Você está na página 1de 90

FÍSICA

VERSÃO DIGITAL
IMPRESSÃO NÃO AUTORIZADA

COPYRIGHT © DCL – DIFUSÃO CULTURAL DO LIVRO


Todos os direitos reservados.

Direção editorial: Raul Maia


Rogério Rosa
Edição: Iconography – Editorial & Comunicação
Direção: Luiz Felippe Nogueira
Coordenação editorial: Laura Whiteman
Redatora: Regiane Ferreira
Projeto Gráfico: Lume Estúdio
Direção de Arte: Leandro Souza
Pesquisa Iconografica: JWD Design
Leandro Souza
Diagramação: Carlos Machado | Dayane Santos
Everton Machado | Fernanda Alves
Jonathan Santana | Neide Fiuza
Thiago Carvalho
Capa: Lume Estúdio
Realidade aumentada: 3DK Estúdio
Revisão técnica: Carlos Eduardo Machado
Fabrício Sousa M. Vieira
Marcelo Mota Penha
Marco Aurélio Diassis Iasbeck
Rafaela Semíramis Suiron
Sérgio Ferreira
Revisão final: Graciana Barbosa
Fabiana Ramalho
Imagens: Shutterstock.com
Arquivos da editora

TEXTO CONFORME NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Hiperconhecimento: Digital e Interativo / Equipe DCL.


São Paulo: DCL, 2016.

ISBN 978-85-368-2200-6.

1. Arte 2.Biologia 3. Espanhol 4. Filosofia 5. Física


6. Geografia 7. História 8. Inglês 9. Matemática 10. Português
11. Química 12. Sociologia
I. Equipe DCL.

12-14030 CDD-370

Índices para catálogo sistemático:


1. Ensino integrado: Livros-texto : Educação 370

Editora DCL – Difusão Cultural do Livro Ltda.


Av. Marquês de São Vicente, 446 – 18º andar – Conj. 1808
Barra Funda - São Paulo - SP – 01139-000
www.editoradcl.com.br
Física

164 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 1

Física
Por que estudar
Física?
É um ramo da ciência, assim
como a química e a biologia.
Enquanto a biologia trata
dos seres vivos e a química
dos elementos e mudanças
moleculares, a física investiga
o comportamento da matéria e
energia sob diversas condições,
quais sejam: calor, luz, som,
magnetismo, eletricidade,
radiação.
Apesar de interessarem-se
pela física, os gregos da
Antiguidade não a encaravam
como ciência. Como tal, este
saber desenvolveu-se a partir
do século XVI e podem-se citar
dentre os estudiosos: Galileu
Galilei, Isaac Newton, Pascal,
Kepler, entre outros.

HIPERCONHECIMENTO 165
Física

UNIDADE 1 Introdução à Física

Capítulo
Grandezas físicas e sistema
1 Grandezas fundamentais e derivadas
internacional de unidades Para estudar Física é necessário operar com
grandezas físicas. Existem muitas grandezas físicas e
GRANDEZAS FÍSICAS você verá que a maioria delas é derivada de grande-
zas físicas fundamentais, isto é, existe uma pequena
Observe as afirmações abaixo: quantidade de grandezas fundamentais, e as demais
• a massa de uma caixa é 12 kg. são combinações dessas grandezas.
• o comprimento de um fio é 530 metros.
• o voltímetro acusa a tensão de 127 volts. Exemplos de grandezas fundamentais:
• a velocidade de um ônibus é de 80 km/h.
• a embalagem contém um volume de 1 litro de leite. • comprimento de um corpo, isto é, raio, largura, es-
• a área de uma casa é 70 m². pessura etc.
• massa de um corpo.
As medidas indicadas acima correspondem aos • duração ou intervalo de tempo de um aconteci-
elementos massa, comprimento, tensão, velocidade, mento.
volume e área. Esses elementos, que podem ser medi-
dos, são chamados grandezas físicas. Toda grandeza As grandezas velocidade, aceleração, força, energia,
física é identificada pelo fato de apresentar medidas. trabalho, potência, pressão, área, volume etc. são gran-
Como vimos, grandeza física é um elemento que dezas derivadas, pois se originam a partir de combi-
apresenta medida. Observe que a medida é constituída nações das grandezas fundamentais comprimento,
de duas partes: número e unidade. massa e tempo. Algumas grandezas derivadas recebe-
ram nomes próprios em homenagem a cientistas que
se destacaram em determinados campos da Física.

Exemplos de grandezas derivadas:

a) velocidade média é comprimento ÷ tempo → 65


km/h.

b) área é comprimento . comprimento → 50 m².

Elementos como dor, saudade, esperança, medo c) volume é comprimento . comprimento . compri-
etc. não são grandezas físicas, pois não podem ser me- mento → 10 m3.
didos por grandezas definidas. Se, no futuro, com o
progresso da ciência, puderem ser medidos, avaliados d) massa específica é massa ÷ volume → 1,6 g/cm3.
em quantidade ou extensão, então passarão a ser gran-
dezas físicas. e) Força → 3,2 N (newton).

166 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 1

Múltiplos e submúltiplos das


unidades fundamentais e derivadas
Novos talentos
Para adequar-se às diversas necessidades e usos,
Professores da Universidade de São Paulo todas as unidades, sejam fundamentais, sejam deriva-
das, possuem múltiplos e submúltiplos.
(USP), em São Carlos (SP), estão atuando da
Para se obterem múltiplos e submúltiplos de qual-
mesma maneira que os “olheiros” dos times de quer unidade, basta multiplicar ou dividir a unidade por
futebol, que frequentam os clubes em busca uma potência de 10.
de novos talentos. Os professores vêm con- Os prefixos e seus fatores correspondentes estão re-
produzidos nos quadros a seguir:
duzindo aulas de aprofundamento teórico e
de laboratório nas matérias de ciências exatas
PREFIXOS PARA MÚLTIPLOS DE UNIDADES
para uma turma de 40 estudantes do 1º ano do
Ensino Médio em uma escola estadual da cida- Fator Prefixo Símbolo
de. O objetivo do curso é incentivar o ingresso 1012 tera T
desses alunos, no futuro, em cursos superiores
e, eventualmente, descobrir jovens talentos nas 109 giga G
áreas de física, química e matemática. 106 mega M

103 kilo K

102 hecto H
Você viu anteriormente que todas as grandezas
físicas podem ser medidas. Como isso é feito? 101 deca da
Para medir grandezas, é preciso inicialmente a­pren­
der a medir as grandezas fundamentais; e para medir as
grandezas fundamentais é necessário usar unidades-
PREFIXOS PARA SUBMÚLTIPLOS DE
-padrão ou unidades fundamentais para essas grandezas.
UNIDADES
Fazer uma medição nada mais é que comparar
uma grandeza com o seu respectivo padrão. Fator Prefixo Símbolo

10-1 deci d
Sistema Internacional (SI) 10-2 centi c
O SI é a linguagem internacional de padrões de medi-
10-3 mili m
da, que simplifica as relações técnicas, comerciais e cientí-
ficas entre os países. No Brasil, o SI foi implantado em 1963, 10-6 micro µ
tornando-se o sistema legal de unidades.
10-9 nano n

Grandezas fundamentais no SI 10-12 pico p

O SI é construído a partir da base de um conjunto de 10-15 femto f


unidades fundamentais. A relação das unidades fundamen-
10-18 atto a
tais, seus nomes e símbolos estão na tabela abaixo:

GRANDEZA FUNDAMENTAL PADRÃO SÍMBOLO


comprimento metro m
massa quilograma kg
tempo segundo s
intensidade de corrente elétrica ampère A
temperatura termodinâmica kelvin K
intensidade luminosa candela cd
quantidade de matéria mol mol

HIPERCONHECIMENTO 167
Física
Normas e recomendações ciosos; os construtores, planejar as dimensões dos templos
para a escrita de unidades e casas que erigiam. Em outros casos, devia-se saber o peso
do grão produzido ou prever que altura atingiriam as gran-
O Comitê Internacional de Pesos e Medidas des enchentes.
faz algumas recomendações em relação à escrita A princípio, o comprimento era tomado em compa-
do nome e do símbolo das diferentes unidades. ração a certas partes do corpo: o cúbito, mencionado na
Dentre elas, destacamos: Bíblia, consistia na distância entre o ombro e os dedos,
• o nome das unidades se escreve sempre com letras equivalendo a sete palmos.
minúsculas. (Ex.: metro, newton, ampère etc.) Ainda se avaliava o comprimento em pés, e a jarda
• em relação ao símbolo, se não é derivado de um representava a medida entre a ponta do nariz e a ponta do
nome próprio, escreve-se com letras minúsculas. polegar, quando o rei Henrique I esticava o braço.
(Ex.: m, kg, s etc.). Se o símbolo é derivado de um Com o progresso, os homens foram sentindo neces-
nome próprio, a primeira letra se escreve com letra sidade de maior precisão e estabeleceram padrões rigoro-
maiúscula. (Ex.: N, J, Hz etc.) sos de comprimento, peso e capacidade.
• os símbolos não são seguidos de ponto e não mu- A medida padrão da jarda pode ser vista numa repar-
dam no plural. tição oficial de Londres: corresponde à distância entre duas
• os prefixos não devem ser misturados, isto é, não linhas colocadas em dois suportes de ouro, que repousam
se deve colocar mais de um prefixo em uma uni- sobre uma fita de platina.
dade. Os inspetores especializados controlam os pesos e as
• o produto de duas unidades indica-se, de prefe- medidas usados pelos comerciantes, garantindo sua exati-
rência, com um ponto. O ponto pode ser omitido dão aos compradores.
se não houver perigo de confusão. (Ex.: o produto Vários países possuem diferentes sistemas de medi-
newton por metro pode ser escrito por N.m ou Nm. das, mas um deles, o Sistema Métrico Decimal, é grande-
Não é conveniente escrever “mN”, uma vez que mente empregado pela população da Europa e da América
pode ser confundido com milinewton. do Sul, assim como pelos cientistas do mundo todo. Nesse
• para expressar o quociente entre duas unidades, sistema, calcula-se o comprimento com o auxílio do me-
pode-se utilizar um traço inclinado, um traço ho- tro (dividido em 100 centímetros ou 1.000 milímetros), o
rizontal ou potências negativas. peso em gramas, embora também se use o quilograma,
(Ex.: quilômetro por hora pode ser escrito km/h; ; equivalente a 1.000 gramas, e a capacidade em litros. Em
kmh-1.) todas essas medidas, as unidades podem ser divididas ou
multiplicadas por 10.
Uso de unidades que não pertencem ao SI A definição atual de metro é a distância percorrida
pela luz, no vácuo, durante 1/299.792.458 de segundo.
O Comitê Internacional de Pesos e Medidas reco-
nhece que certas unidades, apesar de não pertencerem
ao SI, se empregam com tanta frequência que são conser-
vadas e aceitas.

ALGUMAS UNIDADES QUE PODEM SER


UTILIZADAS COM O SI
Equivalência
Grandeza Nome Símbolo
no SI

tempo minuto min 1 min = 60/s

tempo hora h 1 h = 3.600/s

tempo dia d 1 d = 86.400/s

volume litro l 1 l = 10-3 m3

massa tonelada t 1 t = 103 kg

PESOS E MEDIDAS
Os pesos e medidas fizeram-se necessários quando o
homem começou a negociar. Os mercadores precisavam O protótipo internacional do quilograma, o único padrão
medir o comprimento dos tecidos ou pesar os metais pre- materializado, ainda em uso, para definir uma unidade de base do SI.

168 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

UNIDADE 2 Mecânica

1
fixo no chão, que ele não muda de lugar, ele não sobe nem
desce nem vai para frente nem para trás. Você conclui que o

Capítulo poste não tem movimento, está “grudado” no chão.


Mas, imagine que você está parado, flutuando no espa-
ço e observa a Terra girar em seu movimento de rotação. Você
vê passarem na sua frente os continentes, os países, as cida-
Cinemática des, as ruas e aquele poste “grudado” no chão, e, se você es-
perar 24 horas, o poste vai passar novamente na sua frente.
INTRODUÇÃO À CINEMÁTICA Afinal, o poste está ou não se movendo? A resposta
é: depende.
O que é Cinemática e o que ela estuda Depende do ponto de vista ou da referência, isto é, de-
pende do referencial.
Agora analisaremos o movimento dos corpos sem • Se o referencial for você parado na rua, na Terra, o poste
nos preocuparmos com as causas que dão origem ao não se move em relação a você. Ele está em repouso.
movimento. Na Física, o estudo do movimento dos • Se o referencial for você parado no espaço, a Ter-
corpos recebe o nome de cinemática. ra gira em relação a você. Então, tudo que está na
Um bom exemplo da aplicação da cinemática pode Terra também está girando e, portanto, o poste está
ser observado no trajeto das naves espaciais da Terra a em movimento.
outros astros, durante o qual o movimento de uma nave é Para definir se um objeto está ou não em movimento, é
constantemente modificado e corrigido, a fim de que pos- necessário antes escolher ou adotar um referencial e veri-
sa pousar no local e hora preestabelecidos. ficar se o objeto muda de posição ou não em relação ao
referencial adotado.
O que é movimento? Um referencial ou sistema de referência ou ponto
de referência pode ser qualquer corpo ou ponto em mo-
Observando a natureza, percebemos que alguns vimento ou não, imaginário ou não, em relação ao qual
movimentos são muito complexos, como a queda da fo- se verifica a mudança de posição de um outro corpo.
lha de uma árvore. Você mesmo pode servir de referencial!
Outros são mais simples, como as gotas da chuva,
que caem com uma velocidade relativamente constante. Trajetória
Em toda essa variedade de movimentos, o que há de
comum? Que significa dizer que um corpo está se movendo? Trajetória é o “caminho” ou a “linha” percorrida por
Quando algo se move, primeiro ele está numa posi- um corpo em movimento. São as posições sucessivas de
ção e, logo em seguida, está em outra. Um objeto que se um corpo em relação a um referencial. Dependendo da
move vai mudando de posição conforme o tempo pas- forma, “caminho” ou trajetória, os movimentos têm no-
sa. Se vemos que um objeto permanece sempre na mes- mes especiais: retilíneo (a trajetória é uma reta); parabó-
ma posição, então dizemos que ele está em repouso. lico (parábola); elíptico (elipse); circular (circunferência).
Mudar de posição conforme passa o tempo é a ca-
racterística do movimento. Mover-se é mudar de posi-
ção. Não mudar de posição é estar em repouso.

Movimento e referencial parabólico retilíneo

Imagine que você está parado numa rua e observa um


elíptico
poste. O poste está se movendo? Você verifica que ele está

HIPERCONHECIMENTO 169
Física
Posição numa trajetória 20 0
A etapa seguinte na descrição de um movimento é de- S (km)
terminar onde o corpo está, qual é a sua localização, qual Origem dos
é a sua posição na trajetória durante o movimento. espaços

132
km
Nesse exemplo, o móvel (caminhão) está no km 20. Portanto, sua
posição é S = 20 km.

Estou no km 132 da
Presidente Dutra.
Os objetos que se movem muitas vezes têm trajetórias
Os marcos quilomé- complicadas e, para simplificar, representamos a trajetória
tricos numa estrada complicada por uma reta.
têm a função de in- É comum quando se estuda o movimento dos corpos não
considerar seu tamanho, massa, peso, formato, cor etc. Quan-
formar, entre outras
do não se levam em conta essas características dos corpos,
coisas, a posição dos consideram- se esses corpos como partículas ou pontos ma-
veículos que nela trafe- teriais. Pode-se considerar qualquer corpo como partícula ou
gam durante o movimento. ponto material, desde que seu tamanho seja muito menor em
relação às distâncias que eles percorrem em seu movimento.
Para determinar a posição do corpo em sua traje- Uma pessoa, um automóvel, um trem ou mesmo a Terra pode
tória, devem-se estabelecer marcações de posição na ser considerada ponto material, desde que seu movimento per-
trajetória. As marcações de posição recebem o nome de corra uma distância muito maior que seu próprio tamanho.
espaços.
Inicialmente, escolhe-se um ponto qualquer da tra-
10
jetória como referencial. Esse ponto será a origem dos 20
espaços e seu valor será zero. A partir da origem, marca- 30
-se os demais valores de espaços que deverão represen- 40
tar a distância até a origem de cada marcação. Os espaços S (km)
poderão ter valores positivos ou negativos dependendo da
localização da origem. Os sinais positivo e negativo indicam Simplificando:
apenas o lado das distâncias em relação à origem dos es- 10 20 30 40
paços.
S (km)
Origem dos
espaços
INTRODUÇÃO AO MOVIMENTO
-3 -2 -1 0 +1 +2 +3
Movimento e repouso
Como você viu anteriormente, se os espaços que um
Estabelecidos os valores dos espaços, deve-se corpo ocupa em relação a um referencial mudam no decor-
orientar a trajetória, de acordo com o sentido positivo rer do tempo, então o corpo está em movimento. Por outro
dos espaços e indicar a unidade de medida das distân- lado, se o espaço que um corpo ocupa em relação a um re-
cias. O símbolo das marcações de espaços é “S”. ferencial permanece o mesmo no decorrer do tempo, então
o corpo não está em movimento, ele está em repouso.
Origem dos
espaços Origem dos
movimento repouso espaços
-3 -2 -1 0 +1 +2
-4 -3 -2 -1 0 +1
S (km) S (m)

Espaço percorrido
Assim, uma vez estabelecida a origem dos espa-
ços, marcados os espaços com a respectiva unidade e O movimento de um corpo inicia-se num determi-
orientada a trajetória, pode-se estabelecer a posição de nado espaço e termina em outro espaço. O espaço em
um corpo que se movimenta em sua trajetória. É impor- que o corpo inicia o movimento recebe o nome de es-
tante lembrar que um corpo que se movimenta também paço inicial (S0)1 e o espaço em que o corpo termina o
é chamado móvel. movimento recebe o nome de espaço final (S).

