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seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9610/98.

Dados internacionais de Catologação na Publicação (CIP)

Elaborada pela biblioteca do Centro de Informação e Documentação


Hélio Beltrão – IBP

I59i Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás


Inspeção de tanques de armazenamento [recurso
eletrônico] / Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás;
coordenado por Luiz Antônio Moschini de Souza. Rio de
Janeiro: IBP, 2020.
33 p.: il. color. – (Guias de inspeção, 9)
Formato: e-book em PDF.
Modo de acesso: www.ibp.org.br/biblioteca
ISBN 978-65-88039-02-1
1. Tanques. 2. Equipamentos Industriais – Inspeção. 3.
Indústria Petrolífera. I. Moschini, Luiz Antônio. II. Título

CDD 665.542

www.ibp.org.br

IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás


Avenida Almirante Barroso, 52 - 21º e 26º andares –
Centro
Rio de Janeiro-RJ – CEP: 20031-918
Tel.: (+55 21) 2112-9000
Apresentação
Este Guia foi produzido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás
(IBP), com o objetivo de apresentar subsídios básicos para implemen-
tação de Planos de Inspeção em Tanques de Armazenamento.
Buscou-se incluir a experiência e as melhores práticas trazidas por
renomados profissionais que atuam nesta área de conhecimento que
foram organizadas, analisadas e formatadas para apresentação pelo
engenheiro Luiz Antônio Moschini de Souza (Coordenador Técnico
deste Guia).
Este Guia é aplicável para tanques para armazenamento de hi-
drocarbonetos em serviço, instalados na superfície e localizados em
plantas ou terminais da indústria do petróleo e gás, mas podendo ser
também empregado para tanques similares e em outras indústrias
com equipamentos correlatos. Estes tanques geralmente são constru-
ídos e projetados pelos códigos API 620 e API 650.
O público-alvo deste Guia são técnicos, estudantes de graduação e
pós-graduação, engenheiros e pesquisadores que atuam ou que pre-
tendem atuar na área de Inspeção de Equipamentos.
Lisandro Gaertner
Gerente de Comissões e Gestão do Conhecimento – IBP
Roberto Odilon Horta
Gerente de Certificação - IBP
AGRADECIMENTOS
O IBP agradece às pessoas que contribuíram para a elaboração deste
Guia, assim como às empresas que permitiram que suas melhores práti-
cas fossem condensadas e apresentadas nesta obra. Destacamos o em-
penho e dedicação dos profissionais integrantes dos Grupos Regionais
de Inspeção (GRINSPs) e da Comissão de Inspeção de Equipamentos
(ComInsp), que partilharam textos, experiências e boas práticas para
produção desta edição, bem como o pioneirismo daqueles que contri-
buíram para o lançamento da primeira edição da obra, em 1972.

COMISSÃO DE INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS (COMINSP)

• Heloisa Furtado (Coordenadora) • Júlio Endress Ramos


• Alexandre Cobo • M. A. Silveira
• André da Silva Pelliccione • Marcelo Schultz
• André Freitas Ribeiro • Pablo Bartholo
• André Louro • Raphaella Medeiros
• Arnoldo Fagundes • Ricardo de Oliveira Carneval
• Carlos André Tavares de Moura • Ricardo Pereira Guimarães
• Celio Santos • Ricardo Salles
• Deyson Rothen • Roberto Funger
• Guilherme Miscow • Romeo Ricardo da Silva
• Hamilton Nery • Teofilo Antônio de Souza
• J. L. R. Galvão • Thiago Avelar
• J. S. Corte • Thiago Venâncio
• João Castilho • Tito Fernando da Silveira
• João T. Leão • Walker Monteiro
• Joaquim Smiderle Cortes • Wallace Silva Carmona
COORDENAÇÃO E REVISÃO TÉCNICA
• Luiz Antonio Moschini de Souza

REVISÃO GERAL
• Roberto Odilon Horta
• Lisandro Gaertner

PROFISSIONAIS RESPONSÁVEIS PELA PRIMEIRA EDIÇÃO:


• Aldo Cordeiro Dutra (Coordenador)
• Albary E. Peniche
• Almir Fucs
• Djalma Bezerra
• Fernando Servos da Cruz
• Guilherme Coelho Catramby
• Hans Westphalen
• Haroldo Garrastazu Fernandes
• J. E. Amaral Sampaio
• José Barbato
• Mário Duque Estrada
• Maurício Latgé
• Ney Vieira Nunes

Rio de Janeiro, setembro de 2020


Luiz Antônio Moschini de Souza
Coordenador Técnico
prefácio
Os Guias de Inspeção de Equipamentos emitidos pelo Instituto Bra-
sileiro de Petróleo e Gás (IBP) têm por objetivo orientar a realização
de inspeções em equipamentos da indústria do petróleo, petroquími-
ca e química, podendo ser utilizados por outros tipos de indústrias
que possuam equipamentos similares.
Os Guias contêm informações práticas sobre tipos de equipamentos
usuais, mecanismos de danos que podem afetá-los, técnicas de inspe-
ção usuais, aspectos de segurança individual do inspetor e aspectos
da responsabilidade sobre a inspeção.
Os Guias de Inspeção elaborados pelo IBP, sob supervisão e orien-
tação de profissional especializado, sintetizam as melhores práticas e
experiência acumulada por profissionais de notório saber na Área de
Inspeção de Equipamentos em operação.
Estes profissionais compõem a Comissão de Inspeção de Equipamen-
tos e respectivas Subcomissões Regionais de Inspeção de Equipamentos
(conhecidos como GRINSP), que voluntariamente decidiram colaborar
com esta obra. Estas informações podem conter referências a padrões
e normas de aplicação internacional cujas referências e autorias e di-
reitos estão transcritas no capítulo “Documentos de Referência”.
As informações contidas nos Guias são práticas recomendadas, e
não constituem regulamentações, padrões ou códigos mandatórios,
sendo a aceitação e aplicação de responsabilidade exclusiva dos pro-
fissionais envolvidos nas inspeções.
Luiz Antônio Moschini de Souza
Coordenador Técnico
Sumário

