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TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO

FORÇADA
1
Willian Rossi, 1Willian Diehl, 1Jonas Pontel, 2André Luiz Grando
1
Alunos do ACEA/UNOCHAPECÓ 2 Professor ACEA /UNOCHAPECÓ
Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Resumo

Na termodinâmica foi visto que um sistema é capaz de trocar energia com sua vizinhança, porém
ela não tem interesse nas taxas de transferência que ocorrem no processo, é aí que entra a ciência da
transferência de calor. O experimento conduzido para a elaboração desse trabalho tem como
objetivo a obtenção do perfil de temperatura ao longo de 3 barras de materiais diferentes, sendo
uma de cobre, uma de alumínio e outra de aço inox, bem como a determinação do coeficiente
convectivo natural médio de transferência de calor entre as barras e o ar ambiente, tendo por fim
uma comparação entre o hteórico e o hexperimental. O experimento foi realizado no Laboratório De
Ciências Unitárias l, onde as barras foram submetidas a um banho termostático e tiveram oito
analises de temperaturas retiradas no decorrer de seu comprimento. Uma das etapas ocorreu com a
água a 59 ºC e outra a 85 ºC. Com as informações coletadas, e com o apoio de fontes cientificas, foi
possível determinar os coeficientes convectivos de cada material.

Palavras-chave: Convecçãonatural, transferência de calor, coeficiente convectivo.

1. Introdução do fluido maior será a transferência de calor


por convecção.
A Lei de Newton do resfriamento,
Na termodinâmica é visto que um propõe a seguinte expressão para o cálculo do
sistema é capaz de trocar energia com sua calor transferido por convecção:
vizinhança através de interações. Porém, na
termodinâmica, o foco são os estados finais e
𝑞 = ℎ. 𝐴. (𝑇𝑠 − 𝑇𝛼) (1)
iniciais de um processo ao longo do qual uma
interação ocorre, sem informar sobre as taxas
e variações de troca de calor que ocorrem, o O mecanismo de convecção pode ser
qual seria o objetivo do estudo de dividido em duas categorias: convecção
transferência de calor (INCROPERA, 2008). natural e convecção forçada. A convecção
A transferência de calor pode ser natural é induzida pelas forças de empuxo,
definida como a ciência básica que estuda originadas a partir da variação de massa
sobre a taxa de transferência de energia específica provocada por um gradiente de
térmica, no qual pode ser dividida em três temperatura, enquanto a forçada conta
mecanismos básicos de transferência de calor, inclusive com movimentos causados por
sendo eles condução, convecção e radiação forças externas (INCROPERA, 2008).
(ÇENGEL, GHAJAR, 2012). Entre os métodos disponíveis para se
De acordo com Çengel e Ghajar obter o coeficiente convectivo natural,
(2012), a convecção é o modo de geralmente o mais utilizado se baseia em
transferência de energia térmica entre uma correlações empíricas obtidas pelo cálculo do
superfície sólida e um fluido, onde o fluido número adimensional de Nusselt. A Equação
está em movimento e desenvolve os efeitos de 2 serve para o cálculo do número de Nusselt
condução e movimento de um fluido, sendo com base na correlação de Morgan.
que quanto maior a velocidade do escoamento
Figura 1 - Equipamento para experimento convecção
(2) natural

Onde as constantes C e n são


dependentes da faixa de Rayleigh. Essas
constantes são retiradas da Tabela 9.1
(INCROPERA, 2008). O valor para C = 0,850
e n = 0,188.
Como visto na equação anterior, para
se obter o valor de Nusselt é necessário
inicialmente encontrar o número
adimensional de Rayleigh, o qual é obtido
através da Equação 3
Fonte: Produzido pelos autores, 2021.

(3) As três barras possuem uma de suas


extremidades interligadas a um banho
termostático com água isolado termicamente,
que fornece calor para as barras a uma
A realização do ensaio abordado neste
temperatura controlada por meio de um
trabalho, ocorreu no Laboratório de Unidades
termômetro de mercúrio, o mesmo pode ser
Básicas I, o estudo tem como objetivo a
visto na Figura 2.
determinação do coeficiente convectivo
natural médio de transferência de calor entre Figura 2 – Banho termostático.
barras de materiais diferentes, comparando o
valor teórico com o obtido
experimentalmente, respectivamente vistos na
equação 4 e 5.