170 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

S4=34,4 km S3=32,5 km S2=31 km S1=30 km

O relógio mais preciso do mundo


t4=8:04 h t3=8:03 h t2=8:02 h t1=8:01 h
Foi criado o relógio mais preciso do mundo,
Estas são algumas anotações de Joana durante um
capaz de medir a milésima trilionésima parte
trecho de uma viagem que a família fez ao interior:
do segundo (10-15 s). O equipamento, baseado • no instante t1 = 8:01 h, o automóvel estava no espa-
em um íon de mercúrio resfriado a baixíssima ço S1 = 30 km.
temperatura e monitorado por uma fonte de • no instante t2 = 8:02 h, o automóvel estava no espaço
S2 = 31 km.
luz laser, é cerca de 100 mil vezes mais preciso
• no instante t3 = 8:03 h, o automóvel estava no espaço
que os relógios atômicos, que se utilizam das S3 = 32,5 km.
propriedades do elemento césio. • no instante t4 = 8:04 h, o automóvel estava no
espaço
S4 = 34,4 km.
Como se pode observar, as marcações de espaços da
Definimos espaço percorrido, cujo símbolo é ΔS, como estrada, feitas por Joana, estão vinculadas os instantes de
a diferença numérica entre os valores do espaço final (S) e tempos marcados em seu relógio. A partir das anotações,
do espaço inicial (S0). Portanto, matematicamente: pode-se determinar o espaço percorrido e o intervalo de
ΔS = S – S0 tempo do movimento do automóvel no trecho:
Os valores de espaços percorridos (ΔS) podem ser ΔS = S – S0 = 34,4 km – 30 km = 4,4 km. Portanto,
positivos ou negativos, dependendo dos valores dos ΔS = 4,4 km.
espaços iniciais e finais do corpo em movimento. Even- Δt = t – t0 = 8:04 h – 8:00 h = 0:04 h = 4 min. Portanto,
tualmente, o corpo pode terminar o movimento no mes- Δt = 4 min.
mo espaço onde começou, e nesse caso o espaço per- Assim, pode-se dizer que o carro percorreu um espaço de
corrido é zero. 4,4 km num intervalo de tempo de 4 min, no trecho anotado.

Instantes de tempo e intervalo de tempo VELOCIDADE MÉDIA


Quando um corpo se movimenta, esse movimento A palavra “rapidez” está associada ao movimento de
acontece num determinado intervalo de tempo. As mar- um corpo – lento ou rápido. Quando um corpo está rápido
cações de tempo de um relógio recebem o nome de ins- ou lento? Para responder a essa pergunta, a Física desenvol-
tantes de tempo. O instante de tempo do início do movi- veu o conceito de velocidade.
mento recebe o nome de tempo inicial e seu símbolo é t0. Portanto, velocidade é a grandeza física que mede a
O instante de tempo do fim do movimento recebe o nome rapidez de um corpo. Há vários conceitos de velocidade,
de tempo final e seu símbolo é t. mas neste momento você abordará a velocidade média de
um corpo em movimento, isto é, a rapidez média de um
corpo em movimento.
Velocidade média, cujo símbolo é Vm, é a relação en-
t1=5 s t2=7,2 s t3=9,5 s t4=11 s tre o espaço percorrido (ΔS) e o correspondente intervalo
de tempo (Δt) que o corpo demora para percorrer esse
espaço. Numericamente, é representada por:
Define-se intervalo de tempo de um movimento, Vm = ΔS/ Δt
cujo símbolo é Δt, como a diferença entre o valor do tem- Como exemplo, podemos utilizar as anotações de
po final (t) e o valor do tempo inicial (t0). Numericamente, Joana. A velocidade média do trecho anotado foi:
é expresso por: Vm = ΔS/ Δt = Vm = 4,4 km / 4 min = 1,1 km/min. Portanto,
Δt = t – t0 Vm = 1,1 km/min.
Deve-se observar que o intervalo de tempo de qual- Em média, o automóvel percorreu um espaço de 1,1
quer movimento é sempre positivo. km em cada minuto do movimento; em 4 minutos ele
percorreu 4,4 km.
Espaço percorrido e intervalo de tempo de Você deve achar estranha a unidade km/min, uma
um movimento vez que ela não é utilizada em nosso cotidiano. Para sa-
ber em km/h, basta converter 4 minutos em horas e cal-
Em relação ao movimento de um corpo, você aprendeu cular a velocidade média novamente:
a determinar o espaço percorrido e o intervalo de tempo. 4 min = 4 /60 h = 0,067 h,
Como relacionar os espaços ocupados por um cor- então Vm = ΔS/ Δt = 4,4 km /0,067 h = 65,7 km/h.
po e os instantes de tempo de um movimento? Basta Portanto, Vm = 65,7 km/h.
anotar os espaços e os instantes de tempo de maneira Assim, em média, a velocidade do automóvel foi de
simultânea. Veja o exemplo: 65,7 km/h.

HIPERCONHECIMENTO 171
Física
Classificação do sentido de movimento de A velocidade de um corpo num instante de seu
um corpo movimento é chamada de velocidade instantânea e
seu símbolo é v. A expressão matemática da velocida-
A grandeza velocidade pode ser positiva ou negati- de instantânea requer ferramentas matemáticas que
va, uma vez que o espaço percorrido pode ser positivo não estudaremos agora. O seu valor é determinado
ou negativo. O sinal da velocidade indica apenas o sentido indiretamente, por meio das equações que você está
do movimento: utilizando neste tópico de cinemática.
• Se a velocidade é positiva, o movimento é a favor da
orientação da trajetória e é chamado progressivo. Movimento uniforme
S(m) Um dos movimentos mais simples é o movimento
que se realiza com velocidade constante. Nesse tipo de
0 10 20 30 40 50 60 70 80 movimento, o corpo se move sempre com a mesma velo-
Progressivo cidade e recebe o nome de movimento uniforme.
Portanto, um corpo está com movimento uniforme
• Se a velocidade é negativa, o movimento é contra se a sua velocidade é constante. O importante não é o seu
a orientação da trajetória e é chamado retrógrado. nome, mas o conceito.
Se no movimento uniforme a velocidade é cons-
S(m) tante, então podemos dizer que o corpo percorre espa-
ços iguais em intervalos de tempos iguais.
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Retrógrado 3m 3m 3m 3m

S(m)
Unidade de velocidade no SI t0= 0s 1s t1= 1s 1s
t2= 2s
1s
t3= 3s
1s
t4= 4s

Apesar de a velocidade mais comum no cotidiano


ser em km/h, no Sistema Internacional a unidade da s(s) S(m)
velocidade é m/s, isto é, metro por segundo, uma vez 0 5 A tabela de dados tem
1s 3m
que o padrão de comprimento é o metro, e do tempo 1 8 todas as informações e
1s 3m
é o segundo. Para converter km/h em m/s e m/s em 1s
2 11 permite chegar às mesmas
3m
km/h, pode-se adotar a seguinte regra prática: 3 14
1s 3m conclusões do desenhos.
V [ m/s ], no SI 4 17

3,6
Observe acima o movimento da bola. Ela desloca-se
em movimentos uniformes: a cada segundo que passa ela
percorre um espaço de 3 m, sempre de maneira igual. “Em
km/h m/s tempos iguais, percorre espaços iguais.” Sua velocidade é
constante e vale 3 m/s, isto é, a cada segundo que passa,
percorre um espaço de 3 m.
3,6
Descrição de um movimento por meio de
tabelas de dados
• Velocidade em km/h, para m/s: dividir o valor em
km/h por 3,6. A cinemática estuda a descrição dos movimentos,
Exemplo: 72 km/h = 72 ÷ 3,6 = 20 m/s. e uma das maneiras de descrever um movimento é por
• Velocidade em m/s, para km/h: multiplicar o valor meio de tabelas de dados.
em m/s por 3,6. No exemplo anterior, do movimento da bola, foi uti-
Exemplo: 30 m/s = 30 . 3,6 = 108 km/h. lizado um modelo simplificado. Ao invés de um desenho,
pode-se representar o movimento por meio de uma tabela
VELOCIDADE INSTANTÂNEA de dados que contenha as mesmas informações do dese-
nho e que permitam chegar às mesmas conclusões.
Quando você está andando de carro ou de ônibus,
nota que a velocidade do veículo está variando o tempo Descrição de um movimento
todo. por meio de uma função matemática
O velocímetro do veículo acompanha esse vaivém,
marcando a velocidade. O ponteiro não para. Em qual- Além da descrição de um movimento por meio de tabe-
quer instante que você olhe, ele está marcando algum las de dados, pode-se descrevê-lo por meio de funções ma-
valor. Que tipo de velocidade ele está marcando? Não é temáticas. As funções matemáticas permitem obter muitas
a velocidade média, é a velocidade instantânea! informações e fazer previsões do movimento de um corpo.

172 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

A função dos espaços de um movimento é a função ACELERAÇÃO


que relaciona os espaços que o corpo percorre e os ins-
tantes de tempo do movimento. A função dos espaços Movimentos com velocidade variável
também é chamada de função horária.
Função horária do Movimento Uniforme (MU): O estudo do movimento uniforme permitiu a você
S = S0 + v . t conhecer algumas ferramentas que a Matemática oferece
em que: para descrever movimentos de forma quantitativa. Essas
• S é o valor do espaço em função do tempo de mo- ferramentas darão apoio a você para continuar estudando
vimento. outros tipos de movimento.
• S0 é o valor do espaço inicial. O movimento uniforme é um excelente modelo
• v é a velocidade do movimento. para uma grande variedade de movimentos e, sempre
• t é o tempo do movimento. que possível, você se valerá dele.
Apesar da versatilidade, a simplificação de um mo-
A função dada é a forma geral para os movimentos vimento para MU pode ser excessiva em alguns casos.
uniformes. O critério para determinar se o modelo de MU é ou não
Essa função relaciona os espaços que o móvel ocu- adequado está relacionado diretamente com os objeti-
pa com o passar do tempo do movimento. Cada movi- vos da análise que você está realizando.
mento terá sua função, que é a forma geral com os valo- Pode ocorrer que, ao supor a velocidade constan-
res particulares de cada movimento. te, se percam detalhes importantes do movimento e,
Quais são os valores particulares? Os valores parti- nesse caso, é necessário utilizar modelos mais com-
culares são os valores fixos do movimento, isto é, os plexos que permitam uma análise mais acurada.
valores que a partir do início do movimento não mu-
dam: o espaço inicial S0 e a velocidade v, uma vez que A forma mais simples de variação de
o movimento é uniforme. velocidade

Descrição de um movimento por meio de Se a velocidade de um corpo é constante, o gráfico v


gráficos x t é uma reta horizontal. Qualquer outra forma ou incli-
nação da reta implica que a velocidade não é constante.
Uma outra maneira de representar movimentos é por Sem dúvida, o caso mais simples em que a veloci-
gráficos. dade varia é o gráfico v x t, no qual a velocidade con-
No caso do MU, os gráficos utilizados são os dos es- tinua sendo uma reta, porém não uma reta horizontal,
paços x tempo (S x t) e da velocidade x tempo (v x t). Como mas uma reta inclinada.
espaço, tempo e velocidade são variáveis contínuas, o
gráfico mais adequado é o gráfico de linhas. v v
Para construir o exemplo, utilize a tabela abaixo:

S (m) 4 6 8 10 12
t (s) 0 1 2 3 4
S (m) t t
12
10 Um movimento com Um movimento com
8 velocidade constante velocidade variável
6 v
4
2 t (s)
0 1 2 3 4
Gráfico de espaço S x t
v(m) t
3
A forma mais simples de variação da velocidade
2
Como exemplo desse movimento, considere a seguin-
1 te situação: um caminhão carregado de frutas dirige-se para
a cidade. Ele viaja com uma velocidade quase constante
t(s) de 20 m/s (72 km/h).
0 1 2 3 4 Num local de pouco movimento, o motorista ace-
Gráfico de espaço v x t lera e, em 12 s, o caminhão aumenta sua velocidade

HIPERCONHECIMENTO 173
Física
para 25 m/s (90 km/h). Estude esse movimento, feito em t. O quociente de Δv/ Δt tem o nome de aceleração.
12 s, durante o qual o caminhão aumentou de velocidade. A aceleração mede a rapidez com que varia a veloci-
dade. Portanto, aceleração é a grandeza que mede
v (m/s)
a rapidez da mudança da velocidade. A velocidade
25 muda rápido ou devagar? A aceleração é a grandeza
que responde a essa pergunta.
Se a velocidade com que se move um corpo é cons-
20
tante, sua aceleração é zero. Se a velocidade aumenta ou
diminui rapidamente, sua aceleração é alta. Se a velocidade
0 3 6 9 12 t (s) aumenta ou diminui lentamente, sua aceleração é baixa.
Ao contrário da linguagem do cotidiano, em Física a
A altura do gráfico representa a velocidade do móvel no
instante = 6s palavra aceleração inclui os movimentos em que a velo-
cidade diminui, nesses casos a aceleração e a velocidade
A figura mostra o gráfico v. t do movimento do ca- têm sinais contrários.
minhão no intervalo de 12 s. Considere t0 = 0 no instante
em que o caminhão começa a aumentar sua velocidade. Expressão matemática da aceleração
• Se o gráfico é ascendente, como no caso, a veloci-
dade vai aumentando. Para calcular a aceleração de um corpo num certo in-
• Se o gráfico fosse descendente, a velocidade iria tervalo de tempo, basta dividir a variação da velocidade nes-
diminuindo. se intervalo de tempo pela duração do intervalo de tempo.
• Uma reta horizontal indicaria que a velocidade é Portanto, se chamamos de a a aceleração do cor-
constante. po, então:
• A altura no instante t0 = 0 indica a velocidade que a = Δ v / Δ t, em que: Δv = v – v0 e Δ t = t – t0
o móvel tinha no começo do movimento. Nesse A unidade da aceleração no SI é m/s2, uma vez que
caso, a velocidade era 20 m/s. m/s/s = m/s.s = m/s2.
Exemplo de aplicação
A novidade é que a velocidade muda durante o mo- Num teste de potência, um carro consegue alcançar,
vimento, e vamos chamar essa variação de Δv, que vale em 4 s, uma velocidade de 24 m/s partindo do repouso.
Δv = v – v0 . a) aceleração do carro durante o teste.
A altura do gráfico representa a velocidade do mó- a = Δv / Δt = (24 - 0) / 4 = 24 / 4 = 6
vel no instante t = 6 s. a = 6 m/s2 → em cada segundo que passa, a veloci-
Considere, no gráfico anterior, o intervalo de tempo dade aumenta em 6 m/s.
entre os instantes t0 = 0 e t = 12 s. A diferença Δt = t – t0 b) o gráfico v x t
representa a duração de tempo do movimento, que no
v (m/s)
caso é de 12 s (Δt =12 – 0 = 12 s).
• No instante t0 = 0, a velocidade é 20 m/s.
24
• No instante t = 12 s, a velocidade é 25 m/s.

