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CRI CRI CRI

Box Coragem
CRIANDO CRIANÇAS CORAJOSAS

Criando Crianças Corajosas, esse é o último dos pilares na ordem que eu tô


abordando. Falamos dessa definição, tá claro eu acho. Coragem não é tirar o medo
e sim agir mesmo com medo. E acho que o primeiro passo, a gente como educador,
tem que fazer, é não transmitir os nosso “medos-piloto-automático”.
“medo-piloto-automático” são os nossos medos que, eu digo piloto automático
porque muitas vezes a gente nem sabe que a gente porque a gente nunca parou
para pensar sobre isso, porque a gente não foi educado a pensar sobre
sentimentos, sobre medos, que é um tipo de sentimento. E a gente muitas vezes
nem sabe nossos medos, eles são piloto automático, e sendo piloto automático a
gente também transfere no piloto automático.
Um exemplo clássico, medo de barata. Um medo que muitas pessoas tem, eu tenho
muito esse medo. E se você vacilar você também transfere esse medo. Pelo
exemplo, pelas palavras, o poder da palavra. Eu falei aquele exemplo da minha
família naquele negócio de altura lá (carrossel) que alguém falou que: “- Ah, tem
que ter cuidado”. Muitas vezes o medo de altura que a gente tem e a gente
transfere. Muitas vezes o medo de uma profissão. Eu já vi gente falando assim: “ -
Não invente de querer ser tal coisa não.” Ou seja, existe um medo de que tal
profissão é perigosa, tal profissão não é boa, e ao dizer: “- Não invente de querer
ser arquiteto também não, viu? Que não dá futuro não.” Você está transferindo o
seu medo para aquela pessoa, né.

Esse pensador indiano (Jiddu Krishnamurti) ele diz que: “Quando há uma
compreensão do medo, há um entendimento de todos os problemas relacionados a
esse medo. Quando não há medo, há liberdade.”Ou seja, entendimento dos nossos
medos é algo que a gente em geral não foi orientado a ter. Em geral, na educação
padrão, que nós adultos tivemos, não falaram pra gente muito sobre isso. Sobre a
gente entender os nossos medos, refletir sobre os nossos medos, olhar pra dentro.
E tudo bem. não é que eles estavam errado não, tem haver com o momento, a
Paula Abreu falou no universo se expandindo. Talvez nessa expansão, nesse
despertar do universo, a cada geração, vão se (...) tem haver um pouco com
pirâmide de Maslow também, né? As necessidades básicas vão suprindo e a gente
pode ter mais tempo de pensar em coisas mais filosóficas, né? Não filosóficas no
sentido viajadas, mas no sentido de auto reflexão, né? Então uma coisa para
compreender os medos é ensinar os nomes dos sentimentos assim como
ensinamos os nomes das cores. A gente investe muito tempo em “Que cor é essa?
Que cor é essa? Que cor é essa?” E tal, e números também. E se fizéssemos isso
com os sentimentos? Caiu essa ficha quando eu fiz um coach com a Tania Mujica e,
numa das sessões que eu fiz com ela, ela me deu uma lista de sentimentos,
palavras, sei lá, umas 50 palavras, para eu estudar os sentimentos. E tirar minhas
dúvidas: “Qual é a diferença disso pra isso?” “Qual a diferença de raiva e ódio?”
Qual a diferença de, sabe, pequenas coisas que a gente nunca parou pra gente
estudar, para refletir, pra se aprofundar numa coisa tão importante. Então é uma
oportunidade de a gente estudar e aprender junto com nossos filhos um pouco mais
sobre os sentimentos e as diferenças. Já que gente também não sabe muito sobre
isso é uma oportunidade de a gente aprender já junto com nossos filhos, vamos
explorar juntos com eles esse assunto, né? E dentro desses sentimentos está muito
forte o sentimento do medo e ter clareza dos sentimentos e acostumar a estar
sempre refletindo: “O que estamos sentindo?” Esse tipo de pergunta, né? Que a
gente faz com mais frequência: “O que você está sentindo?” E a gente tendo um
treinamento com os nomes dos sentimentos a gente está mais preparado para “Ah,
peraí. Deixa eu ver o que eu tô sentindo. Será que é isso, é inveja ou é ciúme?
