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MANUAL DO

Ética e Cidadania – CBFPM 2021


PARTICIPANTE

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UD I – Conceitos Essenciais (Básicos)

Notas

Objetivos
Ao finalizar esta unidade, o participante deverá ser
capaz de:

1. Conhecer os conceitos de ética, moral e cidadania;

2. Identificar nos dispositivos formais codificados as


disposições referentes à ética e moral;

3. Compreender as diversas aplicações da ética nas


relações sociais;

4. Compreender o papel social da atividade policial diante


da formação da cidadania;

5. Conhecer a deontologia policial-militar como discussão


contemporânea.

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Curso CBFPM 2021 – Conceitos Essenciais (Básicos) NOTAS DE AULA

1. A ética e seus conceitos


O conceito de ética se apresenta como bastante controverso, mesmo
no campo da Filosofia, de uma determinada época. Não há um conceito de
ética aceito universalmente como possível de dar conta de todas as
concepções filosóficas sobre o tema.

Para tratar de um tema com tais dificuldades de conceituação podem-


se utilizar noções do que seja o significado mais geral do termoética:
- parte da Filosofia que trata do que é bom ou mau, certo ou errado;

- guia de condutas humanas destinadas ao bem no sentido de coletivo e


no sentido individual;

- ciência da moral;

- também se pode tratar de sistemas éticos, ou seja, diferentes


concepções do que seja certo ou errado, bom ou mau.

Max Weber, por exemplo, trata do que se chama atualmente de ética


da responsabilidade, que se opõe a uma ética das convicções.

- A Ética da convicção (tratado de deveres).

- A Ética da responsabilidade (estudo dos fins humanos).

A apresentação de conceitos em Filosofia sempre deixa margem a


questionamentos, na medida em que quase nunca há unanimidade sobre eles.
Ou seja, são tantas as escolas e correntes existentes no pensar filosóficoque
acaba resultando em uma série de conceitos, definições e questionamentos
acerca de uma mesma temática, alguns dos quaistotalmente opostos entre si,
ensejando muita confusão.

A par disso e considerando a limitação do tempo disponível para a


matéria, o objetivo deste caderno é trazer à tona os conceitos mais utilizados
e aceitos na Filosofia contemporânea, os chamados clássicos. Ainda assim,

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há muitas distinções que devem ser feitas e a principal delas, dentro do estudo
da ética, é justamente aquela que trata da aproximação ou do distanciamento
dos termos ética e moral e até que ponto eles podem ser usados como
sinônimos.

O fundamental é proporcionar o desenvolvimento e a construção de


um conhecimento próprio do policial no tocante às questões relacionadas à
ética e à cidadania, não somente enquanto teoria, mas também enquanto um
tema de ordem prática no qual cada um vai se enxergar de uma maneira
diferente, ainda que não estranha.

Como já foi dito, são inúmeros os conceitos que existem e outros


tantos que podem ser formulados - inclusive o nosso, o de cada um – acerca
do que é a ética. Ainda assim, e isso é muito possível, todos estariam corretos,
pois que resultados de uma síntese atual que envolve o indivíduo, os outros
indivíduos, o mundo ao seu redor e todas as relações possíveis entre eles.

Sim, a ética é, antes de tudo, um produto nunca acabado de todas essas


relações em um determinado momento temporal ou histórico. É um processo
atual, quase que instantâneo, e é dado pelos valores priorizados pelos grupos
sociais majoritários (ou dominantes).

É o próprio indivíduo que dá configuração (ou valor) à sua vida


individual e coletiva, articulando-se pela cultura que sustenta as relações entre
os indivíduos e destes com o contexto social (ou coletividade) no qual está
inserido e para o qual também contribui na sua transformação. É o que
também expressa Chauí (2010), quando diz que para que haja conduta ética
ou a ação ética é preciso que exista o agente consciente, que é o indivíduo ou,
melhor ainda, o sujeito, que é aquele que conhece a diferença entre beme
mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício.

Mas quem é esse sujeito ético? Chauí (2010), novamente, cita as


condições para que esse indivíduo possa existir:
1º) deve ser consciente de si e dos outros, refletindo e reconhecendo a
existência dos outros como seus iguais;

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2º) deve possuir vontade, que é a capacidade de controlar e direcionar seus


desejos, impulsos, tendências e sentimentos, de acordo com sua consciência,
o que se resume na capacidade de deliberar e decidir entre as escolhas
disponíveis e possíveis;
3º) deve ter responsabilidade como autor da ação escolhida, avaliando seus
efeitos e consequências;
4º) precisa ser livre.
Outros conceitos clássicos podem ser enumerados como o de Vasques
(2000. P. 23): “a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma especifica de comportamento
humano”.

