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Índice:

1. Le Corbusier Vida e Obra·


2. Análise a algumas obras enigmáticas de Le Corbusier
3. Bibliografia

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1.Le Corbusier Vida e Obra

Nasceu a 6 de Outubro de 1887, em La Chaux – de – Fonds (Suiça), Charles Edouard


Jeanneret. Adopta o pseudónimo de Le Corbusier em 1920. Mas viveu a maior parte da sua
vida em França. Foi um arquitecto que constituiu um marco muito importante no
desenvolvimento da arquitectura moderna. Com a publicação de «Vers une Architecture»
(1923) ele adoptou o nome Le Corbusier, e dedicou todo o seu talento e energia à criação da
uma nova e radical forma de expressão arquitectónica. Em 27 de Agosto de 1965 morreu
afogado no Mediterrâneo.
Na escola de Arte da cidade, sob influência, entre outras, do Movimento Arts and Crafts, foi-se
distanciando do ensino para o qual se tinha preparado para se dedicar à arquitectura.
Na sua primeira viagem, à Toscana, labora finas aguarelas das cidades por onde
passa. Já em Veneza e em Paris, elabora vários cartazes. Participa também no estudo da
Catedral de Orão. Em 1908, concebe o Pavilhão de caça de La Saulot, na Solongne. É
posteriormente enviado à Alemanha para estudar as inovações no campo das artes
decorativas.
Trabalha no atelier de Peter Behrens (tal como Walter Gropius e Mies Van der Rohe ).
Em Munique conhece William Ritter, escritor, que o ajuda a entender a oposição entre a cultura
germânica e a cultura latina. Debater-se –á sobre esta oposição ainda durante alguns anos.
Visita ainda Praga, Sérvia, e a Bulgária. Porém, o apogeu destas viagens será
Constantinopla e Atenas, onde se “delicia” com as composições arquitectónicas.
Concebe, em 1914, com o engenheiro Max du Bois a casa “Domino”. (“domus” -casa; e
“innovatio”-inovação). Susceptível de ser montada em fileiras em forma de L ou de U, trata-se
de um princípio estrutural que associa colunas e placas de betão.
Em 1917, estabelece-se firmemente em Paris, numa espécie de vida dupla, dividido
entre uma vida de arquitecto e de intelectual. Realizou uma torre de água, numa vinha
bordalesa, em Podensac, com características neoclássicas, no entanto, sente-se
profundamente frustrado. Por intermédio de Perret, conhece vários pintores e expõe, numa
exposição conjunta, em 1918, vários dos seus trabalhos, na galeria Thomas, em Paris. Com
Ozenfant, e apoiados pela exposição, publicam o manifesto Après le Cubisme, no qual
propõem um programa estético bastante ambíguo. Nele, elogiam os objectos que, sendo
banais, são também legíveis, e podem ser compreendidos sem esforço, o que evita o desvio de
atenção.
Esta mesma dupla funda, em 1920, em conjunto com um poeta e publicitário, Paul
Dermée, a revista L’Esprit Nouveau, uma revista internacional e ilustrada da actividade
contemporânea de então, que suportava muitas teorias e críticas. Em 28 números, Le
Corbusier e Ozenfant comentaram a actualidade política, artística e científica.
No âmbito do “regresso à ordem”, iniciado durante a guerra, Jeanneret e Ozenfant
procuraram uma linguagem depurada, como a usada pelos cubistas, recusando qualquer
dissociação dos objectos e as derivas decorativas.

