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Comportamento Estrutural de um Chassi de

Semirreboque Submetido a Manobras


Relacionadas às Dinâmicas Lateral e Vertical

Joel Boaretto
Leandro Garbin
SUMÁRIO

1- Introdução
2- Fundamentação teórica
3- Projeto e modelagem do semirreboque
4- Manobras direcionais e aquisição de dados
5- Avaliação estrutural
6- Análise dos resultados
7- Conclusões
SUMÁRIO

1- Introdução
2- Fundamentação teórica
3- Projeto e modelagem do semirreboque
4- Manobras direcionais e aquisição de dados
5- Avaliação estrutural
6- Análise dos resultados
7- Conclusões
INTRODUÇÃO
4,20%
0,40%

13,60%

20,70%
61,10%

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Dutoviário Aéreo

Dados da CNT, 2012

8,6% 3,9%

49,0%
33,4%

5,1%

Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo


INTRODUÇÃO

Motivação para o Trabalho


a) A proporção do modal rodoviário no país em relação aos demais modais;

b) As particularidades da legislação brasileira;

c) A demanda por tipos específicos de semirreboques para atender a necessidade dos


clientes;

d) A necessidade cada vez mais de se adquirir conhecimento nesta área;

Conhecer o comportamento do implemento é primordial para realizações de melhorias


do produto. Estas alterações, no entanto, precisam ser executadas sem que haja perda na
segurança, uma vez que as CVC’s trafegam nas mesmas rodovias que os veículos de
passeio.
INTRODUÇÃO

Objetivos do Trabalho

O objetivo principal do trabalho é avaliar o comportamento estrutural de um chassi de


implemento rodoviário exposto a manobras direcionais normatizadas.

Nesse contexto, os objetivos específicos são:

a) Determinar as manobras necessárias para avaliação estrutural;

b) Desenvolver uma metodologia de simulação de dinâmica veicular e análise


estrutural, por meio de softwares comerciais, aplicada a implementos rodoviários de carga;

c) Expor dados experimentais de acelerômetria e extensômetria;

d) Calibrar os modelos multicorpos e elementos finitos com base nos dados da


instrumentação;

e) Avaliar as tensões atuantes e deformações na região crítica do chassi frente ao


material empregado na sua construção;
SUMÁRIO

1- Introdução
2- Fundamentação teórica
3- Projeto e modelagem do semirreboque
4- Manobras direcionais e aquisição de dados
5- Avaliação estrutural
6- Análise dos resultados
7- Conclusões
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Revisão Bibliográfica

A revisão bibliográfica realizada para esta dissertação dá ênfase, inicialmente,


aos trabalhos nacionais desenvolvidos sobre semirreboques a partir 2002. Destacam-se,
porém, os seguintes:

a) Melo, 2004, estabilidade lateral por amplificação traseira em bitrens e rodotrens;


b) Polito, 2005, estudo de frenagem em bitrens dotados de ABS e suspensão em
tandem;
c) Vieira, 2010, dirigibilidade de veículos logos combinados com a influência da
flexibilidade do chassi do cavalo trator;
d) Vargas, 2011, influencia da flexibilidade do chassi do semirreboque em dinâmica
lateral.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Dinâmica Veicular
Gillespie, 1992, define a dinâmica veicular como sendo o estudo do movimento dos
veículos de acordo com as forças atuantes sobre eles e suas respectivas respostas a estes
carregamentos. Pode-se dividir a dinâmica veicular em três áreas:
a) Dinâmica longitudinal
b) Dinâmica vertical
c) Dinâmica lateral.
Normas comuns para determinação do sistema de coordenadas:

a) ISO 4130:1978
b) SAE J670:2008
c) DIN 70000:1994

Em 2007 a ISO 4130:1978 passou a ser usada no Brasil como NBR.

Sistema de coordenadas baseado na ISO 4130:1978.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Dinâmica para Veículos Combinados

O comportamento dinâmico dos veículos combinados difere dos veículos simples devido às
instabilidades dinâmicas que caracteristicamente podem apresentar, sendo elas:
a) Acotovelamento (jackknifing),
b) Movimento de guinada do reboque ou semirreboque (trailer swing),
c) Oscilação lateral do reboque ou semirreboque (flutter).

