Você está na página 1de 15

ESTUDO DO COEFICIENTE DE ESCLEROMETRIA PARA O CONCRETO

NO ESTADO DE GOIÁS
Study of the Coefficient of Sclerometry for the Concrete in the State of Goiás

Valadares, Isabella Magalhães (1); Kozlowski, Joice (2); Barbosa, Wallison Carlos de Sousa (3);
Camozzi, Alexandre Borges Fernandes (4); Filho, Milton Pereira da Neves (5); Mendes, Marcus
Vinícius (6).

(1) Graduanda em Engenharia Civil, Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa.


(2) Graduanda em Engenharia Civil, Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa.
(3) Doutor em Estrutura e Construção Civil, Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa.
(4) Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia Civil com Ênfase em tecnologia das Construções -
Laboratórios de Engenharia Civil, Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa.
(5) Engenheiro Civil – Laboratórios de Engenharia Civil, Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa.
(6) Doutor em Estruturas e Construção Civil (UnB), Instituto Federal de Goiás-Campus Goiânia.

RESUMO

O controle de qualidade do concreto requer o emprego de vários ensaios, o ensaio de esclerometria é o


ensaio não destrutivo mais utilizado para uma primeira análise de qualidade do concreto. Este é
normatizado pela ABNT NBR 7584:2012, que determina a dureza superficial do concreto através da média
efetiva dos pontos de aplicação do esclerômetro. O equipamento utilizado para os ensaios de esclerometria
neste trabalho é o esclerômetro Schmidt, de origem Suíça. Cabe destacar, que a norma NBR 7584:2012,
em nota, informa que em alguns casos é necessária a aplicação de outros coeficientes de correção, devido
a diferenças ambientais e climáticas dos países e regiões. Diante disso, o presente estudo tem como
finalidade desenvolver um coeficiente de correção para os ensaios de esclerometria efetuados na região de
Formosa, Goiás. O método experimental utilizado para determinar este coeficiente de correção será por
meio do estudo da curva de correlação obtida no ensaio de resistência à compressão, onde serão moldados
corpos de prova conforme a Norma ABNT NBR 5739:2007. Assim sendo, diante da relação dos resultados
dos ensaios supracitados, espera-se obter uma curva de correlação que possibilite o estudo da resistência à
compressão e, além disso, um fator de correção para os valores verificados por meio do equipamento de
esclerometria.
Palavras chave: concreto, esclerometria, coeficiente de correção.

Abstract
Concrete quality control requires the use of several tests, the sclerometry test is the non-destructive test
used for a first concrete quality analysis. This is standardized by Brazilian Code ABNT NBR 7584: 2012,
which determines the surface hardness of the concrete through the effective mean of the application points
of the sclerometer. The equipment used for this test is not of Brazilian origin, so it is believed that a
coefficient that relates the data obtained by the Schmidt equipment of Swiss origin, used in this study, with
the real data of the concretes in the state of Goiás. The Brazilian Code NBR 7584: 2012 informs that in some
cases it is necessary to apply other correction coefficients due to environmental and climatic differences of
countries and regions. Therefore, the present study aims to develop a correction coefficient for the
sclerometry tests performed in the region of Formosa, Goiás. The experimental method used to determine
this correction coefficient will be through the study of the correlation curve obtained in the resistance test to
compression, where molds will be molded according to the Brazilian Code ABNT NBR 5739: 2007. Thus, in
view of the relationship between the results of the aforementioned tests, it is expected to obtain a correlation
curve that allows the study of the compressive strength and, in addition, a correction factor for the values
verified by means of the sclerometry equipment.
Key words: concrete, sclerometry, correction coefficient.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 1


