos, como teatro, no Governo Adauto Bezerra,
com a peça Rashomon que foi Melhor Espetáculo, pelo Serviço
Nacional de Teatro. No elenco a talentosa atriz Fernanda Quinderé,
uma das mulheres de teatro que mais pugnaram pelo TJA, desde o
final dos anos 80. Uma curiosidade: Maneco Quinderé, filho de
Fernanda, começou a sua carreira, de um dos melhores iluminadores
do País, nesse espetáculo da Comédia Cearense.
Nos anos 70, Haroldo Serra, por suas boas relações com o pes-
soal de teatro do Rio, fez com que vários teatros de Fortaleza tives-
sem sistema de iluminação dos mais modernos, inclusive Theatro
José de Alencar, Emcetur e Teatro do Centro de Convenções.
Uma das testemunhas de reconhecimento do trabalho criativo
e organizador de Haroldo Serra está expressa em crônica do jorna-
lista, crítico, historiador, memorialista e professor de artes cênicas, 201
Yan Michalski, publicada no Jornal do Brasil: Yan define Haroldo
como um homem que realizou uma unidade de equipe na busca da
202 forma interpretativa, batizando um estilo próprio e coerente como
encenador. Nesta hora de comemoração do ritual de 45 anos de Co-
média, falo eu: Haroldo Serra foi o homem de teatro mais impor-
tante de sua geração, que nunca abandonou seu torrão para buscar
sucesso lá fora, que sobreviveu idealisticamente por todo este tem-
po, a partir daquele núcleo chamado Teatro Experimental de Arte,
criando o único grupo de teatro permanente do Ceará. Um dos
únicos que sobreviveram além do Teatro de Amadores de Pernambuco
e O Tablado de Maria Clara Machado. Além da Comédia, somente
o grupo Clã, tanto significou nestes últimos 50 anos para a nossa
terra. Haroldo encenou os mais significativos nomes do Teatro
Moderno, de Lorca a Brecht. Foi quem mais estreou e fez represen-
tar autores cearenses, entre eles o mais importante dramaturgo,
depois de Carlos Câmara: Eduardo Campos. Paurillo Barroso, em
termos cênicos, sobreviveu pela Comédia.
Não podendo, por falta de apoio à época, erguer o seu teatro,
na Estância, continuou a buscar o seu espaço físico, que encon-
trou graças ao entendimento de cultura e arte que sempre pautou a
trajetória do Colégio Christus, tão bem conduzido pelo prof. Roberto
de Carvalho Rocha. Ali, na quina da João Carvalho com a Silva
Paulet, desenvolveu-se um teatro de repertório, além da retomada
do mais permanente movimento em busca de uma linguagem cêni-
ca para o público infantil, igual ao que fizera a Comédia Cearense
no Theatro José de Alencar nos anos 60, quando, em termos de
recordes nacionais de encenações e público, realizou, apresentou em
mais de 60 fins de semana, com casas cheias, diversos autores, mui-
tos deles nascidos no Ceará um fato inédito na história do teatro
brasileiro.
A Comédia Cearense chega aos seus 45 anos. Seu idealizador,
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revistas de cultura, editando vários autores cearenses, mestre em
mídia e marketing, inventor do mais original título para um
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bar destinado ao público do José de Alencar: o Chopin-Bach, no
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antigo bar do Teixerinha... Meu Dionisos!
O tempo passou e eu não senti, porque sonhava. Nossa terra
sempre foi a terra do esquecimento, que só é boa para se sentir sauda-
C D A
de. Cadê o Afonso Jucá, (revolucionário de 32 em S. Paulo e admi-
nistrador do TJA, de 36 a 63), o Teixirinha , (poeta, boêmio sério e
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culto da Fortaleza de Nogueira Accioli, e dono do barzinho do TJA,
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desde a inauguração do Teatro até ir-se para sempre, em fins dos
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anos 70; pai de Jório Nerthal, ator da Comédia e figura histórica da
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memória teatral cearense; o Queiroz (por cinqüenta e tantos anos
zelador do TJA, limpador das cadeiras, do chão e do piano da Cul-
tura Artística, e cujo melhor espetáculo que assistira foi aquele
que terminou mais cedo); o Fialho,(1o porteiro do TJA, por mais de
50 anos) o Brasil, (iluminador de cena e eletricista, iniciador de
uma geração de iluminadores cearenses; seus filhos. Netos e o gen-
ro, o Lamartine, que o sucedeu (não posso esquecer que o Brasil
construiu um refletor para me alumiar em As Mãos de Eurídice,
num tempo em que só havia luz de ribalta e gambiarras no TJA); o
Helder Ramos (que me ensinou carpintaria cênica e construiu mui-
tos cenários para a Comédia e que ainda continua ali); o Carlinhos,
filho do Queiroz, (que pelos ensaios adivinhava o sucesso ou
fracasso das peças); Evanry Gurgel, que nos deu os primeiros apoi-
os na imprensa do sul, um dos co-criadores da revista Comédia
Cearense e redator do 1o número; Maestro Orlando Leite (que foi
diretor do TJA; que cantou e foi diretor musical de A Valsa Proibi-
da e criou a 1a orquestra de câmara e coral do Estado do Ceará,
apresentando-se com grupos de dança na nossa casa oficial de espe-
táculos, entre eles o dirigido por Tereza Bittencourt, em sua Acade-
mia de Ballet Vaslav Veltchek, que funcionou por quase dez anos no 203
Foyer do TJA); Tereza (atriz destacada em muitos dos espetácu-
los da Comédia. Entre eles Morro do Ouro, Lady Godiva, Ca-
204 samento da Peraldiana, A Valsa Proibida e Rosa do Lagamar);
o Mestre de tantos de nós. Waldemar Garcia, (completo em tantos
segredos do palco, e que tantas vezes nos deu seu apoio crítico, sua
ironia cultural, sua ajuda profissional, sua competência permanente,
sua influência caririense); Serra filho, Serrinha, dinâmico e muito
amigo que Deus levou tão cedo; Ayla Maria, esta diva cênica que
tanto legou de seu talento ao grupo do Haroldo. E Paurillo Barroso
, graças a quem foi realizado o primeiro processo de tercerização
entre a Comédia e o Governo do Estado que permitiu a Comédia
administrar, por Ato do Governador Parsifal Barroso, o TJA. Esta
idéia do Haroldo antecipava os projetos do governo federal em fim
de século... Neste instante, inicio dos anos sessenta, junta-se à dire-
ção da Comédia Afonso Barroso, como ator e co-administrador, so-
mando-se ao sonho e muito tendo participado desta aventura, aquele
que chamei um dia de meu irmão Alegria. E tantas outras pesso-
as e lendas que não consigo recordar agora. Entretanto, de coração
e lembrança, estamos agora, todos juntos, batendo palmas pelos 45
anos de Comédia Cearense.
B. de Paiva
E A R E N S E
a encenação de um drama forte como o imaginado e escrito
pela grande romancista inglesa. Foi em tal estado de ceticis-
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mo que começamos a ver desenrolar-se no palco do Theatro
O M É D I A
José de Alencar as primeiras seqüências do enredo que, al-
gum tempo atrás, Sandro e Maria Della Costa nos forneci-
am. A verdade é que logo nos primeiros momentos, eviden-
C D A
ciou-se em nós a certeza de que o Teatro Experimental de
Arte sabia com que contava para dar seus primeiros passos
N O S
decisivos. Ali estava gente que estudara a peça que se im-
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pregnara do acre sabor daquele drama terrível de amor e
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ódio. No mesmo jornal a 1/12/52: O autor da adaptação
R E T R O S P E C T I VA
soube escolher no romance o que havia de mais preponde-
rante como matéria-prima do drama e lançou muito na peça
em três atos e seis quadros que nos foi apresentada sem dar-
nos canseira, antes interessando-nos vivamente (...) elogian-
do Hélder Ramos pelo muito que conseguiu na montagem
dos cenários (...) Eme Socorro que se nos revelou uma artista
realizada, pouco necessitando para poder ser considerada
sem defeitos.
