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APOSTILA DE SALVAMENTO EM ALTURA

CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS


(CFS)

2020
ARACAJU-SE
INSTRUTORES

MAJ QOBM FERNANDO DE ARGOLLO NOBRE FILHO


Coordenador/Instrutor

Sub Ten QBMP-8 JOCIVALDO DA PUREZA LUZIA


Instrutor

1º Sgt QBMP-8 JOSENILDO MORAES DE SOUZA


Instrutor

2º Sgt QBMP-0 ROBERTO JOSÉ BASTOS DO ROSÁRIO


Instrutor
SUMÁRIO

I - Introdução ....................................................................................................... 4
II - Terminologia .................................................................................................. 4
III - Normatização do trabalho em altura ............................................................. 4
IV - Equipamentos de salvamento em altura ....................................................... 6
IV.I - Equipamentos sintéticos ................................................................. 6
IV.II - Equipamentos metálicos ............................................................... 14
V - Nós e Amarrações .......................................................................................... 23
VI - Amarrações em maca ................................................................................... 24
VI.I - Montagem de alças de sustentação ................................................. 25
VI.II - Amarrações da vítima na maca ..................................................... 30
VII - Amarrações de sistemas tracionados .......................................................... 31
VII.I - Circuito no plano horizontal ......................................................... 31
VII.II - Circuito no plano inclinado ......................................................... 32
VIII - Sistema de Ancoragem de Segurança (SAS) ............................................. 32
IX - Vantagem Mecânica ..................................................................................... 33
IX.I - Conceito ......................................................................................... 33
IX.II - Tipos de vantagem mecânica ........................................................ 34
X - Equipagem com descensor freio oito (rapel) ................................................. 35
XI - Blocagem do descensor freio oito ................................................................ 36
XII - Referências bibliográficas ........................................................................... 38
I - INTRODUÇÃO

A segurança em todo tipo de resgate é primordial para que o bombeiro militar logre
êxito nas missões. No salvamento em altura não é diferente, as particularidades da atividade
requerem muita atenção, pois qualquer descuido pode ser fatal.
De uma forma geral, o salvamento em altura consiste na retirada de vítimas que se
encontram em um ambiente elevado, para um potencialmente mais seguro, ou içá-las para
um plano superior.
Devido ao nível de comprometimento que o profissional de salvamento em alturas
possui, é imprescindível ter ciência de que, apesar de todo conhecimento técnico, há de se ter
experiência e bom senso, em virtude dos trabalhos serem realizados sob pressão psicológica.

II - TERMINOLOGIA

Alça - volta em forma de “U”


Arremate - entrelaçamento feito com o final de um cabo para reforçar um nó;
Autoblocante - que bloqueia por si só;
Autorresgate – manobra, quando o bombeiro no acesso por cordas, consegue se resgatar;
* No meio industrial eles também usam esse termo quando sua própria equipe consegue fazer
o resgate sem a ajuda do meio externo (Corpo de Bombeiro).
Autosseguro - dispositivo de segurança conectado na corda de progressão, confeccionado
com cordeletes;
Bitola: é o diâmetro da corda;
Carga de trabalho - carga máxima de trabalho dentro de uma margem de segurança;
Carga de ruptura - carga máxima na qual o equipamento se rompe;
Cabo solteiro - cabo com comprimento e utilidade diversas;
Cabo da vida - cabo com comprimento e utilidade específica. No CBMSE o padrão é o
comprimento de 5m;
Cabo de progressão – cabo para deslocamento vertical;
Cabo de tração - cabo em circuitos horizontais e inclinados;
Chicote: são as extremidades de uma corda;
Falcaça: é a união dos cordões de uma corda (chicote) por meio de um fio, com a finalidade
de fazer com que a corda não se desfaça;
Seio: é a parte central de uma corda, situado entre os chicotes;
Permear: dobrar a corda ao meio.

III - NORMATIZAÇÃO DO TRABALHO EM ALTURA

As atividades de trabalho em altura no Brasil estão normatizadas pela NR 35, que


vigora desde 23 de março de 2012. Por esta norma será considerado trabalho em altura toda
a atividade executada acima de 2 metros do piso de referência. De forma análoga, devemos
adotar como rotina o uso dos equipamentos de proteção individual e coletiva em locais como
edificações, torres, andaimes, falésias, ribanceiras, pontes e outros, onde haja risco de queda
acima de 2m (dois metros) em relação ao nível inferior. E assim são estabelecidos os
requisitos mínimos e as medidas de proteção para um salvamento em altura, envolvendo
planejamento, organização e execução.

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Existem ainda as normas internacionais, nas quais nos espelhamos também, pois
diversos equipamentos do salvamento em altura são fabricados seguindo os requisitos dessas
normas. São elas:

Norma Europeia (EN)

A marca CE é um indicativo de que determinado produto atende às legislações da


União Europeia para uso.
Os produtos de salvamento em altura, além do CE, devem ter determinadas
especificações que são estabelecidas pelas EN (Normas Europeias), Por exemplo: cordas
semi-estáticas são fabricadas seguindo a EN 1891, que estabelece requisitos de uso e métodos
de teste para essa corda. No caso de cordas dinâmicas a norma é a EN 892.

União Internacional das Associações de Alpinismo (UIAA)

São normas que regulam os equipamentos de alpinismo/montanhismo. Um


equipamento com a marca UIAA significa que o equipamento foi testado em laboratório com
certificação UIAA.

NFPA

Associação Nacional de Proteção Contra Incêndios é uma norma americana que


define padrões para equipamentos e procedimentos nas atividades de bombeiro. No caso de
salvamento em altura tem-se a NFPA 1983 que estabelece padrões para cordas e
equipamentos, sendo definido em três categorias:

• G - General: designação de itens ou sistemas destinados ao uso geral. Materiais que


prezam pela robustez e superdimensionamento.

