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SUMÁRIO

1 ÉTICA ......................................................................................................... 2

1.1 Diferença entre Ética e Moral ............................................................... 2

1.2 Ética e Psicologia ................................................................................. 3

2 CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICÓLOGO ....................................................... 4

2.1 Íntegra - Código de Ética Profissional do Psicólogo ............................. 6

3 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA ESCOLAR .................................... 16

3.1 Atribuições Profissionais do Psicólogo no Brasil ................................ 17

4 FUNÇÃO PREVENTIVA DA ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR .... 21

4.1 O psicólogo escolar clínico ................................................................. 22

4.2 O psicólogo escolar agente de mudanças.......................................... 25

5 FUNÇÕES DO PSICÓLOGO NA ESCOLA .............................................. 28

5.1 As formas de atuação “tradicionais” ................................................... 29

5.2 Formas de atuação “emergentes” ...................................................... 35

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 45

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1 ÉTICA

Ética, vem do grego ethos e significa caráter, comportamento. O estudo da


ética é centrado na sociedade e no comportamento humano. As reflexões sobre esse
tema começaram na antiguidade, os filósofos mais famosos, como Demócrito e
Aristóteles, falaram sobre a ética como meio de alcançar a felicidade.
Com a introdução do cristianismo como religião oficial no ocidente, a ética
passou a ser interpretada a partir dos mandamentos documentados nas leis sagradas.
O pensamento ético busca julgar o comportamento humano, dizendo o que é
certo e errado, justo e injusto. A busca pela ética se traduz pelas escolhas que o
homem faz. As opções certas levam-nos à um caminho de virtude, verdade e às
relações justas.
O estudo da ética não é só explorado pela filosofia, mas diversos profissionais
se dedicam a ela (sociólogos, antropólogos, psicólogos, biólogos, médicos, jornalistas,
economistas etc.) principalmente pelo fato de cada área ter um código para delimitar
as ações daquela profissão.
A função do pensamento ético, portanto, é manter a ordem social. Embora não
mantenha relação direta com a lei propriamente dita, a ética é construída ao longo da
história, galgada nos valores e princípios morais de determinada sociedade. Os
códigos éticos visam proteger a sociedade das injustiças e do desrespeito em
qualquer esfera social, seja no ambiente familiar ou profissional.

1.1 Diferença entre Ética e Moral

Etimologicamente, moral tem o mesmo significado de ética, com a diferença de


que é derivada da palavra latina mores. Porém, cada uma dessas palavras significa
algo dentro do mesmo tema. Pela diferença ser bastante sutil pode confundir a muitos.
Confira abaixo o conceito de cada uma dessas palavras.

 Moral: trata-se da consciência adquirida pelo homem a partir do


momento histórico em que ele começa a viver em sociedade. É todo
ensinamento das normas sociais que regulam o comportamento humano, e que
são adquiridos pela tradição e educação do dia-a-dia. Ou seja, a moral é um

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conjunto de regras coletivas que facilitam o convívio, é mutuamente aceito e
intrínseco ao homem social.
 Ética: trata-se do comportamento individual em relação a sociedade, o
que garante o bem-estar social. Ela define como o homem deve comportar-se
diante do meio social.

Fonte: www.aconteceuemjoinville.com.br

1.2 Ética e Psicologia

Na psicologia, a ética também tem um importante papel, já que profissionais


que tem essa característica ganham maior credibilidade em seu ramo profissional. O
psicólogo deve procurar entender os problemas humanos e se solidarizar com eles.
Apesar de muitos não cumprirem o requisito, tentam apenas exercer a profissão
para benefícios financeiros. A ética é um princípio eficaz dentro de uma profissão e
quando cumprida de forma correta há benefícios tanto para quem pratica, quanto para
quem recebe.
O Conselho Federal de Psicologia é o órgão responsável por orientar, fiscalizar
e disciplinar as atividades exercidas pelo psicólogo. Bem como, zelar pela ética e
contribuir para o desenvolvimento da profissão.

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2 CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICÓLOGO

O código de ética do psicólogo está em vigor desde 2005. Hoje ele atende às
novas necessidades da profissão, respeitando as leis e o momento do país. Ele traz
os princípios fundamentais dos psicólogos e suas responsabilidades de profissional.

Veja abaixo alguns pontos fundamentais da psicologia:

⇒ O psicólogo deve respeitar os valores contidos na Declaração Universal dos


Direitos Humanos (liberdade, dignidade e integridade). Assim como zelar pela
integridade da psicologia, usando-a apenas para promover o bem;

⇒ A psicologia tem que lutar contra a discriminação, violência e crueldade,


zelando pela saúde e qualidade de vida;

⇒ Aprimorar os estudos é uma obrigação do psicólogo, para que possa atuar


na profissão com responsabilidade e contribuir para o desenvolvimento da psicologia
como ciência;

⇒ A prestação de seus serviços deve ser feita em condições dignas de trabalho;

⇒ É vedado a qualquer psicólogo ser conivente com práticas contrárias ao


código de ética profissional. Desta forma, é permitido que delate qualquer ação
negligente, de discriminação ou qualquer prática contrária aos valores estipulados
pelo código e pela legislação;

⇒ Usar seu conhecimento psicológico como instrumento de tortura, para


promover castigos ou praticar violência é estritamente proibido;

⇒ É proibida a emissão de documentos sem fundamentação técnica e


científica;

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⇒ Não é considerado ético da parte do psicólogo avaliar ou atender pessoas
com as quais tenha relações pessoais ou familiares, para que a qualidade de seu
trabalho não seja prejudicada;

⇒ Criança e adolescentes só poderão ser atendidas mediante autorização de


um responsável legal ou das autoridades competentes;

⇒ O sigilo é inerente à profissão do psicólogo, pois é guardando-o que ele


protege a integridade e a confidencialidade daqueles para os quais presta seus
serviços;

⇒ É responsabilidade dos professores das escolas de psicologia orientar e


alertar os estudantes sobre os princípios e as normas do código de ética da profissão;

⇒ A participação de psicólogos em veículos de comunicação de massa deve


ter a função de esclarecer para a população o papel da profissão e divulgar suas bases
científicas;

⇒ A utilização de meios de comunicação para promoção pessoal é vedada ao


psicólogo, assim como a divulgação das atividades profissionais de maneira
sensacionalista;

⇒ A punição em caso de desrespeito ao código de ética profissional pode ser


desde advertências e multas até a cassação do exercício profissional.

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2.1 Íntegra - Código de Ética Profissional do Psicólogo

Fonte: site.cfp.org.br

Apresentação

Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender


demandas sociais, norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de
normas éticas que garantam a adequada relação de cada profissional com seus pares
e com a sociedade como um todo.
Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões esperados quanto às
práticas referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade,
procura fomentar a autorreflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua práxis, de
modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas consequências
no exercício profissional. A missão primordial de um código de ética profissional não
é de normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de assegurar, dentro de
valores relevantes para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão de
conduta que fortaleça o reconhecimento social daquela categoria.

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Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de homem e de
sociedade que determina a direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se
em princípios e normas que devem se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus
direitos fundamentais. Por constituir a expressão de valores universais, tais como os
constantes na Declaração Universal dos Direitos Humanos; socioculturais, que
refletem a realidade do país; e de valores que estruturam uma profissão, um código
de ética não pode ser visto como um conjunto fixo de normas e imutável no tempo.
As sociedades mudam, as profissões transformam-se e isso exige, também, uma
reflexão contínua sobre o próprio código de ética que nos orienta.
A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profissão de psicólogo no
Brasil, responde ao contexto organizativo dos psicólogos, ao momento do país e ao
estágio de desenvolvimento da Psicologia enquanto campo científico e profissional.
Este Código de Ética dos Psicólogos é reflexo da necessidade, sentida pela categoria
e suas entidades representativas, de atender à evolução do contexto institucional
legal do país, marcadamente a partir da promulgação da denominada Constituição
Cidadã, em 1988, e das legislações dela decorrentes.
Consoante com a conjuntura democrática vigente, o presente Código foi
construído a partir de múltiplos espaços de discussão sobre a ética da profissão, suas
responsabilidades e compromissos com a promoção da cidadania. O processo
ocorreu ao longo de três anos, em todo o país, com a participação direta dos
psicólogos e aberto à sociedade.
Este Código de Ética pautou-se pelo princípio geral de aproximar-se mais de
um instrumento de reflexão do que de um conjunto de normas a serem seguidas pelo
psicólogo. Para tanto, na sua construção buscou-se:

a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem


orientar a relação do psicólogo com a sociedade, a profissão, as entidades
profissionais e a ciência, pois esses eixos atravessam todas as práticas e estas
demandam uma contínua reflexão sobre o contexto social e institucional.
b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e interseções
relativos aos direitos individuais e coletivos, questão crucial para as relações
que estabelece com a sociedade, os colegas de profissão e os usuários ou
beneficiários dos seus serviços.

