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17/02/2016 Tela 

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RITMO E IMAGENS

Ritmo  é  uma  coisa  que  ninguém  sabe  explicar,  mas  não  há  quem  não  entenda.  No  dicionário,
temos  uma  série  de  definições  que,  em  geral,  relacionam  o  ritmo  à  música.  Vamos  ver  alguns
trechos do verbete.

1  sucessão  de  tempos  fortes  e  fracos  que  se  alternam  com  intervalos  regulares  em  um  verso,
em uma frase musical etc.

1.1 Rubrica: música.

na música, unidade abstrata de medida do tempo, a partir da qual são determinadas as relações
rítmicas; pulsação, cadência

1.3 Rubrica: música.

padrão rítmico que define um gênero; balanço, toque

Com relação ao cinema, temos:

2 Derivação: por extensão de sentido.

seqüência  harmônica  de  um  fenômeno  artístico,  uma  atividade,  uma  obra  etc.,  no  espaço  e/ou
no tempo

Ex.:  <o  r.  de  uma  coreografia  de  jovens  dançarinos>  <o  r.  de  um  filme>  <o  r.  de  um
espetáculo cênico>

A  relação  do  ritmo,  na  montagem  de  cinema,  com  o  ritmo  musical  é  percebida  e  estudada  há
muito  tempo.  Um  filme  também  trabalha  com  essa  “sucessão  de  tempos  fortes  e  fracos  que  se
alternam  com  intervalos  regulares”.  Cenas  mais  lentas  intercalando  cenas  de  ação  é  um
exemplo.

Um filme, com certeza, tem “pulsação, cadência”. Um filme também tem “padrões rítmicos que
definem  um  gênero”:  o  ritmo  de  um  filme  de  terror  é  diferente  do  ritmo  de  um  drama
minimalista. E um bom filme apresenta, claro, uma “seqüência harmônica” de imagens e sons.

Aqui,  voltamos  ao  começo  de  nosso  texto:  ritmo  é  uma  coisa  que  ninguém  sabe  explicar,  mas
não  há  quem  não  entenda.  Afinal  de  contas,  como  chegar  ao  equilíbrio  exato  entre  as  cenas,
como  criar  essa  pulsação,  essa  cadência,  como  colocar  em  harmonia  uma  porção  de  imagens
tão  diferentes  que  formam  um  filme?  Bom,  se  o  ritmo  fosse  algo  muito  preciso,  músicas  e
filmes seriam feitos por computador, sem nenhuma interferência do artista.

Mas  não.  O  ritmo  é  fruto  de  um  trabalho  natural  do  ser  humano,  de  sua  formação  pessoal  e
estética, de seu desejo por equilíbrio. Claro que é importante dominar as técnicas de montagem
(como  é  importante,  para  um  compositor,  dominar  as  técnicas  musicais),  mas  o  ritmo  é  algo
orgânico, relacionado à sensibilidade, às referências de cada um.

Por isso, é importante assistir muito filme, ouvir muita música, ler muito livro e observar muito
o ser humano para ser um bom montador. Afinal, é muito difícil ser preciso na hora de planejar
o  ritmo  de  um  filme.  O  montador  começa  a  montar.  E  o  ritmo,  quando  aparece,  aparece.  E  é
inquestionável.

Texto: Henry Grazinoli
Consultoria de conteúdo: Paulo Sacramento

http://www.telabr.com.br/oficinas­virtuais/texto/63 1/1

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