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• T - Technical: Designação de equipamentos ou sistemas para atividades técnicas.
São equipamentos com menor resistência se comparados com os da categoria G, por isso são
utilizados por bombeiros com especialização na área de altura.
• E - Escape: materiais projetados para atividades de escape emergencial e auto-
resgate de uma única pessoa. Apresentam também resistência reduzida.

IV - EQUIPAMENTOS DE SALVAMENTO EM ALTURA

IV.1 - Equipamentos Sintéticos

1 - CORDAS/CABOS

A corda é o equipamento mais importante nas atividades de salvamento em altura,


pois exige uma maior atenção na manutenção e no acondicionamento, isso devido ao fato de
ser constituída por fibras sintéticas.
Sabe-se que no passado as operações de salvamento em altura eram praticadas com
cordas a base de fibras naturais, como o sisal ou cânhamo. Hoje temos a substituição dessas
fibras por fibras sintéticas, uma vez que se degradam menos rápido, suportam mais carga e
possuem boa elasticidade, se comparada com as fibras naturais e outras.
Na formação das cordas as fibras formam os fios e o conjunto destes formam os
cordões que podem estar estirados, torcidos ou trançados.
Seguem as fibras que são mais utilizadas na fabricação de cordas:

Cordas de polipropileno:
Flutuam no meio líquido;
Boa resistência à abrasão e a torções;
Têm baixa carga de ruptura;
Têm elasticidade de 60% inferior a Poliamida.

Cordas de Poliéster:
Não absorvem água e não perdem resistência molhada;
Possuem carga de ruptura elevada
Boa resistência a abrasão e a torção;
Possuem pouca elasticidade.

Cordas de Poliamida:
Possuem muita resistência a abrasão e a torções;
Boa carga de ruptura;
Boa elasticidade;
Molhadas perdem até entre 10% e 15% de sua resistência;

Aramida (Kevlar)

É o mais novo tipo de fibra e suas características podem ser bem comparadas com as
fibras de aço do que com as fibras sintéticas. Isso devido a sua elevada resistência a ruptura.
É comercialmente conhecida como Kevlar e muito utilizada na confecção de cabos, luvas,

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roupas de aproximação e coletes a prova de balas, devido a sua resistência e leveza. A
combinação desta fibra com outras possibilita uma elevada resistência para corda, porém,
resulta num encarecimento. Um bom exemplo do uso dessa fibra é o sistema de evacuação
individual EXO da Petzl. É um conjunto formado por um gancho de ancoragem polivalente,
uma bolsa de alta resistência a chama, um descensor auto blocante e uma corda em aramida,
de 7,5mm de diâmetro com 15M de comprimento, de alta resistência ao fogo porém, baixa
resistência à abrasão.

Figura 1 - EXO Petzl

Fabricação

As cordas de salvamento são fabricadas em diferentes diâmetros, e de acordo com a


norma europeia EN 1891 apresentam a configuração kernmantle (capa e alma) e devem
possuir diâmetro entre 9mm e 16mm. São classificadas como semi-estáticas por possuírem
alongamento reduzido, abaixo de 5%, mas podem apresentar em outras literaturas a
denominação de estáticas.
Ainda segundo a EN 1891, as cordas semi-estáticas podem ser divididas em tipo A e
tipo B. As cordas tipo A são adequadas para salvamento em altura, acesso por cordas e
espeleologia. Possuem uma carga de ruptura estática de 22 kN, sendo está de 15 kN quando
medida com o nó oito na extremidade. Já as cordas do tipo B são mais leves que as cordas do
tipo A, são adequadas para uso em locais controlados como escolas e laboratórios e possuem
carga de ruptura estática de 18 kN, sendo está de 12 kN quando medida com o nó oito na
extremidade.
Ainda podemos encontrar cordas semi-estáticas tipo A com carga de ruptura em torno
de 41 kN, é o caso de algumas cordas de 12,5mm de diâmetro.
As cordas kernmantle, como o próprio nome indica, são cordas com alma/núcleo e
capa, onde a capa é o invólucro responsável peça proteção da corda contra agentes externos.
Ela contribui entre 15 e 20% na sustentação, enquanto que a alma, que tem a função principal
de sustentação, contribui entre 80 e 85%.
Nas cordas modernas há uma fita de identificação. Essa fita está presente ao logo de
toda corda e contém os seguintes dados:
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- Norma der certificação;
- Tipo de corda;
- Tipos de fibras presente;
- Ano de fabricação.

Figura 2 - Partes da Corda

Classificação quanto à elasticidade

A elasticidade é uma propriedade física que a corda possui de se alongar quando


submetida a alguma tensão. A elasticidade pode ser prejudicial para algumas atividades,
como em um rapel de resgate e pode ser muito providencial em outras, como em uma
segurança individual.
As cordas apresentam as seguintes características de acordo com a forma em que os
cordões são aplicados:
Semi-estáticas - São as cordas com os cordões da alma estirados, ou seja, sem torções.
Apresentam alongamento inferior a 5% e são as cordas adequadas para rapel e salvamento,
devido à redução do efeito “ioiô”.
Dinâmicas - São cordas cujos cordões da alma apresentam torções e por isso possuem
alongamento superior a 5%. São muito utilizadas para escaladas e segurança individual,
devido a sua boa absorção de impacto.

Figura 3 – Corda semi estática, corda dinâmica 8


Classificação quanto ao diâmetro

Essa classificação serve para definir a função de cada tipo de corda.

