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“SOBRE A MORTE DE DEUS”

Por Alessandra Peixoto dos Santos.

Anteprojeto de Tese de Doutorado apresentado à comissão de Seleção de

Pós-graduação do Programa de Pós-graduação em Filosofia (PPGFil) do

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro

(IFCH/ UERJ).
1

- 2021 –

1) TÍTULO: “Sobre a morte de Deus”.

2) OBJETIVO:

O mundo moderno passou por um processo de esclarecimento, que


culminou com a ruptura entre a Igreja e os Estados, e também a separação da sociedade
e ordens políticas das instâncias religiosas, ou seja, a chamada secularização e
laicização - um projeto cultural e civilizacional que baseia-se em valores profanos, em
oposição às forças mágicas e divinas das sociedades tradicionais. A modernidade
propõe-se a um processo de emancipação e autonomização em suas diversas esferas da
vida política e social, promovendo o desenvolvimento da ciência, da técnica e do
racionalismo e fazendo recuar as concepções sacrais e religiosas do homem e do mundo.

Em poucas palavras, este é o contexto que anuncia as obras de referência de


Nietzsche nesta segunda metade do século XIX 1. O nosso trabalho “Sobre a morte de
Deus” trata desta noção de uma queda de Deus, sob um aspecto eminentemente
filosófico, envolvendo um duplo caráter: – o sentido metafísico da perda do absoluto; e,
a proposta de uma abordagem moral para o fenômeno religioso.

O projeto aqui apresentado, objetiva esmiuçar essa questão da “morte de


Deus” - em seus aspectos metafísicos e morais - relevando seus significados mais
proeminentes: como o declínio e a crise dos conceitos de Bem e Mal, a elucidação da
questão da perda do fundamento, o esvaziamento de conceitos como os de essência e
substância, e a crítica direta às considerações morais do Cristianismo. Nietzsche
culpabilizará todo esse processo de decadência do Ocidente ao advento do pensamento
metafísico e transcendental de Platão ao longo dos tempos. Nietzsche acusa o
platonismo de gerar a causa e o ocaso do pensamento Ocidental ao mesmo tempo,
através da divisão dos dois mundos e da criação de um ente transcendente e divinal.
Para Nietzsche, Platão é a marca do início e do fim da metafísica.

Considerando o contexto moral inerente ao fenômeno religioso, é também


nosso objetivo esclarecer e sublinhar seus condicionamentos filosóficos e sócio-

1
Aqui nos referimos às obras: A Gaia Ciência (2012), Assim falou Zaratustra (1989), A Genealogia da
Moral (2011), O Anticristo (2002).
2

políticos. Esse traço moral da “morte de Deus”, aplicado na interpretação de Nietzsche,


leva em consideração a crítica do Cristianismo em geral, bem como outros aspectos
conceituais e rituais do fenômeno religioso. Nietzsche revelará as considerações morais
do mundo cristão, teorizando sobre culpa e ressentimento, revelando a crença num
paraíso celestial e também num mundo infernal, revelando o domínio sacerdotal sobre
os cristãos em geral, e problematizando dogmas como o da morte de cruz.

Desse modo, após a questão propriamente da “morte de Deus”, propomo-


nos, a título de análise, apresentar o nome de críticos importantes da filosofia de
Nietzsche e da História do Pensamento, a fim de proporcionar novas interpretações à
problemática desse nosso do projeto. Com isso, permitimos a renovação da doutrina do
autor e a promoção da elaboração de novos conceitos em sua filosofia.

Assim se passou com Foucault2 e Deleuze, que com suas novas teses
inovaram com a ideia original acerca da Morte do Homem. Acreditaram que, com a
“morte de Deus”, o vazio deixado por esse ato certamente não seria um espaço a ser
ocupado pelo homem. Seja pela Filosofia da Linguagem, seja na esfera da superação da
Antropologia, atestaram nesse contexto o surgimento de um pensamento novo e
renovado.

3) JUSTIFICATIVA:

Uma primeira justificativa para a eleição desse tema de “Sobre a morte de


Deus” para o cerne de nosso projeto, encontra-se no fato de ser esse um tema central na
filosofia de Nietzsche, e por isso fundamental na hermenêutica de seu pensamento.
Nesse sentido, muitas simplificações e equívocos já foram divulgados no sentido dessa
ideia. De mera opinião a superstição popular, a “morte de Deus” representa uma marca
importante no âmbito da compreensão do fenômeno da modernidade. Nietzsche
transmuta esse querer legítimo de apreensão de uma polêmica questão em fala na boca
de um “louco”, na parábola de uma de suas obras: “- Procuro Deus! Procuro Deus!”3 É
este clamor que traduz o desejo essencial que formará o núcleo de nosso trabalho.

