Você está na página 1de 14

ANÁLISE DO MÉTODO DE ANCORAGEM DO TIRANTE E DA

CONTRIBUIÇÃO DA ARMADURA DE COSTURA NA RESISTÊNCIA DE


CONSOLOS DE CONCRETO
Analyze of two different types of anchorage of tie rod and contribution of horizontal stirrup
in the strength of concrete corbels

Tatiane Capellani Sanches (1); Maria Elizabeth da Nóbrega Tavares (2)

(1) Mestre, MSc, UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro


(2) Professor Doutor, DSc, UERJ - Departamento de Estruturas e Fundações
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, Faculdade de Engenharia, FEN, Rua São Francisco
Xavier, Nº 524, Bloco E, 5º Andar, Sala 5033-E, CEP 20550-900, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Resumo
O presente trabalho tem por objetivo avaliar o método de ancoragem do tirante e a contribuição da armadura
de costura na resistência de consolos de concreto. Para isso, foram realizados dois ensaios experimentais
em pilares com consolos curtos, em escala reduzida. Eles apresentaram taxas de armadura iguais, variando
o método de ancoragem do tirante, sendo um dos modelos com ancoragem reta e o outro em gancho em
ângulo reto, e a presença de estribos na região de ancoragem. A carga de ruptura obtida nos ensaios
experimentais foi comparada com a prevista pelo modelo normativo da NBR 9062 (ABNT, 2017) e, também,
por dois modelos teóricos que consideram a contribuição da armadura de costura na resistência do consolo.
Concluiu-se, portanto, que a armadura de costura, quando distribuída em 2d/3, sendo d a altura útil do
consolo, aumenta a resistência do consolo para cargas verticais. Desta forma, a área de aço da armadura do
tirante pode ser diminuída. Além disso, a presença de estribos na região de ancoragem do tirante contribuiu
para confinar o concreto e aumentar a rigidez do consolo, porém, não foram observadas deformações
significativas na armadura transversal.
Palavra-Chave: Consolo. Armadura de costura. Ancoragem.

Abstract
The present work aims to evaluate two different types of anchorage of the tie rod and the contribution of the
horizontal stirrup in the strength of concrete corbels. It contains an experimental program with two small scale
specimens with short corbels of the same size. They have the same reinforcement rate, a different type of
anchorage of the tie rod, and one of them has vertical stirrup in the anchorage of the tie rod. The ultimate loads
were compared with the foreseen standard NBR 9062 (ABNT, 2017) and two analytical calculation models
that consider the contribution of the horizontal stirrups in the strength of the corbel. It was concluded that the
horizontal stirrup increases the strength of the corbel for vertical loads when it is in 2d/3 where d is the effective
depth of corbel. Thus, the steel area of the tie rod can be reduced. Moreover, the presence of stirrups in the
anchorage of tie rod contributed to increasing the stiffness of the corbel. However, deformations were not
observed in the vertical stirrups.
Keywords: Corbe. Horizontal stirrup. Anchorage.

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 1


1 Introdução
O objetivo geral deste trabalho é avaliar o método de ancoragem da armadura do tirante de
consolos pré-moldados monolíticos, tendo como base o estudo desenvolvido por
Damasceno (2016), e avaliar a contribuição da armadura de costura na resistência do
consolo.
O dimensionamento de consolos consiste no emprego de um modelo de treliça simples,
formada por uma barra tracionada, o tirante, e uma diagonal comprimida, a biela de
compressão. Além da armadura do tirante, existe outra armadura disposta na direção
horizontal, que recebe o nome de armadura secundária ou armadura de costura. Sua
função é reduzir a abertura de fissuras na interface entre o consolo e o pilar e propiciar
ductilidade para a biela de compressão. Campione et al. (2005) e Fernandes e El Debs
(2005) estudaram a contribuição da armadura de costura na resistência do consolo. Os
autores concluíram que é possível considerar sua participação na resistência do consolo,
de forma a reduzir a armadura do tirante, e desenvolveram modelos de cálculo para tal
consideração. Entretanto, o modelo proposto pela NBR 9062 (ABNT, 2017) não considera
a armadura de costura como elemento estrutural.

