FORMAÇÃO CONTINUADA EM
DIREITO TRIBUTÁRIO
(enfoque nos Municípios)
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MARÇO/2016
1. O CONCEITO DE TRIBUTO
a) Impostos (art. 16, CTN): “tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica”, isto é, independentemente de
contraprestação específica. Neste caso, a atuação do Estado é dirigida ao provimento do bem
comum que chega a beneficiar o contribuinte, de modo que este frui das utilidades que o
Estado fornece porque é membro da comunidade e não por ser contribuinte específico.
b) Taxas (art. 145, II, da Constituição Federal -CF e art. 77 do CTN): tributo que tem como
fato gerador o exercício regular do Poder de Polícia, consistentes nas limitações de liberdades
e direitos no interesse público, ou a utilização efetiva ou potencial de um serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou colocado a sua disposição.
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c) Contribuições de melhoria ( art. 145, III, CF e art. 81 e 82, CTN): tributo que tem como
fato gerador a valorização do imóvel do contribuinte em razão de obra pública (instalação de
rede elétrica, obras contra enchentes, etc.), os beneficiários diretos da obra arcam com seu
custo, total ou parcialmente, sendo, para tanto, necessária a valorização do imóvel do
contribuinte por decorrência da obra pública, não por outro motivo.
e) Empréstimo compulsório (art. 148 da CF): é o ingresso de recursos temporários nos cofres
do Estado, pois a arrecadação acarreta para o Estado a obrigação de restituir a importância
que foi emprestada. Assim, somente a União, mediante lei complementar, pode instituir esta
espécie tributária para atender despesas extraordinárias ou no caso de investimentos públicos
de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Sendo instituído somente nestas
condições, o empréstimo compulsório não se perpetua no tempo, devendo ser exigido
enquanto estiver presente o pressuposto constitucional que o autorizou.
Dever ser realçado que a denominação que se atribui à exação é irrelevante para a
identificação de sua espécie, devendo ser definida pelo fato gerador em comparação com a
definição de tributo.
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- Princípio da legalidade (art. 150, I da, CF): Não pode haver exigência de tributo sem lei.
Exige-se lei complementar, especialmente para estabelecer normas gerais de legislação
tributária e em relação aos impostos para definir os fatos geradores, base de cálculo e
contribuintes. Na hipótese de inexistir tal lei, o Estado pode instituir imposto a que a CF lhe
atribua competência (artigo 24, parágrafo 3. da CF). Exceção: o Poder Executivo Federal,
atendidas as condições estabelecidas em lei, pode alterar as alíquotas dos seguintes impostos
sobre: importação de produtos estrangeiros; exportação; produtos industrializados; operações
de crédito, câmbio e seguro e as relativas a títulos e valores mobiliários (artigo 153 da CF).
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- Princípio da anterioridade (art. 150, III, b, CF): é vedada a cobrança de tributos no mesmo
exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. A CF
dispensa deste princípio os impostos referidos no item precedente..
- Princípio da noventena ou anterioridade qualificada (art. 150, III, c, CF): A EC n. 42
aumentou a proteção constitucional ao estabelecer, adicionalmente ao princípio da
anterioridade que, sem prejuízo da anterioridade comum (alínea b), os tributos, em regra, não
podem ser cobrados antes de decorridos 90 dias da data da publicação da respectiva lei.
- Princípio da não-discriminação tributária (art. 152 da CF): consubstancia a aplicação do
principio da uniformidade geográfica no âmbito dos Estados – membros, DF e Município,
visando assegurar o funcionamento harmônico do pacto federativo.
- Princípio da igualdade ou isonomia (art. 150, II, CF): a Lei Maior proíbe o tratamento
desigual entre contribuintes de situação equivalente, sendo vedada qualquer distinção em
razão de ocupação profissional.
- Princípio da capacidade contributiva ou pessoalidade (art. 145, §1º, CF): sempre que
possível os tributos devem ter caráter pessoal e serem graduados de acordo com a capacidade
econômica do contribuinte. Tal limitação pode ser vista como um critério destinado a
diferenciar as pessoas, identificando os iguais e aplicando, na medida em que se igualam, o
justo tratamento a cada um deles.