Assim, a partir da sentença feliz de Nietzsche sobre a “morte de Deus”,


divulga-se e abre-se um universo de possibilidades para o problema de Deus, para a

2
FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas – Uma arqueologia das ciências humanas, Martins Fontes,
S.P, 1990.
3
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Companhia das Letras, S.P., 2014.
3

crença em geral e também para a Teologia como campo do saber. Além disso,
examinando a problemática da “morte de Deus” nos dias de hoje, justifica-se esse
esforço de compreensão sempre que se imaginar que daí haverá um desdobramento de
questões indiscerníveis no cenário contemporâneo, tais quais a crise global de valores
no mundo, a falta de fundamento relacionada a fenômenos brutais como o Terror, ou
simplesmente a dificuldade encontrada em se lidar com o caso do novo ateísmo na
realidade.

Além de tudo, Nietzsche tem a força de criar e inspirar conceitos e ideias, e,


se é como ele dizia, que estamos diante de um espírito extemporâneo, um autor
devotado aos póstumos, é sempre hoje a hora de atualizá-lo e compreendê-lo. Afinal,
qual a verdade da “morte de Deus” nos dias de hoje?

Já com relação à inserção do projeto em uma dentre as Linhas de Pesquisa


apresentadas pelo Programa de Pós-Graduação de Filosofia (PPGFil) da UERJ, optamos
por incluir nosso trabalho na Linha da Ética e Filosofia Política, por diversas razões. A
justificativa mais clara encontra-se na relação direta que há entre a linha filosófica dos
estudos de Nietzsche e a determinação do pensamento Ético.

De um modo geral, entendemos que a filosofia nietzschiana, especialmente


os temas que nos tocam, gira em torno de questões de natureza ético-moral, tais como a
natureza do Bem e do Mal, a significação da moral cristã, e a situação ética do homem
moderno. São todas essas questões éticas por excelência.

No que toca à porção Política da Linha de Pesquisa, propomo-nos a pensá-


la em seu sentido maior, na grande política. Tudo o que toca a problemática da “morte
de Deus” diz respeito a um sentido maior da posição do homem no mundo. Nietzsche
foi um ardoroso crítico de seu tempo e da modernidade em geral. Se a Ética pretende ser
seu norte, a política será sua invenção.

4) DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA:

Nietzsche não tem por pretensão atestar o ateísmo quando lança essa ideia
da “morte de Deus”, mas assinalar a desvalorização dos valores morais de sua época.
Deus é a sustentação suprassensível, metafísica, que foi desenvolvido desde Platão no
Ocidente, não sendo mais acatado na modernidade como fundante e verídico. As
verdades absolutas com Nietzsche são destruídas, pondo em cheque toda a modernidade
4

e sua esperança em uma verdade universal. Nietzsche aniquilou o Deus moral, absoluto
e os valores universais que decorriam deste. A filosofia nietzschiana se caracteriza por
uma crítica à cultura Ocidental em seu fundamento primário: a metafísica. Tal como a
moral, a intenção da metafísica é alcançar uma perspectiva absoluta sobre a realidade,
por isso encontram-se essas dimensões inter-relacionadas e condicionadas entre si.

Nietzsche não parece preocupado em discutir o problema teológico da existência


de Deus, a sua preocupação se faz sentir no momento em que uma tal crença se manifesta na
realidade, bem como no modo de seu surgimento, e de como passou a não ter mais
importância no mundo dos homens. Desse modo, face à afirmação decisiva da “morte de
Deus”, o que tem Nietzsche a nos dizer? Em seu primeiro texto explicitamente relacionado a
esse tema, A Gaia Ciência (1882), em O “homem louco”, o filósofo nos dirá:

“Não ouviram falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma
lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar incessantemente: “Procuro Deus!
Procuro Deus!”? – E como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em
Deus, ele despertou com isso uma grande gargalhada”. 4

Diante do texto supramencionado, resta a seguinte questão: qual o sentido em se


anunciar a morte de Deus a quem absolutamente não crê nessa existência? Aqui
reafirmamos a interpretação de que o Deus a que Nietzsche faz referência não seja outro
senão o evento do fim da metafísica, da perda dos fundamentos, e não a ausência de
qualquer Deus monoteísta da tradição. O mencionado fragmento, com a apresentação das
imagens metafóricas representando Deus, é a prova deste nosso ponto de vista:

“Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para
apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra de seu sol? Para onde se
move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não
caímos continuamente? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as
direções? (...) Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de
manhã?” 5

Exatamente nessa passagem, o homem louco dá algumas dicas sobre as


características do Deus assassinado, qual o seu sentido e também o seu conteúdo semântico.
Assim, se esse Deus da parábola pouco diz respeito a um ente pessoal, como o das tradições
bíblicas, buscaremos então nas metáforas anunciadas o sentido desse Deus a que faz
referência o homem louco quando se dirige aos demais homens descrentes do mercado.