O sucesso de Eme Socorro foi estrondoso; jamais uma estrean-
te no Ceará conseguiu tanto sucesso. Seu desempenho é hoje um
dos mitos do teatro cearense. O Estado de 14/12/52 publicou: Eme
Socorro foi sem dúvida o ponto alto do programa. Com uma
estréia brilhante e uma interpretação segura no papel de
Catty, ajudada pela graça feminina e pela voz simpática. Es-
tavam no elenco os grandes esteios do nosso teatro, então principi-
antes, Marcus Miranda, B. de Paiva, Haroldo Serra, Hugo Bianchi
e mais Maria José Gonçalves, Hilka Rosane, Wagner Wanderley.
O idealismo desses jovens foi recompensado e, animados pelo
êxito, montaram Irene, de Pedro Bloch. Eme Socorro fez Irene;
Maria José Gonçalves, Deolinda; B. de Paiva, Rocha; e Marcos 205
Miranda fez Gentil. Com estas duas peças e mais A força do Cora-
ção, de Alda Miranda, viajaram a Sobral, Teresina e São Luis,
206 onde conheceram Gracinha Figueiredo e J. Figueiredo, então dire-
tor do Teatro Artur Azevedo.
O Teatro Experimental de Arte (TEA) se organizou. Seus es-
tatutos, publicados no Diário Oficial de 12/06/56 diz: Seu objetivo
é congregar todos os idealistas da arte teatral, objetivando com isso
desenvolver no Estado a arte dramática. O TEA teria número ili-
mitado de membros (eram conhecidos como Teanos) dividido em
três categorias: artistas, contribuintes e beneméritos. Eram obriga-
dos a difundir a campanha do teatro cearense e pagar sua mensali-
dade: cada sócio podia levar três pessoas ao teatro mediante apre-
sentação de recibo. Em muito dos seus espetáculos não cobravam
ingressos, passando, no final, uma bandeja entre os espectadores
para recolher contribuições.
Sofriam penalidades, se faltassem três vezes consecutivas ou
não aos ensaios, sem justificação por escrito; e por atos moralmente
condenáveis nos ensaios ou espetáculos. Esta penalidade poderia
ser em dinheiro. De Cr$ 5,00 a Cr$ 50,00 ou suspensão de cinco a
trinta dias ou mesmo exclusão do quadro de sócios, sendo que as
duas primeiras poderiam ser aplicadas cumulativamente. Muito
rigorosos, como vemos, os estatutos do TEA. Os poderes eram divi-
didos em: Conselho Diretor, composto de sete membros (Presiden-
te, Secretário Geral, Tesoureiro Geral, Diretor Técnico, Diretor So-
cial, Diretor de Publicidade e Diretor Cultural); o Conselho Artís-
tico era composto de tantos membros quanto fossem necessário à
montagem; e a Assembléia Geral, por todos os sócios.
Ainda em 1953 o TEA realizou uma Temporada Pedro Bloch
com Os Inimigos Não Mandam Flores( Haroldo Serra e Eme
Socorro; As Mãos de Eurídice (com B .de Paiva) e Morre um
Gato na China (com Marcus Miranda, Haroldo Serra e Eme So-
E R R A
E A R E N S E
de que temos notícia.
Em 1954 o Teatro Experimental de Arte, prosseguindo suas
C
atividades, produz um importante espetáculo, tanto pela monta-
O M É D I A
gem como pelo texto de Rachel de Queiroz, Lampião. Direção de
Vicente Marques com B. de Paiva, Glyce Sales, Tarcísio Tavares
(assistente de direção), Marcus Miranda (fez Lampião),, Emiliano
C D A
Queiroz, Helder Sousa, Othon Damasceno e José Humberto (fa-
zendo Ezequiel ou Ponto Fino). Lampião foi mais um ponto posi-
N O S
tivo para os rapazes do TEA, antecipando-se ao Teatro Duse e à
A
Cia. Dramática Nacional que no Rio disputavam o direito de ence-
4 5
nar o texto.
R E T R O S P E C T I VA
Sobre Lampião. Antes da estréia: O Povo, de 7/1/54 Ine-
gavelmente a encenação da peça de Rachel de Queiroz re-
presenta muito bem a audácia e coragem dos moços do TEA.
Os ensaios vêm se prolongando desde muitas semanas, em
meio de pesquisa e estudos estafantes. Os teanos chegaram
até a empreender uma viagem a Juazeiro, a serviço da ence-
nação da discutida peça. Depois da estréia O Povo, de 22/
2/54 Lampião foi o espetáculo que maior repercussão alcançou
nas representações teatrais de nossa terra. Nem uma outra anterior
foi mais comentada nem mereceu mais acaloradas discussões.
1954 foi ainda o ano de O Noivo de Luiza, de Saint-Clair
Sena; Simbita e o Dragão, de Lúcia Benedetti: Morre um Gato
na China, de Pedro Bloch, e Mortos sem Sepulturas, de Sartre,
dirigido e traduzido por Vicente Marques, com Ary Sherlock, José
Humberto, Paulo Silveira e outros.
A 30 de setembro estreou Complexo, de B. de Paiva. O Povo,
de 27/7/54, publicou: B. de Paiva, este irrequieto elemento
movimentador de nossos palcos, escreveu Complexo sem
ligar para o convencionalismo, sem atinar para as regras te-
atrais há milênios estabelecidas e criou um espetáculo novo, 207
diferente daqueles que estamos acostumados a assistir. O
mesmo jornal de 30/7/54: Maria José, que já constitui uma gló-
208 ria para nós, fará o papel de Marina, mulher viciada em
morfina, de caráter depravado, que constitui uma dupla, em
identidades espiritual com seu filho Cícero, o traficante que
tem em José Humberto uma interpretação magnífica. O ter-
ceiro personagem, um aleijado em conseqüência da malda-
de do irmão, é interpretado pelo próprio B. de Paiva.
No ano seguinte (1955) o TEA, num plano audacioso, produz
para seus associados uma peça por mês. Estreando em abril com
Quilômetro 156, de Luciana Peotta., direção de Marcus Miranda.
Em maio Paiol Velho, de Abilio Pereira da Silva, direção de
Haroldo Serra com Glyce Sales, Marcus Miranda, José Humberto,
Haroldo Serra, Maria José Gonçalves. Emília Correia Lima, então
Miss Ceará e Miss Brasil, foi homenageada pelo Teatro Experimen-
tal de Arte com a peça Aconteceu Naquela Noite, de J. Wanderley
e Daniel Rocha, foi a peça de junho e com ela o TEA viajou a Iguatu
e Icó. A Revolta dos Brinquedos, de Pernambuco de Oliveira, em
julho com Emiliano Queiroz, José Humberto, Marcus Miranda e
Glyce Sales. Os Inimigos não Mandam Flores de Pedro Bloch e
direção de Haroldo Serra com Esther Barroso, em agosto. Deu Freud
Contra, de Silveira Sampaio com direção de Marcus Miranda, em
setembro. A Camisola do Anjo, de Pedro Bloch, em outubro, com
Haroldo Serra, Emiliano Queiroz, Glyce Sales, Nyl Rocha, dirigi-
do por Haroldo Serra, cenários de Marcus Miranda e iluminação
de Lamartine. Era uma Vez um Vagabundo, de J. Wanderley e
Daniel Rocha, comemorou o seu terceiro aniversário e foi a peça de
novembro. Neste espetáculo a atriz Glyce Sales, estrela do Tea, foi
homenageada pelo Círculo Militar de Fortaleza. Um Cravo na
Lapela, em dezembro, completou o ano de 1955; neste espetáculo a
atriz Maria José Gonçalves retornava ao TEA, depois de uma tournée
E R R A
E A R E N S E
Galeno em homenagem a Henriqueta Galeno. Também na Casa de
Juvenal Galeno o TEA apresentou Um Pedido de Casamento, de
C
Thecov, com Marcus Miranda, Helder Sousa, Glyce Sales e cenári-
O M É D I A
os de Estrigas; e Presidente Antes de Nascer, compondo um úni-
co espetáculo.
