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ÍNDICE

1. CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO...........................................................................................................5
1.1. Introdução....................................................................................................................................5
1.2. Objectivos....................................................................................................................................6
1.2.1. Geral....................................................................................................................................6
1.2.2. Específicos...........................................................................................................................6
1.3. Metodologia.................................................................................................................................7
2. CAPÍTULO II: USO DE TELEVISÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM
MOÇAMBIQUE.........................................................................................................................................8
2.1. Televisão e educação...................................................................................................................8
2.1.1. Uso da televisão em sala de aula........................................................................................10
2.1.2. Potencial Educativo da Televisão......................................................................................11
2.1.3. Televisão e os Desafios da Escola......................................................................................13
2.2. Uso da televisão no processo de ensino e aprendizagem em Moçambique................................15
2.2.1. Escolha de conteúdo de ciências naturais e matemática.....................................................17
2.2.2. Democratização do Acesso................................................................................................17
2.2.3. O Ensino em Moçambique.................................................................................................18
3. CAPÍTULO III: CONCLUSÃO........................................................................................................19
3.1. Conclusão..................................................................................................................................19
3.2. Referências bibliográficas..........................................................................................................20

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1. CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução
Educar é um processo de formação contínua e permanente para o exercício da cidadania.
Acontece nos mais diversos espaços: escola, família, comunidade, trabalho, entre outros. Prepara
o cidadão para pensar, refletir e analisar o mundo de forma crítica, reconhecendo as diversidades
e contribuindo para superar as desigualdades sociais (Mídia e Educação, 2000; p. 26).
Segundo Moran et al (2000), a mídia também contribui com a educação, e um dos principais
meios nesse processo é a televisão. Através da mídia, dispositivos tecnológicos como, por
exemplo, a TV, é que são difundidas as mensagens (Souza, 2003).
A integração entre as tecnologias e a educação é uma necessidade de nosso tempo, haja vista que
estamos constantemente interagindo com celulares, computadores, internet, televisão,
ferramentas tecnológicas que propiciam a integração das pessoas e o compartilhamento de tudo
que é veiculado por elas, interferindo na concepção de mundo das pessoas.
O presente trabalho de investigação tem como objectivo abordar acerca do uso da televisão no
processo de ensino e aprendizagem em Moçambique, referenciado o papel da televisão n, os
impactos do uso da televisão em Moçambique e os desafios enfrentados em Moçambique com o
uso da televisão.

1.2. Objectivos

1.2.1. Geral
 Analisar o panorama do uso da televisão no processo de ensino e aprendizagem em
Moçambique.

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1.2.2. Específicos
 Identificar o papel da televisão no processo de ensino e aprendizagem.
 Conhecer os impactos do uso da televisão no processo de ensino e aprendizagem.
 Desafios enfrentados em Moçambique com a utilização de televisão no processo de
ensino e aprendizagem.

1.3. Metodologia
Para a concretização dos objectivos deste trabalho utilizou-se como metodologia a pesquisa
bibliográfica. Pois o presente trabalho de pesquisa foi de revisão de literatura. Esta pesquisa
bibliográfica assentou-se também em artigos técnicos e científicos relacionados com esta
matéria. O tipo de pesquisa utilizado neste presente trabalho foi o descritivo (pois o que se
pretende é descrever o uso da televisão no processo de ensino e aprendizagem em Moçambique).

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A técnica de pesquisa adoptada neste trabalho foi a seguinte: efectuou-se uma pesquisa
bibliográfica, através da consulta de manuais, que abordam assuntos ligados a processo de ensino
e educação, educação e televisão, uso da televisão no ensino em Moçambique, teses,
dissertações, monografias, pesquisas científicas, e algumas explanações ou definições de
conceitos importantes utilizados durante a pesquisa desse trabalho, e por outro lado foi feita a
pesquisa na internet como forma de conhecer as actuais abordagens acerca do uso da televisão no
processo de ensino e aprendizagem em moçambique.