2 Consolo
A NBR 9062 (ABNT, 2017) considera consolo como sendo o elemento em balanço onde a
relação a/d é menor que 1, sendo: “a” a distância entre a face do pilar e a posição de
aplicação da carga; e “d” a distância do eixo da armadura principal (tirante) à face inferior
do consolo.
Franz e Niedenhoff (1963) apud Leonhardt e Mönning (1978) realizaram estudos
experimentais de fotoelasticidade e, desta forma, determinaram as trajetórias de tensões
em consolos com a/d = 0,5. Estes estudos revelaram que as tensões de tração são
praticamente constantes em todo o comprimento entre o ponto de aplicação da carga e o
engastamento. A diagonal comprime-se junto ao canto inferior do consolo e as tensões são
fortemente inclinadas. De acordo com Leonhardt e Mönning (1978), o consolo resiste à
força solicitante como uma treliça simples, conforme apresentado na Figura 1a.
A NBR 9062 (ABNT, 2017) recomenda que os efeitos das forças horizontais que
comprimam o plano de ligação entre o consolo e o elemento de sustentação sejam
desprezados. Além disso, avalia que as forças horizontais que gerem efeitos de tração no
plano de ligação sejam absorvidas integralmente pelo tirante. Considera ainda que o
método de dimensionamento dos consolos deve ser de acordo com a relação a/d. Para
consolos com relação a/d entre 0,5 e 1,0 o dimensionamento deve ser conforme modelo de
bielas e tirantes, apresentado na Figura 1b.

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 2


a) Treliça simples idealizada para o b) Modelo de treliça para consolo curto (NBR 9062
comportamento do consolo (Leonhardt e Mönning (ABNT, 2017))
(1978))
Figura 1 – Modelos de treliças

Campione et al. (2005) realizaram um estudo analítico e experimental referente ao


comportamento de consolos. Com base no programa experimental, definiram um modelo
de cálculo para consolos com armadura de costura. É proposto, no modelo de bielas e
tirantes, uma treliça secundária composta pela resultante da armadura de costura. Desta
forma, a força atuante no consolo é dividida entre as duas treliças de acordo com a rigidez
delas. A Figura 2 apresenta o modelo de treliça proposto por Campione et al. (2005).

Figura 2 - Modelo de cálculo de consolos com armadura de costura proposto por Campione et al. (2005)

Fernandes e El Debs (2005) analisaram a contribuição efetiva da armadura de costura, na


resistência de consolos curtos e apresentaram uma proposta de biela e tirante para o
cálculo da resistência baseada no modelo apresentado por Leonhardt e Mönning (1978).
ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 3
Essa formulação consiste no somatório das parcelas de contribuição das armaduras do
tirante principal e de costura até 2di/3, conforme apresentada na Figura 3. Os autores
apontam que sua formulação pode ser aplicada apenas para a parcela da força vertical. O
dimensionamento deve ser realizado separadamente para a força vertical e a horizontal.
Para a força horizontal, pode-se aplicar a formulação desprezando a contribuição da
armadura de costura.
A Tabela 1 apresenta as equações para a força de ruína do consolo, seguindo a dedução
realizada por Araújo (2016).

Tabela 1 - Força de ruína do consolo


Força resistida pela armadura do Fosrça resistida pela armadura de
Modelo de consolo
tirante costura
A s, tir f yd As ,cos t f yd
Fd = Fd =
NBR 9062 (ABNT, 2017)  a (1)  a (2)
 0,1 +  0,4  s   0,1 + 
 d  d
1
Campione et al. (2005) Fd = f yd As tan  (3)

Fernandes e El Debs n
zi d i
(2005) apud Araújo Fd =  Asi f yd (4)
(2016) i =1 a d
Onde:
a é a distância entre o ponto de aplicação da carga e a face do pilar;
As é a área da armadura;
As,cost é a área da armadura de costura;
As,tir é a área de armadura do tirante;
d é a altura útil do consolo;
Fd é a força de ruína do consolo;
fyd é a tensão de escoamento do aço, valor de cálculo;
i é o número de barras incluindo o tirante;
s é o espaçamento da armadura de costura;
z é o braço de alavanca;
α é o ângulo entre o tirante e a biela de compressão;
R1
=
R1 + R2
R1 é a rigidez da treliça primária;
R2 é a rigidez da treliça secundária.