É fácil ver que a diferença Δv = v – v0 representa a


variação da velocidade no intervalo de tempo entre t0 = 0 1 2 3 4 t (s)
0 e t = 12 s.
Tal como mostra a figura, essa variação de veloci-
dade fica representada no gráfico, pela diferença entre Movimento Uniformemente Variado
a altura correspondente ao instante t0 = 0 e a altura
correspondente ao instante t = 12 s. Você verificou que o movimento variado mais
simples é aquele em que a velocidade varia de ma-
v (m/s) neira constante, isto é, a aceleração é constante.
25 Nesse tipo de movimento pode-se dizer que “em
tempos iguais, a velocidade varia em valores iguais”. Se
a variação da velocidade tem valores iguais, então sua
20 aceleração é constante, e essa variação pode aumentar
ou diminuir a velocidade.
Os movimentos variados nos quais a aceleração é
0 3 6 9 12 t (s) constante, recebem o nome de Movimento Uniforme-
mente Variado. Nesse tipo de movimento, em tempos
O quociente Δv/ Δt = aceleração iguais não são percorridos espaços iguais, pois a velocida-
de em cada trecho é diferente.
• Da mesma forma que no MU, v = Δ S / Δ t, isso nos Para representar um MUV são utilizados os mes-
sugere a possibilidade de formar um quociente Δ v / Δ mos meios que no MU, isto é, tabelas de dados, fun-

174 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

ções matemáticas e gráficos. Evidentemente, a repre- Descrição de um MUV por meio de gráficos
sentação de um MUV é mais complexa que um MU,
pois, além do espaço variar com o tempo, a velocidade Como você já sabe, uma outra maneira de repre-
também varia. Portanto, num MUV o espaço e a veloci- sentar movimentos é por meio de gráficos. No caso do
dade variam simultaneamente com o tempo. MUV, você vai utilizar os gráficos: Espaços x tempo (S x
t), velocidade x tempo (v x t) e aceleração x tempo (a x t).
Descrição de um MUV por meio de tabelas 35 v (m/s)
de dados 30 11
25

s (m)
Lembre-se que no MUV a variação da velocidade é 20 7
15
constante, mas não a velocidade. A velocidade muda, mas 10
5 3
de maneira uniforme, isto é, a mudança é constante.
0 t (s)
0 1 2 3 4
t (s) 0 1 2 3 4
Descrição de um MUV por meio de funções
matemáticas v (m/s)
3
O MUV necessita de duas funções matemáticas
para ficar caracterizado: uma função para os espaços 2
e uma função para a velocidade. Essas duas funções
1
representam o mesmo movimento. Não é possível ter
uma única função que represente satisfatoriamente o t (s)
MUV, pois é um movimento complexo. 0 1 2 3 4
Forma geral das funções de um MUV:
Função da velocidade: v = v0 + a . t, em que: Observe que o gráfico S . t não é uma reta, pois o espa-
• v é o valor da velocidade em função do tempo de ço percorrido em cada segundo varia de maneira desigual.
movimento.
• v0 é o valor da velocidade inicial. EQUAÇÃO DE TORRICELLI
• a é o valor da aceleração.
• t é o tempo do movimento. No MUV, os espaços e a velocidade mudam con-
Função dos espaços (ou função horária): forme passa o tempo; as funções que relacionam essas
S = S0 + v0 t + a . t2 / 2, em que: mudanças são:
• S é o valor do espaço em função do tempo de mo-
vimento. S = S0 + v0 t + a . t2 / 2 e v = v0 + a . t
• S0 é o valor do espaço inicial.
• v0 é o valor da velocidade inicial. Como se sabe, essas funções dependem do tempo (t).
• a é o valor da aceleração. Porém, há muitos casos em que nos interessa relacionar a
• t é o tempo do movimento. velocidade com os espaços, e não com o tempo. A equa-
S= 100 m S= 112,5 m S= 120 m S= 122,2 m
ção de Torricelli permite-nos essa relação, isto é, relaciona
V= 15 m/s V= 10 m/s V= 5 m/s V= 0 o espaço percorrido (ΔS) com a velocidade inicial e final
de um movimento.

O movimento da moto pode ser representado por tabelas. Equação de Torricelli:


No MUV são necessárias duas tabelas: S t e v t v2 = v02 + 2.a.ΔS , em que:
• ΔS é o valor do espaço percorrido.
• v é o valor da velocidade final.
• v0 é o valor da velocidade inicial.
• a é o valor da aceleração.

No MUV, em tempos
Como você pode observar, a equação relaciona as ve-
iguais as variações de locidades e o espaço percorrido, independentemente do
velocidade são iguais, tempo.
mas as variações dos
espaços não.
Velocidade média no MUV
A função dos espaços (ou horária) relaciona os espaços
que o móvel ocupa durante o movimento, e a função da velo- A velocidade média de um movimento uniforme-
cidade relaciona as velocidades durante o movimento. Cada mente variado é a média aritmética entre a velocidade
movimento terá a função dos espaços e da velocidade. final e inicial, isto é:
Para obter a funções de um MUV, basta colocar os
valores de S0, v0 e a nas funções gerais. Vm = (v0 + v) / 2

HIPERCONHECIMENTO 175
Física

2
que as grandezas força e velocidade só ficam perfeita-

Capítulo
mente determinadas se for acrescida sua orientação. As
grandezas desse tipo são chamadas grandezas vetoriais.
Define-se orientação de uma grandeza vetorial como
sendo sua direção e sentido. Na linguagem do cotidiano,
Dinâmica é comum utilizar-se direção como sinônimo de sentido,
mas é preciso lembrar que são conceitos distintos.
VETORES Objetos que se movimentam numa mesma trajetó-
ria retilínea ou em trajetórias retilíneas paralelas deslo-
Grandezas escalares e grandezas vetoriais cam-se na mesma direção, mas podem estar no mesmo
sentido ou em sentidos opostos.
Um dos objetivos da Física é a compreensão e a des-
crição dos fenômenos naturais, sendo necessário ope-
rar com diversas grandezas, tais como: massa, velocidade,
aceleração, comprimento, energia, intervalo de tempo etc.

Algumas das grande-


zas apenas necessitam de Movimentos com orientações diferentes (têm mesma direção, mas
um número e sua unidade sentidos diferentes).
Volume de leite 1
litro para serem completamen- Para que dois ou mais corpos tenham movimentos
te identificadas. Veja os de mesma orientação, é necessário que tenham mesma
exemplos a seguir: direção e mesmo sentido.

Massa de um caminhão =
Área de um terreno = 300m². 25.000 kg

Como você pode observar, essas grandezas ficam per-


feitamente definidas com um valor e sua respectiva unida-
de. Grandezas desse tipo são chamadas grandezas escalares.
Entretanto, há muitas outras grandezas físicas que
não ficam bem determinadas apenas com o valor e sua
unidade. Veja alguns exemplos:
Movimentos com a mesma orientação (mesma direção,
mesmo sentido).

Representação de uma grandeza vetorial


Uma grandeza vetorial é representada geometrica-
mente por uma seta, que é um segmento de reta orientado.
FRÁGIL A orientação da seta é a orientação da grandeza vetorial.
Essas setas são chamadas vetores.
Existem várias notações para indicar um vetor, a
Você recebe a informação de que a O balão está parado no
caixa acima vai receber uma força de ar, ele recebe ventos com mais frequente é a utilização de letras maiúsculas ou
200 N. Você é capaz de dizer para velocidade de 15/ km/h. minúsculas com uma seta sobre a letra.
onde a caixa se movimentará? Para Para onde irá o balão? Para
a direita ou para esquerda? Para trás cima ou para baixo? Norte,
para frente ou para cima ? Sul, Leste ou Oeste? C
A
F
Como você pode perceber nesses exemplos, é neces-
Vetor A
sário ter mais informações a respeito da força que age
Vetor C
sobre a caixa e da velocidade do vento que age sobre o balão. Vetor F
Que informação está faltando? Está faltando a orientação
dessas grandezas.
Embora os valores da força e da velocidade do vento D
V
possam ser os mesmos, para cada orientação você terá
efeitos diferentes sobre a caixa e o balão. Isso significa
Vetor D Vetor V

176 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

Exemplos:
O valor, isto é, a parte numérica de um vetor recebe b
o nome de módulo do vetor e sua representação é a letra
com a seta entre barras ou simplesmente a letra sem a
a
seta acima dela.
Exemplos: → Deslocar os vetores para um ponto qualquer, de modo
A medida do vetor velocidade é v 40 km/h. Sim- que os vetores comecem neste ponto.
bolicamente:

v = v = 40 km/h.
O valor

da força F é 100 N. Simbolicamente:
F = F = 100 N.
R
Portanto, um vetor é constituído de módulo, dire- b
ção e sentido, e sua representação é uma seta. Geome-
tricamente, o tamanho da seta representa o módulo e a a
inclinação da seta e sua ponta representam a direção e
o sentido do vetor.
Traçar linhas pontilhadas, paralelas aos vetores. A reta que une o
ponto inicial dos vetores até o cruzamento das linhas ponti-
lhadas é o vetor resultante, sendo que a “ponta da seta“ é no
cruzamento das linhas pontilhadas.
Os vetores fazem parte do nosso
cotidiano
d
Quantas vezes, no trânsito, não nos guia-
mos pelas placas? Já percebeu que a grande
maioria delas possuem uma seta que nos dá a
direção e o sentido de onde precisamos ir? c
a b
Logo, se ela nos fornece uma direção, um sen-
tido e um valor, então estamos diante de uma
grandeza vetorial.
Vetores a serem somados.

Devemos observar que a regra do paralelogramo só


ADIÇÃO DE VETORES permite somar 2 vetores por vez.

Nessa parte você vai estudar de que maneira se operam 2 Regra do Poligonal
as grandezas vetoriais, isto é, como se operam os vetores.
b c
A maneira de operar vetores é bastante diferente
a
das operações com grandezas escalares, isto é, bastan-
te diferente das operações matemáticas a que você está d
acostumado, pois os vetores não são somente números, Enfileirar um vetor atrás do outro,
mas têm direção e sentido, e estes devem ser levados em em qualquer ordem, de modo que
onde termine um comece o outro.
consideração.

Métodos gráficos para soma de vetores b c


a R
1 Regra do paralelogramo d

Para somar os vetores a e b e obter o vetor resultante, O vetor resultante é a reta que une
R = a + b, pode-se utilizar a regra do paralelogramo. o começo e o fim do polígono,
com a seta no fim do polígono.

a
b

A obtenção do vetor resultante R não


Vetores a serem somados. depende da ordem dos vetores a serem
somados. Repare que todos têm a mesma
orientação e tamanho.

HIPERCONHECIMENTO 177
Física
Métodos gráficos – casos particulares
• Vetores de mesma direção e mesmo sentido:
R
a
b
b R=a+ b
a

Primeiras concepções
a (3) b (4)
As concepções de Aristóteles
R (7) Desde a Antiguidade, as relações entre força e mo-
vimento foram objeto de estudo por parte de filósofos
Neste caso, o valor da resultante é a soma dos valores e estudiosos dos fenômenos da natureza. Aristóteles, fi-
dos vetores.
lósofo grego, foi um desses estudiosos do assunto, que,
unindo ideias metafísicas às suas observações, chegou a
• Vetores de mesma direção e sentidos opostos: conclusões que foram aceitas por toda a Idade Média, isto
é, por quase dois mil anos.
Aristóteles, em seus estudos sobre o movimento, che-
b
gou às seguintes conclusões:
• “Na ausência de forças, todo corpo em movimento,
a cedo ou tarde, estará em repouso”.
• “As forças são as causas dos movimentos”.
• “O estado natural dos corpos é o repouso”.
a (3) • “O repouso é essencialmente diferente do movi-
R (1) mento”.
b (4) Analisando essas afirmações, verifica-se que Aristó-
teles acreditava que um corpo só poderia permanecer em
Neste caso, o valor da resultante é a dife- movimento se houvesse uma força atuando sobre ele. Um
rença dos valores dos vetores.
corpo só pode se mover na presença de uma força. Cessan-
do a ação da força, o corpo voltaria ao repouso.
Determinação do valor da resultante de dois
vetores – Lei dos Cossenos repouso movimento repouso

A determinação gráfica do valor da resultante é pos-


sível desde que se use o desenho dos vetores em esca-
la, isto é, o tamanho dos vetores deve ser proporcional
aos seus valores. Esse método requer precisão nos de- Nao há O corpo só Nao há
forças poderá estar em forças
senhos, acarretando erros na determinação da resultan- atuando no movimento atuando no
te. A grande vantagem do método gráfico é a noção da corpo. se houver força corpo.
atuando sobre ele.
orientação dos vetores e de sua resultante.
Para uma determinação precisa do valor da resultante Durante muito tempo essas ideias foram considera-
existem métodos analíticos ou fórmulas que nos permitem das verdadeiras sem que se tenha feito uma análise mais
determinar o valor da resultante. Uma das maneiras é pela Lei cuidadosa a respeito delas. Todavia, no século XVI, elas
dos Cossenos. A Lei dos Cossenos apresenta algumas limita- começaram a ser postas em dúvida seriamente.
ções: dá-nos o valor da resultante, mas não nos dá sua orien-
tação, e só é possível para soma de dois vetores. Para as fina- As concepções de Galileu Galilei
lidades do momento, utilize somente este modo de cálculo. No século XVI, a Ciência transformou-se. Introdu-
Para somar dois vetores a e b utilizando as regras gráfi- zindo o método experimental no estudo dos fenômenos
cas já vistas, pode-se construir sua resultante R, por exemplo: físicos, Galileu realizou uma série de experimentos que
Demonstra-se, pela Lei dos Cossenos, que o mó- o levou a conclusões diferentes das de Aristóteles.
dulo de R vale: Galileu observou que, empurrando uma esfera em
repouso, ela entrava em movimento, porém ela con-
R= em que: tinuava a se mover, percorrendo uma certa distância
• R é o módulo (valor) do vetor R. mesmo depois que deixava de empurrá-la, concluindo
• é o módulo (valor) do vetor a. que um corpo podia estar em movimento sem a ação de
• é o módulo (valor) do vetor b. uma força que o empurrasse. Repetindo a experiência
• cos θ é o cosseno do ângulo formado pelos vetores em uma superfície mais lisa, observou que a esfera per-
a e b. corria uma distância maior, concluindo que o corpo pa-

178 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

rava, depois do empurrão, em virtude da ação do “atrito” MASSA


da esfera com o piso.
Se fosse possível deixar o piso cada vez mais liso, e Como se pode verificar, devido à inércia, os corpos
assim eliminar totalmente a ação do atrito, o corpo con- “resistem” a alterar seu estado de movimento, e esta re-
tinuaria a se mover em linha reta, indefinidamente, sem sistência é maior ou menor, dependendo da quantidade
diminuir de velocidade. de matéria do corpo. Se massa é a quantidade de matéria
“Se um corpo estiver em repouso, é necessária a ação de um corpo, então quanto maior a massa de um corpo
de uma força sobre ele para colocá-lo em movimento. maior sua inércia; quanto menor a massa de um corpo
Uma vez iniciado o movimento, cessando a ação de for- menor sua inércia. Portanto, podemos dizer que a massa
ças que atuam sobre o corpo (no caso, a força de atrito), de um corpo é a medida da inércia deste corpo. No Sis-
ele continuará a se mover indefinidamente, em linha reta, tema Internacional, a unidade de massa é o quilograma,
com velocidade constante.” cujo símbolo é kg.
Força Movimento Uniforme
(empurrão)

Um carrinho de massa 2 kg.


2kg

Repouso Na ausência de forças, e sem atrito, o


corpo movimenta-se em linha reta,
com velocidade costante. 2kg
A inércia do carrinho em
INÉRCIA repouso vale 2 kg.

Os estudos do movimento levaram Galileu a atri-


buir aos corpos uma propriedade denominada inércia,
segundo a qual os corpos tendem a resistir às mudanças
em seu estado de movimento, isto é, se estão em repou-
2kg
so, tendem a permanecer em repouso, se estão em mo- A inércia do carrinho em
vimento, tendem a permanecer em movimento. movimento vale 2 kg.

Numa arrancada, o veículo vai e você fica.

1ª LEI DE NEWTON OU LEI DA INÉRCIA


Numa freada, o veículo fica e você vai. Ao estruturar os princípios da Mecânica, Newton
baseou-se em estudos de grandes físicos, entre os quais
Galileu. Assim, a 1a Lei de Newton nada mais é que a sín-
tese das ideias de Galileu relativas à inércia, e é por isso
que também é conhecida como Lei da Inércia.
“Se um corpo está em repouso e não existe força
sobre ele ou a força resultante que atua sobre ele é nula,
então o corpo continua em repouso.”
Numa curva, o veículo muda
de direção e você não. “Se um corpo está em movimento e não existe força
sobre ele ou a força resultante que atua sobre ele é nula, en-
tão o corpo continua em movimento retilíneo e uniforme.”
Resumindo, pode-se afirmar: na ausência de forças ou
se a força resultante sobre o corpo é nula, um corpo em repou-
so continua em repouso e um corpo em movimento conti-
nua em movimento, em linha reta, com velocidade constante.

HIPERCONHECIMENTO 179
Física
Se um carro está parado e nenhuma força atua dem provocar o equilíbrio, isto é, em um corpo pode haver
sobre ele ou se a força resultante sobre ele for nula, o forças que se anulam e, consequentemente, provocar o
carro continuará parado. Se um carro está andando e repouso ou manter o corpo com velocidade uniforme.
nenhuma força atua sobre ele ou a força resultante so- Quando as forças provocam o repouso, o corpo está
bre ele for nula, o carro continuará andando, em linha em equilíbrio estático; quando as forças provocam um
reta e com velocidade constante. movimento com velocidade constante, diz-se que o cor-
po está em equilíbrio dinâmico.
FR=0 FR=0
M.R.U Um edifício está em repouso, portanto, equilíbrio está-
tico; um elevador, depois que ele parte, sobe ou desce com
velocidade constante, portanto, em equilíbrio dinâmico.