2. CAPÍTULO II: USO DE TELEVISÃO NO PROCESSO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM EM MOÇAMBIQUE

2.1. Televisão e educação


As pessoas sentem prazer em assistir televisão, pois há uma relação de sedução entre a TV e o
telespectador. Poder emocionar-se e ter experiências diferentes do cotidiano encanta as pessoas
(Moran et al., 2000 apud Raupp et al, 2010). Essa relação pode ser usada a favor da educação,
porém como observações negativas sobre a TV já foram difundidas, deve-se pensar em tornar

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esse aparelho em recurso construtivo para a vida das pessoas (Greenfield, 1988 apud Raupp et al,
2010).
A televisão produz efeitos sobre a aprendizagem, de acordo com alguns condicionantes da
programação apresentada e da recepção do sujeito. As crianças são telespectadoras ativas e por
isso são capazes de desenvolver habilidades cognitivas ao interagir com a televisão (Ferrés,
1996; Vilches, 1996 apud Raupp et al, 2010).
Programas educativos na TV podem auxiliar no desenvolvimento cognitivo e na aprendizagem.
Usados de forma adequada, os meios de comunicação podem contribuir com o desenvolvimento
intelectual humano (Ferrés, 1996; Greenfield, 1988 apud Raupp et al, 2010).
Assistir televisão muda os sentidos das pessoas. A percepção e a atenção transformam-se devido
à hiperestimulação sensorial oriunda das cores, movimentos e mudanças de câmeras (FERRÉS,
1996 apud Raupp et al, 2010). A possibilidade de combinação e articulação estática ou dinâmica
de imagem, música, fala e escrita, ao vivo ou gravado, consegue encantar, entreter e desenvolver
cognitivamente as pessoas (Moran et al., 2000 apud Raupp et al, 2010). A eficácia emocional das
imagens aumenta com o seu grau de iconicidade, mas em geral não se dispensa o texto ou a fala
(Moreira, 2003 apud Raupp et al, 2010). A articulação entre o texto e a fala é que favorece a
eficácia emocional da imagem.
Diferentes conteúdos podem ser exibidos e, nessa era de globalização, as informações chegam
em tempo real em qualquer parte do mundo (Mcquail, 2003; Silverstone, 2002 apud Raupp et al,
2010). Nesse contexto, onde as pessoas não analisam o que assistem, e não percebem o que é
realidade e o que é verdade, passam a acreditar no que está sendo transmitido (Guareschi, 2005
apud Raupp et al, 2010).
Como as pessoas de nossa sociedade, desde a infância, relacionam-se com os meios de
comunicação, estes exercem uma função pedagógica como (des) educador das massas e das
crianças (Moreira, 2003 apud Raupp et al, 2010). A sociedade poderia pensar em uma educação
para as mídias, para poder compreendê-las, analisá-las, criticá-las e usá-las de maneira mais
abrangente e consciente (Guareschi, 2005; Moran et al., 2000 apud Raupp et al, 2010).
Sobre memória e aprendizagem, identificou-se que as crianças, ao assistirem televisão, acreditam
que podem superar-se. Aspectos cognitivos são estimulados pela TV, porém nem todos os
programas que são transmitidos possuem conteúdos relevantes para a sociedade, nos quais

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poderiam ser abordados informações educacionais e/ou culturais (Vilches, 1996 apud Raupp et
al, 2010).
A televisão é uma ferramenta que poderia ser usada para auxiliar o educador a explorar, e
desenvolver, atividades pedagógicas em sala de aula. Na tela, poder-se-ia fazer recortes de
novelas, filmes e outros programas do cotidiano das pessoas e analisá-los em conjunto. Trabalhar
com TV, para os alunos, significaria descanso e não aula (Moran et al., 2000 apud Raupp et al,
2010). É necessário que os entes reguladores do sistema e os agentes educacionais criem uma
política conjunta de aprimoramento desse sistema, dando maior ênfase educacional.