Fonte: Adaptado de Vlk, 1982.


SUMÁRIO

1- Introdução
2- Fundamentação teórica
3- Projeto e modelagem do semirreboque
4- Manobras direcionais e aquisição de dados
5- Avaliação estrutural
6- Análise dos resultados
7- Conclusões
O TruckSim
É um programa de sistemas multicorpos dedicado à avaliação de dinâmica para
veículos pesados e de transporte. O programa apresenta modelos dos principais sistemas do
veículo, com bibliotecas de componentes e sistemas. O modelo não permite acesso a sua
formulação matemática, porém, com todos os parâmetros de input editáveis.

3 4

Desenvolvimento da Análise

1) Seleção do veículo
2) Seleção do procedimento de teste
3) Solver
4) Plotagem dos resultados e animação
Projeto do Semirreboque Graneleiro

a) É o semirreboque mais antigo e o


mais vendido do Brasil.
b) b) Suas vendas chegam a números
que impressionam, foram 10.776
unidades em 2009, 14.776 em 2010,
15.025 unidades em 2011 e 13.039
unidades em 2012.
Projeto do Semirreboque Graneleiro
Projeto do Semirreboque Graneleiro

O Chassi.

• 2 longarinas em formato “I”


• Travessas passante
• Fechamentos laterais
• Alojamento para fueiros
• Acoplamento Longarinas
Travessas

As longarinas são as principais peças


estruturais do semirreboque
Fechamento
Lateral

Alojamento
do Fueiro
Projeto do Semirreboque Graneleiro

Kφ Rigidez Torcional Tφ
Kφ =
Tφ Torque aplicado φ
φ Deslocamento angular
Projeto do Semirreboque Graneleiro
Tampa lateral
A Caixa de Carga.
Amarração interna

A caixa de carga do semirreboque Frontal metálica

graneleiro não é auto-portante, ou seja, não há


colaboração estrutural para resistência
mecânica.
Fueiro lateral
Sua única função é reter a carga
transportada garantindo a vedação. Para análise
estrutural do chassi, sua tara é contada como
carga vertical disposta sobre os fechamentos
laterais

O formato da caixa de carga facilita


a inserção de dados no programa TruckSim
Projeto do Semirreboque Graneleiro

A Suspensão Mecânica em Tandem. Feixe de molas


Balancim

a) Feixe de molas
b) Balancins
c) Altura
d) Distância entre eixos.

É uma particularidade das suspensões


mecânicas apresentarem sua rigidez pela
flexão das lâminas no regime elástico e ter o
amortecimento obtido pelo atrito entre as
lâminas do feixe, gerando histerese.
Projeto do Semirreboque Graneleiro
A NBR 1726:2003
A NBR NM ISO 1726:2003 trata sobre Veículos rodoviários - Acoplamento
entre cavalo trator e semirreboque – Intercambiabilidade.
Projeto do Semirreboque Graneleiro

Pode-se traduzir o formato geométrico da longarina do chassi de um


semirreboque, como sendo a resultante do atendimento de uma necessidade de
transporte, moldada por restrições comerciais e normativas.
SUMÁRIO

1- Introdução
2- Fundamentação teórica
3- Projeto e modelagem do semirreboque
4- Manobras direcionais e aquisição de dados
5- Avaliação estrutural
6- Análise dos resultados
7- Conclusões
Manobras Direcionais

Do Local
O local escolhido para a realização dos testes foi o Autódromo Internacional
VELOPARK, localizado em Nova Santa Rita, uma cidade situada a 25 km de Porto
Alegre. A pista possui 2.278 metros de extensão, uma largura de 18 metros e duas
pistas retas e paralelas, capazes de permitir os testes de DLC, costela de vaca e slalom.

Manobra slalom

Costela de vaca Manobra DLC


Manobras Direcionais

As repetições das manobras foram estabelecidas segundo ISO 14791:2000


que prevê 03 repetições por teste.