Também, em uma discussão atual na Universidade do Sul de Santa


Cataria foi publicado obra que traz o seguinte conceito:

A Ética refere-se à práxis, pois é um conhecimento que visa ao


agir: Uma capacidade verdadeira e racionada de agir no tocante
às coisas que são boas ou más para o homem. Na práxis, o
agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis. Assim, por
exemplo, dizer a verdade é uma virtude do agente, inseparável
de sua fala verdadeira e de sua finalidade, que é proferir uma
verdade. Na práxis ética, somos aquilo que fazemos
(CATÂNEO, 2008, p.109).

Motta (1984) define ética como um “conjunto de valores que orientam


o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em
que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, ética é a forma
como o homem deve se comportar no seu meio social.

Na atualidade, um filósofo brasileiro, que vem despontando aparições


na mídia, em recente obra traz conceito que é capaz de materializar esse
termo filosófico em um simples entendimento:
A Ética é o conjunto de princípios e valores da nossa conduta na
vida junta. Portanto, ética é o que faz a fronteira entre o que a
natureza manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que
orienta a sua capacidade de decidir, julgar, avaliar. Só é possível
falar em ética quando falamos em seres humanos,porque ética
pressupõe a capacidade de decidir, julgar, avaliar com
autonomia. Portanto, pressupõe liberdade.
A ética é um conjunto de princípios e valores que você usa para
responder as três grandes perguntas da vida humana: Quero?
Devo? Posso? (CORTELLA. P.106)

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Diante dessa acessível explicação pode-se traduzir a ética conforme


a imagem abaixo:

2. O que é moral e imoral?

Moral

Tem sua origem no latim, que vem de mores, significando


costumes. Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento
do homem em sociedade e estas normas são adquiridas pela educação, pela
1
tradição e pelo cotidiano .

Da mesma forma, moral é o consenso dentro de um grupo de


determinados valores e, a partir de então, passa a ser obrigatório para os
membros do grupo, mas não sancionado, pela falta de previsão escrita para
tanto.

Imoral

São condutas realizadas contra a moral vigente, no sentido


devasso, desregrado, libertino. Nem tudo que é imoral é contra a lei, mas
tudo que é contra lei é imoral, conforme demonstra a imagem abaixo:

1 Renam Bardine em http://www.coladaweb.com/Filosofia/moral-e-etica-dois-


conceitos-de-uma-mesma-realidade, acesso em 10/02/2017.

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Ética e moral

Há, na contemporaneidade, uma grande discussão entre ética e


moral. Aqui, torna-se necessário saber diferenciar os dois conceitos
filosóficos. Neste caso, pode-se usar a Apostila do Curso de Formação de
Sargentos da Polícia de São Paulo, de 2015, confeccionada pelo capitão
Maurício Gomes dos Santos, que se aproveita para, além de citar,
transmitir na íntegra no concernente ao entendimento da Moral:
ÉTICA E MORAL
Considerando que ética é individual, cada um forma sua
própria base ética a partir dos valores percebidos durante
vida. Verificamos que em grupos, as éticas individuais se
agrupam e se conciliam, formando uma base ética de um
determinado grupo.
A essa base ética de um determinado grupo damos o nome
de moral. Então, moral é o agrupamento concordante das
éticas individuais de um determinado grupo comum.
Para melhor entendimento, vamos exemplificar:
O conjunto de valores compartilhados e conciliados de um
grupo de pessoas que exercem a profissão médica é
considerado a moral médica.
O conjunto de valores compartilhados e conciliados de um
grupo de pessoas que residem em um mesmo país, como o
Brasil, é considerado a moral brasileira.
Da mesma forma, o conjunto de valores cultuados em
comum pelos policiais militares é considerado a moral
policial-militar.

DISTINÇÃO ENTRE OBRIGAÇÃO E DEVER


Na forma como vimos, moral é o consenso dentro de um
grupo e, a partir de então, é considerada obrigatória. Porém,
como a moral de um grupo social é algo não positivado, tem
caráter obrigatório no grupo, mas não é sancionado, pela falta
de previsão escrita para tanto, sendo considerada como
sanção, apenas a reprovação de demais indivíduos do mesmo
grupo.
Vejamos, por exemplo, a conduta de uma mulher sair em
público com roupas muito curtas e decotadas. É subjetivo
afirmar o que seria muito curta e decotada, mas a moral de
um determinado grupo pode considerar esta vestimenta
imoral, pois é consenso dentro daquele grupo que este
comportamento não é aceito. No entanto, caso uma mulher
assim o faça, não sofrerá nenhuma punição específica, exceto
a opinião alheia de reprovação da sua atitude.
A partir da consolidação moral de um grupo formam-se as
leis. As leis são, na essência, o positivamento (escrito) de um
determinado comportamento exigido ou não tolerado pela
moral de um determinado grupo de pessoas, a partir do qual
se torna obrigatória e passível de sanção, em caso de
transgressão. Note-se que o Regulamento Disciplinar é o
conjunto de valores conciliados pelo grupo de policiais
militares e, a partir de então, consiste na moral policial-
militar que, positivada no Regulamento Disciplinar torna-se
não somente obrigatória ao grupo, como também passível
de sanção.