1 Introdução

O dimensionamento de estruturas de concreto armado está diretamente relacionado com


a resistência do concreto à compressão. Essa propriedade mecânica tem grande
relevância para o cálculo estrutural, sendo definida como a resistência à compressão
adquirida pelo material em condições controladas de temperatura e umidade, numa
determinada idade. A verificação de que o concreto utilizado na execução da estrutura
atende as exigências especificadas em projeto é realizada por meio de ensaios de
compressão, aos 28 dias, em corpos de prova cúbicos ou cilíndricos, estes moldados,
curados e rompidos de acordo com as normas vigentes. No entanto, os corpos de prova
não são verdadeiramente representativos do concreto existente na estrutura, devido às
diferentes condições de lançamento, compactação e condições de cura. Desta forma,
muitas vezes é necessária a investigação do próprio concreto da estrutura. (MACHADO,
2005).
Na avaliação da resistência in loco, existem diversos métodos que permitem avaliar
estruturas de concreto. A retirada de amostras de concreto da estrutura e seu posterior
rompimento em ensaios de compressão é um método bastante difundido, porém
apresenta algumas desvantagens. A extração de testemunhos apresenta-se como uma
técnica onerosa e com restrições dos locais de retirada das amostras para que não
comprometa a estrutura. Assim, o número de amostras retiradas é relativamente
pequeno, não permitindo um completo mapeamento dos níveis de resistência do concreto
na estrutura. Outra desvantagem se refere ao reparo de estruturas devido a retirada de
testemunhos, pois a interface com o material original pode se tornar uma região mais
vulnerável a deterioração, logo, a vida útil deste elemento estrutural pode ser reduzida
caso não seja feito reparo adequado. A utilização de ensaios não destrutivos surge então
como uma interessante estratégia para avaliação do estado de estruturas em concreto
armado, uma vez que a peça estrutural a ser avaliada não sofre nenhum dano e permite
um maior número de ensaios. Dentre os ensaios não destrutivos empregados na indústria
da construção civil para concreto armado, podemos citar: ensaio de velocidade de
propagação de pulso ultrassônico (VPU), ensaio GPR (Ground Penetrating Radar), ensaio
de esclerometria e ensaio de penetração de pino (ainda não normatizado no Brasil). Em
termos de qualidade da estrutura e determinação da conformidade da resistência que
envolve a questão de segurança e durabilidade das estruturas, a avaliação da resistência
à compressão por meio destes ensaios torna-se uma ferramenta importante a ser
considerada.
Tem-se verificado uma vasta aplicação de ensaios in situ em diversos países, bem como
um grande número de pesquisas nesta área, visando a obtenção de resultados mais
confiáveis nas investigações das propriedades do concreto das estruturas. Segundo Isaia
(2002): “Toda predição que se pretenda realizar para a vida útil de uma estrutura de
concreto deve partir da modelagem matemática dos fenômenos e propriedades
envolvidas, da maneira mais precisa possível, para que se possa chegar a um resultado
confiável”. Com isso, é importante destacar que o sucesso da utilização dos ensaios in
situ depende, além do conhecimento e da experiência do profissional que realiza os
ensaios, das curvas adotadas para correlacionar as medições do ensaio com a resistência
do concreto. Essas curvas dependem de vários fatores, alguns dos quais estão
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 2
relacionados com a própria resistência do concreto, tais como condições de cura, relação
água/cimento, idade, como também da metodologia de ensaio. A obtenção de resultados
confiáveis na utilização de ensaios não destrutivos depende também, segundo alguns
autores, da utilização de curvas de correlação desenvolvidas para o tipo de concreto em
questão, levando em consideração condições de clima e temperatura na região estudada.
Sendo assim, o estudo em questão busca modelar matematicamente curvas de
resistência à compressão em relação ao índice esclerométrico para os concretos
produzidos e utilizados na cidade de Formosa/GO, por meio da técnica de esclerometria
correlacionada com ensaios de compressão axial de corpos de prova cilíndricos de
concreto. A adequação dos valores obtidos no ensaio de esclerometria por meio dos
resultados de compressão axial para diversas resistências do concreto, visa também
assegurar uma maior confiabilidade no ensaio por esclerômetro de reflexão para a região
estudada.

