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RITMO E IMAGENS
Ritmo é uma coisa que ninguém sabe explicar, mas não há quem não entenda. No dicionário,
temos uma série de definições que, em geral, relacionam o ritmo à música. Vamos ver alguns
trechos do verbete.
1 sucessão de tempos fortes e fracos que se alternam com intervalos regulares em um verso,
em uma frase musical etc.
1.1 Rubrica: música.
na música, unidade abstrata de medida do tempo, a partir da qual são determinadas as relações
rítmicas; pulsação, cadência
1.3 Rubrica: música.
padrão rítmico que define um gênero; balanço, toque
Com relação ao cinema, temos:
2 Derivação: por extensão de sentido.
seqüência harmônica de um fenômeno artístico, uma atividade, uma obra etc., no espaço e/ou
no tempo
Ex.: <o r. de uma coreografia de jovens dançarinos> <o r. de um filme> <o r. de um
espetáculo cênico>
A relação do ritmo, na montagem de cinema, com o ritmo musical é percebida e estudada há
muito tempo. Um filme também trabalha com essa “sucessão de tempos fortes e fracos que se
alternam com intervalos regulares”. Cenas mais lentas intercalando cenas de ação é um
exemplo.
Um filme, com certeza, tem “pulsação, cadência”. Um filme também tem “padrões rítmicos que
definem um gênero”: o ritmo de um filme de terror é diferente do ritmo de um drama
minimalista. E um bom filme apresenta, claro, uma “seqüência harmônica” de imagens e sons.
Aqui, voltamos ao começo de nosso texto: ritmo é uma coisa que ninguém sabe explicar, mas
não há quem não entenda. Afinal de contas, como chegar ao equilíbrio exato entre as cenas,
como criar essa pulsação, essa cadência, como colocar em harmonia uma porção de imagens
tão diferentes que formam um filme? Bom, se o ritmo fosse algo muito preciso, músicas e
filmes seriam feitos por computador, sem nenhuma interferência do artista.
Mas não. O ritmo é fruto de um trabalho natural do ser humano, de sua formação pessoal e
estética, de seu desejo por equilíbrio. Claro que é importante dominar as técnicas de montagem
(como é importante, para um compositor, dominar as técnicas musicais), mas o ritmo é algo
orgânico, relacionado à sensibilidade, às referências de cada um.
Por isso, é importante assistir muito filme, ouvir muita música, ler muito livro e observar muito
o ser humano para ser um bom montador. Afinal, é muito difícil ser preciso na hora de planejar
o ritmo de um filme. O montador começa a montar. E o ritmo, quando aparece, aparece. E é
inquestionável.
Texto: Henry Grazinoli
Consultoria de conteúdo: Paulo Sacramento
http://www.telabr.com.br/oficinasvirtuais/texto/63 1/1