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c. Contemplar a diversidade que configura o exercício da profissão e a
crescente inserção do psicólogo em contextos institucionais e em equipes
multiprofissionais.
d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não em
suas práticas particulares, uma vez que os principais dilemas éticos não se
restringem a práticas específicas e surgem em quaisquer contextos de
atuação.

Ao aprovar e divulgar o Código de Ética Profissional do Psicólogo, a


expectativa é de que ele seja um instrumento capaz de delinear para a sociedade as
responsabilidades e deveres do psicólogo, oferecer diretrizes para a sua formação e
balizar os julgamentos das suas ações, contribuindo para o fortalecimento e
ampliação do significado social da profissão.

Princípios Fundamentais

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da


liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano,
apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida
das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de
quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e
historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo
aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da
Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática.
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da
população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos
serviços e aos padrões éticos da profissão.
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com
dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.

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VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua
e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais,
posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais
princípios deste Código.

Das Responsabilidades do Psicólogo

Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos:


a. Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Código;
b. Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as
quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente;
c. Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho
dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios,
conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência
psicológica, na ética e na legislação profissional;
d. Prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou de
emergência, sem visar benefício pessoal;
e. Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do
usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia;
f. Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos,
informações concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo
profissional;
g. Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de
serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a
tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário;
h. Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir
da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado,
os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho;
i. Zelar para que a comercialização, aquisição, doação, empréstimo, guarda
e forma de divulgação do material privativo do psicólogo sejam feitas
conforme os princípios deste Código;
j. Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissionais, respeito,
consideração e solidariedade, e, quando solicitado, colaborar com estes,
salvo impedimento por motivo relevante;

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k. Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por motivos
justificáveis, não puderem ser continuados pelo profissional que os assumiu
inicialmente, fornecendo ao seu substituto as informações necessárias à
continuidade do trabalho;
l. Levar ao conhecimento das instâncias competentes o exercício ilegal ou
irregular da profissão, transgressões a princípios e diretrizes deste Código
ou da legislação profissional.

Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:


a. Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão;
b. Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de
orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício
de suas funções profissionais;
c. Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas
psicológicas como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de
violência;
d. Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que exerçam ou favoreçam
o exercício ilegal da profissão de psicólogo ou de qualquer outra atividade
profissional;
e. Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direitos, crimes ou
contravenções penais praticadas por psicólogos na prestação de serviços
profissionais;
f. Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de atendimento
psicológico cujos procedimentos, técnicas e meios não estejam
regulamentados ou reconhecidos pela profissão;
g. Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica;
h. Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas
psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas;
i. Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a seus serviços;
j. Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo
com o atendido, relação que possa interferir negativamente nos objetivos
do serviço prestado;

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k. Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos
pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade
do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação;
l. Desviar para serviço particular ou de outra instituição, visando benefício
próprio, pessoas ou organizações atendidas por instituição com a qual
mantenha qualquer tipo de vínculo profissional;
m. Prestar serviços profissionais a organizações concorrentes de modo que
possam resultar em prejuízo para as partes envolvidas, decorrentes de
informações privilegiadas;
n. Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços profissionais;
o. Pleitear ou receber comissões, empréstimos, doações ou vantagens outras
de qualquer espécie, além dos honorários contratados, assim como
intermediar transações financeiras;
p. Receber, pagar remuneração ou porcentagem por encaminhamento de
serviços;
q. Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados de
serviços psicológicos em meios de comunicação, de forma a expor
pessoas, grupos ou organizações.

Art. 3º - O psicólogo, para ingressar, associar-se ou permanecer em uma


organização, considerará a missão, a filosofia, as políticas, as normas e as práticas
nela vigentes e sua compatibilidade com os princípios e regras deste Código.

Parágrafo único: Existindo incompatibilidade, cabe ao psicólogo recusar-se a


prestar serviços e, se pertinente, apresentar denúncia ao órgão competente.

Art. 4º - Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psicólogo:


a. Levará em conta a justa retribuição aos serviços prestados e as condições
do usuário ou beneficiário;
b. Estipulará o valor de acordo com as características da atividade e o
comunicará ao usuário ou beneficiário antes do início do trabalho a ser
realizado;
c. Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos independentemente do
valor acordado.

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Art. 5º - O psicólogo, quando participar de greves ou paralisações, garantirá
que:
a. As atividades de emergência não sejam interrompidas;
b. Haja prévia comunicação da paralisação aos usuários ou beneficiários dos
serviços atingidos pela mesma.

Art. 6º - O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos:


a. Encaminhará a profissionais ou entidades habilitados e qualificados
demandas que extrapolem seu campo de atuação;
b. Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço
prestado, resguardando o caráter confidencial das comunicações,
assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo.

Art. 7º - O psicólogo poderá intervir na prestação de serviços psicológicos que


estejam sendo efetuados por outro profissional, nas seguintes situações:
a. A pedido do profissional responsável pelo serviço;
b. Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou usuário do serviço,
quando dará imediata ciência ao profissional;
c. Quando informado expressamente, por qualquer uma das partes, da
interrupção voluntária e definitiva do serviço;
d. Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a intervenção fizer parte da
metodologia adotada.

Art. 8º - Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou


interdito, o psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de seus
responsáveis, observadas as determinações da legislação vigente;
1. §1° - No caso de não se apresentar um responsável legal, o atendimento
deverá ser efetuado e comunicado às autoridades competentes;
2. §2° - O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se
fizerem necessários para garantir a proteção integral do atendido.

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Art. 9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger,
por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a
que tenha acesso no exercício profissional.

Art. 10 - Nas situações em que se configure conflito entre as exigências


decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste
Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela
quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.

Parágrafo Único - Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo,


o psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias.

Art. 11 - Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar


informações, considerando o previsto neste Código.

Art. 12 - Nos documentos que embasam as atividades em equipe


multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as informações necessárias para o
cumprimento dos objetivos do trabalho.

Art. 13 - No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser


comunicado aos responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas
em seu benefício.

Art. 14 - A utilização de quaisquer meios de registro e observação da prática


psicológica obedecerá às normas deste Código e a legislação profissional vigente,
devendo o usuário ou beneficiário, desde o início, ser informado.

Art. 15 - Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo, por quaisquer


motivos, ele deverá zelar pelo destino dos seus arquivos confidenciais.
1. § 1° - Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo deverá repassar
todo o material ao psicólogo que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para
posterior utilização pelo psicólogo substituto.

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2. § 2° - Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo
responsável informará ao Conselho Regional de Psicologia, que
providenciará a destinação dos arquivos confidenciais.

Art. 16 - O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades


voltadas para a produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias:
a. Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimentos, como pela
divulgação dos resultados, com o objetivo de proteger as pessoas, grupos,
organizações e comunidades envolvidas;
b. Garantirá o caráter voluntário da participação dos envolvidos, mediante
consentimento livre e esclarecido, salvo nas situações previstas em
legislação específica e respeitando os princípios deste Código;
c. Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo
interesse manifesto destes;
d. Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organizações aos resultados
das pesquisas ou estudos, após seu encerramento, sempre que assim o
desejarem.

Art. 17 - Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores esclarecer,


informar, orientar e exigir dos estudantes a observância dos princípios e normas
contidas neste Código.

Art. 18 - O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá


a leigos instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício
ilegal da profissão.

Art. 19 - O psicólogo, ao participar de atividade em veículos de comunicação,


zelará para que as informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito
das atribuições, da base científica e do papel social da profissão.

Art. 20 - O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por quaisquer


meios, individual ou coletivamente:
a. Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro;
b. Fará referência apenas a títulos ou qualificações profissionais que possua;

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c. Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a técnicas
e práticas que estejam reconhecidas ou regulamentadas pela profissão;
d. Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda;
e. Não fará previsão taxativa de resultados;
f. Não fará autopromoção em detrimento de outros profissionais;
g. Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras
categorias profissionais;
h. Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais.

Das Disposições Gerais

Art. 21 - As transgressões dos preceitos deste Código constituem infração


disciplinar com a aplicação das seguintes penalidades, na forma dos dispositivos
legais ou regimentais:
a. Advertência;
b. Multa;
c. Censura pública;
d. Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) dias, ad referendum
do Conselho Federal de Psicologia;
e. Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal de
Psicologia.

Art. 22 - As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos serão


resolvidos pelos Conselhos Regionais de Psicologia, ad referendum do Conselho
Federal de Psicologia.

Art. 23 - Competirá ao Conselho Federal de Psicologia firmar jurisprudência


quanto aos casos omissos e fazê-la incorporar a este Código.

Art. 24 - O presente Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de


Psicologia, por iniciativa própria ou da categoria, ouvidos os Conselhos Regionais de
Psicologia.