2 Avaliação da resistência à compressão do concreto por meio de


ensaios não destrutivos

Segundo Palacios (2012), ao longo da história, a resistência à compressão de peças


estruturais de concreto armado já existentes tem sido estimada por meio de ensaios
destrutivos, como a extração e posterior ruptura de testemunhos retirados da própria
estrutura. Os ensaios não destrutivos, além de não provocarem danos a estrutura
analisada, podem reduzir a necessidade da extração de testemunhos e permitir assim
uma avaliação mais econômica do concreto da estrutura.
A escolha de um determinado método de ensaio deve estar baseada em critérios como
os custos diretos e indiretos envolvidos na realização de ensaios, as condições da zona a
ser investigada da estrutura, a acessibilidade para a realização de um determinado
ensaio, o efeito de possíveis danos produzidos ao elemento estrutural investigado, e
principalmente, a precisão requerida na estimativa da resistência à compressão do
concreto. Este último critério é alcançado quando se obtém uma quantidade adequada de
dados pela realização de ensaios, sendo mais representativos esses dados quanto maior
for a quantidade de ensaios. Isso possibilita uma investigação mais abrangente da
estrutura em estudo, além, da imediata disponibilidade e confiabilidade dos resultados
que eles propiciam. (Palacios, 2012)
Evangelista (2002) descreve os ensaios não destrutivos como aqueles que não
comprometem a capacidade resistente da estrutura analisada, pois podem gerar pouco ou
nenhum dano ao elemento ensaiado. Estes ensaios podem ser empregados em
estruturas novas, no monitoramento da evolução da resistência e avaliação da qualidade
do concreto, ou em estruturas já existentes, para avaliação da integridade e capacidade
de resistência às solicitações por estes elementos.
A determinação do valor de resistência do concreto utilizando ensaios não destrutivos é
realizada empregando curvas de correlação entre as grandezas obtidas nesses ensaios e
a resistência à compressão do concreto.
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 3
Segundo Malhotra (1984), erros consideráveis poderão ocorrer na obtenção da
resistência característica do concreto nos casos em que, as curvas de correlação
fornecidas pelos fabricantes dos aparelhos sejam utilizadas indiscriminadamente e caso
haja mudança dos materiais envolvidos na confecção do concreto. Para tal propõe-se que
uma nova curva de correlação seja estabelecida.
Segundo o Instituto Americano do Concreto – ACI 228. 1R (2003), os ensaios não
destrutivos devem ser precedidos pela correlação dos resultados obtidos nos mesmos
corpos de provas (cúbicos ou cilíndricos). Primeiramente, os corpos de prova são
ensaiados por métodos não destrutivos, medindo assim uma determinada grandeza e,
posteriormente, eles são levados a ruptura em ensaios de resistência à compressão. Com
isso, os dados coletados nos dois métodos de ensaio são relacionados e submetidos a
análises para se obter por meio de modelagem matemática, expressões que melhor
caracterizem a resistência do concreto ensaiado.
Existe ainda a possibilidade, para um mesmo concreto confeccionado, de se ter corpos de
prova apenas para os ensaios não destrutivos e outros para os ensaios de resistência à
compressão. Nestes casos, as amostras devem ser ensaiadas nas mesmas condições,
para ambos os ensaios, no que diz respeito a idade e compactação, sendo isto obtido por
processo de cura que garanta temperatura similar a todos os corpos de prova.
Uma recomendação feita pelo ACI 228. 1R:2003 é de que, não se utilize os ensaios não
destrutivos como substitutos dos ensaios de resistência à compressão padronizados, mas
sim como uma técnica que possa suplementar a análise dos resultados obtidos por
métodos já consagrados.
Neville (1997) ressalta que o maior obstáculo para a obtenção dos valores da resistência
do concreto consiste em fatores que influenciam a resistência à compressão e nem
sempre afetam nas mesmas proporções ou da mesma forma as grandezas obtidas dos
ensaios não destrutivos.

3 Correlação entre a resistência à compressão do concreto e os


dados obtidos pelo ensaio de esclerometria.

O método de avaliação de dureza superficial (esclerometria) é um dos métodos mais


usados por ser simples e econômico. O procedimento consiste em impactar uma
superfície de concreto de maneira padrão, com uma dada energia de impacto e, então,
medir o rebote ou a reflexão de uma massa padrão após o impacto no concreto por meio
do esclerômetro de reflexão de Schmidt. O instrumento pode ser operado horizontal ou
verticalmente para cima ou para baixo, desde que o esclerômetro esteja perpendicular à
superfície. A ABNT NBR 7584:2012 determina que as medições sejam feitas em 16 áreas
de impacto por elemento ensaiado. Após a realização dos impactos, calcula-se a média
aritmética, desprezando-se os valores que divergirem em 10% do valor médio alcançado
pelos rebotes e recalcula-se a nova média. O índice esclerométrico só poderá ser obtido
com no mínimo cinco valores individuais que não se divergiram da média.
Para estimar a resistência à compressão do concreto é necessário conhecer a relação
entre os resultados dos ensaios in situ e a resistência à compressão do concreto. Essa

