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FCTUC – Departamento de Arquitectura

Cidade e Território I – 2010/2011

Susana Boliqueime 2008103956

A evolução e construção do conceito de Património, Cidade e Urbanismo

O conceito de património tem vindo ao longo dos tempos a ser fortemente enraizado
na nossa sociedade. Na sequência da Carta de Veneza (1), o conceito e simbologias do
património está gradualmente a ser aceite, ampliando o significado exclusivamente
monumental e emblemático do conceito.

Este conceito anteriormente limitado a “monumentos de arte e história, do


património” está actualmente expandido. Permitindo uma mais abrangente e integrada
adesão dos conjuntos construídos, é uma outra consideração de arquitecturas uma vez
consideradas "menores", como o Património arquitectónico. Estes elementos ajudam a definir
o “rosto” da cidade, a sua fisionomia, são alguns edifícios (modestos ou não) que têm o poder
da sugestão, emoção e restituição.

A cidade é encarada como a imagem da sociedade, um dos elementos que nos apoiam
a visualizar a história da nossa cultura, mas isto nunca pode impedir o desenho urbano e a
constante mudança. O território é construído como um palimpsesto (2) continuamente riscado,
apagado, modificado, reutilizado. A protecção do património arquitectónico torna possível
reconciliar-se com a história e realizar uma nova mediação entre o passado e presente.

As cidades estão em constante mutação, expandindo as fronteiras e a população. O


aumento indiscriminado da industrialização e urbanização nos últimos anos tem afectado o
número de construções urbanas provocando impactos paisagistas e ambientais.

O genoma da cidade é modificado, que gera a necessidade de reflecção sobre a


qualidade de vida na cidade, pensando em pontos como o conforto ambiental, de consumo
energético e dos impactos paisagísticos. Os centros históricos são objectos de discussão neste
contexto, pois passam por processos de revitalização sem considerar as condições de conforto.
O grande desafio das nossas cidades tem sido o crescimento e desenvolvimento urbano que
proporcione geração de riqueza, qualidade de vida e qualidade ambiental.

Mas as cidades estão a atingir pontos de ruptura. Por isso, é necessário pensar os
centros históricos, como novos espaços para a restruturação da cidade, sem criar impactos
ambientais. Esta ideologia passa pelo restauro de edifícios existentes, melhorando a
salubridade e higiene públicas são conceitos que procuram relacionar o bem-estar dos
usuários e o meio ambiente urbano.

Desta forma, surge a ideia do património associado ao centro histórico elemento cerne
da estrutura e cultura da sociedade.

O arquitecto surge como elementos de ligação e solução destes problemas, uma vez
que, este tem conhecimentos (como o urbanismo, história e noção de património) que apoiam
a requalificação destes espaços.

E, na minha opinião, este é a “tabua de salvação” para as cidades, uma vez que assim
conseguimos a resolução de vários problemas, como:

-A solução para o abandono dos centros históricos;

-O fim do crescimento em expansão do território (que pode acabar com terrenos


importantes para outros fins como os agrícolas);

-Uma “nova” interpretação de espaços gerando novos Palimpsestos no desenho


urbano da cidade.

Assim, e em termos conclusivos, penso que a reabilitação de centros urbanos é


importante como novo ponto de vista de restruturação da cidade, mantendo a cultura do
território, protegendo o património cultural, mas mesmo assim apetrechando-o para
“receber” novos conceitos e novos públicos que iram dar uma nova leitura à nossa imagem de
cidade.

(1) A Carta de Veneza é um documento que estabelece os princípios éticos da conservação e restauro de
edifícios históricos desenvolvidos e adoptados internacionalmente em 1964, em Veneza no Segundo
Congresso Internacional dos Arquitectos e Técnicos monumentos históricos, bem como sessenta e
um países. Foi durante este congresso que a decisão foi feita para criar o ICOMOS (Conselho
Internacional dos Monumentos e Sítios)
(2) Palimpsesto (do grego antigo παλίμψηστος / palímpsêstos ou seja, "riscar de novo" (πάλιν, "de novo"
e ψάω, "riscar")) designa um pergaminho (ou papiro) cujo texto foi eliminado para permitir a
reutilização.

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