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1. Fixismo
O fixismo foi proposto inicialmente na Grécia Antiga por filósofos como Aristóteles e Platão, e
defendia a ideia de que as espécies eram imutáveis ao longo do tempo, permanecendo as
mesmas desde o momento da criação até os dias atuais. Esse pensamento perdurou por
milhares de anos, e passou a ser contestado a partir do século XIX com a proposta e avanço da
teoria da evolução a partir dos trabalhos de Charles Darwin, por exemplo.
Os seres vivos atuais não sofreram transformações desde que apareceram; as espécies são
permanentes, perfeitas e imutáveis.
• Criacionismo – as espécies foram originadas por criação divina e, como tal, são perfeitas
e imutáveis.
• Geração Espontânea – acreditava-se que os seres vivos eram criados a partir de matéria
inanimada e que por uma força, se transformava em matéria viva.
• Catastrofismo – os seres vivos eram destruídos por catástrofes naturais, havendo de
seguida um novo povoamento de espécies existentes nesses locais desabitados. Deste
modo o catastrofismo explicava o surgimento de fosseis em alguns estratos, sem que
houvesse continuidade desses fosseis em estratos recentes.
Do fixismo ao evolucionismo:
Lineu era fixista e foi considerado o pai da taxonomia uma vez que desenvolveu um esquema de
classificação dos seres vivos para revelar o plano de deus. Para isso foi necessário um estudo
pormenorizado da morfologia dos SV, o que permitiu conhecimento de semelhanças e
diferenças entre eles, sugerindo relações de parentesco, contribuindo para o estabelecimento
de ideias evolucionistas
Transformismo: Para Buffon as espécies derivam umas das outras por degeneração e esta
transformação era lenta e gradual, existindo espécies intermedias até às formas atuais. A causa
das transformações seriam as condições ambientais e a disponibilidade de alimento.
O evolucionismo, contrariamente ao que se pensa tem as suas raízes nos filósofos da Grécia
clássica. Defende que os organismos vivos, se transformam gradualmente a partir da água por
ação do calor até se formarem as formas mais complexas e que o Homem tem a sua origem em
animais de outro tipo.
• Lei do uso e desuso: A necessidade de adaptação ao ambiente faz com que hajam
órgãos mais utilizados e por isso desenvolvem-se, tornando-se mais fortes e vigorosos
e outros que deixam de ser utilizados permanentemente e vão enfraquecendo,
diminuindo progressivamente a sua capacidade para funcionar, até que finalmente
desaparecem.
• Lei da transmissão de caracteres adquiridos: Diz que as modificações dos indivíduos
produzidas ao longo da vida, resultantes do uso e desuso dos órgãos, são hereditárias
sendo, por conseguinte, transmitidas à descendência, passando de geração em geração
produzindo alterações morfológicas nas populações.
Argumentos contra:
As ideias de Lamarck foram muito contestadas e as principais críticas foram que a lei de uso e
desuso embora válida para alguns órgãos (exemplo os músculos quando não são usados
atrofiam), não explicavam todas as modificações e o facto de Lamarck considerar que a matéria
viva tinha uma predisposição natural para se tornar "melhor" legando as modificações aos
descendentes, lei da transmissão dos caracteres adquiridos, não se confirma.
Atualmente sabe-se que só o material genético é transmitido á descendência, por essa razão, se
as alterações não tiverem escritas no código genético, obviamente que não passarão para os
descendentes.
Dados Geológicos → Os fósseis observados por Darwin, tal como os fósseis de conchas
encontrados por ele em montanhas bastante altas, e a leitura da obra de Charles Lyell, mais
especificamente, a teoria Uniformitarismo (princípio das causas atuais e gradualismo) permitiu-
lhe esclarecer vários aspetos na sua teoria.
Dados Biogeográficos → A diversidade de seres que se podem observar consoante o
local/ambiente onde vivem, inspirou Darwin a pensar que alguns daqueles seres deveriam ter
antepassados comuns. Apesar da enorme diversidade de seres, alguns apresentam
características muito semelhantes, que levam a crer na sua origem comum. Darwin tomou como
exemplo as tartarugas existentes nas ilhas Galápagos. Apesar de se ocuparem territórios muito
próximos, apresentam diferenças que permitem que cada espécie de tartaruga esteja melhor
adaptada ao ambiente onde vive. Da mesma forma, as tartarugas apresentavam sete variedades
distintas, cada variedade em ilhas diferentes; contudo, as semelhanças eram, igualmente,
notáveis.
