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Doutrina

das Últimas
Coisas
(Escatologia)
Livro adotado como Manual de Estudo no
Curso Escatologia Bíblica do Canal EBD,
que tem como professor o Pr. Agnaldo
Betti (Bacharel em Teologia e Pós
graduado em Docência na Educação
Superior)

Sumário

I- A SEGUNDA VINDA DE CRISTO ............................. 3


II-O ARREBATAMENTO DA IGREJA ........................... 22
III-A GRANDE TRIBULAÇÃO .................................. 42
IV-O MILÊNIO ................................................... 56
V- OS JULGAMENTOS ........................................... 67
VI- AS RESSURREIÇÕES ......................................... 69
VII-A REALIDADE DA MORTE ..................................... 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................. 86


Doutrina
das Últimas
Coisas
(Escatologia)

O
termo escatologia é formado de duas
palavras gregas: “eschatos” que significa
último, fim e “logos” que significa
palavra, instrução, ensino, assunto, tema. Portanto, escatologia
é o estudo do fim ou o estudo dos últimos acontecimentos, ou

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

ainda, o estudo dos últimos dias (Gr. “Eschatais” “hēmerais”


[2 Tm 3.1]).
A Escatologia é a doutrina mais complexa da Bíblia. A
linguagem simbólica encontrada nas profecias bíblicas para os
fins dos tempos e a complexidade de interpretação tem levado
a sucessivos erros de aplicação. O estudo dessa doutrina tem
gerado muita especulação, principalmente, quando se tenta
ligar os fatos escatológicos e as profecias, aos eventos atuais.
Torna-se importante ressaltar que, no estudo da escatologia e
os eventos relacionados ao final dos tempos, deve se levar em
consideração a diversidade dos povos que para Deus são: os
gentios, os judeus e a Igreja (1 Co 10:32).
Este estudo baseia-se, principalmente, no livro do
Apocalipse. A palavra Apocalipse é derivada da língua grega
“Apokalypsis”, que é traduzida por revelação. No idioma latim
é “Revelatio”, que significa revelar, “expor à vista” “remover
o véu”, e metaforicamente, descobrir uma verdade que se
encontrava oculta.7
No Apocalipse encontramos a revelação de Jesus Cristo
a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos. Nele, Cristo
revela as coisas que brevemente devem acontecer e também
revela-se a si mesmo.

7. DAVIS, John D., Dicionári da Bíblia. JUERP, 1984.

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UNIDADE VII
Doutrina das Últimas Coisas

Procuramos de forma sucinta, mostrar os principais


temas desta tão admirada e complexa doutrina, começando
com a segunda vinda de Cristo; o arrebatamento da igreja; a
tribulação e as bodas do Cordeiro. Seguindo ao milênio e o
julgamento do trono branco e as ressurreições.

I - A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

A segunda vinda de Cristo se constitui em uma das


mais importantes doutrinas das Escrituras Sagradas. Tanto
o Antigo como o Novo Testamento fazem menção desse
advento. A Igreja tem nesse ensino a sua maior esperança. Ela
prega, ensina, propaga, ama e aguarda o retorno do seu amado
Salvador. Esperança que para ela é viva (1 Pd 1.3), boa (2 Ts
2.16), bem-aventurada e gloriosa (Tt 2.13; Rm 5.2; Cl 1.27).
Quanto à volta de Cristo, há unanimidade entre os teólogos
que ela acontecerá. Porém, quanto aos aspectos que envolvem
essa vinda, são várias correntes de interpretação, cada uma
com sua opinião e sua teoria sobre a época em que se dará o
arrebatamento da Igreja, em relação à Grande Tribulação.

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

1.1 – A realidade da Segunda Vinda de Cristo

A Igreja tem consciência da realidade da segunda vinda de


Jesus. E sua convicção repousa sobre bases sólidas. A promessa
da segunda vinda de Cristo é visível nas páginas das Escrituras
Sagradas, conforme: Dn 2.44-46; Zc 14.1-9; Dn 7.13,14; Is 11.
4-6; Nm 24.15-19; Jo 14. 1-3; I Ts 4. 13-18; I Pd 1.9; Jd 14.15
e Ap 3.11; 22.12.
A promessa da segunda vinda de Cristo é mencionada
no Novo Testamento, aproximadamente 318 vezes. Esse fato é
mencionado 8 (oito) vezes a mais, que a primeira vinda. Todo
o destaque que é dado a esse acontecimento previsto, torna-se
base de convicção para Igreja.
Vejamos as declarações que atestam que o Senhor Jesus
virá novamente:

• As declarações do Senhor Jesus Cristo: O Senhor


Jesus declarou diversas vezes e de várias maneiras,
que voltaria (João 14:3). Em seus sermões proféticos,
ensinos, promessas e parábolas, encontramos essas
declarações (Mt 24. 1-14, 24; 25. 14-30; Mc 13. 1-13;
Lc 21. 5-36; 25; Ap 3.11; 22.12). Suas declarações são
fiéis e verdadeiras e merecedoras de crédito.

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

• A afirmação dos anjos: No momento da ascensão de


Jesus, enquanto os discípulos ainda olhavam para
cima, apareceram dois seres celestiais afirmando
que, o mesmo Jesus que havia sido elevado aos céus,
haveria de voltar (At 1. 8,11). As Escrituras
registram que os anjos de Deus, participarão de
forma efetiva da segunda vinda de Cristo (1 Co 15).

• Declaração dos apóstolos: Todos os apóstolos de Jesus


escreveram sobre esse assunto. Paulo (1 Co 1.8; 6.14;
1 Ts 4. 15-18; 1 Co 15. 51-54; Fp 3.20,21); Tiago (Tg
5.7,8); Pedro (1 Pd 1.5,7; 2 Pd 3.8-14); João e Judas (
Jo 14.1-3; I Jo 2.28; 3.1-3; Jd 14,15).

1.2 - Os sinais da Segunda Vinda

O momento da segunda vinda de Cristo é desconhecido.


Ninguém é conhecedor do dia e hora, em que Ele virá. Tentar
estabelecer uma data para aquilo que Deus não revelou, é
precipitação. Isto é parte integrante dos segredos divinos (At
1.6,7; Dt 29.29). Jesus afirmou que a sua volta seria precedida
de muitos e variados sinais e que, nem Ele nem os anjos,
sabiam do momento estabelecido pelo seu próprio Pai (Mt
24.36, 42-44; 25.13; Mc 13.32,33; 1 Ts 5.2). Os sinais não

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

têm o propósito de revelar a data do retorno de Jesus. Eles se


constituem de um solene aviso da parte de Deus, indicando
a brevidade daquele glorioso dia para a Igreja. E o desejo do
Senhor, é que todos estejam aptos a discerni-los, a fim de não
serem apanhados de surpresa naquele dia (Mt 24.3-14). Neste
estudo mencionaremos alguns.

Sinais nos céus

Na relação de sinais que precedem à volta de Jesus, estão


os sinais no céu. Assim como Deus fez uso de um fenômeno
astronômico para indicar a chegada de seu Filho amado a terra
como Salvador, do mesmo modo usará para a segunda vinda.
Jesus em seu sermão profético declarou que: “Haverá sinais
no sol, na lua e nas estrelas. Corpos celestes serão abalados”
(Lc 21.11, 25,26; Mt 24.29; Mc 13.24,25).

As comprovações científicas: Com o progresso científico,


tem sido possível, através de modernos e potentes instrumentos,
como: telescópios, satélites, plataformas especiais etc.,
visualizar, entender e registrar vários fenômenos astronômicos
ocorridos. Dentre eles destacamos:

• Queda de um meteorito próximo a Ensishein, Alsácia,


em 16 de novembro de 1942.

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

• Choque de um asteróide, ou um cometa com a terra


em 30 de junho de 1908. Em Tunguska, na Sibéria.
• Colisão de um cometa com o planeta Júpiter, batizado
de Cometa Schoemaker-Levy 9, em 16 de julho de
1994.
• A explosão de um corpo celeste que, chocou-se
com a terra em 9 de dezembro de 1997, no sul da
Groenlândia.

Os efeitos na terra: Ricardo L.V. Mascarenhas, em seu


livro “Os Últimos Dias” faz a seguinte declaração ao se referir
aos efeitos desses sinais sobre a terra:

Observe que Jesus não diz que os sinais do céu


serão sentidos em toda a terra, muito menos que
devastarão todo o planeta. Fala apenas do terror
da expectativa. Isto pode significar, por exemplo, a
queda dos fragmentos de um cometa ou de um
asteróide, que por seus tamanhos, gerariam
especulações de grande destruição, mas, por suas
composições, ao entrarem na atmosfera terrestre,
seriam reduzidos a dimensões que causariam apenas
danos limitados, como os maremotos produzidos pelos
maiores fragmentos caídos no mar e o escurecimento
do sol e da lua pela nuvem de poeira

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

produzida pelos impactos dos maiores fragmentos


caídos na terra. Estes fragmentos, que poderiam
ser dezenas ou centenas, seriam vistos como
estrelas cadentes, ou chuva de estrelas. E tudo isto
ocorreria em uma área geográfica relativamente
limitada.
Mas não precisamos nos preocupar com a
possibilidade de devastação do planeta, pois qualquer
evento astronômico de grande ameaça para a terra
não deverá destruí-la antes da vinda de Jesus, pois Ele
mesmo nos diz: “Então verão vir o Filho do Homem
vindo numa nuvem, com poder e grande glória” (Lc
21.27). E, em Apocalipse, isto fica bem claro:
“Vede, ele vem com as nuvens e todo olho o verá...
(Ap 1.7).

Sinais na terra

Terremotos: O Senhor Jesus fez menção de sinais que


acontecerão na terra, destacando os terremotos (Mt.24:7).
As estatísticas têm comprovado que, o índice de frequência
de terremotos, tem aumentado com o passar dos séculos. Os
números trazem o seguinte registro:
No século X - 32; no século XI - 53; no século XII - 84;
no século XIII - 115; no século XIV - 137; no século XV - 174;
no século XVI - 253; no século XVII - 378; no século XVIII

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

- 640; no século XIX - 2119; no século XX - 6500 e no século


XXI 14127 (magnitude 5.0 a 9.9).

Mudanças climáticas: Nestas ultimas décadas, o clima


da terra tem sofrido grandes variações. As previsões climáticas
quanto ao futuro não são as melhores. Uma pergunta é ouvida
em todo o mundo: O que está acontecendo com o clima da
terra? A ação visível e irresponsável do homem sobre o meio
ambiente é a resposta para esse atual estado de coisas. Paulo,
em sua carta aos Romanos afirmou que a criação geme e está
juntamente com dores de parto. Isto por causa das agressões
que tem sofrido pela ação do homem, dentre elas:

A poluição generalizada, o desmatamento desenfreado e a caça


predatória. O relatório da Comissão da ONU de 2007, alerta
quanto à necessidade de mudança na postura humana em relação
ao planeta. Ele incentiva a ação individual, mostrando que cada
pessoa pode ajudar a reduzir as emissões de gases prejudiciais
fazendo mudanças no estilo de vida.

Catástrofes naturais: O aquecimento global tem


desencadeado uma série de cataclismo (Grande inundação,
dilúvio, derrocada; grande desastre social). O desgelo das

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

calotas polares, o aumento do nível dos mares e a sua invasão


na costa litorânea, furacões, tornados, enchentes e secas, são
algunsdos efeitos catastróficos dessa realidade que está
presente em nossos dias.

Instabilidade dos Governos: Um fato incontestável, que


se constitui de mais um sinal evidente da volta de Jesus, é a
instabilidade em que vivem as nações. Ninguém tem certeza
quanto à segurança futura. Reinos, impérios, democracias têm
sido afetados pela insegurança. Poucos estão satisfeitos com os
seus atuais governantes. O mundo clama por soluções urgentes
para os seus mais graves problemas e busca uma saída em um
líder que venha satisfazer suas expectativas. A instabilidade
reinante abre caminho para a ascensão do futuro líder mundial,
o Anticristo.

Confederação das Nações: Pactos, alianças, acordos têm


sido comuns nos dias atuais entre as nações. O alvo dessas
nações em unir-se, é abrangente e aponta para vários sentidos,
dentre eles os seguintes:

• Paz e segurança em seus territórios


• Fortalecer as suas economias
• Construir um mercado comum entre os países aliados

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

• Harmonizar as tarifas alfandegárias para facilitar as


suas importações e exportações
• Abolir progressivamente as fronteiras entre os países
membros
• Criar entre os países integrantes uma só moeda
visando à unidade de suas economias.