2.1.1. Uso da televisão em sala de aula


O uso didático da televisão está relacionado ao advento do cinema, que trouxe a possibilidade de
exibição de filmes educativos para as salas de aula. “A possibilidade de uso do cinema como
instrumento pedagógico, doutrinário ou de propaganda estava colocada, no início do século XX,
em vários países do mundo e independentemente da ideologia que professavam”. (Catelli, 2003
apud Monteiro, 2012)
Entretanto, a recepção do audiovisual como aliado pedagógico não se deu tão naturalmente.
Naquele momento, pensar este instrumento em sala de aula era motivo de desconfiança por parte
dos educadores, pois era considerado como “uma afronta à educação formal, uma vez que se
mostrava muito mais atrativo do que as aulas tradicionais.” (Silbiger, 2005 apud Monteiro,
2012).
Com o avanço da tecnologia e popularização do cinema, as escolas já não podiam ignorar a força
dessa inovação tecnológica, que interferia profundamente no processo de percepção emocional e
racional da realidade.
“A televisão introduz em nossas casas o mundo e nos liga instantaneamente a ele”,
Gadotti (2005, p. 24) apud Monteiro (2012) e sendo um meio de comunicação de massa é
capaz de interferir na formação psicossocial do sujeito, pois sua cultura é a do
envolvimento, da sedução e embora tenha um grande potencial educativo ainda é pouco
explorada na escola.
Como ferramenta pedagógica apresenta um leque de possibilidades de uso, trazendo em seu bojo
a possibilidade de transversalidade e da interdisciplinaridade, configurando-se como tecnologia,
com a qual se pode redefinir a práxis educativa (Monteiro, 2012).
A imagem é hoje a forma superior de comunicação. E, contrariamente ao que tem acontecido
com a escrita e com o livro, que não têm conseguido substituir a linguagem, hoje estamos diante

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de uma técnica que tende a generalizar sua supremacia. Já não se trata apenas de uma elite ou de
uma minoria de privilegiados ou de especialistas que se vê afetada por esse fato, mas da massa
do povo, da humanidade, já que serão nações inteiras as que passaram, talvez, da cultura da
palavra à cultura da imagem sem passar pela etapa intermediária da escrita e do livro (Silbiger,
2005 apud Monteiro, 2012).

O hábito de assistir televisão é tão comum para os alunos, que estes passam horas na frente da
televisão, absortos, inertes, presos pela programação que, cada vez mais busca esse plugue, esse
consumo de seus produtos. Para Nagamini (2002, p. 29) apud Monteiro (2012) “O impacto dos
veículos de massa na vida do aluno, assim como a influência que exercem nos modos de
recepção e interpretação do mundo são fatores que justificam uma abordagem pedagógica desses
veículos.”.

Assim sendo, uma abordagem pedagógica da televisão é possível, porque a escola configura-se
como ponto de encontro de sistemas simbólicos e condições materiais a partir dos quais se
constrói nossa representação de mundo. Entretanto, para que a proposta aqui delineada tenha
sucesso é preciso considerar os contextos que envolvem o uso da televisão como ferramenta
pedagógica na escola, para que se reflita sobre a realidade, com vista a provocar adaptações e um
planeamento coerente com a realidade educacional da escola (Monteiro, 2012).

2.1.2. Potencial Educativo da Televisão


A proposta para uma educação tecnológica vê na tecnologia não um fim em si mesma, mas sim
um poderoso meio para a ressignificação do mundo através da produção de conhecimento e para
o investimento na autoria de crianças e adolescentes (Orofino, 2005)

Nem é preciso salientar que a educação não é papel só da escola. O que se vê são alunos cada
vez mais próximos da televisão, passando a maior parte do tempo em frente a ela, educando-se,
vivendo experiências sensoriais, interagindo com programas de TV, aceitando produtos e
absorvendo informações, muitas vezes sem haver nenhum questionamento, sem antes ser
analisado por outro ângulo que não aquele proposto pelas mídias. Isso mostra que, embora o
sujeito esteja em contato com informações, nem sempre essa se transforma em conhecimento
(Monteiro, 2012).

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Se a televisão é capaz de atrair tanto e de educar, positiva ou negativamente, cabe à escola,
então, usar desse recurso para desenvolver práticas eficientes e melhorar a qualidade da educação
(Monteiro, 2012). Conforme ressalta Baccega (2000) in Berno (2003, p.95):
(...) (sic) a televisão, com meio século de presença entre nós, compartilha com a escola e
a família o processo educacional, tendo-se tornado um importante agente de formação.
Ela até mesmo leva vantagem em relação aos demais agentes: sua linguagem é mais ágil
e está muito mais integrada ao cotidiano: o tempo de exposição das pessoas à televisão
costuma ser maior do que o destinado à escola ou à convivência com os pais.