Cordas Simples - Com diâmetro superior ou igual a 9 mm, podendo aparecer cordas com
diâmetro de até 12,5mm. Muito utilizada para salvamento, como cabos de sustentação e em
circuito vertical e horizontal. Essas cordas são utilizadas como:
a) Cordas de progressão - São as cordas com diâmetro entre 09mm e 11,5mm. São
utilizadas em ascensão, descensão, resgate em acesso por cordas e içamento de cargas. E
neste último, devemos trabalhar sempre com duas vias, uma para montar o sistema de
vantagem mecânica e a outra para backup (reserva).
b) Cordas de tração - São as cordas com diâmetro superior a 12mm. São utilizadas
para montagem de tirolesa horizontal, e tirolesa inclinada. São usadas de forma permeadas
(dobradas).

Cordas de Auxiliares - São os chamados cordeletes e possuem diâmetro que variam de 4 à


8mm. São utilizados para segurança individual, nas técnicas de ascensão e auto resgate. É
importante lembrar, que como o próprio nome diz, não se recomenda que esse tipo de corda
trabalhe sem ter um outro mecanismo ou corda de reserva. Sua resistência gira em torno de
4kN e 12kN.

Figura 4 - Cordelete/corda auxiliar

Quando em operações, as cordas de sustentação que são utilizadas para progressão e


içamento, devem ter em suas terminações determinados nós que terão as seguintes
finalidades:

Identificação das cordas

Figura 5 - Nós de identificação


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• Nó alça em oito

A alça em oito na extremidade de uma corda, indica que esta será usada para
progressão, que quer dizer que será uma via de ascensão, descensão e até resgate de vítima.
Quer seja num sistema debreável ou numa descida de rapel com vítima.
Esse nó pode ser usado também, como um sinalizador de que o corda está chegando
ao fim, no caso de uma descida. Daí o bombeiro poderá adotar as seguintes medidas: mudar
de descida para subida, nesse caso abortando o rapel, ou parar a descida (blocagem completa)
e emendar uma outra corda, para executar uma transposição de nó.

• Nó alça em oito com um botão

Uma corda com uma alça em oito e um botão na extremidade, é o indicativo de que
esta corda será utilizada para o resgate de vítima, quer seja num sistema debreável ou numa
via de içamento.

• Nó alça em oito com dois botões

Uma corda com uma alça em oito e dois botões na extremidade, é o indicativo de que
esta corda será utilizada como backup (reserva), muitas vezes empregado no içamento de
vítima.

Fator de Queda

Durante uma queda a energia do impacto é transmitida por todo sistema e termina no
corpo do operador, por isso nesse tipo de atividade usam-se cordas dinâmicas.
O fator de queda é uma relação que envolve o deslocamento na vertical pelo
comprimento do talabarte ou “longe”. Esse quociente vai determinar o quanto a queda foi
impactante para o sistema e para o bombeiro.
Há relatos de que no passado os paraquedistas sofriam uma força de frenagem muito
forte ao abrirem os paraquedas, chegando a causar lesões permanente. Assim chegou-se a um
consenso mundial onde a força de frenagem não poderia ultrapassar os 6KN (600kgf), o que
é equivalente a força de impacto no fator de quedas 2:1.
FQ = H/L, onde o fator de queda máximo é 2. Esse fator deve ser evitado.

Figura 6 – Fator de Queda


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Um fator de quedas acima de 2 é extremamente condenado. Essa situação pode
ocorrer em pontos de ancoragem corrediços. É o caso de estruturas como torres de telefonia.

Figura 6 - Ponto de ancoragem corrediço

Manutenção e Acondicionamento

Se bem acondicionadas e manutenidas, as cordas podem oferecer uma vida útil muito
superior àquela estabelecida pelo fabricante.
Entre as medidas a serem adotadas para a conservação das cordas, podemos enumerar
como primordiais:

1- Não pisar nem permitir elevadas cargas sobre a corda;


2- Não friccionar a corda no solo, para evitar a penetração de grãos de areia entre as
fibras;
3- Não deixar a corda sob o sol por muito tempo;
4- Após as atividades, deve-se afrouxar os nós, evitando tensões desnecessárias;
5- Evitar trabalhar com a corda molhada;
6- Evitar descidas rápidas para não aquecer a capa, evitando assim o processo de
cristalização;
7- Evitar o contato da corda com produtos químicos, principalmente os derivados de
petróleo;
8- Lavar somente com água e sabão neutro e secar à sombra e suspensa sem tensão;
9- Evitar arestas vivas quando sob tensão;
10- Acondicionar em local seco e limpo e longe da incidência do sol;
11- Sempre conduzir a corda bem enrolada e dentro de sacolas.

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2 - FITAS

Podem ser planas ou tubulares. As planas são mais rígidas, porém menos flexíveis e
resistentes que as tubulares, que se moldam com muita facilidade na confecção de nós e
ancoragens, por isso são muito empregadas nas atividades de resgate.
Devemos lembrar que as fitas são classificadas como semi-estáticas, ou seja, não se
alongam muito quando submetidas à tensão, por isso não são recomendadas para segurança
individual, o que poderia provocar lesões no caso de queda.
O nó usado para unir as extremidades das fitas é conhecido como “nó de fita”. Veja a
baixo:

Figura 7 - Nó de fita/nó d'água

3 - PRANCHA E MACA

A prancha é um equipamento utilizado para imobilização de vítima acometida de um


trauma, sendo condenado seu uso como equipamento de sustentação no salvamento em
altura. Deve-se, sempre que precisar fazer um resgate aéreo, trabalhar com a prancha em
conjunto com a maca cesto ou a maca envelope.
A maca cesto apresenta uma estrutura rígida e a maioria possui pontos de confecção
de alças pré-definidos. Pode ser utilizada para resgate na posição horizontal e na posição
vertical.
A maca envelope, também conhecida como maca flexível, além de ser usada para
salvamento em altura, é muito utilizada no resgate em ambientes confinados. Assim como a
maca cesto, esta também pode ser utilizada para resgate na posição horizontal e na posição
vertical. Em sua maioria a maca flexível apresenta pontos e alças de sustentação pré-
definidos.