Nos pactos entre as nações confederadas está à questão da


sobrevivência, a adequação das novas realidades tecnológicas e
as perspectivas da globalização da economia mundial.

Progresso Científico: Em seus vaticínios proféticos,


Daniel declarou que a ciência se multiplicaria nos últimos
tempos (Dn 12:4; Na 2:4). A geração atual tem sido testemunha
ocular do admirável avanço tecnológico. Nas últimas décadas
a ciência tem se desenvolvido como nunca na historia da
humanidade. Governos têm cada vez mais disponibilizados
em seus orçamentos anuais recursos para investimento em
pesquisa científica. Tudo isto indica que, estamos vivendo os
últimos dias (do grego “Eschatais” “hēmerais”).

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

Sinais na área social e moral

Pestes: Outro sinal previsto por Jesus para os dias que


antecederão a sua volta é o das pestilências. Grandes têm sido
os desafios da ciência médica para banir da terra esse mal.
Equipamentos, vacinas, novos métodos de terapia têm sido
criados nessa luta sem trégua contra a humanidade. Doenças
infecto-contagiosas como a malária, varíola, febre amarela,
hepatite, tuberculose, pestes e tantas outras, têm afligido e
ceifado vidas, aos milhares.

Guerras: As guerras fazem parte da história das nações


e também do conjunto de sinais que antecedem o advento
de Cristo. O resultado de um estudo minucioso das guerras
determina que, o egoísmo tem sido a raiz de todas elas. O
investimento usado com os modernos tipos de armas, usados
nas guerras, daria para resolver graves problemas enfrentados
pela humanidade. Mortes, mutilações, doenças, destruições e
grandes prejuízos têm sido o saldo funesto das guerras (Mt 24.7).

Fome: A humanidade, ao longo de sua história, tem sido


vitimada pela fome. As mudanças climáticas, as guerras, as
pragas na lavoura, a falta de recursos naturais e financeiros, o
descasodas grandes potências, têm sido a causa dessa amarga

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

experiência vivida pelo ser humano. O sermão profético de


Jesus indica que, haverá fomes em vários lugares, precedendo
a sua vinda (Mt 24).

Tempos trabalhosos:

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias


sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens
amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos,
soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães,
ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis,
caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor
para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos,
mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
tendo aparência de piedade, mas negando a
eficácia dela... (2 Tm 3:1-9).

Jesus afirmou que os dias antecederiam a sua vinda,


seriam semelhantes aos dias de Noé e Ló, onde a indiferença
pelas coisas divinas, a incredulidade, a violência, o
sensualismo, a exploração dos atrativos femininos, a
depravação moral eram característicos daqueles dias. O
divórcio e novo casamento, nudismo, adultério, sexo pré-
marital, sexo livre, perversões sexuais das mais diversas,
aborto são coisas aceitáveis nessa
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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

sociedade de hoje, desprovida do conhecimento de Deus e de


sua vontade.
Ataque a Família - Deus instituiu a família e estabeleceu
princípios para o seu desenvolvimento. Cada integrante da
família: marido, mulher e filhos têm seu papel bem definido
na Palavra de Deus (Ef 5.22-33; 6.1-4). E quando os princípios
do Criador não são aplicados, a família corre o risco de ser
destruída. Satanás, de forma sistemática econstante tem atacado
a família. Seu intento é destruí-la. As estatísticas registram
que o número de casamento está diminuindo e o de divorcio
está aumentando A família é a unidade básica da sociedade.
Sua destruição é a desintegração da sociedade. A história
testemunha em seus registros que civilizações sobreviveram ou
desapareceram pela condição em quem viviam as famílias.
A preservação moral é um dos propósitos do casamento à
luz das Escrituras Sagradas. Em seu ataque a família, Satanás
tem usado de todos os meios para disseminar conceitos
antibíblicos e antifamiliares, visando à destruição dos padrões
morais estabelecidos por Deus.

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Sinais na vida religiosa

Apostasia: A palavra profética prevê apostasias para os


últimos dias.
Apostasia, grego “apostasia” e de “aphistemi”, que
traduzido é “apartar”. Portanto, apostasia significa: retirada,
abandono, renegação; afastar-se da religião ou daquilo a que
antes se estava ligado.
A apostasia é o abandono da fé cristã. Ela ocorre dentro da
Igreja de Cristo, na vida daqueles que tiveram uma verdadeira
experiência com Cristo e por falta de vigilância e conhecimento
aprofundado da Palavra de Deus, foram levados por ensinos
transmitidos por falsos mestres inspirados por demônios.
A apostasia acontece quando rejeitamos os ensinamentos
originais de Cristo. Somos exortados a crescer na graça e no
conhecimento de Jesus Cristo, para que não sejamos enganados
por qualquer vento de doutrina e cheguemos à apostasia.

Maso Espírito expressamente diz que nos últimos


tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a
espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;
pela hipocrisia de homens que falam mentiras,
tendo cauterizada a sua própria consciência;
proibindo o casamento, e ordenando aabstinência
dos alimentos
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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem


a verdade, afim de usarem deles com ações de
graças. (1 Tm 4:1-4).

Falsos Cristos: Outro sinal antecedente ao retorno de


Cristo é a aparição de falsos cristos. Essa previsão, tem tido
um fiel cumprimento nesta época, em que estamos vivendo.
Em várias partes do mundo desde o inicio da era cristã, têm
surgido homens intitulando-se Cristo, conforme a previsão
feita por nosso Senhor Jesus Cristo.

Falsos Profetas (Líderes, Mestres): O surgimento dos


falsos profetas e mestres para os últimos tempos (do grego
“Hysterois” “Kairois”) é uma realidade em nossos dias. Esses
falsos líderes têm aparência de piedade, negando a eficácia dela
em suas vidas com as más obras. À luz dos registros bíblicos eles
são cruéis, hipócritas, mentirosos, gananciosos e buscam seus
próprios interesses. E introduzindo no meio do povo de Deus
suas heresias, tem desviado a muitos da verdade genuína do
Evangelho. A recomendação de Jesus, é que se tenha cuidado
com os tais.

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Despertamento religioso: E nos últimos dias acontecerá,


diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a
carne. Esta é a promessa divina para os dias que antecedem
o retorno de Jesus, para levar os seus escolhidos que aqui na
terra vivem nesta esperança. Enquanto Satanás tem atacado
a Igreja de diversas maneiras, levando a muitos a uma vida
de religiosidade conformada, indiferença quanto às coisas de
Deus, mornidão espiritual, negação da fé, Deus está levantando
um exército poderoso de pessoas em toda a terra, revestida de
seu Espírito para a realização da grande e final colheita de
almas que precederá ao arrebatamento da Igreja. O Espírito
Santo, de um modo glorioso, tem atuado na igreja nestes
últimos dias, promovendo despertamento quanto a uma vida
de compromisso com Deus e a sua Palavra. Manifestando com
a concessão e a operação de dons sobrenaturais, separando,
preparando e enviado obreiros, dispostos aos grandes desafios
da evangelização mundial.

Sinais na história de Israel: Todos os sinais mencionados


neste trabalho, previsto para os dias antecedentes à segunda
volta de Jesus, de alguma forma ou maneira já se cumpriram
em alguma época da história. Baseados neles, alguns, até
chegaram à precipitação de determinarem data da vinda de
Jesus. Porem, o sinal da historia de Israel é inconfundível,

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

preciso e determinante. Israel é o grande sinal de Deus para


toda humanidade. Os olhos de Deus estão voltados para a
vida deste povo. O plano divino para com a humanidade está,
diretamente, ligado a essa gente.

A dispersão: A nação de Israel é descendente de Abraão.


Estando ele em Ur dos Caldeus, na Mesopotânia, Deus lhe
apareceu e o chamou para a mais sublime das missões de
trazer ao mundo o Messias, o redentor dos povos, através de
sua descendência. A chamada divina incluía várias promessas
e obrigações. Dentre elas de uma terra e a formação de uma
grande nação. Na terra prometida, a descendência de Abraão
como nação, se observasse atentamente os mandamentos do
Senhor e aos seus preceitos, seria abençoada, próspera, vitoriosa
e cabeça entre as nações. Caso contrário, seria amaldiçoada
e desterrada entre as nações do mundo. Por não cumprir na
sua totalidade, mas em parte, com o propósito pela qual foi
criada como nação, a descendência de Abraão foi, por diversas
vezes, ao longo de sua história, dispersa. A pior delas se deu no
ano 70 da nossa era, quando o general Tito invadiu Jerusalém,
destruindo a cidade, inclusive o Templo, conforme Jesus
predisse em seu sermão escatológico no monte das Oliveiras.

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

O retorno: A história desse povo registra o quanto ele


tem sofrido durante a sua existência, por sua desobediência e
rejeição ao Messias, o seu descendente. O castigo que os judeus
pediram diante de Pilatos no julgamento de Jesus, dizendo:
“O seu sangue caia sobre nós e os nossos filhos” (Mt 27.25),
tem se cumprido em sua caminhada histórica. Nenhum povo
tem vivenciado em sua história, tantas perseguições e
atrocidades como o Judeu. Exílios, torturas, martírios, maus
tratos, tentativas de extermínio em massa e tantas outras
coisas; são marcas que este povo traz em sua história. Só um
milagre justifica a sobrevivência dos descendentes do patriarca
Abraão, quando muitos chegaram a acreditar em sua extinção.
Da forma como Deus afirmou que, este povo seria disperso
entre as nações, garantiu também sob aliança que ele voltaria
a ocupar o seu território e seria restaurado como nação.
Em meados do século XVIII, começaram os primeiros
indícios do cumprimento dessa profecia, por intermédio de
um rabino ortodoxo de uma pequena comunidade próxima a
Belgrado, na atual Iugoslávia,defendendo o retorno dos Judeus
a sua terra. Em 1896, o jornalista Theodor Hergl, em uma de
suas publicações, defendeu a criação de um estado judeu na
Palestina. Em 1917, a Grã-Bretanha emitiu uma declaração em
favor da criação de uma nação judia na Palestina, conhecida
como a “Declaração de Belfour”. Em 14 de maio de 1948,

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

o sonho dos judeus se tornou uma realidade. O Congresso


Provisório do Estado Judeu proclamou o estabelecimento
do Estado Judeu, com a participação do brasileiro Osvaldo
Aranha, com o seu voto decisivo em favor de Israel. A palavra
profética é fiel e verdadeira.

A restauração: O retorno de Israel ao seu território é


na atualidade o grande sinal da brevidade da vinda de Jesus.
A rejeição divina para com os descendentes de Abraão foi
temporária e parcial. A existência desse povo é motivada
pelos propósitos divinos, que existem para com ele na terra.
Deus prometeu restaurar a sorte dessa gente, que Ele na sua
soberania, elegeu. A restauração de acordo com a palavra
profética ocorreria em etapas: restauração nacional, moral e
espiritual. A restauração do povo Judeu teve o seu início, a
nacional já aconteceu e prosseguirá até a sua totalidade no
reino de Cristo na terra.

1.3 - As fases da Segunda Vinda de Cristo

A segunda vinda de Cristo é mencionada como um só


evento; porém, o mesmo se manifestará em duas fases.
Uma leitura superficial das passagens bíblicas alusivas à
segunda vinda de Cristo sem um estudo aprofundado, traz a

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

impressão que há contradições nos escritos. Um texto afirma


que Jesus descerá do céu e a sua igreja encontrará com Elenos
ares (1 Tessalonicenses 4:15-17). Outro assegura que, quando
Ele vier, os seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras. Em
outra passagem é afirmado que Ele virá num abrir e fechar
de olhos. Noutra é dito que quando Ele voltar todo olho verá
( Zc 14:9; Ap 19:11; 20:1-5). Como entender estas e outras
aparentes discrepâncias nos textos correlatos? Não existe,
nos textos bíblicos relacionados à segunda vinda de Cristo,
nenhuma contradição. A harmonia entre eles é encontrada,
quando se visualiza duas etapas desse grandioso evento. A
análise aprofundada sobre os registros bíblicos da segunda
vinda de Jesus, indica não somente a existência das duas fases,
mas a distinção clara entre elas. O quadro abaixo traz essas
diferenças.

