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CONVIVÊNCIA INTERCULTURAL VERÓNICA GIMÉNEZ BÉLIVEAU 123

CONVIVÊNCIA INTER-RELIGIOSA
E DISCRIMINAÇÃO NA ARGENTINA:
PERSPECTIVA HISTÓRICA, LEGISLAÇÃO E
EXPERIÊNCIAS ATUAIS
Verónica Giménez Béliveau

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a liberdade religiosa e a convivência inter-
cultural na Argentina. Para isso, falaremos sobre a legislação que regulamenta a convivência
entre instituições e indivíduos de diferentes religiões, analisaremos as características do campo
religioso na Argentina contemporânea e abordaremos as situações históricas e atuais de dis-
criminação contra comunidades e pessoas por motivos religiosos. Tomaremos como exemplo
o caso do debate público sobre a lei do aborto em Buenos Aires para analisar a dinâmica da
inter-relação entre elementos religiosos e outras disposições sociais. Finalmente, serão suge-
ridas algumas linhas de trabalho para abordar a convivência inter-religiosa.

P
ensar sobre a liberdade religiosa na Na primeira seção, apresentaremos as
Argentina exige considerar simul- características da legislação e das regras que
taneamente a história, a legislação e dão suporte ou determinam a possibilidade
os debates mais atuais no espaço público: só de convivência religiosa. Na segunda, ana-
assim entenderemos as lógicas de restrições, lisaremos o campo religioso na Argentina,
liberdade religiosa e conflito que se abrem e a presença histórica das religiões, as novas
moldam as relações sociais. O presente artigo tendências e os episódios de discriminação,
pretende fazer uma breve revisão da convi- conforme fontes estatísticas estatais e comu-
vência inter-religiosa e da discriminação na nitárias. Na terceira, trataremos dos debates
Argentina, considerando a legislação, a pers- públicos sobre questões relacionadas com a
pectiva histórica e as experiências atuais. lei, a religião e o gênero, enfocando a discus-
Partindo da pergunta-guia “Os princípios da são parlamentar e pública da lei do aborto
liberdade religiosa são respeitados?”, vamos legal, seguro e gratuito na Argentina. Final-
nos concentrar nos estudos da religião como mente, encerraremos o artigo com propostas
campo de observação. para abordar as dinâmicas de discriminação
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e convivência – entre as igrejas e entre os anulada com a reforma constitucional, que