1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2 Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 Documentos de Referência . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

4 Nomenclatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Principais Tipos de Tanque. . . . . . . . . . . . . . . . 14

Tanques de Teto Fixo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Tanques de Teto Flutuante. . . . . . . . . . . . . . 15

5 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

6 Justificativas para Efetuar Inspeções de Tanques . . . 16

7 Plano para Inspeção de Tanques de Armazenamento . . 17

Informações Necessárias. . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

8 Preparativos para Inspeção de Tanques . . . . . . . . . 19

Normas de Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Condicionamento do Tanque para Inspeção. . . . . 20

9 Instrumentos e Ferramentas para Inspeção . . . . . . . . 20

Instrumental de Rotina . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Instrumental Especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Equipamentos Auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

10 Principais Causas de Falhas em Tanques


de Armazenamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

11 Principais Mecanismos de Deterioração de Tanques . . 21

12 Principais Métodos de Inspeção em Tanques . . . . . 26

Inspeção Visual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Inspeção com Martelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Inspeção com Líquido Penetrante . . . . . . . . . . . 28

Inspeção com Partículas Magnéticas. . . . . . . . . . 29

Inspeção com Ultrassom . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Inspeção com Radiografia . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Inspeção com ACFM (Alternative Current Field


Measurement) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Ensaios de Perda de Fluxo Magnético (MFL e LFET). . 29

Inspeção com Emissão Acústica. . . . . . . . . . . . . 30

Teste de Estanqueidade e Resistência. . . . . . . . . 30

Testes para Verificação de Recalque. . . . . . . . . . 30

13 Cálculo de Vida Residual . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

14 Frequência e Programação de Inspeção de Tanques . 31

15 Reparos em Tanques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

16 Registros e Relatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Nomenclatura utilizada para tanques de teto fixo . 12

Figura 2 – Nomenclatura para tetos flutuantes . . . . . . . . . 12

Figura 3 – Nomenclatura dos componentes da base do tanque . 13

Figura 4 – Teto flutuante com flutuador . . . . . . . . . . . . . 13

Figura 5 – Teto flutuante com chapas duplas – double deck . . 14

Figura 6 – Detalhe de corrosão atmosférica em degrau


para acesso ao teto de tanque . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Figura 7- Acúmulo de água pluvial sobre o teto flutuante de


um tanque de armazenamento . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Figura 8 – Deterioração severa da pintura do teto de um tanque


por corrosão atmosférica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Figura 9 – Detalhe do dreno articulado de um tanque de


teto flutuante, mostrando os cabos para ligação elétrica
nas juntas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1 Objetivo

Apresentar informações para nortear a elaboração de planos para


inspeção de tanques de Armazenamento de Petróleo e Derivados,
usando como referência a norma API 653.

2 Aplicação
Aplicável para tanques para armazenamento de hidrocarbonetos
em serviço, instalados na superfície e localizados em plantas ou ter-
minais da Indústria do Petróleo e Gás. Estes tanques geralmente são
construídos e projetados pelos códigos API 620 e API 650.

3 Documentos de Referência
99Normas API 650, 653, 353, 580, 650, 579, 575, 581, 620;
99Normas ASTM D 86, D 610, D 659, D 661 e D 714;
99API RP 651;
99NACE RP 01-93;
99ABNT NBR NM ISO 9712;
99Apostila de Tanques de Armazenamento do professor Stenio Mon-
teiro de Barros;
99Guia de Tanques de Almacenamiento – ARPEL.

4 Nomenclatura
A seguir detalhamos a nomenclatura utilizada para elaboração des-
te Guia.

11
Figura 1 – Nomenclatura utilizada para tanques de teto fixo
(fonte: apostila do Professor Stenio Monteiro de Barros).

Figura 2 – Nomenclatura para tetos flutuantes


(fonte: apostila do Professor Stenio Monteiro de Barros).

12
Figura 3 – Nomenclatura dos componentes da base do tanque
(fonte: apostila do Professor Stenio Monteiro de Barros).

Figura 4 – Teto flutuante com flutuador


(fonte: apostila do Professor Stenio Monteiro de Barros).

13
Figura 5 – Teto flutuante com chapas duplas – double deck
(fonte: apostila do Professor Stenio Monteiro de Barros).

4.1 Principais Tipos de Tanques


Para fins didáticos os tanques de armazenamento são classificados,
conforme o aspecto construtivo do seu teto. A classificação mais usual
no Brasil é:
99Tanques de teto fixo.
99Tanques de teto móvel.
99Tanques de teto com diafragma flexível para expansão.
99Tanques de teto flutuante.
Nas instalações brasileiras são mais frequentes os tanques de teto
fixo e tanques de teto flutuante.

4.1.1 Tanques de Teto Fixo


Tanques onde o teto está fixado diretamente às chapas do costado.
Quando os tetos do tanque não possuem colunas de sustentação deno-
mina-se o teto como autoportante. Caso contrário, são denominados
de suportados. A geometria mais comum para tetos de tanque fixo é
a cônica, embora existam tetos curvos (semiesféricos) e na forma de
gomos.