Os testes executados foram:

a) Double Lane Change – DLC – Mudança dupla de faixa


Relacionada a dinâmica lateral

b) Slalom
Relacionado a dinâmica lateral

c) Costela de vaca
Relacionada a dinâmica vertical

Teste Velocidade 1 Velocidade 2 Velocidade 3 Repetições


Double Lane Change 50 km/h 60 km/h 70 km/h 3
Slalom 30 km/h 40 km/h - 3
Costela-de-vaca 10 km/h 20 km/h 30 km/h 3
Manobras Direcionais

Mudança dupla de faixa – Double Lane Change - DLC.

Manobra estabelecida para


veículos de passeio segundo ISO
3888-2:2011.

Para veículos comerciais a


manobra prevista é o Single Lane
Change, prevista na ISO 14791:2000

Comprimento de pista para manobra: Comprimento Deslocamento de Faixa Largura b


Estágio
200 metros (m) (m) (m)
1 70 - 4
Velocidade máxima alcançada: 2 30 - -
70 km/h 3 30 0,5 4
4 30 - -
5 60 - 4
Projeto do Semirreboque Graneleiro

O Slalom – Manobra destinada à dinâmica lateral .

Manobra é regida pela ISO 7401:2011. A constante exposição da CVC à


aceleração lateral alternada, gera esforços consideráveis no chassi do semirreboque
acrescida pela periodicidade de repetição do evento.

Comprimento da pista =180 metros


Projeto do Semirreboque Graneleiro

Costela-de-vaca - Manobra destinada a dinâmica vertical.

Baseada na Resolução 39 de 1998 do CONTRAN.


A Resolução apresenta uma altura máxima de obstáculo de 100 mm.
Aquisição de Dados

A instrumentação do semirreboque buscava capturar acelerações e


deformações:
a) Acelerações verticais no eixo,
b) Acelerações verticais no chassi,
c) Acelerações laterais no chassi,
d) Deformações na região crítica do chassi.

3 acelerômetros uniaxiais
Cubo de ligação
Aquisição de Dados

Extensômetria
Uma das técnicas mais utilizadas para a análise experimental de tensões é a
extensômetria elétrica. Este tipo de instrumentação possibilita obter as deformações
envolvidas em torno de um ponto da estrutura em estudo, a partir de um elemento
sensível, no caso, um fio resistivo, que transforma a variação de comprimento em
variação de resistência elétrica
Aquisição de Dados

Acelerômetria
Foram utilizados acelerômetros unidirecionais do tipo piezoresistivos, mais
adequados para baixas frequências. No total foram utilizados 6 acelerômetros, sendo 3
no eixo e 3 no chassi.
SUMÁRIO

1- Introdução
2- Fundamentação teórica
3- Projeto e modelagem do semirreboque
4- Manobras direcionais e aquisição de dados
5- Avaliação estrutural
6- Análise dos resultados
7- Conclusões
Análise Estrutural

A preparação do modelo foi realizada no programa


SpaceClaim, utilizou-se a ferramenta de
midsurface para gerar a casca da estrutura a partir
do modelo de CAD.

Foi posicionada a geometria da face


de contato da quinta-roda sobre a
chapa de sacrifício do acoplamento, a
fim de se agregar as restrições de
forma adequada.
Análise Estrutural
O modelamento da suspensão é o ponto crítico da análise estrutural,
haja vista que, além condição da mola, há a necessidade de pleno
funcionamento dos balancins para equalização de carga nos eixos. A má
formulação deste item pode interferir negativamente para o resultado, uma vez
que é um dos pontos de excitação da estrutura.
04

01 01 - Eixo rígido,
02 - Barra de ligação,
03 - Rodas, eixos, pneus,
02
rolamentos, etc.,
03
04 - Braço tensor,
05
05 - Mola. Combin14 -
K=1048,6 N/mm
Análise Estrutural
Para a aplicação da carga do grão, optou-se por não utilizar o ponto
de massa ligado ao chassi com elementos rígidos, utilizou-se um cubo
calibrado representando a massa da carga líquida com as dimensões ocupadas
pelo grão na caixa de carga, desconsiderando-se o talude, com o peso
específico do grão transportado (milho) e com baixa rigidez, a fim de que se
movimente juntamente com os modos do chassi.