Repouso
V =0

Força M.R.U
Este é um conceito muito importante e muito anti-
go no mundo físico. Somente no século XVII, os físicos
deram forma a um conceito adequado acerca das forças Equilíbrio estático - Equilíbrio dinâmico -
e suas propriedades. velocidade vetorial nula. movimento retilíneo uniforme.
Vamos examinar alguns exemplos de forças:
um elefante empurra uma árvore até derrubá-la; Além das mudanças de movimento e equilíbrio,
• o Sol atrai a Terra; as forças podem provocar amassamentos, dobramen-
• um ímã repele outro ímã; tos, estiramentos, rupturas etc.
• o ar oferece resistência à queda de uma folha de uma
árvore. Força Resultante
Em todos esses exemplos há um corpo exercendo
uma força sobre outro corpo: um corpo empurra outro, ou A experiência mostra que é possível substituir todas
puxa outro, ou atrai outro, ou repele outro, ou freia outro. as forças que atuam num corpo por somente uma força
Força é uma ação de um corpo sobre outro, uma ação que produza o mesmo efeito de todas as forças juntas. Esta
mútua entre corpos, isto é, uma interação entre corpos. força única, que produz o mesmo efeito de várias forças
Isso quer dizer que para poder falar em força se deve su- simultâneas sobre um corpo, chama-se força resultante.
por a existência de dois corpos: um corpo que exerce a Como força é uma grandeza vetorial, a determina-
força e outro que recebe a ação da força. Toda força é ção da força resultante obedece às regras operacionais
exercida numa determinada direção e sentido: pode ser de vetores.
para cima, para baixo, para o lado, para frente, para trás, Assim, se duas forças atuam num corpo, a força re-
inclinada etc. Portanto, força é uma grandeza vetorial e sultante será:
sua representação é feita por meio de vetores.
Ao representar graficamente uma força, é utilizada
F2
a seguinte convenção: o vetor que representa uma força
é desenhado no corpo que recebe a ação da força, na F1
FR
direção e sentido em que a força é exercida.

B
F
A
F FR

Uma força F atuando sobre o corpo A.

Uma força F atuando sobre o corpo B.

2ª LEI DE NEWTON

Equilíbrio Estático e Dinâmico No estudo da 1a Lei de Newton você verificou


que, se a força resultante que atua num corpo for zero
Uma força, ao atuar sobre um corpo, pode produzir (nula), este corpo estará em repouso ou em movimen-
diversos efeitos sobre este corpo. As forças também po- to retilíneo uniforme. Que tipo de movimento teria

180 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

o corpo se a força resultante fosse diferente de zero,


se não fosse nula? Newton expressou esse fato da se- A força peso é uma interação
entre a Terra e os corpos
guinte maneira: proximos de sua superficie. A
“A aceleração que um corpo adquire é diretamente força peso tem a direção do
centro da terra.
proporcional à resultante das forças que atuam sobre ele
e tem a mesma direção e sentido desta resultante.”
Isto é, se a força resultante que age num corpo
(massa) é diferente de zero, então essa força resultante
provoca uma mudança na velocidade (aceleração) desse
corpo, na direção e sentido dessa força.

FR≠ 0 corpo parado Corpos distantes da terra nao


têm peso, pois a interação vai
enfraquecendo com a distância.
Quando você larga um
corpo em queda livre, a força
resultante é o seu peso, e
ela provoca (mudança de Como você viu anteriormente, quando um corpo
velocidade) para baixo. está em movimento de queda livre, isto é, está em mo-
vimento de queda sob a ação exclusiva de seu peso, ele
adquire uma aceleração denominada aceleração da gra-
corpo caindo vidade, simbolizada pela letra g.
Se m é a massa do corpo, o peso é a força resultante
Terra sobre o corpo. Logo, a 2a Lei de Newton é FR = m . a. Então,
o peso de um corpo na superfície da Terra será:
A força resultante sobre
a lua é a força de atração FR = m . a → P = m . g, em que:
que a terra faz sobre ela, • P é a força peso sobre o corpo.
provocando uma aceleração
para dentro, encurvando a Lua
• m é a massa do corpo.
tragetória da lua. FR ≠ 0 • g é a aceleração da gravidade.
Observe que massa é diferente de peso. Eles estão
relacionados, mas são conceitos diferentes:
• massa é a medida da inércia de um corpo, é uma
Matematicamente, a 2a Lei de Newton tem a se- propriedade que não varia, independentemente de
guinte expressão: onde esteja este corpo, é uma grandeza escalar e sua
unidade é o kg;
• FR = m . a, em que: • peso é uma força, isto é, a força de atração que a Terra
• FR é a força resultante sobre o corpo. exerce sobre os corpos. A força peso varia de local para
• m é a massa do corpo. local na Terra, sendo que, em média, provoca sobre
• a é a aceleração do corpo. os corpos uma aceleração aproximada de 9,8 m/s2.
Sendo uma força, peso é uma grandeza vetorial e sua
A unidade da força, no Sistema Internacional, é unidade de medida é o N (newton).
Newton [ N ], sendo a massa em kg e a aceleração em m/
s2, logo, 1 N = 1 kg . m/s2. 3ª Lei de Newton ou Lei da Ação e Reação
Uma força resultante de 1 N transmite a um corpo
de 1 kg uma aceleração de 1 m/s2. No estudo do movimento, Newton percebeu que as
forças são o resultado da interação entre dois corpos e cons-
Força peso e a 2ª Lei de Newton tatou que nesta interação, as forças sempre aparecem aos
pares: para cada ação que um corpo faz sobre outro corpo,
Peso é uma força de atração, de natureza gravitacio- existirá sempre uma reação igual e contrária deste corpo so-
nal, produzida pela interação entre dois corpos. Assim, bre o primeiro. Se a Terra atrai os corpos, os corpos atraem a
peso é uma força e, portanto, não é uma propriedade Terra com uma força igual e contrária; se um ímã atrai um
dos corpos, é uma força de atração entre um corpo e a prego, o prego atrai o ímã com uma força igual e contrária;
Terra. Essa força que chamamos de peso tem a direção e se a mão bate na bola com força 30 N, a bola reage em sen-
sentido vertical para baixo, isto é, em direção ao centro tido contrário, com 30 N, sobre a mão. Essas observações
do planeta. podem ser resumidas no enunciado de sua 3a Lei:
A força de atração gravitacional depende da distân- “Se um corpo A exerce uma força sobre um corpo
cia entre os corpos, e as considerações feitas aqui são B, então o corpo B exerce simultaneamente uma força
para corpos e objetos que estão na superfície da Terra ou sobre o corpo A. Ambas as forças são de mesma intensi-
bem próximo dela. dade, mesma direção e sentidos contrários.”

HIPERCONHECIMENTO 181
Física
F F A força de atrito depende dos seguintes fatores:
N S
• da força de compressão entre as superfícies, isto
O ímã age no prego, ao mesmo tempo, o prego é, quanto maior for a força de compressão entre as
age no ímã, com uma força igual e contrária. superfícies dos corpos, maior será a força de atrito.
Quando estamos com frio, esfregamos uma mão
Faça a experiência: segu- na outra, quanto mais pressão aplicamos entre
re um ímã e encoste o suficiente elas, maior é o atrito e maior é o aquecimento das
para atrair um prego. Depois, faça mãos.
o contrário: segure o prego e en-
coste o suficiente no ímã e
2 kg 10 kg
verifique que o ímã vai de fat fat
encontro ao prego. Essa é
a Lei de ação e reação, no
caso, o objeto que se mo-
A força de atrito depende da pressão entre as superfícies.
vimenta depende do objeto
A Terra age nos corpos,
ao mesmo tempo, os que seguramos e vice-ver-
corpos agem sobre a sa. E mais, se aproximarmos • do acabamento das superfícies em contato, isto é,
Terra, com forças iguais
e contrárias. os dois e não segurarmos nem o quanto mais lisas e polidas são as superfícies, menor
prego nem o ímã e a superfície for é o atrito; quanto mais rugosas e irregulares são as su-
bem lisa, vamos observar que os dois se movimentam perfícies, maior é o atrito. O objetivo dos lubrificantes
simultaneamente, um de encontro ao outro, movidos é suavizar o deslizamento entre as superfícies em
pelas forças de ação e reação. contato, diminuindo bastante a força de atrito.
Quando você dá um pulo, volta para o chão. É a Terra
que vem ao seu encontro ou você que vai ao encontro dela?
É uma boa pergunta, não é? As duas forças existem e o va-
lor delas corresponde ao nosso peso. Nós somos pequenos,
2 kg 2 kg
fat fat
temos pouca massa comparando com a Terra. A força peso
é grande o bastante para atrair você de volta à superfície
A força de atrito depende do acabamento das superfícies.
da Terra, mas é muito, muito pequena para fazer com que
a Terra se movimente a seu encontro, pois a
massa terrestre é muito grande e esta força
não é capaz de movimentá-la. Portanto, • da natureza dos corpos, isto é, depende dos ma-
é você que vai ao encontro da superfície teriais das superfícies em contato. Não é sufi-
da Terra devido à sua pouca inércia, e não ciente que a superfície seja lisa e polida para
a Terra que se movimenta em di- obter um atrito pequeno. Se deslizarmos metal
reção a você, devido com metal, metal com madeira, madeira com
à alta inércia. F vidro, vidro com metal, teremos forças de atrito
diferentes.

2 kg 2 kg
Quando andamos ou corremos,
“empurramos” o chão para trás e
o chão nos empurra para frente.

2 kg

Força de atrito
A força de atrito depende dos materiais das superfícies que estão em contato.
A força de atrito pode ser observada frequentemen-
te em nosso cotidiano: quando caminhamos, quando
acendemos um palito de fósforo, quando um carro é
freado, quando lixamos um bloco de madeira etc. Ao contrário do que muitos pensam, o tamanho
Pelos exemplos anteriores, você pode observar: da área das superfícies que estão em contato não al-
sempre que corpos em contato deslizam ou tendem tera a força de atrito, isto é, não tem influência na
a deslizar, um em relação ao outro, aparece a for- força de atrito nem a velocidade com que os cor-
ça de atrito, isto é, a força de atrito surge quando há pos deslizam entre si. Portanto, a força de atrito não
deslizamento ou tendência ao deslizamento, entre os depende da área de contato nem da velocidade de
corpos que estão em contato. deslizamento.

182 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

A força de atrito varia de zero até um valor má-


ximo, dependendo da tendência do movimento. Ela
sempre é igual ao valor da força que provoca a ten-
dência ao movimento do corpo, até o limite do seu
A força de atrito não depende da área entre as superfícies valor máximo.
nem da velocidade de deslizamento.

fat

fat

A força de atrito sempre atua no sentido contrário ao deslizamento.

Força Normal
Quando um corpo pressiona o chão com o seu peso
para baixo, o chão reage a essa pressão com uma força
igual e contrária, igual ao peso, para cima. Essa força de
reação do chão para cima chama-se força normal, geral-
mente simbolizada pela letra N.

O peso do corpo comprime o chão para baixo (C), o chão reage e


empurra o corpo para cima (N). C tem o valor do peso e, portanto, N Uma explicação para o atrito
tem o valor do peso também.

A origem do atrito, cujas leis são conhe-


cidas há 300 anos, foi explicada pelos
Coeficiente de atrito (µ)
físicos Gang He, Martin Muser e Mark
Coeficiente de atrito é um fator que representa o Robbins, da Universidade John Hop-
acabamento e os materiais das superfícies que estão em
contato quando há deslizamento ou tendência ao desli- kins (EUA). Tais leis dizem que o atrito
zamento entre elas. Quando há deslizamento, dá-se o entre dois corpos não depende da área
nome de coeficiente de atrito dinâmico ou cinético, e de contato entre eles e é diretamente
quando há tendência ao deslizamento, dá-se o nome
proporcional à força que comprime um
de coeficiente de atrito estático. O coeficiente de atri-
to estático apresenta valores um pouco maiores que contra o outro. No entanto, experiên-
o coeficiente de atrito dinâmico, mas para efeito de cias feitas no vácuo extremo indicaram
exercícios geralmente utiliza-se o mesmo valor para que não existe atrito entre duas superfí-
os dois casos.
cies cristalinas limpas. Essa contradição
é explicada por meio de uma camada
O coeficiente de atrito
representa o acabamento de moléculas pequenas que recobre a
e os materiais de que são
feitas as superficíes. superfície exposta ao ar. Essa camada,
de alguns bilionésimos de centíme-
Representação Matemática da Força de tros, “cola” uma das superfícies à outra,
atrito (M) chegando à conclusão de que o atrito
decorre dessas camadas.
O valor da força de atrito varia, vai de zero até um
valor máximo. O valor máximo é dado por: (Adaptado de Ciência Hoje, ago./1999, ed. nº 152, p. 14.)

HIPERCONHECIMENTO 183
Física

3
um certo ângulo. Velocidade angular relaciona este ân-

Capítulo
gulo percorrido e o tempo que o corpo demorou para
percorrê-lo.
Portanto, a expressão que relaciona essas grande-
zas é:
Gravitação
MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME
No Movimento Circular Uniforme, a velocidade an-
Nesse capítulo você vai estudar um movimento gular é constante, isto é, o ângulo percorrido é constante
particular em que a velocidade permanece constante, em relação ao tempo.
mas a sua direção varia. Se a direção varia, o movimen-
to não é retilíneo. Portanto, uma força deve estar agin- Velocidade Linear de um ponto em MCU (ω)
do, ocorrendo uma aceleração.
Uma aceleração desse tipo é comum, por exemplo, Imagine um CD girando com velocidade angular
quando um carro vira uma esquina, um planeta girando constante. Neste CD existem três pontos marcados, cada
em torno do Sol etc. um a uma certa distância do centro. O ponto mais afastado
Você estudará o movimento mais simples desse do centro tem velocidade linear maior que o ponto menos
tipo, em que o corpo descreve uma trajetória circular afastado. Quanto mais afastado do centro de giro V3
com valor de velocidade constante, chamado Movi- estiver o ponto, maior será sua velocidade, uma
mento Circular Uniforme (MCU). vez que ele percorre uma distância V2
maior num mesmo intervalo de
V1
Medidas de Ângulos tempo. A expressão que relacio-
na o valor da velocidade linear v à
• Em Graus, uma circunfe- velocidade angular ω e à distân- c i a
rência tem um ângulo θ = R é:
360º (lê-se 360 graus). V=ω.R R
• Em Radianos, uma cir-
cunferência tem um ân-
gulo θ = 6,28 rad (lê-se
6,28 radianos). Período (T)
Como π vale 3,14, isto é, π O tempo que um corpo leva para dar uma volta
= 3,14, pode-se dizer que a cir- completa é chamado período T.
cunferência tem um ângulo θ No SI, a unidade de tempo é o segundo s.
= 2π rad. Sua expressão é:
ω =2π/ T
Conversão de Unidades
Frequência (f)
Para converter grau para radiano e vice-versa, apli- É o número de voltas, rotações ou revoluções que
camos uma “regra de três”: um corpo efetua numa unidade de tempo. Dividindo-se
a quantidade de voltas pelo tempo medido obtém-se a
360º ↔ 2 πr ad frequência.
x ↔ y Assim, se um motor efetuar 2.400 rotações em um
minuto, a frequência desse motor será:
Exemplos: Para converter 30º em radianos: f = = 2.400 rpm
(360º)/(30º ) =2π/y → Y = π/6 rad No SI, a unidade de frequência é o Hertz, e a uni-
Para converter π / 12 rad em graus: dade de tempo deve ser o segundo. A frequência pode
ser relacionada com o período e também com a ve-
locidade angular:
f = 1 ω = 2.π.f

Velocidade Angular (Ω) Dinâmica do Movimento Circular


Para descrever movimentos de corpos em trajetórias Força Centrípeta
circulares, utiliza-se a grandeza velocidade angular ω, além da Um corpo em movimento cir-
velocidade linear v já vista e a relação que existe entre as duas. cular muda continuamente de
Quando um corpo percorre uma trajetória circular, direção. Se muda de direção,
ele percorre uma certa distância, mas também percorre então esse corpo está sob in-