1ª FASE 2ª FASE

É o arrebatamento ou rapto - É a volta triunfal, a


fim da dispensação da graça revelação ou manifestação
(ICo15 e I Ts 4) pessoal; em grego, a
“parousia” (Zc.12:9,10;
Ap.1:7;19:11-21).

Virá para os seus Virá com os seus

Será invisível Será visível

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

Virá até as nuvens Virá e pisará na terra

Será antes da Grande Será o evento que porá um


Tribulação fim na “Grande Tribulação
e ao reinado do Anticristo,
na conhecida batalha do
Armagedom”.

Os incrédulos serão deixados Os incrédulos serão destruídos

Virá com surpreendente alegria Virá com profunda


lamentação

II - O ARREBATAMENTO DA IGREJA

2.1- O significado do arrebatamento

O arrebatamento se constitui no maior anelo da Igreja de


Jesus. Momento em que ela aguarda em santidade e vigilância,
sabendo que será transladada a estar para sempre com o seu
Senhor e Salvador; onde não haverá mais morte, nem pranto,
nem clamor, nem dor, porque tudo será novo.
A palavra “arrebatamento” vem do latim “raptus” e
significa“levado rapidamente e com força” (“retirada
repentina”,“rápido”, “de improviso”) traduzido do grego
“harpazō”(“agarrar”,“apanhar”). Na LXX (septuaginta) tem o
significado de

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UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

“arrebatamento”, ser levado embora.8 Em 1 Tessalonicenses


4.17, o apóstolo Paulo diz que, os crentes serão “arrebatados” e
se encontrarão com o Senhor nos ares. Este acontecimento será
marcado pela retirada da igreja da face da terra, instante em que
terminará também a dispensação da graça.

2.2 - Correntes teóricas de interpretação do arrebatamento

Existem algumas correntes teóricas de interpretação


quanto à época em que se dará o arrebatamento da Igreja, em
relação à Grande Tribulação, que ocorrerá na terra, prevista na
palavra profética. Vejamos:

Os Pós-tribulacionistas: Os teóricos desta doutrina


afirmam que, a Igreja passará pela Grande Tribulação, e só será
arrebatada após esse período, por ocasião da segunda vinda de
Cristo. Uma das razões em que os defensores desta doutrina
baseiam sua afirmativa é a de que em Apocalipse, nos capítulos
4 ao18, que descrevem o período da tribulação, em nenhum
lugar é mencionado que a igreja está no céu. Mas, cremos que a
igreja não passará pela Grande Tribulação. Ela será arrebatada
antes da aflição que se abaterá sobre a terra (conforme: Ap.3:10;

8. DAVIS, John D., Dicionári da Bíblia. JUERP, 1984.

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INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

Rm.5:9; 1Ts.1:10;5:9). E em Apocalipse 21, João descreve a


Igreja como a esposa do Cordeiro, indicando que ela foi levada
para encontrar-se com Cristo, antes da Grande Tribulação.

Os Midi-tribulacionistas ou Mesotribulacionistas: Baseados


em Daniel 9.27 e em Mateus 24.1-14, os defensores desta doutrina
asseguram que o arrebatamento da Igreja acontecerá na metade da
Grande Tribulação. De acordo com essa linha de entendimento
o evento ocorrerá na metade da semana, a Grande Tribulação,
quando o pacto com o príncipe que há de vir, o Anticristo, for
quebrado. E que essa primeira metade da semana corresponde ao
principio das dores previsto por Jesus no seu sermão profético de
Mateus.
O Dr. Pentecost comenta:

De acordo com essa interpretação, a igreja será


arrebatada ao final da primeira metade (três anos e
meio) da septuagésima semana de Daniel. A igreja
suportará os acontecimentos da primeira metade da
tribulação, que, segundo os mesotribulacionistas,
não são manifestações da ira de Deus. Ela será

9. PENTECOST J.Dwight, Manualde Escatologia, p231. São Paulo: Editora


Vida (1998)

182

24
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

transladada, todavia, antes que comece a segunda


metade da semana, que, segundo essa teoria,
contém todo o derramamento da ira de Deus.
Afirma-se que o arrebatamento ocorrerá junto
com o soar da última trombeta e a ascensão das
duas testemunhas de Apocalipse 11.

Os Pré-tribulacionistas: Na interpretação desta escola, a


igreja não passará pela Grande Tribulação. Ela será arrebatada
antes da aflição que se abaterá sobre a terra (Ap.3:10; Rm.5:9;
ITs.1:10;5:9). Essa corrente de interpretação é que a mais se
harmoniza com os relatos bíblicos existentes sobre o assunto.
Este trabalho versa sobre o ensino desses intérpretes.

Algumas razões pelas quais acreditamos que a igreja


não passará pela Grande Tribulação:

As revelações do Apocalipse: Ao falar sobre a Grande


Tribulação, o livro de Apocalipse, não faz menção da
participação da igreja. Ela está presente nos capítulos 1 a 3. Do
capítulo 4 em diante, que trata das coisas que vão acontecer,
inclusive a Grande Tribulação citada nos capítulos 6 ao 18, ela
não é mencionada, reaparecendo somente no capítulo 19 e nos
versículos 7 a 9 e 14, participando das Bodas do Cordeiro, para

183

25
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

logo após, descer para reinar com Cristo.

As declarações e analogias de Jesus: As declarações,


promessas e analogias de Jesus, deixam claro que a Igreja
será livre da Grande Tribulação. O missionário N. Lawrence
Olson, comentando sobre o assunto, escreveu em seu livro, “O
Plano Divino Através dos Séculos” o seguinte:

O ensino de Jesus em Lucas 21.25-36, deixa bem


claro que o destino de sua Igreja é escapar do castigo que
o mundo sofrerá. No versículo 28 diz: “Ora,
quando estas coisas (os sinais no sol, na lua, e nas
estrelas, a angústia entre as nações, a perplexidade, o
terror etc.) começarem a acontecer, levantai a vossa
cabeça, porque a vossa redenção está próxima” Esta
“redenção” refere- se à “redenção do corpo”
mencionada em Romanos 8.22,23, que é a
transladação do crente no momento do
arrebatamento. Em Lucas 17.26-30, Jesus fez a
analogia entre os dias de Noé no tempo do Dilúvio
e os dias de Ló, quando Deus subverteu as cidades
de Sodoma e Gomorra. Esses juízos não aconteceram
enquanto os servos de Deus não estivessem em
lugar seguro. A Promessa a Igreja em Filadélfia

184

26
“Como guardaste a palavra da minha paciência, também te
guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo,
para tentar os que habitam na terra” (Ap 3.10). A expressão “
hora da provação”, da qual a igreja será guardada, a nosso ver,
só pode ser a Grande Tribulação, pois tratar-se de algo de
âmbito internacional.

O ensino de Paulo: A Grande Tribulação compreende


um tempo de aflição como nunca antes registrado. A ira de
Deus será derramada sobre a terra, sem medida. Jesus afirmou
que se aqueles dias não fossem limitados, haveria uma extinção
da raça humana. Nos ensinos de Paulo a Igreja não é
destinada para os juízos descritos no Apocalipse.

O Alvo da Tribulação: De acordo com a palavra


profética, a Grande Tribulação atingirá todo o mundo; porém,
o alvo principal é a nação de Israel. Nesse período Deus estará
tratando com o seu povo, para depois restaurá-lo para sempre.

2.3 - As características do arrebatamento

Os relatos bíblicos sobre o arrebatamento apresentam


várias características que marcarão esse momento: 1. O

185

27
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

arrebatamento da Igreja ocorrerá de forma inesperada. Jesus


afirmou que será de surpresa como a ação do ladrão. Numa
hora em que ninguém estiver esperando. 2. Ocorrerá de uma
forma muito rápida. O relato bíblico sobre o evento compara a
rapidez do momento a um abrir e fechar de olhos e ao reluzir
do relâmpago (1Co 15.53; Mt 24.27). 3. Não será visível aos
olhos humanos. A rapidez com que ele se dará não permitirá
a sua visibilidade, na Revelação Pessoal, isto é, na segunda
fase, todo o olho verá o Senhor descendo sobre o monte das
Oliveiras de onde ascendeu ao céu. 4. Causará uma separação
entre os que serão e os que não serão arrebatados. Só aqueles
que estiverem em legítima comunhão com o Senhor Jesus serão
arrebatados. O desaparecimento das pessoas e a separação que
o arrebatamento causará na terra; levará muitos ao desespero
e anunciará a realidade deste grandioso acontecimento (Mt
24.40,41).

Os participantes do arrebatamento: Os relatos de Paulo


indicam que o arrebatamento da Igreja envolverá o céu, a terra
e os ares, e descreve aqueles que tomarão parte do momento
desse evento:

1. O Próprio Jesus é o principal personagem do


arrebatamento. O mesmo Senhor que morreu,

186

28
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

ressuscitou e que subiu ao céu, cumprindo as suas


promessas, voltará para os seus.
2. Os anjos que tiveram participação ativa na primeira
vinda de Cristo, no segundo advento também
tomarão parte. O arrebatamento se dará sob a voz do
chamamento e do comando do arcanjo.
3. Todos aqueles que morreram em Cristo serão
ressuscitados. Num momento, num abrir e fechar
de olhos, aos ressoar da última trombeta. Esta é a
primeira ressurreição e conforme o Apocalipse, feliz
aquele que faz parte dela.

O arrebatamento ocorrerá para aqueles que estão


aguardando esse momento e estão vivendo em conformidade
com a verdade do Evangelho. Nos escritos de Paulo sobre o
arrebatamento, ele declarou que os vivos não precederão aos
mortos. Em Cristo, os mortos ressuscitarão primeiro e depois
os que estiverem vivos serão transformados e juntamente com
eles encontrarão com o Senhor nos ares.

Os propósitos do arrebatamento: Em cada uma das etapas


da segunda vinda de Cristo haverá propósitos específicos. No
arrebatamento são encontrados os seguintes:

187

29
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

• Levar a igreja para junto de si: (1 Co 6.20; Ap 5.9; Jo


17.14-16; 14.1-3; Jo 3.1-3; I Ts 4.17).
• Consumar a salvação do crente: (Rm 8.23; 13.11; 2
Pd 1.5).
• Julgar e recompensar a todos: (Mt 13.30, 40-43;
16.27; 2 Co 5.10; 2 Ts 1.7-10).
• Introduzir a Igreja nas Bodas do Cordeiro: A união
eterna de Cristo com a Igreja é comparada a um
casamento. E essa união se dará com o arrebatamento.
A Igreja, a noiva, após seu encontro nos ares com
Cristo, o noivo, será julgada e em seguida introduzida
nas Bodas do Cordeiro, para depois, retornar à terra,
juntamente com Ele, para reinar.
• Livrar seus escolhidos da Grande Tribulação: (Mt
24.21, 22; 1 Ts 1.10; 5.9,10; Ap 3.10).

2.4 - O Tribunal de Cristo

O Tribunal de Cristo é um dos sete julgamentos


registrados nas Escrituras Sagradas. O apóstolo Paulo ao fazer
menção dele empregou a palavra grega “BEMA”, vocábulo
utilizado para descrever o tribunal em que os atletas da antiga
Grécia eram submetidos a um julgamento, perante o juiz da
arena, após a participação dos jogos, corridas e outras provas

188

30
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

desportivas, para serem recompensados pelas suas conquistas.


Esse julgamento não é condenatório, mas de recompensas pelo
bem ou mal que tiver sido feito por meio do corpo (2 Co 5.10)

A Convocação ao Tribunal

Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de


Cristo. Quem são os envolvidos nesse julgamento? Onde e
quando se dará?
O Tribunal de Cristo é um julgamento exclusivo aos
salvos em Cristo. Não se trata de julgar os pecados cometidos,
eles já foram perdoados no ato da conversão. Para quem está
em Cristo não há mais nenhuma condenação. Os salvos serão
convocados para serem recompensados.
O juiz designado é o próprio Cristo. Por isso o julgamento
é denominado de Tribunal de Cristo. O Senhor Jesus recebeu
do Pai todo o juízo e nessa autoridade ele avaliará e manifestará
a obra de cada um (Jo 5.22). Diante dele todas as coisas estarão
a descoberto.
Está evidenciado no estudo da segunda vinda de Cristo
que, o julgamento do Tribunal de Cristo, se dará em algum
momento após o arrebatamento da Igreja, quando ocorrerá a
primeira ressurreição (Ap 22.12; Lc 14.14; I Co 4.5).

