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Rebeka Lorenzzi
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
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O USO DE MOBILE-LEARNING COMO FERRAMENTA INCLUSIVA NO ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA View project
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Resumo
O presente artigo aborda como a Inclusão escolar de alunos com Transtorno do Espectro Autista e Surdos, suas
conquistas e desafios. A Educação Inclusiva conquistou ao longo dos anos considerável progresso, gerando vários
impactos positivos na história da educação. Contudo, pode-se observar que nos Campi do Instituto Federal da Paraíba
possuem poucos ou nenhum estudante com Transtorno do Espectro Autista ou Surdos, mesmo com suas vagas
garantidas por lei para pessoas portadoras de necessidades especiais, assim gerando um questionamento do porquê
essas vagas não estão sendo ocupadas por estes estudantes. Este tema é relevante pela carência de estudos neste
campo, promovendo reflexão sobre as dificuldades que estes estudantes enfrentam no ambiente de ensino ou
evadindo dele. A pesquisa sinaliza que a despeito de cursos de formação para professores e da oferta de vagas, a
escola ainda necessita de estrutura adequada para atender esta demanda de alunos de maneira inclusiva.
Abstract
This paper addresses school inclusion of deaf learners or within the Autistic Spectrum Disorders, its current
achievements and challenges. Progress in Inclusive Education has been acquired throughout the years, therefore
generating positive impacts to the History of Education. Nevertheless, through this research it is observed that
Campuses at the Federal Institute of Paraíba have few or no learners within this group, even though they have their
opening assured by laws for disabled people, which in contrast evokes questions whether such openings are not
occupied by those who are entitled to them. This study is relevant due to the lack of literature, and spawns reflections
about the difficulties that learners face in their learning environment or evading from it. The research reveals that
despite teacher training courses and openings in the education network, the school still needs appropriate structure
among other strategies to meet an inclusive approach for these learners' needs.
Resumo
O presente artigo aborda como a Inclusão escolar de alunos com Transtorno do Espectro Autista e Surdos, suas
conquistas e desafios. A Educação Inclusiva conquistou ao longo dos anos considerável progresso, gerando vários
impactos positivos na história da educação. Contudo, pode-se observar que nos Campi do Instituto Federal da Paraíba
possuem poucos ou nenhum estudante com Transtorno do Espectro Autista ou Surdos, mesmo com suas vagas
garantidas por lei para pessoas portadoras de necessidades especiais, assim gerando um questionamento do porquê
essas vagas não estão sendo ocupadas por estes estudantes. Este tema é relevante pela carência de estudos neste
campo, promovendo reflexão sobre as dificuldades que estes estudantes enfrentam no ambiente de ensino ou
evadindo dele. A pesquisa sinaliza que a despeito de cursos de formação para professores e da oferta de vagas, a
escola ainda necessita de estrutura adequada para atender esta demanda de alunos de maneira inclusiva.
Abstract
This paper addresses school inclusion of deaf learners or within the Autistic Spectrum Disorders, its current
achievements and challenges. Progress in Inclusive Education has been acquired throughout the years, therefore
generating positive impacts to the History of Education. Nevertheless, through this research it is observed that
Campuses at the Federal Institute of Paraíba have few or no learners within this group, even though they have their
opening assured by laws for disabled people, which in contrast evokes questions whether such openings are not
occupied by those who are entitled to them. This study is relevant due to the lack of literature, and spawns reflections
about the difficulties that learners face in their learning environment or evading from it. The research reveals that
despite teacher training courses and openings in the education network, the school still needs appropriate structure
among other strategies to meet an inclusive approach for these learners' needs.
1 INTRODUÇÃO
O processo inclusivo no meio educacional é uma questão relevante para as sociedades
contemporâneas, em especial no Brasil, onde sua prática ainda enfrenta um grande paradigma,
mesmo em meio aos avanços significativos na educação inclusiva conquistados ao longo dos anos
como o atendimento especializado, a utilização de recursos educacionais adequados para a
abordagem e estímulo da aprendizagem. Recentemente, registrou-se a ampliação das vagas junto
às classes comuns, principalmente nas redes municipais, que foram responsáveis por cerca de
60% das 110.536 vagas nas classes comuns, com e sem apoio especial, em 2002, contudo,
manteve-se expressiva concentração de matrículas (3/4) nas escolas e classes especiais,
modalidades de atendimento consideradas segregadas (GLAT; FERREIRA, 2003).