Deixa eu entender.” E aí é um músculo que a gente vai cada vez treinando e
melhorando, né?

Essa questão do sentimento do medo o Seinfeld faz uma piada que ele dizia: “De
acordo com estudos o medo número 1 das pessoas é falar em público.” É um dos
grandes medos, talvez se realmente fizessem estudos, já devem ter feito já, né? Um
dos grandes medos da humanidade é falar em público. Aí ele faz uma onda:
“Número 1 é falar em público. Número 2 é morrer. Como assim? Número 2 é
morrer? Será que isso faz sentido? Quer dizer então que se a pessoa vai no funeral
ela prefere estar dentro do túmulo do que estar fazendo o discurso fúnebre.”

É uma piada mas esse medo de falar em público, que é um dos TOP Five medos
dos seres humanos com certeza, ele na verdade é mais uma consequência daquilo
que Osho falou, que é o medo da opinião dos outros, o medo dos julgamentos, que
é a maior escravidão. Por isso é importante a gente sempre mostrar que não precisa
agradar a todo mundo. Cara, isso é tão importante!
Eu como pessoa que tive a minha vida um pouco pública, com muita visibilidade
desde os 13 anos de idade foi uma coisa que eu aprendi cedo, né? Principalmente
no meu caso que sempre tive muita visibilidade mas não apenas. Todo mundo vai
ter que ficar muito atento a essa coisa de agradar a todo mundo porque isso só vai
nos levar a nos desviar das nossas paixões e aí você vai para um caminho da
média, do medíocre. Porque se você consegue agradar a todo mundo significa que
você não agrada incrivelmente ninguém. Se você tentar agradar todo mundo você
sempre vai se frustrar.
É incrível né como a gente é obcecado em 100 pessoas elogiam e 1 pessoa critica e
a gente fica preocupado com aquela 1 pessoa. Ou até às vezes mais, 1000 pessoas
elogiam e 1 critica e a gente pega aquela crítica e fica remoendo e tal por causa da
necessidade de agradar todo mundo e na verdade a gente não precisa de verdade,
não precisa.
Esse meu curso não tem que agradar todo mundo, tem que agradar um grande
número de pessoas, tem que agradar ao público para o qual esse curso foi
direcionado. E assim todos os cursos que eu faço, em todos os serviços que eu
presto, em tudo, não dá pra agradar todo mundo, né? E quando vier a crítica, o
julgamento daquelas pessoas que não agradaram aí tem um dos 4 compromissos
da filosofia tolteca que é: “Não leve nada para o lado pessoal. Nada que os outros
fazem é por sua causa. O que dizem e fazem é uma projeção da realidade deles, do
sonho deles.” Cada um vive um sonho, uma realidade e quando uma pessoa emite
um julgamento é baseado na realidade, num sonho que ela vive, não é a verdade.
“Quando você se torna imune às opiniões e ações alheias não será vítima de um
sofrimento desnecessário.” Como Osho falou lá, essa coisa de se importar muito
com a opinião dos outros é a maior escravidão e interessante que como você pode
contribuir para um mundo com menos julgamentos é você julgar menos os outros
também. Julgar de forma pesada, de forma pejorativa, né? Atenção ao poder da
palavra como eu já falei.
A primeira coisa para não atrapalhar a coragem é não transferir os nossos medos.
Uma vez que a gente não está atrapalhando o que fazer para nutrir essa coragem?
Esse trechinho que Cortella falou na palestra é muito legal: “Há pessoas que frente
ao cenário turbulento recuam, se afastam, se aquietam e ficam dizendo uma frase
perigosíssima que é: - Que horror! Alguém tem que fazer alguma coisa.”
Maravilhoso! “Que horror! Alguém tem que fazer alguma coisa.” Estamos com
problema e tal, não sei o que, alguém tem que fazer alguma coisa. Por que alguém?
Por que não você? Alguém tem que fazer alguma coisa. Pelo amor de Deus, alguém
tem que fazer. É muito comum ouvir isso, né? E eu acho que o primeiro ponto para
criar crianças corajosas é criar crianças protagonistas.