4
Idem p.137.
5
Idem.
5

O mar inteiramente bebido traz as ideias de inesgotabilidade, infinitude e


universalidade. O horizonte encerra em si as ideias de transcendência e
incompreensibilidade. E, por fim, o sol traz características como superioridade, centralidade
e a condição de possibilidade de sustentação do mundo. De fato, a referência ao sol no conto
é a mais extensa. O homem louco preocupa-se com o desatar da terra do seu sol, predizendo-
nos uma queda contínua para todos os lados, e um vagar “como que através de um nada
infinito”. Num sentido geral, as qualidades gerais do sol em sua centralidade, evocam
também o caráter universal e o perene. Seguindo a tradição, são essas as mesmas qualidades
do Deus Sol6 de Platão. Em suma, no tocante à “morte de Deus”, Nietzsche está claramente
a dialogar com a filosofia platônica. As figuras do mar, do horizonte e do sol indicam a
perenidade e a presença universal de uma estrutura cósmica que as aproxima do Deus de
Platão.

Nietzsche confere ao sol, na relação da terra a este, o status de ponto fixo e


seguro, central e superior. Tanto em Nietzsche quanto em Platão, Deus diz respeito ao
substrato último da realidade, seja na forma de essência, substância, princípio, fundamento,
etc. Quanto à imagem do sol, ambos os filósofos a compreendem de um mesmo modo: o
ente metafísico, supremo, absoluto e divino, princípio de subsistência dos demais entes e
fonte de significação da existência humana. Por outro lado, apesar de suas descrições do
Deus metafísico coincidirem, o objetivo de cada um dos filósofos diverge imensamente.
Enquanto Platão visa implantar o fundamento último da realidade, Nietzsche pretende
exatamente denunciar esse mesmo fundamento, como a anunciar o fim de sua vigência e
eficácia na história do pensamento Ocidental.

Reforçando a interpretação de Nietzsche sobre a “morte de Deus” no sentido


do fim da metafísica, exploraremos agora uma que é a Ideia Suprema na filosofia de
Platão, a ideia do Bem7, ideia esta que chega a ser confundida com a própria figura do
divino. A ideia do Bem é transcendente e inteligível, é a causa mas não a gênese de
todas as coisas no mundo sensível, e também a determinação de todas as outras ideias,
ou seja, a Ideia Suprema. Nem mesmo o demiurgo, plasmador de todas as coisas a
partir do mundo das ideias, é um criador ex nihilo, vindo do nada, pois a matéria para os
gregos é incriada, e somente posteriormente será submetida à ação desse demiurgo. Já a
ideia do Bem serve de modelo à criação, e de algum modo sustém os demais seres por
6
Fazemos referencia aqui à passagem do livro VII da República, 517 b,
7
A República, livro VI. 505 a .
6

meio das ideias. Segundo Platão, o Sol é filho do Bem, assim, ambos dão causa à
existência de outros seres, o sol dando visibilidade às coisas do mundo, bem como
sustentação e condições para sua existência, e a ideia do Bem, invisível, mas inteligível,
doando sentido para as demais ideias, inter-relacionando-se com estas. Assim, o Bom, o
Belo, a Justiça e a Verdade estão em estreita relação com a Ideia do Bem. Se pensarmos
que essas ideias, assim como o Bem, são todas transcendentes e metafísicas, veremos
que Nietzsche põe em questão a validade de todas elas, crendo apenas em sua
subsistência na dimensão aquém da realidade humana.

Cumpre confirmar que a ideia do Bem, além de suster os demais seres por
meio das ideias, encontra-se inter-relacionada com as demais ideias metafísicas -
tornando-se inteligível no âmbito da razão, e sustentando o restante do mundo ideal,
numa função de Deus. A ideia de Bem é transcendente e divinal. Não à toa, ao longo da
História do Pensamento Ocidental, especialmente na Idade Média, o Bem chega a tomar
o lugar de Deus, assumindo todas as consequências de um mundo dual, real, espiritual e
eminentemente moral.

Assim, em seguida ao Bem, tomamos a ideia da Verdade, que se apresenta


como sustentação suprassensível e metafísica, que foi desenvolvida desde Platão até os
dias de hoje como princípio científico e veraz da realidade. Nietzsche, segundo seu
conceito criado de “vontade de verdade”, aproxima a verdade ao espírito da ciência, que
repousa numa crença, a de que nada deverá ser mais necessária do que a própria
verdade. A crença na superioridade da verdade funda a ciência, e esta sustenta o fato de
que o verdadeiro será sempre superior ao falso. Segundo Nietzsche, a crítica da ciência
só pode ser realizada como questionamento da “vontade de verdade”.

