1 ÉTICA ......................................................................................................... 2
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 45
1
1 ÉTICA
2
conjunto de regras coletivas que facilitam o convívio, é mutuamente aceito e
intrínseco ao homem social.
Ética: trata-se do comportamento individual em relação a sociedade, o
que garante o bem-estar social. Ela define como o homem deve comportar-se
diante do meio social.
Fonte: www.aconteceuemjoinville.com.br
3
2 CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICÓLOGO
O código de ética do psicólogo está em vigor desde 2005. Hoje ele atende às
novas necessidades da profissão, respeitando as leis e o momento do país. Ele traz
os princípios fundamentais dos psicólogos e suas responsabilidades de profissional.
4
⇒ Não é considerado ético da parte do psicólogo avaliar ou atender pessoas
com as quais tenha relações pessoais ou familiares, para que a qualidade de seu
trabalho não seja prejudicada;
5
2.1 Íntegra - Código de Ética Profissional do Psicólogo
Fonte: site.cfp.org.br
Apresentação
6
Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de homem e de
sociedade que determina a direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se
em princípios e normas que devem se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus
direitos fundamentais. Por constituir a expressão de valores universais, tais como os
constantes na Declaração Universal dos Direitos Humanos; socioculturais, que
refletem a realidade do país; e de valores que estruturam uma profissão, um código
de ética não pode ser visto como um conjunto fixo de normas e imutável no tempo.
As sociedades mudam, as profissões transformam-se e isso exige, também, uma
reflexão contínua sobre o próprio código de ética que nos orienta.
A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profissão de psicólogo no
Brasil, responde ao contexto organizativo dos psicólogos, ao momento do país e ao
estágio de desenvolvimento da Psicologia enquanto campo científico e profissional.
Este Código de Ética dos Psicólogos é reflexo da necessidade, sentida pela categoria
e suas entidades representativas, de atender à evolução do contexto institucional
legal do país, marcadamente a partir da promulgação da denominada Constituição
Cidadã, em 1988, e das legislações dela decorrentes.
Consoante com a conjuntura democrática vigente, o presente Código foi
construído a partir de múltiplos espaços de discussão sobre a ética da profissão, suas
responsabilidades e compromissos com a promoção da cidadania. O processo
ocorreu ao longo de três anos, em todo o país, com a participação direta dos
psicólogos e aberto à sociedade.
Este Código de Ética pautou-se pelo princípio geral de aproximar-se mais de
um instrumento de reflexão do que de um conjunto de normas a serem seguidas pelo
psicólogo. Para tanto, na sua construção buscou-se:
7
c. Contemplar a diversidade que configura o exercício da profissão e a
crescente inserção do psicólogo em contextos institucionais e em equipes
multiprofissionais.
d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não em
suas práticas particulares, uma vez que os principais dilemas éticos não se
restringem a práticas específicas e surgem em quaisquer contextos de
atuação.
Princípios Fundamentais
8
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua
e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais,
posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais
princípios deste Código.
9
k. Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por motivos
justificáveis, não puderem ser continuados pelo profissional que os assumiu
inicialmente, fornecendo ao seu substituto as informações necessárias à
continuidade do trabalho;
l. Levar ao conhecimento das instâncias competentes o exercício ilegal ou
irregular da profissão, transgressões a princípios e diretrizes deste Código
ou da legislação profissional.
10
k. Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos
pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade
do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação;
l. Desviar para serviço particular ou de outra instituição, visando benefício
próprio, pessoas ou organizações atendidas por instituição com a qual
mantenha qualquer tipo de vínculo profissional;
m. Prestar serviços profissionais a organizações concorrentes de modo que
possam resultar em prejuízo para as partes envolvidas, decorrentes de
informações privilegiadas;
n. Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços profissionais;
o. Pleitear ou receber comissões, empréstimos, doações ou vantagens outras
de qualquer espécie, além dos honorários contratados, assim como
intermediar transações financeiras;
p. Receber, pagar remuneração ou porcentagem por encaminhamento de
serviços;
q. Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados de
serviços psicológicos em meios de comunicação, de forma a expor
pessoas, grupos ou organizações.
11
Art. 5º - O psicólogo, quando participar de greves ou paralisações, garantirá
que:
a. As atividades de emergência não sejam interrompidas;
b. Haja prévia comunicação da paralisação aos usuários ou beneficiários dos
serviços atingidos pela mesma.