Com o elenco do Teatro Experimental de Arte, Waldemar Garcia
C D A
montou Cristo no Calvário. No Patronato N. S. Auxiliadora;
Emiliano Queiroz era Jesus; Glyce Sales, Madalena, Ary Sherlock,
N O S
Caifaz; e a estréia de Aderbal Júnior, fazendo um soldado. A seguir,
A
o TEA remontou Irene, desta vez com Glyce Sales no papel-títu-
4 5
lo, e Aconteceu Naquela Noite com Marcílio Nogueira, Marcus
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Miranda, Bismark de Paula, Nyl Rocha e Glyce Sales
Almanjarra, de Artur Azevedo, inaugurou o Teatro de Bolso
do Teatro Experimental de Arte, a 9 de agosto de 1956, localizado
na rua Pedro Primeiro, n. 1214. Em cima de uma garagem de ôni-
bus. Com cem cadeiras, um palco pequeno, o Teatro de Bol-
so ficou muito agradável (O Povo, 15/9/56). Almanjarra, com
direção de Marcus Miranda, teve Glyce Sales, Maria José Gonçal-
ves e Marcílio Nogueira como protagonistas. Deu Freud Contra,
com modificações no elenco, comemorou o seu quarto aniversário.
No ano de 1957, Marcus Miranda ganhou bolsa de estudo do
Gov. Paulo Sarazate para o Conservatório Nacional de Teatro. O
incansável diretor do TEA vai para o Rio, para onde já tinham
seguido Hugo Bianchi e B. de Paiva. Mas antes lança Amanhã é
Feriado, de sua autoria, Domingos Gusmão comentando o espetá-
culo, (O Povo, 14/2/57) fala da peça do Miranda: Amanhã é Feri-
ado, comédia ligeira de Marcus Miranda, não entedia, so-
bretudo pelas situações hilariantes, que provoca sem descer,
todavia à classe de humorismo de bas-fond tão em voga
hoje em dia... Há no dramaturgo estreante duas coisas pre-
judiciais, a sofreguidão de acabar logo e a ânsia do happy 209
end. A peça tratava da vida de uma atriz. Miranda não fez mais
nenhuma tentativa neste campo, firmando-se como ator e como di-
210 retor hábil (é excelente diretor de ator). Com sua viagem acaba um
dos principais grupos do Teatro Cearense, embora Tarcísio Tavares
ainda tenha tentado prosseguir com o Teatro Experimental.
Numa olhada pelas fichas do TEA vemos a ficha n. 25 de Ezaclir
Aragão e ficamos sabendo que seu gênero preferido era a tragédia.
A ficha de Marcus Miranda tem número 001 e ele preferia a comé-
dia; a de José Humberto é 008 e preferia a tragédia; a ficha de B. de
Paiva é a 002 e tinha uma preferência mais ampla (drama e tragé-
dia). Uma ficha tinha a fotografia de um garoto, é a 14 de Emiliano
Queiroz, que não tinha preferências; Glyce Sales tinha ficha 007 e
Euzélio Oliveira a de n. 19.
Eu nunca vi nenhum espetáculo feito pelo Teatro Experimen-
tal de Arte, a não ser fotografias; por isso peço emprestadas as pala-
vras de um amigo e observador do processo do teatro nesta terra:
Carlos Paiva O Teatro Experimental de Arte foi o maior celeiro
de jovens idealistas que já surgiu no Ceará. (Revista Comédia
Cearense, n. 2).
E A R E N S E
Haroldo Serra, Hiramisa Serra e a nova geração Haroldo
Júnior e Hiroldo Serra estão de parabens. Vamos torcer para a
C
continuidade deste grupo que faz parte da história do Ceará e par-
O M É D I A
ticularmente contribuiu para aumentar meu amor pelo teatro.
Marcelo Costa
C
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4 5 D A
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211
HAROLDO SERRA,
O VELHO GUERREIRO
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finalidade de registrar todo o trabalho do grupo, além de
criar uma memória do Teatro Cearense com a publicação de
C
textos de autores locais. É um ponto que gosto de ressaltar:
O M É D I A
publicar e montar trabalhos de autores cearenses, nada tem
a ver com bairrismo, e sim com uma busca da qualidade. A
escolha sempre foi feita por meio de seleção. Durante muito
C D A
tempo não participamos de festivais de teatro. Só em 1970 é
que a Comédia realmente se sentiu que já estava com um
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nível de trabalho capaz de participar das mostras e festivais
A
nacionais. A primeira experiência foi um sucesso para nós:
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ganhamos nove dos 12 prêmios (dentre eles, o de Melhor Ator,
R E T R O S P E C T I VA
Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Figurino, Melhor Diretor e
Melhor Espetáculo) em disputa no Festival Nacional de São
José do Rio Preto, em São Paulo, com a adaptação da peça O
Simpático Jeremias, de Gastão Tojeiro. O interessante é que o
Gastão até então era considerado um autor superado. Só que
a nossa leitura entusiasmou o júri e os outros grupos. No
ano seguinte fomos convidados para o mesmo Festival e le-
vamos a peça, Morro do Ouro, de autor cearense, Eduardo
Campos, e fomos muito, muito bem recebidos. Aliás, na vo-
tação de júri popular, a peça recebeu 96% na escala Bom e
Ótimo. Um recorde até hoje não quebrado. Além de ganhar-
mos o prêmio de Melhor Espetáculo pelo júri popular, a peça
foi escolhida como o Melhor Espetáculo, eleito pelos julgadores.
Claro que foi um grande estímulo, não à vaidade, mas in-
centivo para fortificar um trabalho que estava no caminho
correto. E a Comédia teve, também, a oportunidade de en-
cenar o espetáculo na Capital paulista, no Rio e foi convida-
da para participar do Festival de Nancy, na França. Todavia,
não deu certo, porque teríamos que bancar a viagem ida e
volta dos 38 integrantes do elenco. 215
E A R E N S E
tão, a reforma de 1974 mostrou que os cearenses tinham e
têm capacidade para executar obra de tal envergadura.
C O M É D I A
Você que conviveu com políticas culturais de diferen-
tes governos, principalmente nos governos dos coronéis
César Cals e Adauto Bezerra, como avalia a relação atual-
C D A
mente entre a Comédia Cearense e instituições culturais
oficiais?
A N O S
O maior problema é o acesso. Se você quer defender
4 5
uma proposta que é justa e importante para a comunidade,
R E T R O S P E C T I VA
torna-se mais fácil quando a sua voz é ouvida. Hoje em dia,
você não tem acesso às autoridades. Tenta-se marcar uma
audiência, não consegue. Algumas são marcadas para seis,
sete meses depois. É humilhante. Pra gente, que já foi rece-
bido, sem maiores protocolos, por ministros, governadores,
parlamentares, fica difícil aceitar tais regras protocolares. À
época dos governadores Adauto Bezerra e César Cals, você
tinha acesso e apoio muito mais objetivo. Um exemplo: du-
rante muitos anos foi desenvolvido um projeto chamado
Caravana da Cultura, patrocinado pela Secretaria do Estado,
à época comandada por Ernando Uchôa Lima, em convênio
com as prefeituras do Ceará, quando se faziam apresenta-
ções de teatro, música, balé, literatura etc. Mais de cem mu-
nicípios foram visitados. Hoje, nós não temos nenhuma re-
lação com esse tipo de trabalho. Tínhamos, aqui em Fortale-
za, o Caminhão da Cultura que ia aos bairros. Além de tudo, a
gente tem a predisposição de achar que a pessoa que não
tem um nível cultural elevado, não gosta de teatro. Não é
isso. Não precisa ser um intelectual pra gostar de uma peça!