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 4


Figura 3 - Proposta de Fernands e El Debs (2005)

3 Programa experimental
3.1 Projeto e fabricação dos modelos experimentais
O programa experimental desenvolvido investigou a ancoragem da armadura do tirante e a
presença de estribos na ancoragem. Composto por dois modelos, sendo: o P1M1MON
possui ancoragem do tirante em gancho e não tem estribos na região de ancoragem; e o
P1M2MON possui ancoragem reta e estribos na região de ancoragem. A Tabela 2
apresenta a descrição resumida dos modelos. A Figura 4(a) apresenta a preparação para
a concretagem do pilar P1M1MON e a Figura 4(b) o pilar P1M2MON concretado.
Foi utilizado modelo reduzido de acordo com os ensaios de Damasceno (2016). O
dimensionamento e o detalhamento, que foram feitos seguindo as prescrições das normas
NBR 9062 (ABNT, 2017) e NBR 6118 (ABNT, 2014), encontram-se em Sanches (2019).

Tabela 2 - Descrição dos modelos experimentais (Sanches (2019))


Armadura Influência de estribos na
Modelo Ancoragem do tirante
do tirante região de ancoragem
P1M1MON M1 Gancho em ângulo reto (90°) Sem
P1M2MON M2 Reta Com

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 5


a) Pilar P1M1MON preparado para a concretagem b) Pilar P1M2MON concretado
Figura 4 - Concretagem dos pilares (Sanches (2019))

3.2 Caracterização do concreto


A Tabela 3 apresenta a quantidade de material por metro cúbico para a composição de
concreto utilizada nos modelos. Foi utilizado no modelo P1M1MON o cimento CPII 32 F e
no modelo P1M2MON o cimento CPV-ARI. A caracterização dos materiais encontra-se em
Sanches (2019).
Tabela 3 - Material para 1 m³ de concreto (Sanches (2019))
Material Quantidade (Kg)
Cimento 513,38
Areia 661,05
Brita 0 1025,35
Água 163,78
Superplastificante 0,51
Fator a/c 0,32

A caracterização do concreto foi realizada mediante os ensaios de compressão axial,


resistência à tração por compressão diametral e módulo de elasticidade, respeitando as
recomendações das normas NBR 5739 (ABNT, 2018), NBR 7222 (ABNT, 2011) e NBR
8522 (ABNT, 2017), respectivamente. A Tabela 4 mostra os valores médios obtidos.

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 6


Tabela 4 - Caracterização do concreto (Sanches (2019))
Módulo de
Modelo Slump (cm) fcm ( MPa) fctm (MPa) elasticidade (GPa)
P1M1MON 2,5 50,04 2,69 30,35
P1M2MON 3 61,45 4,21 34,02

3.3 Instrumentação dos modelos e procedimento experimental


Para a aquisição de dados, utilizou-se extensômetros de resistência elétrica, colados nas
armaduras e na superfície do concreto, e transdutores no consolo.
O procedimento experimental consistiu no posicionamento do pilar abaixo do equipamento
de compressão e aplicação de carregamento monotônico. Utilizou-se uma placa de aço,
medindo 24,0 x 14,5 cm, centralizada no consolo para distribuição da carga, e um tubo
metálico vazado de seção quadrada, de 110 mm de lado e 7,1 mm de espessura de parede,
para aplicação da carga. Este ensaio teve relação a/d de 0,74.

Figura 5 - Configuração do ensaio experimental (Sanches (2019))

4 Resultados e discussões
Foram obtidos nos ensaios dos modelos experimentais valores de forças máximas,
deslocamento no consolo, e deformações, na armadura e no concreto, correspondentes a
tais forças.
A Figura 6 e a Figura 7 apresentam o modo de ruptura dos modelos. Ambos romperam no
pilar por flexo-compressão. No P1M1MON, a primeira fissura ocorreu com
ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 7
aproximadamente 83 kN e a ruína com 347,52 kN. No P1M2MON, a primeira fissura ocorreu
com aproximadamente 73,58 kN e a ruína com 391,42 kN.

a) Lateral do modelo b) Detalhe da fissuração o modelo

Figura 6 – Ruptura do modelo P1M1MON (Sanches (2019))

a) Lateral do modelo b) Detalhe da fissuração o modelo

Figura 7 - Ruptura do modelo P1M2MON (Sanches (2019))

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 8


A Figura 8 apresenta a curva força x deslocamento no consolo. Ambos os pilares
apresentaram comportamento semelhante. Entretanto, o P1M2MON, que possui tirante
com ancoragem reta e estribos, apresentou, para a mesma carga, deformações menores.