Art. 25 - Este Código entra em vigor em 27 de agosto de 2005.

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3 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA ESCOLAR

A RESOLUÇÃO CFP Nº 02/01, altera e regulamenta a Resolução CFP no


014/00 que institui o título profissional de especialista em psicologia e o respectivo
registro nos Conselhos Regionais.
A Psicologia Escolar/Educacional, é uma das especialidades reconhecidas pelo
Conselho Federal de Psicologia, para efeito de Concessão e Registro do Título
Profissional de Especialista em Psicologia.

Conforme anexo I desta resolução, abaixo segue o detalhamento de funções


que podem ser desenvolvidas por um especialista:

I - Psicólogo especialista em Psicologia Escolar/Educacional:

Atua no âmbito da educação formal realizando pesquisas, diagnóstico e


intervenção preventiva ou corretiva em grupo e individualmente. Envolve, em sua
análise e intervenção, todos os segmentos do sistema educacional que participam do
processo de ensino- aprendizagem. Nessa tarefa, considera as características do
corpo docente, do currículo, das normas da instituição, do material didático, do corpo
discente e demais elementos do sistema.
Em conjunto com a equipe, colabora com o corpo docente e técnico na
elaboração, implantação, avaliação e reformulação de currículos, de projetos
pedagógicos, de políticas educacionais e no desenvolvimento de novos
procedimentos educacionais.
No âmbito administrativo, contribui na análise e intervenção no clima
educacional, buscando melhor funcionamento do sistema que resultará na realização
dos objetivos educacionais.
Participa de programas de orientação profissional com a finalidade de contribuir
no processo de escolha da profissão e em questões referentes à adaptação do
indivíduo ao trabalho.
Analisa as características do indivíduo portador de necessidades especiais
para orientar a aplicação de programas especiais de ensino.

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Realiza seu trabalho em equipe interdisciplinar, integrando seus
conhecimentos àqueles dos demais profissionais da educação. Para isso realiza
tarefas como, por exemplo:
a) aplicar conhecimentos psicológicos na escola, concernentes ao
processo ensino-aprendizagem, em análises e intervenções psicopedagógicas;
referentes ao desenvolvimento humano, às relações interpessoais e à
integração família-comunidade-escola, para promover o desenvolvimento
integral do ser;
b) analisar as relações entre os diversos segmentos do sistema de
ensino e sua repercussão no processo de ensino para auxiliar na elaboração
de procedimentos educacionais capazes de atender às necessidades
individuais;
c) prestar serviços diretos e indiretos aos agentes educacionais, como
profissional autônomo, orientando programas de apoio administrativo e
educacional;
d) desenvolver estudos e analisar as relações homem-ambiente físico,
material, social e cultural quanto ao processo ensino aprendizagem e
produtividade educacional;
e) desenvolver programas visando a qualidade de vida e cuidados
indispensáveis às atividades acadêmicas;
f) implementar programas para desenvolver habilidades básicas para
aquisição de conhecimento e o desenvolvimento humano;
g) validar e utilizar instrumentos e testes psicológicos adequados e
fidedignos para fornecer subsídios para o replanejamento e formulação do
plano escolar, ajustes e orientações à equipe escolar e avaliação da eficiência
dos programas educacionais;
h) pesquisar dados sobre a realidade da escola em seus múltiplos
aspectos, visando desenvolver o conhecimento científico.

3.1 Atribuições Profissionais do Psicólogo no Brasil

Em 17 de outubro de 1992, o Conselho Federal de Psicologia apresentou ao


Ministério do Trabalho sua contribuição para integrar o Catálogo Brasileiro de
Ocupações.

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Fonte: www.mtecbo.gov.br

Procede ao estudo e análise dos processos intrapessoais e das relações


interpessoais, possibilitando a compreensão do comportamento humano individual e
de grupo, no âmbito das instituições de várias naturezas, onde quer que se deem
estas relações. Aplica conhecimento teórico e técnico da psicologia, com o objetivo
de identificar e intervir nos fatores determinantes das ações e dos sujeitos, em sua
história pessoal, familiar e social, vinculando-as também a condições políticas,
históricas e culturais.
O Psicólogo, dentro de suas especificidades profissionais, atua no âmbito da
educação, saúde, lazer, trabalho, segurança, justiça, comunidades e comunicação
com o objetivo de promover, em seu trabalho, o respeito à dignidade e integridade do
ser humano.
Contribui para a produção do conhecimento científico da psicologia através da
observação, descrição e análise dos processos de desenvolvimento, inteligência,
aprendizagem, personalidade e outros aspectos do comportamento humano e animal;
analisa a influência de fatores hereditários, ambientais e psicossociais sobre os
sujeitos na sua dinâmica intrapsíquica e nas suas relações sociais, para orientar-se
no psicodiagnóstico e atendimento psicológico; promove a saúde mental na
prevenção e no tratamento dos distúrbios psíquicos, atuando para favorecer um amplo
desenvolvimento psicossocial; elabora e aplica técnicas de exame psicológico,
utilizando seu conhecimento e práticas metodológicas específicas, para conhecimento

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das condições do desenvolvimento da personalidade, dos processos intrapsíquicos e
das relações interpessoais, efetuando ou encaminhando para atendimento
apropriado, conforme a necessidade. Participa da elaboração, adaptação e
construção de instrumentos e técnicas psicológicas através da pesquisa, nas
instituições acadêmicas, associações profissionais e outras entidades cientificamente
reconhecidas. Realiza divulgação e troca de experiência nos eventos da profissão e
comunidade científica e, à população em geral, difunde as possibilidades de utilização
de seus recursos.
O psicólogo desempenha suas funções e tarefas profissionais individualmente
e em equipes multiprofissionais, em instituições privadas ou públicas, em
organizações sociais formais ou informais, atuando em: hospitais , ambulatórios,
centros e postos de saúde, consultórios, creches, escolas, associações comunitárias,
empresas, sindicatos, fundações, varas da criança e do adolescente, varas de família,
sistema penitenciário, associações profissionais e/ou esportivas, clínicas
especializadas, psicotécnicos, núcleos rurais e nas demais áreas onde as questões
concernentes à profissão se façam presentes e sua atuação seja pertinente.

Psicólogo Educacional

Introdução

Atua no âmbito da educação, nas instituições formais ou informais. Colabora


para a compreensão e para a mudança do comportamento de educadores e
educandos, no processo de ensino aprendizagem, nas relações interpessoais e nos
processos intrapessoais, referindo-se sempre as dimensões política, econômica,
social e cultural. Realiza pesquisa, diagnóstico e intervenção psicopedagógica
individual ou em grupo. Participa também da elaboração de planos e políticas
referentes ao Sistema Educacional, visando promover a qualidade, a valorização e a
democratização do ensino.

Descrição de ocupação: (detalhamento de atribuições)


1- Colabora com a adequação, por parte dos educadores, de
conhecimentos da Psicologia que lhes sejam úteis na consecução crítica
e reflexiva de seus papéis.

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2- Desenvolve trabalhos com educadores e alunos, visando a explicitação
e a superação de entraves institucionais ao funcionamento produtivo das
equipes e ao crescimento individual de seus integrantes.
3- Desenvolve, com os participantes do trabalho escolar (pais, alunos,
diretores, professores, técnicos, pessoal administrativo), atividades
visando a prevenir, identificar e resolver problemas psicossociais que
possam bloquear, na escola, o desenvolvimento de potencialidades, a
auto realização e o exercício da cidadania consciente.
4- Elabora e executa procedimentos destinados ao conhecimento da
relação professor-aluno, em situações escolares específicas, visando,
através de uma ação coletiva e interdisciplinar a implementação de uma
metodologia de ensino que favoreça a aprendizagem e o
desenvolvimento.
5- Planeja, executa e/ou participa de pesquisas relacionadas a
compreensão de processo ensino-aprendizagem e conhecimento das
características Psicossociais da clientela, visando a atualização e
reconstrução do projeto pedagógico da escola, relevante para o ensino,
bem como suas condições de desenvolvimento e aprendizagem, com a
finalidade de fundamentar a atuação crítica do Psicólogo, dos
professores e usuários e de criar programas educacionais completos,
alternativos ou complementares.
6- Participa do trabalho das equipes de planejamento pedagógico,
currículo e políticas educacionais, concentrando sua ação naqueles
aspectos que digam respeito aos processos de desenvolvimento
humano, de aprendizagem e das relações interpessoais, bem como
participa da constante avaliação e do redirecionamento dos planos, e
práticas educacionais implementados.
7- Desenvolve programas de orientação profissional, visando um melhor
aproveitamento e desenvolvimento do potencial humano,
fundamentados no conhecimento psicológico e numa visão crítica do
trabalho e das relações do mercado de trabalho.
8- Diagnostica as dificuldades dos alunos dentro do sistema educacional e
encaminha, aos serviços de atendimento da comunidade, aqueles que
requeiram diagnóstico e tratamento de problemas psicológicos

20
específicos, cuja natureza transcenda a possibilidade de solução na
escola, buscando sempre a atuação integrada entre escola e a
comunidade.
9- Supervisiona, orienta e executa trabalhos na área de Psicologia
Educacional.