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O número 29 da revista, que foi interrompida em 1925, foi convertido num Almanach
d’architecture moderne (1926), que rapidamente foi traduzido para inglês e alemão.
Desde 1920, a arquitectura de Le Corbusier segue duas vertentes distintas. Se por um
lado continua o estudo teórico iniciado com o “Dominó”, por outro, concretiza projectos
específicos, ligados a terrenos concretos e encomendados por clientes muito abastados.
Sempre associado à sua atitude provocadora, Le Corbusier depressa se torna um
especialista no planeamento iconoclasta. No entanto, continua a realizar projectos modernos
em locais cuja topografia é mais realista.
Depois de realizados muitos dos seus manifestos, parte para várias palestras pela
Europa. Muitas destas palestras resultarão, posteriormente em outras publicações. Em 1930,
foi consultado pelas autoridades soviéticas, para o estudo da descentralização das cidades de
lazer.
Como resposta, lança um plano a que dá o nome de “Ville Radieuse”, onde dá um
grande destaque à produção industrial. O centro administrativo das cidades passa agora a ser
exterior à torre habitacional, idealizada por Le Corbusier como “cidade verde”.
No Outono de 1929, em viagem à América Latina altera a sua ideia de paisagem e
descobre que o seu interesse destas cidades não se limita ao nível do solo (como em Florença
e em Roma), mas também ao nível do avião. Desta relação e do fascínio pela aeronáutica,
surge em 1935 o livro ilustrado Aircraft.
O princípio da “cidade linear industrial” trazida da Rússia e utilizada para o plano de
urbanismo do vale de Zlim na Morávia, em 1935, torna-se um dos “três estabelecimentos
humanos”, ultimo dispositivo teórico imaginado por Le Corbusier em 1945.
Depois de idealizar alguns projectos irrealizáveis, muitos deles utópicos, embora muito
mobilizadores em termos de curiosidade social, e de ter realizado projectos de menor escala
em terrenos reais, depois de 1945 dedica-se a encomendas concretas, limitando-as.
Aquando da ocupação alemã em França, tenta convencer os serviços do governo de
Vicky, das suas ideias. Será eficaz em empresas editoriais, com a publicação de La Charte
d’Athenès, em 1943,manual do urbanismo funcional, antes de contribuir para as reflexões dos
resistentes para forjar um pais novo depois da libertação.
Depois dos anos 60, apesar de reconhecida a guerra mundial, Le Corbusier sente que
a reconstrução da Europa é um fracasso, porque não consegue que aprovem nenhum dos
seus projectos de urbanismo.
Consegue, no entanto construir em Marselha a primeira Unité d’habitation, um protótipo
de um grande edifício colectivo que idealizara em 1922. Posteriormente começa a realizar
esculturas, cartões de tapeçaria e a teorizar a “síntese das artes maiores”.
Dedica-se à criação de um espaço “indivisível”, que considerava ultrapassar o nível
teórico-prático dos engenheiros. De modo a dar maior coerência às suas obras, elabora um
sistema de proporções universal, que tem por base o número de ouro e a escala humana, a
que dá o nome de “Modulor”. Este “Modulor” está na base de todos os seus projectos até 1965.

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Continua a publicar muitos livros, dos quais destacamos Les Plans de Paris, L’Atelier
de la Recherche Patient ou Le Poème de l’angle droit, que deixam de ser manifestações para
se tornarem objectos estéticos que integram todos os aspectos da sua reflexão, nos quais o
envolvimento teórico cede frequentemente o lugar à autobiografia.
As suas ultimas obras conservam uma certa inquietude visível também nos primeiros
projectos. Um dos exemplos é o mosteiro dominicano de La Tourette, onde é visível uma certa
espiritualidade e um certo diálogo com o sagrado.
Até à sua morte, em 1965,a sua obra é reflexiva e alimenta-se da memória das paisagens e
dos edifícios reencontrados, mas também das suas próprias criações.

“Le Corbusier é um pseudónimo. Le Corbusier faz arquitectura, exclusivamente. Prossegue ideias


desinteressadas… É uma entidade desligada do peso da carne. Nunca deve desanimar (mas será que
consegue?). Ch. Édouard Jeanneret é o homem de carne e osso que teve todas as aventuras radiosas ou
desesperantes de uma vida bem movimentada. Jeanneret Ch.É. faz pintura porque, não sendo pintor,
sempre foi um apaixonado pela pintura e sempre pintou.”

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2.Análise a algumas obras enigmáticas de Le Corbusier

Casa la Roche Jeanneret

 Casa geminada, estudada em 1923 para Raoul la Roche e


Albert Jeanneret em Auteuil;
 Marca um patamar na reflexão arquitectural de Le
Corbusier, que tinha em mente o percurso dos
vanguardistas europeus;
 A casa é marcada por uma colagem de grandes placas
planas cheias de vidro, coincidindo as aberturas
convencionais com as arestas;
 Esta arquitectura sugere uma ruptura com todas as
linguagens anteriores que fixam o protótipo da casa e do lar.

Villa “Le Lac”

 Esta construção, de dimensões modestas, constitui um


marco significativo na reflexão sobre o espaço doméstico e
a paisagem;
 Trata-se de um paralelepípedo de um só nível, revestido de
branco, tem uma única janela de onze metros de
comprimento, do lado do lago.