Quanto à ideia do Bom, devemos demarcar uma distinção essencial entre ser bom,
e ser bom moralmente. Tanto um cavalo quanto um vinho podem ser bons, mas não
podem ser moralmente bons. E tanto um médico quanto um músico podem ser
habilidosos em suas respectivas artes, sem que isso signifique que eles sejam
moralmente bons. A bondade inteligível deve ser medida segundo parâmetros morais. Desse
modo, entendemos a comunicação entre a ideia do Bom e a ideia do Bem, no sentido de tornar-
se metafísica. Para o idealismo platônico, tem valor moral a sociedade que se funda em torno de
critérios metafísicos.
7

Nesse sentido, compreendemos a crítica nietzschiana ao conceito metafísico de


Bom. Nietzsche acusa os historiadores da moral de falta de espírito histórico, e assim chega a
negar todo tipo de avaliação essencialista. Em suas novas pesquisas genealógicas, quando
tratar-se de precisar a origem dos conceitos e dos valores de “bom” e de “mau”, como o
próprio Nietzsche descreverá, trocará “contra um mundo de hipóteses inglesas
edificadas no azul vazio”, tudo o que “se funda em documentos, tudo o que consta que
existiu, todo o longo texto hieroglífico, laborioso, quase indecifrável do passado da
moral humana”. (NIETZSCHE, 2011, p.29).

Assim, de uma oposição, fundamental, entre uma raça superior e


dominadora, em oposição a uma raça inferior e baixa, dá-se a origem da antítese entre
“bom” e “mau”. A moral tem se apresentado como um valor metafísico, “além de bem e
de mal”, e, sendo assim, Nietzsche pretenderá buscar a origem de nossos preconceitos
morais. Fazemos então a pergunta, da Genealogia da Moral (1887): Que origem teriam
propriamente os conceitos bem e mal?

“Qual é, segundo a etimologia, o sentido da palavra “bom” nas diversas


línguas? Então descobri que esta palavra em todas as línguas deriva de
uma mesma transformação de ideias; descobri que, em toda a parte, a
ideia de “distinção”, de “nobreza”, no sentido de ordem social, é a ideia-
mãe donde nasce e se desenvolve necessariamente a ideia do “bom” no
sentido de “distinto quanto à alma”, e a ideia de “nobre” no sentido de
“privilegiado quanto à alma”. E este desenvolvimento é sempre paralelo à
transformação das noções “vulgar”, “plebeu”, “baixo”, finalmente, na
noção de “mau” ”. 8

Assim, nesta obra, Nietzsche propõe-se uma teoria surpreendente em termos


metodológicos que antecipará o tema da moral referida à origem do “Bom” e do “Mau”.
A genealogia se opõe à ideia de essência, a algo que seja dado. Através desse
procedimento genealógico, a história é apresentada a fim de compreender o
comportamento humano. Com o recurso da linguagem, da filologia, da etimologia, e de
conhecimentos etnológicos e antropológicos, os conceitos propostos deixam de ser uma
essência para ganhar um sentido histórico novo. Novos valores são afirmados em
detrimento de outros mais antigos.

A título de sustentar uma crítica mais original ao Cristianismo com suas


ideias de genealogia dos valores, Nietzsche irá apresentar a transmutação de uma moral
escrava, servil, enfim, cristã da humanidade. Quando, então, levando-se em conta a
potência da vida em geral, os estudos da genealogia apontam para a existência de pelo

NIETZSCHE, F. A Genealogia da Moral. Editora Vozes, Petrópolis, 2011, p.34.


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8

menos duas morais distintas. Elas interpretam, avaliam e postulam juízos de valor
acerca de si e da vida, consistindo, assim, cada uma delas, num tipo de moral específica:
a “moral de senhores” e a “moral dos escravos”. Segundo Nietzsche, através do
Cristianismo operou-se uma rebelião escrava da moral, ou seja, os valores nobres. A
partir da investigação do par de opostos “bom” e “mau” em diversas línguas, Nietzsche
chega a elaborar um pensamento muito fino acerca da ética envolvida no par de morais
que está propondo: a do “senhor” e a do “escravo”. O ponto de partida está no
ressentimento do homem de rebanho, o escravo, que diz, antes de tudo, um grande
“não” ao que lhe é exterior, ao seu outro; enquanto que o homem nobre, o senhor, cria a
partir de um grande “sim” a si mesmo.