- Princípio do não-confisco (art. 150, IV, CF): a questão do caráter confiscatório do tributo
não possui definição dos seus limites, assim o judiciário deve analisar no caso concreto o que
seria uma tributação pesada e confiscatória. A vedação ao confisco pretende impedir que se
ultrapasse níveis de incidência considerados suportáveis por determinada sociedade, em certa
época e sob específicas conjunturas. O tributo não deve inviabilizar o desenvolvimento de
atividades econômicas geradoras de riqueza, ou promotoras da circulação desta.
- Princípio da liberdade de tráfego de pessoas ou bens (art. 150, V, CF, e art. 9º, III, CTN): é
vedado que o fato gerador de qualquer tributo seja especificamente a circulação
intermunicipal ou interestadual de pessoas ou mercadorias, ressalvada a cobrança de pedágio
pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.
b) Imunidades tributárias:
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c) Isenções tributárias:
Deve ser concedida por lei específica ou quando a lei o tributo a que se refira (artigo 150,
parágrafo 6. da Constituição Federal).
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Por ultimo, cabe esclarecer que a parte final do parágrafo que se refere às isenções relativas ao
ICMS (art. 155, §2º, XII, “g” da CF).
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A técnica de repartição das receitas tributarias, para assegurar a efetiva autonomia financeira
dos entes federativos, exige que a entrega dos recursos previstos em texto constitucional.
Por este motivo, bem como pelo risco de que seja estabelecida uma relação de submissão ou
subordinação entre os entes federativos.
A forma indireta impõe uma relação complexa: são formados fundos formados de produtos
das receitas para serem rateados posteriormente entre os partícipes beneficiários. Tem
extraordinária importância o fundo de participação do Município.
c) Participações Indiretas:
As participações indiretas efetivam-se por meio de quatro fundos, sendo três fundos
compostos de 47% da arrecadação do IPI e do IR, excluída deste ultimo a parcela do IR já
pertencente aos Estados, DF e Municípios por sua participação direta( IR retido na fonte pelos
respectivos entes), e o o quarto, destinado aos Estados e ao DF, composto de 10% da
arrecadação do IPI. São eles:
- fundo de participação dos Estados e do DF (21,5% do IR e do IPI);
- fundo de participação dos Municípios (22,5%do IR e do IPI);
- fundo compensatório de exportações de produtos industrializados (10% do IPI, aos Estados
e ao DF, devendo cada Estado repassar 25% do recebido aos seus Municípios).
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Bem imóvel
Além do terreno, compreendem-se: o incorporado por acessão permanentemente ao
solo; construção que possa servir para habitação ou exercício de quaisquer atividades.
O domínio útil é o mais complexo, pois implica uma propriedade indireta, como se
verificam nos terrenos de marinha pertencentes à União em razão do que é paga uma quantia
a esta.
Zona urbana
Para fins de IPTU consistente na existência ou não de equipamentos urbanos,
observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2
(dois) dos seguintes, construídos ou mantidos pelo poder publico:
a) Meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
b) Abastecimento de água;
c) Sistema de esgotos sanitários;
d) Rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
e) Escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.
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O Estatuto da Cidade autoriza alíquotas de até 15% (quinze por cento) para
desestimular a subutilização de terrenos na zona urbana .
Uma vez que o Código Tributário Nacional estabelece que deva ser o valor venal do
imóvel, considera-se que, desde que não extrapole o valor da operação de transmissão do
imóvel, possa ser a base de cálculo do IPTU.
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3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) para ser considerado empresa de
pequeno porte. Embora a lei preveja exceções decorrentes dos sócios e da atividade
abstrai-se a análise por extrapolar os limites do presente artigo.
Em virtude do enquadramento no Simples Nacional, o contribuinte pode recolher, por
meio de documento único os seguintes tributos: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica
- IRPJ; Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, não incluso para tal fim o incidente
na importação; a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; a Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social – COFINS; a Contribuição para o PIS/Pasep; a
Contribuição para a Seguridade Social sobre a folha de salários e demais rendimentos
pagos a pessoa física que lhe preste serviço, neste caso, observadas as exceções constantes
na lei; a Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação -
ICMS; bem como o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS.