A televisão como veículo de comunicação oportuniza ao professor o planeamento de atividades


que favoreçam a interação do aluno com o mundo, a partir de uma linguagem peculiar ao seu
universo, dado que este já interage com a televisão em seu ambiente familiar. É nesse contexto
que a televisão aparece como meio didático na sala de aula (Monteiro, 2012).

O conteúdo televisivo oferece um cardápio variado de programas, filmes, propagandas que pode
servir como mecanismo de estímulo à aprendizagem, os quais delineados a partir de projetos
pedagógicos podem cativar os alunos e propiciar um envolvimento mais consistente com os
propósitos curriculares (Monteiro, 2012).

É na relação lúdica entre a criança e as cenas da televisão que o conhecimento se processa, e é


nesse contexto que a intervenção do professor é necessária. É claro que para isso, a escola
precisa focar na capacitação do professor, visto como mediador do processo ensino e
aprendizagem, pois para capacitar sujeitos capazes de interagir crítica, ativa e conscientemente é
preciso que os professores sejam capazes de operacionalizar os elementos tecnológicos a favor
de seu planeamento (Monteiro, 2012).
Assim, talvez velhos problemas educacionais, como a falta de interesse, a indisciplina, a falta de
envolvimento e mesmo de compreensão, poderão ser minimizados, pois o papel do professor
ganha outra dimensão. O professor passa a ser o mediador e o aluno passa a construir seu
conhecimento. Citelli (2002, p. 26) apud Monteiro (2012) destaca que:
Os sistemas multimediáticos, calcados em formas integrativas e interativas que
possibilitam ao aluno construir „programas de aulas‟ situará o professor noutro
patamar, que poderá ser até melhor, a depender da determinação e vontade dos
envolvidos.

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Para que a televisão seja incorporada às práticas educacionais com todo seu potencial é preciso
que se conceba a figura do professor como protagonista dessa relação, uma vez que é ele quem
estabelece e define, por meio de seu planeamento, a inclusão dos recursos didáticos no
desenvolvimento da aula e demais projetos educativos (Monteiro, 2012).

Portanto, é de esperar que a realidade da televisão no contexto escolar passe pelo querer do
professor, que pode aderir com primazia ou rejeitá-la, conforme seu entendimento. Isso porque o
professor muitas vezes sente-se “despreparado e inseguro frente ao enorme desafio que
representa a incorporação das TICs ao cotidiano escolar” (Belloni, 2005, p.27 apud Monteiro,
2012) Como não há educação de qualidade sem a formação do professor, é importante fazer uma
reflexão a respeito desse pilar essencial na educação.

Sabe-se que há muito o televisor está presente fisicamente nas escolas, entretanto seu uso ainda
não é uma realidade patente, pois embora faça parte do acervo de materiais didático-pedagógicos
da escola, o que se vê é a inércia dessas tecnologias. Empoeirados, quebrados ou usados como
objetos de decoração não cumprem o papel desejado na prática educativa. Ora, a escola não foi
preparada para lidar com essas tecnologias, cujo uso adequado esbarra na resistência do
professor que, acostumado às práticas tradicionais, como o uso do livro didático e do giz, por
exemplo, sente-se ameaçado ou incapacitado para desbravar essas ferramentas tecnológicas nos
novos rumos educacionais (Monteiro, 2012).

O uso eficaz da televisão como tecnologia prescinde de uma metodologia que a englobe de
forma integrada e não meramente justaposta, ou seja, não apenas superficial. Para isso é
importante conceber uma prática pedagógica por projetos, a qual subtende o planeamento de
atividades de forma pensada, articulada para atender os objetivos educativos.
De acordo com Prado (2010) apud Monteiro (2012), a pedagogia de projeto, tendo como enfoque
a integração entre diferentes mídias e áreas de conhecimento, envolve a inter‐relação de
conceitos e de princípios, os quais, se não tiverem a devida compreensão, podem fragilizar
qualquer iniciativa de melhoria de qualidade na aprendizagem dos alunos e de mudança da
prática do professor.
É de notar, entretanto, que o professor na tentativa de aderir ao uso de ferramentas tecnológicas
às vezes acaba usando-as de forma equivocada, sem nenhum planeamento ou simplesmente por

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que têm que usar. Dessa forma, as ferramentas tecnológicas não contribuem para o que se espera:
a melhoria no rendimento escolar dos alunos (Monteiro, 2012).