diferentes grupos religiosos – no território, revogou os artigos 76 e 80. O primeiro de-
temas que parecem mais suscetíveis de gerar terminava que quem quisesse acessar a pri-
ações nas políticas públicas. meira magistratura deveria pertencer à
“comunhão católica, apostólica, romana”;
A legislação e as religiões na Argentina já o segundo dizia que o presidente e o vice-
Na Constituição argentina, cuja pri- -presidente deveriam prestar juramento de
meira versão data de 1853, está previsto o acordo com uma fórmula que começava com
direito à liberdade religiosa dos indivíduos. “Deus nosso Senhor e os Santos Evangelhos”.
Embora a liberdade de prática das religiões Embora o exercício da liberdade religio-
seja garantida, ela é marcada por uma pro- sa na Argentina seja pleno, as instituições
funda desigualdade, já que a Igreja Católica religiosas não recebem tratamento iguali-
tem um estatuto privilegiado. O texto cons- tário: continua vigente uma trama de leis e
titucional, mais precisamente em seu artigo decretos que reforçam a desigualdade entre
2, estabelece que o Estado apoia a Igreja Ca- a Igreja Católica e as demais instituições
tólica, com toda a ambiguidade que a pala- religiosas. A Lei nº 21.745, de 1978 (sancio-
vra apoiar implica (apoiar economicamente nada pela ditadura militar e ainda em vigor),
pagando especialistas religiosos, mantendo regulamenta a existência do Registro Nacio-
a infraestrutura de conventos e templos? nal de Cultos, no qual todas as instituições
Apoiar politicamente?). Além disso, o Esta- religiosas não católicas devem se cadastrar.
do argentino concede um subsídio mensal Em relação aos regulamentos contra a
aos bispos (Lei nº 21.950, de 1979) e padres discriminação, a Lei nº 23.592, sancionada
de fronteira (Lei nº 22.162, sancionada em em 1988, condena ações discriminatórias,
1980) (ESQUIVEL, 2009). estabelecendo a eliminação e reparação des-
Portanto, a liberdade religiosa está pre- sas ações. “Quem arbitrariamente impedir,
sente desde a fundação do Estado nacional, obstruir, restringir de alguma forma ou pre-
mas não é ratificada por nenhuma lei espe- judicar o pleno exercício, em bases igualitá-
cífica. Algumas províncias, como Córdoba, rias, dos direitos e garantias fundamentais
tentaram propor uma lei de liberdade religio- reconhecidos na Constituição Nacional” será
sa, argumentando sua necessidade; porém, obrigado a suspender o ato lesivo e restaurar
no final, ela não foi aprovada. Esses projetos os danos causados. Os motivos contempla-
de lei de liberdade religiosa estão mais re- dos pela lei contra a discriminação estão
lacionados com as prerrogativas das igrejas relacionados a raça, religião, nacionalidade,
do que com a possibilidade efetiva de os fiéis ideologia, opinião política ou sindical, sexo,
praticarem sua religião, que não está amea- posição econômica, condição social ou ca-
çada: hoje não há nenhuma penalidade para a racterísticas físicas.
prática de qualquer culto religioso. Até 1994 E, embora a legislação argentina esteja
havia uma restrição para ter acesso à presi- se abrindo pouco a pouco para bases mais
dência e à vice-presidência da República, laicas, nas quais a pertença religiosa não
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signifique uma restrição ao acesso a cargos pertença religiosa dos habitantes da Argenti-
públicos e as pessoas que praticam outras na: 90% eram católicos. Em 2008 foi realizada
religiões que não a católica não sejam discri- a primeira Pesquisa sobre Crenças e Atitudes
minadas, a instituição católica ainda goza de Religiosas na Argentina, fonte estatística mais
um regime preferencial que não foi revogado confiável para conhecer a distribuição da po-
nas reformas constitucionais e legislativas. pulação de acordo com sua religião. Esse estu-
do (MALLIMACI, 2013) revela que 76,5% dos
O campo religioso na Argentina: argentinos se declaram católicos; 11,3% afir-
situação atual, episódios de mam não ter religião, ser agnósticos ou ateus;
discriminação e 9% se identificam com o protestantismo.
Para pensar sobre o contexto dos fa- Outros credos estão presentes e constituem
tos da discriminação religiosa e sua gestão, minorias significativas: Testemunhas de Jeo-
é importante levar em conta o estado e as vá, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Úl-
transformações do campo religioso no país. timos Dias (mórmons), judaísmo, islamismo,
A Argentina é, desde sua conquista pelo reino budismo, espiritismo e hinduísmo. Cada um
da Espanha, um território marcado pela pre- dos grupos religiosos é internamente plural,
sença da Igreja Católica. Culto monopolista e é possível identificar diferentes correntes:
em tempos coloniais, a forte é importante levar em conside-
presença do catolicismo mar- Para pensar sobre o ração a diversidade dentro das
cou políticas e identidades no contexto dos fatos religiões, pois elas não podem
território do país. A fé católica da discriminação ser entendidas como um todo
foi identificada com a naciona- religiosa e sua gestão, homogêneo que responde de
é importante levar
lidade, a ponto de certos setores forma unânime às diretrizes de
em conta o estado e
da Igreja identificarem o ser ar- seus referenciais ou hierarquias
as transformações do
gentino com a pertença ao credo campo religioso (GIMÉNEZ BÉLIVEAU; IRRA-
católico (MALLIMACI, 2015). no país ZÁBAL, 2010). Como podemos
No âmbito da imigração em ver, a Argentina é uma socieda-
massa que mudou definitivamente as carac- de complexa cujo espaço religioso se plura-
terísticas da população argentina, entre o fi- lizou, embora mantenha em certos setores
nal do século XIX e o início do século XX, essa ideias sobre a estreita associação entre per-
identificação gerou atos de discriminação de tença nacional e pertença religiosa católica.
pessoas e grupos pertencentes a outros credos Conforme relatórios do Instituto Na-
(particularmente protestantes e judeus) com cional contra a Discriminação, se nos con-
base em um discurso que os excluía simbólica centrarmos nas causas da discriminação,
e discursivamente da comunidade nacional veremos que a religião é um dos maiores
(BIANCHI, 2004). geradores de comentários discriminatórios:
A hegemonia do catolicismo se mante- “22% dos comentários discriminatórios em
ve relativamente até os anos 1960, quando diferentes plataformas de mídia social são
foi realizado o último censo que pesquisou a por motivos religiosos”1.
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Um dos grupos religiosos que sofreram fenômenos discriminatórios se intensifica-