Considerando essa interpretação da Genealogia, os sacerdotes judeus


inverteram a equação dos valores aristocráticos tornando os saudáveis maus, e os
impotentes doentes, tornaram-se os bons. Desse modo, segundo Nietzsche, no âmbito
do Cristianismo são compreendidos os ideais dos fracos, aqueles pobres, sem energia,
bem como seus anseios de ódio e de vingança. Ao mesmo tempo em que gerou-se um
desprezo pela concepção aristocrática de bem e de bom, do que é nobre, poderoso, belo,
feliz, caro aos deuses. Nietzsche entendeu que foram os judeus, povo sacerdotal, que
operaram a maior vingança já vista na Terra – aquela contra os espíritos nobres e
poderosos. E assim, traça-se uma nova história da origem dos valores, condenando-se,
antes de tudo, sacerdotes e cristãos pela transmutação dos valores da moral aristocrática
em rebanho.

“Só um povo de sacerdotes, um povo de vingança retraída, podia obrar assim.


Os judeus, com uma lógica formidável, enfrentaram e inverteram
temivelmente a aristocrática escala dos valores (...). E, com o encarniçamento
do ódio da impotência, afirmaram: “Só os desgraçados são bons; os pobres,
os impotentes, os pequenos são os bons; os que sofrem, os necessitados, os
enfermos são os piedosos, são os benditos de Deus; só a eles pertencerá a
bem-aventurança;”9

Em seguida a essas considerações da Genealogia, surge em O Anticristo


(1895) novas críticas, críticas essas onde Nietzsche pretende reescrever a “autêntica”
história do Cristianismo. Aí, Nietzsche descreverá sua polêmica tese sobre a origem do
Cristianismo, afirmando ser seu verdadeiro fundador Paulo, e não Jesus, chegando a
declarar que não houve senão “um único cristão, e esse morreu na cruz”
(NIETZSCHE, 2002, p.59). Com essa distinção, vê-se a inclinação de Nietzsche pela

9
NIETZSCHE, F. Genealogia da Moral 2011, p.39.
9

personagem de Jesus, enquanto traz à luz uma nova versão do sacerdote Paulo, aquele
cheio de ódio, aquele tomado pelo poder. Paulo, enquanto judeu, teve sua oportunidade
de se vingar da lei que o frustrava, inventando seu próprio Deus e construindo seus
próprios valores. Na ideia de Nietzsche, o interesse de Paulo era exercer domínio sobre
os cristãos através das normas morais.

“À <Boa Nova> seguiu-se de imediato a pior de todas: a de Paulo. Em Paulo,


personifica-se o tipo antagônico ao do <alegre mensageiro>, o gênio no ódio,
na visão do ódio, na implacável lógica do ódio. Quantas coisas este
disangelista sacrificou ao ódio! Acima de tudo, o Redentor: cravou-o na sua
cruz”.10

Crítico às regras e preceitos morais de sua época, Jesus foi aquele que,
segundo Nietzsche, afirmou e amou tudo e a todos que se lhe cruzaram o caminho,
chegando a amar sua morte de cruz, e mesmo a seus assassinos. Nas palavras de
Nietzsche, esta uma morte a mais “ignominiosa” e “inesperada”, a morte na cruz. Por
isso Nietzsche designa Jesus como um “Espírito Livre”, que tem por mérito ser um
liberto da tradição.

Esta morte, pode-se dizer, contrapõe-se à morte feliz de um outro deus,


Dioniso. Na interpretação de Deleuze, a alegria cristã é a alegria de resolver a dor. Os
sofrimentos de Dioniso são reabsorvidos no prazer original; a ressurreição de Dioniso é
significada como o fim da individuação. Assim, seguindo Deleuze: “tanto em Dioniso
como em Cristo, o mártir é o mesmo, a paixão é a mesma. É o mesmo fenômeno, mas
dois sentidos opostos” (DELEUZE, s/d, p.24). De um lado, a vida que afirma o
sofrimento, de outro, o sofrimento que revela a vida; a tragédia confirma esta
reconciliação entre dor e vida, enquanto o martírio de Cristo testemunha contra essa
mesma dor, necessitando justificá-la.

A única verdadeira crítica que Nietzsche faz a Jesus está em sua compaixão
e no amor aos fracassados, que com isso nega-lhes a oportunidade de ultrapassar o
fracasso e tornar-se forte em si. Retomando sua tese da moral dos fortes, a interpretação
nietzschiana dirá ter sido Jesus aquele que atentou contra a lei natural da força,
culpabilizando os nobres naquilo que eles tenham de mais alto e significativo,
diminuindo-os aos olhos de Deus, do mesmo modo que tenha exaltado de modo inverso
os pobres, os fracassados, os escravos do espírito. “Pois mais fácil é passar um camelo
pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (Lucas: 24-25).

NIETZSCHE, F. O Anticristo - Anátema sobre o Cristianismo. Edições 70, Lisboa, 2002.p.63.


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Desse modo, pode-se afirmar com Nietzsche que o grande triunfo dos impotentes sobre
a aristocracia guerreira deu-se através do “amor” de Cristo.