(4)

(5)

2. Materiais e métodos

O procedimento consiste na
determinação do coeficiente convectivo
natural médio de transferência de calor entre 3 Fonte: Produzido pelos autores, 2021.
barras, sendo a barra A de cobre, a barra B de
alumínio e a barra C de aço inox, sendo todas Cada barra possuía um conjunto de 8
elas com um diâmetro de 1/2” e mesmo termopares organizados nas seguintes
comprimento, o equipamento usado para o distâncias apresentadas na Tabela 1.
estudo pode ser visto na Figura 1.

2
Tabela 1 – Localização dos termopares O objetivo do experimento é determinar o
Termopar Distância do Banho (cm) perfil de temperatura ao longo das barras,
1 2 bem como a determinação do coeficiente
2 7 convectivo natural médio de transferência de
3 14 calor, além de comparar a porcentagem de
4 21 erro entre o h experimental e o h teórico.
5 28
6 35
7 42 3. Resultados e Discussão
8 100
Fonte: Produzido pelos autores, 2021. 3.1 Perfil de temperatura ao longo da barra.

Para se dar início ao experimento, o na primeira leva de resultados,


banho termostático teve cerca de ¾ do seu obtivemos o perfil de temperatura ao longo
volume preenchido com água, a qual foi das três barras para a temperatura de banho de
aquecida até uma temperatura inicial de 59°C, 59 °C, no qual as temperaturas coletadas
e teve os valores coletados de temperatura em foram organizadas em uma tabela e tiveram
cada um dos termopares, a segunda etapa um gráfico plotado, demonstrando a variação
consiste no mesmo procedimento, porem da temperatura no decorrer do comprimento
agora com uma temperatura de banho de de cada barra, o gráfico pode ser visto na
85°C. agora com uma temperatura de banho Figura 3 a seguir:
de 85°C.

Figura 3 – Perda temperatura ao longo do comprimento para as três barras nas temperaturas de banho de 59°C e 85°C.

Perda de Temperatura
355

345

335
Temperaturas (K)

325

315

305

295
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Posição do sensor (CM)

Cu_85°C Al_85°C Inox_85°C Cu_59°C Al_59°C Inox_59°C

Fonte: Produzido pelos autores, 2021.

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Como pode ser visto no gráfico Figura 5 – Curva para obtenção do coeficiente angular
anterior, e evidente que o cobre e o alumínio da reta para a barra de alumínio no banho térmico de
59°C.
apresentam um perfil de temperatura
semelhante, os dois absorvem muito mais
rápido o calor da água do que o inox, visto
que ambos possuem uma condutividade
térmica maior que o inox.
Em contrapartida, como o inox possui
uma maior resistência a trocas térmicas, ele
acaba apresentando uma melhor estabilização
de temperatura no decorrer do seu
comprimento, enquanto o cobre e alumínio,
que se tratam de bons condutores, suas
temperaturas decrescem ao longo de sua
extensão, pois perdem muito calor pela
Fonte: Produzido pelos autores, 2021.
convecção.

Figura 6 – Curva para obtenção do coeficiente angular


3.2 Coeficiente convectivo natural da reta para a barra de inox no banho térmico de 59°C.

Para se realizar o cálculo do


coeficiente de convecção natural, se torna
necessário a obtenção do coeficiente angular
da reta, para isso a equação TAL é
linearizada, dando origem a equação:

−𝑙𝑛[(𝑇 − 𝑇∞)/(𝑇 − 𝑇∞)] (6)

Os resultados podem ser vistos nas


Figuras 4, 5, 6, 7, 8 e 9, onde o eixo y
representa a equação 6, e o eixo x representa a
posição dos termopares em cm, tanto para o
banho de 59°C quanto para o de 85°C. Fonte: Produzido pelos autores, 2021.