14
4.1.2 Tanques de Teto Flutuante
São tanques onde o teto flutua sobre o líquido armazenado. São
utilizados com o propósito de reduzir perdas por evaporação. Estes
tanques exigem algum tipo de selagem para o espaço anular entre
teto e costado. Conforme o aspecto construtivo adotado para o teto,
podem ser subdivididos em Tanques com Teto flutuante simples, com
flutuadores ou com dupla chapa.

5 Definições
ACFM – Técnica utilizada para detecção de descontinuidades superfi-
ciais baseada em medição de campo magnético de fuga.
Ancoragem – Sistema utilizado para fixação do tanque à sua base.
Anéis – Segmentos metálicos concêntricos que quando unidos formam
o costado do tanque.
Anodo de Sacrifício – Massa metálica utilizada para proteger estru-
turas metálicas enterradas ou submersas. O anodo se consome prefe-
rencialmente ao metal que protege.
Boca de Visita – Orifício flangeado para acesso de pessoas ao interior
do tanque ou do teto flutuante.
Calcinação – Também denominado como empoamento. É a degrada-
ção superficial das camadas de pintura provocada pela ação de raios
ultravioleta.
Condições de Operação –Parâmetros usuais que governam a operação
do tanque. São exemplos destes parâmetros o fluido armazenado,
temperatura, nível de líquido, etc.
Corrente Impressa – Sistema de proteção catódica que utiliza a in-
jeção de corrente elétrica para proteção de determinadas partes do
tanque.
Costado ou Casco – Componente vertical do tanque que contém o
fluido armazenado. Anéis concêntricos de aço unidos entre si que con-
têm o fluido armazenado pelo tanque e sustenta o teto.
Cupom de Corrosão – Placa de aço com dimensões e massa conhecida
que é exposta a um meio corrosivo para determinar a taxa de corrosão.
Deterioração – É a alteração das propriedades de um material ou
componente com consequente comprometimento de sua habilidade
em cumprir determinada função.

15
END – Ensaio Não Destrutivo.
Falha – Quando um equipamento ou componente perde a aptidão para
executar uma função.
Fundo – Parte inferior plana do tanque que separa o fluido armaze-
nado do solo.
IBR (RBI) – Inspeção baseada no risco. Metodologia para gerenciamen-
to de inspeção que utiliza o risco de ocorrer acidentes como parâme-
tro para seleção e priorização das inspeções.
Inspeção Externa – Inspeção realizada nas partes acessíveis com o
tanque usualmente em operação.
Inspeção Interna ou Geral – Inspeção de todas as partes e componen-
tes acessíveis do tanque.
MFL – Técnica de Inspeção baseada na dispersão de fluxo magnético.
Pitting – Perda localizada de espessura onde o diâmetro da cavidade
é muito menor que sua profundidade.
Proteção Catódica – Método de proteção contra a corrosão de partes
do tanque fazendo com que estas se transformem em catodo de uma
célula eletroquímica.
Reparo – Atividade que restabelece as condições do tanque às condi-
ções originais de projeto.
Taxa de Corrosão – Perda de metal em um determinado período de
tempo.
Teste Hidrostático – Ensaio que utiliza a pressão hidrostática de uma
coluna de líquido para aplicar uma solicitação de pressão num tanque.
Teto Flutuante – Tipo de teto que flutua no líquido armazenado.
Vida Residual – Período de tempo contado a partir do momento onde
é efetuado o cálculo até o final de vida do equipamento ou parte dele.

6 Justificativas para Efetuar a


Inspeção de Tanques
As principais razões para que se realize a inspeção de tanques de
armazenamento são:
99Preservar a segurança das instalações, dos trabalhadores e da po-
pulação e o meio ambiente.

16
99Verificar se ocorre algum tipo de deterioração ou avaria, qual a
sua extensão e até que ponto pode afetar a integridade do equi-
pamento.
99Certificar-se que o tanque opera dentro das condições de seguran-
ça estabelecidas no projeto.
99Garantir a continuidade da operação com o menor número possí-
vel de paradas imprevistas.
99Evitar as perdas decorrentes de uma parada de emergência de ou-
tras unidades de processo, em consequência de parada inesperada
do tanque – tais perdas podem ser altas.
99Reduzir os custos de manutenção e de operação.
99Manter o rendimento da unidade.

7 Plano de Inspeção para Tanques de


Armazenamento
Um bom plano de inspeção de tanques deve sempre combinar bons
conhecimentos de engenharia com o conhecimento do histórico ope-
racional e de inspeção do equipamento.
Um plano de inspeção bem desenvolvido permite reduzir a proba-
bilidade de falhas, aumentar a confiabilidade operacional e reduzir
o risco associado às operações. Geralmente quanto mais intenso o
investimento em inspeção maior será a probabilidade de detecção de
falhas.
Geralmente o que se espera de um plano de inspeção de tanques é
a detecção e identificação de danos, determinação da intensidade do
desgaste e, consequentemente, da vida residual e previsão de neces-
sidades de reparo e modificações.
Os planos de inspeção de tanques englobam duas situações dis-
tintas: intervenções com o tanque fora de serviço, limpo e liberado
para inspeção e intervenções com o tanque em operação.
De forma geral o plano de inspeção deve seguir alguns princípios
básicos detalhados a seguir:
a) Deve ser elaborado e mantido pelo proprietário do tanque um
programa de inspeção documentado, detalhado e individual para
cada equipamento, levando-se em conta diferenças de concep-
ção, idade, condições de operação e outras particularidades. Este
programa deve ser continuamente revisado e atualizado, levando
em consideração novas observações e experiências.