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 4


relação por sua vez, é obtida a partir de curvas, determinadas empiricamente, que
correlacionam os dados resultantes dos dois métodos de ensaio mencionados.
De acordo com o comitê 228 do ACI (ACI 228. 1R, 2003), a curva de correlação é obtida
pela utilização de corpos de prova padrões (cilíndricos ou cúbicos), porém pode-se
também utilizar testemunhos para obtenção da resistência à compressão do concreto, no
caso de estruturas já executadas.
Antes de empregar um determinado ensaio não destrutivo em campo, é recomendável
estabelecer a correlação por meio de um programa de ensaios em laboratório. Este
programa de ensaios envolve a preparação dos corpos de prova, usando os mesmos
materiais do concreto que serão empregados na obra. O comitê 228 do ACI (ACI 228.1R,
2003) recomenda que a curva de correlação seja feita a partir de no mínimo 6 níveis de
resistência.
Neste estudo, foram confeccionados 6 tipos de traços de concreto, dosados para
diferentes valores de resistência à compressão e moldados dois tipos de corpos de prova,
cilíndricos para os ensaios de compressão axial e cúbicos para os ensaios de
esclerometria. Os ensaios destrutivos e não destrutivos foram realizados de forma
simultânea para os concretos com mesmo traço e idade, ensaiando as amostras em
diferentes idades, e assim obtendo a curva de correlação para os concretos utilizados.

4 Programa experimental

O programa experimental tem como objetivo desenvolver uma curva correlacionando as


resistências à compressão de concretos obtida através de ensaios de compressão
simples e ensaios de esclerometria, considerando as condições e materiais utilizados na
cidade de Formosa/GO. A curva proposta busca correlacionar os resultados de
resistência por meio do ensaio de resistência à compressão, obtidos na prensa Emic
(modelo PC200C com capacidade para 2000kN) com os índices esclerométricos obtidos
por meio do ensaio de esclerometria realizado nos corpos de prova prismáticos.
Em um primeiro momento foram confeccionados concretos com fck nominal de 15MPa,
20MPa, 25MPa, 30MPa, 35MPa e 80MPa, utilizando o cimento CP V- ARI e agregados
comumente utilizados na região do estudo (Figura 1). As amostras foram desenvolvidas
para a execução do ensaio de resistência a compreensão normatizado pela NBR
5739:2007(já tem a de 2018) Concreto – ensaio de compressão de corpos de prova
cilíndricos. Os corpos de provas cilíndricos foram rompidos nas idades de 3, 7, 14 e 28
dias. Para os mesmos traços do ensaio de compressão foram confeccionados corpos de
prova cúbicos com dimensões 15cmX15cmX15cm para efetuar o ensaio de esclerometria
de reflexão.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 5


Figura 1- Confecção dos corpos de prova.

Para o ensaio de compressão, utilizou-se uma amostra de 12 corpos de prova cilíndricos


(3 amostras por idade), com 10cm de diâmetro e 20cm de altura, para cada traço. Os
corpos de prova foram mantidos permanentemente imersos em água saturada de cal até
o dia do seu rompimento, conforme apresentado na Figura 2. Os corpos de prova tiveram
suas seções transversais de extremidade retificadas (Figura 3) para então serem
ajustadas na prensa e serem rompidas conforme a ABNT NBR 5739:2007. Na Figura 4
são mostrados detalhes dos ensaios de compressão axial realizados.

Figura 2 - Amostras imersas em água saturada de cal.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 6


Figura 3 - Retífica para adequação das superfícies dos corpos de prova cilíndricos.

Figura 4 - Corpo de prova submetido ao ensaio de compressão simples.