Figura 4 – Curva para obtenção do coeficiente angular


da reta para a barra de Cobre no banho térmico de Figura 7 – Curva para obtenção do coeficiente angular
59°C. da reta para a barra de Cobre no banho térmico de
85°C.

Fonte: Produzido pelos autores, 2021.


Fonte: Produzido pelos autores, 2021.
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Figura 8 – Curva para obtenção do coeficiente angular comparativo com o h experimental,
da reta para a barra de alumínio no banho térmico de visualizado na Tabela 2 e 3.
85°C.
Tabela2: Valores experimentais e teóricos do
coeficiente convectivo natural para 332,5K e erros.
Material hexp hteó. medio Erro
Cobre 0,003365 6,695538 99,950559
Alumínio 0,003073 6,763336 99,95482
Inox 0,002683 5,36719 99,950368
Fonte: Produzido pelos autores, 2021.

Tabela3: Valores experimentais e teóricos do


coeficiente convectivo natural para 358,5K e erros.
Material hexp hteó. medio Erro
Cobre 0,0014724 7,558283 99,98082
Fonte: Produzido pelos autores, 2021. Alumínio 0,0012592 7,479967 99,98349
Inox 0,0047318 5,905513 99,92210
Figura 9 – Curva para obtenção do coeficiente angular Fonte: Produzido pelos autores, 2021
da reta para a barra de inox no banho térmico de 85°C.
Com base nos resultados obtidos, foi
possível perceber que o coeficiente
convectivo no inox demonstrou ser baixo do
que os outros dois materiais, isso se deve pelo
fato do inox ter uma condutividade térmica
também menor. Outro ponto observado, foi
que conforme a temperatura aumenta, o
coeficiente convectivo teórico também
aumenta.

4.Conclusão
Fonte: Produzido pelos autores, 2021.
Com a realização deste experimento
Com o auxílio dos gráficos, foi possível obter pode-se concluir que o cobre e o alumínio
o valor do coeficiente angular da reta “m” da possuem um gradiente de temperatura elevado
seguinte equação: em comparação com o inox, visto que o inox
garante uma distribuição de temperatura mais
y=m.x (7) uniforme, graças ao seu coeficiente
convectivo menor, que faz com que a barra
Após encontrarmos o valor de “m” troque mais calor por condução em seu
conseguimos fazer os cálculos para interior do que com o fluido a sua volta, que é
determinar o coeficiente convectivo natural o caso contrario do alumínio e do cobre.
experimental.
Em relação ao valor elevado para a margem
Posteriormente, calculamos o número
de erro obtida sobre a comparação do hteórico
de Rayleigh “Ra”, onde usamos esse número
com o hexp, existem diversos fatores que
para calcular, Nusselt “Nu” pela correlação de
podem ter influenciado nessa variação, como
Morgan, usando a Equação 2. Com o valor de
por exemplo a falta de uma calibração dos
Nusselt da correlação de Morgan,
termopares antes do experimento, correntes
conseguimos encontrar o coeficiente
externas de ar imprevistas no ambiente, como
convectivo natural teórico, que servira como
5
também uma possível variação na temperatura
do banho.

5. Referências

INCROPERA, Frank P.; DEWITT, David P.


Fundamentos de transferência de calor e
de massa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

ÇENGEL, Yunus A. Transferência de calor


e massa: uma abordagem prática. 3. ed. São
Paulo: McGraw Hill, 2009.

6
Simbologia

q Taxa de transferência de calor (W)

h Coeficiente convectivo médio (W/m²)

A Área de troca térmica (m²)

Ts Temperatura da superfície sólida (°C)

T𝛼 Temperatura do fluido (°C)

Nud Nusselt (*)

g Gravidade (m/s²)

β Parâmetro ajustável (K⁻¹)

v Viscosidade do Ar (m²/s)

hteórico Coeficiente convectivo teórico (W/m². K)

hexp Coeficiente convectivo experimental (W/m². K)

Pr Prandtl (*)

k Condutividade térmica (W/m°C)

D Diâmetro (m)

α Difusidade térmica (m²/s)

m Coeficiente angular da reta (m⁻¹)


.

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