De acordo com esta lei, os três níveis de governo (federal, estadual e municipal) deverão
considerar a unicidade do processo de registro e de legalização do empresário ou pessoa
jurídica, buscando a integração e a compatibilização de procedimentos (art. 4º).
A competência para a fiscalização do cumprimento das obrigações principais e acessórias
relativas ao Super Simples ou Simples Nacional é da Secretaria da Receita Federal e das
Secretarias de Fazendas ou Finanças dos Estados ou DF, segundo a localização do
estabelecimento (art. 33).
a) Fato gerador: consiste no fato que cria uma obrigação tributária, isto é, um vínculo
jurídico através do qual o Estado pode exigir do sujeito passivo (contribuinte ou responsável)
um tributo (art. 113, CTN). Elementos do fato gerador:
- objetivo ou núcleo – descrição dos fatos que determinação o nascimento da obrigação
tributaria
- subjetivo – sujeito ativo e passivo
- espacial – o âmbito em que se pode
d) Sujeito passivo – substituto legal (art. 128, CTN): Pode ocorrer porém que outra
pessoa, vinculada indiretamente com o fato gerador, por imposição de lei, esteja desde logo
obrigada a responder pelo tributo e/ou pela penalidade pecuniária. É o caso da fonte pagadora,
a se atribui a responsabilidade pelo recolhimento do imposto de renda (o sujeito passivo da
obrigação tributária, neste exemplo, é o empregador). Neste caso, o responsável pode ser por
substituição, quando a lei determina que terceira pessoa ocupe o lugar do contribuinte antes
mesmo da ocorrência do fato gerador (recolhe o tributo que seria devido pelo substituído
antes mesmo da ocorrência do fato gerador) - §7º do art. 150 da CF; ou o responsável será por
transferência, quando a lei prevê que uma ocorrência posterior ao fato gerador já verificado
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a recusa do devedor de pagar. Pode eleger uma categoria para beneficiar, mas deve estar
previsto em lei e deve ser por prazo certo.
- depósito do montante integral do tributo – seja na via administrativa, seja na via judicial. O
depósito não é obrigatório, mas se não for depositado em uma ação judicial em que se pleiteia
a anulação de lançamento tributário não suspenderá a exigibilidade do crédito tributário.
- reclamações e recursos;
- concessão de medida liminar em mandado de segurança.
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8. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA:
A Administração Tributária constitui uma parte da Administração Pública e no exercício
atribuição institui procedimentos e pratica atos, vinculados à exigência do tributo.
No exercício de sua atividade pode instituir e exigir o cumprimento de deveres
destinados ao controle da arrecadação do tributo.
Ainda que haja discricionariedade no exercício da atividade, esta deve se destinar à
descoberta da verdade material consistente na efetiva existência da relação jurídica tributária e
a correspondência do tributo devido ao disposto na lei.
a) Fiscalização: A fiscalização da arrecadação dos tributos é regulada na legislação
tributaria.. Destacam-se as seguintes disposições para os fins da presente exposição.
- direito de examinar (art. 195, CTN): Para os efeitos da legislação tributária, não têm
aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar
mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos
comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
- autoridade que presidir diligência (art. 196, CTN): A autoridade administrativa que
proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários
para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que
fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Os termos a que se refere este artigo
serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados
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c) Certidões negativas (art. 205, CTN): A lei poderá exigir que a prova da
quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa,
expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as informações
necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade
e indique o período a que se refere o pedido. A certidão negativa será sempre expedida
nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da
entrada do requerimento na repartição.
d) Certidão positiva com efeito de negativa (art. 206): Tem os mesmos efeitos
previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos,
em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja
exigibilidade esteja suspensa. A propositura da ação de consignação em pagamento não
assegura desde logo a certidão negativa. Se existe lançamento, e contribuinte oferece valor
menor, por entender que o lançamento esta incorreto, somente com o transito em julgado
da sentença que julgar a ação procedente estará extinto o credito, e, em conseqüência, terá
o contribuinte direito a certidão negativa. A simples propositura da ação, ainda que
ofertado o valor efetivamente devido, como o conhecimento deste só a final acontece, não
faz nascer o direito a certidão. É claro que, uma vez ofertado o valor que o fisco pretende
receber, o valor integral do credito lançado pela autoridade administrativa, o contribuinte
tem direito a certidão, mas tal situação só em teoria se admite, pois na pratica dificilmente
ocorrera.