Criar crianças que invés de dizer: “Alguém tem que fazer alguma coisa!” digam “Eu
vou fazer alguma coisa!” Protagonistas é a pessoa que está como motorista do seu
caminho e que vai pra onde tiver que ir. E dá pra fazer uma régua, né? De
Protagonismo que o outro extremo seria Vitimismo. Vitimismo é uma palavra muito
forte mas é o antônimo perfeito de protagonismo na minha opinião. É o extremo da
régua, o oposto de protagonismo é vitimismo. E ninguém quer dizer que é vitimista
mas grande parte de nós somos muito mais vitimistas do que protagonistas, né?
Vitimista não tem haver com vítima, tá? Ser vítima. Tem pessoas que são vítimas,
vítimas de condições sociais, de condições históricas mas você pode ser vítima. Ok,
isso é um fato! Mas você não precisa ser vitimista. Você pode ser vítima com
mentalidade protagonista e não vítima com mentalidade vitimista. Então eu vou
trocar as palavras Vitimismo e Protagonismo pelas palavras Reativo e Proativo.
Então primeiro corto os extremos, extremos são vícios. Nem pode ser
extremamente protagonista e nem extremamente no vitimista. Mas no caso não é só
os extremos mas também eu corto tudo a parte do Reativo até o limite entre Reativo
e Proativo e posiciono a régua no espectro da proatividade. E uma coisa simples pra
treinar esse músculo da proatividade com as crianças é brincar de criar soluções
para problemas que não são da sua conta. Isso é proatividade alta! Problemas
que não são seus, que não são da sua conta e você para pra imaginar. Treina a
imaginação: “Como seria solucionar esses problemas?” Apenas para fins de treino,
de imaginação e é o extremo protagonismo, né? Você ser proativo até com o que
não é da sua conta, mesmo que seja apenas para pensar, especular.
É interessante que quando fala essa coisa de: “Ah, tem que ser muito protagonista,
né? Tem que dar muita liberdade pra criança fazer tudo que ela quer, pra ela dar o
passo a frente e tal”. Aí tem gente que fala assim: “Ah, mas se você dá muita
liberdade sabe o que acontece? Dá liberdade demais ela vai achar que é dona do
mundo, vai achar que pode tudo”. Oh, analisando nesse espectro aí de reativo ou
proativo, ou de vitimista ou protagonista eu diria que o Dono do mundo está no
extremo do protagonista e do outro lado está a Vítima do mundo. E eu acho que é
melhor criar crianças pro lado dono do mundo sem ir para os extremos do que pro
lado de ser vítima do mundo e você escolhe onde se posicionar. Mas posicione de
forma desequilibrada pro lado do dono do mundo, pro lado de Yes, I can! (Sim, eu
posso!) tem muito a ver com autoestima, com a paixão por si mesma, com a paixão
pelos seus sonhos também.
Isso é um grande pré-requisito da coragem, né? Paixão por si mesmo, alinhamento
com seus sonhos. Porque já que tem que enfrentar medos que seja enfrentar
medos para realizar suas paixões. Motivado pela motivação intrínseca que é muito
mais forte que a extrínseca e essa motivação intrínseca dá força para encarar os
medos já que não dá para livrar dos medos.
Na transmissão com painho ele contou uma história de Maria Valentina no parque
que tem haver com essa questão de protagonismo:
(video) Seu Vital: “A Maria, há uma semana aí no parque na praça, tinha um
carrinho, daqueles carrinhos pequenos que tinha uma espécie de pá e ela viu logo
que aquilo era pra pegar terra. Ela pegou o carro e foi, foi e eu segui ela. Aí chegou
numa areia assim e se sentou no meio da areia e começou a empurrar o carrinho e
empurrar areia em cima dela. Aí chegaram dois meninos e uma menina e ficaram
na calçada, nem tocaram na areia, e a babá dos meninos assim: Isso aí é cheio de
coco de cachorro, mijo de gato. Aí eu fiz que nem ouvi. Aí eu incentivei Maria: Vai,
cava aí! (risos)”.