Na Classificação Brasileira De Ocupações, no que diz respeito ao psicólogo


educacional, o código é o seguinte:

Títulos
2515-05 - Psicólogo educacional
Psicólogo da educação, Psicólogo escolar

4 FUNÇÃO PREVENTIVA DA ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR

A Psicologia Escolar vem sendo considerada até agora como uma área
secundária da Psicologia, vista como relativamente simples, não requerendo muito
preparo, nem experiência profissional. Dentro da instituição-escola é pouco
valorizada, até mesmo dispensável, haja vista a inexistência de serviços dessa
natureza, enquanto os de Orientação educacional e Supervisão escolar são previstos
e regulamentados por lei.
Essa perspectiva, que nos parece bastante equivocada e inadequada, talvez
provenha do fato de que, historicamente, a área escolar tenha-se caracterizado como
um desmembramento da área clínica, o que gerou a visão de uma Psicologia Escolar
clínica.
Uma outra abordagem seria a da ação preventiva da Psicologia Escolar.
Prevenir significa "antecipar-se a", "evitar", "livrar-se de", "impedir que algo suceda".
No contexto da escola o que se pretenderia evitar ou impedir? A existência de
problemas, de dificuldades ou fracassos?
A conotação por vezes encontrada, entretanto, parece ser a de evitar
desajustes ou desadaptações do aluno. Maria Helena Novaes, ao defender a
importância da formação adequada do psicólogo escolar e sua responsabilidade
profissional, afirma que "dado o caráter sobretudo preventivo da atuação do psicólogo

21
escolar, essa orientação (psicológica) merece tanto ou mais cuidado do que qualquer
outra, pois tem como meta principal o ajustamento do indivíduo" (1-pg.24). Caberia
aqui discutir e esclarecer a natureza de tal ajustamento.
Dada a possibilidade de se interpretar a perspectiva de prevenção como uma
questão meramente adaptativa, é que, no presente artigo, procuramos analisar duas
abordagens frequentemente encontradas com relação ao papel do psicólogo escolar,
e propomos uma terceira alternativa, que é a deste profissional como agente de
mudanças.

4.1 O psicólogo escolar clínico

Está implícita nessa visão de Psicologia Escolar uma vinculação com a área de
saúde mental, onde os problemas são equacionados em termos de saúde x doença,
o que na escola se retraduz como problemas de ajustamento e adaptação. O que nos
parece estar subjacente, mas nem sempre claro, nessa perspectiva, é a ideia de que
a escola como instituição é tomada como adequada, como cumprindo os objetivos
ideais a que se propõe. Permanecem inquestionados, desta forma, o anacronismo
dos currículos, dos programas, das técnicas de ensino-aprendizagem empregadas,
bem como a adequação da relação professor-aluno estabelecida.
Esta é, portanto, uma visão conservadora e adaptativa, uma vez que os
problemas surgidos ficam centrados no aluno, isto é, a responsabilidade dos
insucessos e dos fracassos recai sempre sobre o educando. O papel do psicólogo
escolar seria então o daquele profissional que tem por função tratar estes alunos-
problema e devolvê-los à sala de aula "bem ajustados".

22
Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br

Na medida em que os problemas são equacionados em termos de saúde x


doença, fica o papel do psicólogo investido de um caráter onipotente, uma vez que
seria o portador de soluções mágicas e prontas para as dificuldades enfrentadas. Por
outro lado, acaba por estabelecer uma relação de assimetria, verticalidade e poder
dentro da instituição, uma vez que lhe é atribuída a decisão e o julgamento a respeito
da adequação ou inadequação das pessoas em geral. São as duas faces de uma
mesma moeda — de um lado o mágico, o salvador, e do outro, um elemento altamente
persecutório e ameaçador. Essa dupla imagem que o psicólogo adquire ou
transmite(?) em função deste tipo de abordagem ou da sua própria postura, leva, com
frequência, a uma atitude ambivalente e de resistência por parte da instituição escolar,
que muitas vezes dificulta ou até impede a continuidade dos serviços de psicologia.
Uma outra consequência que nos parece importante denunciar nesta visão
clínica, é a de que o professor, ao entregar o seu "aluno difícil" nas mãos de um
profissional tido como mais habilitado que ele para lidar com a questão, se exime da
sua responsabilidade para com este aluno. Passa então a considerá-lo como um
problema que não é seu e que deveria ser solucionado fora do contexto de sala de
aula, que é o seu ambiente de trabalho, a saber, no gabinete de Psicologia. Na
realidade, porém, a criança que apresenta dificuldades, mesmo quando atendida por
outros profissionais, enquanto aluna continua sendo problema do professor e da sua
turma e como tal deve ser assumida.

23
É também frequente, no trabalho clínico dentro da escola, o uso de testes
variados, desde as tradicionais medidas de QI até provas de personalidade, com
elaboração de diagnósticos e orientação bastante minuciosas e aprofundadas.
Ocorre, entretanto, que este trabalho todo se torna infrutífero e sem sentido, pois é
comum as famílias se recusarem a aceitar a orientação, preferindo atribuir as causas
do insucesso escolar à própria instituição, que é então acusada de ineficiente. É
evidente que, ao buscar uma orientação psicológica, todo cliente passa por um
processo, frequentemente longo e ambivalente, de lidar e aceitar as suas próprias
dificuldades ou deficiências. Ora, na medida em que a escola toma a iniciativa de
realizar esse processo, através do serviço de Psicologia, sem uma conscientização
gradativa e espontânea da família a respeito do seu filho-problema, o resultado deverá
ser ou uma recusa de colaborar até mesmo na fase inicial de diagnóstico, ou uma
rejeição clara e aberta da orientação oferecida.
Uma outra dificuldade é a de os dados obtidos através de exames psicológicos
nem sempre revertem para a escola sob forma de orientações concretas e acessíveis.
Num congresso sobre pré-escolas, realizado em julho de 1983, promovido pela
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, na cidade de São José do Rio Preto,
do qual participamos, recebemos veementes queixas de professores de que, sob o
pretexto de sigilo sobre os resultados dos testes psicológicos aplicados em seus
alunos, só passíveis de serem manipulados por psicólogos, as escolas ficavam
praticamente sem nenhuma informação a respeito dos exames realizados.
Lyons e Powers relatam que num estudo longitudinal com crianças de nível
primário dispensadas do sistema escolar de uma grande cidade norte-americana por
problemas de comportamento, foram avaliadas as contribuições dos psicólogos da
seguinte forma: "Embora 263 escolas registrassem que o estudo psicológico havia
sido de alguma forma útil aos pais e/ou professores, 144 escolas registraram que ele
não tinha ajudado. Apenas uma escola deu uma razão para este fato, afirmando que
o estudo psicológico era muito limitado."
Um outro impasse comumente enfrentado com relação aos exames
psicológicos é o da dificuldade de se encontrar, em nosso meio, instituições que
possibilitem a concretização das orientações dadas, de forma economicamente
acessível à maioria da nossa população escolar. Desta maneira, o diagnóstico e a
orientação realizados perdem a sua utilidade e, portanto, o seu sentido.

24
Um outro aspecto a se questionar é a instalação de Serviços de atendimento
psicológico dentro da instituição-escola, com a intenção de oferecer Psicoterapia para
os portadores de distúrbios emocionais e de conduta e Psicomotricidade para aqueles
que apresentassem deficiências de ordem motora. Com relação à primeira hipótese,
acreditamos ser totalmente inviável a sua realização dentro do contexto escolar por
duas razões fundamentais:

1. Como tal tipo de tratamento fica ligado, pelo senso comum, à doença mental,
corre-se o sério risco de discriminar e estigmatizar aqueles alunos que se
beneficiassem desta forma de assistência;
2. Como a escola é uma organização complexa, onde a privacidade é bastante
restrita por ser um grupo onde as pessoas convivem por longo tempo, diariamente por
várias horas e durante anos, fica muito comprometida a questão de sigilo, não por
parte do profissional, evidentemente, mas por parte dos próprios alunos.