EXEMPLO: Darwin constatou que os tentilhões das ilhas, embora apresentassem semelhanças
entre si, eram diferentes a nível morfológico, por exemplo, a nível do tamanho, da cor das penas,
ou do formato do bico.
Nas ilhas Galápagos, Darwin encontrou outros dados que servem, mais tarde, para apoiar a sua
teoria. Este arquipélago possuía uma fauna e uma flora muito particulares, tendo atraído a sua
atenção um grupo de aves chamadas tentilhões e as tartarugas.
Darwin verificou que, embora os tentilhões existentes em cada ilha diferissem no tamanho, na
cor e forma dos bicos, os tentilhões das Galápagos apresentavam uma notável semelhança entre
si, fazendo supor uma origem comum. Além disso, eram bastante semelhantes aos que existiam
na costa americana.
Darwin viria a admitir que estas espécies tinham vindo do continente americano e que as
condições existentes em cada ilha teriam condicionado a sua evolução, conduzindo à
diversidade observada.
Darwin foi) com os seus trabalhos relativos ao crescimento das populações. De facto, durante a
sua viagem a bordo do Beagle, Darwin leu a sua obra, Ensaio Sobre a População, na qual Malthus
defendia que a população humana tende a crescer de forma geométrica, enquanto que os
recursos alimentares são produzidos segundo uma progressão aritmética.
Malthus defendia, também, que, se fatores externos, como a fome e as epidemias, não
condicionassem o crescimento, a população humana duplicaria de 25 em 25 anos. Darwin
transpôs as ideias de Malthus para as populações animais e admitiu que, embora as populações
tendam a crescer geometricamente, tal não acontece.
Darwin tinha verificado, por experiência própria, que a seleção artificial, recorrendo a
cruzamentos controlados, permitia a seleção de determinadas características, ao selecionar
progenitores com as características pretendidas.
Seleção natural/artificial:
A todos estes dados, Darwin acrescentou a sua experiência como criador de pombos.
Darwin admitiu então que, à semelhança do que acontece com os criadores de animais, a
Natureza faz uma seleção dos indivíduos reprodutores - seleção natural - com as diferenças
de que são os fatores ambientais que comandam essa seleção, e de que é necessário muito
mais tempo para que as modificações sejam visíveis.
Como o ambiente não comporta todos os descendentes, ocorrerá uma luta pela
sobrevivência entre os indivíduos da população sobrevivendo apenas alguns - os mais aptos.
Qualquer população é caracterizada pela existência de grande variabilidade entre os
indivíduos que a ela pertencem.
Os indivíduos que apresentam características que lhes conferem vantagem competitiva num
determinado ambiente são mantidas por seleção, ocorrendo assim uma sobrevivência e
reprodução diferenciais. Os que não apresentam vantagem são eliminados ou apresentam
menor número de descendentes. A sobrevivência e reprodução diferenciais conduzem a
uma gradual alteração nas características da população.
Lamarckismo:
Admitia a lei do uso e do desuso e a lei da transmissão dos caracteres adquiridos.
Lei do uso e desuso -- é resultado da observação de Lamarck de que certos órgãos podem se
desenvolver mais se forem mais usados. Ao mesmo tempo, outros ficam atrofiados se não forem
usados. Um exemplo clássico da lei do uso e desuso é sobre o pescoço das girafas. Elas teriam a
necessidade de alcançar folhas mais altas nas árvores. Para isso, esticavam mais o pescoço,
desenvolvendo a musculatura, levando ao seu aumento.
Lei da transmissão dos caracteres adquiridos – Esta lei complementa a primeira, do uso e
desuso. Lamarck acreditava que as características adquiridas eram transmitidas de geração em
geração, tornando as espécies mais adaptadas ao ambiente. Por exemplo, as girafas que
aumentavam o pescoço com a necessidade de buscar folhas cada vez mais altas nas árvores,
passavam essas características para os descendentes. Assim, ao longo de sucessivas gerações,
as girafas "pescoçudas" tornavam-se mais adaptadas ao ambiente.
A seleção natural foi o princípio utilizado por Darwin para defender a sua teoria. Desse
modo, somente as espécies adaptadas às pressões do ambiente, são capazes de sobreviver,
reproduzir-se e gerar descendentes.
Darwin não conseguiu explicar a existência de variações entre os indivíduos de uma determinada
espécie e como eram transmitidas as características aos descendentes.