De uma música erudita! É questão de sensibilidade. E a 217
receptividade do público era algo fantástico.
218 E o que falta para a execução de uma parceria mais ob-
jetiva e satisfatória entre a classe artística e políticas gover-
namentais?
E A R E N S E
menor e os teatros em número reduzido, comparando com
a situação de hoje, o público ia com mais freqüência às ca-
C
sas de espetáculos. O que influiu para minguarem as ence-
O M É D I A
nações e um decréscimo de platéia, principalmente nas exi-
bições de grupos cearenses?
C D A
Alguns artistas locais falam, magoados de que o público
não prestigia o que é produzido na terra. Eu discordo, radi-
N O S
calmente. No caso da Comédia, o público e a imprensa sem-
A
pre prestigiaram o nosso trabalho, pela qualidade das peças,
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pelos prêmios que já ganhamos e homenagens que recebe-
R E T R O S P E C T I VA
mos. O que ocorre é que houve uma transformação na soci-
edade e na cidade. Fortaleza era uma província até a década
de oitenta. Ocorre que com o desenvolvimento turístico,
aumentaram as atrações, inclusive mais chamativas (casas
de forrós, shows de humor, temporadas de cantores, barra-
cas de praia etc) quase em locais que oferecem bebida, janta-
res, e isso motiva muito as pessoas. A segurança tem um peso
muito grande (um exemplo é a Praça José de Alencar que foi
transformada em logradouro de ambulantes e sem estacio-
namento, e isso também fez com que as pessoas se afastas-
sem do Theatro José de Alencar). Outra coisa: a televisão não
tinha a força que tem hoje. O número de emissoras aumen-
tou e conseqüentemente a briga pelo Ibope provocou que as
atrações fossem diversificadas ao máximo. Por outro lado, a
televisão ajuda, de certa forma, o teatro, quando, algumas
peças vão a reboque de estrelas televisivas. E quando estre-
las televisivas participam de espetáculos é o chamariz na
certa. O que fez o cidadão: diante da falta de segurança para
sair de casa, tendo dentro do seu lar amplas opções de di-
versões, praticamente gratuitas, ele acomodou-se no lugar 219
mais seguro. Também pode ser incluído como fator contra o
teatro, a omissão da imprensa como elemento estimulador,
220 divulgando as peças, fazendo críticas aos espetáculos. A fal-
ta de continuidade de trabalho e a ausência de campanhas
de marketing, ostensivo nos meios de comunicação estimu-
lando o público, dificultam a propagação de temporadas. O
que acontece é que as encenações são, na maioria, de grupos
que cumprem temporadas eventuais.
Então, não é um problema estrutural da cidade. Tudo
faz parte de um contexto. A cultura não é um bem de pri-
meira necessidade do ponto de vista material. Espiritual, sim.
Entre um jantar num restaurante e uma peça teatral, a mai-
oria das pessoas, quase sempre, prefere a primeira opção.
Eliézer Rodrigues
SA R O L D O
E A R E N S E
São 45 anos de devoção ao teatro. Seu mentor comemora tam-
C
bém uma efeméride ainda mais significativa. Os protagonistas des-
O M É D I A
sa saga ininterrupta pelas arenas e palcos (italianos) brasileiros são
a Comédia Cearense e seu diretor, Haroldo Serra. Na noite de hoje,
no Teatro Arena Aldeota, a trupe inicia as suas comemorações com
C D A
a montagem de um dos clássicos do moderno teatro nordestino: A
Faca e o Rio ou A Caça e o Caçador, do piauiense Francisco Pe-
N O S
reira da Silva.
A
Ano após ano, o público cearense se acostumou a conferir as
4 5
montagens da Comédia Cearense. O grupo teve várias formações,
R E T R O S P E C T I VA
passeou por dramas, comédias, histórias nordestinas, histórias uni-
versais. Infantis e adultas. Conquistando o reconhecimento da crí-
tica e do público.. No Ceará e em outros Estados.
Haroldo Serra, maestro dessa trupe, constantemente renova-
da, é verdade, considera que o maior mérito da Comédia está na sua
continuidade. Nunca deixamos de nos apresentar um semestre
sequer. Feito raro em um país onde a cultura se habituou a se
fragmentar.
Aliado a essa longevidade, a Comédia se notabilizou pela di-
versidade e a qualidade de suas montagens. O teatro no Ceará é
uma prática eventual, que a pessoa administra com outras ativida-
des. Então procuramos estimular ao máximo essa diversidade, como
forma de não privar o elenco de experiências distintas.
Assim, a Comédia Cearense exercitou sua versatilidade até em
montagens mais populares, como a sua versão de O Gólgota, apre-
sentada na Semana Santa deste ano. No mais, entre clássicos dos
Irmãos Grimm e outros textos infantis mais contemporâneos. A
companhia conquistou também o público adulto em montagens de
Mauro Rasi, Bertolt Brecht, Carlos Câmara, Eduardo Campos ou
Garcia Lorca, entre outros, como Gastão Tojeiro, autor de O Sim- 221
pático Jeremias, ovacionado e detentor de nove prêmios no Festi-
val de São José do Rio Preto.
222 A dramaturgia cearense também foi uma das características
marcantes da atuação do grupo. Do infantil O Detestinha, de
Demitri Túlio, aos legendários textos do também jornalista Eduar-
do Campos, montados nos anos 70 e 80. De o Morro do Ouro,
musical que ficou em cartaz durante quase 10 anos, ao célebre Rosa
do Lagamar, que deu vários prêmios a Hiramisa Serra, esposa e
fiel escudeira de Haroldo.
Também pudera. O envolvimento do diretor da Comédia
Cearense com a cena começou na companhia de outras celebridades
alencarinas. Ao lado de nomes como Marcus Miranda, B. de Paiva
e Hugo Bianchi, Haroldo estreou em 1952, no Teatro Experimental
de Arte. Sua primeira direção foi Paiol Velho, de Abílio Pereira de
Almeida, com Glyce Sales, José Humberto e o próprio Haroldo no
elenco.
Nos cinco anos que separam o início da sua atuação na Comé-
dia, o ex-animador da Rádio Iracema e seus parceiros, sobretudo B.
de Paiva, podiam ser vistos incrementando sua formação dramáti-
ca, além dos palcos, nas boas salas de projeção da cidade. Às 10
horas, estávamos no Majestic. Às duas, íamos ao Moderno e às
quatro, na hora da paquera, íamos para o Diogo. Já a noite, às oito
era a hora do Cine Rex, que era vizinho lá de casa, narra Haroldo,
então vivendo na Rua Major Facundo.
Uma das ousadias do Teatro Experimental de Arte foi romper
com o ponto, antigo recurso utilizado para facilitar a vida de certos
atores em cena.Também acabamos com aquela estética da voz pro-
jetada preferindo uma linguagem mais coloquial.
No finalzinho do Teatro Experimental, Haroldo conhe-
ceu Hiramisa, moça ousada que tocava acordeón e adorava qua-
drilhas de S. João. Logo os dois se casaram e a jovem atriz pode
E R R A
E A R E N S E
de linguagem.
Uma história de dificuldades e de vitórias que será descrita
C
agora em livro, Retrospectiva 45 Anos da Comédia Cearense, e
O M É D I A
numa exposição que também poderá ser vista no Arena Aldeota.
Em agosto, a companhia inaugura a Casa da Comédia Cearense,
espaço de memória e renovação das histórias do grupo, reunindo
C D A
uma biblioteca especializada, além de cursos e até um Teatro Jardim
para seus alunos. Vai ser um espaço mais periférico, oferecendo
N O S
uma alternativa cultural à cidade e onde pretendemos mostrar como
A
o teatro e a Comédia Cearense refletem as transformações sociais
4 5
que nos acompanham.