É engraçado é que depois disso as crianças ficaram, depois que elas superaram o
medo inicial que a babá estava colocando, elas passaram a brincar nesse lugar
como a Maria Valentina tava brincando. E essa história que ele contou tem duas
mensagens aí. A primeira mensagem é: Acostumar a criança a dar o primeiro
passo para explorar o desconhecido. Então assim, aquilo é desconhecido? Ok!
Então vamos conhecer e vamos dar o primeiro passo.Lembro que painho falava
brincando quando a gente ia no zoológico: “Filho, vai na frente. Se tiver um leão
você já cuida dele. Vai na frente.” Vá, dê o primeiro passo em busca do
desconhecido, né? Então, isso é muito importante, né? Teve um outro caso, que eu
tava no parque com ela e no parque tem uma parada lá, umas plantas um pouco
altas (pra ela, né? hehe) e as crianças nunca passavam por ali. Eu perguntei: -
“Filha, vamos ver o que tem ali?” E ela ficou meio desconfiada mas foi indo, foi indo
e ela deu o primeiro passo em busca do desconhecido e sabe o que ela descobriu?
Que o desconhecido é de boa. E agora ela passa tranquilamente com total
confiança. Mas isso de pouco em pouco vai treinando nela um lance de “Ok, se tem
uma coisa desconhecida eu não preciso obrigatoriamente dar o primeiro passo,
lógico. Obrigatoriamente não, mas, eu também não preciso obrigatoriamente
esperar alguém dar para eu dar depois. E eu não preciso ficar: “Ai, alguém precisa
fazer alguma coisa! Alguém tem que explorar isso aí!” Não! Eu também posso
explorar, é sempre uma opção e não uma obrigação mas uma possibilidade.
Outra coisa nessa história que meu pai contou é a importância de a gente ficar
atento a todos os stakeholders, todos os envolvidos no processo de criação de uma
criança, né? Porque eu falo muito de pais, pai e mãe, professores, tio, avó mas as
babás também são peças fundamentais no processo de criação e a gente precisa
alinhar a nossa visão com a da babá. Tem que estar muito alinhada a nossa visão.
Inclusive uma boa ideia é o CriCriCri, a babá pode assistir junto com você ou
sozinha separadamente. Eu acho que é uma forma legal de alinhar as visões. E
depois trazer para um debate. A babá faz parte do nosso time de criação e a gente,
assim como o time de uma empresa que a gente como líder alinha as expectativas,
alinha as visões, também fazer com as babás e com os outros envolvidos no
processo.
Essa coisa de dar o primeiro passo para o desconhecido é aquele negócio de Fábio
Porchat no Jô Soares. No final, quando acaba, olha o que Jô Soares diz: “Parabéns!
Não é uma coisa bonita isso, né? A pessoa chega e tem a coragem de pedir, vai,
faz …” É bonito né? Quando a pessoa tem coragem de pedir. Era o desconhecido
pra ele, aquilo ali era totalmente desconhecido para o Fábio mas ele teve a coragem
de dar o primeiro passo e realmente isso é muito bonito.
Como identificar qual é o primeiro passo da coragem? É esse que eu dou? Vale a
pena? É muito arriscado? Qual o ajuste fino entre o medo e o risco? Esse é o
caminho mesmo? Eu acho que a coisa mais importante pra coragem é ser um bom
analista de risco. Analisar os riscos das decisões e pra gente criar crianças boas
nisso a gente pode fazer isso junto com elas. Ou seja, tem uma decisão a ser
tomada e ela envolve riscos, ou seja, tem medo. Como você pode analisar os riscos
daquela situação verbalmente junto com a criança? Se a gente fizer isso, se a gente
fizer aquilo. Junto com a criança se ela for mais velha e se ela não for tão velha a
ponto de poder participar eu sempre gosto do caminho do teatrinho. Você e sua
esposa ali, seu marido: “Olha, essa decisão aqui seu eu for por esse caminho talvez
tenha isso. Pode acontecer isso e tal.” Eu vou disponibilizar um bônus para a galera
do CriCriCri, é uma técnica que quem fez o Reaprendizagem Criativa já conhece
mas quem não fez o Reaprendizagem não conhece ainda. É uma técnica
exatamente para ajudar no processo de tomada de decisão: Técnica BWA. Eu falei
no Segredo do Sucesso na decisão de sair do colégio que eu tive e ir trabalhar e
essa é a típica decisão, como eu já falei, que se for no piloto automático da decisão
você vai achar um absurdo, que não pode. Mas você pára e faz uma análise de
riscos. Qual o pior que pode acontecer? Qual o melhor pode acontecer? Qual o pior
que pode acontecer se eu tomar ou não tomar a decisão? Uma análise simples de
risco já dá mais clareza e se você faz isso regularmente você cria uma criança
pronta para ser protagonista porque protagonista tem que ser um bom analista de
risco.