400
350
300
FORÇA (kN)

250
200
P1M1MON
150
P1M2MON
100
50
0
0 2 4 6 8 10
DESLOCAMENTO (cm)

Figura 8 - Deslocamento no consolo (Sanches (2019))

A Figura 9 apresenta a deformação nas armaduras que compõem o tirante (Ponto A e B),
costura (Ponto C e D) e o estribo localizado no meio da região de ancoragem (Ponto F e
S15).
O tirante, na interface (Ponto A), comportou-se de forma semelhante até aproximadamente
200 kN, quando, então, a curva do P1M2MON desvia-se de P1M1MON e apresenta
comportamento mais rígido.
O estribo comprimiu nas laterais e tracionou na parte superior. Observou-se deformação de
0,74‰ na ruptura.

400 A - P1M1MON
A - P1M2MON
350
B - P1M1MON
300 B - P1M2MON
F - P1M2MON
FORÇA (kN)

250
S15 - P1M2MON
200 C - P1M1MON
150 C - P1M2MON
D - P1M1MON
100
D - P1M2MON
50
0
-1 0 1 2 3 4
DEFORMAÇÃO (‰)

Figura 9 - Deformação das armaduras (Sanches (2019))

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 9


A Figura 10 apresenta a deformação na biela de compressão.

400
350
CG - P1M1MON
300
CG - P1M2MON
FORÇA (kN)

250
200
150
100
50
0
-1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
DEFORMAÇÃO (‰)

Figura 10 - Deformação na biela de compressão (Sanches (2019))

Os modelos experimentais apresentaram valores maiores que o previsto pela NBR 9062
(ABNT, 2017) e mais próximos aos valores previstos pelos modelos analíticos.
Isso pode ser explicado pela contribuição da armadura de costura na flexão, que não é
considerada na norma brasileira.
A Tabela 5 apresenta a carga última experimental e prevista em cada modelo de cálculo.
A Tabela 6 apresenta a relação entre a força experimental e a prevista.

Tabela 5 - Carga última prevista (kN) (Sanches (2019))


NBR 9062 Fernandes e Campione
Modelo Experimental
(ABNT, 2017) El Debs (2005) et al. (2005)
P1M1MON 347,52 238,48 293,39 307,47
P1M2MON 391,42 238,48 293,39 304,33

Tabela 6 - Relação entre força experimental e força prevista (Sanches (2019))


NBR 9062 Fernandes e Campione
Protótipo
(ABNT, 2017) El Debs (2005) et al. (2005)
P1M1MON 1,46 1,18 1,13
P1M2MON 1,64 1,33 1,29
MÉDIA 1,55 1,26 1,21

A Tabela 7 apresenta as deformações e as tensões para as cargas de fissuração e de


ruptura na biela de compressão. Observa-se que, a tensão na biela de compressão foi
menor que a prevista pela NBR 9062 (ABNT, 2017).

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 10


Tabela 7 - Tensões para as cargas de fissuração e de ruptura na biela de compressão (MPa) (Sanches
(2019))
Fissuração Ruptura
Tensão na
Modelo Tensão na Tensão na Tensão na
Força de εc biela Força de εc
biela biela biela ruptura
fissuração fissuração fissuração ruptura ruptura
fissuração ruptura NBR 9062
NBR 9062
P1M1MON 83,38 0,03 1,26 18,24 347,52 1,34 37,88 76,03
P1M2MON 98,1 0,2 6,86 21,46 391,42 0,73 23,31 85,63

Para analisar os modelos de treliça e verificar a contribuição da armadura de costura,


empregou-se a carga última experimental na treliça simples, na da NBR 9062 (ABNT, 2017)
e na de Campione (2005).
A Figura 11 apresenta o diagrama de esforço normal da treliça simples.

a) P1M1MON b) P1M2MON

Figura 11 - Diagrama de esforço normal de treliça simples

No modelo de bielas e tirantes da NBR 9062 (ABNT, 2017), além das resultantes do tirante
e da biela de compressão, existe uma resultante para a armadura de costura. Por este
modelo a carga última é de 238,48 kN. Entretanto, da forma como é prevista, a parcela de
contribuição da armadura de costura é, apenas 20,34 kN. A Figura 12 apresenta o diagrama
de esforço normal para a treliça da NBR 9062 (ABNT, 2017). A Tabela 8 possui as parcelas
de carga resistida pelo tirante e pela armadura de costura. A carga resistida pela armadura
de costura é, apenas, 8,5% da carga total.