R E T R O S P E C T I VA
Longa vida a essa séria empreitada.
E A R E N S E
(coordenador de teatro da Funarte). O Vida & Arte conversou com
Haroldo Serra e selecionou alguns tópicos pertinentes em sua opi-
C
nião. Cheio de projetos a curto prazo, inclusive a inauguração da
O M É D I A
Casa da Comédia Cearense, o diretor destacou curiosidades sobre a
escolha do texto, o autor e a peça em si.
C D A
O AUTOR
N O S
O autor, Francisco Pereira da Silva, já falecido, é na realidade
A
um dos mais importantes autores do Brasil. Ele nasceu no Piauí,
4 5
mas morava no Rio de Janeiro onde era funcionário da Biblioteca
R E T R O S P E C T I VA
Nacional. É um autor publicado e representado na Europa. A Caça
e o Caçador é um texto que os diretores no Rio e São Paulo adoram,
usam inclusive como tema de cursos, mas eles acham que o espetá-
culo daria melhor pra cinema porque tem uma série de dificuldades
cênicas. A peça tem várias cenas que ocorrem numa balsa dentro de
um rio. A peça tem uma feira, um bumba-meu-boi, um tribunal de
julgamento, o gabinete de um governador, uma intendência... En-
tão o espetáculo é muito complexo em termos de espaço. Ocorre que
quando você parte para o simples, o Nordeste, o teatro de cordel, o
mamulengo, você tem possibilidades muito ricas e soluções muito
simples como é a própria cultura do nordestino. Então, em vez de
partir para soluções mecânicas, de teatro de Broadway ou qualquer
coisa assim, a gente buscou exatamente as raízes e as soluções fo-
ram realmente muito interessantes para o espetáculo, além de tor-
nar o texto nordestino mais acessível. Na medida em que você pega
um texto de uma problemática do Nordeste e dá um tratamento que
não o da própria cultura, fica meio difícil do espectador ter uma
relação maior. Então essas soluções tornaram a peça muito mais
fácil. A maioria dos grupos do Nordeste sempre buscaram traba-
lhar a partir das próprias raízes. 225
226 O ESPETÁCULO
A COMÉDIA E OS DRAMATURGOS
gente no Ceará.
Teresa Monteiro 14/06/02 O Povo
H
COMUNICAÇÕES
Fortaleza,07/11/68
Do Presidente da Sociedade Musical Henrique Jorge
Ilmo. Sr, Professor Haroldo Serra
DECLARAÇÃO
S
E A R E N S E
diretor de teatro Luiz Haroldo Cavalcante Serra, do Ceará,
foi escolhido juntamente com Tácito Borralho, do estado do
C
Maranhão, para Coordenadores Regionais da Segunda re-
O M É D I A
gião que compreende os estado do Maranhão, Piauí, Rio
Grande do Norte e Ceará. Outrossim, declaro que esta esco-
lha foi feita por unanimidade.
C D A
Natal, 15 de outubro de 1974
N O S
Carlos Alberto da Silva Furtado
A
Diretor Artístico do TONUS
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Ministério da Educação e Cultura
Universidade Federal do Ceará
Centro de Humanidades
Departamento de Comunicação social e Biblioteconomia
DECLARAÇÃO
Cordiais saudações
Nelson Araújo
Rio, 19/03/76
Ilmo. Sr. Haroldo Serra
Saudações
Roberto Ruiz
E R R A
E A R E N S E
25/06/76
C
Dr. Haroldo Serra
O M É D I A
De ordem do Exmo. Sr. Secretário de Interior e Justiça,
desejamos expressar a V.Sa., nesta oportunidade, os nossos
C D A
melhores agradecimentos pela encenação da peça Alvora-
da, do consagrado e saudoso Carlos Câmara, para os inter-
N O S
nos recolhidos ao Instituto Psiquiátrico Governador Stênio
A
Garcia, Instituto Penal Paulo Sarazate e Instituto Penal Femi-
4 5
nino.
R E T R O S P E C T I VA
Referida apresentação, agradou sobremaneira aos inter-
nos dos citados Estabelecimentos Penais e contribuiu
grandemente para a política de reintegração social ora posta
em prática pelo Departamento do Sistema Penal de nosso
Estado.
Na expectativa de que sejamos honrados com novas
apresentações, prevalecemo-nos da oportunidade para, pe-
nhoradamente, apresentar a V.Sa. protestos de elevada esti-
ma e consideração.
231
232 Do: Secretário Executivo da Fundação Mobral
Ao: Diretor da Comédia Cearense
Assunto: agradecimento (faz)
17/02/77
Senhor Diretor
E A R E N S E
À Hiramisa Serra
C
Congratulo-me com a prezada amiga motivo sua mere-
O M É D I A
cida designação pelo Governador Adauto Bezerra para ele-
vadas funções Diretora Teatro José de Alencar na certeza que
fará excelente administração, continuando assim grande obra
C D A
realizada pelo Haroldo Serra. Cordialmente
N O S
Armando Vasconcelos
A
4 5
R E T R O S P E C T I VA
Universidade Federal do Ceará
Gabinete do Reitor
13/09/79
Dr. Luiz Haroldo Cavalcante Serra
Atenciosamente
Orlando Miranda de Carvalho
Presidente do Inacen
E R R A
S
A R O L D O
H
TEATRO ARENA ALDEOTA
ELO MANTIDO
E R R A
este foi criado com todas as condições de o diretor fazer vários pla-
A R O L D O
E A R E N S E
lhos seus.
Quando Haroldo Serra pensou nessa idéia, consultou vários
C
empresários, sempre ouvindo recusas ligadas a motivos vários. Um
O M É D I A
deles. Provavelmente ligado à velha discussão de que o povo não
vai ao Teatro. O diretor pensa diferentemente. Sempre depois de
cada espetáculo que nós montamos, as pessoas nos procuram e di-
C D A
zem exatamente o contrário. A questão toda está restrita à falta de
permanência de um espetáculo, levando a perder-se o elo de ligação
N O S
com o público.
A
Para ser mais claro, Haroldo Serra admite que não há nenhu-
4 5
ma possibilidade de uma idéia ter continuidade se não houver per-
R E T R O S P E C T I VA
manência. Isso vale para qualquer trabalho. Fazer com que o públi-
co crie hábito é necessário que uma montagem estabeleça um tempo
maior na agenda de uma casa, o que em nível oficial se torna prati-
camente impossível, dada a obrigatoriedade de atender aos diversos
segmentos culturais.
Nonato Albuquerque O Povo 17/7/89
Esta matéria foi republicada na Revista da SBAT
PÚBLICO PERMANENTE
TEATRO ARENA
E A R E N S E
esse fim. No teatro de arena a valorização do texto e do ator é
incomparavelmente maior. Em relação ao próprio espectador, o
C
envolvimento dele com o espetáculo, dado sobretudo à proximida-
O M É D I A
de, é muito superior ao teatro tradicional.
No teatro tradicional a melhor localização é o centro. No Are-
na, onde a pessoa sentar, a visualização é boa.
C D A
CONFORTO
A N O S
As 466 poltronas do Teatro Arena Aldeota foram especialmen-
4 5
te fabricadas em fibra de vidro. O palco possui um diâmetro de sete
R E T R O S P E C T I VA
metros, possibilitando vários tipos de montagem, inclusive com dois
pequenos palcos laterais. O teatro possui três camarins planejados
para oferecer o que o ator necessita. O sistema de iluminação é mo-
derno com 42 refletores.