17
b) Registros históricos de cada inspeção devem ser mantidos docu-
mentados para futura referência. Estes registros devem ser inde-
léveis e rastreáveis.
c) As inspeções devem ser executadas por profissional qualificado e
habilitado, podendo ser pessoal próprio ou contratado.
d) Por ocasião das inspeções, quaisquer anomalias já conhecidas
pelo proprietário devem ser reportadas ao profissional responsá-
vel para os trabalhos.
e) Todas as especificações, critérios e padrões gerais de aceitação
que possam vir a ser necessários (p. ex. descrição dos materiais,
espessura mínima, valores de ajuste de válvulas de segurança
e alívio, parâmetros do teste hidrostático, etc.), devem estar
prontamente disponíveis nestas ocasiões, evitando dúvidas e
equívocos.
f) As inspeções devem ser constituídas de exame interno, exame
externo e testes complementares. Cada uma destas etapas é des-
crita neste guia de forma resumida, como orientação apenas.
Cabe ao profissional responsável utilizar sua experiência e conhe-
cimento para determinar a extensão, abrangência e detalhamen-
to das verificações e ensaios a serem aplicados. É necessário que
sejam gerados relatórios escritos conclusivos sobre os exames re-
alizados e recomendações deles resultantes.
g) O profissional responsável deverá certificar-se de que todos os
reparos e modificações advindas das inspeções sejam executados
em conformidade com as normas e códigos de projeto e constru-
ção do tanque, conforme estabelecido pela legislação vigente.

7.1 Informações Necessárias


Antes da elaboração de um plano de inspeção para tanques de
armazenamento deve ser verificado se estão disponíveis as seguintes
informações:
a) Registro das últimas inspeções realizadas no tanque onde são es-
tabelecidas as técnicas e métodos de inspeção aplicados e possí-
veis mecanismo de deterioração, defeitos ou reparos.
b) Registro das Recomendações de Inspeção e verificação da respec-
tiva situação de execução.

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c) Consulta aos registros operacionais onde podem ser obtidas in-
formações sobre pressão anormal, vibrações, contaminação de
fluidos, vazamentos, etc.
d) Verificação das datas em que o tanque esteve operando e os perí-
odos em que esteve fora de operação.
e) Quando aplicável, análise de ciclos de enchimento e esvaziamen-
to e análise de ciclos térmicos.
O plano de inspeção para tanques de armazenamento deve ser re-
visto sempre que ocorrer, mudança de fluido armazenado, alteração
nas condições de operação, quando detectado mecanismo grave de
deterioração e no final da vida útil.

8 Preparativos para Inspeção de


Tanques
8.1 Normas de Segurança
Antes de entrar no tanque, deverão ser observadas todas as medi-
das necessárias à segurança do pessoal que tiver de trabalhar em seu
interior. As medidas estabelecidas pela NR-33 Norma regulamentado-
ra para trabalho em espaço confinado são obrigatórias e devem ser
rigorosamente obedecidas, não se admitindo exceções.
Adicionalmente, cada empresa tem suas próprias exigências de se-
gurança que deverão ser seguidas. A seguir listamos algumas ações
que deverão ser previamente verificadas:
99após o completo esvaziamento do tanque, todas as tubulações a
ele conectadas devem ser bloqueadas com flange cego;
99a temperatura interna deverá estar arrefecida até um nível que seja
perfeitamente suportável pelo homem (segundo a NR-15 – Trabalho
em Ambientes Insalubres – índices de bulbo úmido e bulbo seco);
99deve ser provida ventilação e iluminação adequada aos trabalhos
que serão executados;
99se for necessário acessar o teto do tanque procurar informações
sobre a integridade das chapas do teto. Para o caso de tetos flu-
tuantes deve ser tomado cuidado especial quanto a presença de
vapores sobre o teto;
99a disponibilidade de equipamentos de proteção individual (EPI),
tais como: roupa apropriada, óculos de segurança, capacete, etc.

19
8.2 Condicionamento do Tanque para Inspeção
Para que seja possível realizar uma inspeção geral de um tanque é
necessária uma preparação que consiste no seu esvaziamento, aber-
tura de todas as portas de limpeza, limpeza interna para remoção de
depósitos e incrustações, a fim de que se possa observar minuciosa-
mente o estado das superfícies metálicas e demais componentes.
É importante, porém, que o inspetor examine o interior do tanque
antes da remoção dos depósitos, porque sua forma e sua composição
muito podem dizer das condições de operação bem como de deterio-
ração, levando a medidas preventivas. Em determinadas ocasiões é
interessante colher amostras dos depósitos para análise química.
A limpeza mecânica e preparação das superfícies para inspeção e
ensaios deve ser feita pelos meios adequados e com máximo cuidado,
a fim de se evitar a abrasão excessiva dos componentes do tanque
e consequentes perdas de espessura. O jato de areia está proibido,
devendo-se utilizar de jato d’água (hidrojato de alta pressão).

9 Instrumentos e Ferramentas para


Inspeção
Os instrumentos e ferramentas necessárias à execução dos traba-
lhos de inspeção de tanques são os seguintes:

9.1 Instrumental de Rotina


99espelho de cabo flexível;
99calibres mecânicos internos e externos;
99martelos de bola e picador;
99lupa;
99imã;
99micrômetros de inspetor (inspector’s gage) e de profundidade;
99paquímetro.