184 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

fluência de uma força resul- fotografias do nosso planeta obtidas por satélites e naves
tante. A força resultante que espaciais, divulgadas em revistas, jornais, televisão etc.
age num corpo em movimen- mostram que a Terra é redonda, semelhante a uma enor-
to circular é perpendicular ao me esfera. As crianças aprendem esses fatos desde cedo,
movimento e no sentido para e para convencê-los basta mostrar uma dessas fotos nas
dentro da curva. quais se lê: “É assim que se vê a Terra de longe”.
Imagine uma pedra girando Não foi fácil convencer a maior parte da humanida-
amarrada em um barbante. A de de que a Terra era efetivamente redonda, isto é, de que
força centrípeta em direção e a Terra tem a forma semelhante a uma esfera, não sendo
sentido para o centro da cir- estranho o fato de que essa ideia somente foi aceita depois
cunferência faz com que a trajetória seja uma curva. de séculos de controvérsias. De fato, a Terra é tão grande
Se o barbante se rompe, a força centrípeta desaparece que, de sua superfície, não é possível perceber a sua forma.
e a pedra muda para uma trajetória retilínea.
Se a força centrípeta desaparece, a trajetória passa A primeira ideia heliocêntrica
a ser retilínea e o sistema geocêntrico
Aceleração Centrípeta
Se o que faz com que o corpo tenha uma trajetó- Na antiga Grécia, um discípulo de Pitágoras, Filolao,
ria circular é uma força resultante, então, de acordo foi o primeiro filósofo que atribuiu movimento à Terra.
com a 2a Lei de Newton, este corpo tem uma acelera- Segundo Filolao, a Terra descreve um círculo em torno
ção na direção e sentido desta força. Portanto, a força de um ponto situado fora do planeta, no espaço.
centrípeta sobre um corpo provoca uma aceleração Um século mais tarde, Heráclito postula que a Terra
chamada aceleração centrípeta neste corpo: gira sobre seu próprio eixo. Heráclito propôs que a Terra
está situada no centro do Universo e ao seu redor giram a
F = m . ac Lua, o Sol, as estrelas e os demais planetas, com exceção de
Mercúrio e Vênus, que giram em torno do Sol.
A partir de 350 a.C., Aristarco de Samos propôs que
o Sol, e não a Terra, era o centro do Universo, a Terra era
somente um planeta a mais que girava em torno do Sol,
igual aos demais planetas conhecidos: Mercúrio, Vênus,
Marte, Júpiter e Saturno.
Curiosamente, o sistema
heliocêntrico de Aristarco Vênus Júpiter
caiu no esquecimento por
Mercúrio Saturno
quase dois mil anos, e ou-
tra teoria, a dos epiciclos,
A aceleração centrípeta muda a direção do movi- dominou a Astronomia
mento e não o valor da velocidade, e a sua orientação é até meados do século XVI. Lua Marte
para o centro de curvatura da trajetória descrita. O sistema dos epiciclos
foi uma realização cole-
Intensidade da força centrípeta tiva da Escola de Alexan-
Sistema geocêntrico de Heráclito.
e da aceleração centrípeta dria, sendo normalmente
associado ao nome de
• Aceleração centrípeta: Ptolomeu, autor do livro, Júpiter
ac = V2/R ou ac = ω2 . R traduzido em árabe, Al
• Força centrípeta magesto. Supõe a Terra Vênus
Fc = m. V2/R ou Fc = m . ω2. R fixa no centro do univer-
em que: so. O Sol e a Lua giram em Lua
• Fc é a força centrípeta. volta dela, em órbitas cir- Mercúrio
• m é a massa. culares. Os planetas des-
• ac é a aceleração centrípeta. crevem pequenos círcu‑ Saturno Marte
• V é a velocidade linear. los, denominados epi-
• ω é a velocidade angular. ciclos, com movimento Sistema geocêntrico de Ptolomeu.
• R é a distância do corpo até o centro de curvatura uniforme.
da trajetória.
O Universo heliocêntrico de Copérnico
SISTEMA SOLAR
Em 1543, renasceu a ideia de Aristarco por meio da pu-
Hoje em dia, nenhuma pessoa razoavelmente in- blicação da obra De revolutionibus orbium coelestium (So-
formada tem dúvidas a respeito da forma da Terra. As bre as revoluções das esferas celestes), do polonês Nicolau

HIPERCONHECIMENTO 185
Física
Copérnico (1473-1543), sendo o primeiro sistema heliocên- A terceira Lei aparece no livro A Harmonia do Mundo,
trico conhecido, depois do de Aristarco. publicado em 1619. Essa lei refere-se ao tempo que demora
Copérnico confere ao Sol a posição central e con- um planeta para realizar uma volta completa de sua órbita
sidera a Terra, acompanhada pela Lua, como mais um ao redor do Sol, isto é, refere-se à duração do ano para cada
planeta a girar em volta do Sol, suprimindo quase total- planeta.
mente a complexidade do sistema de Ptolomeu. Chamando de T o tempo gasto para dar uma volta
A teoria copernicana provocou uma revolução pro- completa (período) e de R (raio médio da órbita) a distância
funda no pensamento físico da época, apresentando enor- média do planeta ao Sol, tem-se:
mes resistências em ser aceita. A T2/R3 = K, em que K é uma constante válida para
ideia de que a Terra não era o todos os planetas.
centro do universo se cho- Da relação anterior podemos concluir que:
Júpiter
cava com as opiniões fi- T2 = K . R3
losóficas dominantes
desencadeando uma Lua Vênus 3ª Lei de Kepler
grande batalha ideo- “Os quadrados dos períodos de revolução dos plane-
lógica, mas ao romper Mercúrio tas são proporcionais aos cubos dos raios de suas órbitas.”
com a concepção geo- Saturno As leis de Kepler ocupam um lugar fundamental
cêntrica do universo, Marte na história do pensamento físico, devendo ser consi-
Copérnico abriu caminho deradas as primeiras leis da natureza no sentido mo-
para novas explicações do derno da expressão: afirmações precisas, verificáveis,
funcionamento do universo. Sistema heliocêntrico expressas em termos matemáticos, sobre relações gerais
de Copérnico.
que regem um campo específico de fenômenos.
AS LEIS DE KEPLER
Lei da Gravitação Universal
Alguns anos após a morte de Copérnico, o astrô-
nomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) desen- Ao tratar do conceito de força, define-se, como pri-
volveu um importante estudo das posições dos corpos meira aproximação, o peso de um corpo como a força de
celestes. Durante 20 anos foram feitas observações ri- atração com que a Terra atrai um corpo. Esta foi nossa
gorosas, verificando que o modelo de Copérnico não primeira ideia a respeito de um tipo de força, as forças gra-
era satisfatório. Após a morte de Tycho Brahe, seu discí- vitacionais.
pulo Johannes Kepler (1571-1630) publicou a obra Nova Considerar o peso como uma força exercida pela
Astronomia. Essa obra contém duas das três leis desen- Terra é o contrário da opinião frequente de que o peso
volvidas por Kepler, baseadas nas ideias de Aristarco e é uma propriedade do corpo, isto é, uma característica
Copérnico, com as devidas correções. inerente ao corpo. Durante muito tempo, cientistas e fi-
lósofos pensavam que o peso era uma manifestação de
Planeta uma tendência natural dos corpos de moverem-se para
1ª Lei de Kepler baixo.
“As órbitas dos planetas, De acordo com a nossa concepção, ao contrário, o
em seu movimento em S peso não é uma propriedade dos corpos, mas o resul-
volta do Sol, são elípti- tado da ação da Terra sobre o corpo. Vários físicos do
cas. O Sol ocupa um dos passado estiveram perto de estabelecer a lei da gravitação
focos da elipse.” universal, entre eles Kepler, mas foi Newton quem a for-
A segunda Lei refere-se mulou com muita simplicidade, elegância e genialidade.
Devemos observar que a órbitra
à velocidade com que os de um planeta não é uma elipse A conclusão a que Newton chegou foi a seguinte:
planetas se movem em tão alongada como sugerida no “Todo corpo atrai outro corpo. Esta força de atração
desenho acima. Na realidade, as
suas órbitas. órbitas são quase circulares. é proporcional ao produto de suas respectivas massas
e inversamente proporcional ao quadrado da distância
Planeta
C que os separa.”
2ª Lei de Kepler B De acordo com essa lei:
“A velocidade do planeta a) todos os corpos que existem se atraem mutuamen-
área área 1
é tal, que a linha traça- 2 S
te;
da entre o planeta até o A b a força com que se atraem dois corpos quaisquer
Sol varre área iguais em depende de três fatores: a massa de um deles, a
tempos iguais.” D massa do outro e a distância que os separa.

Se o tempo de A até B é igual ao tempo de C até D, A Lei da Gravitação Universal é expressa por:
então a área 1 é igual á área 2. Se os tempos são iguais e a
distância CD é maior que a distância AB, então a veloci- em que:
dade em CD é maior que em AB.

186 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

• F representa a força com que os corpos se atraem. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA SOLAR
• m1 é a massa de um dos corpos.
Massa (kg) Raio (m) Distância do Sol (m)
• m é a massa do outro corpo.
²
• R é a distância entre os corpos. Sol 2,0 . 10 30
7,0 . 108
-
• G é uma constante.
Terra 6,0 . 10 24
6,4 . 10 6
1,5 . 1011
Na equação aparece uma constante que foi desig-
nada pela letra G, conhecida como constante de gravi- Lua 7,4 . 1022 1,7 . 106 –
tação universal.
Mercúrio 3,3 . 1023
2,4 . 10 6
5,8 . 1010
No SI, G = 6,67. 10-11 N.m² / kg2.
Vênus 4,8 . 1024 6,2 . 106 1,1 . 1011
m2 Marte 6,4 . 1023 3,4 . 106 2,3 . 1011
F Júpiter 1,9 . 1027 7,4 . 107 7,8 . 1011

F Saturno 5,7 . 1026 6,0 . 107 1,4 . 1012

m1 Urano 8,7 . 1025 2,3 . 107 2,9 . 1012


R Plutão 1,1 . 1024 3,0 . 106 5,9 . 1012

Distância entre a Terra e a Lua: 3,8 . 108 m

Sir Isaac Newton

Quando criança, Newton não foi um aluno Com essa descoberta, percebeu que o fenômeno
brilhante, mas gostava de inventar e construir da refração luminosa limitava a eficiência dos teles-
objetos. Graças a um tio, estudou em Cambridge, cópios da época. Inventou, então, um telescópio
onde desenvolveu um recurso matemático, o bi- refletor, em que a concentração da luz era feita por
nômio de Newton. Na época de sua formatura, foi um espelho parabólico e não por uma lente.
obrigado a se refugiar na fazenda da mãe, devido
à peste que assolava a Inglaterra. Permaneceu lá Em 1671, o cientista assumiu o cargo de professor
por cerca de dois anos (1665-1667). catedrático de Matemática da Universidade de Cam-
bridge e, no ano seguinte foi eleito para a Royal So-
As reflexões dessa época o levaram a formular im- ciety. Nos anos posteriores, tratou das propriedades
portantes teorias. Ao observar uma maçã caindo da luz, explicou a produção das cores por lâminas
de uma árvore, Newton começou a pensar que delgadas e formulou a teoria corpuscular da luz.
a força que havia puxado a fruta para a terra seria
a mesma que impedia a Lua de escapar de sua Newton recebeu, em 1684, a visita do astrônomo
órbita. Descobriu a lei da gravitação universal. Foi Edmond Halley, que queria interrogá-lo sobre o
a primeira vez que uma lei física foi aplicada tanto movimento dos planetas, observado pelos astrô-
a objetos terrestres quanto a corpos celestes. Ao nomos. Newton retomou, então, suas reflexões
firmar esse princípio, Newton eliminou a depen- sobre a mecânica celeste. O resultado foi sua
dência da ação divina e influenciou profundamen- obra “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”,
te o pensamento filosófico do século 18, dando que propõe três princípios básicos: o da inércia, o
início à ciência moderna. da dinâmica e o da ação e reação.

Em 1669 o cientista formulou sua teoria das cores, Esse trabalho obteve grande repercussão internacio-
sobre a refração da luz. Quando um raio de sol atra- nal. Newton foi eleito para o Parlamento em 1687,
vessa um prisma de vidro, sai do outro lado como e nomeado para a Superintendência da Casa da
um feixe de luzes de diferentes cores, como um Moeda em 1696, quando se mudou para Londres.
arco-íris. Newton fez o feixe colorido passar por um Tornou-se presidente da Royal Society em 1703 e,
segundo prisma, onde as cores voltaram a se juntar dois anos depois, sagrado cavaleiro, passou a ser
em outro feixe, de luz branca, igual ao inicial. chamado de Sir Isaac Newton.

HIPERCONHECIMENTO 187
Física

4
Fluido ideal (ou perfeito)
Capítulo É todo fluido que não possui viscosidade, isto é, não
há atrito entre suas moléculas.

Hidrostática Líquido ideal


É um fluido ideal incompressível, isto é, o volume
MECÂNICA DE FLUIDOS não diminui quando está sob pressão.

Mecânica de fluidos é uma parte da Física que Densidade (d)


estuda o comportamento de líquidos e gases. No Re-
nascimento, em que a Física começou a desabrochar, É a grandeza física que relaciona a massa de um
Pascal e Torricelli, discípulos de Galileu, por meio de corpo e o volume do corpo, incluindo espaços vazios
experimentos, formularam teorias simples para expli- que o corpo possa ter.
car fenômenos, tais como a pressão atmosférica, o que Por exemplo, um barco: o barco tem a massa dos
ocorre quando se faz fluir líquido em tubos e para me- materiais de que é feito e o seu volume inclui também os
dir a pressão atmosférica em diversas altitudes. espaços vazios que ele possui, isto é, o barco como um
todo. A relação é dada por:

d= em kg/m3, no SI

Massa específica (μ)


É a grandeza física que relaciona a massa de um
corpo e o volume do material desse corpo, isto é, somen-
Arquimedes Torricelli Pascal
te o volume da substância de que é feito. Por exemplo,
Muitos desses estudos deram origem a máquinas, um barco: ele tem o volume dos materiais de que é
como a bomba hidráulica e o elevador hidráulico, além feito e é somente esse volume que deve ser conside-
de conceitos sobre o comportamento de líquidos nos rado. A relação é dada por:
canos das casas, nas tubulações de gás das indústrias
petroquímicas e nas construções de saneamento básico. em kg/m3, no SI.

Quando o corpo é maciço, os valores de densida-


de e massa específica são coincidentes. Além da uni-
dade no SI, kg / m 3 , encontram-se outras unidades
usuais, tais como: g /cm 3 ; g / ml; kg / litro.

MASSAS ESPECÍFICAS

Substância (g/cm3) Substância (g/cm3)


Acima, tubulações;
á esquerda, sistemas
hidráulicos; e abaixo,
Hidrogênio 0,00009 Alumínio 2,7
elevador hidráulico
de carros. Ar 0,0013 Ferro 7,6

Cortiça 0,24 Cobre 8,9

Gasolina 0,70 Prata 10,5

Gelo 0,92 Chumbo 11,3

Água 1,00 Mercúrio 13,6

Água do mar 1,09 Ouro 19,3

Glicerina 1,25 Platina 21,4

188 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

Densidade Relativa (d a,b) Δp = p2 – p1, em que:


• p2 é a pressão no ponto 2.
É a relação entre duas massas específicas, da subs- • p1 é a pressão no ponto 1.
tância A em relação à substância B. A relação é dada por:
Diferença de Altura (∆h)
É a diferença de altura entre dois pontos, h1 e h2,
A densidade relativa não possui unidade, é adimen- dentro de um líquido. A expressão é dada por:
sional.
Δh = h2 – h1, em que:
Peso específico (ρ) • h2 é a altura no ponto 2.
• h1 é a altura no ponto 1.
É a relação entre o peso de uma substância e o seu
volume. Pressão efetiva ou pressão hidrostática (Pef)
A relação é dada por:
ρ = P / V, como P = m.g, pode-se relacionar com a massa É a pressão exercida por uma coluna de líquido, a
específica: ρ = μ . g. partir da superfície até um ponto no interior do mesmo
Em que g é a aceleração da gravidade. líquido. Na superfície do líquido a pressão efetiva é
A unidade no SI é N / m3. nula, pois não há coluna de líquido.

Pressão (p) A pressão efetiva é expressa por:


Pef = μ. g. h em N / m² (Pa),
Imagine-se na areia molhada de uma praia ou no SI, em que:
numa poça de lama. Devido ao peso, seus pés pene- • Pef é a pressão efetiva.
tram uma certa profundidade. Se você encolher um • μ é a massa específica
dos pés, isto é, apoiar-se num pé só, a profundidade do líquido.
de penetração será maior ou menor? • g é a aceleração da gravidade.
Será maior. Por que isso ocorre se o seu peso continua o • h é a altura da coluna de líquido.
mesmo? Ocorre que a área onde o seu peso pressiona a areia
é diferente. Apoiado somente num dos pés, a área é a metade. Pressão atmosférica (Po)
Se a área é a metade, a pressão é o dobro.
Portanto, a pressão está relacionada com a força e A pressão atmosférica tem os seguintes valores e
com a área onde essa força é aplicada. Pode-se definir respectivas unidades ao nível do mar:
pressão como a razão entre a força e a área da superfície
em que a força está distribuída: Po = 1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg
p = F/A 10 m.c.a 105 Pa
Em N/m², no SI, também chamada pascal (Pa).
1 N/m² = 1 Pa Pressão atmosférica é o peso da camada de ar que
Outras unidades usuais: kgf /cm²; cmHg; mmHg; envolve a Terra. Conforme a altitude aumenta, a pres-
lb/pol2. são diminui, pois a coluna de ar diminui.

