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Disciplina: Economia

Sistema Monetário

Professor Me. José Francisco de Gois


Porque estudar a moeda?
Porque estudar a moeda?
◼ A origem da moeda está no desenvolvimento
das comunidades e na consequente
intensificação da divisão do trabalho e do
processo de troca entre os agentes
econômicos. Moeda é um objeto que serve
como intermediador de trocas.
A moeda e suas funções

◼ O surgimento da moeda como


unidade de troca comum e de
aceitação geral permite a difusão do
processo de troca e a
potencialização da divisão do
trabalho.
A moeda e suas funções

◼ Uma economia simples, em que os


agentes trocam entre si, diretamente, os
bens que produzem, é uma economia de
escambo ou de troca pura.

◼ Não existem aí a venda e a compra, que


são relações de troca que
necessariamente envolvem, em uma das
pontas, a moeda.
A moeda e suas funções

◼ A depender apenas do escambo, a existência de


uma economia inteiramente estruturada pelas
trocas seria impossível.

◼ O que viabiliza tal tipo de organização econômica é


a existência de uma unidade de troca comum e de
aceitação geral denominada moeda.

◼ Tal elemento elimina a necessidade de coincidência


de desejos, permitindo a dissociação das trocas
em duas operações: a venda e a compra de
mercadorias.
A moeda e suas funções

◼ Uma das principais funções da moeda é


justamente a de ser meio de troca.

◼ É aquele elemento que viabiliza a


ocorrência de milhares de trocas a cada
momento, porque intermedia o movimento
das mercadorias, permitindo que elas
troquem de mãos.
A moeda e suas funções

◼ Para um bem qualquer funcionar


como moeda, além de meio de
troca, ele precisa desempenhar
simultaneamente duas outras
funções:
• unidade de conta
• reserva de valor.
A moeda e suas funções

◼ Numa economia monetária, uma mercadoria A


tem seu valor expresso não de inúmeras formas,
mas de uma única forma.

◼ A mercadoria que está servindo para a


expressão do valor de A é a mesma que está
servindo para expressar os valores de todas as
demais.

◼ É nesse sentido que se diz que a moeda é


unidade de conta.
A moeda e suas funções

◼ Na medida em que a moeda é unidade de


conta, ou seja, na medida em que mede o
valor de todo o universo de mercadorias e
apresenta esses valores de uma forma
única, temos a nossa disposição, a
qualquer momento, o valor de qualquer
mercadoria em termos de qualquer outra
com a qual desejemos compará-la.
A moeda e suas funções

◼ Considerando todo o universo das


mercadorias, as relações que os
preços dos diversos bens
estabelecem entre si constituem
aquilo que denominamos estrutura
de preços relativos.
A moeda e suas funções

◼ Se o preço de um bem ou um
grupo homogêneo de bens sobe
(ou desce) em relação aos
preços dos outros bens, isso
significa que a estrutura de
preços relativos da economia
sofreu alteração.
A moeda e suas funções

◼ Se os preços de todos os bens


sobem (ou descem) na mesma
proporção, as relações existentes
entre eles não se modificam, ou seja,
a estrutura de preços relativos
permanece a mesma, e é a unidade
de conta que está sofrendo
alteração em seu valor (inflação ou
deflação).
A moeda e suas funções

◼ De onde vem a inflação?

• choque de demanda

• choque de oferta

• inercial
+Dinheiro 16/04/2007
A moeda e suas funções
Gráfico 1 -Variação mensal do INPC - Índice Nacional de
Preços ao Consumidor em % (1980-2008)

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Fonte: IPEADATA
A moeda e suas funções
◼ A moeda permite-nos distribuir nossas transações no
tempo de acordo com nossas conveniências, e é
nesse sentido que ela funciona como reserva de
valor.

◼ Não é só a moeda que pode desempenhar esse


papel. Qualquer bem que não se deteriore com
tempo pode ser mantido como reserva de valor (uma
casa, um terreno, um imóvel). No entanto esses bens
não são moeda porque não podem desempenhar
suas duas outras funções (meio de troca e unidade
de conta).

◼ Outra forma de dizer a mesma coisa é dizer que


esses bens não são líquidos, ao passo que a moeda
é o bem de maior liquidez na economia.
A moeda e suas funções
◼ O papel da moeda como reserva de valor poder ficar
comprometido na presença de processos
inflacionários crônicos, que sistematicamente
reduzem o valor da moeda.