12
Art. 9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger,
por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a
que tenha acesso no exercício profissional.
13
2. § 2° - Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo
responsável informará ao Conselho Regional de Psicologia, que
providenciará a destinação dos arquivos confidenciais.
14
c. Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a técnicas
e práticas que estejam reconhecidas ou regulamentadas pela profissão;
d. Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda;
e. Não fará previsão taxativa de resultados;
f. Não fará autopromoção em detrimento de outros profissionais;
g. Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras
categorias profissionais;
h. Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais.
15
3 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA ESCOLAR
16
Realiza seu trabalho em equipe interdisciplinar, integrando seus
conhecimentos àqueles dos demais profissionais da educação. Para isso realiza
tarefas como, por exemplo:
a) aplicar conhecimentos psicológicos na escola, concernentes ao
processo ensino-aprendizagem, em análises e intervenções psicopedagógicas;
referentes ao desenvolvimento humano, às relações interpessoais e à
integração família-comunidade-escola, para promover o desenvolvimento
integral do ser;
b) analisar as relações entre os diversos segmentos do sistema de
ensino e sua repercussão no processo de ensino para auxiliar na elaboração
de procedimentos educacionais capazes de atender às necessidades
individuais;
c) prestar serviços diretos e indiretos aos agentes educacionais, como
profissional autônomo, orientando programas de apoio administrativo e
educacional;
d) desenvolver estudos e analisar as relações homem-ambiente físico,
material, social e cultural quanto ao processo ensino aprendizagem e
produtividade educacional;
e) desenvolver programas visando a qualidade de vida e cuidados
indispensáveis às atividades acadêmicas;
f) implementar programas para desenvolver habilidades básicas para
aquisição de conhecimento e o desenvolvimento humano;
g) validar e utilizar instrumentos e testes psicológicos adequados e
fidedignos para fornecer subsídios para o replanejamento e formulação do
plano escolar, ajustes e orientações à equipe escolar e avaliação da eficiência
dos programas educacionais;
h) pesquisar dados sobre a realidade da escola em seus múltiplos
aspectos, visando desenvolver o conhecimento científico.
17
Fonte: www.mtecbo.gov.br
18
das condições do desenvolvimento da personalidade, dos processos intrapsíquicos e
das relações interpessoais, efetuando ou encaminhando para atendimento
apropriado, conforme a necessidade. Participa da elaboração, adaptação e
construção de instrumentos e técnicas psicológicas através da pesquisa, nas
instituições acadêmicas, associações profissionais e outras entidades cientificamente
reconhecidas. Realiza divulgação e troca de experiência nos eventos da profissão e
comunidade científica e, à população em geral, difunde as possibilidades de utilização
de seus recursos.
O psicólogo desempenha suas funções e tarefas profissionais individualmente
e em equipes multiprofissionais, em instituições privadas ou públicas, em
organizações sociais formais ou informais, atuando em: hospitais , ambulatórios,
centros e postos de saúde, consultórios, creches, escolas, associações comunitárias,
empresas, sindicatos, fundações, varas da criança e do adolescente, varas de família,
sistema penitenciário, associações profissionais e/ou esportivas, clínicas
especializadas, psicotécnicos, núcleos rurais e nas demais áreas onde as questões
concernentes à profissão se façam presentes e sua atuação seja pertinente.
Psicólogo Educacional
Introdução
19
2- Desenvolve trabalhos com educadores e alunos, visando a explicitação
e a superação de entraves institucionais ao funcionamento produtivo das
equipes e ao crescimento individual de seus integrantes.
3- Desenvolve, com os participantes do trabalho escolar (pais, alunos,
diretores, professores, técnicos, pessoal administrativo), atividades
visando a prevenir, identificar e resolver problemas psicossociais que
possam bloquear, na escola, o desenvolvimento de potencialidades, a
auto realização e o exercício da cidadania consciente.
4- Elabora e executa procedimentos destinados ao conhecimento da
relação professor-aluno, em situações escolares específicas, visando,
através de uma ação coletiva e interdisciplinar a implementação de uma
metodologia de ensino que favoreça a aprendizagem e o
desenvolvimento.