189

31
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

Os intérpretes da escatologia bíblica são unânimes em


afirmar, que o Tribunal de Cristo ocorrerá após o arrebatamento
da Igreja. Quanto ao lugar, as opiniões se dividem. Uns
afirmam que acontecerá nos ares, outros no céu. Neste estudo,
admitir-se-á como lugar do julgamento, os ares.
O pastor Mario Sergio Pompeu, em seu artigo, O
Arrebatamento da Igreja e a Cronologia do Fim, declarou:

Existem muitas divergências entre os


comentaristas quanto ao local exato do Tribunal de
Cristo. Acredito que será na porta e nos ares. Onde
me baseio na Bíblia? Na antiguidade os juízes e
anciãos de uma nação costumavam julgar seus súditos
e suas causas na“porta da cidade” (Gn 19.1,9; 1 Sm
4. 13,18; 2Sm 15.2). Boaz, chamado o remidor, e
mais dez testemunhas da cidade de Belém,
julgarama causa de Rute, a moabita, na “porta da
cidade” de Belém (Rt 4.1,2) E ali, diante desse
tribunal, elarecebeu “... o galardão do Senhor Deus de
Israel” (Rt 2.12).

32

190
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

A Avaliação No Tribunal

Obras Praticadas: A obra decada um será avaliada


naquele dia. O fogo será o elemento usado para provar a
qualidade de cada obra praticada. Essas obras são,
figuradamente, comparadas pelo apostolo Paulo por seis tipos
de materiais: ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e
palha. Os três primeiros são resistentes ao fogo, os demais
são perecíveis. As obras resistentes ao fogo e simbolizadas ao
ouro, prata e pedras preciosas são aquelas que são realizadas de
boa vontade, qualidade e para glória de Deus. As perecíveis
representadas por madeira, feno e palha são aquelas praticadas
para benefício próprio, autopromoção e de maneira relaxada.
À luz da revelação Paulina, só as obras que resistirem ao
fogo, serão galardoadas.

Tratamento Mútuo: A forma de tratamento usado por


cada um em relação ao seu próximo será também alvo de
avaliação, principalmente para com os irmãos na fé. Tudo o
que for feito ao próximo, seja por ação, palavra e até omissão,
será julgado. O mandamento de Jesus é que tudo quanto
queremos que os outros nos façam, façamos a eles também
(Mt 7.12; 10.42; 22.37-39; Gl 6.9,10)

191
33
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

Mordomia: Como administradores de bens que não lhes


pertence, o cristão será julgado pela maneira como exerceu a
sua função. O que fez de seu tempo, do seu potencial, dosseus
talentos, das oportunidades recebidas, das responsabilidades
confiadas e de tantas outras coisas pertinentes a sua mordomia?
A fidelidade do crente como mordomo do Senhor será o grande
diferencial naquele dia. Diante dessa realidade cada um deve
analisar como está sendo o seu viver, diante daquele com quem
vai tratar.

Perseverança Frente à Tribulação e Perseguição

Tribulação e perseguição fazem parte da vida daqueles


que procuram viver de acordo com os preceitos divinos.
Enganam-se aqueles, que imaginam que a vida cristã, é apenas
de vitória e descanso. A revelação bíblica aponta para uma
outra realidade, afirmando que haverá tais experiências na
carreira dos seguidores de Jesus. Porem, todos que forem fiéis e
perseverantes até mesmo a morte, receberão galardão.

192
34
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

O Veredicto Do Tribunal

Ninguém será condenado nesse Tribunal, todos serão


absolvidos. O julgamento diz respeito à qualidade das obras
e não ao praticante das obras. O texto bíblico mais completo
sobre o Tribunal de Cristo assegura que o fogo divino vai
provar a obra de cada um. Se a obra de alguém se queimar,
sofrerá detrimento, mas o tal será salvo.
O alvo maior desse Tribunal é recompensar aqueles
que foram fiéis, diligentes, responsáveis e perseverantes até o
fim, no exercício de sua mordomia. O galardão a ser recebido
é possibilitado por um ato de soberania, bondade, justiça e
fidelidade divina e não por méritos pessoais alcançados.
O Tribunal de Cristo é um julgamento exclusivo daqueles
que foram arrebatados. Porém, nem todos serão galardoados,
apesar de pertencerem ao número dos salvos.
O teólogo Donald C. Stamps10, escreveu: “Nesse juízo, há
possibilidade do crente, embora salvo, sofrer uma grande perda”
(grego “zemioō”, que significa “sofrer perda ou dano”). O
crente negligente corre o perigo de sofrer perda, a saber:

10. Autor das Notas e Estudos da Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD,


2002).

193
35
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

1. sentimento de vergonha na vinda de Cristo (2 Tm


2.15; I Jo 2.28);
2. perda do trabalho que fez para Deus na sua vida (1
Co 3.12-15);
3. perda de glória e de honra diante de Deus (Rm 2.70;
4. perda de oportunidade de servir e de autoridade no
céu (Mt 25.14-30);
5. posição inferior no céu (Mt 5.19; 19.30);
6. perda de galardão (I Co 3.14,15); e
7. retribuição por injustiça cometida contra o próximo
(Cl 3.24,25).

Esses textos bíblicos devem gravar em nossa mente a


necessidade de uma dedicação total, inclusive fidelidade e
abnegação no serviço de nosso Senhor (conforme, Rm 12.1,2;
Fp 2.12; 4.3).

Variedades De Recompensas

São mencionadas nas Escrituras, recompensas variadas


para aqueles que forem aprovados no julgamento do Tribunal
de Cristo. Dentre essas recompensas está destacado neste
estudo as seguintes:

194
36
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

• Privilégios e responsabilidades (Mt 25. 14-30)


• Posição de destaque (Mt 5.19; 19.30)
• Recompensas
• Recebimento de coroas

1. Coroa Incorruptível: (1 Cor. 9:25-27) - para quem


vence a carne;
2. Coroa de Justiça: (2 Tim. 4:8) - para aqueles que
amam a Sua vinda;
3. Coroa da Vida: (Tiago 1:12) - para aqueles que
suportam as provações por amor do Senhor;
4. Coroa da Glória: (1 Ped. 5:4) - para aqueles que
cuidarem fielmente do rebanho (vs. 1-3).

2.5 - As Bodas do Cordeiro

A figura do casamento é usada várias vezes nas Escrituras


Sagradas para expressar a relação de Deus com o seu povo.
Deus no antigo Testamento é apresentado como marido e o
Seu povo como mulher (Is 54.5,6; Ez 16; Os 2 e 3). No Novo
Testamento Cristo é identificado como noivo e a sua Igreja
como a noiva (Mt 9.15; 25.1-13; 2 Co 11.21)

195
37
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

O vocábulo “bodas” vem do latim “vota” e significa


“votos”, em alusão aos votos matrimoniais por ocasião do
casamento. O termo Bodas aqui é usado no plural porque,
conforme a celebração da festa de casamento judaico durava
de sete a quatorze dias (Jz 14.12)
As Bodas do Cordeiro é a celebração da união eterna de
Cristo com a sua amada Igreja. E também, o cumprimento
de suas palavras, na instituição da Ceia, quando afirmou que
cearia com eles na casa do Pai (Mt 26.29).

O Anúncio das Bodas: O apostolo João ouviu no céu


o anuncio da chegada das Bodas do Cordeiro. Quem é este
Cordeiro e quem será a sua noiva? O Cordeiro é o nosso
amado e Salvador Jesus Cristo. Ele é apresentado no Novo
Testamento e em especial no livro do apocalipse como o
Cordeiro. Profetizado e prefigurado na Páscoa dos Judeus no
Antigo Testamento. O Cordeiro imaculado (1 Pd 1.19), que
foi morto (Ap 5.6,12), que tira o pecado do mundo (Jo 1.29),
e é vitorioso (Ap 17.14). A noiva do Cordeiro é a Igreja, a sua
amada, pela qual pagou um alto preço; a fim de tê-la, para
sempre ao seu lado (2 Co 11.2; Rm 7.4; Ef 5.24-27,31,32)

38
196
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Os Atavios da Noiva: Gloriosa, pura, perfeita é a noiva do


Cordeiro e foi vista na perspectiva celestial pronta e preparada
para o momento nupcial. Suas vestes eram de linho fino, pura
e resplandecente (Ef 5.25-27; Ap 19.8). O linho é o símbolo
dos atos de justiça. As vestes da noiva, que antes estavam
manchadas pelo pecado, agora embranquecidas mediante o
precioso sangue de Cristo (1 Pd 1.19; I Jo 1.9; Ap 7.14).

O Lugar das Bodas: Quanto ao lugar em que acontecerá


as Bodas, a visão de João é clara e não deixa dúvidas, ela
acontecerá no céu. A análise do capitulo 19 do Apocalipse,
revela que a noiva do Cordeiro, isto é, a Igreja, está no céu já
preparada para as Bodas, antes da segunda vinda de Cristo (Ap
19.1,7,8,11-15).

A Ocasião das Bodas: Se dará após o Julgamento do


Tribunal (2 Co 5.10; Rm 14.10).

Durante a Grande Tribulação: As Bodas do Cordeiro


terá lugar entre o Arrebatamento da Igreja e a Revelação
Pessoal de Jesus, período correspondente a Grande Tribulação.
Enquanto ela estiver no céu ao lado de Jesus desfrutando das
benesses preparadas, o mundo estará sofrendo os horrores da
Tribulação. O fato de as Bodas ocorrerem nesse espaço de

197

39
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

tempo, não significa que ela durará três anos e meio ou sete
anos.
Isto não significa que as Bodas do Cordeiro durarão três
anos e meio ou sete anos, pois o mundo espiritual é atemporal,
ou seja, não está sujeito ao tempo do mundo físico. No âmbito
espiritual, o tempo é sempre presente. Não existe, portanto,
seqüência de passado, presente e futuro (Ec 3.14-15).
As ações são consumadas em uma dimensão eterna ou
infinita. Por isso, para todos os que forem arrebatados, jamais
haverá a sensação de que se passaram apenas alguns meses
entre o arrebatamento e a ceia das Bodas do Cordeiro.
Antes da Vinda Pessoal de Jesus para por fim a Grande
Tribulação e implantar na terra o seu reino milenar (Ap
19.8,14).

2.6 - Os Participantes das Bodas

Há nos Evangelhos registro da realização de uma festa


de bodas (Mt 22.1-14; Lc 14. 16-24; Mt 25.1-13). As aqui
mencionadas não são as mesmas do Apocalipse (Ap 19.6,70.
A dos Evangelhos está relacionada a nação de Israel, enquanto
que a de Apocalipse, a Igreja. As bodas de Israel acontece na
terra e a da Igreja no céu.

198
40
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Os participantes serão: Jesus e a Igreja, os anjos, os


santos do Antigo Testamento (Jo 3.23).

Para alguns autores os mártires da Grande Tribulação


também serão participantes das Bodas - Aqueles que morrerão
durante a Grande Tribulação por não aceitarem a besta nem
o seu sinal e não adoraram a sua imagem; estarão, também,
fazendo parte dos convidados para a Ceia das Bodas do
Cordeiro, os quais serão apascentados pelo Cordeiro e nunca
mais terão fome, nem sede, nem sol, nem calma alguma cairá
sobre eles (Ap 7.14-17; 14.13-16; 15.2; 20.4). Sobre este assunto,
o pastor Sergio Ap. Guimarães, autor do Livro Pentateuco da
Coleção Teologia, LDEL, 2008, comenta:

Penso que os mártires da Grande Tribulação


não tomarão parte nas Bodas do Cordeiro, pois haverá
morte de pessoas durante todo o período da Grande
Tribulação, e neste tempo se realizara o Tribunal de
Cristo e as Bodas do Cordeiro; as Bodas é
reservada somente para a Igreja (compreendendo
os santos do Novo e Antigo Testamento).

41
199
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

III - A GRANDE TRIBULAÇÃO

O estudo da Palavra Profética indica que haverá um


tempo de grande aflição que se abaterá sobre a terra. Aflição
como nunca houve desde a fundação do mundo. O registro
desse período é encontrado tanto nas páginas do Antigo como
no Novo Testamento. O livro do Apocalipse é o que mais
informação traz, sobre o acontecimento.

