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PRODUÇÃO DE ADUBO ORGÂNICO

ATRAVÉS DA COMPOSTAGEM

Engenheiro Agrônomo, MSc. Célio Pedro da Silva


1- Composto Orgânico

Adubo obtido a partir de palhadas, restos de culturas, resíduos domésticos,


esterco ou outras fontes de matéria orgânica, que pode ser aplicado sobre canteiros ou
com leve incorporação, linhas de plantio, covas e mudas.

2- Compostagem

Processo fermentativo, que possibilita controlar a decomposição de materiais


orgânicos, com a finalidade de obter, no menor tempo possível, material estável, rico em
nutrientes minerais, com atributos físicos, químicos e biológicos, superior àqueles
encontrados nas matérias primas originais que foram incialmente utilizadas.

A produção de adubo por composteira favorece a sustentabilidade da cadeia de


produção por promover economia aliada à produtividade.

A conversão da matéria orgânica bruta em húmus é um processo fermentativo


realizado naturalmente por microrganismos benéficos. Estes microrganismos tornam
mais rápida a fermentação de restos vegetais e animais, que podem ser melhor
aproveitados pelas plantas.

Na presença de oxigênio esta fermentação determina temperaturas entre 55º e 65º


C, eliminando microrganismos maléficos causadores de doenças, além de sementes de
plantas invasoras.

3- Processo de Compostagem
- Oxigênio: A promoção da aeração do substrato, proporciona um ambiente aeróbio, que
acelera o processo fermentativo, e não produz odores putrefatos nem proliferação de
moscas. Para favorecer aeração é recomendado fazer o revolvimento da pilha de
composto, que favorecerá o controle da temperatura, e o encharcamento pelo excesso de
umidade.

- Água: A umidade deve ser controlada para que a fermentação ocorra homogeneamente,
sem cheiro e no tempo adequadro, caso contrário pode desacelerar a compostagem. Em
situação de escassez de umidade, deverá molhar a pilha de composto e se ocorrer excesso
de unidade, o recomendado é adicionar mais material a esta.
- Substrato: São resíduos orgânicos de fácil decomposição, como por exemplo verduras,
legumes, casca de frutas, casca de ovo, borra de café, restos culturas, podas de arvores e
gramados, etc.

- Ativadores da fermentação: Tortas, farinhas e estercos de animais curtidos.

Compostagem, Fazenda Experimental Iguatemi, UEM, Maringá- PR


Foto: Célio Pedro da Silva, 2018

4- Esterco Curtido
a) Montar pilha de esterco fresco;
b) Umedecer constante de modo que não ocorra ressecamento da área
externa;
c) Revirar a cada 2-3 dias.

Esterco curtido de aves (Cama de aviário), Fazenda Experimental de Iguatemi, UEM, Maringá- PR
Foto: Célio Pedro da Silva, 2018.
5- O perigo do uso de esterco fresco diretamente no solo

- Contaminação microbiana: Patógenos nocivos, bactérias, fungos e outros


agentes que habitam o trato digestório dos animais.

- Esterco provenientes de sistemas tradicionais: Resíduos de medicamentos


veterinários, agrotóxicos, com isto contaminando o solo, a água e o meio
ambiente.

- Ervas daninhas: Proliferação de sementes de plantas invasoras.

- Perda de nitrogênio: Pela volatização.

Recolhimento de esterco fresco bovino, Assentamento Recreio, Quixeramobim- CE

Foto: Ana Claudia Kosinski, 2011.

6- Relação Carbono/Nitrogênio (C/N)

- Os microrganismos absorvem uma proporção de 30 partes de carbono para 1 de


nitrogênio.
- O carbono é usado como fonte de energia, sendo 20 partes eliminadas como CO2 e 10
partes incorporadas ao protoplasma celular.
- O nitrogênio é assimilado na estrutura na proporção de 10 partes de C para uma de N.
- O húmus, que é produto da ação desses microrganismos, tem uma relação C/N igual a
10/1.
- Materiais pobres em nitrogênio e ricos em carbono (casca de arroz), demoram muito
tempo para serem decompostos pelos microrganismos.
- Materiais ricos em nitrogênio e pobres em carbono (folhas verdes), são rapidamente
decompostos, porém, há perdas de nutrientes e a fermentação não ocorre de modo
maximizado.
7- Granulometria

- O tamanho interfere na aeração da massa original;

- Partículas maiores promovem melhor aeração, mas o tamanho excessivo apresenta


menor exposição à decomposição e o processo será mais demorado.

8- Materiais para fazer o composto

1- Esterco de animais;
2- Todas as sobras de cozinha que sejam de origem de origem animal e vegetal;
3- Palhas;
4- Qualquer tipo de plantas, pastos, ervas ou inços (se possível, sem sementes),
folhas verdes e secas;

9- Preparação do Composto

- Escolha um lugar, nem muito quente nem muito frio, para fazer o composto;

- Coloque uma camada de 15 cm de restos vegetais cobrindo toda a área. Quanto mais
variados forem estes restos, menor será a tendência do monte de composto acamar e
para uma melhor decomposição, use 4 partes de matéria seca para cada parte de
matéria verde.

- Coloque sobre os restos vegetais, uma camada de esterco de mais ou menos de 5


cm;

- Após cada camada deve-se molhar o material de modo que umidifique


homogeneamente;

- Colocar uma camada fina (1 a 2 cm), de cinzas ou pó de rocha, sobre o esterco para
enriquecer quimicamente o composto;

- Os restos vegetais e o esterco devem guardar uma relação de 3 partes de restos


vegetais para uma parte de esterco;

- Siga colocando uma camada de restos vegetais, uma camada de terra. Molhe
continuamente sem encharcar ou deixar escorrer água pela base do composto;
- Coloque as camadas até a altura de 1,50 m ou, no máximo, 1,80 m;

- O monte de composto deve estar próximo à água para facilitar a irrigação;

- Cubra o monte com uma fina camada de terra e uma camada de palha ou capim para
proteger o monte do excesso de sol e água.

Preparo da pilha de composto, Fazenda Experimental Iguatemi, UEM, Maringá- PR


Foto: Célio Pedro da Silva, 2018

10- Referências Bibliográficas

GRZYBOWSKI, L.M. A horta intensiva familiar / CET - Centro de Educación y


Tecnologia; - 6. ed. - Rio de Janeiro : AS-PTA, 1999, p. 55.

SEIDEL, E.P.; MELLO, E.C.T.; ZAMBOM, M. A. Sustentabilidade agropecuária


em sistemas agroecológicos e orgânicos de produção. Unioeste, Campus de
Marechal Cândido Rondon, 2016, p.230.

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