Com relação à Psicomotricidade, visando atingir principalmente as populações


de baixa renda, que não têm acesso a terapêuticas desta natureza, tem-se pensado
num trabalho integrado com a área de Educação Física, no sentido de incluir, nessas
aulas, exercícios de equilíbrio, coordenação motora ampla etc. Com relação aos
aspectos de motricidade fina, a montagem de pequenos grupos de atendimento
paralelo talvez pudesse ser levada a efeito dentro do próprio ambiente da escola.
Num nível mais sofisticado, a abordagem clínica pode transformar-se numa
consultoria de saúde mental, com o enfoque básico voltado para a prevenção já
mencionada no início deste trabalho. O psicólogo não se restringiria apenas à
aplicação de testes e à realização de terapia dentro do contexto escolar, mas
pretenderia "difundir a saúde mental, procurando alcançar um maior número possível
de pais, administradores e professores, que por sua vez atingem o maior número
possível de crianças".

4.2 O psicólogo escolar agente de mudanças

Uma outra alternativa que nos parece mais adequada e que não exclui, pelo
contrário, se beneficia das contribuições da Psicologia clínica e da Psicologia
acadêmica, seria a do psicólogo escolar como agente de mudanças dentro da

25
instituição-escola, onde funcionaria como um elemento catalizador de reflexões, um
conscientizador dos papéis representados pelos vários grupos que compõem a
instituição.
Nessa perspectiva precisa-se, ao contrário do que se colocou no início deste
texto, de um profissional experimentado, com preparo amplo e diversificado, uma vez
que a Psicologia escolar é então encarada como uma área de intersecção entre a
Psicologia clínica e a Psicologia organizacional, por trabalhar e lidar com uma
instituição social complexa, hierarquizada, resistente à mudança e que reflete a
organização social como um todo. Nessa perspectiva é importante considerar o
indivíduo sem perder de vista, entretanto, sua inserção no contexto mais amplo da
organização.
Um trabalho eficiente nessa linha teria que partir de uma análise da instituição,
levando em conta o meio social no qual se encontra e o tipo de clientela que atende,
bem como os vários grupos que a compõem, sua hierarquização, suas relações de
poder, passando pela análise da filosofia específica que a norteia, e chegando até a
política educacional mais ampla.

Fonte: beta-escoladepais.blogspot.com

Em nosso trabalho prático junto às escolas, iniciamos geralmente por um


levantamento da instituição onde pretendemos atuar. Procuramos caracterizá-la em
seus aspectos organizacionais, tentamos detectar a ideologia subjacente aos

26
objetivos expressos ou implícitos que a instituição contém. Começamos, assim, por
um diagnóstico da realidade da escola e, a partir daí, planejamos nossa ação.
Temos procurado atuar junto ao corpo docente e discente, bem como junto à
direção e à equipe técnica, tentando conscientizá-los da realidade da sua escola,
refletindo com eles sobre os seus objetivos, sobre a concepção que subjaz ao
processo educacional empregado, sobre as expectativas que têm de seus alunos,
sobre o tipo de relação professor-aluno existente, enfim sobre a organização como
um todo.
As queixas básicas comumente encontradas junto à instituição-escola referem-
se à dispersividade e desatenção, desinteresse, apatia, agitação, baixo rendimento e
fraco nível de aprendizagem, rebeldia e agressividade, bem como dificuldades na
relação professor-aluno e entre os próprios educandos. Tais problemas têm aparecido
na forma mais ou menos intensa em todos os graus, o que vem caracterizar uma crise
aguda e profunda pela qual a instituição vem passando.
A tendência geral da escola é centrar as causas de tais dificuldades nos alunos.
As medidas que vêm sendo utilizadas para tentar resolvê-las ou contorná-las
resumem-se basicamente em:

1. Encaminhar os "casos-problema" ao Serviço de Orientação Educacional ou


ao Serviço de Psicologia, como se os profissionais destas áreas tivessem soluções
mágicas e prontas para tais casos;
2. Criar mecanismos de controle cada vez mais rígidos e repressivos sobre o
comportamento dos educandos através de inspetores de aluno, comunicações aos
pais, reduções nas notas, multiplicação das avaliações etc.

Com relação aos Serviços de Orientação Educacional, com exceções


evidentemente, temos observado alguns aspectos:

a. não conseguem dar vazão ao crescente número de casos difíceis


encaminhados;
b. buscam contatos com os pais, numa tentativa, na maioria das vezes
infrutífera, de transferir a resolução dos problemas para o âmbito familiar;
c. desenvolvem trabalhos junto ao corpo discente através de aulas tradicionais
onde são desenvolvidos temas, com uma conotação quase sempre de caráter moral,

27
discorrendo sobre a necessidade de "comportar-se bem, ser bom aluno, bom filho"
etc., numa tentativa de fazer com que os educandos venham a preencher as
expectativas que a instituição, especialmente os professores, têm deles.

Em nosso trabalho como psicólogos escolares, nessa perspectiva de agente


de mudanças, temo-nos voltado basicamente para a constituição de grupos
operativos com alunos, professores e equipe técnica, no sentido de encaminhar uma
reflexão crítica sobre a instituição, incluindo o processo de ensino-aprendizagem, a
relação professor-aluno, as mudanças sociais que estão ocorrendo, evidenciando com
isso, a defasagem cada vez maior que se estabelece entre a escola e a vida. Dessa
maneira, procuramos desfocar a atenção sobre o aluno como única fonte de
dificuldades, como o único responsável e culpado pela crise geral pela qual a escola
passa, propiciando uma visão mais global e mais compreensiva desta crise,
procurando considerar todos os seus aspectos e, conjuntamente, encontrar formas
alternativas de enfrentá-la.
Parece-nos importante esclarecer que não excluímos nessa abordagem
pesquisas voltadas para os processos dos indivíduos, pois de fato encontramos
inúmeros casos onde as dificuldades encontradas são do próprio aluno e não da
instituição. Tais casos necessitam de um enfoque mais clínico, que, quando se faz
necessário, é levado a efeito, sem, entretanto, perder-se de vista o aspecto
institucional da questão.
Da oportunidade que temos tido de atuar na área de Psicologia escolar, esta
vem-se configurando como um campo de ação extremamente rico, porém
inexplorado, desvalorizado e até mesmo pouco conhecido, não só dentro das escolas,
mas também dentro da própria categoria de psicólogos. O papel do psicólogo escolar
acha-se, portanto, mal delimitado e mal definido, e o que pretendemos aqui, com
essas primeiras anotações, é encaminhar e aprofundar a discussão sobre esse tema.

5 FUNÇÕES DO PSICÓLOGO NA ESCOLA

As possibilidades de atuação do psicólogo na instituição escolar constituem,


ainda, um tema de reflexão e de debate entre esses próprios profissionais,
especialmente entre aqueles interessados em contribuir para a melhora da qualidade

28
do processo educativo. O debate e os questionamentos se expressam, também, em
diferentes instâncias do sistema educativo e deles participam, em diferentes graus,
gestores, pedagogos e outros especialistas no campo da educação.
A nossa experiência de trabalho na escola nos tem demonstrado que o
psicólogo muitas vezes é percebido com receio por parte de outros integrantes do
coletivo escolar, sendo, às vezes, implicitamente rejeitado, devido à representação de
sua incapacidade para resolver os problemas que afetam o cotidiano dessa instituição.
Sua atuação se associa frequentemente ao diagnóstico e ao atendimento de
crianças com dificuldades emocionais ou de comportamento, bem como à orientação
aos pais e aos professores sobre como trabalhar com alunos com esse tipo de
problema. Essa situação é resultado do impacto do modelo clínico terapêutico de
formação e atuação dos psicólogos no Brasil na representação social dominante sobre
a atividade desse profissional.
Não existem muitas dúvidas a respeito das funções essenciais que o diretor, o
coordenador pedagógico ou o orientador educacional podem desempenhar na escola,
porém, em relação ao psicólogo, as dúvidas de imediato surgem: Para que serve o
psicólogo? O que pode realmente resolver? Qual a especificidade de seu trabalho em
relação ao dos outros profissionais da escola?

5.1 As formas de atuação “tradicionais”

 Avaliação, diagnóstico, atendimento e encaminhamento de alunos com


dificuldades escolares

Essa tem sido uma das mais tradicionais funções do psicólogo na instituição
escolar, devido ao viés significativamente clínico que dominou a Psicologia por muitos
anos. Na representação social das funções do psicólogo, essa constitui, sem dúvidas,
uma das formas de maior destaque.

29
Fonte: noticias.cescage.edu.br

No entanto, a própria concepção de avaliação e diagnóstico das dificuldades


escolares vai variando. A consideração da avaliação e do diagnóstico como um
momento específico, realizado à margem da situação real em que as dificuldades
escolares se expressam, centrado no aluno e feito por um profissional isolado a partir,
fundamentalmente, de testes de forte conotação quantitativa ou clínica, vem
transformando-se em uma concepção na qual a avaliação e o diagnóstico se
configuram como processos nos quais se consideram os espaços sociorrelacionais
onde as dificuldades escolares se revelam, no marco de um trabalho em equipe no
qual o professor tem um importante papel.
A utilização de variados instrumentos de investigação – como a observação
dos alunos em situações de atividade escolar cotidiana, as conversações com eles e
com aqueles com quem interagem –, de jogos e de situações diversas para a
compreensão das causas que originam as dificuldades tem colaborado para superar
o caráter rotulador do diagnóstico, que em nada ajuda a delinear as estratégias de
ação psicopedagógicas necessárias para a superação das dificuldades detectadas.
O caráter qualitativo, processual, comunicativo e construtivo do diagnóstico e
da avaliação das dificuldades escolares vai superando, não sem dificuldades, o
diagnóstico rotulador e estático que caracterizou o diagnóstico das dificuldades
escolares durante muitos anos.