Destarte, durante a prática da inclusão é necessário que haja integração escolar entre toda a
comunidade educacional, desde professores, alunos e suas famílias, bem como os agentes de
apoio à educação como intérpretes, ledores, pedagogos, dentre outros técnicos administrativos
educacionais que os Institutos Federais dispõe de modo que, possa ser criado um ambiente
igualitário à todos. Dessa forma, o processo inclusivo educacional tem como objetivo atender as
especificidades e capacidades dos alunos que possuem necessidades especiais, de modo a fornecer
suporte de serviços educacionais por meio de profissionais instruídos (MRECH, 1998).
Diante disso, hodiernamente, a educação inclusiva é considerada uma modalidade especializada
no aluno, sendo dedicada à pesquisa e também ao desenvolvimento de novos métodos de ensino
adequados a heterogeneidade dos estudantes e compatível com as ideias democráticas de uma
educação universal (MONTOAN, 2005). Para que isso viesse ocorrer no Brasil, foram
estabelecidos leis e diretrizes, como a Lei de nº 8.069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança
e do Adolescente e dá outras providências, onde em seu Art. 54 estabeleceu diretrizes para a
implementação da educação inclusiva no país.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram
acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III -
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente
na rede regular de ensino; [...].
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada como parte integrante de um projeto de pesquisa, inovação,
desenvolvimento tecnológico e social, Chamada Interconecta, Edital 01/2020 do Instituto Federal
da Paraíba, campus Cabedelo, fomentado com bolsa de apoio do CNPq. A pesquisa foi
desenvolvida remotamente em razão do distanciamento social, consequente da pandemia da
COVID-19, porém com o apoio dos coordenadores do Núcleo de Atendimento às Pessoas com
Necessidades Educacionais Especiais (NAPNE) do IFPB nos campi Cabedelo, Cabedelo Centro
e João Pessoa.
Para iniciar a pesquisa, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do IFPB,
para isso, os diretores dos campi foram convidados a participar da pesquisa, e após o aceite
realizado com Termo de Anuência (TA) da instituição a pesquisa foi iniciada. A coleta de dados
foi iniciada com o consentimento dos participantes por meio da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em conformidade com a Resolução CNS n. 510-
abril/2016, que se encontrava anexado ao questionário do Google Forms, site utilizado como meio
de coleta de dados online. Assim, os coordenadores dos NAPNEs foram contactados, para que
fossem coletadas informações a respeito da quantidade de alunos surdos e autistas presentes nos
Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio (CTIEMs) no município de Cabedelo e João Pessoa,
também utilizando Formulários Google que eram precedidos de TCLEs. Em paralelo a isso, foi
realizada uma pesquisa no site do IFPB a respeito dos editais de ingresso, a fim de analisar o
quantitativo de vagas oferecidas para pessoas com deficiência no ensino médio, sendo esta etapa
desenvolvida durante os meses de junho a setembro.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados coletados nesta pesquisa são a respeito do quantitativo de vagas oferecidas nos CTIEMs
do IFPB durante os anos de 2018, 2019 e 2020, que são as respectivas atuais turmas do 3º, 2º e 1º
ano do ensino médio, sendo estas vagas relacionadas ao quantitativo de alunos com TEA e surdos
presentes nos cursos nesses períodos. Para isso, foram analisados os editais dos processos
seletivos para os cursos técnicos presenciais na modalidade Integrado ao Ensino Médio e aplicado
um questionário com os coordenadores do NAPNE dos campi Cabedelo Centro, Cabedelo e João
Pessoa, a fim de descobrir o número de alunos regularmente matriculados.
Diante disso, o acesso foi garantido por lei a partir de 2016, tendo como propósito essencial
promover a democratização do acesso ao ensino público, de forma a impulsionar a inclusão
igualitária no acesso aos CTIEMs do IFPB.
Com isso, ao analisar os editais de ingresso no ensino médio nos anos de 2018 a 2020 é possível
perceber que há uma distribuição regular das vagas ofertadas. Os campi Cabedelo Centro,
Cabedelo e João Pessoa ofereceram um total de 1.600 vagas nos últimos 3 anos para os CTIEMs,
sendo 278 reservadas para pessoas com deficiências (Quadro 1).