Figura 8 - prancha rígida Figura 10 - maca cesto Figura 11 - maca envelope


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4 - TRIÂNGULO DE RESGATE

Também conhecido como fraldão de resgate. Possui alças para se adequar com o
tamanho da vítima e tem a vantagem de ser rapidamente colocada na vítima. É destinado a
vítimas conscientes e sem lesões na coluna.

Figura 12 - Triângulo de resgate

5 - CINTOS INDIVIDUAIS DE SEGURANÇA

Também conhecidos como cadeirinha, arnês ou boldrier, são elementos básicos em


uma atividade de salvamento em altura. Existem diversos tipos de cintos de segurança, mas
os mais utilizados são os que possuem uma proteção acolchoada na região da cintura e das
pernas. Os cintos de segurança também possuem o ponto de fixação central numa posição
que mantém o Centro de Gravidade de quem o usa, evitando que o bombeiro venha a girar
acidentalmente. O cinto mais adequado para a atividade de salvamento em altura é o cinto
classe III, pois além de possuir mais tirantes acolchoados envolvendo o corpo do bombeiro
possui também um número maior de alças de sustentação, o que ajudaria muito numa situação
de autorresgate.

Figura 13 - Cadeirinha classe III

6 - CAPACETE

Possui a função primordial de proteger contra objetos que venham de cima e possam
atingir a cabeça do bombeiro durante as atividades de salvamento, além de protegerem contra
obstáculos em locais baixos ou elementos móveis pendulantes. Deve possuir uma jugular que
o prenda à cabeça, furos para promoverem a ventilação adequada e uma esteira interna
conhecida como aranha.
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Figura 14 - Capacete

7 - LUVAS

São essenciais nas atividades de salvamento em altura, devendo ser confortáveis e


adequadas ao tamanho da mão de quem estiver usando-a. As luvas devem possuir uma
proteção extra na região da palma da mão e no dedo polegar, que são os locais mais
suscetíveis a queimaduras por abrasão. O bombeiro deve se adaptar à sua utilização e não as
retirar durante as operações, fato que poderia facilmente culminar em um acidente.

Figura 15 - Luvas

IV.2 - Equipamentos Metálicos

1 - CONECTORES

São equipamentos utilizados para conectar descensores e bloqueadores aos sistemas


de ancoragem, ao multiplicador de força e à cadeirinha do resgatista. Os mais importantes
são os mosquetões e as malhas rápidas:

1.1 - MOSQUETÕES

São os conectores mais utilizados, podendo ser de aço ou duralumínio. Possuem uma
articulação que promove a abertura necessária à sua utilização. Para se ter um bom
aproveitamento de sua resistência, a tensão deverá ser aplicada na direção da espinha e não
com direção tri-axial (três direções), pois assim, sua resistência é reduzida substancialmente.
Deve-se evitar submeter os mosquetões a tração com o gatilho aberto, ou formando braço de
alavanca, principalmente em ancoragens.

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Figura 16 - Anatomia do mosquetão

1- Espinha
2- Dobradiça
3- Gatilho
4- Trava
5- Nariz

Os mosquetões são classificados quanto ao tipo, quanto ao material e


quanto ao forma de fechar:

1.1.1 - Quanto ao tipo

a) Tipo X

É um mosquetão que possui simetria orientada pelo eixo longitudinal e pelo eixo
transversal. Esse cruzamento do eixos remete ao termo “X”. É também conhecido como
mosquetão oval e é o conector ideal em combinação com polias e blocantes

Figura 17 - Mosquetão oval

b) Tipo B (básico)

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São em forma de D e apresentam-se como simétricos e assimétricos, São comumente
utilizados em ancoragens e no descensor rapel.

Figura 18 - Mosquetão assimétrico tipo B

c) Tipo H

Tem esse nome devido à expressão (“Halbmastwurfsicherung”), que em alemão é o


nome do nome do nó dinâmico. Foi desenvolvido por um alpinista pela necessidade do uso
do nó UIAA.

Figura 19 - Mosquetão HMS

d) Tipo K (klettersteig)

Tem esse nome por ter sido desenvolvido para uso num sistema de escalada chamado
via ferrata (klettersteig).

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Figura 20 - Mosquetão Klettersteig

1.1.2- Classificação quanto ao Material

a) Mosquetão de Aço

Muitas vezes utilizados em ancoragens devido a sua alta resistência ao choque e a


tração. Isso não impede que se utilize um mosquetão de aço para fazer uma decida de rapel.
No passado eram utilizados em escaladas, mas apresentavam o inconveniente de pesar muito
para o escalador, já que o mesmo utilizava diversos para chegar até o topo de um determinado
Pico.
É importante saber que os mosquetões de aço quando submetidos a impactos
elevados, as trincas surgiram externamente, ou seja, de fora para dentro.
Quando utilizado em ancoragem, é necessário que se utilizem dois mosquetões em
um mesmo ponto de apoio, colocando-os em paralelo com as travas alternando com a espinha
do outro, e com a rosca fechando para baixo, evitando uma provável abertura em um deles
pelo atrito ou por trepidações.