30
Salientamos a importância do trabalho do psicólogo direcionado à
compreensão da gênese das dificuldades escolares, elemento essencial para o
delineamento das estratégias educativas e cujo acompanhamento, em parceria com
o professor e com outros profissionais, constitui a via para a superação dos problemas
detectados.
A tarefa de encaminhamento dos alunos para outros profissionais
especializados fora da instituição escolar é realizada pelo psicólogo em casos
excepcionais, nos quais, esgotados todos os esforços junto à equipe da escola, sua
complexidade e especificidade assim o demandem. A prática de encaminhar as
crianças para outros profissionais, sem uma situação excepcional que a justifique, tem
sido evidenciada, em muitos casos, como extremamente nociva, já que o próprio aluno
e a família incorporam a crença da existência de sérias dificuldades na criança, o que
contribui para gerar sentidos subjetivos que “reforçam” a dificuldade inicial e que
podem, inclusive, criar dificuldades adicionais.

 Orientação a alunos e pais

O trabalho de orientação a alunos e pais em relação às dificuldades escolares


e a outros assuntos de interesse para o desenvolvimento do estudante tem constituído
uma das atuações tradicionais do psicólogo. A orientação psicológica diferente da
psicoterapia (que não é função de um psicólogo na escola) implica ações de
aconselhamento em função das necessidades específicas do desenvolvimento do
educando. Tradicionalmente, esse trabalho tem se expressado fundamentalmente em
ações interventivas, em colaboração com outros profissionais da escola, visando à
superação de dificuldades concretas, porém tem começado, também, a assumir
objetivos promocionais de bem-estar emocional e de desenvolvimento de importantes
recursos psicológicos em correspondência com os objetivos da educação integral que
a escola propõe.
Um olhar atento ao desenvolvimento integral dos estudantes permite ao
psicólogo estruturar um trabalho de orientação a alunos e pais, seja de forma
individualizada, seja de forma grupal, que contribua para o desenvolvimento almejado.
A coordenação de grupos de orientação a pais, em função de suas demandas no que
diz respeito aos aspectos psicológicos do desenvolvimento e da educação dos filhos,

31
tem representado uma das vias mais significativas do trabalho do psicólogo nesse
sentido mais amplo.

 Orientação profissional

A orientação profissional é uma das formas específicas da função de orientação


na qual os psicólogos têm trabalhado, fundamentalmente, no ensino médio. A
tradicional orientação profissional – baseada na utilização de testes para caracterizar
habilidades e interesses dos alunos e, em função dos resultados, analisar quais as
melhores opções de cursos ou de atividades –, vem se tornando, cada vez mais, um
espaço promotor de autoconhecimento, reflexão e elaboração de planos e projetos
profissionais.
Na concepção mais ampla de orientação para o trabalho, esta não se reduz ao
momento da “escolha profissional”, mas constitui um processo anterior e posterior a
esse momento, direcionado para o desenvolvimento de recursos psicológicos
importantes tanto para a escolha do percurso profissional a ser seguido quanto para
a inserção no mundo do trabalho.
Entre esses recursos destacamos, por exemplo, a criatividade e a capacidade
de reflexão própria, de valorar diferentes alternativas e de tomar decisões. Os
trabalhos de orientação individual ou grupal nessa direção constituem uma das
contribuições do psicólogo para o cumprimento dos objetivos da instituição escolar.

Fonte: www.priscillaleitner.com.br

32
 Orientação sexual

A orientação sexual também constitui uma forma específica da função de


orientação na qual se têm produzido mudanças. Nesse sentido, da ênfase dada à
informação sobre a sexualidade humana, os sentimentos afetivos nela envolvidos e
os cuidados que devem ser considerados, passa-se, com justeza, a destacar a
contribuição para o desenvolvimento dos recursos subjetivos favorecedores de um
comportamento sexual responsável e positivamente significativo para os envolvidos.
A orientação em relação ao sentido atribuído à sexualidade, à responsabilidade
para com o outro, às dúvidas e inquietações sobre desejos e afetos, assim como a
contribuição para o desenvolvimento do autoconhecimento, a autorreflexão, a
capacidade de antecipar consequências e a tomada de decisões éticas, constituem
um objeto significativo do trabalho do psicólogo escolar, tanto na sua expressão
individual quanto na grupal.

 Formação e orientação de professores

A orientação aos professores em relação ao trabalho para superar dificuldades


escolares de seus alunos tem sido uma das formas pelas quais o psicólogo também
contribui para o processo educativo. Da aprendizagem – como uma função do sujeito
que aprende – participa, junto com importantes fatores contextuais e sociorrelacionais,
a configuração subjetiva do aluno em toda a sua complexidade, e não apenas como
uma dimensão “cognitiva”.
Isso supõe a necessidade de considerar a complexidade constitutiva da
subjetividade no trabalho para a superação das dificuldades, uma vez que muitas
dificuldades escolares se alastram e se cristalizam precisamente pela falta de
estratégias de atuação que tenham em conta a multiplicidade de elementos que dela
participam.
A orientação aos professores, assim como a contribuição para sua formação
no que diz respeito à complexidade, à especificidade e à singularidade dos processos
subjetivos implicados na aprendizagem e no desenvolvimento nas suas mais variadas
formas de expressão, torna-se uma importante contribuição do psicólogo na instituição
escolar.

33
 Elaboração e coordenação de projetos educativos específicos (em relação, por
exemplo, à violência, ao uso de drogas, à gravidez precoce, ao preconceito,
entre outros)

Referimo-nos aqui às estratégias de intervenção cuja complexidade e


abrangência implicam a estruturação de vários tipos de ações das quais participam,
de forma coordenada, outros profissionais da escola. Na maioria das vezes, esses
projetos surgem como resposta aos problemas concretos que se expressam na escola
ou na comunidade onde a instituição está inserida.
Porém, cada vez com maior frequência, essas estratégias aparecem definidas
não apenas pela situação concreta da instituição escolar, mas também pelos objetivos
delineados na proposta pedagógica e pelas prioridades definidas para o trabalho
educativo, assumindo, assim, uma natureza essencialmente preventiva. Sabe-se que,
para contribuir no sentido de mudanças reais nas formas pelas quais os indivíduos
pensam, sentem e atuam, são requeridas estratégias educativas sistêmicas e
permanentes, em correspondência tanto com a complexidade da subjetividade
humana quanto com a complexidade de seus processos de mudança. Por essas
razões, o trabalho do psicólogo, nessa direção, tem particular relevância.
Como é possível observar, as formas de atuação a que temos feito referência
neste grupo, denominadas formas de atuação “tradicionais”, estão principalmente
associadas à dimensão psicoeducativa do contexto escolar, dimensão essa que tem
sido o principal objeto de atenção no trabalho da instituição escolar e na qual se
centram a atenção de todos os seus atores, entre eles, os psicólogos.
Apesar da evolução qualitativa que se aprecia nas formas de atuação
consideradas neste grupo, elas estão definidas, em grande parte, pelos problemas
concretos que, em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem dos alunos, tem
que ser enfrentados e resolvidos no cotidiano escolar, e para os quais o trabalho do
psicólogo se configura como uma resposta.
A seguir nos referiremos às formas de atuação que têm adquirido visibilidade
nos últimos anos e que estão associadas a uma concepção muito mais ampla e
abrangente do psicólogo na instituição escolar. Na maioria delas, a atitude proativa do
psicólogo é essencial, já que dificilmente lhe são colocadas como demandas explícitas
na escola.