9.2 Instrumental Especial


99telelupa (endoscópio)
99aparelho ultrassônico para determinação de espessura e ou falhas;
99ensaios pela exsudação de líquidos penetrantes;
99teodolito;
99medidores de películas de incrustação.

20
9.3 Equipamentos Auxiliares
99máquina fotográfica;
99lanternas;
99escovas de aço;
99raspadores;
99estiletes;
99sacos plásticos para coleta de amostras;
99papel de tornassol;
99trena.

10 Principais Causas de Falhas em


Tanques de Armazenamento
As causas de falhas em tanques dependem substancialmente de sua
localização, das condições e parâmetros operacionais e das condições
de projeto.
As principais causas para falhas de tanques de acordo com a biblio-
grafia consultada são, em ordem decrescente de ocorrência:
99Descargas atmosféricas.
99Reparos de Manutenção “a quente”.
99Falhas operacionais.
99Funcionamento irregular de sistemas.
99Sabotagem.
99Trincas ou rupturas de componentes do tanque.
99Eletricidade estática.
99Desastres naturais.
99Reações internas.

11 Principais Mecanismos de
Deterioração de Tanques
São muitos os mecanismos de deterioração que podem atuar num
tanque de armazenamento. Os mecanismos irão depender das condi-
ções atmosféricas a que fica exposto, das condições operacionais do
tanque, dos materiais de construção e dados de projeto do tanque.
Os mecanismos de Deterioração usuais em tanques de armazena-
mento são:
99Corrosão atmosférica nas partes externas.
99Corrosão interna pelo contato com o fluido armazenado.

21
99Corrosão dos componentes do teto por vapores do fluido.
99Corrosão do fundo e primeiro anel pela presença de água decan-
tada.
99Erosão, abrasão e erosão corrosão.
99Fadiga de material.
99Fratura frágil a baixa temperatura.
A tabela 1 detalha os principais mecanismos de corrosão que po-
dem acontecer em Tanques de Armazenamento:

Tabela 1 – Mecanismos de Deterioração em Tanques de Armazenamento

Mecanismo de
Tipo de Dano Descrição
Deterioração

Corrosão atmos- Perda uniforme de É um processo de corrosão eletroquímico onde o


férica espessura eletrólito é a fina camada de umidade sobre a superfície.
A severidade depende do tempo em que a superfície fica
umedecida e de contaminantes dispersos na atmosfera.
É o processo mais comum em tanque e geralmente
atinge o costado e teto. Em tanques de teto flutuante,
onde a declividade do teto é pequena, fato que favorece
o acúmulo de água pluvial a corrosão externa do teto
pode ser acentuada.

Corrosão pelo solo Perda uniforme de Ocorre preferencialmente na parte inferior das chapas
espessura do fundo. O solo contendo seus diferentes constituintes
e umidade é o eletrólito. A velocidade de corrosão de-
pende da quantidade de umidade e oxigênio e da pre-
sença de micro-organismos.

Desgaste abrasivo Perda uniforme de Desgaste resultante do atrito entre dois materiais sóli-
espessura dos. Geralmente ocorre em tanques de teto flutuante
na região onde o teto flutuante entra em contato com
as chapas do costado. O desgaste é mais intenso quando
o interior do costado não é pintado.

Corrosão galvânica Perda localizada de Ocorre quando dois materiais distintos estão eletrica-
espessura mente conectados na presença de um eletrólito. O ma-
terial mais anódico se consome, protegendo o material
catódico. Esse tipo de corrosão pode acontecer próximo
ao borne de conexão do aterramento elétrico.

Desgaste erosivo Perda uniforme de Desgaste que ocorre por impingimento de um líquido ou
espessura de um sólido (areia). Ocorre em tanques próximo a área
costeira ou próximo a conexões do tanque.

Corrosão pela ação Perda uniforme de Caso o tanque não tenha pintura interna ou a mesma
do produto armaze- espessura esteja deteriorada pode ocorrer corrosão na superfície
nado interna. Este tipo de corrosão é mais intensa nas chapas
do fundo em função da presença de água salgada no las-
tro. Também pode ocorrer severo desgaste das chapas
do teto quando o tanque contém produtos intermediári-
os com elevada concentração de contaminantes (os mais
frequentes são compostos de enxofre).

continuação

22
Tabela 1 – Mecanismos de Deterioração em Tanques de Armazenamento (continuação)
Mecanismo de
Tipo do Dano Descrição
Deterioração
Corrosão Perda localizada de Ocorre quando a corrosão é provocada por ação direta
microbiológica espessura ou indireta de micro-organismos. Na maioria dos casos
os micro-organismos modificam o pH do eletrólito ou
produzem frestas (tubérculos) que geram corrosão por
aeração/concentração diferencial. Este tipo de corrosão
é mais frequente no fundo do tanque em regiões em
contato com o solo ou com a água decantada.