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 11


a) P1M1MON b) P1M2MON

Figura 12 - Diagrama de esforço normal da treliça proposta pela NBR 9062 (ABNT, 2017)

Tabela 8- Carga última prevista pela NBR 9062 (ABNT, 2017)

Carga resistida Carga resistida pela


Modelo Experimental Carga total
pelo tirante armadura de costura

P1M1MON 347,52 218,14 20,34 238,48


P1M2MON 391,42 218,14 20,34 238,48

Por meio do diagrama de esforço normal da treliça múltipla de Campione (2005), observa-
se que, a treliça secundária, formada pela armadura de costura e pela segunda biela,
contribui na resistência do consolo, absorvendo parte do carregamento aplicado, conforme
apresentado na Figura 13. Ao comparar esta treliça com a treliça simples, formada pela
armadura do tirante e pela primeira biela (Figura 11), o esforço na biela da treliça simples
é maior. Pois este modelo considera que uma única treliça absorve todo o carregamento.
Tal fato também foi observado na Tabela 7, onde a tensão na biela prevista pela NBR 9062
(ABNT, 2017) foi maior do que a obtida experimentalmente.

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 12


a) P1M1MON b) P1M1MON

Figura 13 - Diagrama de esforço normal da treliça proposta por Campione (2005)

5 Conclusão
A armadura de costura e os estribos exercem grande influência no comportamento do
consolo quanto à resistência, ductilidade e fissuração.
A presença de estribos na região de ancoragem do tirante principal contribuiu para confinar
o concreto e aumentar a rigidez do consolo, porém, as deformações nos estribos foram
inferiores a 1‰. Ressalta-se que não ocorreram fissuras de tração no pilar na região do
consolo. Os pilares estiveram submetidos à flexo-compressão apresentando fissuração
conforme este comportamento.
A norma brasileira subestima a força de ruína do consolo devido a não consideração da
armadura de costura. A qual proporcionou um aumento significativo na resistência dos
consolos. Os modelos analíticos, que consideram sua contribuição na resistência,
forneceram valores mais próximos aos observados experimentalmente, aproximadamente,
20% menor que o experimental.

6 Agradecimentos
Os autores agradecem à empresa Holcim pelo fornecimento de cimento e apoio à pesquisa.

7 Referências
ARAÚJO, D. L; NETO, A. P. S; LOBO, F. A; EL DEBS, M. K. A. Análise comparativa de
modelos de cálculo para consolos de concreto. IBRACON Structures and Materials
Journal. Volume 9. Nº 3. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 9062: Projeto e Execução


de Estruturas de Concreto Pré-Moldado. Rio de Janeiro, 2017.

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 13


CAMPIONE, G.; LA MENDOLA, L.; PAPIA, M. Flexural behaviour of concrete corbels
containing fibers or wrapped with FRP sheets. Materials and Structures, v.38, 2005;
p.617‒625.

DAMASCENO, JOÃO HENRIQUE LANNES. Consolos instalados em etapa posterior à


concretagem de pilar com auxílio de adesivo químico. Dissertação de mestrado.
Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP. 2016.

FERNANDES, R. M.; EL DEBS, M. K. Análise da capacidade resistente de consolos de


concreto armado considerando a contribuição da armadura de costura. Cadernos de
Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n.25, 2005; p.103‒128.

FRANZ, G.; NIEDENHOFF, H. Die bewehrung von Konsolen und gedrungenen Balken.
Beton und Stahalbetonbau, v. 58, n. 5, p. 112-120, 1963.

HAGBERG, T., Design of Concrete Brackets: On the Application of the Truss analogy.
ACI Journal,1983.

LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. Construções de concreto: Casos especiais de


dimensionamento de estruturas de concreto armado. v.2.1., Rio de Janeiro:
Interciência, 1978 (In Portuguese).

SANCHES, T. C. Avaliação da resistência de consolos pré-moldados monolíticos e


concretados posteriormente ao pilar. Dissertação de mestrado. Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ. 2019.

ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 14

Você também pode gostar