5- Planeja, executa e/ou participa de pesquisas relacionadas a
compreensão de processo ensino-aprendizagem e conhecimento das
características Psicossociais da clientela, visando a atualização e
reconstrução do projeto pedagógico da escola, relevante para o ensino,
bem como suas condições de desenvolvimento e aprendizagem, com a
finalidade de fundamentar a atuação crítica do Psicólogo, dos
professores e usuários e de criar programas educacionais completos,
alternativos ou complementares.
6- Participa do trabalho das equipes de planejamento pedagógico,
currículo e políticas educacionais, concentrando sua ação naqueles
aspectos que digam respeito aos processos de desenvolvimento
humano, de aprendizagem e das relações interpessoais, bem como
participa da constante avaliação e do redirecionamento dos planos, e
práticas educacionais implementados.
7- Desenvolve programas de orientação profissional, visando um melhor
aproveitamento e desenvolvimento do potencial humano,
fundamentados no conhecimento psicológico e numa visão crítica do
trabalho e das relações do mercado de trabalho.
8- Diagnostica as dificuldades dos alunos dentro do sistema educacional e
encaminha, aos serviços de atendimento da comunidade, aqueles que
requeiram diagnóstico e tratamento de problemas psicológicos
20
específicos, cuja natureza transcenda a possibilidade de solução na
escola, buscando sempre a atuação integrada entre escola e a
comunidade.
9- Supervisiona, orienta e executa trabalhos na área de Psicologia
Educacional.
Títulos
2515-05 - Psicólogo educacional
Psicólogo da educação, Psicólogo escolar
A Psicologia Escolar vem sendo considerada até agora como uma área
secundária da Psicologia, vista como relativamente simples, não requerendo muito
preparo, nem experiência profissional. Dentro da instituição-escola é pouco
valorizada, até mesmo dispensável, haja vista a inexistência de serviços dessa
natureza, enquanto os de Orientação educacional e Supervisão escolar são previstos
e regulamentados por lei.
Essa perspectiva, que nos parece bastante equivocada e inadequada, talvez
provenha do fato de que, historicamente, a área escolar tenha-se caracterizado como
um desmembramento da área clínica, o que gerou a visão de uma Psicologia Escolar
clínica.
Uma outra abordagem seria a da ação preventiva da Psicologia Escolar.
Prevenir significa "antecipar-se a", "evitar", "livrar-se de", "impedir que algo suceda".
No contexto da escola o que se pretenderia evitar ou impedir? A existência de
problemas, de dificuldades ou fracassos?
A conotação por vezes encontrada, entretanto, parece ser a de evitar
desajustes ou desadaptações do aluno. Maria Helena Novaes, ao defender a
importância da formação adequada do psicólogo escolar e sua responsabilidade
profissional, afirma que "dado o caráter sobretudo preventivo da atuação do psicólogo
21
escolar, essa orientação (psicológica) merece tanto ou mais cuidado do que qualquer
outra, pois tem como meta principal o ajustamento do indivíduo" (1-pg.24). Caberia
aqui discutir e esclarecer a natureza de tal ajustamento.
Dada a possibilidade de se interpretar a perspectiva de prevenção como uma
questão meramente adaptativa, é que, no presente artigo, procuramos analisar duas
abordagens frequentemente encontradas com relação ao papel do psicólogo escolar,
e propomos uma terceira alternativa, que é a deste profissional como agente de
mudanças.
Está implícita nessa visão de Psicologia Escolar uma vinculação com a área de
saúde mental, onde os problemas são equacionados em termos de saúde x doença,
o que na escola se retraduz como problemas de ajustamento e adaptação. O que nos
parece estar subjacente, mas nem sempre claro, nessa perspectiva, é a ideia de que
a escola como instituição é tomada como adequada, como cumprindo os objetivos
ideais a que se propõe. Permanecem inquestionados, desta forma, o anacronismo
dos currículos, dos programas, das técnicas de ensino-aprendizagem empregadas,
bem como a adequação da relação professor-aluno estabelecida.
Esta é, portanto, uma visão conservadora e adaptativa, uma vez que os
problemas surgidos ficam centrados no aluno, isto é, a responsabilidade dos
insucessos e dos fracassos recai sempre sobre o educando. O papel do psicólogo
escolar seria então o daquele profissional que tem por função tratar estes alunos-
problema e devolvê-los à sala de aula "bem ajustados".