Figura 21 - Mosquetão de aço

b) Mosquetões de Alumínio

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São muitos utilizado para descida simples de rapel e para resgate de vítimas.
Atualmente os alpinistas preferem mosquetões de alumínio a mosquetões de aço, devido a
sua leveza e alta resistência.
Deve se tomar muito cuidado com os mosquetões de alumínio, pois quando
submetidos a impactos elevados podem rachar, e essas rachaduras surgem de dentro para
fora, portanto, não são vistas a olho nu.

Figura 22 - Mosquetão de alumínio

1.1.3- Classificação quanto ao fechamento

a) Mosquetões sem trava

Usados em elementos de segurança temporária, como escaladas (costuras) e


segurança individual;

Figura 23 - Mosquetão sem trava

b) Mosquetões com trava

Usados em elementos de segurança definitiva, como ancoragens, armação de


circuitos, sistemas de multiplicação de força, progressão vertical, dentre outros. Podem ser
encontrados modelos com trava automática ou de enroscar. Os mosquetões com trava
deverão ser utilizados nas operações de salvamento em alturas com suas travas sempre
fechadas, não podendo estar destravados em hipótese alguma, para evitar acidentes.
Apresentam-se com trava de rosca e trava automática:
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Figura 24 - Mosquetão com trava de rosca e mosquetão com trava automática

1.2- MALHA RÁPIDA

Dispositivo semelhante a um elo de corrente que é fechado com uma trava de rosca.
É muito utilizado para conectar descensores e bloqueadores a fitas ou cordeletes. Há
também modelos triangulares, trapezoidais e em forma de meia-lua. Em francês, maillon
rapide.

Figura 25 - Malhas rápidas

2 - DESCENSORES - APARELHOS DE FRENAGEM

São aparelhos que utilizam o atrito com a corda para controlarem a velocidade de
deslocamento vertical, dentre os quais podemos citar:

2.1 - FREIO OITO

É o descensor mais conhecido e o mais simples de usar. Apresenta-se em formas


variadas, mas que se baseiam no mesmo princípio de freio, através do contato entre a corda
e o seu corpo gerando atrito.

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Olhal maior

Olhal menor
Figura 26 - Anatomia do freio oito

2.2 - DESCENSOR DE BARRAS

É utilizado em descidas de altura elevada (superior a 100 m). Possui barras metálicas
que, ao serem aproximadas ou separadas, aumentam ou diminuem a capacidade de frenagem.

Figura 27 - Descensor de barras

2.3 - I`D (DESCENSOR INDUSTRIAL)

É um aparelho com sistema auto blocante, que possibilita descidas de qualquer altura
e não torce muito a corda. Pode ser usado para fazer subidas pela corda e em sistema de
ascensão de maca com mudança de plano.
Possui um dispositivo anti-pânico e, caso o bombeiro puxe muito forte a manípula, o
cam giro é acionado automaticamente e interrompe a descida.

Figura 28 - Descensor D5 Task

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2.4 - DESCENSOR STOP

É um descensor autoblocante compatível com cordas entre 9 e 12mm. Possui uma


trava lateral que possibilita o desencordoamento dispensando a abertura do mosquetão. Além
disso, ele pode ter a função de autoblocagem desativada ao adicionar um mosquetão em um
orifício lateral.

Figura 29 - Descensor STOP Petzl

3 - BLOQUEADORES

São aparelhos que, por engastamento ou por pressão pontual, bloqueiam o movimento
relativo à corda em um dos sentidos de deslocamento, seja ele vertical, inclinado ou
horizontal. Dividem-se em:

3.1 - BLOCANTES

Utilizam o engastamento com microgarras sobre a capa da corda para travar o


movimento, obrigando o blocante a se movimentar em apenas um sentido. Devido ao seu
método de travamento, os blocantes não devem trabalhar com cargas superiores a 500 kgf.
Tal limitação não está fundamentada no sentido da ruptura do equipamento, mas sim pelo
fato de que trações elevadas podem provocar danos à capa das cordas, que comprometeriam
sua posterior utilização.
Existem blocantes para as mais diversas atividades, sendo utilizados principalmente
nas técnicas de ascensão e na montagem de sistemas de multiplicação de força. No mercado,
são encontrados blocantes de formas e fabricantes variados. Abaixo temos um par de
blocantes punho (jumar), de utilização para sinistro e destro e logo ao lado um blocante
ventral (croll).

Figura 30 - Blocante punho e blocante ventral

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3.2 - TRAVA QUEDAS

Esses elementos travam quando submetidos a carga em um sentido de deslocamento,


através de uma pressão pontual entre a parte móvel do aparelho e a corda. É muito importante
ressaltar que não podem, em hipótese alguma, ser utilizados como descensores, visto que o
resgatista não conseguiria travar pressionando a parte móvel. É um equipamento muito
utilizado em linha de vida para trabalhos com duas cordas.

Figura 31 - Trava quedas

4 - PLACAS ORGANIZADORAS

São utilizadas quando se precisa montar mais de um circuito como: linhas de descidas
e sistemas de vantagem mecânica, em um único ponto de ancoragem. É o que ocorre quando
se monta o sistema para resgate em poço e o STEF (Sistema Técnico de Equilíbrio Fácil),
onde executa-se a mudança de plano da maca.
As placas organizadoras são encontradas em duralumínio e em aço inox.