Para execução dos corpos de prova cúbicos foram confeccionados moldes com as
dimensões supracitadas, conforme figura 5. As amostras foram submetidas ao ensaio de
esclerometria nas idades de 7, 14 e 28 dias e a partir dos dados obtidos no aparelho
Smitch verificou-se o índice escleromético para cada bloco, como mostra a Figura 6.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 7


Figura 5 - Molde utilizado para execução dos corpos de prova cúbicos.

Figura 6 - Ensaio de esclerometria no corpo de prova cúbico.

5 Resultados
Segundo a norma ABNT NBR 7584:2012, o esclerômetro deve ser aferido antes de sua
utilização ou a cada 300 impactos realizados na mesma inspeção. As verificações
periódicas do esclerômetro de reflexão são necessárias porque o tempo e o uso do
aparelho alteram as características das molas, produzindo desgastes e aumento do atrito
entre as partes deslizantes e móveis internas dele, e, pelo uso, pode também ocorrer
penetração de poeira no aparelho entre os anéis de vedação de feltro existentes na barra
de percussão. Desta aferição, resulta então, um coeficiente de correção do índice
esclerométrico, citado na norma ABNT NBR 7584:2012, que é obtido pela seguinte
equação:

Equação 1

Onde,
K é o coeficiente de correção do índice esclerométrico;
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 8
n é o número de impactos na bigorna de aço;
IEnom é o índice esclerométrico nominal do aparelho na bigorna de aço, fornecido pelo
fabricante, que é igual a 80;
IEi é o índice esclerométrico obtido em cada impacto do esclerômetro na bigorna de
aço.
Nas verificações realizadas para o esclerômetro utilizado nesta pesquisa, o IEi médio
foi igual a 75,05, resultando assim num K igual a 1,07. Com este coeficiente, os índices
esclerométricos médios obtidos anteriormente são corrigidos, e assim podem ser
correlacionados, utilizando-se o gráfico apresentado na Figura 7, com as resistências a
compressão dos corpos de prova cilíndricos.

Figura 7 - Curva de conversão de um cubo após 14-56 dias, esclerômetro original Schmidt N/NR (PROCEQ,
2016, p. 8)

A tabela 1 apresenta os dados obtidos nos ensaios de compressão, realizados para 6


traços distintos, em idades de 7, 14 e 28 dias. Os dados referentes a Fc na tabela
representam o valor médio em uma amostra de 3 corpos de prova para cada Fck
esperado.
Tabela 1 - Dados para obtenção da curva de correlação.

Dados para obtenção da curva de correlação entre Fc e IE


7 Dias 14 Dias 28 Dias
Fck (Mpa) IE IE IE
Fc (MPa) Fc (MPa) Fc (MPa)
Corrigido Corrigido Corrigido
15 15,79 18,23 18,15 18,88 19,39 20,25
20 18,79 20,38 21,74 22,03 23,30 22,31
25 36,20 28,99 39,43 31,78 38,41 33,45
35 36,52 23,12 37,34 26,27 38,35 27,21
30 42,22 29,63 34,63 29,89 42,34 33,10
80 63,57 44,10 65,43 44,13 73,44 44,88
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 9
Com os dados observados na Tabela 1 constata-se a boa correlação entre os resultados
de resistência à compressão obtidos através dos dois tipos de ensaios empregados nesta
pesquisa (ensaio de compressão simples e ensaio de esclerometria). Observa-se que os
ensaios de esclerometria oferecem, na maioria das vezes, resultados de resistência à
compressão inferiores aos resultados obtidos nos ensaios de compressão simples. Do
ponto de vista prático este fato é plausível, considerando que no concreto empregado na
estrutura incidem os efeitos da fluência e há um menor controle na execução em relação
aos corpos de prova cilíndricos, que são executados, curados e ensaiados de forma mais
criteriosa. No entanto, para esta pesquisa os dois tipos de corpos de prova (cilíndricos e
prismáticos) foram executados com os mesmos critérios e cuidados e mesmo assim
houve uma discrepância entre os valores de resistências obtidos entre os dois tipos de
ensaios realizados para a obtenção das resistências a compressão, evidenciando assim a
necessidade de estabelecimento de um índice de correção para correlacionar, de forma
eficiente e segura, os valores de resistência obtidos através dos ensaios de esclerometria
e compressão simples.
A Figura 8 apresenta os dados dos valores de resistência a compressão dos corpos de
prova cilíndricos, aos 7, 14 e 28 dias, sendo os mesmos relacionados aos índices
esclerométricos, corrigidos, para os corpos de prova cúbicos nas mesmas idades. A partir
destes dados, foi feita uma regressão não linear simples visando à escolha da curva que
melhor representasse a correlação entre a grandeza medida no ensaio não destrutivo de
esclerometria (IE) e os dados experimentais de resistência a compressão (Fc). O critério
para selecionar a curva que melhor se ajustasse aos dados experimentais teve por base o
coeficiente de determinação (R²). A curva que melhor representou a correlação Fc x IE,
para este estudo, foi a curva polinomial de 2ª ordem. Foi acrescenta ao gráfico, a curva de
correlação fornecida pelo fabricante do esclerômetro utilizado, para comparar
graficamente a mesma com a curva obtida na pesquisa.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 10