34
5.2 Formas de atuação “emergentes”

 Diagnóstico, análise e intervenção em nível institucional, especialmente no que


diz respeito à subjetividade social da escola, visando delinear estratégias de
trabalho favorecedoras das mudanças necessárias para a otimização do
processo educativo

A caracterização e o funcionamento da escola como instituição, bem como o


impacto dessa nos processos de ensino-aprendizagem que nela se desenvolvem e
no cumprimento da sua função educativa em um sentido mais geral, têm sido temas
relativamente pouco abordados pela Psicologia Escolar, a qual, como já salientamos,
tem focalizado muito mais a dimensão psicoeducativa do que propriamente a
dimensão psicossocial da escola.
Porém, à medida que se reconhece que os indivíduos se constituem e,
simultaneamente, são constituidores dos contextos sociais nos quais estão inseridos,
os aspectos organizacionais da escola como instituição, em especial sua subjetividade
social, adquirem especial importância. Esses constituem aspectos relevantes para
compreendermos os processos relacionais que ocorrem na escola e que participam
dos modos pelos quais os profissionais e os alunos sentem, pensam e atuam nesse
espaço.
Por sua vez, a ação dos sujeitos nesse espaço social contribui para a
configuração subjetiva que este assume, estabelecendo-se uma relação recursiva
entre subjetividades individuais e subjetividade social. Os sistemas de relações que
se dão entre os membros da instituição, os estilos de gestão, os valores, as normas e
o clima emocional constituem apenas alguns exemplos de importantes fatores que
influem, direta ou indiretamente, não apenas nos modos de agir dos integrantes do
coletivo escolar, mas também nos seus estados emocionais, na sua satisfação com a
instituição e no seu compromisso e motivação com as atividades que realizam.
Tradicionalmente, aspectos relacionados com processos grupais, liderança,
estilos de gestão, motivação para o trabalho, clima e cultura organizacional, estresse
laboral, etc., têm sido estudados em áreas da Psicologia (Psicologia Social, Psicologia
Organizacional, Psicologia do Trabalho, etc.) que não são vistas como próximas da
Psicologia Escolar, mesmo que os conhecimentos produzidos em relação a tais temas
sejam essenciais para o trabalho do psicólogo na escola.

35
Enxergar a escola não apenas como um lugar onde uns ensinam e outros
aprendem, mas também como um espaço social sui generis no qual as pessoas
convivem e atuam, implica reconhecer a importância da sua dimensão psicossocial,
assim como o papel do trabalho do psicólogo escolar nessa importante dimensão.
A partir de um sensível processo de diagnóstico e análise das necessidades
institucionais, o psicólogo pode sugerir, delinear e coordenar estratégias de
intervenção direcionadas a potencializar o trabalho em equipe, mudar representações
cristalizadas e inadequadas sobre o processo educativo, desenvolver habilidades
comunicativas, mediar conflitos, incentivar a criatividade e a inovação, melhorar a
qualidade de vida no trabalho e outras tantas ações, como contribuição significativa
para o aprimoramento do funcionamento organizacional.
Poder vislumbrar a escola, simultaneamente, nas dimensões psicoeducativa e
psicossocial permite ao psicólogo o delineamento de estratégias de trabalho que, a
partir da articulação das duas dimensões, sejam mais efetivas para a otimização dos
processos educativos que ocorrem nela. A interessante proposta de Marinho-Araújo
e Almeida (2005) para a atuação preventiva do psicólogo na instituição escolar
expressa, em grande medida, essa ideia.

 Participação na construção, no acompanhamento e na avaliação da proposta


pedagógica da escola

Apesar de se estabelecer como uma importante exigência para o


funcionamento escolar, a proposta pedagógica, em muitas escolas, não é ainda
produto de um trabalho coletivo dos integrantes da instituição, nem funciona como um
referente real que dá a coerência necessária ao trabalho educativo que nela se realiza.
Em muitas instituições escolares, constitui um documento formal que pouco se
relaciona com a realidade da vida escolar.

36
Fonte: www.jornalcidade.net

Tendo em conta que a proposta pedagógica não é apenas o documento escrito,


mas sim a intencionalidade educativa que se expressa de maneira viva no conteúdo
e na forma que assumem as ações educativas que caracterizam o trabalho da escola,
faz-se evidente a importância de um conjunto de fatores para os quais, por sua
natureza, o psicólogo pode contribuir significativamente. Entre eles, podemos salientar
o trabalho coletivo, a reflexão conjunta, os processos de comunicação, a negociação
de interesses e de pontos de vistas diferentes, assim como os processos de mudança,
criatividade e inovação.
O psicólogo escolar pode atuar de múltiplas formas, visando que a proposta
pedagógica se constitua efetivamente como um instrumento útil para a organização
coerente do trabalho educativo. Seu trabalho pode ser especialmente importante na
integração e na coesão da equipe escolar; na coordenação do trabalho em grupo; na
mudança de representações, crenças e mitos; na definição coletiva de funções; e no
processo de negociação e resolução de conflitos, os quais são frequentes em
qualquer tipo de trabalho coletivo que implique o encontro de pontos de vistas
diferentes.
Particular importância tem, também, o trabalho que o psicólogo pode realizar
na geração de ideias e na solução criativa de problemas utilizando técnicas
específicas.

37
 Participação no processo de seleção dos membros da equipe pedagógica e no
processo de avaliação dos resultados do trabalho

Fundamentalmente no ensino particular, dá-se cada vez mais atenção à


qualidade dos processos de recrutamento e seleção dos membros da equipe
pedagógica, com o objetivo de escolher os candidatos que melhor possam
desenvolver um trabalho potencialmente efetivo. O psicólogo participa com os outros
membros da equipe de direção pedagógica na fundamentação e no delineamento
geral do sistema de seleção, levando em consideração a preparação e as
características requeridas para o exercício de cada uma das funções a serem
realizadas, em correspondência com a proposta pedagógica da escola e seus
objetivos institucionais mais gerais.
O psicólogo também participa na elaboração dos instrumentos (escritos,
vivenciais, de execução, etc.) que integram o sistema de seleção e atua no processo
de avaliação dos candidatos a partir dos indicadores que vão sendo gerados pelas
informações proporcionadas por esses instrumentos.
O processo de auto avaliação e avaliação individual e coletiva dos resultados
do trabalho educativo realizado ainda não faz parte da cultura escolar. O psicólogo
pode contribuir para o delineamento de sistemas e estratégias de avaliação que,
simultaneamente com seu objetivo de evidenciar os pontos fortes e fracos do trabalho
realizado, visando a seu aprimoramento, possam, também, se constituir num processo
construtivo de desenvolvimento para todos os envolvidos.
O processo de ressignificação da avaliação do trabalho – que possui uma
conotação negativa por razões muito diversas, dentre as quais se destaca o
significado negativo com o qual os processos de avaliação em geral aparecem na
representação social dominante – emerge como um importante desafio para o
trabalho do psicólogo. A este último corresponde delinear estratégias e ações tanto
individuais quanto coletivas que possam contribuir para vencer resistências e para
superar os obstáculos que impedem a utilização desse importante instrumento de
trabalho no contexto escolar.

 Contribuição para a coesão da equipe de direção pedagógica e para sua


formação técnica

38
Existe hoje uma ampla produção científica que baliza a importância e a
necessidade do trabalho em equipe para se atingir os objetivos organizacionais, sendo
que a instituição escolar, como um tipo específico de organização, não escapa a essa
regra. Nessa instituição, o trabalho em equipe torna-se particularmente relevante, já
que, devido à complexidade dos processos educativos que constituem seu foco, são
necessárias ações coerentes e sistêmicas da equipe escolar. Para a realização
dessas ações, a unidade de ação da equipe de direção pedagógica é essencial.
Sobre as diferenças entre grupo de trabalho e equipe de trabalho, assim como
sobre os fatores que podem contribuir para o necessário processo de trânsito da
condição de grupo à condição de equipe, também existe uma extensa produção
científica. O desenvolvimento de equipes caracteriza-se como uma importante área
de trabalho para diversos especialistas que atuam nas organizações, especialmente
para os psicólogos.
A necessidade de o grupo de direção técnica da escola se constituir em uma
verdadeira equipe de trabalho está justificada não apenas pelo seu papel no complexo
processo de implementação e acompanhamento da proposta pedagógica, mas
também pelo seu papel estimulador e mobilizador de todos os atores sociais da escola
na consecução dos principais objetivos institucionais.
O trabalho do psicólogo escolar pode ser muito útil na utilização de estratégias
e técnicas para o desenvolvimento de equipes de trabalho, começando pela equipe
de direção e atingindo todos os outros coletivos possíveis.
Igualmente, cabe ao psicólogo contribuir para a formação técnica da equipe de
direção não somente em temas da Psicologia que possam ser importantes para o
trabalho educativo e de direção que a equipe tem de gerenciar, mas, principalmente,
no desenvolvimento de habilidades e competências relevantes para o trabalho de
direção pedagógica.