2.1.3. Televisão e os Desafios da Escola


A televisão constitui-se um recurso didático capaz de oportunizar novas formas de mediatização
na relação entre professor, conteúdos curriculares e aluno, extrapolando o tradicionalismo que
permeia as atividades escolares e redesenhando uma nova prática educativa, com foco nas
aptidões naturais e nas necessidades socioculturais dos alunos (Monteiro, 2012).

As relações do aluno com a televisão são muito significativas, pois o aluno faz com o conteúdo
adquirido via televisão aquilo que se espera que ele aprenda na escola, isto é, o aluno aprender a
posicionar-se, a argumentar, a interagir, expressar opiniões de forma natural sem a mediação de
ninguém. Entretanto, essas posturas podem não ser aquelas esperadas pela sociedade, uma vez
que a televisão tem duas faces: tanto manipula quanto oferece condições de formação (Monteiro,
2012).

Entende-se que o conteúdo televisivo pode e deve fazer parte das aulas, como forma de
enriquecer conteúdos, ampliar o repertório cultural e linguístico, promover debates, análises,
despertar interesse, dentre outros fins que o professor pode definir em seu planeamento de
ensino. Entretanto, não é o que vem acontecendo na realidade escolar. Embora a televisão,
através da imagem, da música, da emoção, da sensibilidade, de sua linguagem cada vez mais
híbrida, apresente produtos que, certamente, favorecerão o melhor aproveitamento das
informações veiculadas por esses canais na construção de um sujeito mais ativo, mais crítico,
mais exigente, o professor ainda não consegue usar com propriedade essa tecnologia em sala de
aula. Ao citar Campos (1993), Soares (2008, p. 48) apud Monteiro (2012) faz a seguinte
reflexão:
A tecnologia educacional não se resume simplesmente a utilizar meios, indo além desses
limites. O seu papel no processo ensino-aprendizagem deve ser o de instrumento que irá
mediar o saber, o saber ser e o saber fazer entre o educando e o mundo, entre o educando
e a educação, isto é, uma ferramenta que possibilite educando e educadores redescobrir e
reconstruir o conhecimento.

Dessa forma, um dos grandes desafios da escola é saber aproveitar a televisão como ferramenta
pedagógica de grande potencial educativo, superando “o descompasso existente entre o estrito

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discurso pedagógico e as linguagens não institucionais escolares” (Citelli, 2002, p. 21 apud
Monteiro, 2012). Ou seja, a escola deve buscar mecanismos que ampliem as possibilidades de
uso dessa ferramenta em sala de aula tais como a aquisição de equipamentos, ambiente adequado
e, principalmente, focar na formação de professores e na pedagogia de projetos.

Outro grande desafio é convencer professores acostumados a ministrarem suas aulas como
aprenderam: usando o giz, a voz e o livro didático a aderirem às novas tecnologias. Os que se
aventuram nessa jornada a fazem, geralmente, pela vontade e intuição, com pouca ou nenhuma
formação específica. Nas palavras de Citelli (2002, p. 22) apud Monteiro (2012):
“Ao evidente impacto da televisão, não corresponde
necessariamente um olhar da escola instruído pela perspectiva da
leitura crítica do meio”.

2.2. Uso da televisão no processo de ensino e aprendizagem em Moçambique


Em Moçambique, o uso da televisão no processo de ensino e aprendizagem é feito pela
EducaTV. A EducaTV é um sistema de apoio ao sector educativo, dedicado às áreas que
apresentam piores resultados de aprendizagem, cujo público-alvo são os docentes, os alunos e a
comunidade em geral. Neste projecto estão abrangidas as disciplinas de Matemática e Ciências
Naturais, principalmente na vertente Experimental e de Campo. Com a TVM (Televisão de
Moçambique) como parceiro privilegiado – estes conteúdos são replicados a nível nacional,
podendo ser usados das mais variadas formas em todo o país e por toda a comunidade escolar
com o objectivo de melhorar globalmente a qualidade de Ensino (Anjo e Amaro, 2016).