Figura 32 - Placa organizadora

5 - POLIAS

É o que chamamos de máquina simples, e como toda máquina simples, são


dispositivos capazes de alterar forças, ou simplesmente de mudá-las de direção e sentido,
com o objetivo de realizar um determinado trabalho. As polias podem ser simples e duplas e,
em relação à disposição, podem estar ligadas a pontos fixos ou a uma carga.
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Figura 33- Polia

V - NÓS E AMARRAÇÕES

O nó é um entrelaçamento feito à mão, onde se prende o cabo pelo seio ou pela


extremidade. Um nó deve preencher alguns critérios ao ser feito, tais como:
- Simplicidade e rapidez ao ser feito;
- Apertar na proporção que o esforço sobre ele aumentar;
- Facilidade ao ser desfeito;
- Ter uma boa visibilidade por parte do resgatista.
Todo nó realizado em uma corda diminui a resistência da mesma, já que um nó
implica em pontos de pressão e atrito de corda sobre corda e dobras que a submetem a um
esforço.
Para uma melhor compreensão, os nós são separados em família, de acordo com a função:

1ª FAMÍLIA - Nós de extremidades de um cabo

MEIA VOLTA - Usado como base do nó azelha;


VOLTA DO FIADOR - Usado como base do nó oito e outros;
NÓ DE RAMO - Utilizado para auxiliar em subidas ou descidas em cabos de progressão.

2ª FAMÍLIA - Nós para emendas de cabos

NÓ DIREITO - Usado para unir cabos de bitolas iguais;


NÓ ESCOTA OU SINGELO - Usado para unir cabos de bitolas diferentes;
NÓ DE CORRER DUPLO - Usado para emendar cabos de bitolas iguais;
NÓ COSTURA EM OITO - Usado para emendar cabos de bitolas iguais.

3ª FAMÍLIA - Nós para Fixação de Cabos

VOLTA DE FIEL - Fixa um cabo em um ponto de amarração;


VOLTA DA RIBEIRA - Fixa um cabo e iça material;
TRAPA - Ideal para circuitos tracionados.

4ª FAMÍLIA - Nós para reforçar ou encurtar um cabo


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CATAU - Serve para encurtar um cabo ou reforçar um ponto fraco;
NÓ DE CORRENTE - Serve para encurtar um cabo.

5ª FAMÍLIA - Nós para formação de Alças

BALSO DO CALAFATE - Utilizado como alça para ancoragens;


AZELHA - Alça usada para o peso de uma vítima,
OITO - Alça muito usada para sustentação de mais de uma vítima na corda;
NÓ DE BORBOLETA - Serve para tracionar uma linha derivada de um cabo tracionado;
OITO DUPLO ALÇADO - Serve para ancoragens equalizadas e equalizáveis.

6ª FAMÍLIA - Nós para formação de Assentos

NÓ DA VIDA - Utilizada como meio de fortuna para segurança individual;


CADEIRINHA JAPONESA - Utilizada como meio de fortuna para descida de rapel;
NÓ DE POÇO - Utilizado como meio de fortuna para resgate de vítimas conscientes.

7ª FAMÍLIA - Nós para blocantes

BOCA DE LOBO - Fixa um cabo (pelo seio) em um ponto de amarração;


NÓ PRUSSIK - Fixa um cabo a outro de maior diâmetro;
MACHARD - Permite blocagem em diâmetros maiores;
BECKMANN (avec mosqueton) - Blocagem com apoio de um mosquetão;
BBELONESI (italiano) - Blocagem em cordas do mesmo diâmetro;
VALDOTAN - Nó que permite controle de carga.

8ª FAMÍLIA - Nós especiais

MARINER - Nó muito usado em sistemas tracionados para liberação da tensão;


UIAA - Nó muito usado para controlar a descida de uma carga ou para um rapel;
NÓ DE MULA - Nó para blocar um sistema;
PASSABLOK – Nó para tensionar uma linha (circuito fechado auto blocante).

VI - AMARRAÇÕES EM MACA

A maca cesto é um equipamento indispensável no salvamento em altura, pois


poderemos nos deparar com vítimas inconscientes ou com alguma lesão séria no quadril ou
nos membros inferiores. Deve-se usar sempre uma prancha para imobilizar a vítima e depois
amarrá-la à maca. A maca cesto disponível no CBMSE é constituída por plástico de alta
resistência (polietileno) e alumínio. É comum no mercado encontrarmos esse tipo de maca
sem os tirantes para prender a vítima e sem alças de içamento. Sendo assim, o bombeiro
militar tem que usar cordas para suprir a falta desses acessórios. Essas amarrações vão variar
em decorrência da situação em que se encontra a vítima e pelo tipo de deslocamento no
sistema aéreo.

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Figura 34 - Maca cesto

VI.I - Montagem de alças de sustentação

1 - Alças para posição horizontal

Usaremos essa amarração quando a maca precisar se deslocar para cima ou para baixo,
em um plano vertical, sendo este livre de obstáculos. Essa amarração pode ser feita tanto nas
extremidades da maca como nos ilhós pré-dimensionados.

a) Formação de alças nas extremidades

Com uma cabo da vida determina-se o centro da maca da seguinte forma: estende-se
o cabo da vida de uma extremidade da maca a outra e une-se os dois pontos do cabo
correspondentes ao tamanho da maca. Nesse momento, o menor segmento do cabo
corresponde a 1/2 do comprimento da maca. Agora basta estender esse segmento a partir de
qualquer extremidade que acharemos o centro da maca.
Estendem-se dois cabos da vida permeados, posicionando os seios no centro da maca
um voltado para o outro. A alça do cabo que está na parte das pernas, é avançada 01 (um)
palmo no sentido da cabeça e com as extremidades de cada cabo são feitas as amarrações de
fixação (fiel) nos banzos da maca. Em cada seio é confeccionado um nó oito e estes são
ligados por 03 (três) mosquetões.