Pavilhão “L’Esprit Nouveau”

 Construído em 1925, para a exposição de Artes Decorativas


Industriais e modernas de Paris;
 Trata-se de um longo prisma rectangular aberto nas duas
extremidades, com células (que continham serviços)
associadas a um jardim;
 O pavilhão inclui uma habitação em forma de L e um jardim
construído em torno de uma árvore existente;
 A estrutura é em metal com painéis de enchimento em palha
comprimida.

Villa Stein – de Monzie

 Projectada entre 1926 a 1928, uma fachada inscrita num


paralelepípedo, traçado regular baseado no número de
ouro;
 O espaço é marcado pelo arranjo de espaços verticais claro
e lógico: Rés-do-chão com garagem e áreas de serviço, em
torno de um grande hall; primeiro andar situam-se salas de
visitas, jantar e cozinha; segundo andar os quartos;

Ville Savoye

 Construída entre 1928 e 1931, encerra o ciclo de casas


puristas;
 Exteriormente austera, composta por um volume suportado
por pilotis, o acesso pode ser realizado por uma escada ou

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por uma rampa, aos olhos de Le Corbusier, a escada supera
enquanto que a rampa une, estendendo o relvado para o
céu;
 Podemos afirmar que o exterior afirma uma vontade
arquitectural de satisfazer o interior em todas as
necessidades funcionais.

Edifício Residencial em Ponte Moliton

 Estrutura de Betão, num terreno de 12 m de largura e 25 m


de profundidade, numa fila de vigas que permite a livre
disposição das paredes, respeitando o regulamento de
alinhamento parisiense de 1902, mas construída de 1931 a
1934;
 Rés-do-chão com hall, instalações dos empregados
domésticos e um acesso em curva à garagem subterrânea;
 Composto por seis níveis de habitações agrupadas ou em
duas ou em três, fluidas em organização, têm vista para um
pátio de serviço e para um pátio principal;
 A luz do pôr-do-sol envolve as divisões da habitação.

Unité d’habitation

 Surge entre 1946 e 1952, no seguimento de um movimento


dos anos 30, que conduz à formulação da noção de
“unidade de habitação de dimensões uniformizadas”;
 Concebida como uma “cidade-jardim” vertical, em oposição
à construção tipo pavilhão, apoiada em espessos pilotis;
 Foi o primeiro edifício no qual são introduzidas as medidas
do “modulor”, estudadas por Le Corbusier desde 1943;
 Este espaço foi ainda, um banco de ensaios para um
mobiliário simples e industrializado.

Palácio da assembleia

 Edifício 1951-1962, reflecte as descobertas artísticas de Le


Corbusier bem como os seus pensamentos sobre forças
cósmicas;
 Trata-se de uma revolucionária hiperbolóide que abriga a
câmara baixa deriva das torres de refrigeração estudadas e
desenhadas pelo arquitecto;
 O jogo dos objectos, a Torre e a cobertura piramidal
recordam um estranho ritual do Sol.

Mosteiro de La Tourette

 Trata-se de um mosteiro dominicano de 1953-1960, é um


espaço marcado para a meditação, o estudo e as orações
para os monges.
 Combina o contraste das ordens de elementos monásticos e
locais de vida colectiva;
 Ergue-se num plano horizontal, com cobertura comum de
todos os volumes;

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 A igreja é uma unidade autónoma em forma de um
paralelepípedo;
 As galerias são pontuadas por janelas “ondulatórias”, cujas
proporções das molduras de madeira, determinadas pelo
sistema “modulor”, projectam no solo de sombras.

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3.Bibliografia

JANSON, W.; “História da Arte”; Serviço de Educação da Fundação Calouste


Gulbenkian; 6º edição, Lisboa, 1998

“Lexicoteca Moderna Enciclopédia Universal”; Círculo de Leitores; Printer Portuguesa,


Setembro de 1986, edição 1619

PINTO, Ana Lídia; Meireles, Fernanda; Cambotas, Manuela Cernadas; “História da Arte
– Ocidental e portuguesa, das origens ao final do século XX”; Porto Editora, Porto, Outubro,
2001

COHEN, Jean-Louis; “Le Corbusier”; Taschen ; Lisboa, 2001

BAKER, Geoffrey H. ; “Le Corbusier uma análise da forma”; Livraria Martins Fontes

Editora Ltda; Primeira edição de Março de 1998

SBRIGLIO, Jacques; “Le Corbusier: les villas La Roche-Jeanneret”; Fondation Le

Corbusier, Paris 1997

Referencias provenientes da Internet:

www.fondationlecorbusier.asso.fr

www.wikipédia.pt

www.artcyclopedia.com

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