Desde então, Nietzsche conceberá o Cristianismo como um moralismo


doentio, que leva os indivíduos a sentirem vergonha de todos os seus instintos. Segundo
o filósofo, a moral cristã se apresenta como uma doença que inibe a felicidade, pois,
nega os instintos e nestes estaria a felicidade. É, seguindo seu projeto de destruição da
moral e em defesa dos impulsos naturais, de seus sentimentos espontâneos, que
Nietzsche promove sua investida enfática à Religião cristã. E, segundo o mesmo, o
Cristianismo teria deturpado os valores, categorizando os fracos como fortes e,
consequentemente, os fortes como fracos.

E, no sentido do colapso gerado pela perda do princípio metafísico, de Deus,


surge o evento do niilismo, ‘nihil’, “nada”, estado de nada que é a consequência direta
da falta de fundamento que se esgotou. Diante de um vazio no campo dos valores, surge
um nada, um esgotamento a que o homem não sabe dar resposta. Mas a superação do
niilismo deve gerar um ato afirmativo, como por exemplo um dizer sim , “dionisíaco”,
ao mundo. Dionísio condenado à morte por causa de sua vida afirmativa, por sua
embriaguez, retorna, renasce, para novamente dizer Sim!

“E agora imaginemos como nesse mundo construído sobre a aparência e o


comedimento, e artificialmente represado, irrompeu o tom extático do festejo
dionisíaco em sonâncias mágicas cada vez mais fascinantes, como nestas
todo o desmesurado da natureza em prazer, dor e conhecimento, até o grito
estridente, devia tornar-se sonoro;” 11

E diante da crise de valores, do colapso do absoluto, não resta ao homem


criador senão lançar as bases dos novos valores, proceder à crítica do valor dos valores,
compreender esse niilismo transvalorativo como solução da crise dos valores. E, a
proposta maior, é a de avaliar o próprio valor dos valores.

Contudo, propor a avaliação do próprio valor dos valores significa mais do


que evocar uma fórmula acabada. O esforço pretende responder à pergunta
fundamental: - Afinal, de onde vêm os valores? Resposta: - De uma avaliação. E a
pergunta que se segue: - Mas, quanto à avaliação, qual sua origem? E a resposta: - De
um valor. Ou seja, não existem valores em si, bem como avaliações; valores e
avaliações encontram-se para sempre relacionados. Escapamos, assim, de uma

11
NIETZSCHE, F. O Nascimento da Tragédia, 1992, p.41.
11

essencialização da moral, bem como introduzimos o caráter histórico na determinação


dos valores. Avaliar o valor dos valores representa um instrumento significativo no
processo de superação da metafísica.

Mas, a fim de não cair num círculo vicioso, restará a Nietzsche adotar um
critério de avaliação que não possa ser avaliado, no caso, a vida. O filósofo acredita que
o valor da vida não pode ser avaliado. Quando toma-se a vida por parâmetro dos
valores, é como vontade de poder que se lhe compreenderá - como um valor imanente,
vivido aqui e agora.

A crítica dos valores enquanto vontade de poder tomará a vida em sentido


imanente. A vida não se acha além dos fenômenos; a vontade de poder não existe fora
das forças. Não nos é possível admitir um sentido cabal do que venha a ser a vontade de
poder, mas é possível compreender que o projeto nietzschiano de “transvaloração de
todos os valores” se funda a partir da determinação dos valores em outras bases, numa
base cosmológica, que pretende apoiar-se em dados científicos, como a vontade de
poder e o eterno retorno.

Após a morte de Deus, Nietzsche irá pregar a vinda dos criadores, aqueles
que quebrarão as velhas tábuas dos valores e se sobressairão sobre o niilismo. Assim,
completamente necessária ao super-homem é a morte do homem. Zaratustra ama
aqueles que dão causa ao ocaso do homem, pois daí surgirá uma estrela brilhante. Nesse
sentido, é suprimindo-se o além e voltando-se para a terra que entender-se-á o real
significado de eternidade.

“Outrora, o delito contra Deus era o maior dos delitos; mas Deus morreu e,
assim, morreram também os delinquentes dessa espécie. O mais terrível,
agora, é delinquir contra a terra e atribuir mais valor às entranhas do
imperscrutável do que ao sentido da terra!” 12

Em certo sentido, podemos afirmar que a “morte de Deus” em Nietzsche é


sinônimo do desaparecimento do homem. Foucault, por usa vez, será aquele que
confirmará essa tese, desenvolvendo em sua obra, a Morte do Homem. Sobre esta
questão, da Morte do Homem, citamos Deleuze: “o Homem não existiu sempre, e não
existirá para sempre” (1988, p.132). A construção das epistemes, conceito novo que
Foucault introduzirá em sua obra As Palavras e as Coisas13, afirmará que o Homem não
12
NIETZSCHE, F. Assim Falou Zaratustra, 1989, p. 30.
13
FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas – Uma arqueologia das ciências humanas, Martins
Fontes, S.P, 1990.
12

existe já há algun séculos, tempo esse do colapso da Idade Clássica e o começo da Idade
Moderna.