A entrada do teatro é simples: um pátio sombreado por frondoso
Jatobá, onde se localizam o barzinho e o local para exposição de
artes plásticas. Para chegar à platéia é preciso subir uma escada
helicoidal. Até aí, o espectador não imagina a beleza do Teatro Are-
na Aldeota. Assim que termina a escada, o piso acarpetado já mos-
tra um ambiente mais requintado, com paredes espelhadas. Neste
local estão as toilletes diferenciadas pelas denominações Romeu e
Julieta.
Dentro de um ano, Haroldo Serra espera que essa experiência
de um teatro permanente tenha rendido bons frutos ao Ceará.
Regina Luna Diário do Nordeste 09/06/89
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H A R O L D O S E R R A
296
RELAÇÃO (MAIS OU MENOS COMPLETA) DOS
ATORES, ATRIZES, COMPOSITORES,
CENÓGRAFOS, DIRETORES E TÉCNICOS
QUE PARTICIPARAM DOS ESPETÁCULOS
DA COMÉDIA CEARENSE
E A R E N S E
Alencar, Fátima Costa, Fernanda Quinderé, Feijó Benevides, Felipe
Furtado, Fernando Augusto, Fernando Castelo Branco, Fernando
C
Douglas, Fernando Holanda, Fernando Oliveira, Flávio Phebo,
O M É D I A
Florisvaldo Fernandes, Florisvaldo Frota, Fran Menezes, Franciran
Cavalcante, Francisca Alves, Francisca Barbosa, Francisco Luciano
C
Paiva, Francisco Araújo, Francisco Arruda, Francisco Célio, Fran-
D A
cisco Costa, Francisco Falcão, Francisco Fernandes, Francisco
N O S
Gilmar, Francisco Gláuter, Francisco Helder, Francisco Lúcio
A
Moreira, Francisco Marques, Francisco Menezes, Francisco Perez,
4 5
Francisco Pinto, Francisco Rocha, Francisco Zaní.
G alba, Geraldo Lopes, Geraldo Markan, Geraldo Oliveira,
R E T R O S P E C T I VA
Giácomo Genari, Gil Sodré, Gina Kerly, Glyce Sales, Gonzaga Vas-
concelos, Goretti Quintela, Gracinha Soares, Granjense, Grupo
Pixinguinha, Guglielmina Saldanha, Guiomar Carleal, Gurgel do
Amaral, Gustavo Portela.
Haroldo Serra, Haroldo Holanda, Haroldo Júnior, Haroldo Neto,
Haroldo Ribeiro, Harolmisa Serra, Helder Monteiro, Helder Pei-
xoto, Helder Ramos, Helana Macedo, Hélio Brasil, Hemetério,
Herlon Robson, Hiramisa Serra, Hiran Albuquerque, Hiroldo Ser-
ra, Hugo Bianchi.
Idolberto Santos, Igor Arruda, Ilclemar Nunes, Inácio Rates,
Irish Salvador, Isabel Brás, Isabel Cristina, Isaltina, Ismael
Mattos, Itamar Cavalcante, Itauana Ciribelli, Ivan Lima, Ivo
Rosa.
J. Arraes, J. Cassiano (Muriçoca), J. Figueiredo, J. Oliveira, J.
Wanderley, Jaborandy Matos Dourado, Jacaúna Aguiar, Jaccidey
Cavaalcante, Jacy Fontenele, Jade Ciribelli, Jadeilson Feitosa,
Jáderson Feitosa, Jaílson Feitosa, Jane Azeredo, Jânio Alves, Janson, 299
Jaqueline Caprone, Jerton Uchôa, Jesamar Leão, João Antônio, João
Batista Veras, João Cavalcante, João Falcão, João Freire, João
300 Linhares, João Luiz, Joaquim Paulo, Joaquim Ribeiro, Joaquim Stone,
Joelise Collyer, Jomar Farias, Jomar Júnior, Jorge Braga, Jorge Ca-
minha, Jorge Melo, Jorge Oliveira, Jorge Paulo, Jorge Ritchie, Jório
Nhertal, José Arteiro, José Carlos Maçal, José Carlos Matos, José
Gomes (Trepinha), José Humberto, José Luiz, José Maria, José Ma-
ria Cunha, José Maria Lima, José Neto, José Neuton, José Silva,
José Tarcísio, Josefa Anilda, Joventina, Jovita Farias, Juarez Alencar,
Juarez Silveira, Judith Lúcia, Juliane Santos, Juliana Medeiros,
Julieta.
Karla Peixoto, Karla Farias, Kalina de Carvalho, Karine Bessa,
Kelly de Castro, Kildary Pinho.
Laerte Bedê, Laís Freire, Lamartine Camurça, Lana Soraya, Lázaro
Medeiros, Léa Vasconcelos, Leão Júnior, Leontina, Leir Pontes, Lenir
Alexandre, Leonan Moreira, Lia Serra, Liberal de Castro, Lígia
Pereira, Lina Márcia, Lindy Saldanha, Lizete, Lourdinha Castelo
Branco, Lourdinha Falcão, Lourdinha Martins, Lourenço, Lourival
Brasileiro, Lucas Cavalcante, Lucas Lucena, Luciana Arrais, Lucídia
Fonteles, Lúcio Brasileiro, Lúcio Leonn, Lucy, Luiz Antônio, Luiz
Assunção, Luiz Derossy, Luiz Gonzaga, Luiz Simões, Luiza Tor-
res, Luizinho.
Marcus Miranda, Maira Cavalcante, Maíra Saldanha, Maísa Cas-
tro, Maneco Quinderé, Manoela Villar Queiroz, Manuela Lustosa,
Mara Verly, Marcelo Costa, Márcia Paiva, Márcia Sucupira,
Marcílio, Marcos Araújo, Marcos Aurélio, Marcus Antônio, Marcus
Fernandes, Marcus Jussiê, Margareth, Maria Aglais, Maria da
Glória Martins, Maria de Jesus Serra Silveira, Maria de Lourdes,
Maria Eliete, Maria Helena, Maria Helena Veríssimo, Maria Ivete
E R R A
E A R E N S E
Maurício Estevão, Maurício Freitas, Mauro Coutinho, Mauro
Portela, Miguel Araújo, Mirian Carlos, Mirian de Souza, Mizael
C
Fernandes, Mônica Luiza Xavier, Mônica Silveira, Moura Matos,
O M É D I A
Mozart Brandão.
Nadir Saboya, Nádia Uchôa, Náger Uchôa, Nágila Sobral, Naiana
C
Serra, Nairo Gómez, Nancy Vitoriano, Nayane de Carvalho, Nearco
D A
Araújo, Neiara Serra, Neide Maia, Neide Castelo Branco, Neisse
N O S
Fernandes, Nelson Bezerra, Nelson Eddy, Nelson Vilela, Neudson
A
Braga, Nilda Magno, Nilma Carneiro, Ninito Cavalcante, Nirez,
4 5
Nízia Diogo, Nonato Albuquerque, Nonato Soares, Norma Brasil,
R E T R O S P E C T I VA
Noslean.
Odair Prado, Odenísio Holanda, Olavo Branco, Orlando Leite,
Orlanea Monteiro, Orlene Moura, Oscar Roney, Otávio Magno,
Otávio Neto, Otto Maciel, Ozires.
Pablo Vitoriano, Padre Linhares, Pádua Alencar, Palmeira Gui-
marães, Patrícia Batista, Patrícia Helena, Paula Ramalho, Paulinho
Cabeleireiro, Paulinho Uchôa, Paulo Afonso, Paulo Alencar, Paulo
César Cândido, Paulo Freitas, Paulo Henrique, Paulo Lima Verde,
Paulo Roberto, Paulo Roque, Paulo Silveira, Pedrinho Uchôa, Pedro
Américo, Pedro Boca-Rica, Pierre Barroso, Pimentel Ramos, Poliana
Gonçalves, Poliana Moraes, Polion Lemos, Priscyla Prado,
Puraquê.
Quinteto Agreste.