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b) Formação de alças nos ilhós

Com uma cabo da vida determina-se um centro da maca, tomando como referência os
ilhós, da seguinte forma: estende-se o cabo da vida de um ilhós ao outro, no sentido
longitudinal da maca, e une-se os dois pontos do cabo correspondente a distância entre os
ilhós. Nesse momento, o menor segmento do cabo corresponde a 1/2 dessa distância Agora
basta estender esse segmento a partir de qualquer ilhós que acharemos o centro entre os ilhós.
Estendem-se dois cabos da vida permeados, posicionando os seios no centro da maca
um voltado para o outro e com as extremidades de cada cabo são feitas as amarrações de
fixação (fiel) nos ilhós da maca. Em cada seio é confeccionado um nó oito e estes são ligados
por 03 (três) mosquetões. Como os ilhós são pontos pré-dimensionados, não precisa avançar
a parte das pernas.

2 - Alças para posição vertical

A amarração é feita apenas na cabeceira da maca. Usaremos esse tipo de amarração,


quando houver no local, algum obstáculo que impeça a progressão da maca na posição
horizontal, e também em ambientes com restrição de espaço como poços, reservatórios tipo
taça com coluna e outros. Essa amarração pode ser feita com um cabo independente e com o
próprio cabo de sustentação.

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a) Alça com um cabo independente

Com um cabo independente formaremos a alça da seguinte forma: pega-se um cabo


solteiro, permeia-se e faz-se um nó oito no meio. Posiciona-se a alça do nó oito próximo a
uma das alças da maca e com uma das pernas faz-se um nó fiel na outra alça da maca,
tomando como tamanho padrão a distância entre os banzos da maca. Repete-se o mesmo
procedimento com a outra perna do cabo posicionando a alça do nó oito no outro lado da
maca.

b) Alça com o cabo de sustentação

Com a própria corda de sustentação faremos a alça com o nó oito duplo alçado
costurado. O procedimento será o seguinte: Toma-se uma medida padrão de uma envergadura
e meia e nesse ponto faz-se um nó fiador. Passa-se a corda pela alça do lado esquerdo da
maca e introduz-se pelo fiador, passando por baixo da alça que está com a seta azul na figura
5 e torna a introduzir no nó fiador, após envolver a corda que será usada para sustentação.
Passa-se agora a corda pela outra alça da maca e retorna para dentro do nó fiador, passando
por baixo a alça que está com a seta azul na figura 7 e torna a entrar no nó fiador, mas dessa
vez passando por baixo dos segmentos que se cruzam, como mostra a seta preta da figura 8.
Contorna as duas alças que envolveram a maca e segue a corda que servira para a sustentação,
entrando mais uma vez no nó fiador, como mostra a seta azul da figura 9.
A alça que é recolhida, como mostra a seta preta da figura 11, é comum as duas alças
que envolvem a maca, portanto, é a alça que será usada, caso necessário, para regular as alças
que foram confeccionadas para sustentar a maca.

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1 2 3

4 5 6

7 8 9

28
10 11 12

3 - Alças para plano horizontal

A confecção dessas alças segue o mesmo procedimento da confecção das alças para
içamento na posição horizontal, a diferença é que as alças serão clipadas no sistema
tensionado em pontos diferentes.
A corda de sustentação será ligada às duas roldanas pelo nó alça em sete e conectada
por mosquetões.
Deve-se fazer um elo com dois ou três mosquetões ligando as alças da amarração e o
sistema tensionado

4 - Alças para plano inclinado

A confecção dessas alças segue o mesmo procedimento da confecção das alças para
içamento na posição horizontal na parte do tronco, e mesmo procedimento de formação de
alça de cabeceira com cabo solteiro, na parte das pernas.

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VI.1I - Amarração da vítima na maca

Os tipos de amarração de vítima a maca mais usado no CBMSE são a amarração


japonesa e a amarração francesa.

a) japonesa

A amarração japonesa é a mais simples e pode ser feita nas situações em que a vítima
não apresente sinais de lesão em membros inferiores. Uma vez que percorre todo o corpo da
vítima, esse tipo de amarração poderia agravar as possíveis lesões. É indicada nos casos em
que a maca será deslocada somente na posição horizontal, ou no içamento ou na debreagem.

a) francesa

A francesa é a amarração mais indicada para vítimas que apresentam alguma lesão
séria na região do fêmur, pois a amarração inicia na altura dos ombros, vai até a virilha
envolvendo-a e retorna para o ponto onde começou. E é um tipo de amarração recomendável
para situações que precise movimentar ou mudar a maca do plano horizontal para o plano
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vertical, pois esse envolvimento da corda na virilha mantém a vítima mais presa, impedindo-
a que se desvencilhe numa possível verticalização da maca.

VII – AMARRAÇÕES DE SISTEMAS TRACIONADOS

Os sistemas tracionados são feitos com cordas semi-estáticas e diâmetro de 12mm ou


acima. São montados sempre com a corda dobrada, em que com a parte do seio será
confeccionado o nó trapa e com a outra executaremos a tração com um sistema de vantagem
mecânica.
Os sistemas tracionados mais utilizados pelos corpos de bombeiros são: circuito no
plano horizontal e o circuito no plano inclinado.

VII.I - Circuito no plano horizontal

Esse circuito pode ser usado para evacuação de vítimas, onde a montagem do sistema
tracionado é feita de um pavimento de um prédio para um outro pavimento, de um outro
prédio, no mesmo nível. Pode-se deslocar por esse circuito pela técnica do comando crawl,
preguiça e tirolesa horizontal.