Uma outra coisa importante para criar crianças protagonistas é criar crianças boas
de explicação. Não tô falando de oradores de palco, isso não é obrigação mas ter a
capacidade de explicar, de comunicar. Porque quem dá o primeiro passo sabe o
que tem que fazer depois? Convencer os outros a irem no seu caminho, influenciar.
Então a importante da gente aprender a influenciar os outros no bom sentido,
influenciar para trazer: Vem pro jogo comigo! Ser um bom explicador.
O criando crianças protagonistas dava para ter um sinônimo, podia ser criando
crianças empreendedoras porque pra mim é a mesma coisa. Empreender não é
montar empresas é ter atitude empreendedora, atitude protagonista, atitude de vai lá
e faz, de execução, de estar no comando, de ser o motorista da parada. Eu
perguntei na transmissão com painho sobre empreendedorismo o que ele achava:
Seu Vital: “Não se ensina empreendedorismo não. Se ensina os fatores para que
você possa ser um bom empreendedor. As qualidades, a coragem para evitar os
bloqueios, a vontade.”
Pensando nos nossos pilares aqui Paixão e Vontade são meio parecidos, né? Ele
quis dizer paixão quando falou. Sabe o que tem de interessante? Que esses quatro
pilares (Curiosidade, Imaginação, Coragem e Paixão) eles são meio que duas
duplinhas. Eu acho que a Curiosidade e a Imaginação é uma duplinha e a Coragem
e a Paixão é outra duplinha. A Curiosidade e a Imaginação são uma duplinha
porque Curiosidade tem a ver com Input, a Imaginação pega os Inputs e mistura. A
Coragem e a Paixão são uma duplinha porque a Paixão ela diz o caminho para
onde apontar e a Coragem dá o tiro.
Lembrando o que falei de Paixão, voltando lá ao pilar Paixão, a gente não tem que
ter apenas uma paixão, tá? E ela não tem que ser a verdade absoluta que você
descobre e não muda nunca. A paixão, o propósito ele é plural e é mutante, você ter
várias paixões mas pode mudar ao longo do tempo. Só abri esse parênteses. Então,
a Paixão direciona e a Coragem vai pra ação. A Curiosidade reúne os inputs e a
Imaginação combina esses inputs. Enfim, só uma reflexão quando painho falou
coragem e vontade me caiu essa ficha das duplinhas.
Voltando, então, empreendedor e protagonista é mais ou menos a mesma coisa
mas tem um outro fator importante para criar crianças corajosas além de
protagonistas: criar crianças resilientes. Resiliência é uma palavra que ficou famosa,
vem do mundo da física, capacidade do objeto mudar de forma, resumidamente é o
Bebê cair e levantar. É levar porrada e mesmo assim levantar. Você cai e tem força
para voltar ao estado original. É a resiliência. Naquela entrevista que eu fiz com
painho ele tava falando sobre como ele vê as crianças quando caem elas não tem a
permissão de se levantar sozinha, de treinar desde cedo a resiliência. Normalmente
o padrão quando a criança leva uma pequena queda, queda simples, imediatamente
um adulto vem sacudir, socorrer, né?
Trecho da entrevista, Seu Vital: “Ele pode cair para você puxar e abraçá-lo, né? E
outra coisa, ele ganha manha e fica meio que, ele é vítima, ele tem que ser salvo. Aí
eu digo com Maria, que ela caiu muito: - Levanta, Maria! Levanta!”