Rachel Haddad, Rafael Martins, Rafaela Matoso, Raimunda Co-
elho, Raimundo Crisóstomo, Raimunda Lima, Raimundo Marques,
Raimundo Nonato, Raul César, Regina Jaborandy, Regina Lessa,
Regina Távora, Rejane Limaverde, Rejane Medeiros, Renan Ca-
valcante, Ribeiro Soares, Ricardo Araújo, Ricardo Borges, Ricardo 301
Guilherme, Ricardo Medeiros, Ricardo Melo, Ricardo Moreira,
Ricardo Santos, Rinauro Moreira, Rita de Cássia, Roberta Brasil,
302 Roberto Araújo, Roberto Celso, Roberto César, Roberto Galvão,
Roberto Lessa, Roberto Reial, Roberto Vasconcelos, Rochele Cardo-
so, Rodolfo Galvão, Rodolfo Markan, Rogério Medeiros, Rosa No-
gueira, Rosana Schiarentolla, Rosilene, Roxane Alencar, Rubens,
Rufino Gomes de Matos, Ruy Diniz.
Sabrina Romero, Salete Dias, Samuel Boyadjan, Samuel Rocha,
Sandoval, Sandra de Borba, Sandra Elizabeth, Sandro Camilo,
Sandro Melo, Santana Júnior, Sara Lacet, Sarto, Sebastião Gomes,
Seny Furtado, Sérgio Alexandre, Sérgio de Franco, Sérgio Lima,
Sérgio Luiz, Sérgio Viana, Sergei de Castro, Sherezade Leite, Sidrack
Silva,Silva Novo, Silvana Salles, Silvânia, Simone Sucupira, So-
corro Noronha, Solange Fernandes, Solange Palhano, Solange
Teixeira, Sônia Mariah, Sônia Sales, Soraya Palhano, Steferson,
Studart Dória.
Tadeu Nobre, Tânia Dourado, Tarcísio Santos, Telma, Tereza Melo,
Tereza Paiva, Thais Furtado, Thiago, Thony, Tiago Bessa, Ticiana
Almada, Túlio Ciarlini.
Ulisses Narciso.
Veimires Lavôr, Valberto, Valesca Serra, Vânia Queiroz, Vera Ti-
gre, Veruska Donato, Victor Arantes, Victor Augusto, Victor Júnior,
Victor Moreira, Vinícius Borges.
Walden Luiz, Walderez Vitoriano, Wagner Donizetti, Wagner
Fernandes, Wagner Pereira, Wagner Ramos, Waldemar Garcia,
Walter Luiz, Walter Marques, Wanda Albuquerque, Wanderley
Pinto, Wilson Cirino.
Xexéu, Ximenes Araújo.
E R R A
RIO:
SÃO PAULO:
Autores:
Agatha Christie, 78
Aldomar Conrado, 92, 102, 263
Almeida Garret, 116
Antônio Bulhões, 106
Argemiro Silva, 146
Arthur Maia, 140
B. de Paiva, 90, 186
Brecht, 106
Caio Quinderé, 121, 188, 226, 265
Carlos Câmara, 78, 87, 103, 186
Ciro Colares, 142
Daniel Adjafre, 142
Dias Gomes, 14
Dimitri Túlio, 154, 222,267
Eduard Fay, 101
Eduardo Campos, 16, 40, 77, 80, 87, 89, 94, 103, 136, 186, 187,
188, 281, 286
Emiliano Quiroz, 130
Francisco Pereira da Silva, 92
Garcia Lorca, 115
Gastão Tojeiro, 83
Geraldo Markan, 139
Gianfrancesco Guarnieri, 38
Glaúcio Gil, 80
Glyce Sales, 142, 152
Guilherme Figueiredo, 11, 143
Guilherme Neto, 39
306 Haroldo Serra, 83, 89, 90, 91, 133, 138, 139, 188
Hiramisa Serra, 149
Hiroldo Serra, 154 ,155 ,156 ,157 ,159
Ilclemar Nunes, 104, 143, 187
Itauana Ciribelli, 156
J. Reis, 133
José Alcides Pinto, 91, 229
José de Alencar, 90
João das Neves, 144, 145, 238
Kleber Fernandes, 141
Leão Júnior, 139
Lúcia Benedetti, 130, 131, 132
Luis de Lima, 80, 106
Maria Clara Machado, 128, 129, 132
Mariinha Drumond, 133
Maria Irismar, 152
Mário da Silva, 101
Martins Pena, 186
Mauro Rasi, 111, 112, 113, 114, 171, 174, 253
Michel Kamin, 101
Molière, 15
Nati Cortez, 142
Nelson Rodrigues, 39
Nertan Macêdo, 138 ,186, 188
Olegário Azevedo, 129
Oscar Von Pfuhl, 146
Paurillo Barroso, 52, 187
Pedro Bloch, 12, 37, 78, 80
Pedro Veiga, 128, 135
E R R A
Shakespeare, 13
Silvano Serra, 52
H
Silveira Sampaio, 14
E A R E N S E
Walden Luiz, 150, 151, 153, 155, 158
Walderez Vitoriano, 105, 187
C
Walmir Ayala, 115
O M É D I A
Jornais e Revistas
C D A
A Luta (Rio), 44
A Notícia (Rio), 45
N O S
A Notícia (SP), 26, 85
A
Correio da Manhã (Rio), 43
4 5
Correio do Ceará, 20, 72
R E T R O S P E C T I VA
Diário da Noite (SP), 48
Diário da Região (SP), 5, 25, 40, 49
Diário de Pernambuco, 85
Diário do Nordeste (Ce), 52, 99, 109, 114, 124, 126, 146, 159,
178, 239
Diário Popular (SP), 104
Estado de S. Paulo, 34
Este Mês em S.Paulo, 35
Folha de S. Paulo, 33
Gazeta de Notícias (Ce), 26, 30, 59
Gazeta do Ipiranga (Sp), 35
Gente de Ação (Ce), 124
Jornal da Semana (SP), 36
Jornal da Tarde (Sp), 32
Jornal de Brasília, 48
Jornal do Brasil (Rio), 44, 46, 94
Jornal do Comercio (Pe), 67
O Cruzeiro, 28, 35
O Dia (Rio), 29
O Estado (Ce), 119, 138 307
O Globo (Rio), 29, 46
O Jornal (Rio), 44
308 O Povo (Ce), 5, 46, 58, 69, 73, 89, 96, 101, 105, 108, 111, 115,
117, 121, 163, 165, , 226, 237, 240
Palco + Platéia (Sp), 86
Singular (CE), 101, 220
Tribuna do Ceará, 16, 74
Última Hora (Rio), 44
Unitário (Ce), 20, 61, 65
Visão, 35
Críticos e Articulistas
Acazé, 44
Adeth Leite, 85
Adísia Sá, 5, 16, 59, 69, 108
Afonso Barroso, 75, 77
Alan Neto, 117
Armando Sergio, 86
Alípio R. Marcelino, 36
Aurora Miranda, 126
B. de Paiva, 20, 197, 204
Blanchard Girão, 159, 170, 188
C. V., 44
Carlos Durval, 54, 75
César de Alencar, 54, 75
Cid Carvalho, 74
Clóvis Garcia, 34
Domingos Gusmão de Lima, 58
Edigar de Alencar, 45
Edmundo Vitoriano, 73
E R R A
Eduardo Campos, 75
Egídio Serpa, 66
S
Elvira Gentil, 35
Euzélio Oliveira, 105
H
Ezaclir Aragão, 73
E A R E N S E
Fernanda Quinderé,8, 89, 254
Fran Martins, 20
C
Gilberto Tumscitz, 29
O M É D I A
Henrique Nunes, 223
Hilton Viana, 48, 104
Ilka Marinho Zanoto, 17, 30, 35
C D A
Inácio de Almeida, 22
Ivonilo Praciano, 115
N O S
Ivonilson Borges, 240
A
Yan Michalski, 5, 44, 46, 94
4 5
Jacy Campos, 37
R E T R O S P E C T I VA