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Siga o caminho formador do conjunto jurídico, sob a ótica


filosófica:
1 - os valores aprendidos pelo indivíduo, pela família,
escola, religião e mídia formam seu filtro social que é
considerado sua ética individual;
2 - o conjunto das éticas individuais conciliadas e
consensuadas em um determinado grupo social forma amoral
daquele grupo, tornando os comportamentos obrigatórios,
mas sem sanção expressa;
3 - a consolidação da moral de um grupo torna-se lei pela sua
inclusão no universo jurídico, exigindo aobrigatoriedade do
comportamento e atribuindo-lhe uma sanção em caso de
descumprimento.
A grande questão está ligada nesta estrutura descrita a partir
de um determinado momento, pois, vejamos: a ética, gerada
a partir dos valores aprendidos da família, da escola, da
religião e da mídia é alterada com o tempo. De forma
evolutiva ou não, o que importa é que novos valores são mais
apreciados e outros são depreciados, diferenciando o
conjunto de valores que formam a ética individual.
Veja por exemplo a questão da palavra. Tempos atrás, a
palavra empenhada era muito valorizada, sendo muito
comum ser um comportamento ético natural honrar a palavra
dada como garantia. Com o tempo, este valor foi diminuindo,
sendo que hoje em dia, a ética de muitas pessoas considera
aceitável voltar atrás na palavra empenhada.
Os valores mudam, com isto a ética das pessoas muda e como
as éticas individuais compõem a moral de um grupo,
consideramos que a moral também é mutável com o tempo.
Veja o exemplo uma mulher de biquíni em uma praia nos
dias hoje. Considerado moral hoje, a mesma vestimenta
usada nos anos 50 seria considerada uma grave afronta a
moral. Portanto, a moral também muda com o tempo. O
problema está exatamente aí.
Sabemos que a lei é a positivação da moral. Com as
mudanças morais, em determinado tempo teremos um
descompasso entre a moral e a lei. Assim, neste interregno,
verificamos condutas consideradas imorais, porém dentro
dos parâmetros legais, bem como condutas consideradas
ilegais, mas que são moralmente aceitas dentro do grupo.

ESTRUTURA DO ATO MORAL


A moralidade pode ser definida como um modo peculiar de
autocondução da existência humana, manifestada por
intermédio da aquisição de valores, onde se encontram o
caráter, os sentimentos e os costumes.
No dicionário Aurélio, moral é o "conjunto de regras de
conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo
absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou
pessoa determinada".
Portanto, o termo moral significa tudo o que se submete a
todo valor onde devem predominar na conduta do ser
humano as tendências mais convenientes ao
desenvolvimento da vida individual e social, cujas aptidões
constituem o chamado sentido moral dos indivíduos. É
também um conjunto de regras no convívio, tendo amplo
espectro, maior do que nas Ciências Jurídicas,
assemelhando-se a esta pelo fato de que ambas são formas de
controle social.

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O ato moral possui dois aspectos: o normativo (são as