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VII.II - Circuito no plano inclinado

Esse circuito pode ser usado para evacuação de vítimas, onde a montagem do sistema
tracionado é feita de um pavimento de um prédio para um outro pavimento, de um outro
prédio, em níveis diferentes. Pode-se deslocar por esse circuito pela técnica da tirolesa
inclinada. Caso o deslocamento for para descer é importante se atentar para a angulação da
tirolesa. Com angulação de até 45º o controle de frenagem pode ser feito de forma autônoma.
Mas se a angulação for acima de 45º, a frenagem deve ser independente, deve ficar a cargo
da guarnição de solo.

VIII- SISTEMAS DE ANCORAGENS DE SEGURANÇA (SAS)

São sistemas de segurança que podem ser fixados em pontos naturais (rochas ou
árvores) ou em pontos artificiais (estacas, postes, etc.).
A seguir os tipos de ancoragens mais utilizados no salvamento em altura:

1- Tradicional em Linha 2- Contraposta em Linha

P. Reserva P. Principal

P. Principal P. Reserva

3- Distribuída Equalizada 4- Distribuía Equalizável

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- P. Principal - é o ponto considerado mais fraco, e é o que recebe a primeira tensão;
- P. Reserva - é o ponto considerado mais forte, e é o que sustentará seu peso e o peso da
ancoragem do ponto principal, caso ocorra rompimento da mesma.

Obs: o ângulo entre as distribuídas não deve ultrapassar os 90º.

IX - VANTAGEM MECÂNICA (VM)

IX.1 - Conceito

Em algumas atividades de bombeiro é preciso levantar ou locomover uma carga que


não esteja compatível com a capacidade muscular do ser humano, sendo assim utilizamos
instrumentos que facilitam essa ação, ampliando a força aplicada. Esses instrumentos são as
máquinas simples.
No caso de salvamento em altura, a máquina simples mais utilizada é a polia, que
tanto pode reduzir atrito como pode proporcionar vantagem mecânica, desde que aplicada de
forma adequada.
De acordo com a disposição no sistema, poderemos separar a polia em dois tipos:
polia fixa e polia móvel:

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Polia fixa: É presa ou ancorada em pontos fixos, não se movimenta. Serve apenas como
desvio, redução de atrito e muda o sentido ou direção da força, mas não oferece nenhuma
vantagem mecânica.
Polia móvel: É presa ou ancorada na carga, movimenta-se junto com o sistema e ajuda a
reduzir o esforço para movimentar a carga, pois oferece vantagem mecânica.

IX.II - Tipos de vantagem mecânica

Sistema Estendido

O Sistema de VM é dito estendido quando a corda percorre toda a distância entre o


ponto fixo e a carga.

Sistema estendido 2:1

Sistema Reduzido

No sistema de VM reduzido, em algum momento a corda é blocada, ou com um


cordelete ou com um equipamento bloqueador, em um ponto intermediário entre o ponto fixo
e a carga.

Sistema reduzido 3:1

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Sistema Independente

No sistema independente a VM é montada em uma via que não tem VM, podendo ser
na configuração de estendido ou reduzido.

Sistema independente 2:1


Sistema Combinado

Em um sistema de VM combinado teremos uma vantagem mecânica combinando com


outra vantagem mecânica. É um sistema que deve ser bem analisado antes de montarmos,
pois o esforço pode ser minimizado, mas o trabalho fica mais lento. Portanto, é um sistema
que pode ser usado quando tivermos uma guarnição com poucos militares.

Sistema combinado 4:1

No sistema combinado devemos multiplicar uma vantagem mecânica com a outra


para dimensioná-lo:
2:1 x 2:1 = 4:1

X - EQUIPAGEM DO DESCENSOR FREIO OITO (RAPEL)

Para um bombeiro destro, a clipagem será da seguinte forma: pega-se uma corda
ancorada e forma-se um seio voltado para baixo, de forma que a perna da ancoragem ficará
para a esquerda e a perna da frenagem para direita. Conecta-se o freio oito no mosquetão da
cadeirinha pelo olhal maior e posiciona-o na direção de trabalho. Pega-se o seio que foi
gerado voltado para baixo e introduz de cima para baixo no olhal maior, para depois vestir o
olhal menor. E para concluir, desconecta-se o olhal maior do mosquetão e conecta-se o olhal
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menor. Na situação de um bombeiro sinistro, toda configuração das voltas da corda será
modificada. Antes de iniciar a descida, o bombeiro irá chamar a atenção do segurança por
voz alta e por gestos, com a mão que não está segurando a corda. A decida só será realizada
após o segurança dar o ok, que também será por voz alta e por gesto.

XI - BLOCAGEM COM DESCENSOR FREIO OITO

Para um bombeiro destro, em que a perna de frenagem sai pelo lado direito, essa perna
será elevada com a mão direita e recuperada pela frente com a mão esquerda, a qual será
introduzida entre o olhal maior do freio oito e a corda da ancoragem, puxando para baixo
(meia blocagem). Em seguida passa-se o seio da corda por dentro do mosquetão e passa-se
novamente entre o olhal maior e a corda da ancoragem o seguimento de corda que vem direto
do olhal maior. Depois puxa-se o vivo da corda para baixo para ajustar a blocagem (blocagem
completa). Na situação de um bombeiro sinistro, toda configuração de voltas da corda será
modificada.

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XII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS (CBMSP) - MTB 26


- Francisco B. de Araújo. Manual de Instruções Técnico Profissional Para Bombeiros
(CBMDF);
- Apostila do Aluno - Curso de Formação de Praças (CBMDF), 2ª EDIÇÃO / 2018;
- Apostila do Curso de Resgate Técnico (CBMES);
- PASSARINHO, Estevão Lamartine Rodrigues. SALVAMENTO EM ALTURA -
EQUIPAMENTOS CBMDF - 2017.
- Catálogo de Equipamentos Petzl Z13 - 2015.

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