mais fortemente discriminação na Argenti- ram após os atentados de 11 de setembro de
na é a comunidade judaica. As organizações 2001 em Nova York.
comunitárias fazem um acompanhamento
sistemático dos fatos de discriminação e Debates públicos e implicações para
destacam a particular aversão aos judeus du- a convivência inter-religiosa: o caso
rante a última ditadura militar (1976-1983): da discussão da lei do aborto legal,
nos campos de concentração da ditadura, os seguro e gratuito na Argentina
centros clandestinos de detenção, os judeus Na Argentina, a questão da liberdade
eram perseguidos por sua condição religio- religiosa tem um ponto de inflexão na dis-
sa. Os especialistas falam da semelhança de cussão sobre a legalização do aborto promo-
métodos repressivos na Alemanha nazista vida pelo Parlamento, em 2018, com intensa
e do “antissemitismo institucionalizado” intervenção de igrejas, grupos religiosos e
(WEISZ, 2007, p. 12). Além da situação ex- indivíduos em nome da religião.
trema do campo de concentração, a Dele- O debate público foi um momento de
gação das Associações Israelitas Argentina conflito social discursivo ligado a questões
(Daia) identifica em seus relatórios diversas religiosas e não religiosas. Embora tenham
formas de discriminação contra a comuni- acontecido alguns episódios de agressão a
dade judaica: expressões xenofóbicas tradi- pessoas que usavam o lenço verde, símbolo da
cionais, antissemitismo religioso/teológico, legalização do aborto, ou o lenço azul-celeste,
expressões ligadas à ganância e à explora- símbolo da luta contra a descriminalização,
ção, antissemitismo nacionalista e teorias os atos de violência foram isolados. Neste
da conspiração sobre a dominação mundial ponto, é muito importante perguntar-nos:
(BRAYLAN, 2011). devemos enquadrar esse conflito exclusiva-
A comunidade islâmica também tem mente no âmbito religioso? A opinião mais
sido objeto de discriminação na mídia, por amplamente compartilhada entre especia-
meio da associação entre a pertença religiosa listas é que ele ultrapassa os limites do que
e comunitária ao islamismo e uma ativida- normalmente definimos como disputas ou
de criminosa transnacional, o terrorismo. discussões enquadradas na esfera da religião.
A partir dos anos 1990 – quando ocorreram Nesse conflito, é comum que as pes-
atentados contra a embaixada de Israel, em soas favoráveis à legalização do aborto não
1992, e contra a Associação Mutual Israeli- se reconheçam como religiosas ou digam
ta Argentina (Amia), em 1994, em Buenos que sua pertença a uma religião é algo ín-
Aires, e certos meios de comunicação de timo e pessoal, que não afeta suas posições
massa emitiram opiniões islamofóbicas –, políticas e públicas. Por sua vez, as pessoas
membros da comunidade islâmica entraram contrárias à descriminalização do aborto
na esfera pública da mídia para desmontar costumam destacar não apenas a pertença
a associação entre árabe, muçulmano e religiosa, mas também certos argumentos
terrorista (MONTENEGRO, 2014). Esses científicos que têm a ver com a origem da
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vida. Ou seja, a fundamentação do discurso muito próximos das igrejas e crescem sem
público se baseia também em elementos que necessariamente manter uma relação com
não são religiosos. uma estrutura institucional. São grupos des-
Encerro o desenvolvimento deste caso regulamentados difíceis de conter, aos quais
na Argentina (2018) com uma última ideia: é também difícil oferecer um espaço de for-
para trabalhar a possibilidade de uma me- mação para a convivência. Esses grupos não
lhor convivência, é necessário ampliar as submetidos às institucionalidades clássicas
margens da tolerância em relação ao outro têm protagonizado episódios de agressões ou
religioso. O conceito de tolerância, de uso intervenções ilícitas em hospitais e escolas.
complicado no campo político, social e das Esses episódios infringem as normas legais
opções personalíssimas como a sexualidade, vigentes, no espaço da sociedade civil, e apre-
parece mais adequado ao campo religioso, no sentam sérios desafios para a convivência.
qual as formas de ver o outro e os princípios
fundadores de cada tradição, quando levados Conclusões e recomendações: novos
ao extremo, reduzem as chances de diálogo. atores, novas intervenções políticas
O que resta é a necessidade de tolerar o ou- Para terminar, gostaríamos de salien-
tro, aceitar sua presença no espaço público e, tar brevemente algumas conclusões e re-
assim, reduzir os níveis de agressão. comendações. É importante enfatizar aqui
A convivência sem conflitos é mais que a intolerância religiosa está intimamente
difícil, uma vez que a disputa ligada ao medo: medo do outro
no espaço público está colo- A convivência sem (encarnado no diferente, na
cada e se expressa por meio conflitos é mais mulher, no trans, no homosse-
de mobilizações em massa a difícil, uma vez que xual), da incerteza existencial
favor do aborto e contra sua a disputa no espaço e do futuro. Pensar nas possibi-
legalização, essas últimas público está colocada lidades de exercício da liberda-
convocadas e divulgadas pe- e se expressa por de religiosa e na discriminação
las igrejas, tanto a católica meio de mobilizações envolve abordar algumas per-
quanto as evangélicas. Essas em massa a favor do guntas mais amplas sobre o
aborto e contra sua
manifestações ocorreram sentido dos medos nas socie-
legalização, essas
em um contexto de relativo dades latino-americanas con-
últimas convocadas e
respeito, embora nos espaços divulgadas pelas igrejas, temporâneas e sua circulação,
sociais pouco regulamentados tanto a católica quanto e sobre as vivências religiosas
institucionalmente fossem vi- as evangélicas e as experiências discrimina-
venciados episódios de agres- tórias. O que significa para as
sões contra pessoas. Na Argentina, os grupos vítimas ser discriminadas religiosamente?
que agiram de forma mais violenta contra a Em que consiste essa violência?
legalização do aborto não tiveram o apoio di- É importante destacar dois pontos que
reto e explícito das igrejas. São grupos que estão transformando os cenários antes de
nascem seguindo os interesses de agentes passar para as recomendações. O primeiro
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ponto é o crescimento significativo de pes- disponíveis para desenvolver dados confiá-


