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Aula 02
O ESTUDO DA BÍBLIA
COMO CIÊNCIA
INTRODUÇÃO
Esta unidade tratará do estudo da Bíblia alinhado aos pressupostos científicos. Isto
se faz necessário porque a religião cristã, na atualidade, constrói seu discurso teológico e
prático à partir da Bíblia. A fundamentação da fé cristã está atrelada a compreensão e a
interpretação dos textos sagrados, na Bíblia (1º e 2º Testamentos). Nesta aula você terá
acesso a informações sobre: a história do estudo da Bíblia; o interesse da pesquisa bíblica;
os métodos de estudo e seus desenvolvimentos. Mediante tais informações, você deverá
refletir: Para sua construção teológica, a Bíblia deve ser conhecida de forma inteligível e,
historicamente, embasada? As suas conclusões definirão as revisões e as posturas que você
desenvolverá frente ao texto bíblico, seu ensino e proclamação.
Muito do que já foi visto na aula anterior tem a ver com o estudo científico da Bíblia.
Este se desenvolveu, ao longo dos séculos, na história da igreja cristã e, também, nos círculos
da religião judaica.
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SCHREINER, Josef. O Estudo Científico do Antigo Testamento In: SCHREINER. Josef. Palavra e Mensagem, São Paulo:
Paulinas, 1978, p.54-55.
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A Septuaginta (LXX) é a tradução dos textos hebraicos do 1º Testamento para o grego. Esta tradução fora encomendada para a
Biblioteca de Alexandre e foi traduzida por setenta especialistas. Por isso, ficou conhecida como a tradução realizada pelos setenta, ou
seja, Septuaginta.
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A Vulgata Latina é uma tradução do grego para o latim traduzida, em grande parte, por Jerônimo no século IV d.C.
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seus conteúdos para vida humana. No entanto, a Bíblia vem de um tempo e de um mundo
longínquo. Suas informações, na maioria das vezes, são estranhas a nós.5
A fé cristã não elimina ou desconsidera a razão. Deve gerar melhor consciência, ou
seja, razão para a vida (Romanos 12,1-2). Por isso, o estudo da Bíblia, desde o século XVI,
tem procurado na pesquisa exegética6 um conhecimento mais adequado para se interpretar e
aplicar as Escrituras no cotidiano (embora nem sempre na história da ciência bíblica este
tenha sido o seu alvo). Por isso, inicialmente, há o interesse de compreender como os textos
foram constituídos e como estes geraram sentido de vida, da parte de Deus, para os seus
primeiros destinatários. Entende-se que só então, em ato posterior, a Bíblia pode ser
devidamente aplicada à vida na atualidade.
No entanto, tal tarefa é bastante especializada. Esta deve ser exercida para que se
atinja o principal alvo da ciência bíblica: “estudar o passado de tal maneira que libere a
mensagem que [a Bíblia] contém, a fim de que esta possa exercer a sua função hoje na nossa
vida”7. Este alvo deve ser perseguido, pois a Bíblia é compreendida como “uma espécie de
modelo de ação que deu certo e que tem a garantia de Deus 8”.
O processo de conhecimento da Bíblia percorreu um longo caminho na história e é
importante que se conheça as várias etapas que foram estabelecidas pela ciência bíblica,
através dos métodos exegéticos.
A Bíblia é uma coleção de livros e estes foram compostos num longo processo de
formação. Durante séculos compuseram-na, comunicaram-na; em seguida a compilaram,
redigiram e transmitiram-na9.
A Bíblia, em seu longo processo formativo, acumulou muitas informações. Textos
que conservavam tradições formais, outras menos formais, outras informais e outras, até,
de menor importância. Diante desta diversidade de material, a Bíblia foi se tornando a
coleção de livros, hoje conhecida, no formato escrito com todos os condicionamentos de
um processo humanamente mediado.
A Bíblia, para os que crêem, é Palavra de Deus. Mas como objeto de estudo
exigiu, racionalmente, o mesmo método utilizado para estudo e para a interpretação de
outros documentos e livros antigos. Por isto, a pesquisa bíblica, em alguns momentos,
5
SCHREINER, Josef. O Estudo Científico do Antigo Testamento, p.52.
6
“Exegese” é um termo grego que pode ser traduzido simplesmente como “interpretação”. No entanto, tal termo é compreendido
como um método de estudo capaz de esclarecer através de análises detalhadas o conteúdo do texto para os seus primeiros destinatários.
É, a partir desta compreensão do passado que se pode estabelecer uma interpretação adequada para novos vínculos com a atualidade.
7
MESTERS, Carlos. Deus onde estás? Uma introdução prática à Bíblia, 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999, p.18.
8
Idem, p. 16.
9
SCHREINER, Josef. O Estudo Científico do Antigo Testamento, p.51.
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10
Idem, p. 54-55.
11
Como conhecimento lingüístico entenda domínio dos idiomas antigos nos quais foram registrados os livros da Bíblia, a saber os mais
importantes: hebraico, aramaico e grego.
12
Como conhecimento léxico entenda o conhecimento gramatical, o conhecimento do vocabulário e o conhecimento da fraseologia
desses idiomas.
13
Esta análise é necessária porque nenhum livro bíblico está conservado no original, mas em muitos manuscritos diferentes. Confira em
SCHREINER, Josef. O Estudo Científico do Antigo Testamento, p.52.
14
SCHREINER, Josef. O Estudo Científico do Antigo Testamento, p.56.
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A hipótese dos fragmentos foi construída à partir das pesquisas no Pentateuco (Torá).
Nestas, os pesquisadores concluíram que os livros da Torá haviam sido escritos à partir
de peças autônomas e independentes (fragmentos). Alguns acreditavam que os livros se
Hipótese dos Fragmentos formaram da influência plena de vários fragmentos (GEDDES). Outros acreditavam
haver um escrito de fundo como o Deuteronômio que catalisou as passagens legislativas
e narrativas (VATER). Confira em SCHREINER, Josef. O Estudo Científico do Antigo
Testamento, p. 57.
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WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia, 2ª ed., São Leopoldo/SãoPaulo: Sinodal/Paulus, 1998, p.
165-229.
22
MAINVILLE, Odette. A Bíblia à Luz da História: guia de exegese histórico-crítica, São Paulo: Paulinas, 1999, p.90-92.
23
SCHREINER, Josef. O Estudo Científico do Antigo Testamento, p.62.
24
Idem, p.67.
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ATIVIDADE
As atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta
“Sala Virtual - Atividades”. Após respondê-las, enviem-nas por meio do Portfólio-
ferramenta do ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Em caso de dúvidas,
utilize as ferramentas apropriadas para se comunicar com o professor.
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MESTERS, Carlos. Deus onde estás? p.18.
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