◼ Nesses casos, os indivíduos procuram outros


instrumentos para manter o valor de sua riqueza e
encontram disponíveis, além dos bens imóveis, uma
série de outros ativos denominados ativos
financeiros, que podem protegê-los da perda de
valor imposta pela posse da moeda.
A Moeda Mercadoria e Papel-Moeda

◼ Os metais preciosos (ouro e prata) reúnem


condições que os tornaram candidatos imbatíveis ao
posto de moeda. Por isso, no processo histórico de
constituição do capitalismo, eles foram naturalmente
eleitos pra funcionar como moeda. Foi o tempo da
moeda mercadoria.

◼ Com o passar do tempo, o valor que cada moeda


representava foi-se tornando mais importante do que
a quantidade propriamente dita de metal que cada
uma delas continha. Isso permitiu um processo de
dissociação entre o valor ele mesmo e a matéria-
prima na qual, em princípio, ele deveria estar
encarnando.
A Moeda Mercadoria e Papel-Moeda
◼ É esse tipo de processo que deu origem ao
surgimento da papel-moeda, uma moeda cujo lastro
assenta-se apenas na fidúcia, ou seja, na garantia
fornecida pelo Estado emissor.

◼ Atualmente, a forma dominante de moeda é o papel-


moeda, designação utilizada também para as
moedas metálicas.

◼ O papel-moeda recebe ainda o nome de moeda


manual ou moeda corrente, para distingui-lo da
moeda escritural, denominação que se aplica aos
depósitos à vista nos bancos comerciais, que, junto
cm o papel-moeda, conformam o conjunto daquilo
que denominamos meios de pagamento.
Os Meios de Pagamento
◼ Quando discutimos o sistema monetário, entendido
como o conjunto das instituições responsáveis pela
emissão de moeda no país, a moeda ganha um
nome técnico: meios de pagamento.

◼ Em termos agregados, a quantidade de meios de


pagamento presente numa economia num dado
momento está relacionada com a quantidade de
papel-moeda existente (moeda corrente) e com os
depósitos à vista do público nos bancos comerciais
(moeda escritural).
Os Meios de Pagamento

Nota: O Papel-moeda em circulação é também denominado de


BASE MONETÁRIA

Fonte: Paulani e Braga (2006)


Os Meios de Pagamento

Fonte: Paulani e Braga (2006)


Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento
◼ O sistema financeiro divide-se em
dois grandes blocos:

• O Sistema bancário ou monetário, que


tem poder de criar moeda que pela
emissão (Banco Central) quer pela
multiplicação dos depósitos (Bancos
Comerciais) e o Sistema não-monetário,
que apenas realiza a intermediação de
recursos.
Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento
• No sistema não monetário, estão:
◼ As instituições de Sistema de Poupança e
Empréstimos integrantes do Sistema Financeiro da
Habitação - SFH.
◼ As financeiras, que concedem crédito ao
consumidor.
◼ Os bancos de investimento, que captam depósitos a
prazo ou fazem repasses de recursos externos.
◼ Os bancos estaduais de desenvolvimento e o
BNDES
◼ Todas as instituições ligadas ao mercado de capitais:
corretoras, distribuidoras, etc.
Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento

◼ Os bancos comerciais também tem o poder


de criar moeda.

◼ O processo de criação de moeda pelos


bancos comerciais se deve ao fato de estes
manterem como reservas apenas uma fração
dos depósitos à vista que captam do público,
emprestando o excedente, isto é, abrindo
novos depósitos.
Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento

◼ As reservas formadas pelos bancos são


de três tipos:

• Moeda corrente guardada nos próprios


bancos, para compensar excesso de
pagamentos sobre recebimentos em papel-
moeda na “boca do caixa”.