Corrosão sob isola- Perda localizada de Esse tipo de corrosão ocorre quando a água penetra por
mento térmico espessura falhas do isolamento térmico e atinge a chapa metálica
do tanque. A água proveniente de chuva ou umidade
atmosférica condensada carrega sais dispersos que vão
se acumulando e aumentando a concentração à medida
que a umidade evapora. Também pode ocorrer por dis-
solução de contaminantes (p. ex. cloretos) contidos no
material do isolamento térmico. Este tipo de corrosão
acontece preferencialmente quando a faixa de tem-
peraturas oscila entre 15 e 80 ºC. Quando a chapa do
tanque for de inoxidável austenítico esta corrosão pode
se manifestar na forma de trincas.
Corrosão seletiva Perda localizada de Tipo de corrosão eletroquímica onde um dos elementos
espessura que compõem uma liga se deteriora preferencialmente.
A dezincificação em latões é um caso típico deste pro-
cesso que não é frequente em tanques.
Corrosão por corren- Perda localizada de Corrosão que geralmente ocorre nas chapas do fundo de
tes de fuga espessura um tanque quando existe na proximidade fontes de cor-
rente elétrica contínua (proteção catódica, máquinas de
solda, trens eletrificados). O desgaste ocorre nos pontos
onde a corrente abandona o tanque.
Corrosão por aera- Perda localizada de Este tipo de corrosão geralmente está associado a fres-
ção e concentração espessura tas. As frestas podem ser originárias de projeto (sobre-
diferencial posição de chapas, arruelas, juntas, etc.) ou pode ser
provocada por depósitos, tubérculos, etc.
Em tanques é muito comum aparecer este tipo de cor-
rosão na região das chapas do fundo que tocam o solo.
Corrosão por pitting Perda localizada de Trata-se de um processo de deterioração altamente lo-
espessura calizado. Este tipo de corrosão é mais frequente quando
o material é aço inoxidável.
Fragilização por hi- Alteração metalúr- É um processo pouco comum em tanques, pois ocorre a
drogênio gica temperaturas altas. Neste processo o hidrogênio com-
bina com o carbono do material provocando perda de
resistência e de ductilidade.
Empolamento por Bolhas Neste fenômeno o Hidrogênio nascente penetra no ma-
hidrogênio terial e combina-se em determinadas partes internas
resultando em H2. Este processo aumenta a pressão in-
terna e provoca deformação do material.
Ataque a alta tem- São mecanismos do tipo oxidação, sulfetação e fluência
peratura que geralmente não ocorrem em tanques.
continuação

23
Tabela 1 – Mecanismos de Deterioração em Tanques de Armazenamento (continuação)

Mecanismo de
Tipo do Dano Descrição
Deterioração

Fadiga Trincas Este tipo ocorre quando o material fica submetido a ci-
clos de tensão. Geralmente a ruptura ocorre após um
determinado número de ciclos em tensões inferiores ao
limite elástico e sem prévio aviso. Este fenômeno parte
da superfície do material em regiões onde exista pontos
de concentração de tensão.
Fratura frágil a baixa É um fenômeno catastrófico, pois a propagação é muito
temperatura rápida. Ocorre quando o material é tensionado abaixo
de sua temperatura crítica (para aços-carbono aproxi-
madamente 20 ºC). A maior parte destas fraturas se
propaga através dos grãos do material (transgranulares).
Em tanque o processo pode ocorrer durante testes hi-
drostáticos com temperatura ambiente baixa.

Corrosão Sob Tensão Não é um fenômeno comum em tanques. Geralmente


(CST) ocorre acima de 60 ºC. Para os materiais utilizados em
tanques os meios que provocam este tipo de deteriora-
ção são cloretos e soda cáustica.

Figura 6 – Detalhe de corrosão atmosférica em degrau para acesso ao teto de tanque.

24
Figura 7- Acúmulo de água pluvial sobre o teto flutuante de um tanque de armazenamento.

Figura 8 – Deterioração severa da pintura do teto de um tanque por corrosão atmosférica.

25
Figura 9 – Detalhe do dreno articulado de um tanque de teto flutuante, mostrando os cabos
para ligação elétrica nas juntas.

12 Principais Métodos de Inspeção em


Tanques
Existem várias técnicas e métodos de inspeção em tanques. Cada
qual apresenta uma série de vantagens e desvantagens. A seguir des-
crevemos de forma resumida os principais métodos de Inspeção que
são aplicáveis a tanques:

12.1 Inspeção Visual


É o método mais utilizado para inspeção de tanques. Pode ser re-
alizado com o tanque fora de operação ou em serviço. O método
consiste na verificação detalhada de toda superfície do tanque e de
seus sistemas auxiliares. A realização desta inspeção com o tanque
em operação permite a detecção de furos e vazamentos.
Para que esta inspeção seja efetiva o Inspetor deve ser capacitado
e seguir à risca o procedimento de inspeção. É um método importan-
tíssimo para identificação de mecanismos de deterioração e de danos.
As tabelas 2 e 3, a seguir, resume os sistemas e partes que devem
ser inspecionados visualmente detalhando as regiões onde deteriora-
ção e falhas são mais frequentes.