Jefferson Del Rios, 33
José Anderson, 8, 49, 92, 93, 99, 146, 263
José Cláudio de Oliveira, 65
José Gama, 38
Lêda Craveiro, 115
Lêda Maria, 178
Leite Maranhão, 65
Luiz Alberto Sanz, 44
Luiz Carlos Bardari, 50
M.C.S., 40,49
Marciano Lopes, 25, 52, 62, 109, 114, 137, 149
Maurício Sherman, 54, 47
Milton Dias, 186, 188
Miroel Silveira, 36
Mônica Silveira, 124
Marcelo Costa, 11, 33, 39, 187, 204, 210, 211
Moreira Campos, 61
Nadir Saboya, 23
Nonato Albuquerque, 237
Norma Geraldy, 54, 75 309
Oswaldo Louzada, 54, 75
Orlandino Rocha, 28
310 Otacílio Colares, 20, 26
Parsifal Barroso, 72
Paulo Pinheiro, 54, 75
Paulo Saavedra, 75
Paulo Sampaio de Oliveira, 65
Paulo Tadeu, 119
Péricles Leal, 20
Plínio Marcos, 37
Quixadá Felício, 64
Rachel de Queiroz, 54, 74, 190, 193, 194, 195, 200, 257
Regina Luna, 239
Regina Marshall, 73
Roberto de Cleto, 29
Roggiego, 35
Rubens de Falco, 38
Sábato Magaldi, 32, 190, 193, 200, 282
Sheila Maghi, 74
Sônia Margarida, 5, 25
Susy Arruda, 38
Tânia Pacheco,46
Teotônio Villela, 69
Tereza Monteiro, 226
Thiago Arrais, 121
Valter Vale, 26
Van Jafa, 37, 43
Waldemar de Oliveira, 67
Outras Citações:
E R R A
E A R E N S E
Álvaro Jarreta, 8, 289
Antenor Naspolini, 179
C
Antônio Carlos Gerber, 106, 240
O M É D I A
Armando Falcão, 17
Armando Vasconcelos, 8, 53, 93, 233, 255, 263
Arthur Eduardo Benevides, 167, 182, 227, 296
C D A
Arthur Silva, 175, 176
Artur Bruno, 176, 177, 181, 290
N O S
Barros Pinho, 93, 175, 176, 180, 231, 291, 292
A
Beatriz Alcântara, 182, 296
4 5
Beatriz Veiga, 54
R E T R O S P E C T I VA
Bibi Ferreira, 250
Braulio Leite, 69
Burle Marx, 193
Calé Alencar, 188
Carlinhos Morais, 179
Carlos Alberto da Silva Furtado, 236
Carlos Miranda, 54
Carri Costa, 176, 177, 182, 293
Castelo Branco, 53, 62, 255
César Cals, 17, 26, 196, 281
César Neto, 54
Ciro Braga, 54
Cláudia Melo, 289
Cláudio Bedê, 167
Cláudio César, 8
Cláudio Pereira, 169, 172, 173, 283
Daniel Rocha, 165
Danísio Dalton da Rocha Correia, 233
Demócrito Dummar, 8, 17
Dinorah do Vale, 83 311
Divani Cabral, 201
Djacir Menezes, 190, 193
312 Edilmar Norões, 8, 93, 183
Eduardo Portela, 192
Ernando Uchôa, 17, 28, 224
Ernane Barreira, 55
Estrigas, 15
Eudoro Santana, 181
Fábio Brasil, 87
Fagner, 54, 74
Fátima Belchior, 182
Fernando Eugênio, 8
Fernando Piancó, 182
Ferreira do Ceará, 17
Francisco Feijó Benevides, 231
Francisco Jereissati, 93, 289
Francisco Matias, 181
Fundação Demócrito Rocha, 41, 70
Geraldina Amaral, 186, 188
Giácomo Mastroiani, 188
Godofredo Pereira, 8
Gonzaga Mota, 54, 240
Grupo Balaio, 169, 171, 172, 173, 174, 175, 178, 179
Heitor Faria Guilherme, 229
Heitor Férrer, 181, 183
Helder Souza, 207
Humberto Bezerra, 281
Humberto Braga, 8, 54
Humberto Sinibaldi, 83
IBEU, 41,165
Irapuan Lima, 167
E R R A
E A R E N S E
José Barbar Cury, 163
José Barros de Alencar, 172
C
José Lima de Carvalho Rocha, 87, 93, 224, 292
O M É D I A
José Dias Macedo, 54
José Dumont, 17, 31
José Renato, 87, 88
C D A
José Rolim, 242
Juca de Oliveira, 122, 126, 288
N O S
Kécia Morais Lopes, 177
A
Kroma Produções, 176
4 5
Liberal de Castro, 78, 92, 190, 194, 263
R E T R O S P E C T I VA
Lourdes Sarmento, 182, 296
Lúcio Alcântara, 92, 180, 263
Lúcio Brasileiro, 78
Luiz Campos, 165
Luiz Edgar Andrade, 183
Luiz Gastão Bittencourt, 180
Luiz Pontes, 169
Luiziane Lins, 87, 177
Lyrisse Porto, 166
Márcio de Sousa, 8, 103
Marcos Teixeira, 8
Maria Lúcia de Carvalho Rocha, 87, 89, 284
Maria Macedo, 54
Mário Barbosa, 93
Mark Propaganda, 176
Martha Vasconcelos, 167, 177, 258
Mauro Benevides, 188
Mino, 80
Miriam Mota, 54
Mirian Pérsia, 54, 247 313
Murilo Alvarenga, 87
Murilo Borges, 168
314 Narcélio Lima Verde, 188
Neudson Braga, 83, 201
Nilzon Falcão, 289
Odílio Costa Filho, 92
Orlando Bezerra, 195
Orlando Leite, 182, 188, 227, 255, 296
Orlando Miranda, 54, 87, 89, 92, 177, 190, 228, 234, 263, 285
Oswald Barroso, 187
Paschoal Carlos Magno, 195, 196
Paulo Autran, 295
Paulo Elpídio, 92, 263
Paulo Linhares, 87
Paulo Peroba, 174
Paulo Sarazate, 162
Pedro Henrique S. Leão, 182, 296
Procópio Ferreira, 189
Raimundo Ivan, 162
Raimundo Girão, 186
Raimundo Padilha, 92
Regina Ângela Sales Praciano, 181
Renato Scripilliti, 87
Ricardo Almeida, 178
Ricardo Guilherme, 196, 197, 200
Roberto de Carvalho Rocha, 8, 106, 202
Roberto Cláudio Bezerra, 183
Roberto Freire, 16
Roberto Galvão, 106, 107, 243, 244
Roberto Moreira, 8
Rozemberg Cariri, 263
E R R A
Sônia Pinheiro, 93
Stanley Whibe, 8, 54, 93, 231, 292
H
Tarciso Tavares, 207
E A R E N S E
Tácito Borralho, 229
Teodorico Menezes, 175
C
Thereza Teller, 31, 33, 35
O M É D I A
Tom Santos, 17, 31, 33
Tomaz Brandão, 175, 176
Torres de Melo, 17, 287
C D A
Valéria Brasil Rocha, 87
Vânia Dummar, 17, 92, 263
N O S
Vicente Fialho, 28
A
Vicente Marques, 207
4 5
Virgílio Távora, 79
R E T R O S P E C T I VA
Vital Santos, 16
Walfrido Salmito, 169, 283
Wanda Palhano, 8
Welington Landim, 175, 176
Yolanda Queiroz, 183
315
SUMÁRIO
Apresentação ............................................................................. 7
Prefácio ....................................................................................... 9
Teatrografia:
Adulto ....................................................................................... 11