• Reservas voluntárias no Banco Central,


para atender excesso de pagamentos
frente a recebimentos na compensação de
cheques.
Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento

◼ As reservas formadas pelos bancos são


de três tipos:

• Reservas compulsórias ou obrigatórias


legais, recolhidas junto ao Banco Central
como proporção dos depósitos à vista,
utilizadas, entre outras coisas para
garantir-se uma segurança mínima ao
sistema bancário.
Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento

Fonte: Lopes e Vasconcellos (2000)


As funções do Banco Central

Fonte: Paulani e Braga (2006)


As funções do Banco Central

Fonte: Paulani e Braga (2006)


As funções do Banco Central

Fonte: Paulani e Braga (2006)


Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento
◼ Principais instrumentos que estão à disposição do
BC para provocar uma expansão dos meios de
pagamento em circulação na economia:

• Expandir seus empréstimos ao Tesouro, às


outras esferas de governo e ao setor privado.
• Aumentar as reservas cambiais
• Comprar títulos da dívida pública de emissão do
governo federal (open market).
• Expandir os redescontos aos bancos comerciais
• Diminuir os encaixes compulsórios.
Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento

◼ O BC tem um bom arsenal de


instrumentos para influir de modo
decisivo no comportamento da oferta
monetária:
• Diretamente:
◼ Mexer em suas operações ativas
◼ Alterar a composição de seu passivo
Processo de criação de moeda: o
multiplicador dos meios de pagamento

◼ O BC tem um bom arsenal de


instrumentos para influir de modo decisivo
no comportamento da oferta monetária:
• Indiretamente:
◼ Influir na parcela de escritural (depósitos a
vista), alterando o valor do multiplicador , via
alteração das reservas compulsórias, ou
alterando o comportamento dos bancos no
que tange a suas operações ativas, via
mudança na taxa de juros dos redescontos
de liquidez.
Moeda, Inflação e Nível de Atividade

◼ Os economistas ortodoxos filiam-se, regra


geral, à corrente chamada MONETARISTA.
Com várias nuanças, esse corrente afirma
que a emissão injustificada de moeda é
sempre ruim, porque acaba sempre tendo
como resultado um aumento da inflação e a
instabilidade do sistema, sem nenhum efeito
sobre o nível de produto e emprego em que
opera a economia.
Moeda, Inflação e Nível de Atividade
◼ O principal argumento que esses economistas
utilizam na defesa de sua posição é a
chamada equação quantitativa da moeda:

• M.V = P.Y

Onde:

• M = meios de pagamento
• V = velocidade de circulação da moeda
• P = nível geral de preços
• Y = produto agregado real
Moeda, Inflação e Nível de Atividade

◼ Os economistas heterodoxos acreditam que,


em determinados contextos, elevações em M
podem produzir elevações em Y (na
produção e no emprego), em vez de
elevação em P (no nível de preços),
principalmente se tais elevações decorrerem
de elevações nos gastos do governo.
Moeda, Inflação e Nível de Atividade
◼ Se houver capacidade ociosa nas empresas e elevado
nível de desemprego de mão-de-obra, certamente a
economia está sofrendo um problema de escassez de
demanda agregada, de modo que o aumento nessa
demanda, provocado pela elevação dos gastos do
governo, pode dinamizar a economia, reduzir a
ociosidade e elevar o nível de produto e emprego sem
afetar, ou afetando apenas marginalmente, os preços.

◼ Além do controle stricto sensu da oferta monetária, os


gestores da política monetária têm ainda a seu dispor
um outro instrumento bastante importante que é a taxa
de juros.
Sistema monetário, inflação e déficit
público
◼ O déficit público é equivalente à diferença entre o
valor dos investimentos públicos e a poupança do
governo em conta-corrente.

◼ O déficit nominal engloba toda e qualquer demanda


por recursos provenientes do setor público, inclusive
o pagamento de juros nominais sobre a dívida.

◼ O déficit operacional exclui do cálculo da dívida – e,


portanto, do déficit – as correções monetária e
cambial.

◼ O déficit primário não considera as despesas e


receitas financeiras.
Sistema monetário, inflação e déficit
público
◼ O governo têm duas alternativas para
financiar um eventual déficit:
• Por meio da emissão de dívida
• Por meio da emissão de moeda (aumento da
Base Monetária).

◼ Graças ao monopólio de produção da moeda


corrente, o governo, por meio do Banco
Central, tem poder de senhoriagem, que lhe
permite tanto aumentar a base monetária em
termos reais, quanto se apropriar dos ganhos
advindos da desvalorização dessa base pelo
aumento dos preços (imposto
inflacionário).
Sistema monetário, inflação e déficit
público

◼ O déficit público não é a única causa de


expansão da base monetária. O crescimento
dos créditos ao setor privado e o aumento das
reservas internacionais também constituem
operações ativas do Banco Central.
◼ Portanto, a forma correta de entender a
equação que liga dívida pública a déficit público
é: déficit público =

∆ base monetária + ∆ dívida líquida do governo.

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