3.1 - A Predição da Tribulação

A Grande Tribulação é descrita nas Escrituras com vários


nomes. Esses nomes aplicados a Tribulação expressam o caráter
desse tempo. Eis alguns desses nomes:

• Grande Tribulação (Mt 24.210)


• Grande angustia (Dn 12.1)
• Angustia de Jacó (Jr 30.7)
• Dia de vingança (Is 63.4)
• Dia da Provação (Ap 3.10)
• Dia de Deus (I Ts 1.10; 5.9)
• Dia do Senhor (Is 2.10-22; Jl 1.15;2.1;3.14; Am 5.18-20)
• Dia do Furor (Sf 1.15-18; I Ts 1.10;5.9).

200

42
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

As Visões Proféticas

Esse período de aflição que envolverá o mundo foi


revelado a vários profetas do Senhor no passado.

A Visão de Jeremias: O profeta viu a nação Israelita sendo


liberta do jugo das nações, mas antes que isso acontecesse,
passou por um período de angustia (Jr 30. 4-9)

A Visão de Ezequiel: Ezequiel teve a mesma visão que


Jeremias. Israel retorna do cativeiro, depois de ter passado pelo
cajado do Senhor e ser refinado pelo fogo. Um remanescente
fiel voltará à sua terra e não mais profanará o nome de Deus
por desobediência ou idolatria. Esse grupo de fieis desfrutará
das bênçãos do novo conserto. (Ez 20. 34-44)
A Visão de Daniel: Em sua visão, o profeta Daniel, viu
Miguel, o grande príncipe do Senhor, pelejando a favor de
Israel; libertando os fiéis de um tempo de angústia, qual nunca
houve, desde que houve nação, até aquele tempo (Dn 12.1).

As Descrições Proféticas de Jesus

O Senhor Jesus foi quem mais trouxe luz sobre o assunto.


Em seu sermão escatológico do capítulo 24 de Mateus, trouxe

201

43
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

uma síntese dos acontecimentos que envolverão esse tempo


de ira e vingança divina. Porém, no livro de Apocalipse, Ele
revelou em detalhes tudo aquilo que ocorrerá nesse período.
Dos vinte e dois capítulos que contem o livro, doze estão
destinados ao assunto do sexto ao décimo oitavo.

3.2 - As Características Da Tribulação

Será Grande: O mundo tem sido cenário de grandes


aflições. Ao longo dos séculos, a humanidade tem sido
afligida por guerras, fomes, epidemias, doenças, inundações,
terremotos, pragas, juízos divinos, etc. Mas nenhuma dessas
experiências vividas pelos habitantes da terra se compara com
o que está previsto (Mt 24. 21; Dn 12.1). Nesse período, Deus
derramará os seus juízos sobre os homens pelo tratamento
dispensado ao Seu Filho Jesus e aos seus santos servos.

Será Universal: Uma análise da Palavra Profética revela


que a tribulação atingirá toda a terra (Ap 3.10; 7.9,14,15;13.7,8;
Dn 7.23; 12.1). Só a Igreja de Cristo já arrebatada, conforme já
estudado, estará livre da ira divina (I Ts 5.9; 3.10).

Será Abreviada: Os dias da Tribulação foram abreviados,


caso contrario haveria uma extinção de toda espécie de vida

202

44
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

no planeta (Mt 24. 21). Ela terá a duração de sete anos. Este
tempo está baseado no estudo das setenta semanas de Daniel
(Dn 9.24-27)
Deus revelou a Daniel, através do anjo Gabriel, que havia
determinado setenta semanas sobre o povo de Israel, com os
seguintes propósitos:

• 1º Extinguir a transgressão
• 2º Dar fim aos pecados
• 3º Expiar a iniqüidade
• 4º Trazer a justiça eterna
• 5º Selar a visão e a profecia
• 6º Ungir o Santo dos santos

Estas semanas proféticas, seriam de anos e não de dias.


Linguagem já conhecida pelos judeus desde muito tempo (Gn
29.20,27; Lv 25.8). Não haveria condições do cumprimento do
programa estabelecido por Deus em semanas de dias. Como
reconstruir e destruir a cidade de Jerusalém em 490 dias? E de
se firmar uma aliança por uma semana?

As semanas foram dividas em três grupos:


• 1º Grupo - 7 semanas = 49 anos

203
45
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

• 2º Grupo - 62 semanas = 434 anos


• 3º Grupo - 1 semana = 7 anos

De acordo com a revelação divina, o inicio do primeiro


grupo de semanas se daria com a saída do decreto para restaurar
e edificar Jerusalém. A Bíblia menciona quatro decretos:

• 1º O de Ciro 536 a.C. ( 2 Cr 36.22,23; Ed 1.1-3).


• 2º O de Dário entre 521 - 486 a.C. (Ed 6.6-8).
• 3º O de Artaxerxes no ano 7º ano de seu reinado 458
a.C. (Ed 7.12,21)
• 4º Do mesmo Artaxerxes no 20º ano do seu reinado

O quarto decreto, o de Artaxerxes, é o que marcou o


início das primeiras sete semanas (Ne 2.1-6).
O segundo grupo de semanas teve o seu início logo
após o término do primeiro e terminou com a crucificação do
Messias (Dn 9.26).
O estudo das setenta semanas mostra que houve uma
quebra na sucessão das semanas. O terceiro e último grupo
ainda não teve o seu inicio. Israel rejeitou o Messias e Deus
de forma parcial e temporária, suspendeu suas relações com o
seu povo, parando assim, com a contagem das semanas. Essa

204

46
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

posição divina trouxe salvação para os gentios e o surgimento


da igreja de Cristo, desvendando assim, um mistério que
esteve oculto desde a eternidade (Rm 11.11; Ef 2.13,14; 3.2-
6). A Igreja vive no intervalo entre a sexagésima nona e à
septuagésima semana. Este período é chamado de:

• Intervalo profético
• Era dos Gentios
• Dispensação da Igreja
• Plenitude do tempo (Gl 4.4)

De acordo com os comentaristas defensores da linha


de interpretação adotada neste trabalho, a última semana é o
período da Grande Tribulação, sendo o seu início, determinado
pelo arrebatamento da Igreja.
O Dr. Henry Clarence Thienssen, 11comenta:

Se portanto, a septuagésima semana representar


o período da Grande Tribulação, então temos aqui a
informação de que durará sete anos. Harmonizando-se

11. THIESSEN Henry Clarence, Palestras em Teologia Sistemática,


Imprensa Batista Regular do Brasil.

205

47
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

com isto, a segunda metade do período é


mencionada em outros lugares como“um tempo,
tempos, e metade de um tempo” (Dn 7.25; 12.7;
Ap 12.14), como
“quarenta e dois meses”(Ap 11.2; 13.5) e como
1.260 dias (Ap 11.3; 12.6; cf. Dn 12.11,12). Isto é
talvez tudo que pode ser dito a respeito da duração do
período.

3.3 - Os Principais Acontecimentos do período da Grande


Tribulação

O Surgimento das Bestas: Em sua revelação apocalíptica,


João viu surgir duas bestas. Uma que subiu do mar e outra
da terra. Quem serão estas bestas que farão parte dos
acontecimentos da Grande Tribulação.
A Besta que subiu do mar é um homem procedente de
entre os povos e nações (Ap 17.15). Na Palavra Profética ela é
identificada com vários nomes:

• Príncipe que há de vir


• Anticristo
• Besta
• Homem do pecado
• Iníquo

48
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Será um líder mundial dotado de poder e de sabedoria


de Satanás para governar o mundo. O seu espírito já opera no
mundo, mas ele só se manifestará após o arrebatamento da
Igreja e da saída do Espírito Santo da terra que é o poder que
detém a sua manifestação total sobre a terra.
Ao assumir a terra como governante mundial, fará
uma aliança com a nação de Israel por uma semana, isto é,
sete anos. Estabelecerá uma fictícia e transitória paz a terra
que se encontra mergulhada em crises e impactada com o
arrebatamento da Igreja. Quebrará a aliança feita com Israel
na metade da semana ao declarar-se Deus, apoderando-se do
templo em Jerusalém, profanando e impedindo a adoração
ao Senhor. Com a quebra da aliança, será desencadeado o
período final e mais critico da Grande Tribulação, o dilúvio
da ira divina através dos selos, trombetas e taças registrados no
Apocalipse.
Surge então da terra e dentre os homens a segunda besta.
Ela será um líder religioso e chamado de Falso profeta (Ap 13).
Exercerá todo o poder da primeira besta. E mediante grandes
sinais enganará os que habitam sobre a face da terra. Ordenará
queseja feita uma imagem da besta quepossa falar e seja adorada
sob pena de morte aos que não a adorarem. Providenciará uma
marca para a testa e mão, para que ninguém possa comprar ou
vender sem o tal sinal e identificação (Ap 13).

207

49
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

O surgimento das bestas revela a existência de uma


trindade satânica, operando no período da Grande Tribulação:
O Dragão (Anti-deus), a Besta (Anticristo) e o Falso Profeta
(Anti-espírito).
O. S. Boyer, em seu comentário sobre o Apocalipse,
escreveu: “como o Pai ungiu e enviou seu Filho, assim o
Dragão ungirá e enviará seu representante, o Anticristo”.
A outra besta que João viu sair, chama-se o Falso Profeta
(Ap 16.12,13; 19.20; 20.10). É um mestre e líder religioso. Faz
diversas coisas para imitar ao Espírito Santo: (1) Opera falsos
milagres para enganar a todos, levando assim o mundo a adorar
a primeira besta (Ap 13.12); (2) Tenta imitar o poder que só
Cristo tem para dar vida (Ap 13.15); (3) Sela os seus seguidores
para o dia da perdição (Ap 13.16; 14.9-11), imitando o Espírito
Santo que sela os crentes para o dia da redenção (Ef 1.13,14).

O Dilúvio Dos Juízos Divinos: Os sete anos da Tribulação


estão divididos em duas partes de três anos e meio. Na primeira
etapa haverá a falsa paz promovida pelo Anticristo até que seja
quebrada sua aliança com a nação de Israel. A segunda etapa
será o momento em que haverá o dilúvio da ira divina sobre a
terra através dos selos, trombetas e taças.

208
50
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

OS SETE SELOS

1º Selo Cavaleiro Branco (Falsa paz)

2º Selo Cavaleiro Vermelho (Guerra generalizada)

3º Selo Cavaleiro Preto (Escassez de alimento)

4º Selo Cavaleiro Amarelo (Mortalidade mundial)

5º Selo Santos martirizados

6º Selo Cataclismos no céu e na terra

7º Selo O Soar das trombetas

AS SETE TROMBETAS

1ª Trombeta A terça parte da terra consumida pelo fogo

2ª Trombeta A terça parte do mar é destruído

3ª Trombeta A terça parte da água potável setorna imprópria

4ª Trombeta O sol perde um terço da sua luminosidade

5ª Trombeta Primeiro ai (Gafanhotos do abismo)

6ª Trombeta Segundo ai (A terça parte dos homens morrem)

7ª Trombeta Terceiro ai (A abertura das Taças)

51 209
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

AS SETE TAÇAS

1ª Taça Tumores e pestes generalizadas

2ª Taça Morte de toda a vida marinha

3ª Taça Total perda das águas potáveis

4ª Taça Irradiação solar grave, provocando a morte


dos homens

5ª Taça Dores insuportáveis

6ª Taça Início da Batalha do Armagedom

7ª Taça Destruição da Babilônia

A Batalha Do Armagedom: No final da Grande


Tribulação entre a sexta e a sétima taça, no lugar chamado
Armagedom, ocorrerá essa batalha. Armagedom ou reunião
de tropas, do grego “Armageddon” (“αρµαγεδδ
sððωv”) e em
hebraico “Har Meghíddon”: Monte de Megido é o nome de
um vale localizado no centro-norte da Palestina, onde já
aconteceram diversas guerras. Nessa zona de conflitos a
trindade satânica reunirá todos os exércitos da terra para
pelejarem contra Deus, contra Israel e destruírem a cidade de
Jerusalém. Nesta hora de aflição e de angustia para os filhos
de Jacó, eles clamarão a Deus por socorro e Deus intervirá por

210
52
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

eles. Cristo acompanhado de seus exércitos virá em socorro de


Israel, salvando a todos os sobreviventes dos juízos divinos.
Prendendo a Satanás e enviando para o Lago de Fogo as duas
bestas e destruindo a todos os inimigos, pondo fim à Grande
Tribulação e implantando o seu reino Milenar (Ap 16.6).