Estruturas homólogas:
Órgãos que, apesar de desempenharem uma função diferente, apresentam um plano estrutural
semelhante, a mesma posição relativa e origem embriológica idêntica.
É o caso, por exemplo, dos membros anteriores dos vertebrados, das peças bucais dos insetos
ou dos diferentes tipos de folhas ou de caules das angiospérmicas.
Contudo, têm um grau de desenvolvimento diferente, o qual está relacionado com a função que
desempenham. Além disso, verifica-se que os animais que vivem no mesmo ambiente (meio
terrestre, por exemplo) apresentam um desenvolvimento do esqueleto semelhante.
O estudo da anatomia do sistema nervoso central (SNC) dos vertebrados revela, também, a
existência de um padrão comum. No entanto, os seus componentes desenvolveram-se de forma
diferente em diferentes grupos.
Como é que a teoria evolucionista de Darwin explica a presença destas estruturas homólogas?
No estudo dos órgãos homólogos há que ter em conta o sentido da evolução sofrida: se
progressivo ou regressivo; por isso, o conjunto seriado de órgãos homólogos de diferentes
organismos constitui uma série filogenética, que pode ser progressiva ou regressiva.
Exemplo: Sistema nervoso e o coração dos vertebrados. A partir dos peixes, em que o coração é
formado por uma aurícula e por um ventrículo e atravessado apenas por sangue venoso, segue-
se uma cada vez maior complexidade da estrutura do coração, passando a três cavidades nos
anfíbios e, por fim, a quatro cavidades, como se encontra nas aves e nos mamíferos.
Exemplo: Esqueleto das diferentes aves corredoras (nota-se uma regressão da avestruz para o
nandu e deste para o cassuar e para o kiwi, ou nos membros de alguns lagartos, que se foram
reduzindo.
Estruturas análogas:
Os órgãos ou estruturas análogas são órgãos que têm uma estrutura e origem embriológica
diferentes, mas que desempenham a mesma função.
São exemplos de estruturas análogas, a cauda da baleia e a barbatana caudal dos peixes, as asas
dos insetos e das aves, os caules e folhas dos catos e das eufórbias.
A existência de estruturas análogas, por outro lado, se bem que não evidencie parentesco entre
os organismos que as possuem, tem interesse do ponto de vista evolutivo, uma vez que
documenta o efeito adaptativo da seleção natural.
• Apoia também a hipótese evolucionista: de acordo com esta hipótese, a seleção atuou
neste caso no sentido regressivo, privilegiando os indivíduos que iam surgindo com
esses órgãos cada vez mais reduzidos. Ao longo de milhões de anos tais órgãos
tornaram-se, então, vestigiais ou rudimentares.
• Terão sido úteis no passado a um ancestral comum.
• Quando sujeitos a pressões seletivas diferentes, estes órgãos evoluíram em sentidos
diferentes:
o Mantiveram-se funcionais e bem desenvolvidos nos indivíduos que colonizaram
meios, nos quais estes órgãos conferiam vantagens adaptativas.
o Em outros ambientes, estes órgãos tornaram-se dispensáveis e, assim, foram
regredindo, tornando-se vestigiais.
Do estudo dos órgãos vestigiais, pode-se concluir algo quanto ao parentesco entre espécies: a
existência, numa espécie, de um órgão vestigial evidencia um certo grau de parentesco com
espécies em que esse órgão se encontre desenvolvido.
O estudo do registo fóssil veio trazer dados de apoio à hipótese evolucionista, uma vez que a
presença de formas fósseis extintas, isto é, formas de que não existem representantes atuais,
contraria a ideia da imutabilidade das espécies.
De entre as espécies extintas são de grande importância como argumento a favor da evolução
as formas fósseis de transição, ou seja, formas com características intermédias de grupos atuais.
Essa história pode ser representada por árvores filogenéticas, que são representações gráficas
do percurso evolutivo de um determinado grupo, partindo do seu ancestral, até às formas
atuais.
O registo fóssil permitiu, em certos casos, encontrar as séries ou sequências completas que
ilustram as modificações sofridas ao longo do tempo por determinados grupos, géneros ou
espécies. É o caso das séries de certas espécies de cefalópodes extintos (amonites), de elefantes
e de cavalos.
Árvores filogenéticas:
Exemplo:
Um exemplo de uma forma intermédia é Archaeopteryx, que terá surgido no Período Jurássico.