TRONCO DE CONE Pressão absoluta (Pabs)


100 cm3
PESO = 200 kgf
ÁREA DO APOIO = 10 cm2 É a pressão num ponto de um líquido, resultante da
10 cm3
soma da pressão efetiva neste ponto com a pressão at-
SUPERFÍCIE ARENOSA mosférica sobre a superfície do líquido. A pressão abso-
PESO = 200 kgf luta é expressa por:
ÁREA DO APOIO = 100 cm³

Pabs = Po + Pef em N / m² (Pa), no SI, em que:


kgf em 10 cm² ou 20 kgf/cm² • Pabs é a pressão absoluta.
• Pef é a pressão efetiva.
200kgf em 100 cm² ou 2 kgf/cm² • Po é a pressão atmosférica no local.

TEOREMA DE STEVIN E PASCAL

Diferença de pressão (∆p)


É a diferença de pressão entre dois pontos, P1 e P2,
dentro de um líquido. A expressão é dada por:

HIPERCONHECIMENTO 189
Física
TEOREMA DE STEVIN vadores, macacos hidráulicos, compressores, freios etc.
Pascal concluiu que, quando aplicamos uma pressão
O teorema de Stevin, também chamado teore- sobre qualquer ponto de um líquido em equilíbrio, essa
ma fundamental da hidrostática, está relacionado com pressão é transmitida para todos os pontos do líquido.
a pressão no interior de líquidos. O teorema pode ser Uma aplicação do teorema de Pascal são as seringas
enunciado como: de injeção: ao apertarmos o êmbolo da seringa, a pressão
“A diferença de pressão entre dois pontos de um lí- é toda distribuída pelo líquido dentro do cilindro fazendo
quido em equilíbrio e homogêneo é igual ao produto da com que o mesmo saia pela agulha.
massa específica do líquido pela aceleração da gravidade
e pela diferença de nível entre dois pontos.”

A expressão matemática do enunciado é dada por:


Δp = μ. gΔh , em que:
• Δp é a variação de pressão entre dois pontos.
• m é a massa específica do líquido.
• g é a aceleração da gravidade.
• Δh é a diferença de altura entre os dois pontos

Prensa hidráulica
É um dispositivo multiplicador de força utilizado
quando se requer forças de grande intensidade para a rea-
lização de algum tipo de trabalho, tal como em freios, sis-
temas hidráulicos de aviões, navios e tratores, elevadores,
macacos utilizados em oficinas mecânicas etc.
A partir do teorema de Stevin, podemos concluir A relação de forças entre um êmbolo de área peque-
que dois pontos situados num mesmo nível ou mesma na e um êmbolo de área maior é expressa por:
altura, não importando a distância entre eles, estão sob
a mesma pressão, uma vez que, se Δh = 0, então Δp = 0.

Vasos comunicantes
Quando dois ou mais recipientes têm suas bases li-
gadas por um tubo, chamamos os recipientes de vasos TEOREMA DE ARQUIMEDES
comunicantes. A experiência mostra que, quando há um OU TEOREMA DO EMPUXO
líquido em equilíbrio no interior de vasos comunicantes, o
nível do líquido é igual em todos os recipientes, indepen- Você já deve ter observado que os corpos quando es-
dentemente de seus formatos e da sua área transversal. tão dentro da água ficam mais leves. Quando você afunda
uma bola dentro da água e a solta, ela sobe rapidamente
para a superfície. O teorema do empuxo, resultado dos es-
tudos feitos pelo sábio grego Arquimedes, pode ser enun-
ciado da seguinte maneira:
“Todo corpo mergulhado num fluido fica sujeito a
uma força vertical, de baixo para cima, igual ao valor do
peso do líquido deslocado pelo corpo.”

A intensidade do empuxo é expressa por:


TEOREMA DE PASCAL E = μL.VL . g em N, no SI, em que:
• μL é a massa específica do líquido, em kg/m3.
Com o estudo do teorema de Stevin e dos vasos • VL é o volume do líquido deslocado em m3.
comunicantes, podemos enunciar o teorema de Pascal, • g é a aceleração da gravidade, em m/s2.
que possui uma grande aplicação tecnológica, em ele- • E é o empuxo, em N (newton).

190 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

Água no dia a dia


Observações:
• O empuxo não depende da natureza do corpo ou A água doce para consumo é um bem
de sua densidade. inestimável para a humanidade, e cabe
• Para corpos rígidos, o empuxo não depende da a nós fazermos uso dela de forma cons-
profundidade. ciente e responsável. Faça uma limpeza
• O empuxo não depende do corpo ser maciço ou oco.
na caixa-d’água de sua casa pelo menos
Dois corpos de mesmo volume, um oco e outro ma-
ciço, o empuxo tem a mesma intensidade.
uma vez por ano, mantendo a tampa bem
fechada para evitar a entrada de sujeira e
Peso Aparente (Pap) detritos que podem contaminá-la. Con-
serte ou troque, se for o caso, torneiras
Um corpo mergulhado num fluido fica sujeito ao e registros que apresentem vazamento,
empuxo, força vertical para cima. Por outro lado, este
pois além de aumentar a conta no fim do
corpo possui peso, que é uma força vertical para baixo. A
força resultante sobre o corpo é chamada peso aparente mês, ocasionam o desperdício desse bem
e é dada por: cada vez mais raro. Seja consciente em
Pap = P–E em N, no SI, em que: sua casa e em seu ambiente de trabalho,
• Pap é o valor do peso aparente do corpo. oriente seus colegas, faça sua parte. En-
• P é o peso do corpo.
fim, pratique a cidadania.
• E é o empuxo sobre o corpo.
Quando estamos na água, nos sentimos mais le-
MOOMSABUY /SHUTTERSTOCK.COM

ves, na verdade estamos sentindo nosso peso aparen-


te. O nosso peso continua o mesmo, mas parte dele é
anulado pelo empuxo que sofremos.

Dependendo do valor do peso (P) e do valor do


empuxo (E), ou das massas específicas do corpo (μc) e
do líquido (μL), um corpo maciço pode afundar, subir
ou permanecer em equilíbrio.
• Afundar: quando P > E ; μc > μL
• Subir: quando P < E ; μc < μL
• Equilíbrio: quando P = E ; μc = μL

E E
E

P
P P

P=E fica E>P sobe P>E desce

HIPERCONHECIMENTO 191
Física

Capítulo
Trabalho e energia
5 Lixo industrial pode fornecer
energia
CONCEITO DE ENERGIA/ENERGIA
CINÉTICA Um novo calorífico, com capacidade
de gerar entre 50% e 80% mais calor
O termo energia é bastante conhecido, as expres-
que o carvão mineral, foi desenvolvido
sões energia atômica, energia elétrica, energia solar etc.
são expressões de nosso cotidiano. Neste ponto, você vai no CIENTEC/RS pelo russo Vsevolod
aprofundar esse importante conceito, especialmente a Mymrin. O produto, que está à espera de
energia mecânica, em suas duas formas: a energia ciné- patente, apresenta a vantagem de utili-
tica e a energia potencial.
zar rejeitos industriais, que normalmente
poluem o meio ambiente.
Propriedades da energia
Entre as principais propriedades do conceito de O combustível é uma variante dos
energia, convém destacar as seguintes: combustíveis utilizados como fonte de
energia dos fornos industriais do exte-
• A energia não é uma grandeza vetorial, não está
associada a nenhuma direção e sentido e, por- rior, que utilizam piche, breu, alcatrão ou
tanto, não pode ser representada por um vetor. É argila como aglutinante, o combustível
uma grandeza escalar, do mesmo modo que massa proposto utiliza resíduos petroquímicos e
e temperatura.
rejeitos industriais como aglutinante.
• A energia é uma grandeza física que caracteriza
um certo estado de um corpo, em que um corpo
Segundo o autor da invenção, “há o
possui uma certa quantidade de energia.
• A energia pode se apresentar numa grande varie- reaproveitamento dos rejeitos industriais,
dade de formas: energia mecânica, energia elétri- despoluindo o ambiente e fornecendo
ca, energia química, energia térmica, energia atô- mais energia para as indústrias, sendo
mica, energia nuclear, energia luminosa, energia
solar etc.
uma alternativa eficaz e economicamen-
• A energia pode-se transformar de um tipo em ou- te atraente para controlar a poluição”.
tro. De fato, são precisamente as transformações
(Adaptado de Ciência Hoje, maio/2001, ed. nº 171, p. 55.)
de energia mais dignas de estudo e de maior im-
portância prática.
• A energia pode ser transferida de um corpo para ou-
tro. Quantidade de energia em diferentes
• A propriedade mais importante da energia é que processos
ela se conserva: em todas as transformações de
energia de um tipo para outro e em todas as trans- • Energia necessária para elevar de 1°C
ferências de energia de um corpo para outro, a a temperatura de 1 litro de água
energia total não aumenta nem diminui, ela man- 4,2 . 103 J
tém o seu valor. • Energia consumida por uma lâmpada de
100 W, acesa por 1 hora
Falar de energia, portanto, é falar da lei da conser- 3,6 . 105 J
vação da energia. • Energia diária necessária por uma pessoa
(média aproximada)
Unidades de energia 107 J
• Energia que se obtém da combustão
No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unida- de 1 litro de gasolina
de de energia é o joule. Seu símbolo é J. 3,5 . 107 J
O múltiplo mais comum é o quilojoule (k J), sendo • Energia proveniente do Sol que chega à
que 1 k J = 1.000 J. Terra em cada segundo
1,7 . 1017 J

192 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

Equivalência entre diferentes unidades de energia energia cinética do corpo. Se a força for contrária, have-
1 cal = 4,2 J rá diminuição da energia cinética do corpo, sendo esse
1 kcal = 4.200 J aumento ou diminuição da energia igual ao produto da
1 kW . h = 3,6 . 106 J força pelo deslocamento do corpo. Se a força for perpen-
O joule e seus múltiplos são aplicáveis a qualquer dicular (90°) ao deslocamento do corpo, não há aumento
tipo de energia, por razões históricas ou práticas em nem diminuição da energia cinética do corpo.
determinados campos da ciência ou da técnica se em-
pregam, também outras unidades.
A energia cinética
Na biologia e na química e em estudos relaciona- aumenta, pois a
força está a favor F
dos com o calor, emprega-se frequentemente a caloria F
da orientação do
(cal) e seu múltiplo, a quilocaloria (kcal). Na eletricida- movimento.
de, utiliza-se o quilowatt hora (kW. h).

A energia cinética A energia cinética


diminui, pois a
força está contra F F
A energia mecânica apresenta-se sob duas formas: a orientação do
energia cinética e energia potencial. Vamos começar nosso movimento.
estudo pela energia cinética. Todo corpo que se encontra
em movimento possui energia, pelo simples fato de estar F
A energia cinética
se movendo. A esta energia que os corpos possuem, quando permanece a
estão em movimento, dá-se o nome energia cinética. mesma, pois a força
está perpendicular
à orientaçao do
movimento. F
Exemplo:
O vento é ar em movimento, portanto, possui ener-
gia cinética. Quando o vento move as pás de um moi- O produto entre força e o deslocamento recebe um
nho, está transferindo parte de sua energia cinética para nome. O nome designado é trabalho mecânico e é sim-
as pás (as pás se movem). bolizado pela letra grega τ.
O moinho agora pode fazer o seu trabalho de moer, Portanto, podemos expressar essa definição na
para o qual era requerida energia. equação:
Quanto vale a energia cinética?
A energia cinética que um corpo em movimento
possui depende de dois fatores: sua massa e sua ve- Influência da inclinação da força
locidade. A equação que permite calcular a energia
cinética de um corpo é a seguinte: Você analisará agora forças que não são paralelas nem
perpendiculares ao deslocamento do corpo. A força incli-
nada é decomposta em Fx, horizontal, e em Fy, vertical:
, em que

• Ec é a energia cinética do corpo. F


FY FY
• m é sua massa.
• v é sua velocidade.
No SI, as unidades são: Ec se mede em J; m em FX FX
kg; e v em m/s.
A força inclinada F é igual à soma da força FX e da força
Fy
TRABALHO – MEDIDA DE TRANSFERÊNCIA
DE ENERGIA FY

O trabalho mecânico FX

Suponha que você queira analisar um caso no qual


a energia cinética de um corpo varia. Esse é um caso de A força inclinada F pode ser substituida pelas Forças Fx e Fy
transferência ou transformação de energia.
Para que a energia cinética de um corpo aumen-
te ou diminua, é necessário que o corpo receba ou Cálculo de Fx
ceda energia ou que produza uma transformação de
energia de algum outro tipo de energia em energia F
cinética e vice-versa.
Ao aplicar uma força num corpo, na mesma dire-
FX = F . cos
ção e sentido do deslocamento, haverá um aumento na
FX

HIPERCONHECIMENTO 193
Física
DEFINIÇÃO DE TRABALHO PARA medida da transferência de energia, quando um corpo
QUALQUER TIPO DE FORÇA aumenta ou diminui sua velocidade.
• Em segundo lugar, o trabalho mecânico está sempre
A expressão geral do trabalho para qualquer tipo de associado a uma força, sendo conveniente falar em
força é: “trabalho mecânico efetuado por uma força sobre um
τ = F . d . cos θ , em que: corpo”. Se a força tem o mesmo sentido que o deslo-
• τ é o trabalho mecânico, em joules (J). camento, ele é positivo e a energia cinética aumenta.
• F é a força que efetua o trabalho mecânico, em Se a força tem sentido contrário ao deslocamento, ele é
newton (N). negativo e a energia cinética diminui. Se a força é per-
• d é o deslocamento (distância) percorrido pelo pendicular ao movimento, o trabalho mecânico é nulo.
corpo, em metros (m).
• θ é o ângulo entre a força e a trajetória do corpo. ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL

Sinal do trabalho mecânico realizado por Como você viu anteriormente, a energia mecânica
uma força sobre um corpo pode apresentar-se na forma de energia cinética ou na
forma de energia potencial.
Se a força e o deslocamento têm o mesmo sentido, Na realidade, existem vários tipos de energia po-
o trabalho é positivo. tencial, no entanto, neste momento vamos analisar so-
Se a força e o deslocamento têm sentidos opostos, mente uma delas: a energia potencial gravitacional que
o trabalho é negativo. um corpo possui quando se encontra sob a influência
Se a força é perpendicular ao deslocamento, o tra- do campo gravitacional da Terra. Para começar nossa
balho é nulo, isto é, vale zero. análise, considere alguns exemplos.
Observe que, se uma força estiver atuando sobre Exemplo 1:
um corpo e não houver deslocamento do corpo, o tra- Se jogamos um objeto verticalmente para cima, obser-
balho, do ponto de vista da Física, será nulo. vamos que, à medida que sobe, a energia cinética vai dimi-
A unidade de trabalho mecânico é a mesma unidade nuindo paulatinamente até chegar a zero no ponto mais alto
da energia: o joule (J). Portanto, 1J = 1N. m. da trajetória, pois a velocidade no ponto mais alto é zero.
Durante a descida, ao contrário, a energia cinética
Relação entre trabalho mecânico e variação aumenta até alcançar seu máximo valor no momento
de energia cinética que chega ao chão.
Essas variações de energia cinética são explicadas
O trabalho mecânico efetuado sobre um corpo é exata- pelo trabalho mecânico realizado pela força peso do cor-
mente igual à variação da energia que o corpo sofre. po durante o movimento do objeto.
Se uma força F efetua um trabalho mecânico sobre De fato, sabe-se que a força peso atua sempre para
um corpo, então sua energia cinética Ec apresenta uma baixo e, portanto, durante a subida o peso e o deslocamen-
variação. Entre a variação de energia cinética ΔEc e o tra- to têm sentidos contrários, o trabalho realizado será nega-
balho τ realizado sobre o corpo existe a seguinte relação: tivo, causando diminuição de energia cinética.

Nessas relações:
• ΔEc representa a variação de energia cinética que
o corpo apresenta.
• τ representa o trabalho mecânico efetuado sobre o
corpo.
• Ec(2) representa a energia cinética final do corpo.
• Ec(1) representa a energia cinética inicial do corpo.
No SI, todas essas grandezas são medidas em J.

Resumo
Vamos fazer uma recapitulação e uma sistematiza-
ção de algumas propriedades essenciais do conceito
de trabalho mecânico.
Ec aumenta
• Primeiramente, recordemos que o trabalho me- Ec diminui
Epg diminui
Epg aumenta
cânico está associado às variações sofridas pela
energia cinética de um corpo.
O valor do trabalho coincide com o valor do aumento Na descida, o peso e o deslocamento têm o mes-
ou diminuição da energia cinética, surgindo daí sua mo sentido e, portanto, o trabalho realizado será positivo
propriedade fundamental: o trabalho mecânico é a causando o aumento da energia cinética.