26
Tabela 2 – Inspeção Visual Externa de Tanques de Armazenamento

Parte ou Sistema O que Observar

Isolamento térmico Buscar por pontos com falhas que permitam a entra-
da de umidade. Juntas, anéis de contraventamento
e partes próximas a conexões são propícias a falhas.
Caso o tanque fique muito tempo fora de operação
todo o isolamento deve ser removido, pois nestas
condições a corrosão pode ser intensa. Para tanques
de baixa pressão recomenda-se retirar partes do isol-
amento para verificação das condições da chaparia.
Pintura As principais falhas observadas são: bolhas, calcina-
ção ou empoamento, abrasão e erosão, fendas e pon-
tos de corrosão.
Proteção catódica Se o tanque estiver provido de Proteção catódica o
potencial deve ser medido e as instalações específi-
cas verificadas.
Aterramento elétrico Pode-se usar o martelo para verificar a integridade da
conexão que costuma apresentar problemas de dete-
rioração. O cabo deve ser desligado e então deve ser
medida a resistência de aterramento.
Escadas e plataformas de acesso Verificar quanto a deterioração de pintura e corrosão.
Atenção aos pontos de fixação. Pontos baixos onde a
água possa se acumular devem ser furados.
Válvulas de pressão e vácuo e válvulas Verificar possíveis deteriorações atmosféricas e a ob-
de alívio strução de orifícios por ninhos de pássaros e abelhas.
Base do tanque Esta região deve ser verificada com atenção. O es-
tado das ancoragens, aparecimento de fendas entre
as chapas do fundo e a base e deterioração da berma
são problemas frequentes. Atentar também para in-
dícios de recalque.
Inspeção do costado Verificar visualmente as chapas do costado com rela-
ção a presença de falhas na pintura, indícios de cor-
rosão e possíveis abaulamentos. Para tanques com anel
de contraventamento verificar a desobstrução dos fu-
ros de drenagem e eventuais processos corrosivos
Inspeção do teto Executar rigorosa inspeção visual acompanhada de
medições de espessura. Tanques de armazenamento
de produtos intermediários podem apresentar severa
corrosão nas chapas do teto. Tetos flutuantes po-
dem apresentar problemas de obstrução de drenos,
acúmulo de água pluvial e corrosão severa.
Bacia de contenção Verificar a integridade dos diques, sistemas de drena-
gem. Verificar indício de vazamentos e a integridade
de canaletas
Bocais e conexões do teto e costado Procurar por eventuais vazamentos ou corrosão exter-
na. Verificar a possibilidade de formação de compos-
tos cristalizados a partir do vazamento e condensação
de vapores do produto armazenado.

27
Tabela 3 – Inspeção Visual Interna de Tanques

Parte ou Sistema O que Observar

Análise de depósitos Logo após a abertura do tanque e antes da limpeza interna


o inspetor deverá analisar a quantidade, localização e tipo
de depósitos encontrados. Se necessário colher amostra
para análise.

Componentes internos Misturadores, serpentinas, agitadores, drenos articulados


e outros acessórios internos devem ser verificados quanto
ao correto posicionamento e funcionamento. Em alguns
casos será necessário removê-los para que se possa fazer
a inspeção.

Costado A pintura quando existente, chapas e cordões de solda de-


vem ser verificados. Observar a presença de abaulamentos
e deformações.

Fundo As chapas do fundo devem ser verificadas com relação


à integridade da pintura, quando existente. As chapas
e cordões de solda devem ser verificadas com relação a
eventual deterioração. Possíveis deformações devem ser
analisadas.

Teto No caso de tetos fixos verificar a integridade da estrutura


de suportação e as chapas com relação a possíveis dete-
riorações. No caso de tetos flutuantes deve ser verificado
o estado da selagem, do dreno articulado ou mangueiras
de drenagem, pernas de apoio e os compartimentos es-
tanques.

12.2 Inspeção com Martelo


A utilização de martelo é extremamente útil na inspeção de tan-
ques, mas depende bastante da destreza do inspetor. Observando a
resposta sonora o inspetor pode deter áreas deterioradas ou com de-
pósitos. Observando a movimentação de diferentes partes o inspetor
poderá detectar partes soltas ou incorretamente fixadas. A inspeção
com martelo é sempre um complemento da inspeção visual.

12.3 Inspeção com Líquido Penetrante


Normalmente utilizado em cordões de solda, acompanhamento de
reparos ou regiões onde se suspeita existirem trincas. A Técnica de-
tecta trincas e defeitos que afloram à superfície. Exige limpeza cui-
dadosa e remoção de pintura.
O método utiliza a capacidade de penetração de alguns líquidos em
fissuras e trincas minúsculas.

28
12.4 Inspeção com Partículas Magnéticas
Técnica de ensaio não destrutivo que utiliza o acúmulo de partí-
culas ferromagnéticas em regiões onde ocorre distorções do campo
magnético. As distorções normalmente ocorrem onde há descontinui-
dades e defeitos abertos para a superfície.
O campo magnético é aplicado por aparelhos conhecidos como io-
ques. As partículas magnéticas podem ser coloridas ou fluorescentes.
Este ensaio é utilizado geralmente para a inspeção de cordões de
solda e com objetivo de detectar defeitos, particularmente trincas ou
outros defeitos alongados.

12.5 Inspeção com Ultrassom


O ensaio ultrassônico pode ser utilizado com dois propósitos. Para
medir a espessura das chapas do tanque ou para detectar defeitos nas
chapas ou cordões de solda.
Este ensaio se baseia no princípio da reflexão de ondas ultrassôni-
cas por superfícies ou descontinuidades.
A utilização do ultrassom para medição de espessura de compo-
nentes é muito mais frequente do que a utilização para detecção de
falhas. As chapas do costado, do fundo e do teto são medidas perio-
dicamente para determinação da taxa de corrosão.

12.6 Inspeção com Radiografia


Este método é mais utilizado em cordões de solda para o acom-
panhamento de reparos e durante a construção do tanque. Pode ser
utilizado gamagrafia ou radiografia.

12.7 Inspeção com ACFM (Alternative Current Field Measurement)


Ensaio utilizado para detecção de trincas e defeitos em cordões de
solda. Aplica-se em substituição ao método de partículas magnéticas.