 Coordenação de disciplinas e de oficinas direcionadas ao desenvolvimento


integral dos alunos

Com maior frequência começam a ser incluídos nas propostas pedagógicas


das escolas espaços curriculares não tradicionais. Alguns destes componentes
curriculares, em forma de disciplinas, projetos de trabalho, oficinas ou outras, abordam
temas de conteúdo propriamente psicológico como: autoconhecimento,

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desenvolvimento de habilidades interpessoais, desenvolvimento da criatividade,
valores, elaboração de planos e projetos futuros e muitos outros.
As experiências do psicólogo em condição de “professor” ou de coordenador
de disciplinas, oficinas e projetos dessa natureza, evidenciam-se como positivas.
Uma das preocupações que surgem perante esse tipo de atuação, quando
realizada de forma simultânea com outras funções próprias do psicólogo dentro de um
mesmo ambiente escolar, é a de que a condição de “professor”, segundo o poder
simbólico que essa figura apresenta, possa, então, limitar outras funções, que na
representação social estão associadas ao psicólogo como profissional, tais como
confidente, mediador de conflitos, etc.
Mesmo significando uma preocupação legítima, pela importância das
representações sociais nas formas de pensar e de agir dos indivíduos que delas
participam, tal prática, até onde podemos conhecer, mostra que esse perigo potencial
não se concretiza se, com profissionalismo, o psicólogo for capaz de delinear e
articular adequadamente ações que, na realidade, não são antagônicas. Inclusive,
constatamos em escolas nas quais temos trabalhado que a participação do psicólogo
no desenvolvimento de atividades curriculares, longe de afetar a realização de outras
tarefas, potencializa-as.
Psicólogos bem preparados e com sucesso na sua atividade docente ganham
prestígio diante do coletivo de professores, ampliam as oportunidades para conhecer
mais profundamente os alunos e adquirem uma melhor compreensão da
complexidade dos processos de ensino-aprendizagem e de muitas das dificuldades
que têm que ser enfrentadas e resolvidas no dia a dia da vida escolar, elementos
esses muito importantes para o aprimoramento de seu trabalho profissional.

 Contribuir para a caracterização da população estudantil com o objetivo de


subsidiar o ensino personalizado

Conhecer o aluno em aspectos essenciais que possam ajudar a compreender


seus processos e condições de aprendizagem e desenvolvimento visando a delinear
ações educativas que tentem contemplá-las na medida do possível constitui,
atualmente, uma exigência dos processos educativos que reconhecem o aluno na sua
condição de sujeito singular. Esse reconhecimento implica ações educativas

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diferenciadas em função de suas características, nível de desenvolvimento e sistemas
relacionais e contextos sociais nos quais participa.
Junto com o professor e o orientador educacional, atores-chave nesse
processo, o psicólogo contribui especialmente no delineamento e na realização de
ações que permitam a caracterização daqueles aspectos da subjetividade individual
que possam estar marcadamente vinculados, em cada caso, aos processos de
aprendizagem e desenvolvimento.
A contribuição do psicólogo é igualmente para a compreensão dos sistemas de
relações e de subjetividade social que caracterizam as turmas, elementos que
participam do processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos que as
integram.

 Realização de pesquisas diversas com o objetivo de aprimorar o processo


educativo

Pesquisar – como forma de melhor compreender os mais variados processos


e situações que acontecem no contexto escolar, com o objetivo de tomar as decisões
mais acertadas para o aprimoramento do processo educativo – constitui uma atividade
consubstancial do trabalho da escola. Infelizmente, um conjunto de fatores – como a
tradicional separação entre pesquisa e trabalho profissional, a representação social
da pesquisa como atividade essencialmente acadêmica e a dinâmica complexa do
cotidiano considerando as difíceis condições em que se desenvolve o trabalho – tem
dificultado a constituição de uma cultura da pesquisa na instituição escolar.

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Fonte: www.minutopsicologia.com.br

No entanto, reconhece-se que a complexidade do processo educativo e,


especialmente, a emaranhada teia de elementos que dele participam exigem, cada
vez mais, um olhar atento para a atividade escolar e para as decisões que sobre ela
devem ser tomadas. Nesse sentido, a pesquisa se revela como um instrumento útil
que pode e deve ser parte do trabalho profissional dos diferentes atores da escola, e
dentre eles também dos próprios psicólogos.
Em função das particularidades e necessidades da instituição e com profundo
sentido ético, o psicólogo, em articulação com outros profissionais da escola, pode
realizar pesquisas com alunos, professores, pais e membros da comunidade sobre
questões que, por sua importância, contribuam com informações relevantes para a
otimização do processo educativo entendido no seu sentido mais amplo, assim como
para aprimorar o funcionamento organizacional e promover o bem-estar emocional e
o desenvolvimento daqueles que participam do espaço social da escola.
Pesquisas sobre questões diversas, como satisfação com aspectos concretos
da vida escolar, concepções, expectativas, motivações, representações, estilos de
aprendizagem, barreiras à criatividade, têm se mostrado úteis para o aprimoramento
do trabalho na escola.

 Facilitar de forma crítica, reflexiva e criativa a implementação das políticas


públicas

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O reconhecimento de que a efetivação de qualquer mudança ou inovação
idealizada fora do contexto escolar passa, necessariamente, pela forma como os
atores da escola a assumem tem sido evidenciado na produção científica sobre
inovação educativa. No entanto, na tentativa de implantar as políticas públicas, esse
aspecto é pouco considerado e se constitui como um dos múltiplos fatores que
explicam a distância que, muitas vezes, se observa entre o que é concebido na política
e sua real expressão no contexto escolar.
Facilitar a implementação das políticas públicas não tem sido foco da ação
intencional do psicólogo na instituição escolar, devido à tendência dominante que,
como apontamos, parece conceber o processo de ensino-aprendizagem fora da
complexa rede de elementos que configuram sua qualidade. Porém, quando se adota
um olhar mais abrangente da vida escolar, não centrado exclusivamente na dimensão
psicoeducativa, mas também na sua dimensão psicossocial, a importância do trabalho
do psicólogo em relação à implementação das políticas públicas no espaço escolar
evidencia-se com clareza.
Em trabalho anterior, Martínez (2007), a partir da produção no campo da
inovação educativa e da experiência de trabalho em relação à implantação da política
de inclusão escolar, apresenta um conjunto de ações que o psicólogo pode realizar
de forma sistêmica – considerando a complexidade que toda mudança institucional
implica –, para contribuir de forma produtiva para a incorporação da política à vida
cotidiana da escola. Entre elas destacam-se:

– Analisar criticamente as políticas a serem implantadas, reconhecendo seus


pontos fortes e seus aspectos vulneráveis, visando à difusão de seus fundamentos na
comunidade escolar;
– Analisar as experiências na implantação de políticas similares ou da mesma
política em outros contextos, visando delinear estratégias específicas para o contexto
em que atua;
– Identificar os pontos que possam constituir empecilhos para os processos de
mudanças e delinear estratégias para neutralizá-los;
– Favorecer formas abertas de comunicação e de gestão participativa que
possibilitem o envolvimento dos professores no processo de tomada de decisões;
– Favorecer a coesão da equipe pedagógica e potencializar a receptividade da
comunidade educativa às mudanças;

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– Contribuir para a difusão de conhecimentos que possam favorecer a
criatividade e a inovação;
– Contribuir para enfrentar e negociar os conflitos que comumente
acompanham os processos de mudanças;
– Favorecer a criação de sistemas de estímulos e de premiação dos resultados
positivos alcançados.

Como é possível apreciar, a maior parte das ações que temos denominado
como formas de atuação “emergentes” estão vinculadas à dimensão psicossocial da
instituição escolar, expressão de uma concepção mais ampla das possibilidades de
atuação do psicólogo nesse contexto.
Vale enfatizar que as chamadas funções “emergentes” coexistem e se
articulam com as formas de atuação que tradicionalmente têm caracterizado as ações
do psicólogo no contexto escolar, aspecto que resulta positivo, se considerarmos as
mudanças qualitativas que se operam nelas e sua significação para o trabalho
educativo que, como um todo, se realiza na escola.

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BIBLIOGRAFIA

ANDALÓ, C. S. A. O papel do psicólogo escolar. Psicologia: Ciência e Profissão.


Vol. 4 n.1 Brasília. 1984.

BARBOSA, L.; SILVA, S. C. A. Ética e Psicologia. 2018. Disponível em: <


http://codigo-de-etica.info/o-que-e-etica.html> Acesso em 29/05/2018.

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CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Profissional do


Psicólogo. XIII Plenário do Conselho Federal de Psicologia, Brasília, 2005.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 002, de 10 de março de


2001. Altera e regulamenta a Resolução CFP no 014/00 que institui o título profissional
de especialista em psicologia e o respectivo registro nos Conselhos Regionais.
Disponível em: < https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2006/01/resolucao2001_2.pdf>.

MARTINEZ, Albertina Mitjáns. O que pode fazer o psicólogo na escola? Em aberto.


Brasília. v.23. n. 83. p. 39-56. Mar. 2010

NOVAES, M. H. - Psicologia escolar. Petrópolis. Vozes Ed. 1980.

PATTO, H. S. - Introdução à Psicologia escolar. São Paulo. Queiroz Ed. 1981.

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