22
Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br
23
É também frequente, no trabalho clínico dentro da escola, o uso de testes
variados, desde as tradicionais medidas de QI até provas de personalidade, com
elaboração de diagnósticos e orientação bastante minuciosas e aprofundadas.
Ocorre, entretanto, que este trabalho todo se torna infrutífero e sem sentido, pois é
comum as famílias se recusarem a aceitar a orientação, preferindo atribuir as causas
do insucesso escolar à própria instituição, que é então acusada de ineficiente. É
evidente que, ao buscar uma orientação psicológica, todo cliente passa por um
processo, frequentemente longo e ambivalente, de lidar e aceitar as suas próprias
dificuldades ou deficiências. Ora, na medida em que a escola toma a iniciativa de
realizar esse processo, através do serviço de Psicologia, sem uma conscientização
gradativa e espontânea da família a respeito do seu filho-problema, o resultado deverá
ser ou uma recusa de colaborar até mesmo na fase inicial de diagnóstico, ou uma
rejeição clara e aberta da orientação oferecida.
Uma outra dificuldade é a de os dados obtidos através de exames psicológicos
nem sempre revertem para a escola sob forma de orientações concretas e acessíveis.
Num congresso sobre pré-escolas, realizado em julho de 1983, promovido pela
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, na cidade de São José do Rio Preto,
do qual participamos, recebemos veementes queixas de professores de que, sob o
pretexto de sigilo sobre os resultados dos testes psicológicos aplicados em seus
alunos, só passíveis de serem manipulados por psicólogos, as escolas ficavam
praticamente sem nenhuma informação a respeito dos exames realizados.
Lyons e Powers relatam que num estudo longitudinal com crianças de nível
primário dispensadas do sistema escolar de uma grande cidade norte-americana por
problemas de comportamento, foram avaliadas as contribuições dos psicólogos da
seguinte forma: "Embora 263 escolas registrassem que o estudo psicológico havia
sido de alguma forma útil aos pais e/ou professores, 144 escolas registraram que ele
não tinha ajudado. Apenas uma escola deu uma razão para este fato, afirmando que
o estudo psicológico era muito limitado."
Um outro impasse comumente enfrentado com relação aos exames
psicológicos é o da dificuldade de se encontrar, em nosso meio, instituições que
possibilitem a concretização das orientações dadas, de forma economicamente
acessível à maioria da nossa população escolar. Desta maneira, o diagnóstico e a
orientação realizados perdem a sua utilidade e, portanto, o seu sentido.
24
Um outro aspecto a se questionar é a instalação de Serviços de atendimento
psicológico dentro da instituição-escola, com a intenção de oferecer Psicoterapia para
os portadores de distúrbios emocionais e de conduta e Psicomotricidade para aqueles
que apresentassem deficiências de ordem motora. Com relação à primeira hipótese,
acreditamos ser totalmente inviável a sua realização dentro do contexto escolar por
duas razões fundamentais:
1. Como tal tipo de tratamento fica ligado, pelo senso comum, à doença mental,
corre-se o sério risco de discriminar e estigmatizar aqueles alunos que se
beneficiassem desta forma de assistência;
2. Como a escola é uma organização complexa, onde a privacidade é bastante
restrita por ser um grupo onde as pessoas convivem por longo tempo, diariamente por
várias horas e durante anos, fica muito comprometida a questão de sigilo, não por
parte do profissional, evidentemente, mas por parte dos próprios alunos.
Uma outra alternativa que nos parece mais adequada e que não exclui, pelo
contrário, se beneficia das contribuições da Psicologia clínica e da Psicologia
acadêmica, seria a do psicólogo escolar como agente de mudanças dentro da
25
instituição-escola, onde funcionaria como um elemento catalizador de reflexões, um
conscientizador dos papéis representados pelos vários grupos que compõem a
instituição.
Nessa perspectiva precisa-se, ao contrário do que se colocou no início deste
texto, de um profissional experimentado, com preparo amplo e diversificado, uma vez
que a Psicologia escolar é então encarada como uma área de intersecção entre a
Psicologia clínica e a Psicologia organizacional, por trabalhar e lidar com uma
instituição social complexa, hierarquizada, resistente à mudança e que reflete a
organização social como um todo. Nessa perspectiva é importante considerar o
indivíduo sem perder de vista, entretanto, sua inserção no contexto mais amplo da
organização.