Interessante, né? Como nesses pequenos detalhes a resiliência pode ser trabalhada
desde bebê a partir do momento que você permite que ela caia e levante sozinha e
volte para o estado original que é a definição física da resiliência, né? Engraçado
que a gente sempre deixou ela subir escadas, ou seja, fazer coisas que vai gerar
quedas, pequenas quedas, ou seja, existe um pequeno controle ali, uma proteção,
uma rede do circo, mas na queda ela mesma levanta e isso gera um grande
aprendizado. Acho que a mensagem resume: Treine o músculo da resiliência
permitindo (e incentivando) os pequenos fracassos. Criar condições para que
ocorram pequenos fracassos porque é assim que se treina para o grandes
fracassos, através dos pequenos.
Em relação aos médios e grandes fracassos a gente também pode treinar o
músculo da resiliência ensinando a lidar. Aí não necessariamente a gente tem que
incentivar que eles ocorram porque eles são médios e grandes, né? Os pequenos
dá pra gente brincar de ocorrerem mas os médios e grandes a gente pode, uma vez
que eles ocorrerem, ensinar a como processar mentalmente. Uma coisa muito louca
que eu vejo é que muitas vezes quando a criança ela fracassa, ela faz um erro, seja
intencional ou não intencional, quando ela comete um grande erro o que acontece?
Ela é punida por ter fracassado. Antigamente levava um cinturão, uma palmada e
hoje em dia isso reduziu bastante mas, como eu já falei, ainda tem hoje a agressão
verbal: Tá vendo! Não falei!

Essas imagens me tocam muito. Pensar que é um ser humano que não tem a sua
inteligência emocional desenvolvida ainda. A gente que é adulto tem dificuldades
em lidar com alguns tipos de rejeição, de julgamentos, imagine quando o julgamento
vem do pai, da mãe com palavras fortes. O poder da palavra é penetrante, né?

Essa imagem também, lembrei muito da minha filha, parece ela de costas aí e, é
engraçado, né? Porque a gente falou tanto em superproteção, essa coisa de sair da
proteção e ir para uma super proteção e quando vejo essas imagens aí eu sinto que
houve uma regressão para subproteção. Agredir fisicamente e verbalmente é sub
proteger. E como lidar então? Como ensinar a lidar com esses médios e grandes
fracassos sem agressões físicas e agressões verbais? Eu acho que uma coisa
muito legal é treinar o músculo dos diálogos internos inteligentes.
Essa cena que eu vi na internet me lembrou uma coisa, que eu tava em um
congresso no exterior, em Nova York, foi no CIPSI em 2014 ou 2015, eu acho, e eu
vi uma palestra lá de um cara que tem 3 filhos e ele tava contando uma coisa que
ele faz, era sobre criatividade, crianças e tal. Uma coisa que ele faz, o jeito de
“castigar” é interessante. Eu não tenho muita opinião formada sobre castigo, a
princípio minha opinião é: Não deve existir. “Ah, mas como é que você vai resolver?”
Vou buscar outras formas criativas de resolver que não seja através de ameaças e
castigos, mas não tenho muita opinião formada. Talvez quando eu tiver 3 filhos
grandes eu vou ter um pouco mais de opinião sobre esse assunto. Mas eu achei
interessante a teoria de castigo dele, pelo menos a técnica de castigo dele e
pretendo talvez um dia treinar que é o seguinte: senta ali no cantinho, tente ficar em
silêncio e silêncio é refletir por 10 minutos, não muito. Só que, detalhe, 10 minutos
contados a partir do momento em que você (a criança) explicar direitinho o motivo
do castigo. Eu achei interessante, ou seja, a criança foi colocada de castigo então o
tempo começa a contar da hora que ela dizer: Eu tô de castigo porque … A
tendência na primeira vez é ela não falar direito: Eu tô de castigo porque é injusto,
não sei o que. Não é esse o motivo, esse motivo não valeu, não começou a contar
ainda. Então naturalmente ela vai passar por 10 minutos ali refletindo até encontrar
uma boa explicação e o que é uma boa explicação? Significa que os diálogos
internos começaram a conversar de forma mais inteligente.
