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IDIOMAS DISTINTOS DOS HABITANTES DO PLANETA TERRA

A gente discute em linguagens diferentes eu falo da dor que ele me causa


quando age da forma que age ao se deparar com situações de estresse, quando fala o
que ele fala, quando grita comigo, quando aborda os problemas da maneira como
aborda, e ele me responde com noções dicotômicas sobre quem está certo e quem está
errado em cada uma das situações.
Ou seja, enquanto eu “só estou” tentando descobrir qual é o problema,
levantando de forma dialógica e fenomenológica as questões subjetivas e objetivas
que estão implicadas, que precisam de atenção, buscando qualificar estas questões,
elencando múltiplos aspectos de toda a problemática em ordem sequencial, associando
em paralelo com possíveis resultados para mensurar a efetividade em análise
combinatória, sem deixar de trazer para a situação alguma solução exequível e
eficiente de forma mais imediata possível, e ainda sem deixar de vislumbrar as
consequências a longo prazo, ao mesmo tempo tentando não me sentir inferiorizada,
deslegitimada, agredida, desvalorizada, ele está disputando quem tem razão.
E o pior ele nem percebe que está fazendo isso. Para mim as brigas são o
resultado ou evidência de que os apontamentos sobre algum desencaixe que precisa
ser sanado foi mal encarado ou mal interpretado por uma das partes envolvidas. Para
ele é uma disputa sobre quem acerta mais versus quem erra mais, é uma competição
quantitativa.
Enquanto o Ego por um lado serve ao propósito primário de fazer a distinção
entre “Duas Alteridades” que estão em interlocução, visando encontrar pontos de
mediação para pacificar os conflitos de interesses de forma mutuamente conveniente,
por outro lado também pode servir meramente à exigência infantil de sobrepor o “Eu
Central à Alteridade Periférica” para a autoafirmação de um ser humano inseguro e
sem senso crítico.
Ou seja, indo completamente na contramão do que falam por aí o problema não
é o “Ego”, mas sim o mau uso (no sentido de motivações e intenções) ou a ausência de
capacidade de manejo dele, e da falta de capacidade de encará-lo como instrumento de
criação de uma vida melhor seja em uma relação interpessoal de qualquer ordem ou
em relação a si mesmo. Por isso não estamos aqui para aprender a eliminá-lo, e sim
para aprender a identificar as armadilhas que ele nos interpõe quando ainda não está
domado e se manifesta por meio de reflexos e sombras.
E ainda é importante evidenciar que com esta discussão também estamos aqui
nos opondo ao senso comum, pois ao contrário da lógica biologizante e psicologizante
que foi adotada correntemente, devido a uma má interpretação das declarações
públicas de grandes especialistas e pesquisadores das diferenças na forma de
comunicar entre os gêneros, existem diferenças intrínsecas ao gênero biológico sim,
não precisamos negar isso para trazer uma nova perspectiva sobre a questão, mas
precisamos reconhecer que a lógica patriarcal criou uma hipérbole monstruosa sobre
estas distinções.
Estes desencontros na comunicação não se dão como parte intrínseca ou
essencial da natureza feminina e masculina. Não é uma expressão cognitiva de ordem
genética. É parte de uma construção social que precisa ser destrinchada, descrita e
investigada para que se solubilize as distinções criando dialética.
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Este texto é um fascículo do Livro “Nem de Marte Nem de Vênus Seu Mané”, da
escritora carioca de pseudônimo Lady Kammarylla. Você pode encontrar outros
fascículos deste livro ou link paa comprar o livro completo pela sua página no
Facebook: https://www.facebook.com/LadyKammarylla

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