3.4 -A vinda de Jesus em glória (Vinda pessoal -“parousia”)

A segunda vinda de Cristo se constitui de um só evento


e se dará em duas fases, conforme já vimos no decorrer desse
estudo. Em cada uma das fases, o tempo, a manifestação e
os propósitos são diferenciados. Não haverá harmonia de
entendimento no estudo da segunda vinda de Cristo se não for
visualizada acontecendo em etapas distintas.

Os Propósitos da Vinda Pessoal

Revelar a Sua Glória da Igreja: (Ap 1.7; Mt 24)


Salvar a Israel: Israel é o povo escolhido de Deus. O
propósito estabelecido para esse povo não foi cumprido de
acordo como planejado. Israel falhou com a missão divina,
porém não foi por Deus rejeitado. Entrará na Tribulação para
ser tratado e restaurado por Deus. Em sua angústia e será
vencido por seus opressores, buscará em Deus o socorro, sendo

211
53
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

salvo com a Manifestação Pessoal de Jesus descendo no Monte


das Oliveiras de onde foi assunto aos céus.

Julgar a Besta, o Falso Profeta e Seus Exércitos: A


Besta e o Falso Profeta que enganaram o mundo com as suas
maravilhas e prodígios de mentira; com a vinda de Jesus a terra
terá o seu julgamento e condenação. Nunca mais atormentará
os homens, a sua parte será o Lago de Fogo, onde o fogo nunca
se apaga e o bicho não morre.

Prender a Satanás: O Dragão, a Antiga Serpente,


responsável por toda a miséria no planeta, com a sua tríplice
missão de matar, roubar e destruir; que descerá a terra no
período da Grande Tribulação será preso durante mil anos, por
Cristo. Após o tempo de sua prisão será solto por um pouco
de tempo para que de forma definitiva, seja lançado também
como a Besta e o Falso Profeta, no Lago que arde com fogo e
enxofre. Cristo mais uma vez e para sempre mostrará que é o
vencedor sobre Satanás.

Julgar as Nações: No seu sermão profético, Jesus declarou


que com a sua vinda em glória no final da Grande Tribulação,
julgará as nações da terra. Muitos intérpretes das profecias
bíblicas identificam esse julgamento de Mateus com o Juízo

212

54
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Final do Apocalipse; porém, uma análise aprofundada dos


julgamentos mencionados, mostram que são distintos. O Dr.
Scofield apresentou as seguintes diferenças:

OS JULGAMENTOS

MATEUS APOCALÍPSE

Trono de sua glória Trono Branco

Não há ressurreição Há ressurreição

Nações vivas Os mortos

Não há livros Abrem-se os livros

Na terra Fogem céus e terra

Três classes: ovelhas, bodes Uma só classe: os mortos


e irmãos

Na vinda de Cristo, antes do Depois de terminados os mil


Milênio anos

Estabelecer o Reino Eterno: Jesus é apresentado e


identificado como Rei. Os discípulos, no momento de sua
ascensão, o interrogaram querendo quando assumiria o trono
e restauraria o reino a Israel. Ele foi enfático em sua resposta,
afirmando que não competia a eles saber os tempos e épocas em
que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (At 1.7). A vinda

213
55
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

pessoal de Jesus após a Tribulação, determina o momento do


inicio desse reino, que será eterno (Dn 7.14; Lc 1; Ap 20).

IV - O MILÊNIO

4.1 - Origem da palavra Milênio

O termo milênio tem sua origem nas duas palavras


latinas “Mille”, significando “mil” e “annus”, significando
“anos” (Millennium). A palavra milênio não é encontrada
nas Escrituras Sagradas. No entanto, a expressão “mil anos”
é encontrada no texto sagrado dez vezes, sendo duas vezes
no Antigo Testamento (Sl 90.4 e Ec 6:6), e oito vezes no
Novo Testamento (2 Pd 3.8; Ap 20. 2-7). Das oito menções
registradas no Novo Testamento, seis são encontradas no livro
do Apocalipse e se referem ao reinado de Cristo, na terra.
Esse período designado como milênio, tem sido alvo de varias
interpretações pelos estudiosos da escatologia bíblica. Torna-se
necessário um estudo equilibrado para não incorrer num erro
interpretativo.

56
214
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

4.2 - O que é o Milênio?

O Milênio é um período de mil anos, predito


pelos profetas como sendo o reinado Messiânico; ou seja, o
reinado do céu estabelecido na terra, inaugurando
uma nova era espiritual. A sétima dispensação, um
tempo probatório, especialmente para os que
nascerem na época dourada, em que Satanás estiver
preso (João de Oliveira - O Milênio, 1983).

4.3 - As alusões ao Milênio

As Bênçãos Proféticas De Jacó: Jacó ao proferir aos seus


filhos antes de sua morte suas bênçãos proféticas, declarou a
Judá: O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre
seus pés (Gn 49.10). Apesar de não ser encontrado na referencia
em apreço, a palavra milênio é uma indicação direta ao Messias
que haveria de vir da tribo de Judá e que reinaria sobre todos os
povos (Ap 5.5,9,10; 19.15).

A Aliança Davídica: Deus estabeleceu com Davi um


pacto que a sua descendência reinaria para sempre (II Sm
7.13,14; Sl 89.4). Este pacto estabelece uma relação de Davi
com o reino Messiânico.

215

57
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

As Mensagens Proféticas: Varias são as alusões encontradas


nas Escrituras sobre o Milênio, na Palavra Profética. Ela fala
de um reino que será estabelecido na terra. Reino eterno,
de paz, justiça e prosperidade como nenhum outro. E que
brotaria do tronco de Jessé, da casa de Davi. Reino aguardado,
ansiosamente, pelos filhos de Israel. Dos descendentes de Davi,
Jesus foi o único a assumir a identidade do Messias:

• O anjo Gabriel, em sua aparição a Maria afirmou


que, Jesus seu filho, ocuparia o trono de Davi seu pai
e sobre ele reinaria, eternamente (Lc 1.30-33)
• Nasceu em Belém, na terra de Judá, da linhagem de
Davi, conforme o previsto (Mq 5.2; Mt 2.6; Jo 7.42).
• Por muitos identificado; proclamado e adorado como
rei (Mt 2.11; 20.20,21; Mc 11.9,10; Lc 23.42)
• Declarou em resposta a Pilatos, que havia nascido
para ser rei, afirmando que o seu reino não procederia
do mundo (Jo 18. 36,37; I Tm 6.15; Ap 20.4,6).

4.4 - As interpretações do Milênio

Existem várias linhas de interpretação relacionadas ao


Milênio. Apresentaremos abaixo as principais:

216

58
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Amilenarista (ou amilenista): Esta linha de interpretação


não tem o milênio como um reino futuro e literal, mas
espiritual e corresponde ao tempo existente entre a ascensão de
Cristo e a sua volta. Os seus defensores afirmam que o reino
de Cristo, os mil anos de sua duração, a prisão de Satanás e o
que diz respeito a esse período, é espiritual e simbólico. Para
alguns amilenaristas, o milênio é a era atual, visto que o reino
de Deus está instaurado no mundo, desde a primeira vinda de
Cristo, até o fim do mundo. A ordem dos acontecimentos nesta
visão se dará da seguinte forma: “A Era da Igreja terminará
num tempo de convulsão, Cristo voltará, haverá ressurreição e
juízo gerais e, depois, a eternidade” (A Bíblia Anotada, 2008).

Pós-milenarista (ou pós-milenista): Diferente dos


amilenaristas, esta linha interpretativa tem o milênio como
um reino literal e representa a conquista do mundo pela Igreja
através do Evangelho, trazendo sobre a terra a sonhada paz
mundial. De acordo com esse entendimento a segunda vinda
de Cristo ocorrerá após o milênio, para derrotar Satanás,
julgar os vivos e os mortos e reinar para sempre. A ordem dos
acontecimentos será: “A parte final da Era da Igreja (isto é, os
seus últimos mil anos) é o Milênio, que será uma época de
paz e abundância promovida pelos esforços da igreja. Depois
disso, Cristo virá. Seguir-se-á então uma ressurreição
generalizada, e
217

59
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

depois desta, um juízo geral e a eternidade” (A Bíblia Anotada,


2008).

Pré-milenarista (ou pré-milenista): Os intérpretes desta


linha entendem que o milênio é futuro, literal e precederá a
vinda de Cristo, ou seja, a segunda vinda de Cristo acontecerá
antes do Milênio. Ele voltará e estabelecerá o reino prometido
a Israel cumprindo assim o pacto com a casa de Davi e os
demais pactos de Deus e profecias do fim dos tempos. Nesta
visão a ordem dos acontecimentos é a seguinte: “A Era da
Igreja termina no tempo da Tribulação, Cristo volta à Terra,
estabelece e dirige seu reino por 1.000 anos, ocorrem a
ressurreição e o juízo dos não-salvos, e depois disso vem a
eternidade”.

A escola Pré-milenarista divide-se em dois grupos:


Históricos e Dispensacionalistas.

60

218
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Os pré-milenaristas Os pré-milenaristas
históricos Dispensacionalistas.
A segunda vinda de Cristo e o arrebatamento
Acontecerá Acontecerá em duas fases:
simultaneamente a) na primeira, Jesus se encontrará
com a igreja nos ares e a levará
para participar das bodas do
Cordeiro;
b) A segunda, ocorrerá após sete
anos de tribulação na terra sem a
presença dos salvos, quando Jesus
regressará com a Igreja Gloriosa para
reinar neste mundo por mil anos.
A Ressurreição
Acontecerá em duas Acontecerá em três etapas:
etapas: A) ressurreição para a igreja, na
A) A primeira ressurreição: ocasião do arrebatamento;
será a dos salvos no início B) ressurreição para aqueles que virão
do milênio a crer durante a tribulação de
B) A segunda ressurreição: sete anos(esta ocorrerá na segunda
a ressurreição dos vinda de Cristo, no final da
incrédulos no final do tribulação);
milênio. C) ressurreição dos incrédulos no final
do milênio.

61 219
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

4.5 - Particularidades do Milênio

O milênio é um reino literal e será estabelecido na terra


após a destruição do império dos dez reis representados pelos
dedos da estátua do sonho de Nabucodonozor (Dn 2. 44; Is
65.21; Ap 5.9-10).
A cidade de Jerusalém será a sede do reino milenar (Sl
48.1-3). De lá sairão as diretrizes do governo do grande Rei e
se tornará o centro de adoração para todos os povos (Is 2.2,3).
O reinado de Cristo será universal. Todos os reinos
do mundo passarão a ser de Cristo e Ele reinará para todo o
sempre (Ap 11.15; Mt 25.31,2; Zc 14.9; Sl 72.1-29).
No reinado de Cristo haverá uma administração
“Teocrática”, isto é, o próprio Deus governando o mundo na
pessoa de Jesus Cristo. Neste reino participará Davi, como um
príncipe ou co-regente, cumprindo assim o pacto Davídico e
outros conforme declarações de Cristo. Todos sob a hierarquia
que será estabelecida no reino (Os 3.5; Ez 37.24,25; 34.23,24;
Is 55.3,4; Jr 30.9; 33.15-21).

62

220
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

4.6 - Participantes do milênio

Os salvos de todas as épocas: (I Ts 4.16,17; Ap 20.4,6);


Os Mártires da Grande Tribulação: (Ap 20.4);

Os Sobreviventes da Grande Tribulação: Durante a Grande


Tribulação a população da terra será dizimada. Os judeus e os
gentios sobreviventes aos juízos divinos, participarão com seus
corpos naturais do reinado de Cristo. Os gentios participantes
são aqueles que serão poupados no julgamento das nações pela
maneira como trataram os judeus, considerados os irmãos de
Jesus, durante o período da grande aflição do povo Judeu (Mt
25.37-40; Is 26.2; 60.21).

Os Nascidos Durante O Milênio: A vida na terra durante


o milênio para aqueles que estarão em corpo natural, terá o seu
curso normal. Eles irão crescer e multiplicar e encher a terra.
A Palavra Profética afirma que, os homens serão multiplicados
como rebanho e que as praças de Jerusalém se encherão de
meninos e meninas durante o reino do Messias (Ez 36.37,38;
Zc 8.4,5).

63
221
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

4.7 - Características gerais do Milênio

Paz: O reino messiânico será pacifico. A paz tão sonhada


pelos homens dominará a terra. As estatísticas de guerra entre
as nações não existirá, pois elas aprenderão a não guerrear
e transformarão suas armas de guerra em instrumentos de
trabalho (Is 9.6; 2.4; Mq 4.3,4; Lucas 2.13,14).