Figura 8 - Curva que Correlaciona Resistência a Compressão (Fc) de 7, 14 e 28 dias com o Índice
Esclerométrico (IE) para Concretos na Cidade de Formosa/GO e Curva do Fabricante do Equipamento para
14 – 56 dias.

A discrepância observada entre estas duas curvas, se dá pelas possíveis diferenças em


relação as condições as quais os concretos analisados se encontravam, além dos tipos
de materiais empregados na confecção dos mesmos. É importante ressaltar ainda que, a
curva fornecida pelo fabricante é válida para concretos com idades entre 14 e 56 dias,
enquanto que a curva de correlação obtida neste estudo, foi feita para concretos com
idade entre 7 e 28 dias, podendo assim, o fator idade influenciar também na discrepância
entre as curvas apresentadas.
Devido a diferença entre os resultados fornecidos pelo esclerômetro utilizado e os
resultados experimentais obtidos para os concretos analisados, justifica-se a necessidade
de um coeficiente de correção para utilização deste equipamento. Este fator de correção
proporcionará ao usuário valores mais confiáveis de Fc em relação ao IE. Para isso,
verificou-se inicialmente que mesmo com as discrepâncias existentes, as curvas têm
comportamento semelhante em relação as suas curvaturas. A Figura 9, apresenta uma
comparação gráfica entre as duas curvas.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 11


Figura 9 - Comparação Gráfica entre a Curva de Correlação Ajustada e a Curva do Fabricante do
Equipamento.

Para esta comparação as curvas foram estendidas até valores entre, aproximadamente,
10 MPa e 100 MPa, por meio de suas equações, numa planilha eletrônica. O valor do
coeficiente de correção do índice esclerométrico, que será chamado de KIE, foi obtido pela
relação entre as equações das curvas, conforme apresentado a seguir.

(Equação 2)

O coeficiente de correção do índice esclerométrico (KIE) deve ser empregado da seguinte


maneira:
a) executar o ensaio de esclerometria e obter o índice esclerométrico médio
corrigido (IE);
b) aplicar o valor do IE na Equação 2 e obter o valor do KIE;
c) com o IE, encontrar o valor de resistência a compressão do concreto pela
curva do fabricante (Fc 2);
d) por fim, multiplicar o valor de Fc 2 pelo coeficiente KIE, resultando assim na
resistência a compressão corrigida do concreto (Fc 1).

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 12


6 Conclusões
Esta pesquisa teve como objetivo contribuir para uma melhor aferição da técnica de
esclerometria por meio da curva de correlação obtida conjuntamente com o ensaio de
compressão axial na estimativa da resistência à compressão em concretos dosados com
materiais da região e assim verificar dispersões consideráveis que podem afetar a
precisão dos ensaios. No estudo se apresenta além da revisão bibliográfica, os resultados
do programa experimental que envolveu o estudo de seis tipos de concreto de
resistências à compressão de 15 MPa, 20 MPa, 25 MPa, 30 MPa, 35 MPa e 80 MPa, nos
quais foram realizados os ensaios de esclerometria, onde as grandezas foram
correlacionadas com a resistência a compressão obtidas nos ensaios de compressão
simples. Destaca-se que a equação pela qual se obtém o valor do KIE fica restrita aos
concretos utilizados na cidade de Formosa/GO, no que se refere as condições em que se
encontram estes concretos e aos tipos de materiais utilizados em sua confecção. Para
obtenção de resultados ainda mais confiáveis recomenda-se um estudo posterior com
uma maior quantidade de resultados experimentais, obtendo assim um banco de dados
suficientemente grande e representativo para aplicar o estudo em todo o estado de Goiás.