A teoria central da obra de Foucault, que promove a sua crença na Morte do


Homem, coloca a episteme no centro de tudo, causando uma ruptura no tempo, ao
mesmo tempo que sustenta uma estrutura inconsciente, subterrânea, e promotora das
noções de saber, conhecimento, ciência, etc. Em suma, o importante na introdução dessa
novidade no campo do conhecimento em Foucault está em que, subsistem estruturas
ocultas sob nossa própria ordem das coisas, e que, em absoluto, são movidas por forças
humanas.

O importante é compreender como formas modernas de conhecimento se


originam de uma ruptura fundamental na história das ideias, não sendo simplesmente
desenvolvimentos mais avançados de modos anteriores de conhecimento.

“Se a descoberta do Retorno é, realmente, o fim da filosofia, então o fim do


homem é o retorno do começo da filosofia. Em nossos dias não se pode mais
pensar senão no vazio do homem desaparecido.”14
Foucault e a Morte do Homem presentificam esse evento como uma
possibilidade de inaugurar uma nova episteme. O vazio deixado pelo desaparecimento
do homem abre espaço para o novamente pensar.

Nesse sentido, a fim de concluir nosso trabalho, pretendemos introduzir dois


outros pontos de vista teóricos, vinculados aos nossos dois últimos séculos, que
simbolizam o divisor de águas entre o evento nietzschiano da “morte de Deus” e o
romper da pós-modernidade.

Altizer e Hamilton15 são considerados “Teólogos da Morte de Deus” 16


e
assumem tal conceito como princípio para suas reflexões sobre a secularização
moderna, não se permitem falar de Deus segundo os padrões pré-modernos, baseando-
se na crença em uma cosmologia ultrapassada, em milagres, intervenções divinas,
revelações sobrenaturais, etc. Esta Teologia encontra-se profundamente associada ao
que conhecemos como “teologia secular”, ou seja, a corrente que afirma que, ao invés
de nos afastarmos do mundo é preciso nos envolvermos com ele para nos relacionarmos
com Deus. A religião sem Deus seria uma religião preocupada com questões éticas e
14
Idem, p.472
15
Este grupo denominado de “Teológos da Morte de Deus” ou “Teologos Radicais” surgiu na década de
1960, nos Estados Unidos e se caracteriza por ser um movimento ateu e cristão.
16
Altizer , T Hamilton, W., “A morte de Deus”, Ed. Paz e Terra, R.J: 1967.
13

políticas e com fins humanitários. A “Teologia da Morte de Deus” reflete uma situação
cristã no bojo de uma sociedade profana e secularizada.

Os neo-ateus (séc.XXI), ao contrário, formam um grupo de intelectuais, de


escritores, ligados a uma perspectiva científica, onde a negação de Deus e a
secularização são incontestáveis e incontornáveis. Nesse caso, não seria mais necessária
a presença de Deus ou do sobrenatural para compreender a realidade. A ciência tirou a
validade da religião e o que ainda não foi provado em termos da existência de uma
inteligência criadora no universo, certamente está a caminho de ser. É o que se
pressupõe da crença e afirmação da razão darwinista de um de seus teóricos, Richard
Dawkins17. A perspectiva da “morte de Deus” abriu espaço para a compatibilização
entre a ciência e um novo sentido de verdade verificável e renovável.

5) METODOLOGIA: - Nosso trabalho se caracteriza por uma pesquisa de aspecto


teórico, na qual objetivamos em um primeiro momento:

1) Realizar os cursos e disciplinas obrigatórias;


2) Realizar levantamento bibliográfico das fontes necessárias para abordar o tema e
os problemas a serem tratados;
3) Realizar levantamento bibliográfico das fontes necessárias para abordar o tema e
os problemas a serem tratados;
4) Fichamento dos textos e livros que compõe nossa bibliografia Fichamento dos
textos e livros que compõe nossa bibliografia;
5) Fichamento dos textos e livros que compõe nossa bibliografia;
6) Sob orientação, desenvolvimento dos problemas e formulação de nossa hipótese;
7) Desenvolvimento da escrita da tese
6) PLANO DE TRABALHO: ( Atividades)

(1) Pesquisa bibliografica: do primeiro ao oitavo semestre.

(2) Participação em aulas: do primeiro ao quinto semestre.