condutas aceitas pelo grupo com base no conjunto ético, ou
seja, o dever ser, é o comportamento esperado de todos os
membros daquele grupo) e o factual (são os atos humanos
efetivamente realizados).
Da mesma forma, com a mesma estrutura, verificamos o
ato jurídico normativo, delineando o comportamento
esperado (dever ser) e o factual que se expressa nas atitudes
de cada indivíduo que, quando comparadas ao normativo são
a base do jurisdicionamento.
Moralidade: é o exercício da moral, é tudo aquilo que
realiza o homem, que o enraíza em si mesmo e, por ele e para
ele, ganha sentido humano dentro do(s) grupo(s) a que
pertence. Aquilo que é concernente ou favorável aos bons
costumes, que se refere ao domínio da alma ou da
inteligência.
Quando o ato não está de acordo com o comportamento
socialmente aceito no grupo é considerado um ato imoral.
Exemplo: o militar não solicitar autorização ao mais antigo
para sair de forma, sem motivo justo, por mera indisciplina.
Imoralidade: é tudo aquilo que desrealiza o homem, tudo
aquilo que o desenraiza, o desencrava de si mesmo e do(s)
grupo(s) a que pertence, no marco de sua liberdade
responsável, portanto, imoral é a negação de determinada
conciliação vigente dentro do grupo, necessário para o
estabelecimento do convívio harmônico.
É a conduta contrária ou de negação de valores socialmente
aceitos, lembrando sempre que esse parâmetro é
diferenciado entre os mais diversos grupos sociais.
Vale dizer que um mesmo comportamento pode ser aceito
em um determinado grupo social, reprovável em outro grupo
social e veementemente repelido em um terceiro,haja vista
as várias concepções culturais, exempli gratia, entre o
Oriente e o Ocidente. No tópico em comento, seriao juízo
de reprovação de uma determinada conduta.
Ex.: A exibição das pernas feminina, considerada aceita em
determinados grupos, não aceita em outros e intolerável em
alguns.
Amoralidade: significa uma postura de neutralidade frente
a este ou aquele aspecto moral em questão social. É a
indiferença perante um determinado comportamento. A
obrigatoriedade, por exemplo, das mulheres usarem véu
sobre a cabeça em uma determinada religião não possui
natureza de reprobabilidade para outras mulheres visitantes.
Assim como a vestimenta do índio (seminu), mesmo dentro
do contexto social de uma grande cidade, não é considerada
aviltante, pois considera-se que ele não pertence àquelegrupo
e segue uma moralidade diferente, sendo, portanto, amoral
diante do grupo que está.

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Ética e Cidadania - CBFPM MP 9–
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Curso CBFPM 2021 – Conceitos Essenciais (Básicos) NOTAS DE AULA

Cidadania

Ser cidadão significa ter direitos e deveres, ser súdito e ser


soberano. Tal situação está descrita na Carta de Direitos da Organização
das Nações Unidas (ONU), de 1948, que tem suas primeiras matrizes
marcantes nas cartas de direito dos Estados Unidos (1776) e Revolução
Francesa (1798). Sua proposta mais profunda é a de que todos os homens
são iguais ainda que perante a lei, sem discriminação de raça, credo ou cor.
Da mesma forma, a todos compreende o domínio sobre seu corpo e sua
vida, o acesso a um salário condizente para promover a própria vida, o
direito à educação, à saúde, à habitação, ao lazer. E, ainda, é direito de
todos poder expressar-se livremente, militar em partidos políticos e
sindicatos, fomentar movimentos sociais, lutar por seus valores. Enfim, o
direito de ter uma vida digna de ser homem.

O cidadão também deve ter deveres: ser o próprio


fomentador da existência dos direitos a todos, ter
responsabilidade em conjunto pela coletividade, cumprir
as normas e propostas elaboradas e decididas
coletivamente, fazer parte do governo, direta ou
indiretamente, ao votar, ao pressionar por meio de
movimentos sociais, ao participar de assembleias [...]
pressionar os governos [...] (MARIA L. M. COVRE. 2002.
p.9)

Cidadania, igualmente, se apresenta como o direito de ter uma


ideia e poder expressá-la.
É poder votar em quem quiser sem constrangimento; processar um
médico que cometa um erro; devolver um produto estragado e receber o
dinheiro de volta; o direito de ser negro sem ser discriminado; de praticar
uma religião sem ser perseguido. Há detalhes que parecem insignificantes,
mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito,
não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse
comportamento está o respeito à coisa pública (GILBERTO
DIMENSTEIN, 1994. p. 20).

Segundo Ricardo Balestreri, todo o policial é um pedagogo da


cidadania à medida que interfere diretamente no inconsciente coletivo.

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MANUAL DO
Ética e Cidadania – CBFPM 2021
PARTICIPANTE

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UD II – Legislação Pertinente

Notas

Objetivos
Ao finalizar esta unidade, o participante deverá ser
capaz de:

1. Conhecer os conceitos de ética, moral e cidadania;

2. Identificar nos dispositivos formais codificados as


disposições referentes à ética e moral;

3. Compreender as diversas aplicações da ética nas


relações sociais;

4. Compreender o papel social da atividade policial diante


da formação da cidadania;

5. Conhecer a deontologia policial-militar como discussão


contemporânea.

Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–1


CBFPM 2021 – Legislação Pertinente NOTAS DE AULA

1. Código de conduta para os


funcionários responsáveis pela
aplicação da lei – ONU

Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela


Aplicação da Lei adaptado pela Assembleia Geral das Nações
Unidas na sua resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979.
A Assembleia Geral,
Considerando que um dos objetivos proclamados na Carta das
Nações Unidas é o da realização da cooperação internacional
para o desenvolvimento e encorajamento do respeito pelos
direitos do homem e das liberdades fundamentais para todos,
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião,
Lembrando, em particular, a Declaração Universal dos Direitos
do Homem 108 e os Pactos Internacionais sobre os direitos do
homem 109,
Lembrando igualmente a Declaração sobre a Proteção de Todas
as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adaptada pela Assembléia
Geral na sua resolução 3452 (XXX), de 9 de dezembro de 1975,
Consciente de que a natureza das funções de aplicação dalei para
defesa da ordem pública e a forma como essas funções são
exercidas têm uma incidência direta sobre a qualidade de vida
dos indivíduos e da sociedade no seu conjunto,
Consciente das importantes tarefas que os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei levam a cabo, com diligência
e dignidade, em conformidade com os princípios dos direitos do
homem,
Consciente, no entanto, das possibilidades de abuso que o
exercício destas tarefas proporciona,
Reconhecendo que a elaboração de um Código de Conduta para
os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei é apenas
uma das várias medidas importantes para garantir a proteção de
todos os direitos e interesses dos cidadãos servidos pelos
referidos funcionários,
Consciente de que existem outros importantes princípios e
condições prévias ao desempenho humanitário das funções de
aplicação da lei, nomeadamente:

a) que, como qualquer órgão do sistema de justiça penal, todos


os órgãos de aplicação da lei devem ser representativos da
comunidade no seu conjunto, responder às suas necessidades e
ser responsáveis perante ela,
b) que o respeito efetivo de normas éticas pelos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei, depende da existência de um
sistema jurídico bem concebido, aceite pela população e de
caráter humano,
c) que qualquer funcionário responsável pela aplicação da lei é
um elemento do sistema de justiça penal, cujo objetivo consiste
em prevenir o crime e lutar contra a delinquência, e que aconduta
de cada funcionário do sistema tem uma incidência sobre o
sistema no seu conjunto,
d) que qualquer órgão encarregado da aplicação da lei, em
cumprimento da primeira norma de qualquer profissão, tem o
dever de autodisciplina, em plena conformidade com os

Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–2


Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–3
CBFPM 2021 – Legislação Pertinente NOTAS DE AULA

princípios e normas aqui previstos, e que os atos dosfuncionários


responsáveis pela aplicação da lei devem estar sujeitos ao
escrutínio público, exercido por uma comissão de controlo, um
ministério, um procurador-geral, pela magistratura, por um
provedor, uma comissão de cidadãos, ou por vários destes
órgãos, ou ainda por outro organismo de controle,
e) que as normas, enquanto tais, carecem de valor prático, a
menos que o seu conteúdo e significado seja inculcado emtodos
os funcionários responsáveis pela aplicação da lei, mediante
educação, formação e controlo,
Adapta o Código de Conduta para os FuncionáriosResponsáveis
pela Aplicação da Lei, que figura em anexo, à presente resolução
e decide transmiti-lo aos governos, recomendando que encarem
favoravelmente a sua utilização no quadro da legislação e prática
nacionais como conjunto de princípios que deverão ser
observados pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei.
106.ª sessão plenária 17 de dezembro de 1979.
Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei
Artigo 1.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei
devem cumprir, a todo o momento, o dever que a lei lhesimpõe,
servindo à comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos
ilegais, em conformidade com o elevado grau de
responsabilidade que a sua profissão requer.
Comentário *
a) A expressão «funcionários responsáveis pela aplicação da
lei» inclui todos os agentes da lei, quer nomeados quer eleitos,
que exerçam poderes de polícia, especialmente poderes de prisão
ou detenção.
b) Nos países onde os poderes policiais são exercidos por
autoridades militares, quer em uniforme, quer não, ou por forças
de segurança do Estado, a definição dos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei incluirá os funcionários de tais
serviços.
c) O serviço à comunidade deve incluir, em particular, a
prestação de serviços de assistência aos membros da comunidade
que, por razões de ordem pessoal, econômica, social e outras
emergências, necessitam de ajuda imediata.
d) A presente disposição visa, não só todos os atos violentos,
destruidores e prejudiciais, mas também a totalidade dos atos
proibidos pela legislação penal. É igualmente aplicável à conduta
de pessoas não susceptíveis de incorrerem em responsabilidade
criminal.
Artigo 2.º - No cumprimento do seu dever, os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar e proteger a
dignidade humana, manter e apoiar os direitos fundamentais de
todas as pessoas.
Comentário:
a) Os direitos do homem em questão são identificados e
protegidos pelo direito nacional e internacional. De entre os
instrumentos internacionais relevantes contam-se a Declaração
Universal dos Direitos do Homem, o Pacto Internacional sobre
os Direitos Civis e Políticos, a Declaração sobre a Proteção de
Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ouTratamentos
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, a Declaração das Nações
Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial, a Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição
do Crime de Apartheid, a Convenção

Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–4


CBFPM 2021 – Legislação Pertinente NOTAS DE AULA

sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, as Regras


Mínimas para o Tratamento de Reclusos e a Convenção de Viena
sobre Relações Consulares.

b) Os comentários nacionais a esta cláusula devem indicar as


provisões regionais ou nacionais que definem e protegem estes
direitos.
Artigo 3.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só
podem empregar a força quando tal se afigure estritamente
necessário e na medida exigida para o cumprimento do seu
dever.
Comentário:
a) Esta disposição salienta que o emprego da força por parte dos
funcionários responsáveis pela aplicação da lei deve ser
excepcional. Embora admita que estes funcionários possam
estar autorizados a utilizar a força na medida em que tal seja
razoavelmente considerado como necessário, tendo em conta as
circunstâncias, para a prevenção de um crime ou para deter ou
ajudar à detenção legal de delinquentes ou de suspeitos, qualquer
uso da força fora deste contexto não é permitido.
b) A lei nacional restringe normalmente o emprego da força
pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, de acordo
com o princípio da proporcionalidade. Deve-se entender que tais
princípios nacionais de proporcionalidade devem ser respeitados
na interpretação desta disposição. A presente disposição não
deve ser, em nenhum caso, interpretada no sentido da
autorização do emprego da força em desproporção com o
legítimo objetivo a atingir.
c) O emprego de armas de fogo é considerado uma medida
extrema. Devem fazer-se todos os esforços no sentido de excluir
a utilização de armas de fogo, especialmente contra as crianças.
Em geral, não deverão utilizar-se armas de fogo, exceto quando
um suspeito ofereça resistência armada, ou quando, de qualquer
forma coloque em perigo vidas alheias e não haja suficientes
medidas menos extremas para o dominar ou deter. Cada vez que
uma arma de fogo for disparada, deverá informar-se prontamente
as autoridades competentes.
Artigo 4.º - As informações de natureza confidencial em poder
dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem ser
mantidas em segredo, a não ser que o cumprimento do dever ou
as necessidades da justiça estritamente exijam outro
comportamento.
Comentário:
Devido à natureza dos seus deveres, os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei obtêm informações que podem
relacionar-se com a vida particular de outras pessoas ou ser
potencialmente prejudiciais aos seus interesses e especialmente
à sua reputação. Deve-se ter a máxima cautela na salvaguarda e
utilização dessas informações as quais só devem ser divulgadas
no desempenho do dever ou no interesse. Qualquer divulgação
dessas informações para outros fins é totalmente abusiva.
Artigo 5.º - Nenhum funcionário responsável pela aplicação da
lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou
qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou
degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstanciais
excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à
segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer
outra emergência pública como justificação para torturas ou
outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–5


CBFPM 2021 – Legislação Pertinente NOTAS DE AULA

Comentário:
a) Esta proibição decorre da Declaração sobre a Proteção de
Todas as Pessoas contra a Tortura e outras Penas ou Tratamentos
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adaptada pela Assembleia
Geral, de acordo com a qual: «tal ato é uma ofensa contra a
dignidade humana e será condenado como uma negação aos
propósitos da Carta das Nações Unidas e como uma violação
aos direitos e liberdades fundamentais afirmados na Declaração
Universal dos Direitos do Homem (e noutros instrumentos
internacionais sobre os direitos do homem)».
b) A Declaração define tortura da seguinte forma:

«Tortura significa qualquer ato pelo qual uma dor violenta ou


sofrimento físico ou mental é imposto intencionalmente a uma
pessoa por um funcionário público, ou por sua instigação, com
objetivos tais como obter dela ou de uma terceira pessoa
informação ou confissão, puni-la por um ato que tenha cometido
ou se supõe tenha cometido, ou intimidá-la a ela ou a outras
pessoas. Não se considera tortura a dor ou sofrimento apenas
resultante, inerente ou consequência de sanções legítimas, na
medida em que sejam compatíveis com as Regras Mínimas para
o Tratamento de Reclusos*».