Um trabalho eficiente nessa linha teria que partir de uma análise da instituição,
levando em conta o meio social no qual se encontra e o tipo de clientela que atende,
bem como os vários grupos que a compõem, sua hierarquização, suas relações de
poder, passando pela análise da filosofia específica que a norteia, e chegando até a
política educacional mais ampla.
Fonte: beta-escoladepais.blogspot.com
26
objetivos expressos ou implícitos que a instituição contém. Começamos, assim, por
um diagnóstico da realidade da escola e, a partir daí, planejamos nossa ação.
Temos procurado atuar junto ao corpo docente e discente, bem como junto à
direção e à equipe técnica, tentando conscientizá-los da realidade da sua escola,
refletindo com eles sobre os seus objetivos, sobre a concepção que subjaz ao
processo educacional empregado, sobre as expectativas que têm de seus alunos,
sobre o tipo de relação professor-aluno existente, enfim sobre a organização como
um todo.
As queixas básicas comumente encontradas junto à instituição-escola referem-
se à dispersividade e desatenção, desinteresse, apatia, agitação, baixo rendimento e
fraco nível de aprendizagem, rebeldia e agressividade, bem como dificuldades na
relação professor-aluno e entre os próprios educandos. Tais problemas têm aparecido
na forma mais ou menos intensa em todos os graus, o que vem caracterizar uma crise
aguda e profunda pela qual a instituição vem passando.
A tendência geral da escola é centrar as causas de tais dificuldades nos alunos.
As medidas que vêm sendo utilizadas para tentar resolvê-las ou contorná-las
resumem-se basicamente em:
27
discorrendo sobre a necessidade de "comportar-se bem, ser bom aluno, bom filho"
etc., numa tentativa de fazer com que os educandos venham a preencher as
expectativas que a instituição, especialmente os professores, têm deles.
28
do processo educativo. O debate e os questionamentos se expressam, também, em
diferentes instâncias do sistema educativo e deles participam, em diferentes graus,
gestores, pedagogos e outros especialistas no campo da educação.
A nossa experiência de trabalho na escola nos tem demonstrado que o
psicólogo muitas vezes é percebido com receio por parte de outros integrantes do
coletivo escolar, sendo, às vezes, implicitamente rejeitado, devido à representação de
sua incapacidade para resolver os problemas que afetam o cotidiano dessa instituição.
Sua atuação se associa frequentemente ao diagnóstico e ao atendimento de
crianças com dificuldades emocionais ou de comportamento, bem como à orientação
aos pais e aos professores sobre como trabalhar com alunos com esse tipo de
problema. Essa situação é resultado do impacto do modelo clínico terapêutico de
formação e atuação dos psicólogos no Brasil na representação social dominante sobre
a atividade desse profissional.
Não existem muitas dúvidas a respeito das funções essenciais que o diretor, o
coordenador pedagógico ou o orientador educacional podem desempenhar na escola,
porém, em relação ao psicólogo, as dúvidas de imediato surgem: Para que serve o
psicólogo? O que pode realmente resolver? Qual a especificidade de seu trabalho em
relação ao dos outros profissionais da escola?
Essa tem sido uma das mais tradicionais funções do psicólogo na instituição
escolar, devido ao viés significativamente clínico que dominou a Psicologia por muitos
anos. Na representação social das funções do psicólogo, essa constitui, sem dúvidas,
uma das formas de maior destaque.
29
Fonte: noticias.cescage.edu.br
30
Salientamos a importância do trabalho do psicólogo direcionado à
compreensão da gênese das dificuldades escolares, elemento essencial para o
delineamento das estratégias educativas e cujo acompanhamento, em parceria com
o professor e com outros profissionais, constitui a via para a superação dos problemas
detectados.
A tarefa de encaminhamento dos alunos para outros profissionais
especializados fora da instituição escolar é realizada pelo psicólogo em casos
excepcionais, nos quais, esgotados todos os esforços junto à equipe da escola, sua
complexidade e especificidade assim o demandem. A prática de encaminhar as
crianças para outros profissionais, sem uma situação excepcional que a justifique, tem
sido evidenciada, em muitos casos, como extremamente nociva, já que o próprio aluno
e a família incorporam a crença da existência de sérias dificuldades na criança, o que
contribui para gerar sentidos subjetivos que “reforçam” a dificuldade inicial e que
podem, inclusive, criar dificuldades adicionais.