Quadro 1. Demonstrativo de distribuição de vagas para Pessoas com Deficiência no IFPB.
Demonstrativo de distribuição de vagas para Pessoas com Deficiência (PcD) por campus do IFPB
Cabedelo Centro Cabedelo João Pessoa
Vagas Vagas para Vagas Vagas para Vagas Vagas para
Anos
Ofertadas PcD Ofertadas PcD Ofertadas PcD
2018 40 7 120 21 360 63
2019 50 7 160 28 360 63
2020 30 5 120 21 360 63
Total 120 19 400 70 1.080 189
Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.
O termo Pessoas com Deficiência (PcD) é utilizado em conformidade com a descrição presente
no Decreto nº 3.298/99, que estabelece a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência, dessa forma, o estudante no ato da matrícula deve apresentar Laudo Médico
indicando o tipo, grau ou nível de necessidade, com referência ao código correspondente da
Classificação Internacional de Doença (CID), sendo a deficiência mencionada abrigada pelos
termos do Decreto citado anteriormente (IFPB, 2019).
Diante disso, buscou-se investigar com os coordenadores dos NAPNEs quantas dessas vagas
encontram-se atualmente preenchidas por alunos surdos e com TEA no ensino médio., Foi
constatado que no campus Cabedelo Centro a presença desses alunos é nula, em Cabedelo há
matriculados 1 aluno surdo e 1 autista, já em João Pessoa há 7 surdos e 6 autistas (Gráfico 1),
totalizando 8 surdos e 7 autistas.
Quadro 2. Relação de alunos surdos e com TEA presentes nos Cursos Técnicos Integrados ao
Ensino Médio.
Demonstrativo de vagas ocupadas atualmente por alunos com TEA e alunos Surdos
Cabedelo Centro Cabedelo João Pessoa
Vagas Vagas Vagas
Vagas para Vagas para Vagas para
Anos Ocupadas Ocupadas Ocupadas
PcD PcD PcD
TEA Surdos TEA Surdos TEA Surdos
2018 7 0 0 21 0 0 63 ?* ?*
2019 7 0 0 28 1 0 63 ?* ?*
2020 5 0 0 21 0 1 63 ?* ?*
Total 19 0 0 70 1 1 189 6 7
*Quantitativo não informado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
Na perspectiva da análise dos resultados presentes, pode-se observar que o quantitativo de alunos
com TEA ou surdos é muito inferior ao quantitativo de vagas ofertadas, identificando o não
preenchimento em sua totalidade das vagas na entrada dos alunos e também a evasão dos alunos
que de fato entram, o que pode ocorrer em decorrência de uma miríade de fatores. Realizamos
aqui três possíveis causas: a primeira é que a divulgação dos editais do IFPB é limitada, uma vez
que não há disponibilidade de tradução com vídeo em LIBRAS dos mesmos, como também não
uma explicação compreensível aos adolescentes com TEA. A segunda é a escassa aplicação ou
ausência de tecnologias assistivas durante as aulas, o que causa a evasão escolar desses discentes,
por não receberem o suporte necessário. Por fim, a terceira, é a potencial falta de interesse desses
alunos em cursar os CTIEMs no IFPB. Desta forma, é necessária a realização de uma pesquisa
aprofundada sobre os reais motivos pelos quais essas vagas não estão sendo preenchidas em sua
totalidade e mesmo quando são, quais seriam as razões que levariam os alunos a evadir.
Outrossim, consideramos ser relevante sugerir medidas de retenção para os alunos dentro desse
escopo, como adoção de sugestões já aqui apresentadas que estão dentre o desenvolvimento de
aplicativos com a utilização de LIBRAS, aplicativos que saibam lançar mão de habilidades e
competências cognitivas aos alunos com TEA, além é claro, de promover formações com os
professores capacitando-os para o trabalho inclusivo e com tecnologias assistivas, um trabalho
que não esteja voltado exclusivamente para esses alunos mas que seja inclusivo para inserir a
participação de todos.
REFERÊNCIAS
APA DSM-5. Developed by 2014 American Psychiatric Association, 2014. Disponível em:
©