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272/2020-2
RELATÓRIO
Por registrar as principais ocorrências dos autos, adoto como relatório, com os ajustes
necessários, a instrução da secretaria responsável pela análise da demanda (peça 4), que contou com o
apoio do Ministério Público junto ao TCU (peça 6):
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de ato de concessão de reforma do Comando da Marinha.
2. O ato foi submetido à apreciação do Tribunal de Contas da União (TCU) para fim de registro,
nos termos do art. 71, inciso III, da Constituição Federal. O cadastramento e a disponibilização ao
TCU ocorreram por intermédio do Sistema de Apreciação e Registro de Atos de Admissão e
Concessões (Sisac), na forma dos arts. 2o, caput e inciso II, e 4o, caput, da Instrução Normativa -
TCU 55/2007.
EXAME TÉCNICO
Procedimentos aplicados
1. Os procedimentos para exame, apreciação e registro de atos de pessoal encontram-se
estabelecidos na Instrução Normativa TCU 78/2018 e na Resolução TCU 206/2007. Essas normas
dispõem, em seus arts. 4º, § 2º, e 3º, § 3º, respectivamente, que os atos de pessoal disponibilizados
por meio do e-Pessoal devem ser submetidos à crítica automatizada do próprio sistema, com base
em parâmetros predefinidos.
2. Relativamente aos atos de admissão e concessão de aposentadoria, pensão e reforma, as rotinas
de crítica das informações cadastradas nos sistemas informatizados de coleta de atos foram
elaboradas e validadas levando-se em conta as peculiaridades desses atos. Os itens de verificação
do sistema compreendem prazos e fundamentos legais, assim como eventuais ocorrências de
acumulação. Trata-se de verificações mais abrangentes, minuciosas e precisas do que aquelas que
podem ser realizadas por mãos humanas, proporcionando um nível de segurança ainda maior.
3. As críticas aplicadas aos atos encontram-se discriminadas na opção Crítica do Sistema e-
Pessoal.
4. Além da crítica automatizada, há verificação humana adicional no caso de haver alertas do
sistema ou informações não formatadas, como esclarecimentos do gestor ou do controle interno.
5. As críticas também consideram os registros do Sistema Integrado de Administração de Recursos
Humanos (Siape). O Siape disponibiliza informações atualizadas sobre as parcelas que integram os
militares, estatuída nos arts. 42 e 142 da CF, exclui-se da proibição prevista no mesmo dispositivo.
(Grifo nosso)
Artigo único. Os incisos II, III e VIII do § 3º do art. 142 da Constituição Federal passam a vigorar
com as seguintes alterações:
Art. 142
(...)
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no
art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade
militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;(grifo nosso)
_______________________________________________________________________________
__
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
(...)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; (Grifo nosso)
9. Pelo exposto, verifica-se que o Sr. JORGE VIDAL SAMBRANA não se enquadra em nenhuma
das situações citadas nas letras ‘a)’ e ‘b)’ do item 8 da presente instrução, uma vez que a passagem
para reserva (26/07/2006) e a posse no cargo civil (08/08/2008) são posteriores a EC nº 20/98 e que
o militar não ocupava cargo privativo de profissional de saúde na Marinha do Brasil.
10. Assim, esta unidade técnica entende que a reforma em estudo não pode prosperar, devendo o
militar optar pelos proventos de reforma ou pelos vencimentos do cargo civil junto à Prefeitura
Municipal de Corumbá por falta de amparo legal para tal acumulação de proventos e vencimentos.
CONCLUSÃO
11. A abrangência e a profundidade das verificações levadas a efeito fundamentam convicção de
ilegalidade do ato. Dessa forma, cabe proposta no sentido de que seja considerado ilegal, negando-
lhe o registro.
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PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
12. Ante o exposto, com fundamento nos arts. 71, inciso III, da Constituição Federal, 1o, inciso V, e
39, inciso II, da Lei 8.443/1992 e 260, § 1º e 5º, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da
União, bem como art. 7º, § 3º da IN 78/2018, propõe-se:
a) considerar ilegal o ato em estudo por falta de amparo legal para acumulação de proventos de
reforma com vencimentos de cargo público civil acumulados após a promulgação da EC nº 20/98,
negando-lhe o registro;
b) dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas de boa-fé pelos interessados,
consoante o disposto no Enunciado 106 da Súmula da Jurisprudência do TCU;
c) determinar ao Comando da Marinha do Brasil que:
c.1) no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência desta Deliberação, abstenha-se de realizar
pagamentos decorrentes do ato impugnado, sujeitando-se a autoridade administrativa omissa à
responsabilidade solidária, nos termos do art. 262, caput, do Regimento Interno/TCU;
c.2) dê ciência, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação deste Acórdão,
ao interessado, encaminhando a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta dias), comprovante da referida
ciência; e
c.3) alerte ao interessado que o efeito suspensivo proveniente da interposição de possíveis recursos
perante o TCU não as exime da devolução dos valores percebidos indevidamente após a respectiva
notificação, caso os recursos não sejam providos.
d) esclarecer à unidade de origem, com supedâneo no art. 262, § 2º, do Regimento Interno, que a
concessão considerada ilegal poderá prosperar mediante a emissão e o encaminhamento a este
Tribunal de novo ato concessório, escoimado das irregularidades apontadas nestes autos;
e) apresente ao Sr. JORGE VIDAL SAMBRANA o direito à opção pelos proventos de reforma ou
pelos vencimentos do cargo de auxiliar de enfermagem junto à Prefeitura Municipal de Corumbá;
g) determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal que monitore o cumprimento das medidas
indicada nos subitens 12.d) e 12.e) supra, representando a este Tribunal, caso necessário.”
É o relatório.