(3) Participação em grupo de pesquisa organizado orientador: do 1º ao 8º semestre

(4) Divulgação em eventos de resultados parciais da pesquisa: do 3º ao 8º semestre.

17
DAWKINS, R. Deus, um Delírio. Companhia das Letras, 2007.
14

(5) Submissão de artigos para publicação em periódicos afins: do 5º ao 8º semestre.

(6) Elaboração de tese: do 4º ao 8º semestre.

7) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

. ANDLER, Charles. Nietzsche: vida e pensamento, vol.II, Contraponto, R.J., 2016.


. ALTIZER, Thomas J.J. & HAMILTON, William. A morte de Deus. Paz e Terra, R.J.,
1967.
. COLI, Giorgio. Escritos sobre Nietzsche, Relogio Dagua, 2000.
. DELEUZE, Gilles. Foucault. Editora brasiliense, S.P., 1988.
_______________ Nietzsche e a Filosofia. RÉS – Editora, Porto, s/d.
. DERRIDA, Jacques. Esporas: Os Estilos de Nietzsche, Nau Editora, 2013.
______________ Nietzsche e a Filosofia. RÉS-Editora, Porto, s/d.
. FINK, Eugen. A Filosofia de Nietzsche. Editorial presença, Lisboa, 1988.
. FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas – Uma arqueologia das ciências
humanas, Martins Fontes, S.P, 1990.
_________________ Ditos & Escritos II – Arqueologia das ciências e História dos
Sistemas de Pensamento. Forense Universitária, Rio de Janeiro, 2008.
GALVÃO, Túlio M. de Oliveira. Para além da ciência: Por uma Gaia Ciência. UFRN –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012. (Dissertação).
. GIACOIA Jr., Oswaldo. Labirintos da alma. Editora da Unicamp, Campinas, 1997.
. HÉBER-SUFFRIN, O Zaratustra de Nietzsche, Jorge Zahar, 1994.
. HEIDEGGER, Martin. Nietzsche. Forense Universitária, R.J., 2010.
. LEÃO, Emmanuel C., (coord.) Friedrich Nietzsche, Revista Tempo Brasileiro, R.J.,
out-dez, nº 143, 2000.

. LEMOS, Fabiano. O Ofício da Origem. Kotter Editorial, Curitiba, 2016.


_______________ Soldados e Centauros: Educação, filosofia e messianismo no jovem
Nietzsche, 1858-1869, Mauad X, R.J., 2015.
. MACHADO, Roberto. Nietzsche e a Verdade. Edições Graal, R.J., 2002.
. MENDONÇA, Adriany F. A invenção da metafísica a partir da arte: perspectivas
nietzschianas, Ape’Ku, R.J., 2020.
15

. MIRANDA, João Marcos Tomás. Nietzsche e a morte de Deus: críticas ao


cristianismo e religiosidade alternativa. UNB – Universidade de Brasília, 2010.
(Dissertação).
. NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Companhia das Letras, S.P., 2014.
___________________ A Genealogia da Moral. Editora Vozes, Petrópolis, 2011.
___________________ A Vontade de Poder. Contraponto Editora, R.J., 2011.
___________________ Assim Falou Zaratustra: Um livro para todos a para ninguém.
Editora Bertrand Brasil, R.J., 1989.
___________________ Humano, Demasiado Humano: Um livro para Espíritos
Livres. Companhia das Letras, S.P., 2000.
___________________ O Anticristo – Anátema sobre o Cristianismo. Edições 70,
Lisboa, 2002.
____________________ O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo.
Companhia das Letras, S.P., 1992.
. RIBEIRO, Flávio Augusto S.; e, PINTO, Helder de S. Silva. Rupturas epistemológicas
e o discurso sobre Deus. Uma leitura a partir de Michel Foucault. Horizonte, Belo
Horizonte, v.8, n.18, p.27-64, jul/set. 2010.
. SILVA, Leonardo Camargo da; e, SUEIRO, André Luiz. A ideia de Deus entre
Nietzsche e Platão. Revista Contemplação, 2016 (13), p.157-168.
. SILVA, Mayara Annanda S. Nunes. Sobre a Genealogia da Moral em Nietzsche.
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. (Dissertação).
. SOUTO, Caio Augusto T. Nietzsche e Foucault – Da morte de Deus à morte do
homem. Saberes, Natal, v.1, n.6, fev.2011.
. VIEIRA, Mauro Rogério de A. A crítica de Nietzsche à noção de verdade da
metafísica clássica. Cadernos do PET Filosofia, vol.4, n.8, jul-dez, 2013, p.60-69.
8) PROFESSOR-ORIENTADOR/ LINHA DE PESQUISA:
Professor Doutor orientador Fabiano de Lemos Britto.
Linha de Pesquisa Ética e Filosofia Política

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