Este fóssil revela a existência de asas e penas, característica das Aves, e, simultaneamente,
dentes e uma longa cauda com vértebras, características dos Répteis.
Um fóssil de transição conhecido é Ichthyostega, peixe com patas, com barbatana dorsal e com
pulmões primitivos, que reúne características dos Peixes e dos Anfíbios atuais e que se considera
que tenha feito a transição dos Peixes para os Anfíbios.
Nos indivíduos pertencentes a espécies mais complexas, esse padrão sofre, geralmente, um
maior número de modificações. Assim, facilmente se compreende que, quanto mais complexo
é o animal, mais tempo demora a adquirir a forma definitiva, partindo desse padrão comum
inicial. Pelo contrário, os animais mais simples (menos evoluídos) cedo apresentam as
características que vão prevalecer no estado definitivo.
3.4 Dados da biogeografia
A Biogeografia analisa a distribuição geográfica dos seres vivos.
As áreas de distribuição da fauna e da flora fornecem dados que permitem deduzir das relações
evolutivas entre algumas espécies.
O estudo das áreas de distribuição das diferentes espécies faz salientar dois casos distintos:
• as espécies tendem a ser tanto mais semelhantes quanto maior é a sua proximidade
física
• quanto mais isoladas, maiores são as diferenças entre si, mesmo que as condições
ambientais sejam semelhantes.
Darwin teve oportunidade de verificar esta situação ao conhecer as ilhas de Cabo Verde e o
arquipélago das Galápagos.
Como exemplo do primeiro 'caso é de referir' a semelhança da fauna e da flora da ilha de Tristão
da Cunha com as faunas e as floras da África e da América do Sul: das vinte e oito espécies de
plantas com flor existentes na ilha, dezanove foram encontradas quer na África quer na América
do Sul.
Estas observações sugerem que, em tempos remotos, os dois continentes e a ilha de Tristão da
Cunha teriam estado ligados formando um continente onde existiriam várias espécies de
plantas, antepassadas das atuais. Sugerem também que, mesmo após o afastamento dessas
regiões, não se verificou divergência evolutiva, possivelmente por os ambientes, tanto da ilha
como dos continentes africano e sul-americano terem características semelhantes.
A comparação entre a fauna e a flora das várias ilhas do arquipélago dos Galápagos, no Oceano
Pacífico, perto do Equador, fornece elementos significativos do segundo caso citado. Nessas
ilhas, cuja fauna foi estudada por Darwin, já era conhecida, desde o séc. XVII, a existência de
espécies diferentes de tartarugas gigantes em cada uma delas.
Há cerca de 200 M.A., a Austrália estava ligada aos restantes continentes, formando a Pangeia.
Por isso, os Mamíferos podiam deslocar-se por todo este supercontinente. Mas, após a
separação dos continentes, os Mamíferos evoluíram independentemente.
• A nível molecular os mecanismos básicos são os mesmos em toda a escala dos seres
vivos.
• Os componentes bioquímicos fundamentais são os mesmos
• Todos os organismos serem constituídos pelos mesmos compostos orgânicos (glícidos,
lípidos, prótidos e ácidos nucleicos
• Os cinco tipos de nucleótidos que formam os ácidos nucleicos;
• Os vinte tipos de aminoácidos que constituem as proteínas.
• Os processos fundamentais são também comuns:
• A atuação enzimática;
• A universalidade do código genético com a intervenção do DNA e do RNA no mecanismo
de síntese proteica.
• Os diferentes processos metabólicos.
Quanto mais afastados filogeneticamente se encontram dois seres, mais divergem na sequência
de nucleótidos do DNA, na sequência de aminoácidos das cadeias polipeptídicas e, portanto, nos
processos metabólicos que as proteínas sintetizadas controlam. A análise da sequência de
aminoácidos das proteínas e a sequenciação de DNA têm fornecido, nos últimos anos, provas a
favor de uma origem comum para todos os seres vivos.
Outros dados são recolhidos através do estudo da sequência nucleótidos nas hélices de DNA.
Quando se pretende estudar homologia do DNA de espécies diferentes, as hélices duplas são
desdobradas e, em certas condições, recombinadas com outras cadeias complementares,
previamente isoladas e marcadas radioactivamente. Diz-se que houve «hibridação». Diferenças
no DNA de várias espécies.
Como é lógico, as cadeias hibridam tanto mais quanto mais semelhantes são: entre o rato e o
hamster a hibridação atinge 55%; entre o porquinho da Índia e o homem, 24% e entre o homem
e o macaco Rhesus, 85%.