194 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

A interpretação da mesma situação pode ser feita Uma propriedade importante


de forma diferente: da energia potencial
Podemos pensar que, durante a subida, se produz uma
transformação de energia cinética em energia potencial. Ao Você viu que, se um corpo se move pelo campo gra-
chegar no ponto mais alto, a velocidade do corpo é zero, isto é, vitacional da Terra, sua energia potencial varia. Essa va-
toda a energia cinética transformou-se em energia potencial. riação de energia potencial depende somente de sua po-
Durante a descida, ao contrário, é produzida uma sição inicial e posição final, isto é, a mudança da energia
transformação inversa: a energia potencial adquirida na potencial não depende da trajetória feita para chegar até
subida vai se transformando em energia cinética durante a posição final. Portanto, a variação da energia potencial
a descida. Quando o corpo chega ao chão, a sua velocidade não depende do “caminho”, mas somente da diferença de
é máxima e, portanto, sua energia cinética é máxima en- altura entre a posição inicial e a posição final.
quanto a energia potencial é mínima.
Exemplo 2: Equação para o cálculo da
Da mesma forma, para colocar uma mala, que está energia potencial gravitacional
no chão, sobre uma mesa é necessário que ela rece-
ba energia; esta energia entregue será armazenada na A energia potencial gravitacional é o trabalho da
forma de energia potencial gravitacional. força peso no deslocamento de um ponto a outro:
Em termos gerais, pode-se dizer que, se um corpo Epg = m . g . h , em que:
se afasta do centro da Terra, sua energia potencial au- • m é a massa.
menta, e, se um corpo se aproxima do centro da Terra, • g é a aceleração da gravidade do local.
sua energia potencial diminui. • h é a altura em que o corpo se encontra.
Unidades no SI: Epg [ J ], m [ kg ], g [ m/s2 ] e h [ m ].
Para sair do
chão, a mala
recebe energia.
O nível zero de energia potencial gravitacional
Para nós, o que tem significado físico não é o valor da
energia potencial em tal momento, mas as variações ex-
perimentadas num processo de transformação, indepen-
dentes do nível de referência em que medimos a altura h.
Portanto, temos a liberdade para escolher o referen-
cial de medição da altura h. Se o corpo estiver acima do
referencial, os valores da altura serão positivos, sendo a
A energia ficou energia potencial positiva.
armazenada na Se o corpo estiver abaixo do referencial, os valores da
forma de energia
potencial. altura serão negativos, sendo a energia potencial negativa.

Transformação de energias
Nós nos referimos anteriormente à propriedade mais
importante da energia que é conservar-se. A energia que
um corpo possui pode transformar-se de um tipo para ou-
tro ou ser transferida a outro corpo, mas em toda transfe-
rência ou transformação a quantidade total permanece a
mesma durante todo o processo.
Antes de começar esta análise, é importante in-
troduzir uma nova definição: à soma da energia cinéti-
Você está em forma? ca e da energia potencial que um corpo possui daremos
o nome de energia mecânica total (Em), ou simplesmen-
Estudo mostra que pessoas que fazem fre- te de energia mecânica. Isto é:
quentemente exercícios leves, como andar ou
pedalar, queimam em média mais energia que , em que, no SI, em joule [ J ]:
• Em é a energia mecânica.
aquelas que se dedicam à ginástica exaustiva • Ec é a energia cinética.
durante um curto período de tempo. Este últi- • EP é a energia potencial.
mo tipo de atleta, segundo a pesquisa, tende a
ficar inativo períodos mais longos. Transformação de energia cinética em
potencial gravitacional e vice-versa
Cuide da sua saúde!
Ao falar de energia potencial gravitacional, deve-
mos lembrar que o seu valor depende de sua posição em
relação a um referencial.

HIPERCONHECIMENTO 195
Física
Assim, por exemplo, se um corpo se move até uma Para que a soma permaneça constante, é necessá-
posição mais elevada, sua energia potencial aumenta; se o rio que todo aumento ou diminuição da energia cinética
corpo desce, sua energia potencial diminui. seja compensado por um aumento ou diminuição, de
De maneira geral, se um objeto se afasta do centro igual valor, da energia potencial.
da Terra, sua energia potencial aumenta; ao aproximar- Portanto, se há uma variação ΔEc da energia cinética,
-se do centro da Terra sua energia potencial diminui. deverá haver uma variação ΔEP da energia potencial de
Em relação à energia cinética, o seu valor depen- igual valor. Esse fato pode ser expresso da seguinte maneira:
de da velocidade do corpo. Se a velocidade aumenta, a
energia cinética aumenta; se a velocidade diminui, a
energia cinética do corpo diminui. A equação (3) não nos diz nada de novo em relação
A transformação da energia cinética em potencial ao processo, mas destaca a relação que existe entre as
implica, portanto, se o corpo diminui sua velocidade variações da energia cinética e potencial.
ao mesmo tempo em que se afasta do centro da Terra. Se levarmos em consideração que a energia mecâ-
De forma análoga, numa transformação de ener- nica total se conserva, a equação (4) poderá ser escrita
gia potencial em cinética deve ocorrer o processo in- como segue:
verso, isto é, a velocidade aumenta ao mesmo tempo
em que o corpo se aproxima do centro da Terra.
Veja um exemplo: suponha que alguém jogue Conforme dito anteriormente, o conteúdo de todas
para cima uma pedra. Conforme a pedra sobe, sua essas equações é o mesmo: todas elas se referem ao fato
energia potencial vai aumentando, uma vez que a al- de que, sob certas condições, a energia mecânica total de
tura aumenta, e, ao mesmo tempo, a energia cinética um corpo se mantém constante. Cada uma das equações
diminui, à medida que sua velocidade vai diminuindo, destaca um aspecto diferente do mesmo fato.
e assim se vai produzindo a transformação da energia
cinética em potencial, supondo que não há nenhuma Em que condições se mantém constante a
perda de energia mecânica. As energias vão variando, energia mecânica total?
mas a soma delas permanece constante.
No ponto mais alto que a pedra atinge, a velocida- É conveniente recordar que nem sempre a ener-
de é zero, portanto, a energia cinética é zero; a altura é gia mecânica se mantém constante, pois poderá haver
máxima, portanto, a energia potencial é máxima. transferência de energia para outro corpo ou uma trans-
Na descida, ocorre o inverso: a velocidade vai au- formação para um outro tipo de energia.
mentando, portanto, a energia cinética vai aumentan- Então, em que condições ela efetivamente se
do, enquanto a energia potencial vai diminuindo, pois conserva? A resposta é simples: quando não recebe ou
a altura vai diminuindo. cede energia para outros corpos.
Quando a pedra chega ao chão, a altura vale zero, Alguns casos concretos em que ela se conserva:
portanto, a energia potencia l é zero; no entanto, a velo- • Em casos nos quais a única força que atua durante seu
cidade é máxima; portanto, a energia cinética é máxima. movimento é somente o seu peso e a força de atrito é
Em todo o processo de subida e descida, as energias desprezível.
mudaram de valor, mas a soma delas permaneceu constante. • Em casos em que há forças atuando sobre o corpo, po-
rém, as mesmas são perpendiculares ao deslocamento.
Várias maneiras de dizer a mesma coisa Sob as condições acima, são válidas as equações
dadas anteriormente e pode-se definir a: Lei da Conser-
No exemplo analisado, partimos do fato de que a vação da Energia Mecânica:
energia mecânica total do corpo se mantém constante Devemos observar que a Lei da Conservação da
durante todo o movimento. Energia Mecânica é um caso particular da Lei da Con-
Matematicamente, pode-se expressar esse fato da servação da Energia.
seguinte maneira:
Em = constante (1)
Essa expressão é uma forma compacta de dizer que
a energia mecânica total manterá seu valor, sem que se “Se um corpo não recebe nem cede energia
produzam aumentos ou diminuições.
Uma vez que a energia mecânica total é igual à
mecânica ao seu meio, então sua energia me-
soma das energias cinética e potencial, pode-se rees- cânica se manterá constante.”
crever a equação (1) da seguinte forma:
Ec + EP = constante (2)
Mesmo tendo o mesmo conteúdo que a equação (1), ao
dar-lhe uma forma diferente, estamos variando o aspecto que ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA
queremos enfatizar. Neste caso, estamos reforçando o fato de
que os valores da energia cinética e potencial podem variar, Vimos que a energia potencial gravitacional de um
porém, a sua soma permanece constante, isto é, não muda. corpo, isto é, a energia armazenada num corpo, devido

196 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 2

6
à altura em que esse corpo se encontra, permite que a
força peso desse corpo realize trabalho. De forma se-
melhante, a energia potencial elástica armazenada num
corpo permite que a força elástica realize trabalho. Como
Capítulo
primeiro passo vamos estudar a força elástica.
Impulso e quantidade
Força elástica (Fel) de movimento
Força elástica (Fel) é a força contrária que aparece
numa mola quando se aplica uma força (F) sobre a mola, IMPULSO
puxando ou empurrando, isto é, quando puxamos ou
empurramos uma mola com uma força F, a mola res- Neste capítulo, você estudará um novo conceito
ponde com uma força igual e contrária chamada força que amplia as descrições das Leis de Newton, vistas
elástica (Fel). O valor da força elástica depende do mate- anteriormente. Quando uma força atua sobre um
rial da mola, diâmetro do fio etc. e de quanto deslocamos corpo, é razoável pensar que sua atuação é por um
a mola. Levando em consideração esses fatores, o valor certo intervalo de t mpo. A grandeza física que rela-
da força elástica é dado por: ciona a atuação de uma força (F) durante um certo
intervalo de tempo (Δt) é chamada de impulso (I). A
descrição matemática de Impulso é dada por:
em N, em que:
• Fel é o valor da força elástica. , em N.s, no SI, em que:
• k é a constante da mola (características da mola),
em N/m. • I é o impulso.
• x é o deformação sofrida pela mola, em m. • F é a força que atua no corpo, em N.
• Δt é o intervalo de tempo em que a força atua sobre
A intensidade da força elástica é proporcional à defor- o corpo, em s.
mação x, também conhecida como Lei de Hooke.

Trabalho da força elástica


O trabalho da força elástica pode ser positivo ou ne-
gativo.
Quando puxamos ou empurramos a mola, a força
elástica é contrária ao movimento, portanto, o trabalho é F
negativo, também chamado de trabalho resistente. Quando
a mola está comprimida ou alongada e a soltamos, ela volta
para a posição natural, sendo a força elástica a favor do mo-
vimento, portanto, o trabalho é positivo, também chamado
de trabalho motor. O valor do trabalho é dado por:

em J, no SI, em que:
• τ é o trabalho realizado pela mola.
• k é a constante da mola (características da mola), em
N/m.
x é o deslocamento da mola, em m.

Energia potencial elástica (Epel)


A energia potencial elástica de uma mola compri- Impulso é uma grandeza vetorial e, portanto, possui
mida ou alongada, em relação a uma referência, é igual módulo (valor), direção e sentido.
ao trabalho que a força elástica vai realizar: • O valor é dado por: .
• A direção é a da força F.
• O sentido é também da força F.

Portanto, Epel representa a energia potencial elásti- Como exemplo, podemos considerar um jogador
ca na posição cuja deformação é x em relação à posição de futebol quando chuta a bola. Suponha que a força
natural da mola. do chute seja de 300 N e o tempo que o pé do jogador

HIPERCONHECIMENTO 197
Física
fica em contato com a bola seja 0,1 s. O impulso dado Sendo uma grandeza vetorial quantidade de movi-
na bola será dado por: mento, possui intensidade, direção e sentido, em que:
• a intensidade será , em kg . m / s.

⇒ I = 300 . 0,1 ⇒ I = 30 N.s • a direção é a mesma de v .

• o sentido é o mesmo de v .
O impulso dado na bola será de 30 N.s.
Por meio de um gráfico F x Δt, é possível deter- Teorema do Impulso
minar o impulso pela área do gráfico, uma vez que a
área do gráfico é numericamente igual ao impulso: “O Impulso da força resultante num intervalo de
Neste exemplo, o impulso da força F será: tempo é igual à variação da quantidade de movimento
Área do gráfico = Impulso ⇒ Área = 200. 8 = 1.600 N. do corpo no mesmo intervalo de tempo.”
s⇒
Impulso = 1.600 N. s.

F (N) O teorema do impulso é de validade geral para


qualquer tipo de movimento, introduz os conceitos
de impulso e quantidade de movimento e estabelece
200 a medida, o valor em que a variação da quantidade de
movimento é o impulso da força resultante.
Em função do teorema do impulso se conclui que
a unidade de impulso N . s e a unidade de quantidade
de movimento kg. m/s são equivalentes.
Área = Impulso
Sistema Isolado
Um sistema isolado de forças externas é um sistema
em que não atuam forças externas sobre ele ou a resul-
tante das forças externas sobre ele é nula, ou ainda as
forças externas comparadas com as forças internas são
muito pequenas, podendo ser desprezadas.
0 8 t (S)

Quantidade de movimento Conservação da Quantidade


de Movimento
Além do impulso, há uma outra grandeza que am-
plia as descrições das Leis de Newton: é a quantidade A quantidade de movimento de um sistema isolado
de movimento (Q). Essa grandeza apresenta caracte- é constante, portanto:
rísticas fundamentais, ou seja, ela não pode ser cria-
da ou destruída; ela sempre se conserva. Considere um
corpo de massa m com uma certa velocidade v, num
determinado referencial. A quantidade de movimento Apesar de quantidade de movimento permanecer
desse corpo é dada pela grandeza vetorial: constante, a energia mecânica pode não permanecer,
isto é, o princípio da conservação da energia é indepen-
dente do princípio da conservação da quantidade de mo-
vimento.

Q=m.V
198 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 3

UNIDADE 3 Termologia

Capítulo
Calor
1 dras de gelo para que fique geladinho. O que ocorre
com o gelo e o refrigerante? O gelo em contato com o
refrigerante quente vai derretendo e o refrigerante vai
esfriando, pois ocorre uma transferência espontânea
de energia térmica do refrigerante para o gelo. Calor é
definido como a energia térmica que passa esponta-
neamente de um corpo mais quente para um corpo

O
estudo do calor, suas formas de propagação e mais frio.
fenômenos ligados à sua transmissão são co- Até quando essa passagem de energia continua? A
nhecidos pelo homem há muito tempo. Du- resposta é simples: até que a quantidade de energia entre
rante longo período o homem lidou de forma em- os dois corpos fique idêntica, ou seja, até que os corpos
pírica ao observar o fenômeno (como a dilatação ou fiquem com a mesma temperatura. A essa situação de
absorção do calor); utilizava-o por meio da tentativa e equilíbrio de temperaturas damos o nome de equilíbrio
erro. Com a Revolução Industrial, começaram a usar térmico.
máquinas térmicas para substituir a força animal ou
humana em tarefas como tear, as locomotivas no
lugar dos cavalos, levando os cientistas da época a
pensar e repensar em teorias que explicassem e prin-
cipalmente conduzissem a uma aplicação tecnológi-
ca que rendesse lucros. Hoje, o estudo do calor nos
rendeu aplicações práticas, como as geladeiras, mi-
cro-ondas, as placas coletivas de energia solar, cho-
cadeiras, entre outros aparatos tecnológicos simples
ou complexos.

CALOR E ENERGIA
Formas de propagação do calor
Como você sabe, os corpos materiais são for-
mados por moléculas, e estas moléculas não estão Você já sabe o que é o calor e sua forma de medida, a
paradas, estão em agitação contínua. A agitação das temperatura. Agora você verá como o calor é transmitido de
moléculas está associada à energia cinética das mo- um corpo para outro. O calor é transmitido de três formas:
léculas. Portanto, podemos dizer que os corpos têm por condução, convecção e irradiação.
energia devido à agitação das moléculas. A agitação
pode ser maior ou menor. Quanto maior a agitação, Condução
mais energia e mais quente estará o corpo. Quanto Ocorre em materiais sólidos, ou seja, em ma-
menor a agitação, menos energia e mais frio estará o teriais cuja estrutura molecular é ordenada e coesa.
corpo. Assim, podemos concluir que a temperatura de Você tem exemplo disso em sua casa: quando pega
um corpo está relacionada à energia interna das mo- a concha da sopeira para tomar uma deliciosa canja,
léculas. Portanto, temperatura é a medida da energia “Ui!”, queima a mão na concha de metal. Isso acon-
térmica de um corpo. tece porque a energia da sopa, ao entrar em contato,
Imagine que você colocou refrigerante num copo. com as moléculas da concha de metal é transferi-
O refrigerante está quente e você coloca algumas pe- da para ela. As moléculas da concha são agitadas

HIPERCONHECIMENTO 199
Física
uma atrás da outra até chegar ao final da concha, Irradiação
onde colocamos a mão. A condição importante para É o processo de transmissão em que a energia
a condução é que os materiais estejam em contato térmica é levada por ondas eletromagnéticas de uma
com a fonte de calor e que o material seja um bom região para outra. Na maioria dos casos, as ondas são
condutor de calor. Veja o esquema da propagação na predominantemente de infravermelho.
figura abaixo: Quando você está perto de uma fogueira, o calor
que recebe não é transmitido por condução, pois o ar é
um péssimo condutor; não é por convecção, pois o ar
quente sobe. Portanto, pode-se concluir que a transmis-
são é feita por ondas eletromagnéticas, isto é, por ir-
radiação.

