HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA PROFISSÃO E DA ENFERMAGEM CIENTÍFICA
Enfermagem de Moçambique: trajetória histórica - 1975 a 2010
Autores
Lidia Monjane*, Leila Maria Rissi Caverni**
Apresentadores
Lidia Monjane*
Introdução: Análise reflexiva sobre a trajetória histórica da Enfermagem em Moçambique, no período
1975-2010. Enfoca momentos marcantes, tecidos no entrelaçamento de fatores econômicos, científicos e sociopolíticos, considerando-se o contraste entre formação profissional e necessidades nacionais. Os autores se propõem contribuir sobre acontecimentos que influenciaram a trajetória da Enfermagem, aceitando o desafio de registrar essa história, objetivando ampliar o espaço dos pesquisadores moçambicanos e justificando seus direitos relativos a objetos de estudo pertinentes às disciplinas Enfermagem e História da Enfermagem em Moçambique. Objectivos: Resgatar a história da Enfermagem de Moçambique, por meio da análise da organização do Sistema Nacional de Saúde deste país e a sua influência na prática cotidiana e no desenvolvimento da Enfermagem, no período de 1975 a 2010. Metodologia: Análise histórico-reflexiva, que utiliza como recurso metodológico uma revisão de literatura sobre o tema estudado e a própria experiência vivenciada por uma das autoras, no período de 1974 a 2010, que engloba o governo de transição e de pós-independência de Moçambique. Como fontes, utilizou-se documentos e publicações governamentais, publicações da literatura científica e a experiência vivenciada por uma das autoras, além de contribuições de outros personagens que partilharam esta vivência. Não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa, por tratar-se de pesquisa a registros publicamente disponibilizados. Resultados: O contexto que influenciou no desenvolvimento e na evolução histórica da Enfermagem de Moçambique resultou em fatores interligados, originados dentro e fora do Setor Saúde, em períodos bem definíveis: colonial (1860-1974), com a saída precipitada da maioria dos enfermeiros e médicos portugueses, então já insuficientes, passou o país a ter uma crônica dependência da assistência técnica expatriada, sobretudo na área de ensino; do governo de transição (1974-1975), período intermediário entre a assinatura do Acordo de Lusaka e a proclamação da independência de Moçambique; pós-independência (1975-1981), com ênfase para os cuidados primários de saúde; da guerra civil (1976-1992), com o abandono de grande parte dos profissionais da rede sanitária periférica; da reconstrução pós-guerra (1993-2000), com a reabilitação das Unidades Sanitárias, a expansão do sistema e a recolocação dos profissionais de saúde; e, da fase atual (2010), de crescimento econômico, aumento do acesso aos serviços de saúde, legalização da medicina privada, apoio integrado de parceiros e o aumento da epidemia de HIV-SIDA. Conclusões: A vida dos profissionais de Enfermagem deixou marcas no setor saúde, na formação, na composição do quadro de pessoal e nas carreiras profissionais de saúde. Essas marcas refletem-se na Enfermagem até os dias de hoje. Assim, a partir do governo de transição, houve abandono da maioria dos profissionais, em diversas ocasiões, com decadência da assistência e do ensino de enfermagem no país. Foram tomadas medidas governamentais para sanar essas questões, como promoção de cursos de graduação, complementares/especialização, instituicao de carreiras técnico-profissionais. Houve fundação da ANEMO e seu registro no CIE. Atualmente, há 8.927 enfermeiros, oito mestres, uma doutora e dois pós-graduandos. Palavras Chave: Enfermagem, história, administração, formação de recursos humanos.