Os parasitas são altamente específicos em relação ao hospedeiro que habitam. Pensa-se que os
parasitas derivam de ancestrais com vida livre que, numa dada altura, teriam estabelecido uma
relação com outra espécie que passariam a parasitar.
A especificidade impede-os de procurar outra espécie para hospedeiro, o que apoia a evolução.
De igual modo, o facto de um mesmo parasita usar como hospedeiro duas espécies diferentes
podem servir de prova da relação entre essas duas espécies.
Por exemplo, o facto de o piolho do género Pediculus, que apenas parasita o homem e o
chimpanzé, ser diferente dos piolhos dos outros primatas, mostra que há mais afinidade entre
o homem e o chimpanzé do que entre o homem e os outros primatas.
3.8 Dados da domesticação e da seleção artificial
Tem sido possível, desse modo, selecionar animais e plantas com características que os afastam
do tipo médio da espécie. Foi assim que surgiram variedades de ovelhas com três crias em cada
geração, vacas com grande produção de carne, galinhas que produzem à volta de 300 ovos por
ano, espigas de milho com grande número de grãos, diferentes raças de pombos, laranjas sem
semente (laranjas da Baía), etc. Não seria possível obter estas formas se não houvesse
transformação das espécies.
4. Padrões de evolução
• O padrão mais comum é a evolução divergente, que ocorre quando duas ou mais
espécies evoluem a partir de um antepassado comum, tornando-se crescentemente
diferentes ao longo do tempo.
• A evolução divergente está na base dos ramos filogenéticos, sempre que uma espécie
ancestral dá origem a duas distintas linhas de organismos que continuam a divergir.
Macacos e chimpanzés, por exemplo, divergem de um antepassado comum, tal como o
chimpanzé e o homem.
• Por vezes, quando membros de uma espécie se deslocam para uma nova área com um
ambiente diferente, formam-se novas espécies que divergem rapidamente, produzindo
uma variedade de espécies adaptadas a diferentes habitats. Esta rápida evolução
divergente, já foi referida como radiação adaptativa.
4.5 Coevolução
Uma vez que os organismos são parte do ambiente natural, eles podem também atuar como
uma força seletiva na evolução de outras espécies. Na natureza, as espécies interatuam com
frequência tão estreitamente que as alterações numa espécie podem causar ajustamentos
noutras. Esta interação evolutiva entre organismos é denominada coevolução. As plantas com
flor e os seus agentes polinizadores têm co evoluído durante milhões de anos, levando a muitas
estruturas extraordinariamente específicas, tanto da parte das plantas como desses agentes.
Muitas plantas têm relações exclusivas com os animais que levam a cabo a polinização.
À esquerda: orquídea da espécie Ophrys apifera. Nestas orquídeas a polinização é efetuada por
insetos que são atraídos para a flor pela sua morfologia, que faz lembrar um inseto da espécie
polinizadora.
À direita: o colibri usa o seu bico para sugar o néctar do fundo do tubo floral, fazendo ao mesmo
tempo a polinização. Só uma dada espécie de colibri tem o bico com o comprimento adequado.
Tendo em conta o tipo de evolução, o biólogo tem de decidir se uma dada semelhança na forma
ou na função é um exemplo de homologia - origem num antepassado comum, tal como os
membros anteriores dos vertebrados - ou um exemplo de analogia – evolução independente de
características com funções semelhantes.
Estruturas análogas, pelo contrário, servem a mesma função, mas não têm base genética
comum: aves, morcegos e borboletas podem voar, mas não têm um antepassado comum e
sofreram diferentes caminhos evolutivos que levaram à formação das asas e da membrana alar.
Com estes novos dados, a Teoria de Darwin é revista e surge uma nova teoria – o Neodarwinismo
ou Teoria Sintética da Evolução. Para explicar os mecanismos evolutivos, esta teoria apresenta
duas ideias fundamentais, a variabilidade genética e a seleção natural:
• A existência de variabilidade genética nas populações consideradas como unidades
evolutivas;
• A seleção natural como mecanismo principal da evolução;
• A conceção gradualista que permite explicar que as grandes alterações resultam da
acumulação de pequenas modificações, que vão ocorrendo ao longo do tempo.