31
tem representado uma das vias mais significativas do trabalho do psicólogo nesse
sentido mais amplo.
Orientação profissional
Fonte: www.priscillaleitner.com.br
32
Orientação sexual
33
Elaboração e coordenação de projetos educativos específicos (em relação, por
exemplo, à violência, ao uso de drogas, à gravidez precoce, ao preconceito,
entre outros)
34
5.2 Formas de atuação “emergentes”
35
Enxergar a escola não apenas como um lugar onde uns ensinam e outros
aprendem, mas também como um espaço social sui generis no qual as pessoas
convivem e atuam, implica reconhecer a importância da sua dimensão psicossocial,
assim como o papel do trabalho do psicólogo escolar nessa importante dimensão.
A partir de um sensível processo de diagnóstico e análise das necessidades
institucionais, o psicólogo pode sugerir, delinear e coordenar estratégias de
intervenção direcionadas a potencializar o trabalho em equipe, mudar representações
cristalizadas e inadequadas sobre o processo educativo, desenvolver habilidades
comunicativas, mediar conflitos, incentivar a criatividade e a inovação, melhorar a
qualidade de vida no trabalho e outras tantas ações, como contribuição significativa
para o aprimoramento do funcionamento organizacional.
Poder vislumbrar a escola, simultaneamente, nas dimensões psicoeducativa e
psicossocial permite ao psicólogo o delineamento de estratégias de trabalho que, a
partir da articulação das duas dimensões, sejam mais efetivas para a otimização dos
processos educativos que ocorrem nela. A interessante proposta de Marinho-Araújo
e Almeida (2005) para a atuação preventiva do psicólogo na instituição escolar
expressa, em grande medida, essa ideia.
36
Fonte: www.jornalcidade.net
37
Participação no processo de seleção dos membros da equipe pedagógica e no
processo de avaliação dos resultados do trabalho
38
Existe hoje uma ampla produção científica que baliza a importância e a
necessidade do trabalho em equipe para se atingir os objetivos organizacionais, sendo
que a instituição escolar, como um tipo específico de organização, não escapa a essa
regra. Nessa instituição, o trabalho em equipe torna-se particularmente relevante, já
que, devido à complexidade dos processos educativos que constituem seu foco, são
necessárias ações coerentes e sistêmicas da equipe escolar. Para a realização
dessas ações, a unidade de ação da equipe de direção pedagógica é essencial.
Sobre as diferenças entre grupo de trabalho e equipe de trabalho, assim como
sobre os fatores que podem contribuir para o necessário processo de trânsito da
condição de grupo à condição de equipe, também existe uma extensa produção
científica. O desenvolvimento de equipes caracteriza-se como uma importante área
de trabalho para diversos especialistas que atuam nas organizações, especialmente
para os psicólogos.
A necessidade de o grupo de direção técnica da escola se constituir em uma
verdadeira equipe de trabalho está justificada não apenas pelo seu papel no complexo
processo de implementação e acompanhamento da proposta pedagógica, mas
também pelo seu papel estimulador e mobilizador de todos os atores sociais da escola
na consecução dos principais objetivos institucionais.
O trabalho do psicólogo escolar pode ser muito útil na utilização de estratégias
e técnicas para o desenvolvimento de equipes de trabalho, começando pela equipe
de direção e atingindo todos os outros coletivos possíveis.
Igualmente, cabe ao psicólogo contribuir para a formação técnica da equipe de
direção não somente em temas da Psicologia que possam ser importantes para o
trabalho educativo e de direção que a equipe tem de gerenciar, mas, principalmente,
no desenvolvimento de habilidades e competências relevantes para o trabalho de
direção pedagógica.
39
desenvolvimento de habilidades interpessoais, desenvolvimento da criatividade,
valores, elaboração de planos e projetos futuros e muitos outros.
As experiências do psicólogo em condição de “professor” ou de coordenador
de disciplinas, oficinas e projetos dessa natureza, evidenciam-se como positivas.
Uma das preocupações que surgem perante esse tipo de atuação, quando
realizada de forma simultânea com outras funções próprias do psicólogo dentro de um
mesmo ambiente escolar, é a de que a condição de “professor”, segundo o poder
simbólico que essa figura apresenta, possa, então, limitar outras funções, que na
representação social estão associadas ao psicólogo como profissional, tais como
confidente, mediador de conflitos, etc.