c) A expressão «penas ou tratamento cruéis, desumanos ou


degradantes» não foi definida pela Assembleia Geral, mas deve
ser interpretada de forma a abranger uma proteção tão ampla
quanto possível contra abusos, quer físicos quer mentais.
Artigo 6.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei
devem assegurar a proteção da saúde das pessoas à sua guarda
e, em especial, devem tomar medidas imediatas para assegurar
a prestação de cuidados médicos sempre que tal seja necessário.
Comentário:
a) «Cuidados Médicos», significando serviços prestados por
qualquer pessoal médico, incluindo médicos diplomados e para
médicos, devem ser assegurados quando necessários ou
solicitados.
b) Embora o pessoal médico esteja geralmente adstrito aos
serviços de aplicação da lei, os funcionários responsáveis pela
aplicação da lei devem tomar em consideração a opinião de tal
pessoal, quando este recomendar que deve proporcionar-se à
pessoa detida tratamento adequado, através ou em colaboração
com pessoal médico não adstrito aos serviços de aplicação da lei.
c) Subentende-se que os funcionários responsáveis pela
aplicação da lei devem assegurar também cuidados médicos às
vítimas de violação da lei ou de acidentes que dela decorram.
Artigo 7.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei
não devem cometer qualquer ato de corrupção. Devem,
igualmente, opor-se rigorosamente e combater todos os atos
desta índole.
Comentário
a) Qualquer ato de corrupção, tal como qualquer outro abuso
de autoridade, é incompatível com a profissão de funcionário
responsável pela aplicação da lei. A lei deve ser aplicada na
íntegra em relação a qualquer funcionário que cometa um ato
de corrupção, dado que os Governos não podem esperar aplicar
a lei aos cidadãos se não a puderem ou quiserem aplicar aos seus
próprios agentes e dentro dos seus próprios organismos.
b) Embora a definição de corrupção deva estar sujeita à
legislação nacional, deve entender-se como incluindo tanto a

Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–6


CBFPM 2021 – Legislação Pertinente NOTAS DE AULA

execução ou a omissão de um ato, praticada pelo responsável, no


desempenho das suas funções ou com estas relacionados, em
virtude de ofertas, promessas ou vantagens, pedidas ou aceitas,
como a aceitação ilícita destas, uma vez a ação cometida ou
omitida.
c) A expressão «ato de corrupção», anteriormente referida,
deve ser entendida no sentido de abranger tentativas de
corrupção.
Artigo 8.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei
devem respeitar a lei e o presente Código. Devem, também, na
medida das suas possibilidades, evitar e opor-se vigorosamente
a quaisquer violações da lei ou do Código.
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem
motivos para acreditar que se produziu ou irá produzir uma
violação deste Código, devem comunicar o fato aos seus
superiores e, se necessário, a outras autoridades com poderes de
controlo ou de reparação competentes.
Comentário:
a) Este Código será observado sempre que tenha sido
incorporado na legislação ou na prática nacionais. Se a legislação
ou a prática contiverem disposições mais limitativas do que as
do atual Código, devem observar-se essas disposições mais
limitativas.
b) O presente artigo procura preservar o equilíbrio entre a
necessidade de disciplina interna do organismo do qual, em larga
escala, depende a segurança pública, por um lado, e a
necessidade de, por outro lado, tomar medidas em caso de
violações dos direitos humanos básicos. Os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei devem informar das violações
os seus superiores hierárquicos e tomar medidas legítimas sem
respeitar a via hierárquica somente quando não houver outros
meios disponíveis ou eficazes. Subentende-se que os
funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem sofrer
sanções administrativas ou de outra natureza pelo fato de terem
comunicado que se produziu ou que está prestes a produzir-se
uma violação deste Código.
c) A expressão «autoridade com poderes de controlo e de
reparação competentes» refere-se a qualquer autoridade ou
organismo existente ao abrigo da legislação nacional, quer esteja
integrado nos organismos de aplicação da lei quer seja
independente destes, com poderes estatutários,
consuetudinários ou outros para examinarem reclamações e
queixas resultantes de violações deste Código.
d) Nalguns países, pode considerar-se que os meios de
comunicação social («mass media») desempenham funções de
controlo, análogas às descritas na alínea anterior.
Consequentemente, os funcionários responsáveis pela aplicação
da lei poderão como último recurso e com respeito pelas leis e
costumes do seu país e pelo disposto no artigo 4.º do presente
Código, levar as violações à atenção da opinião pública através
dos meios de comunicação social.
e) Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que
cumpram as disposições deste Código merecem o respeito, o
total apoio e a colaboração da comunidade em que exercem as
suas funções, do organismo de aplicação da lei no qual servem
e dos demais funcionários responsáveis pela aplicação da lei.
(Texto extraído do Polígrafo de Uso Diferenciado da Força da
Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) Cursos
em EAD - 2012)

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Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–8
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Constituição Federal (extrato)


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático,
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL. TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
[...]
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-
data", e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da
cidadania.
[...]
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
[...]
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–9


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Constituição Estadual RS (extrato)

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.


