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ABEU-CENTRO UNIVERSITÁRIO

CAMPUS 2
CURSO PEDAGOGIA

Área de Conhecimento: Exercício da Ação Docente na Educação Infantil I


Professora: Valéria Teixeira C. Reis
Data: 5/9/2012

A INSERÇÃO DA CRIANÇA NA CRECHE

Adaptação, quer dizer acomodação, ajustamento, ou seja, a aceitação, a


submissão a uma determinada situação. Educação não combina com submissão
e, por isso, prefiro falar em inserção, ou seja, a criança vai se inserir em uma
instituição educativa. O momento de entrada da criança na creche ou na pré-
escola é, geralmente, a sua primeira experiência em termos de separação da
família. As propostas educacionais vêm incluindo a inserção gradual da criança,
respeitando as suas exigências e a de seus pais, e também permitindo que o
professor conheça individualmente as novas crianças que ingressam na creche.
A inserção de uma criança pequena em uma instituição é um fato delicado
por três motivos:
 Existe uma dificuldade objetiva na separação entre pais e criança.
 Confiar uma criança à creche não é ainda considerado um fato “natural”, e é
visto quase sempre, inicialmente, como uma solução para uma
necessidade.
 Muitas mulheres vivem ainda com sentimento de culpa de terem que deixar
seu filho em uma creche, ficando sujeitas a pressões psicológicas por parte
da família ou da sociedade.

Será que esta separação afeta só a criança? Na verdade, a quem atinge


esta separação?
Afeta a criança, mas também toda família. A separação causa traumas? As
educadoras italianas Susanna Mantovani e Nice Terzi, falam que os temores de
que a creche ocasione “traumas pela separação” não possuem fundamento
concreto. Mantovani e Terzi explicam que temos que ficar atentos para não

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confundir sofrimento, trauma, com certo “cansaço” de crescer, de enfrentar as
novidades. É bom lembrarmos que um certo nível de frustração às vezes é
necessário ao crescimento. Devemos compreender que as crianças, e em
especial, os menores, ainda não se expressam bem verbalmente e, por isso,
manifestam seus sentimentos por meio do corpo. É comum, portanto, que além de
chorar elas possam adoecer recusar alimentos, dormir demais, irritar-se etc. Não
se trata de um problema de saúde, é apenas a sua maneira de expressar o que
está sentindo.
Mas afinal, como propiciar a inserção? O ideal é que a creche ou pré-escola
ofereça para as famílias um sistema gradativo de inserção para cada criança.
Assim, se for possível para os pais, a criança, durante os primeiros dias, ficará na
creche apenas algumas horas e gradativamente este tempo vai sendo aumentado
até chegar àquilo que os pais desejam. A criança preciosa saber que seu pai e/ou
a sua mãe necessita trabalhar, mas que voltará mais tarde para apanhá-la. A
criança, certamente, não aceitará essa explicação e protestará, mas é melhor que
saiba a verdade, expresse os seus sentimentos e descubra com tempo que os
pais não estão enganando-a, pois voltam todos os dias para buscá-la. O
importante é não exagerarmos no carinho, para não parecer um sentimento falso,
respeitando o jeito de ser de cada criança. É interessante que o professor saiba de
algumas particularidades da vida da criança, como, de que histórias ela mais
gosta, qual é o seu alimento preferido, se tem algum bichinho de estimação etc.
De uma forma gradual, a criança vai se acostumando com o novo ambiente, os
novos horários e as diferentes relações de amizade e convivência. Mas o que não
podemos deixar de considerar é que a creche precisa ser sempre fonte de prazer.
Vale ainda lembrar que a instituição de Educação Infantil é diferente do ambiente
familiar. Escola não é casa , assim como a professora não é uma segunda mãe.

Pressupostos teóricos

 A inserção na creche é vista como uma experiência que “separa aquilo que
era unido e une aquilo que era separado”.
 A inserção é o início de uma relação a três: criança-pais-professores.

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 A creche é um universo de comunicação interpessoal onde o
comportamento de cada pessoa influencia e é influenciado pelo
comportamento de outra pessoa.

 A comunicação é considerada fundamental na relação educativa.

Objetivos de uma boa inserção

Em relação às crianças:

 Favorecer um distanciamento gradual do objeto de apego, ou seja, a família


ou a casa;
 Favorecer o conhecimento do novo ambiente por meio da presença e da
mediação dos pais;
 Favorecer o estabelecimento de relações com os professores e com os
colegas;
 Favorecer a exploração do ambiente-creche e a curiosidade pelos jogos e
brinquedos.

Em relação aos pais:

 Favorecer um distanciamento gradual do filho;


 Favorecer o conhecimento do novo ambiente, da organização do dia e da
metodologia pedagógica;
 Favorecer um relacionamento de colaboração e não de rivalidade com os
professores.

Em relação aos professores:

 Favorecer o conhecimento, por meio da observação, de cada criança na


sua relação com os seus pais;
 Favorecer gradualmente a mudança de interesse das crianças: dos pais
para si mesmos e para os seus colegas;

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 Favorecer um relacionamento de colaboração e não de rivalidade com os
pais.

Estratégias (apresentadas segundo ordem cronológica em que são


realizadas)

• Reunião geral.
• Entrevista não-diretiva.
• Questionário.
• A inserção – conduzida através das seguintes estratégias:

 Efetivada em pequenos grupos de crianças;


 Com a presença do pai ou da mãe;
 Para os professores, é solicitado, principalmente, observar as dinâmicas
que se estabelecem entre pais e filhos;
 Presença de jogos e brinquedos que terão dupla função: dar conforto
emocional às crianças e atrair o interesse e a curiosidade das crianças.

Referência Bibliográfica:
MANTOVANI, Susanna; Terzi, Nice. A INSERÇÃO. IN: BONDIOLI, Anna e
MANTOVANI, Susanna (orgs.). Manual de educação infantil: 0 a 3 anos – uma
abordagem reflexiva. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

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