Mesmo significando uma preocupação legítima, pela importância das
representações sociais nas formas de pensar e de agir dos indivíduos que delas
participam, tal prática, até onde podemos conhecer, mostra que esse perigo potencial
não se concretiza se, com profissionalismo, o psicólogo for capaz de delinear e
articular adequadamente ações que, na realidade, não são antagônicas. Inclusive,
constatamos em escolas nas quais temos trabalhado que a participação do psicólogo
no desenvolvimento de atividades curriculares, longe de afetar a realização de outras
tarefas, potencializa-as.
Psicólogos bem preparados e com sucesso na sua atividade docente ganham
prestígio diante do coletivo de professores, ampliam as oportunidades para conhecer
mais profundamente os alunos e adquirem uma melhor compreensão da
complexidade dos processos de ensino-aprendizagem e de muitas das dificuldades
que têm que ser enfrentadas e resolvidas no dia a dia da vida escolar, elementos
esses muito importantes para o aprimoramento de seu trabalho profissional.
40
diferenciadas em função de suas características, nível de desenvolvimento e sistemas
relacionais e contextos sociais nos quais participa.
Junto com o professor e o orientador educacional, atores-chave nesse
processo, o psicólogo contribui especialmente no delineamento e na realização de
ações que permitam a caracterização daqueles aspectos da subjetividade individual
que possam estar marcadamente vinculados, em cada caso, aos processos de
aprendizagem e desenvolvimento.
A contribuição do psicólogo é igualmente para a compreensão dos sistemas de
relações e de subjetividade social que caracterizam as turmas, elementos que
participam do processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos que as
integram.
41
Fonte: www.minutopsicologia.com.br
42
O reconhecimento de que a efetivação de qualquer mudança ou inovação
idealizada fora do contexto escolar passa, necessariamente, pela forma como os
atores da escola a assumem tem sido evidenciado na produção científica sobre
inovação educativa. No entanto, na tentativa de implantar as políticas públicas, esse
aspecto é pouco considerado e se constitui como um dos múltiplos fatores que
explicam a distância que, muitas vezes, se observa entre o que é concebido na política
e sua real expressão no contexto escolar.
Facilitar a implementação das políticas públicas não tem sido foco da ação
intencional do psicólogo na instituição escolar, devido à tendência dominante que,
como apontamos, parece conceber o processo de ensino-aprendizagem fora da
complexa rede de elementos que configuram sua qualidade. Porém, quando se adota
um olhar mais abrangente da vida escolar, não centrado exclusivamente na dimensão
psicoeducativa, mas também na sua dimensão psicossocial, a importância do trabalho
do psicólogo em relação à implementação das políticas públicas no espaço escolar
evidencia-se com clareza.
Em trabalho anterior, Martínez (2007), a partir da produção no campo da
inovação educativa e da experiência de trabalho em relação à implantação da política
de inclusão escolar, apresenta um conjunto de ações que o psicólogo pode realizar
de forma sistêmica – considerando a complexidade que toda mudança institucional
implica –, para contribuir de forma produtiva para a incorporação da política à vida
cotidiana da escola. Entre elas destacam-se:
43
– Contribuir para a difusão de conhecimentos que possam favorecer a
criatividade e a inovação;
– Contribuir para enfrentar e negociar os conflitos que comumente
acompanham os processos de mudanças;
– Favorecer a criação de sistemas de estímulos e de premiação dos resultados
positivos alcançados.
Como é possível apreciar, a maior parte das ações que temos denominado
como formas de atuação “emergentes” estão vinculadas à dimensão psicossocial da
instituição escolar, expressão de uma concepção mais ampla das possibilidades de
atuação do psicólogo nesse contexto.
Vale enfatizar que as chamadas funções “emergentes” coexistem e se
articulam com as formas de atuação que tradicionalmente têm caracterizado as ações
do psicólogo no contexto escolar, aspecto que resulta positivo, se considerarmos as
mudanças qualitativas que se operam nelas e sua significação para o trabalho
educativo que, como um todo, se realiza na escola.
44
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, L.; SILVA, S. C. A. O que é ética? 2018. Disponível em: < http://codigo-
de-etica.info/o-que-e-etica.html> Acesso em 29/05/2018.
45