Justiça: A injustiça predominante na terra não terá lugar


no governo de Cristo (Os 4.1,2; Am 5.12-14; Tg 5.1-6). Ele
regerá as nações à luz da justiça divina (Is 32.1; Sl 67.4; 72.4).
Todo e qualquer ato que se opor aos princípios do reino, será
anulado pelo Rei dos reis.

Prosperidade: Um período de prosperidade é indicado


pela Palavra profética para o Milênio. As condições espiritual,
material, climáticas, sociais e outras, favorecerão a esse estado
de abundância desejada (Is 32.15; 35.1; 41.18; 65.21,23; Jr31.5;
Ez 47.12; 34.26; Am 9.13; Jl 2.23; Zc 14.8).

Longevidade: Os habitantes da terra voltarão a ter vida


longa como antes do dilúvio. Aquele que morrer aos cem anos
de idade, será considerado jovem (Gn 5.1-32; 9.29; Is 65.20). A
morte existirá, pois ela é o ultimo inimigo a ser aniquilado (I
Co 15.26), porém, com uma ação limitada.

222

64
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Conhecimento Divino: Durante o reino milenar de


Cristo o conhecimento do Senhor será universal (Is 11.9). Este
conhecimento resultará no derramamento do Espírito Santo
sobre toda a carne, na manifestação da glória de Deus e da
obediência dos povos aos preceitos divinos (Jl 2.28,29; Is 2.3;
24.23).

Mudanças Na Natureza: Varias mudanças ocorrerão


na época do reino de Cristo na natureza. A criação que agora
geme por causa da ação do homem, será liberta: A maldição
resultante da desobediência do primeiro casal, será removida
(Gn 3.14,17,18; Is 55.12,13); A topografia sofrerá alterações
visíveis (Zc 14.4; Is 11.15; 41.18; Ez 47.1-12); Os animais terão
a sua ferocidade removida. Não mais se atacarão e não atacarão
aos homens (Is 11.6-8; 65.25); As freqüentes mudanças
climáticas deixarão de existir, permitindo assim, a estabilidade
das estações anuais e consequentemente a restauração da
fertilidade do solo e de abundantes colheitas.

Ausência Da Influencia Do Mal: A prisão de Satanás


antes da implantação do milênio fará com que, os participantes
do reinado de Cristo, não sofram as influências maléficas
que predominam no mundo atual. Isto não significa que as
pessoas não cometerão pecado durante o período milenar. Elas

223

65
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

continuam com a natureza pecaminosa herdada de Adão, mas


a ausência da influência de Satanás e de seus agentes diminuirá
o índice de pecaminosidade entre os homens e aqueles que
pecarem terão a merecida punição pelo delito cometido (Ap
20.1,2; I Jo 5.19; Ap 2.27; 12.5).

4.8 - O final do Milênio

A Soltura De Satanás: Após se completarem os mil anos,


Satanás será solto. A razão de sua soltura pela revelação do
Apocalipse é para enganar as nações (Ap 20.7,8). Mais uma vez,
Deus põe à prova o uso do livre arbítrio do homem. Aqueles
que rejeitarem a Cristo e se aliarem a Satanás nessa rebelião
serão destruídos pelo fogo do Senhor e prestarão contas de
sua decisão no Juízo Final (Dt 30.15; Js 24.15; I Rs 18.21; Ap
20.8,9).

A Última Batalha: Satanás, dentre as nações, conseguirá


uma multidão incontável para guerrear contra Cristo e seu
reino. Gogue e Magogue, mencionados nesta batalha final,
provavelmente não são os mesmo do livro de Ezequiel capítulo
38, e representa aqui, de acordo com Donald Stamps, autor
das notas de rodapé da Bíblia Pentecostal, as nações do mundo
rebeladas contra Deus e a sua Palavra (Ap 20.8).

224

66
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

A Destinação Final De Satanás: O fim de Satanás o


inimigo de Deus e dos homens está registrado no Apocalipse.
Em sua ultima batalha contra Deus foi derrotado, mais uma
vez, e destinado ao Lago de Fogo, o inferno, que foi preparado
desde a fundação do mundo para ele, seus anjos e todos aqueles
que, se esquecem de Deus, (Ap 20.10; Mt 25.41; Sl 9.17).

A Aniquilação Da Morte: Cristo, o Filho de Deus, se


manifestou para vencer a Satanás, o pecado e a morte. Sendo
a morte o último a ser vencido o que ocorrerá no final de seu
reino terrestre, quando ela será lançada também no Lago de
Fogo (I Co 15.26; Ap 20.14).

A Entrega Do Reino Ao Pai: Após a sujeição de todas as


coisas, o próprio Filho se sujeitará a Deus, o Pai, e lhe entregará
o Reino (1 Co 15.26-28).

V - OS JULGAMENTOS

O estudo sistemático das Escrituras Sagradas aponta a


existência de vários julgamentos divinos. Esses julgamentos
são identificados, quando analisados em particular nos
seguintes itens: os participantes, o local, o tempo e o
resultado de cada
225
67
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

um. Esses julgamentos envolvem todos os seres inteligentes


criados por Deus, dotados de livre arbítrio e responsáveis por
seus delitos cometidos, isto é, Satanás e os anjos que com ele
se envolveram em rebelião contra Deus e todos os homens,
cada um para receber a recompensa pelos atos conscientes
praticados.

5.1 - A previsão dos julgamentos e sua revelação das


Escrituras

As Escrituras não deixam dúvida em suas páginas que,


Deus tem determinado, vários julgamentos. Ele é apresentado
como o Juiz de toda a terra e que trará juízo a todas as obras,
até as que estão escondidas (Gn 18.25; Ec 12.14; At 17.31).
Podemos ver a revelação do julgamento:

Nas declarações de Jesus: (Mt 12.36);

Os Escritos Apostólicos: Mateus, Marcos, Lucas, João,


Paulo, Judas, Escritor aos Hebreus.

226

68
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Dados dos julgamentos

A Época: A época é um dos diferenciais e prova que


haverá mais de um julgamento. Cada julgamento terá o seu
momento de realização. Alguns estão previsto para o futuro e
outros já aconteceram ou estão acontecendo

O Juiz: Deus é o juiz de todas as suas criaturas, delegou


ao Seu Filho, Jesus, o poder de julgar.

A Base: A justiça será a base do seu trono. Sem fazer


acepção de pessoas e de acordo com as obras de cada um, Jesus
fará cada julgamento

O Instrumento: O justo Juiz terá com instrumento para


o julgamento, a fiel Palavra de Deus. Tudo será avaliado em
cada ocasião sob a ótica divina, poderosa e infalível Palavra.

VI - AS RESSURREIÇÕES

A doutrina da Ressurreição é uma das mais importantes


das Sagradas Escrituras. Ignorada pelos antigos pagãos, foi

227

69
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

revelada de forma progressiva ao povo de Deus. Proclamada


primeiro pelos profetas, e depois confirmada plenamente por
Jesus e pelos apóstolos. Ressurreição (Gr. “Anástasis, érgesis”)
é o ato de levantar, erguer, surgir, sair de uma situação para
outra. No latim “ressurectio”, é o ato de ressurgir, voltar à vida,
reanimar-se. Na linguagem bíblica, ressurreição é o mesmo
que ressurgir dos mortos (Mt 22.28-31). De modo geral, e em
linguagem popular, ressurreição significa união da alma ou
12
espírito ao seu corpo, após a morte física.

6.1 - A Doutrina da Ressurreição

Tanto o Antigo como o Novo Testamento fazem menção


da ressurreição dos mortos.

No Antigo Testamento: A crença na ressurreição dos


mortos é antiga, sendo obtida por revelação e de maneira
gradativa. Homens como Abrãao, Jó, um dos filhos de
Core, acreditava na possibilidade da ressurreição. No Antigo
Testamento pouco é dito sobre a ressurreição. Em seus
vaticínios proféticos Isaías, Ezequiel, Daniel e Oséias fizeram
menção da ressurreição dos mortos. A declaração mais clara

12. DAVIS, John D., Dicionário da Bíblia. 1984, JUERP.

228

70
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

sobre o assunto veio através do profeta Daniel.

No Novo Testamento: O entendimento dos antigos


sobre a ressurreição foi limitado, só no Novo Testamento se
obteve um maior entendimento sobre essa doutrina. Jesus em
várias ocasiões fez citação da ressurreição futura dos mortos,
afirmando que todos haverão de ressuscitar uns para vida eterna
e outros para vergonha e desprezo eterno. Em suas pregações
e escritos os apóstolos falaram sobre a ressurreição. O apostolo
Paulo foi aquele que mais detalhe trouxe sobre esseassunto.

Tipos de Ressurreição

As Escrituras mencionam três tipos de ressurreição:


Nacional, Espiritual e Física.

Nacional: A restauração política, material e espiritual


do povo de Israel em cumprimento às várias profecias, é
considerada na palavra profética, a uma ressurreição.

Espiritual: A criatura humana em seus delitos e pecados


encontra-se morta diante de Deus. Ao aceitar a Cristo como seu
Salvador e Senhor; experimenta o novo nascimento, passando
do estado de morte para a vida eterna com Cristo.

229

71
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

Física: Esta se refere ao corpo que foi sepultado e que irá


ressurgir do pó para não mais morrer.

Aspectos da Ressurreição

Futura: A ressurreição está ligada ao futuro. Os casos


de ressurreição encontrados nas Escrituras em ambos os
Testamentos (1 Rs 17. 17-22; 2 Rs.4.32-37; Mt.9.24-25;
Jo.11.43-44), não são propriamente de ressurreição, mas , de
restauração a vida anterior. Segundo Caramuru isto representa:

“... apenas demonstrações de que Deus é o


Senhor da vida e que, por isso, pode fazer pessoas
mortas reviverem, mas nenhuma delas representou a
passagem para uma dimensão eterna, tanto que todas as
pessoas que ressuscitaram tornaram a morrer. Jesus é o
primeiro que ressuscitou e não mais morreu, nem
morrerá, porque está em corpo glorificado, visto que
não pecou e venceu o pecado e a morte, morte que é
o último inimigo a ser vencido (1 Co.15:54,55). Por
isso, Jesus foi feito “as primícias dos que
dormem”(1[Dr.
Co.15:20)”
Caramuru Afonso Francisco www.
ebdweb.com.br].

230 72
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

A pessoa uma vez ressuscitada, não pode mais morrer.

Geral: Todos aqueles que foram vitimados pela morte,


ressuscitarão. Justos e injustos, sem exceção, hão de ressurgir
de seus sepulcros para viver, eternamente ao lado de Deus ou
longe Dele.

Corporal: A ressurreição diz respeito ao corpo e não ao


espírito e alma, pois é o corpo que morre voltando ao pó de onde
foi tomado. O corpo ressuscitado é o mesmo que foi sepultado,
e adaptado, para as condições de sua nova existência, de seu
estado espiritual e celestial (1 Co 15.44,46-49)

Dupla: A ressurreição é geral e dupla. As Escrituras


fazem distinção entre os mortos justos e injustos. Os justos
participarão de uma ressurreição bem-aventurada, chamada
de a primeira e os injustos da segunda ressurreição, que é a da
condenação.

73

231
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

O Evento da Ressurreição

1ª Ressurreição:

• O Tempo: A primeira ressurreição terá lugar no


arrebatamento da Igreja. De acordo com os escritos
de Paulo aos Coríntios, a trombeta soará e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis (I Co 15.52)

• A Bem-aventurança: Os participantes da ressurreição


dos justos são considerados como bem-aventurados.
Eles terão o privilegio de ressuscitarem primeiro. A
segunda morte não terá poder sobre eles e reinarão
com Cristo, em seu reinado milenar (Ap 5.9,10)

• A Ordem: A revelação Escriturística é que haverá


duas ressurreições; porem, um estudo criterioso sobre
a primeira ressurreição, indica que ela é formada
por três grupos e ocorrerá segundo uma ordem. O
primeiro grupo se refere a Cristo e aqueles que com Ele
ressuscitaram. O segundo grupo são os ressuscitados
no arrebatamento da Igreja. O terceiro e ultimo
grupo são os mártires da Grande Tribulação.

232
74
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

A 2ª Ressurreição:

• O Tempo: A segunda ressurreição ocorrerá mil anos


após a primeira. Terá lugar após o reinado de Cristo
e no tempo da renovação da terra por fogo (Ap 20.)