Texto constitucional de 3 de outubro de 1989
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo Rio-Grandense, com os poderes
constituintes outorgados pela Constituição da República
Federativa do Brasil, voltados para a construção de uma
sociedade fundada nos princípios da soberania popular, da
liberdade, da igualdade, da ética e do pleno exercício da
cidadania, em que o trabalho seja fonte de definição das relações
sociais e econômicas, e a prática da democracia seja real e
constante, em formas representativas e participativas,afirmando
nosso compromisso com a unidade nacional, a autonomia
política e administrativa, a integração dos povos latino-
americanos e os elevados valores da tradição gaúcha,
promulgamos, sob a proteção de Deus, esta Constituição do
Estado do Rio Grande do Sul.

Estatuto dos Servidores Militares (extrato)

LEI COMPLEMENTAR Nº 10.990, DE 18 DE AGOSTO DE


1997.
Dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Militares da Brigada
Militar do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras
providências.
DA ÉTICA POLICIAL-MILITAR
Art. 25 - O sentimento do dever, a dignidade militar, o brio e o
decoro de classe impõem, a cada um dos integrantes da Brigada
Militar, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a
observância dos seguintes preceitos de ética do servidor militar:
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da
dignidade pessoal;
II- exercer com autoridade, eficiência e probidade as funções
que lhe couberem em decorrência do cargo;
III - respeitar a dignidade da pessoa humana; IV - acatar as
autoridades civis;
V - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as
instruções e as ordens das autoridades competentes;
VI - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
apreciação do mérito dos subordinados;
VII - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico, próprio e dos
subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum;
VIII - empregar as suas energias em benefício do serviço;
IX - praticar a camaradagem e desenvolver permanentemente o
espírito de cooperação; X - ser discreto em suas atitudes,
maneiras e em sua linguagem escrita e falada;
XI - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria

Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–10


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sigilosa de que tenha conhecimento em virtude do cargo ou da


função;
XII - cumprir seus deveres de cidadão;
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na
particular; XIV - observar as normas da boa educação;
XV - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter
facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar
negócios particulares ou de terceiros;
XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade, de
modo a que não sejam prejudicados os princípios da disciplina,
do respeito e decoro;
XVIII - zelar pelo bom nome da Brigada Militar e de cada um
dos seus integrantes, obedecendo aos preceitos da ética do
servidor militar.
Art. 26 - Ao servidor militar da ativa é vedado participar de
gerência ou administração de empresa privada, de sociedade
civil ou exercer comércio, exceto na qualidade de acionista,
quotista ou comanditário.
§1º - Os servidores-militares na reserva remunerada, quando
convocados, ficam proibidos de tratar, nas organizações
policiais-militares e nas repartições públicas civis, dos
interesses de organizações ou empresas privadas de qualquer
natureza.
§2º - Os servidores-militares da ativa podem exercer,
diretamente, a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o
disposto no presente artigo.
Art. 27 - O Comandante-Geral da Brigada Militar poderá
determinar aos servidores militares da ativa que, no interesse da
salvaguarda da sua dignidade, informem sobre a origem e a
natureza dos seus bens, sempre que houver razões que
recomendem tal medida.
Art. 28 - O servidor militar, enquanto em efetivo serviço, não
poderá estar filiado a partido político.
[...]
DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES
Art. 35 - A violação das obrigações ou dos deveres policiais-
militares constituirá crime, contravenção ou transgressão
disciplinar, conforme dispuserem a legislação ou
regulamentação específicas.
§ 1º - A violação dos preceitos da ética policial militar é tanto
mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico dequem
a cometer.
§2º - A responsabilidade disciplinar é independente das
responsabilidades civil e penal.
§ 3º - Não se caracteriza como violação das obrigações e dos
deveres do servidor militar o inadimplemento de obrigações
pecuniárias assumidas na vida privada.

Regulamento Disciplinar da Brigada Militar - RDBM (Extrato)


DECRETO Nº 43.245, DE 19 DE JULHO DE 2004. Aprova o
Regulamento Disciplinar da Brigada Militar do Estado do Rio
Grande do Sul.
Art. 2° - Este Regulamento aplica-se aos Militares Estaduais
ativos e alunos matriculados em órgãos de formação.
§1° - Os Militares Estaduais na inatividade não são alcançados
pelas disposições deste Regulamento, excetuando-se quanto a
divulgação de segredos militares, de que trata a Lei Federal n°

Ética e Cidadania - CBFPM MP 10–11

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