Enfim, achei uma coisa interessante e essa questão da reflexão sozinha me
lembrou dois esportes que eu pratiquei: o xadrez e o tênis. São esportes muito
solitários e são esportes muito legais também de incentivar, apesar de não serem
coletivos, esportes coletivos tem seus benefícios, mas os individuais também tem
que é exatamente treinar esse músculo dos diálogos internos inteligentes. Numa
partida de tênis você de uma hora pra outra está lá no Set point aí o cara vira e você
perde o game e daqui a pouco é Set Point pra ele. Como estão seus diálogos
internos nessa hora? Faz muita, muita, muita diferença isso. No xadrez você tá
muito bem e de repente vacilou e perdeu a rainha. Como estão seus diálogos
internos agora pra lidar com esse tipo de frustração? Então isso tem muito a ver
com resiliência. Inclusive tem um livro O jogo interior do tênis falando sobre essa
questão dos diálogos que rolam numa partida de tênis. Então criar crianças
resilientes é muito importante para criar crianças corajosas assim como o
protagonismo. Protagonismo é dar o primeiro passo e o primeiro passo envolve
riscos. O resiliente é, se der merda, caiu e levanta. Bebê cair e levantar:

E esse bebê cair e levantar, esse fracassar e levantar, como faz pra ele rodar
infinitamente ou quase infinitamente? Aí vem um outro ponto importante que é criar
crianças persistentes. A diferença de persistente para insistente, se você não sabe,
é: Insistente é quem tenta várias vezes do mesmo jeito e persistente é quem tenta
várias vezes sempre mudando as hipóteses, as formas de tentar, a persistência é
uma tentativa inteligente. A persistência assim como a insistência tem a ver com
tentar várias vezes e isso é essencial dentro do processo de retroalimentação para
poder rodar o máximo de vezes possível.

E uma coisa interessante é que eu falei desobediência, né? e que você pode
incentivar eu chamei de desobediência persistente. A criança quando quer
desobedecer ela tem um Why, um porque de desobedecer. E aí você pode valorizar
o fato de ela estar desobedecendo, é uma forma de questionamento, e você pode
não aceitar a desobediência dela mas incentivar que ela persista na desobediência
dela. O que significa que ela vai ter que mudar a estratégia de questionamento e
acho que isso é um ótimo exercício pra vida.
Quando fala em persistência eu lembro muito de um desenho que eu adorava, Pink
e Cérebro: (trecho do desenho) Falas de Pink e Cérebro:
Pink: “-Cérebro, o que você quer fazer essa noite?”
Cérebro: “ -A mesma coisa que fazemos todas as noites: tentar conquistar o
mundo!”
Só que ele sempre tentava de um jeito diferente. Tem até um podcast que eu falo,
aprofundo um pouco mais nos ensinamentos que eu vejo na visão do desenho Pink
e Cérebro (GunCast nº035 - Pense como o Cérebro).
E essa coisa quando você fala em persistir, em persistir sempre vem uma
expressão que é: “Que menino teimoso…” Cara, a teimosia ela tem que ser
valorizada. Sabe por que? A teimosia é a persistência imatura. Qual a diferença de
ser teimoso e persistente? É a mesma coisa. Se a gente vai brigar com as crianças
pela teimosia aí quando fica adulto a gente quer que elas sejam mais persistentes,
que elas persistam mais, que elas sejam mais teimosas nos seus objetivos. Então é
importante olhar a teimosia com esse olhar, a teimosia como a persistência imatura
que está se desenvolvendo e é importante valorizar porque teimosia e persistência é
Hardwork, papai! E Hardwork é muito importante para os futuros adultos da
humanidade que a gente tá criando. Inclusive é muito mais importante elogiar o
Hardwork do que a inteligência, elogiar o esforço do que a inteligência. A gente se
acostuma a dizer: “Ai, como é inteligente!” Inteligência parece que é uma situação
estática da forma que a gente fala. Se você elogia o esforço: “Parabéns pelo
hardwork!” Mesmo quando deu errado: “Parabéns pela persistência!” Eu acho lindo
quando minha filha quer subir uma escada, uma coisa e você tenta ajudar e ela
afasta dizendo: “Não, papai!” Você deixa, deixa ela no Hardwork dela, deixa ela ir
porque vai fazer muito vem para o futuro. E elogiar mais o esforço do que a
inteligência tem muito a ver com aquela coisa do mindset de crescimento porque
quando você tem a visão que através do esforço se obtém a excelência, pode-se
dizer que a excelência é a inteligência máxima em tal coisa, se o esforço é o
caminho então elogie o esforço porque ele é o caminho.