Através das atividades desenvolvidas no programa experimental e a análise dos


resultados obtidos podem ser destacadas as principais conclusões:
 Os ensaios não destrutivos devem ser considerados como ensaios adicionais no
controle tecnológico, eles não são indicados para serem utilizados como
substitutos, mas devem confirmar e atestar os resultados do ensaio de resistência
à compressão axial e auxiliar na validação do lote, pois o concreto da estrutura se
difere dos de corpos de prova, pois numa situação de maus procedimentos
executivos durante a concretagem, adensamento e cura, os resultados do controle
tecnológico poderiam estar equivocados e mascarando as condições reais do
concreto estrutural.
 Quanto ao método utilizado, no ensaio de esclerometria evidenciou-se maior
variabilidade dos resultados nas amostras de concreto de resistências superiores a
25Mpa. Notou-se resultados coerentes esperados para resistência à compressão,
visto que o aumento da resistência refletia nos ensaios de esclerometria nas
diferentes idades.
 As dispersões observadas neste estudo e em outros trabalhos evidenciam que
quando se deseja avaliar a resistência à compressão do concreto por meio de
ensaios não destrutivos, quanto maior for o conhecimento da composição do
concreto sob investigação, maior será a acurácia dos resultados obtidos,
implicando na utilização de curvas mais apropriadas.
 Da pesquisa apresentada pode-se concluir que dentre os ensaios não destrutivos,
a esclerometria pode ser utilizada na avaliação da resistência a compressão, e
para resultados mais próximos do real, indica-se que seja elaborada uma curva de

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 13


correlação com os materiais utilizados, principalmente nos concretos de maiores
resistências, pois estes apresentaram maior variabilidade em seus resultados.
 Para esse trabalho as correlações propostas foram muito satisfatórias, pois o ajuste
da curva teve valores de r² superiores a 0,9, demonstrando que as amostras
elaboradas submetidas aos testes de dureza superficial comprovam a eficiência do
método de esclerometria na estimativa da resistência à compressão do concreto.

7 Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a todos os profissionais que contribuíram direta ou


indiretamente para a realização deste estudo, bem como ao Instituto Federal de Goiás,
campus Formosa, em especial ao departamento de engenharia, que proporcionou os
equipamentos e materiais necessários para que essa pesquisa fosse realizada.

8 Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 5738, Concreto –


Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2003.
______NBR 5739, Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio
de Janeiro, 2007.
______NBR 7584, Concreto endurecido – Avaliação da dureza superficial pelo
esclerômetro de reflexão. Rio de Janeiro, 1995
American Concrete Institute ACI - 228 - 1R - 03, 2003, In place methods to estimate
concrete strenght, Detroit, 44 pp.
EVANGELISTA, A. C. J.. Avaliação da Resistência do Concreto usando Diferentes
Ensaios Não Destrutivos.. 219p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em
Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.
ISAIA G. C.. Sustentabilidade do Concreto ou das Estruturas de Concreto? Uma
Questão de Durabilidade. Congresso Brasileiro do Concreto, 44, arquivo V024, São
Paulo: SP, Brasil, 2002.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 14


MACHADO, M. Curvas de correlação para caracterizar concretos usados no Rio de
Janeiro por meio de ensaios não destrutivos. 294f. Dissertação (Mestrado emEngenharia
Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.

MALHOTRA, V. M.,1984, In Situ Nondestructive testing of concrete - A global review


Detroit.

NEVILLE, A. M, 1997, Propriedade do concreto 2º, Ed. Pini, Brasil.


PALACIOS, M. P. G. Emprego de Ensaios Não Destrutivos e de Extração de
Testemunhos na Avaliação da Resistência à Compressão do Concreto. [Distrito
Federal] 2012. xviii, 165p, 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Estruturas e Construção
Civil, 2012). Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de
Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 15

Você também pode gostar