soas sem religião nas sociedades latino-ame- veis e indicadores consistentes.
ricanas nos últimos anos. Os “sem religião” Na Argentina, o Instituto Nacional con-
não manifestam essa rejeição do velho ateís- tra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo
mo anticlerical em relação às crenças reli- (Inadi) trabalha há algum tempo no registro da
giosas. É um fenômeno principalmente das discriminação religiosa. Como em outros espa-
sociedades urbanizadas e, em especial, das ços, as primeiras demandas que chegam para
faixas mais jovens da população (MALLI- o Estado são as dos grupos. As minorias ativas
MACI, 2013), ou seja, dos espaços que estão recorrem ao Estado, e isso tem mais a ver com
aumentando populacional e socialmente. Isso a identidade desses grupos religiosos do que
nos permite afirmar que é um grupo que vai com processos de discriminação ou violência
crescer no futuro. O amplo espaço das pes- religiosa nas bases. Esses grupos trabalham a
soas sem religião não faz parte de minorias partir da internacionalização das demandas
ativas; elas geralmente não são incluídas nas por liberdade religiosa e se articulam com es-
mesas de diálogo inter-religioso; no entanto, paços políticos, principalmente legislativos.
suas crenças, ou não crenças, e atribuições
têm cada vez mais espaço social. E é impor- Para concluir, gostaríamos de fazer al-
tante buscar formas de entender as dinâmi- gumas recomendações que permitam for-
cas de crença e identidade nesses espaços. talecer as políticas públicas e o trabalho das
O segundo ponto a destacar é o valor dos organizações sociais:
instrumentos existentes nos diferentes paí-
ses que permitem coletar dados sobre os fa- É necessário trabalhar em uma educa-
tos mais graves de discriminação e violência ção intercultural que leve em consideração
contra a diversidade religiosa. Isso é funda- as diferenças religiosas, sociais e de gênero.
mental, porque a análise desses casos extre- Nas denúncias de intolerância religiosa ge-
mos nos permitirá entender quais elementos ralmente há outros elementos que se com-
caracterizam a dinâmica da convivência in- binam para a agressão: homofobia, sexismo,
tercultural em diferentes sociedades. É claro racismo, aporofobia (medo e rejeição aos po-
que nem todos os casos são denunciados e, bres). Estamos diante de problemas sociais
quando há uma denúncia, é porque já exis- complexos, nos quais etnia, política, raça,
tiam problemas que atingiram níveis into- gênero e religião convergem e se articulam.
leráveis para os atores. Mas é fundamental
saber em que termos a discriminação reli- Os instrumentos estatais de denún-
giosa não é tolerada, o que significa para as cia e registro deveriam ser fortalecidos. É
pessoas ser discriminadas ou atacadas por fundamental aqui considerar alguns as-
causa de sua religião, em que se baseiam as pectos, como o monitoramento dos casos e
agressões, quais processos seguem, que tipos das minorias afetadas; o aperfeiçoamento
de violência exercem e contra que tipos de e a ampliação dos sistemas de recebimento
pessoa. É essencial procurar os instrumentos de denúncias de discriminação religiosa; a
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análise dessas denúncias, considerando a