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O ITCMD incide sobre a transmissão causa mortis de bens móveis e imóveis ou de direitos a
eles relativos e doações, de quaisquer bens ou direitos. Sendo da competência dos Estados em
que se localizam os bens, títulos ou créditos, deverá ser cobrado no local onde se processar o
inventário ou arrolamento ou, no caso de doação, no local onde o doador tiver seu domicílio.
A função do ITCMD é eminentemente fiscal, visando abastecer os cofres públicos e suas
alíquotas são fixadas por cada estado e DF, observada o limite máximo fixado pelo Senado
Federal (Resolução n. 9/92, é de 8%).
A base de cálculo é fixada por lei da entidade competente para instituir este tributo, não
devendo ser superior ao valor de mercado.
O lançamento será por declaração (art. 38, CTN).
O contribuinte será qualquer das partes relacionadas (art. 42 do CTN) com a transmissão.
De competência dos Estados e do DF em que foi registrado o veículo, o IPVA possui a função
predominantemente fiscal, servindo para aumentar a arrecadação dos Estados, DF e dos
Municípios, mas poderá assumir função extrafiscal quando variar suas alíquotas segundo a
destinação do veículo ou o tipo de combustível utilizado.
O fato gerador do IPVA é o direito de propriedade de veículos automotores, entendido como
qualquer veículo com propulsão por meio de motor, com fabricação e circulação autorizada e
destinada ao transporte de mercadorias, pessoas ou bens.
O contribuinte é o proprietário do veículo, enquanto o responsável, se houver, será o
adquirente ou remitente, fiduciante ou possuidor direto, ou a empresa detentora da
propriedade (arrendamento mercantil).
O lançamento do IPVA será feito por homologação.
10.ICMS
Trata-se do principal tributo brasileiro, disciplinado por leis do Estado e do Distrito Federal
que devem, por sua vez, observar as disposições constitucionais e as Leis Complementares n.
87/96 (lei Kandir) e 24/75, sendo que esta disciplina os convênios celebrados pelos Estados e
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o Distrito Federal. Em razão de sua complexidade, para os fins desta exposições, referir-se-á
aos seus aspectos essenciais.
O artigo 155, parágrafo 2., inciso III da CF dispõe que o ICMS poderá ser seletivo em função
da essencialidade dos produtos e dos serviços.
Não incide este imposto nas seguintes situações, dispostas no artigo 155, parágrafo, 2., inciso
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A) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços
prestados a destinatários no exterior ( alínea “a”)
B) petróleo e derivados e energia elétrica destinados a outros Estados (alínea “B”)
C) Ouro ativo financeiro (alinea “c”)
D) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e
de sons e imagens livres e gratuitas (alínea “d’)
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As alíquotas nas operações dentro do Estado serão estabelecidas pelos Estados e pelo Distrito
Federal e não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais (artigo 155,
inciso VI da CF).
Resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos
Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas
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As alíquotas mínimas nas operações internas PODEM ser estabelecidas pelo Senado Federa,
mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus
membros e, por sua vez, as alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito
específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria
absoluta e aprovada por dois terços de seus membros (artigo 115, parágrafo 2., inciso III da
CF).
Em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final
localizado em outro Estado, adotar-se-á:
a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto;
b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele;
Os convênios, disciplinados pela Lei complementar n. 24/75, podem ser AUTORIZATIVOS
OU IMPOSITIVOS, transitórios ou permanentes
A CF estabelece que, em caso de isenção ou não-incidência o crédito não pode ser mantido
(alineas “a” e “b” do inciso II dao art. 155 da CF).
11.Substituição tributária
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