Criar crianças persistentes junto com criar crianças resilientes e protagonistas, vê
que interessante. O protagonista tem a coragem de dar o primeiro passo mas
quando leva a porrada e cai ele se levanta, tem resiliência, volta ao estado natural e
tem persistência pra fazer isso inúmeras vezes. Pra dar o primeiro passo inúmeras
vezes. Quando Peter Diamonds, o cara da Singularity do Abundância, ele falou lá a
visão dele de criar crianças criativas você lembra o que eu falei já? Ele disse:
Curiosidade, Paixão e Garra. Garra é persistência, tem a ver com coragem também.
Engraçado que garra é uma palavra que tem surgido muito. Tem um livro Como as
crianças aprendem onde tem descrito o papel da garra, da curiosidade, e o livro
Garra - o poder da paixão e da perseverança que bombou da Angela Duckworth.
Enfim, eu acho que podia ser ao invés de persistente crianças com garra mas,
enfim, tudo dá no mesmo. E, como em todos os outros pilares, pra criar crianças
corajosas nós precisamos Walk the Talk, ser o exemplo. Não basta falar, temos que
fazer, temos que ser o exemplo de criatividade, temos que ser corajosos para dar o
exemplo, ser protagonista para dar o exemplo e eu gosto muito da técnica do
teatrinho. Sempre com seu parceiro, sua esposa, seu marido, praticar o
protagonismo por exemplo: ‘‘Amor, ninguém fez desse jeito mas eu quero tentar…”
A criança tá ali ouvindo, protagonismo, ninguém fez mas ele quer tentar. “ Amor, tem
o risco X, mas posso amenizar com Y…” Se você a vida toda trabalha a
verbalização disso, esse teatrinho, a criança tá ali ouvindo. Ela é uma esponja, tá
sugando tudo. Criar crianças resilientes: “Amor, acabou dando errado mas eu
aprendi que…” processar a aprendizagem cria crianças persistentes. Um exemplo
interessante, eu tava na piscina de bolinhas com minha filha, nessas piscinas
gigantes, quando eu saí eu percebi que meu anel, minha aliança de casamento
havia caído. Meia hora depois, almoçando no shopping, eu percebi e pensei: “Meu
Deus, e agora?” E eu voltei lá, perguntei como que era o esquema de limpeza,
disseram que limpavam não sei quando, não sei quem, enfim, ela falou de um jeito
assim: “Vai limpar mas é difícil encontrar, né? E se encontrar é difícil o pessoal
devolver.” Como assim? O pessoal da limpeza não devolve? Eu fiquei desconfiado e
decidir ir atrás da minha aliança. Comecei a procurar, entrei de novo, comecei a
catar mas o negócio era muito, muito grande, passei meia hora catando e aí eu
desisti. Tava indo embora mas, voltando pra ir embora eu pensei: “Vou um
pouquinho mais!” Eu lembrei de verdade de uma frase do senhor Miyagi que é: “O
sucesso está um pouco mais além de onde as pessoas comuns costumam desistir.”
Quando eu tava voltando pra ir embora, já pra falar pra Dani que não consegui,
vamos esperar a limpeza, eu pensei em ir um pouco mais. Mudei o método, antes
eu tava com a mão revirando aí comecei a ir com o pé e aí tive uma visão maior,
mapeando por onde eu estava passando. Com 10 minutos encontrei a minha
aliança porque eu persisti, caí, levantei e fui de novo, mudando o método e eu acho
que esses exemplos de persistência, de coragem, de resiliência, de protagonismo, á
principal lição que a gente pode dar para os nossos filhos.
Imagens de frases das camisetas da extinta Tomatêra:
“Palavras ensinam, exemplos arrastam.”
“O que você faz fala tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz.”
E aqui encerramos Criando Crianças Corajosas, o quarto pilar do CriCriCri.

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