complexidade dos elementos nelas incluí-
dos, o mapeamento do tipo, da magnitude
e da ancoragem territorial das ações de
discriminação e/ou ataque a pessoas ou
grupos religiosos; e, finalmente, a geração
de sistemas de troca de informações entre
países sobre esses eventos, que permitam
identificar precocemente os fenômenos de
discriminação e ataque.

Essas duas ações combinadas contribui-


riam para reduzir os conflitos entre grupos e
contra indivíduos em particular por causa de
suas crenças e para trabalhar por uma socie-
dade mais justa, mais aberta, mais tolerante
e mais democrática, na qual os fiéis possam
praticar livremente suas religiões.

Verónica Giménez Béliveau


Doutora em sociologia pela École des Hautes
Études en Sciences Sociales de Paris e doutora em
ciências sociais pela Universidade de Buenos Aires
(tese em cotutela, 2004), trabalha como pesquisa-
dora independente do Consejo Nacional de Investi-
gaciones Científicas y Técnicas (Conicet), no Centro
de Estudios e Investigaciones Laborales (Ceil), onde
coordena o Programa Sociedad, Cultura y Religión.
Suas áreas de pesquisa giram em torno das dinâmi-
cas sociais e religiosas do catolicismo, das caracte-
rísticas das crenças nos tempos contemporâneos,
da articulação entre religião e saúde e das formas de
constituição das identidades e mobilidades de gru-
pos religiosos. É professora adjunta do Seminário de
Pesquisa em Sociedade e Religião, da Faculdade de
Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires.
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Referências

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Buenos Aires: Sudamericana, 2004.

BRAYLAN, Marisa (Comp.). Informe sobre antisemitismo en la Argentina 2010. Buenos


Aires: Centro de Estudios Sociales da Delegación de Asociaciones Israelitas
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Disponível em: <http://journals.openedition.org/assr/21217;DOI:10.4000/
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MONTENEGRO, Silvia. El Islam en la Argentina contemporánea: estrategias


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WEISZ, Martina L. Argentina durante la dictadura de 1976-1983: antisemitismo,


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Notas

1 Relatório técnico do Observatório da Internet, Inadi. Disponível em: <http://www.


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