12.8 Ensaios de Perda de Fluxo Magnético (MFL e LFET)


São técnicas utilizadas para localização ou avaliação do grau de
deterioração das chapas, usualmente as do fundo do tanque. Esta
técnica permite uma elevada velocidade de varredura. Geralmente a

29
comprovação dos defeitos localizados é feita com ultrassom. O grau
de deterioração é avaliado qualitativamente em relação à espessura
da chapa.

12.9 Inspeção com Emissão Acústica


Baseia-se na emissão de ondas sonoras pelos defeitos em propaga-
ção. Faz-se necessário aplicar algum tipo de carga para provocar a
propagação dos defeitos.
O método é mais apropriado para detectar se uma descontinuidade
já conhecida está ou não sofrendo propagação. É muito útil no acom-
panhamento de testes hidrostáticos.

12.10 Testes de Estanqueidade e Resistência


Existem vários tipos de teste de estanqueidade. Os mais utilizados
são:
a) câmara de vácuo para detecção de vazamentos nos cordões de
solda das chapas do fundo e teto;
b) teste hidrostático ou hidropneumático para tanques API 620;
c) testes hidrostáticos para acompanhamento de reparos estrutu-
rais.

12.11 Testes para Verificação de Recalque


É comum controlar o recalque do tanque, através de verificações
periódicas com teodolito, tomando como referência a parte inferior
do tanque. Geralmente o recalque ocorre nas chapas do fundo e na
região de apoio do costado.

13 Cálculo de Vida Residual


A vida residual deve considerar sempre os diferentes mecanismos
de danos que podem ocorrer no tanque.
Geralmente o mecanismo considerado é a perda de espessura das
chapas metálicas do tanque ao longo do tempo. Esta redução de es-
pessura é controlada em períodos específicos durante as inspeções
realizadas no tanque.

30
A vida nominal de projeto dos tanques é de aproximadamente 25
(vinte e cinco) anos. Esse valor depende do código de construção e
montagem e de características específicas de cada tanque. A expe-
riência prática mostra que a durabilidade de tanques geralmente é
muito maior que a prevista em projeto.
Há registros de tanques em operação há mais de 50 (cinquenta)
anos e alguns que ultrapassaram 100 (cem) anos. Estes resultados
dependem substancialmente da forma como o tanque é operado, da
atmosfera e do produto armazenado e da eficiência das inspeções e
manutenção.

14 Frequência e Programação de
Inspeção de Tanques
Recomenda-se que os tanques sejam inspecionados nas seguintes
ocasiões:
99antes de entrarem em operação, quando novos;
99depois de reforma, modificações, conserto importante ou após te-
rem sofrido qualquer acidente;
99periodicamente, em função do tipo de atmosfera e produto arma-
zenado;
99após intervalos de inatividade de seis meses ou mais.
Os registros da última inspeção externa e interna realizadas deve
ser tomado como base para estabelecimento do prazo e das ativida-
des de inspeção que serão necessárias realizar.
Recomenda-se que o intervalo para a primeira inspeção não seja
superior a 10 (dez) anos. Nesta situação ainda não há histórico nem
um perfeito conhecimento dos mecanismos de deterioração do tan-
que e deve-se adotar um prazo conservador.
À medida que as inspeções sejam realizadas e o conhecimento mais
exato dos mecanismos de deterioração passam a ser conhecidos, es-
tes prazos podem ser ampliados tomando-se como referência os limi-
tes máximos recomendados pelos códigos de projeto.
Quando a taxa de corrosão é conhecida e monitorada pode-se esta-
belecer como prazo limite 20 (vinte) anos. Caso o tanque seja objeto
de estudos de “Inspeção Baseada em Risco” (RBI – Risk Based Inspec-
tion) os prazos máximos podem ser de até 25 (vinte e cinco) anos.

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O prazo real de inspeção deve ser estabelecido e registrado no re-
latório de inspeção, pelo Profissional Habilitado (PH) responsável pela
inspeção do tanque.

15 Reparos em Tanques
Os tipos de reparo aplicáveis em tanques dependem do código de
construção e montagem, da natureza do reparo a ser feito, das condi-
ções locais e da experiência do profissional responsável. Caso neces-
sário, o fabricante do tanque deverá ser consultado; não faz parte do
escopo deste guia detalhar os reparos.
Conforme já mencionado no parágrafo anterior, após qualquer re-
paro que afete a estrutura dos componentes sujeitos a pressão, o
tanque deverá ser submetido a um ensaio de pressão hidrostática de
acordo com o respectivo código de construção do tanque.
O inspetor deve, ao final do relatório de inspeção, acrescentar uma
previsão de serviços e reparos necessários para a próxima parada do
tanque. Esta lista normalmente é debatida com o pessoal de operação
e produção e encaminhada para providência dos órgãos de manuten-
ção, na forma de documento conhecido como Recomendação de Ins-
peção (RI).
Algumas atividades são complexas podendo demandar muito tempo
de preparação e planejamento, inclusive tempo para aquisição de ma-
teriais e componentes necessários aos eventuais reparos e modificações.

16 Registros e Relatórios
Para cada tanque deverá ser mantido um prontuário, do qual de-
verão constar todos os registros de inspeção, incluindo os certificados
de fabricação, ensaios, análises, etc.
O resultado das inspeções deverá ser transcrito para relatórios in-
deléveis e rastreáveis.
Em formulário à parte deverá ser mantido controle das medidas
de espessura, tanto para as chapas do costado, do fundo e do teto,
calculando-se, para cada série de medidas, as consequentes taxas de
corrosão e a vida útil.

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