A passagem de programas da EducaTV em canal aberto contribui fortemente para contrariar, e


de preferência inverter, a procura de cursos que dão acesso às profissões de Ciências e
Engenharias. Um baixo número de alunos no Ensino Superior nas áreas referidas compromete
seriamente o desenvolvimento do País. Além de todos os aspectos já referidos, a utilização da
televisão como forma de divulgação destes programas contribui para a Divulgação de Ciência
através de um aumento da Cultura Científica da população (Anjo e Amaro, 2016).

A produção e a difusão de material didáctico audiovisual visa a melhoria do processo de ensino e


aprendizagem, de acordo com o currículo do Ensino Secundário Geral, das disciplinas de
Ciências Naturais (Biologia, Física, Química e Geologia) e Matemática, é um auxiliar para a

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melhoria da capacidade de professores e alunos fazerem uso dos equipamentos e laboratórios que
se encontram nas escolas. Sabemos que nem todas as escolas possuem laboratórios equipados,
mas nas escolas onde existem não há motivo para que os professores e os alunos não os
explorem. Existe um leque generoso de objectivos que se cumprem com a EducaTV (Anjo e
Amaro, 2016):
1. Criação nacional de material didáctico para os alunos e professores. Além da aula em
formato audiovisual, esta é acompanhada por dois textos sendo um para os alunos, com a
exploração teórica e teórico-prática da matéria apresentada, e outro texto de exploração do
vídeo em sala de aula dedicado ao professor. Este tem, assim, uma planificação da aula desde
a introdução do conceito à exploração experimental ou em trabalho de campo;
2. Dinamização de actividades experimentais e, de um modo geral, da sua abordagem ao ensino
das Ciências. Os programas podem ser enviados em DVDs, conjuntamente com o material de
apoio, para as escolas, o que irá contribuir para melhorar a formação dos docentes no uso do
material de laboratório;
3. Profissões para o futuro. Ao melhorar a aprendizagem dos alunos nestas matérias, estamos a
melhorar o seu envolvimento nas áreas cientificas e a sua apetência pelas profissões de
Ciências;
4. Equidade. A Difusão em sinal aberto faz com que os conteúdos saiam da esfera da escola, e
possam ser visto pelas famílias e nas comunidades, contribuindo para a dignificação do
Professor, reforçando o seu importante papel de elemento de suporte da instrução e educação;
5. Referência para pais e encarregados de educação que, desta forma, terão um elemento de
comparação com a realidade que observam na escola e podem, assim, acompanhar os alunos
na sua aprendizagem.

A EducaTV cumpre uma função ainda mais abrangente, que vai para além do seu espaço em sala
de aula - é um poderoso instrumento de Comunicação de Ciência. Ao desmistificar as Ciências e
a Matemática através das experiências e do trabalho de campo, leva a um entendimento dos
fenómenos da natureza levando a um aumento da curiosidade e à elevação da Cultura Científica
(Anjo e Amaro, 2016).
A escolha do meio audiovisual justifica-se pelo seu carácter dinâmico de multiplataforma, que
vai desde a circulação através da internet, mobile e computador, até ao simples DVD cuja
tecnologia está presente na maioria das escolas. A criatividade do audiovisual é imensa. As

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condições técnicas e tecnológicas permitem criar conteúdos atractivos, versáteis, de fácil
manuseamento e duráveis tanto para professores como para os alunos e para as comunidades
(Anjo e Amaro, 2016).
A sua difusão na televisão pública em canal aberto tem uma característica que se deve acentuar
a equidade. Todos os alunos, todos os professores têm a oportunidade de os ver já que a
cobertura televisiva é total. A aposta na TVM multiplica o público-alvo por largos milhões de
espectadores. Através de um canal público, chega mais longe – levando a Educação e Ciência a
todo o território – um meio democrático e equitativo (Anjo e Amaro, 2016).