Os estudos genéticos vieram demonstrar que os fenótipos dos indivíduos, isto é, as suas
características externas, resultam da ação do meio sobre os respetivos genótipos. Acerca deste
tema escreveu Dobzansky:
«(...) o fenótipo é um subproduto da ação do gene e não o contrário. Qualquer fenótipo, quando
se forma, é necessariamente uma resposta do ambiente à atividade de um genótipo. Um
genótipo é potencialmente capaz de originar uma multiplicidade de fenótipos, os quais se
podem concretizar se os ambientes, necessários para que as suas potencialidades se
manifestem, estiverem disponíveis ou forem criados».
Fundo genético
Em cada geração…
Quanto maior o número de genes que constituem o fundo genético de uma população, maior a
probabilidade de ocorrência de variabilidade na geração seguinte.
Fatores de Variabilidade
Neste caso, os indivíduos sobrevivem e reproduzem-se mais e transmitem esta mutação aos
seus descendentes, modificando os genes da população.
• A ação exercida pela seleção contra os genes mutados prejudiciais não é igual, quer se
trate de genes dominantes ou recessivos.
• Genes recessivos
– Só atuam no estado homozigótico
• Genes dominantes
– Atuam também no estado heterozigótico
Conclusão:
A seleção contra os genes recessivos prejudiciais é menos efetiva do que contra os genes
dominantes prejudiciais, visto que, embora eliminados os homozigóticos recessivos, o gene
recessivo permanece nos heterozigóticos.
Recombinação genética
Fecundação
Um terceiro aspeto através do qual a reprodução sexuada pode contribuir para a variabilidade,
é a fecundação, processo que permite transmitir ao novo indivíduo a constituição genética dos
dois gâmetas.
Dado que a união dos gâmetas se efetua ao acaso, isto é, entre milhares ou milhões de gâmetas
formados, apenas dois se conjugam, a constituição genética de um novo indivíduo é totalmente
imprevisível e resultante desse acaso.
As populações são formadas por indivíduos que podem ser, mais ou menos, semelhantes entre
si (variabilidade genética).
Quanto maior for a diversidade de indivíduos de uma determinada população, maior será a
probabilidade de essa população sobreviver se ocorrerem alterações ambientais. Isto porque
maior será a probabilidade de existirem indivíduos com características que os tornem mais aptos
para esse novo ambiente. Em oposição, as populações com uma baixa diversidade, embora
possam estar muito bem-adaptadas a um determinado ambiente, podem ser rapidamente
eliminadas se ocorrerem modificações ambientais.
Do ponto de vista ecológico, as populações são conjuntos de indivíduos de uma espécie que
vivem numa determinada área, num dado intervalo de tempo. Do ponto de vista genético,
considera-se uma população um conjunto de indivíduos que se reproduz sexuadamente e
partilha um determinado conjunto de genes.
Quando estas condições se verificam, a população é designada população mendeliana. O
conjunto de genes de uma população mendeliana constitui o fundo genético (ou gene pool).
Diversos fatores podem atuar sobre o fundo genético de uma população, modificando-o.
-> alguns genes tornam-se mais frequentes, outros vão sendo progressivamente eliminados;
–> as populações vão ficando cada vez mais adaptadas ao meio;
–> os indivíduos com o conjunto génico que os torna mais aptos reproduzem-se mais e estes
genes tornam-se mais frequentes na população;
–> o fundo genético da população alterou-se, determinadas características foram eliminadas da
população, ocorreu evolução.
Mutações
A ocorrência de mutações nos seres pode alterar o genoma do organismo e introduzir novas
combinações de genes no fundo genético das populações. Ou seja, as mutações permitem o
aparecimento de novos genes nas populações.
Migrações
O efeito fundador ocorre quando um reduzido número de indivíduos se desloca para uma nova
área transportando uma parte restrita do fundo genético.
O efeito gargalo quando uma determinada população sofre uma diminuição brusca devido a
alterações climatéricas, epidemias, incêndios, inundações, terramotos, etc. Assim apenas os
genes dos sobreviventes se mantêm, sendo os outros eliminados por deriva genética, e não por
seleção natural.
Cruzamentos ao acaso
Quando os cruzamentos ocorrem ao acaso, diz- se que existe panmixia, o que permite a
manutenção do fundo genético.
Seleção Natural
A seleção natural atua sobre fenótipos, isto é, são selecionados os indivíduos que possuem
fenótipos que os tornam mais aptos para o ambiente em que vivem, permitindo-lhes deixar mais
descendentes do que os indivíduos com outros fenótipos.
Seleção artificial
Tal como Darwin observou, o Homem pode ser responsável pela modificação de determinadas
espécies.