A rigidez imposta ao cubo foi de 10


MPa. Valor obtido empiricamente. O
elemento finito utilizado no cubo
flexível de carga foi o solid185.
Análise Estrutural

Para a análise estrutural virtual utilizou-se o teste de costela de vaca. Esta


escolha deve-se ao fato de que, pelos resultados da aquisição de dados, este é o ensaio
que mais solicita a estrutura.

Suportes no acoplamento:
a) Fixed Support; no furo destinado
ao pino rei
b) Frictionless Support, aplicado na
superfície que copia a geometria
da face da quinta-roda
Análise Estrutural

Foi realizada uma análise transiente com deslocamento vindo do teste


experimental e defasagem do tempo, copiando o modelo da manobra costela de vaca.

Em todos os nós de ligação da mola com o eixo foram


agregados os deslocamentos verticais.

Deslocamento vertical [mm] x tempo


SUMÁRIO

1- Introdução
2- Fundamentação teórica
3- Projeto e modelagem do semirreboque
4- Manobras direcionais e aquisição de dados
5- Avaliação estrutural
6- Análise dos resultados
7- Conclusões
8- Recomendações para trabalhos futuros
9- Agradecimentos
Análise dos Resultados

Acelerações Verticais – Costela de vaca a 10 km/h


Análise dos Resultados

Acelerações Verticais – Costela de vaca a 10 km/h


Análise dos Resultados

Acelerações Laterais – DLC a 70 km/h


Análise dos Resultados

Acelerações laterais – Slalom – 30 km/h


Análise dos Resultados
A análise modal no trabalho foi realizada de duas formas:

1- Análise de corpo livre


a) Para verificação do modelo
b) Para determinar-se o tipo de análise.

2- Com carregamento, para se verificar se há algum modo natural próximo


da excitação externa.
Análise dos Resultados
Tensão da análise
estática
Tensão de Tensão da análise
+ = referência transiente

Tensão da
extensiometia

98 MPa
SUMÁRIO

1- Introdução
2- Fundamentação teórica
3- Projeto e modelagem do semirreboque
4- Manobras direcionais e aquisição de dados
5- Avaliação estrutural
6- Análise dos resultados
7- Conclusões
Conclusões

1- A utilização da correlação teórico experimental para calibração dos modelos


virtuais apresentou resultados satisfatórios na avaliação do semirreboque, haja vista a
convergência dos resultados.

2- Verificou-se que as manobras de slalom e DLC não geram solicitações


consideráveis à estrutura do chassi, porém, pode-se notar que são manobras importantes
para avaliação da estabilidade lateral.

3- As dimensões de pista adotadas para as manobras de dinâmica lateral


(slalom e DLC) mostraram-se adequadas.
Conclusões

4- Entendeu-se que a utilização de flexibilidade do chassi, na avaliação


dinâmica de manobras direcionais, é de suma importância para a determinação das
velocidades de teste, uma vez que a CVC tem a sua estabilidade lateral dependente
deste fator.

5- A metodologia aplicada ao modelo virtual, referente a suspensão, mostrou-


se eficaz pois foram obtidos valores coerentes entre a metodologia proposta para
avaliação das tensões e a análise transiente. A transferência de carga entre os eixos teve
grande influência na assertividade da avaliação.
Conclusões

6- Para a condição de carregamento, oriundo da carga líquida, verificou-se que


a utilização do recurso de uma massa calibrada é eficaz uma vez que ela carrega as
propriedades de inércia provenientes de seu formato e não se opões aos movimentos do
chassi proporcionando uma avaliação sem restrições pontuais.

7- Com o estudo do comportamento dinâmico do veículo carregado, através da


análise modal, pode-se perceber que as frequências naturais do semirreboque estão
próximas às frequências de excitação externa. Esta condição permite entender que, além
das sobrecargas utilizadas no transporte, as condições dinâmicas também podem ser um
grande agravante à integridade estrutural dos semirreboques.
Conclusões

8- Avaliando os resultados da correlação teórico experimental, pode-se dizer


que os objetivos do trabalho foram atingidos e que a metodologia apresentada pode ser
capilarizada às demais linhas de semirreboques produzidos no Brasil.
PERGUNTAS ?

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