2.2.1. Escolha de conteúdo de ciências naturais e matemática


Avaliando o contexto do ensino em Moçambique e os números referentes ao acesso ao Ensino
Superior, somos confrontados com uma profunda diferença entre os alunos que escolhem cursos
superiores na área das Ciências Sociais e os alunos que enveredam por cursos de base científica e
matemática. Oitenta por cento dos alunos que acedem ao Ensino Superior optam por cursos de
Letras e Ciências Sociais, o que deixa uma fatia muito pequena para os cursos de pendor
científico, levando a que se graduem muito poucos alunos nestas áreas. Por isso que a EducaTV
opta pelo conteúdo de matemática e ciências naturais (Anjo e Amaro, 2016).

A linguagem usada e o formato televisivo aproximam os jovens, e o público em geral, dos


conteúdos científicos sendo um contributo assinalável para a criação da cultura científica. É
importante fazer este trabalho junto das crianças e dos jovens, para que ganhem desde o início da
sua carreira escolar gosto e apetência pelas Ciências e, assim, não tracem o seu percurso à
margem destas áreas, tendo depois de enveredar por cursos de Humanidades e Letras, já
sobrecarregados (Anjo e Amaro, 2016).

2.2.2. Democratização do Acesso


O acesso ao livro, no Ensino Secundário, e a outros materiais didácticos ao longo de todo o
território é profundamente desigual. São poucas as livrarias fora da Cidade de Maputo e os
preços praticados estão muito para além daquilo que o cidadão comum pode despender. Esta
situação conduz a situações de iniquidade gritantes, já que os alunos são submetidos a exames
nacionais sem estarem em posse dos mesmos materiais de estudo. A mesma situação pode ser
referida em relação aos professores cuja formação em exercício e o acesso às tecnologias está
condicionada pelo local onde trabalham. Estas iniquidades fazem com que os resultados obtidos

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pelos alunos nos exames nacionais não sejam comparáveis. É urgente encontrar medidas que
conduzam à equidade e democratização do Ensino (Anjo e Amaro, 2016).

Quando falamos das Ciências e da Matemática as preocupações aumentam e a necessidade de


resposta passa a ser urgente dentro de todas as urgências. A difusão em canal aberto de
conteúdos escolares de base científica ajuda a atenuar tudo o que foi dito. É desde logo uma
resposta à necessidade de democratização e equidade no acesso a materiais de estudo, mas
encontramos outra virtude que é a de ajudar a criar na população uma consciência e cultura
científicas. Sem dúvida, esta é uma contribuição para o desenvolvimento nacional (Anjo e
Amaro, 2016).

A desmitificação de algumas crenças em áreas como a saúde, as práticas agrícolas ou os


fenómenos meteorológicos, por exemplo, são aspectos que podem ser explicados para que todos
entendam. Quando um assunto é apresentado em televisão as pessoas debatem e discutem
ganhando desta forma maior visibilidade e proximidade. Podendo assim ter uma população mais
esclarecida e mais apta a discutir a Educação e a qualidade desta (Anjo e Amaro, 2016).

2.2.3. O Ensino em Moçambique


O contexto do Ensino das Ciências não é encorajador. Apesar das Escolas Secundárias estarem,
em boa parte, equipadas com material de laboratório, os docentes nem sempre possuem as
qualificações necessárias para o ensino experimental ou estão motivados para o fazer (Anjo e
Amaro, 2016).
O Plano Curricular do Ensino Secundário Geral estabelece que as áreas curriculares do Ensino
Secundário representam um conjunto de saberes, valores e atitudes interrelacionados entre si.
Estes integram um conjunto de disciplinas orientadas para domínios de estudo específicos. Os
conteúdos das disciplinas estão organizados tendo em conta a perspetiva de abordagem integrada
e em espiral. A área de Matemática e Ciências Naturais é constituída pelas disciplinas de
Matemática, Biologia, Física e Química (Anjo e Amaro, 2016).

