O conceito de património tem vindo ao longo dos tempos a ser fortemente enraizado
na nossa sociedade. Na sequência da Carta de Veneza (1), o conceito e simbologias do
património está gradualmente a ser aceite, ampliando o significado exclusivamente
monumental e emblemático do conceito.
A cidade é encarada como a imagem da sociedade, um dos elementos que nos apoiam
a visualizar a história da nossa cultura, mas isto nunca pode impedir o desenho urbano e a
constante mudança. O território é construído como um palimpsesto (2) continuamente riscado,
apagado, modificado, reutilizado. A protecção do património arquitectónico torna possível
reconciliar-se com a história e realizar uma nova mediação entre o passado e presente.
Mas as cidades estão a atingir pontos de ruptura. Por isso, é necessário pensar os
centros históricos, como novos espaços para a restruturação da cidade, sem criar impactos
ambientais. Esta ideologia passa pelo restauro de edifícios existentes, melhorando a
salubridade e higiene públicas são conceitos que procuram relacionar o bem-estar dos
usuários e o meio ambiente urbano.
Desta forma, surge a ideia do património associado ao centro histórico elemento cerne
da estrutura e cultura da sociedade.
O arquitecto surge como elementos de ligação e solução destes problemas, uma vez
que, este tem conhecimentos (como o urbanismo, história e noção de património) que apoiam
a requalificação destes espaços.
E, na minha opinião, este é a “tabua de salvação” para as cidades, uma vez que assim
conseguimos a resolução de vários problemas, como:
(1) A Carta de Veneza é um documento que estabelece os princípios éticos da conservação e restauro de
edifícios históricos desenvolvidos e adoptados internacionalmente em 1964, em Veneza no Segundo
Congresso Internacional dos Arquitectos e Técnicos monumentos históricos, bem como sessenta e
um países. Foi durante este congresso que a decisão foi feita para criar o ICOMOS (Conselho
Internacional dos Monumentos e Sítios)
(2) Palimpsesto (do grego antigo παλίμψηστος / palímpsêstos ou seja, "riscar de novo" (πάλιν, "de novo"
e ψάω, "riscar")) designa um pergaminho (ou papiro) cujo texto foi eliminado para permitir a
reutilização.