• Os Participantes: Dela participarão todos os mortos


ímpios desde a época de Adão até ao dia do Julgamento
Final, e também, os justos que viveram e morreram
durante o Milênio. Por isso se justifica a presença do
Livro da Vida no Juízo Final (Ap 20).

• O Corpo: A ressurreição dos corpos dos ímpios se


dará da mesma forma que a dos justos. Do pó
ressurgirão para vergonha e desprezo eterno. Não
possuirá gloria ou beleza alguma, mas também não
morrerão jamais e sofrerão o castigo eterno pelos
séculos dos séculos (Ap 20.14,15).

75
233
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

VII - A REALIDADE DA MORTE

A convicção da morte é uma realidade na vida de todo o


ser humano. O que sucede após a morte é a grande interrogação
de muitos.
A morte é o fim? Haverá ressurreição dos mortos? Se há,
onde eles estão e como estão até o dia de ressuscitarem? A
resposta a estas e a outras perguntas relacionadas à morte são
encontradas nas páginas das Sagradas Escrituras.
As Escrituras revelam que a morte é originária do
pecado. Ela sobreveio à humanidade como um julgamento
divino a desobediência de nossos primeiros pais, no jardim do
Éden. Tornou-se em decreto aos homens (Hb 9.27). As únicas
exceções a essa ordenança são:

• Enoque que foi trasladado (Gn 5.24)


• Elias, que foi arrebatado (2 Rs 2.11)
• A Igreja participante do arrebatamento (I Co 15.52)
• Paulo afirmou que o salário do pecado é a morte (Rm
6.23)

76
234
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

7.1 - Descrições da Morte

Várias são as descrições dadas a morte nas Escrituras.


Essa experiência é descrita como:

• Retornar ao pó (Gn 3.9; Sl 104.29)


• Dormir (Dt 31.16; Jó 11.11)
• Ser congregado ao seu povo (Gn 49.33)
• O desfazer da casa terrestre deste tabernáculo (2 Co 5.1)
• Deus pedindo a alma (Lc 12.20)
• Partir (Fp 1.23)
• Seguir o caminho donde ninguém volta (Jó 16.27)
• O ultimo inimigo (1 Co 15.26)

Essas e outras descrições bíblicas relacionadas à morte,


trazem um maior entendimento dessa realidade humana.

7.2 - Os Tipos de Morte

É mencionado nas Escrituras três tipos de morte: morte


física, morte espiritual e morte eterna. E em cada um dos tipos
de morte, o sentido de separação está presente.

235

77
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

Morte Física: É a separação do corpo da alma e espírito,


isto é, das partes material e imaterial do ser humano. Na morte
o corpo volta ao pó de onde foi tomado e o espírito e alma
voltam a Deus e são encaminhados ao lugar de espera até a
ressurreição do corpo (At 20.9,10; Lc 8.53-55; I Rs 17.20-22).

Morte Espiritual: A morte espiritual é vista sob dois


aspectos: negativo e positivo. No aspecto negativo o pecador
espiritualmente morto diante de Deus, ou seja, separado do
seu Criador pelos seus pecados (Is 59.1,2; Ef 2.1). No aspecto
positivo o salvo por Cristo encontra-se morto para o pecado,
isto é, ele vive uma nova vida separada do pecado, através do
processo da santificação progressiva.

Morte Eterna: Esta morte é a eterna separação do homem


de Deus. Chamada no apocalipse de segunda morte (Ap
20.14,15). É denominada de segunda morte, porque a primeira
é física. Ela será uma realidade para aqueles que rejeitaram a
salvação em Cristo.

7.3 - Os Contrastes da Morte

Existe de forma clara e evidente um contraste entre a


morte do justo e do ímpio; entre o que serve a Deus e o que
não serve.

236

78
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

Na Visão Divina: A morte do justo na ótica divina é


preciosa, enquanto a do ímpio lhe causa um pesar (Sl 116.15;
Ez 18.32);
Na perspectiva Humana: O justo encara a morte como
um ganho, enquanto o ímpio sente horrores ao pensar que vai
ter que enfrentá-la (Fl 1.21; 1 Rs 1.51; Et 7.7);
Na Revelação Escriturística: As Escrituras revelam que a
morte do justo é bem-aventurada, enquanto que a do ímpio é
o fim de sua expectação (Ap 14.13; Pv 11.7).

7.4 - O Estado Intermediário

Estado Intermediário é o termo dado pelos teólogos ao


período existente entre a morte e a ressurreição do corpo. A esse
estadovivenciadoapósamorte, temhavidováriasinterpretações
que não correspondem à revelação das Escrituras.

Idéias Errôneas

• A idéia do Purgatório: Purgatório é uma idéia herética


ensinada pela Igreja Católica Romana, em que após a
morte o espírito e alma dos falecidos não totalmente
purificados, descem ao Sheol-Hades, para submeterem-
se a um processo de purificação a fim de poderem
entrar na presença de Deus.

237
79
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

• A idéia da Reencarnação: Essa idéia é uma crença


defendida por quase todas as religiões derivadas do
hinduísmo. Na atualidade, pelos seguidores de Allan
Kardecemaisoutrosgrupos.ParaKardec,reencarnação
é a volta da alma para outro corpo, podendo até ser de
sexo diferente. Com a morte a alma dos mortos pode
comunicar-se com os vivos e voltarem a terra em um
outro corpo para o alcance da perfeição.

• A idéia do “Sono da Alma”: A idéia do “Sono da


Alma”: A idéia de “sono da alma”, conhecida como
‘Psicopaniquia’ ou “DORMÊNCIA DA ALMA”, é
defendidaporalgunsgruposreligiososeos Adventistas
do Sétimo Dia, quando afirmam que os cristãos, ao
morrerem, entram em um estado de inexistência e
que só voltarão à consciência quando Cristo voltar e
ressuscitá-losparaavidaeterna. Elesbaseiamessaidéia
em uma das descrições que as Escrituras fornecem
sobre a morte (Ec 9.5-6; Jo 11.11). Quando a Escritura
se refere à morte como um sono, ela está se referindo
unicamente ao corpo e não a alma, indicando que para
os cristãos a morte é apenas temporária.

• A doutrina do “Aniquilacionismo”: Defende a idéia


de que Deus aniquilará as almas dos pecadores e que

238

80
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

estas não sofrerão o castigo eterno. Mas, as Escrituras


nos dizem que na primeira morte haverá apenas a
separação entre a alma e o corpo (conforme Tg 2.26) e
não a aniquilação da alma. Conforme a Bíblia, haverá
castigo eterno para os que se rebelaram contra Deus;
fogo inextinguível” (cf. Mt 3.12; Mc 9.43) e fogo que
não se apaga (cf. Mc 9.44,46).

• As Escrituras não somente refutam essas idéias


errôneas, como ensinam que a morte ocorre apenas
com o corpo, que o espírito e alma dos mortos são
enviados a um lugar chamado em hebraico de Sheol e
em grego Hades, e que estão, plenamente, conscientes,
aguardando o dia da respectiva ressurreição.

A Morte do Corpo: De acordo com o ensino encontrado


nas Escrituras, o ser humano possui uma tríplice constituição.
Ele é corpo, alma e espírito (1 Ts 5.23; Hb 4.12). O corpo é
a parte material, visível e mortal. A alma juntamente com o
espírito é a substancia imaterial, invisível e imortal. O corpo é
denominado de homem exterior e a alma e o espírito de homem
interior (2 Co 4.16). Quando as Escrituras falam sobre a morte,
ela se refere unicamente ao corpo e não a alma. Pois a alma
juntamente com o espírito são imortais e inseparáveis antes e
após a morte do corpo (Gn 3.19; Ec 12.7; Mt 10.28; 22.32).

239

81
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

O Destino da Alma e Espírito: Com a morte o corpo


volta ao pó, de onde foi tomado (Gn 3.19; Sl 104.29). A alma e
o espírito voltam a Deus, que o deu, isto é, ficam a disposição
de Deus, que os encaminham para o Sheol-Hades, até o dia
determinado em que ocorrerá a ressurreição do corpo (Ec
12.7; Lc 16.19-31). Portanto, o Sheol-Hades é o lugar, onde são
encaminhados a alma e o espírito dos falecidos. É o mundo
invisível, a habitação transitória dos mortos. E está situado em
alguma parte abaixo da superfície da terra.

O Sheol-Hades13 possui três divisões:

1. A primeira chamada de “Seio de Abraão”, “Paraíso”,


“Lugar de Consolo” para onde os justos falecidos
eram encaminhados antes da ressurreição de Cristo.
2. A segunda divisão é apresentada como um lugar
de “Chamas”, “Tormentos”, ocupada pelos mortos
ímpios.

13. As palavras “Sheol e Hades”, quando traduzidas, apareceram em


nossas Bíbliascomo:Inferno; “tártaro”(2Pe2.4),abismo,Geena, regiões
inferiores; cova, sepulcro, sepultura. Devido às dificuldades de tradução
desses dois termos para a língua portuguesa, há uma compreensão
distorcida do que seja o estado intermediário e a condição em que os
mortos se encontram.

240

82
UNIDADE VII
Doutrina das ÚltimasCoisas

3. Estas duas divisões são separadas entre si por uma


terceira, identificadacomoumabismoinstransponível,
um lugar de prisão. Lá está preso uma classe de anjos
caídos que só sairão nos dias da Grande Tribulação
para atormentar aqueles que não tem o selo de Deus
(Ap 9.1-12).

Assim, os salvos do Antigo Testamento até a ascensão


de Cristo, foram para o Sheol-Hades: no lugar chamado “Seio
de Abraão” (Lucas 16.22), “Paraíso” (Lucas 23.43); “Lugar
de Consolo”.
Em Efésios 4.8-10, lemos:

Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o


cativeiro e deu dons aos homens. Ora, isto -ele
subiu- que é, senão que também, antes, tinha
descido às partes mais baixas da terra? Aquele
que desceu é também o mesmo que subiu acima de
todos os céus, para cumprir todas {as coisas.}.
“Quando ele subiu em triunfo às alturas,
levou cativos muitos prisioneiros, e deu dons aos
homens”(Ef 4.8 NVI).

83 241
INTRODUÇÃO a Teologia Sistemática

Com a morte de Jesus e a sua descida ao Sheol-Hades,


de onde saiu vitorioso, Ele efetuou uma grande mudança no
estado dos mortos justos. Agora o justo ao morrer não desce
mais as partes inferiores da terra, mas sobe para estar diante de
Deus aguardando o momento da ressurreição.

O Estado de Consciência dos Mortos: O estado


intermediário vivenciado pelos falecidos é de total consciência.
A declaração encontrada no livro de Eclesiastes que, a memória
dos mortos ficou entregue ao esquecimento, está diretamente
relacionada ao ponto de vista da observação humana, isto é,
a morte é o cessar de toda atividade humana (Ec 3.9.10). A
consciência existente no período entre a morte e ressurreição
é comprovada tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Eis o nível de consciência que está registrado nas seguintes
referências:

• Eles se conhecem
• Podem se comunicar entre si
• Identificam-se por suas posições sociais
• Ter condições de se recordarem de sua vida anterior
no corpo
• Possuem sensibilidade

242
84
• Fazem petições
• O estado de consciência existente entre aqueles que
deixaram de existir aqui na terra, não permite que
eles possam manter contato com o mundo dos vivos.

A Doutrina das Últimas Coisas consolida-se com a


redenção do homem e a suprema vitória sobre o mal. A terra,
como a conhecemos, passará por uma grande transformação.
De acordo com o Apocalipse, capítulo 21, haverá um novocéu
e uma nova terra. Todos aqueles que tiverem os seus nomes
escritos no Livro da Vida, viverão por toda a eternidade com
o Senhor.

85

243
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

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MASCARENAS, Ricardo L. V. Os Últimos Dias. São Paulo: Candeia.


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OLIVEIRA, Raimundo F. de. As Grandes Doutrinas da Bíblia, Rio de


Janeiro: CPAD.

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1998.

STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. São Paulo: Teológica, 2002.

SILVA, José Apolônio. Heresiologia. Rio de Janeiro: CPAD.

Materiais não publicados:

Apostila:
OArrebatamento daIgreja ea Cronologia doFim.Mario Sergio Pompeu.

Outros:
87
MALAFAIA, Silas. O cristão e a sexualidade. DVD, cor, aproximadamente
1h. Central Gospel.

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