As principais competências a desenvolver nos alunos passam por relacionar, interpretar, analisar,
sintetizar, deduzir e provar. Essencialmente, pretende-se que os alunos desenvolvam
conhecimentos para a resolução de problemas, realizar experiências, mas também que
contribuam para a formação de uma cultura Científica e Tecnológica efectiva, que permita ao

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aluno a interpretação dos factos, fenómenos e processos naturais. Esta cultura implica a
compreensão do conjunto de equipamentos e procedimentos, técnicos e tecnológicos, do
quotidiano doméstico, social e profissional (Anjo e Amaro, 2016).

É com base nestas considerações e princípios orientadores dos curricula que são desenvolvidos
os recursos audiovisuais que serão explorados em sala de aula e com difusão na televisão em
sinal aberto. A convicção é que possam abrir novas possibilidades no processo de ensino e
aprendizagem (Anjo e Amaro, 2016).

Aos professores, usuários destas matérias, caberá reconhecer os modelos de ensino retratados nas
matérias audiovisuais a ser produzidos, selecionar os que melhor se adaptam à sua prática
pedagógica e explorar todos os recursos oferecidos para comtemplar, simultaneamente,
produtividade, eficiência e qualidade no ensino a fim de facilitar a aprendizagem. A produção de
material audiovisual aborda conteúdos sobre (Anjo e Amaro, 2016):
1. A Genética, Evolução, Fisiologia Vegetal e Animal de acordo com os programas da
disciplina de Biologia;
2. O equilíbrio Químico, Reações Redo, Eletroquímica e Química Orgânica de acordo os
programas da Disciplina de Química;
3. Eletricidade, Mecânica, Ondas, Física Atómica e Nuclear e Gases e Termodinâmica de
acordo com os programas da Disciplina da Física;
4. Geometria, Trigonometria, Calculo Combinatório e probabilidades, Calculo Diferencial,
primitiva de uma Função e Números Complexos de acordo com os programas da disciplina
de Matemática. Fenómenos e processos naturais. Esta cultura implica a compreensão do
conjunto de equipamentos e procedimentos, técnicos e tecnológicos, do quotidiano
doméstico, social e profissional.

3. CAPÍTULO III: CONCLUSÃO


3.1. Conclusão
Em Moçambique, a produção de material didático audiovisual de Ciências Naturais e de
Matemática visa a melhoria do processo de aprendizagem das disciplinas de Ciências Naturais.
Através de conteúdos que serão desenvolvidos de acordo com o currículo do Ensino Secundário
Geral, transmitidos pela utilização da televisão, já que meios como a Internet são de difícil

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acesso a professores e mais ainda a alunos, o que não quer dizer que estes conteúdos e restante
documentação não esteja em plataformas mobile, para quem tiver acesso. A escolha do meio
audiovisual justifica-se pelo seu carácter dinâmico, cujas possibilidades permitem criar
conteúdos criativos, atractivos para professores e alunos. A sua difusão na televisão pública, em
canal aberto, é uma mais-valia no cumprimento do objectivo de levar estas aulas a todos os
pontos do país. A par com isto a sua reprodução em DVD e veiculação na Internet permite que
sejam vistas de forma repetida.
O uso da televisão no processo de ensino e aprendizagem só é aplicado para os conteúdos e
alunos do ensino secundário, isso pelo interesse dos próprios alunos em aprender e capacidade de
reter o que é transmitido pela televisão. A questão económica é também determinante. Os
conteúdos assim produzidos são duráveis e versáteis na sua utilização. Pois nos muitas das
escolas secundárias estão em zonas urbanas/ suburbanas onde há alcance da transmissão
televisiva publica pelo menos.

3.2. Referências bibliográficas


Raupp, F. A, Tessari, A. C. S. M, Baldessar, M. J, Spanhol, F. J. (2010). Influência da televisão
na educação. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, Volume 44, Número 2, p. 313-329,
Outubro.
Monteiro, R. S. S.S. (2012). Proposta de utilização da televisão como recurso de aprendizagem
na escola estadual professora josefa jucileide amoras colares. Universidade federal do amapá.
Anjo, A.J.B, Amaro, S. (2016). EducaTV - um projecto em desenvolvimento em Moçambique.
Acessado no dia 27 de outubro de 2020, pelas 17:10h. Obtido em:

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https://www.academia.edu/28333105/EducaTV_um_projecto_em_desenvolvimento_em_Mo
%C3%A7ambique.

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