Termometria
Vimos que a temperatura é a medida da energia tér-
mica das partículas que constituem um corpo.
Os aparelhos que medem a temperatura são os
termômetros; os mais comuns são os termômetros
Convecção de mercúrio constituídos por uma cápsula de vidro
Convecção é um processo de transmissão de de pequena espessura e na extremidade de uma das
calor muito importante para a natureza porque é por pontas há um pequeno reservatório com mercúrio,
meio dela que se formam as brisas e os ventos. A movi- chamado bulbo. No interior da cápsula temos o vá-
mentação das massas de ar, quentes e frias, e os fenô- cuo.
menos climáticos estão ligados a ela. É pela convecção O princípio de funcionamento é o aumento de
que aquecemos a água para fazer café e é o processo volume do mercúrio conforme a temperatura cresce e
que ocorre dentro das geladeiras no resfriamento dos a diminuição do volume de mercúrio conforme a tem-
alimentos. Então, como ela acontece? peratura diminui, ocasionando a subida e a descida da
A convecção ocorre quando o calor é transportado coluna de mercúrio na cápsula onde existe a graduação
pelas moléculas de um meio, de uma região para outra da temperatura.
pela ação da gravidade. A gravidade tem uma ação maior
sobre as moléculas que estão em regiões mais densas
fazendo com que estas se desloquem para regiões mais
Vácuo
baixas. Por outro lado, as moléculas situadas em regiões
menos densas tendem a se deslocar para regiões mais
altas. Cápsula
Esse movimento de vaivém das massas faz com que de vidro
o calor seja transmitido de uma região para outra.
Imagine uma panela com água sendo aquecida
num fogão. A água que está no fundo da panela é
aquecida diminuindo sua densidade, fazendo com
que ela suba para a superfície. A água da superfície é Bulbo
mais fria que a do fundo, portanto mais densa, fazendo
com que ela desça. Assim, a água do fundo sobe e a
água da superfície desce, ocasionando uma espécie de
redemoinho. Esse processo é o de convecção.
Escalas
Qualquer pessoa pode construir um termômetro
com sua escala particular, mas imagine a confusão! Ao
Fria longo da História foram criadas muitas escalas, e as me-
nos adequadas foram deixando de ser usadas, atual-
mente são utilizadas três escalas: Celsius, Fahrenheit e
Kelvin.
Quente Correntes Para comparar diferentes escalas foram adotadas
de convecção temperaturas de referência chamadas pontos fixos. Os
pontos fixos são a temperatura de fusão do gelo, ponto
de gelo, e a temperatura de vaporização da água, ponto
de vapor.

200 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 3

A temperatura em Kelvin é representada por K


Ponto do (maiúsculo).
vapor d’água
Ponto de fusão em ebulição
do gelo ( - G) ( -V) Escala Kelvin

Áqua em ebulição (Ponto do vapor)


Gelo fundente
100 intervalos
(Ponto do gelo)
Escala Celsius (°C)
Construída pelo físico sueco Anders Celsius, é a
escala utilizada no Brasil. Os valores definidos para os
pontos fixos foram: 0°C, para o ponto de gelo, e 100°C, (Zero absoluto)
para o ponto de vapor. A escala foi dividida em 100 partes
iguais, valendo cada divisão 1°C, sendo conhecida tam-
bém como escala centígrado.

Escala Fahrenheit (°F) Conversão de temperaturas


Construída pelo físico alemão Daniel Gabriel Fah-
renheit, é a escala utilizada nos países de língua inglesa,
como Estados Unidos e Inglaterra. Os valores definidos 100°C 212°F 373 K
para os pontos fixos foram: 32°F, para o ponto de gelo,
e 212°F, para o ponto de vapor. A escala foi dividida em C F T(K)
180 partes iguais, valendo cada divisão 1°F.
b
a
Escala Kelvin (K)
Idealizada a partir dos estudos de Lord Kelvin 0°C 32°F 273 K
sobre a agitação de partículas em gases e os níveis
energéticos térmicos possíveis para as moléculas. Ele
idealizou um estado mínimo de energia, no qual a
molécula não vibra, e o chamou de zero absoluto. Os ZERO ABSOLUTO
valores definidos para os pontos fixos foram: 273 K
para o ponto de gelo e 373 K para o ponto de vapor. A
escala foi dividida em 100 partes iguais, valendo cada tC = T – 273
divisão 1 K. A escala Kelvin é conhecida como escala tF = 1,8 tC + 32
absoluta, pois o zero de sua escala representa a me-
nor temperatura possível de se encontrar. Na unidade
Kelvin não se utiliza a palavra “grau” antes da unidade. Variação de temperatura
Assim, 80 K lê-se oitenta Kelvin.
Num mesmo dia ocorrem mudanças na tempera-
tura, ora mais quente, ora mais fria. Vamos supor que
Escala Fahrenheit a temperatura na manhã seja 15°C e, ao meio dia, 22°C.
Qual foi a variação da temperatura ( t) nesse período?

A variação da temperatura ( t) é a diferença entre o


valor final (t) e o valor inicial (t0) do período:

No exemplo acima: , t = 7 °C
intervalos

Conversão da variação de temperaturas:

HIPERCONHECIMENTO 201
Física

Qual a razão de ser


Capítulo
Dilatação térmica
2
da termologia?
DILATAÇÃO TÉRMICA EM SÓLIDOS
Sempre ouvimos falar que os trilhos de trem, fios
de alta tensão e anéis ficam maiores no verão que no
inverno. Para soltar as tampas metálicas dos vidros de
alimentos, aquecemos a tampa, e esta, ao dilatar mais
que o vidro, pode ser aberta mais facilmente. Todas es-
sas observações estão ligadas ao fenômeno conhecido
como dilatação térmica.
Por que os corpos aumentam ou diminuem de
tamanho? Isso acontece porque, ao receber calor,
as moléculas do corpo aumentam o seu espaço entre
os átomos e, ao aumentarem, o corpo aumenta seu
tamanho.
Quando diminuímos a temperatura de um corpo, os
átomos vibram a menores distâncias entre si e, por con-
sequência, todo o corpo diminui de tamanho. O quanto
um corpo aumenta ou diminui de tamanho depende
do material de que é feito e de quanto aumentamos ou
diminuímos a temperatura.

A termologia teve enorme participação


na Revolução Industrial, com o adven- Temperatura
( nivel de agitação térmica)
to da máquina a vapor e do motor de
combustão interna. Hoje, a termologia é
A variação do tamanho de um corpo ocorre em
fundamental para a compreensão e dis- todas as direções, mas em alguns casos somente uma
cussão das questões ligadas à poluição e das direções nos interessa analisar:
conservação do meio ambiente, assuntos
debatidos em todas as sociedades do Dilatação linear
mundo moderno. Ela também se mostra Está relacionada à dimensão do comprimento (uma
útil para compreender situações comuns dimensão), somente a variação do comprimento (∆L) do
ao nosso dia a dia, por exemplo, qual é o corpo. A equação é dada por:
melhor combustível? Gasolina ou álcool?
Por que os alimentos cozinham mais
rápido numa panela de pressão? Todo em que:
mundo diz que a água ferve a 100°C, • ∆L é a variação de comprimento sofrida pelo corpo.

mas na minha casa ferve a 95°C. Será • α é o coeficiente de dilatação linear do material, re-
que tem alguma coisa errada? Outro presentando a proporção em que o material varia
dia, fui à praia de carro e na descida da com a variação da temperatura. A unidade é em °C–1.
serra meus ouvidos ficaram “tampados”.
• L0 é o comprimento inicial do corpo.
Por que isso ocorre? A essas e a muitas
outras perguntas você responde com os • ∆t é a variação da temperatura que o corpo sofre,
conhecimentos em termologia. em °C.

202 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 3

Dilatação térmica em líquidos


Como os líquidos não possuem forma própria, e
sim a do recipiente que o contêm, em qualquer variação
do seu volume se tem de levar em consideração a dilata-
L comprimento ção do recipiente que o contém.
A dilatação do recipiente faz com que se tenha
uma impressão incorreta da variação do líquido que
Dilatação superficial está dentro dele. Essa impressão incorreta da variação
do líquido recebe o nome de dilatação aparente. A va-
Está relacionada à área (duas dimensões), à variação riação volumétrica real do líquido é dada por:
da área (∆S) do corpo. A equação é dada por:
em que:

em que: • ∆VR é a variação real do líquido.


• ∆S é a variação da área sofrida pelo corpo. • ∆VA é a variação aparente do líquido.
• β é o coeficiente de dilatação superficial do mate- • ∆VF é a variação do frasco (recipiente).
rial, representando a proporção em que o mate-
rial varia com a variação da temperatura. A uni- Variação real do líquido
dade é em °C –1.
• S0 é a área inicial do corpo. É dada por:
• ∆t é a variação da temperatura que o corpo sofre,
em °C. em que:
• ∆VR é a variação real do líquido.
• γR é o coeficiente de dilatação volumétrico real do
líquido, em °C–1.
• V0 é o volume inicial do líquido.
• ∆t é a variação da temperatura que o líquido sofre, em °C.

A área da superfície Variação aparente do líquido


É dada por:

Dilatação volumétrica em que:


• ∆VA é a variação aparente do líquido.
Está relacionada ao volume (três dimensões), à varia- • γA é o coeficiente de dilatação volumétrico aparen-
ção do volume (∆V) do corpo. A equação é dada por: te do líquido, em °C –1.
• V0 é o volume inicial do líquido.
• ∆t é a variação da temperatura que o líquido sofre, em °C.
em que:
• ∆V é a variação do volume sofrida pelo corpo. Variação do frasco (recipiente)
• γ é o coeficiente de dilatação volumétrico do ma-
terial, representando a proporção em que o mate- É dada por:
rial varia com a variação da temperatura. A unida-
de é em °C–1. em que:
• V0 é o volume inicial do corpo. • ∆VF é a variação do frasco.
• ∆t é a variação da temperatura que o corpo sofre, • γF é o coeficiente de dilatação volumétrico do
em °C. frasco, em °C–1.
• V0 é o volume inicial do frasco.
Relação entre os coeficientes α, β e γ • ∆t é a variação da temperatura que o frasco sofre, em °C.

V volume

HIPERCONHECIMENTO 203
Física

Capítulo
Mudanças de fase
3
ESTADOS FÍSICOS
Nós conhecemos os três estados de agregação da
matéria: sólido, líquido e gasoso. O que define o estado de
agregação da matéria são as forças de coesão entre os áto-
mos e moléculas, isto é, as forças que os mantêm ligados.
O estado mais coeso, mais ligado, é o estado sólido, no
qual os átomos e moléculas mantêm uma posição relativa-
mente fixa entre si. Conforme essas forças de coesão vão
ficando menores, pelo aumento da temperatura, temos
um estado menos coeso; os átomos e moléculas mantêm
Um problema de
uma relação entre si, mas suas posições são relativamente
dilatação de metais móveis caracterizando o estado líquido. No estado gasoso,
a energia interna é maior que no estado líquido, isto é, a
Apesar do sucesso das técnicas portugue-
temperatura é maior, ocasionando a perda de vínculo entre
sas de navegação por latitude, a impreci- os átomos e moléculas da substância; elas movimentam-
são na determinação das longitudes era -se independentemente uma das outras. Nos três estados,
um problema para as navegações em mar os átomos ou moléculas da substância não se modificam,
aberto. Por exemplo, o cálculo da latitude apenas a posição relativa entre elas é que se altera.
O que ocorre se aumentarmos a temperatura para
de Porto Seguro, na época do descobri-
além do estado gasoso? Os átomos começarão a desa-
mento, apresentou um erro tão grande, gregar-se, isto é, a composição de átomo que define uma
que o colocou onde está Brasília atual- substância será desfeita, restando uma massa de prótons,
mente. Assim, por questões de segurança, elétrons e nêutrons. Este estado é conhecido como plasma,
viajava-se em mar aberto somente de o quarto estado da matéria; em nossos estudos esse estado
dia, pois os recifes não tinham posições não será considerado.
corretas nos mapas. Os repetidos choques
com recifes, por problemas de localização
incorreta, levaram as grandes potências
navais a oferecer prêmios milionários a
quem resolvesse o problema, provocando
uma verdadeira corrida tecnológica.

O problema só foi sanado com a cons-


trução do primeiro relógio de precisão,
feito por John Harrisson (1693-1776).
Mudança de estado físico
Seus relógios náuticos, feitos de madei- Todos nós sabemos que, se aquecermos um cubo
ras tropicais, liberavam óleos naturais, de gelo, ele derreterá, isto é, a água do estado sólido pas-
dispensando a lubrificação; o pêndulo sará para o estado líquido. Da mesma forma, se conti-
nuarmos o aquecimento, ela se transformará em vapor.
era de tiras de bronze e aço, ajustadas
O que ocorreu com a água? É simples: conforme fomos
para evitar a dilatação dos metais, e o fornecendo energia térmica, isto é, fomos aumentando
mecanismo de escapamento que mati- a temperatura, a água mudou de estado.
nha o período das oscilações constante, Quando uma substância muda de estado? Existe uma
independentemente da energia arma- temperatura-limite a partir da qual a estrutura molecular
zenada na mola, produziram um relógio de uma substância se modifica. Nesse valor de tempera-
tura-limite, se fornecermos ou retirarmos energia térmica
que permitia um cálculo suficientemente da substância, isto é, se fornecermos ou retirarmos calor
preciso para uma boa navegação. Graças da substância, ocorrerá uma mudança de estado físico da
a isso, cá estamos nós hoje! substância. A essa temperatura-limite, em que ocorre mu-

204 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 3

dança de estado, dá-se o nome de temperatura de mudan- A análise do diagrama de fases é importante porque
ça de estado ou temperatura de mudança de fase. facilita a verificação dos pares de pressão e temperatura
Por exemplo, a água: imagine que temos água líquida. onde o material é sólido, líquido ou gasoso e o estudo de
Se aquecermos a água até 100 °C e continuarmos o aqueci- suas propriedades.
mento, ela mudará de estado, tornar-se-á vapor. Por outro A primeira característica que vemos são as substân-
lado, se resfriarmos a água até 0 °C e continuarmos o resfria- cias normais e as exceções, em que o volume aumenta
mento, ela mudará de estado, tornar-se-á sólida, isto é, gelo. quando a temperatura diminui em determinadas faixas de
Na maioria das substâncias temos duas temperaturas temperatura.
de mudança de estado, uma vez que temos três estados fí-
sicos, uma temperatura de mudança de estado para limite P NORMAIS
entre dois estados. Devemos observar que o valor das tem-
p - pressão
peraturas de mudança de estado das substâncias depende T - temperatura
absoluta
da pressão atmosférica do local onde ocorre a mudança.
Dependendo de que mudança ocorre e como ocor-
re, ela recebe um nome:
• fusão: mudança de estado sólido para o líquido, pelo T

aumento da temperatura. Ex.: derretimento do gelo.


• solidificação: mudança do estado líquido para o P EXCEÇÕES
sólido, pela diminuição da temperatura. Ex.: água
líquida em gelo.
• vaporização: mudança do estado líquido para o
gasoso, pelo aumento da temperatura. Ex.: quando
fervemos a água.
• condensação: mudança do estado gasoso para T
o líquido, pela diminuição da temperatura. Ex.:
quando o vapor entra em contato com os azule- Depois vemos as regiões distintas.
jos da cozinha ou banheiro e escorre.
• sublimação: mudança do estado sólido diretamen-
te para o gasoso, pelo aumento da temperatura.
• cristalização: mudança do estado gasoso diretamen-
te para o sólido, pela diminuição da temperatura.

vaporização
fusão

liquefação
solidificação

sublimação

DIAGRAMA DE FASES
Uma forma de caracterizar as substâncias é observar
seu diagrama de fases. Os diagramas de fases são gráficos de
pressão X temperatura que mostram as regiões dos estados fí-
sicos com as curvas de mudança de estado, representando as
fronteiras das regiões. Os pares de pressão e temperatura que
recaem sobre as curvas são condições para que a substância
apresente os dois estados que a curva separa, simultanea-
mente. Há um ponto no diagrama que indica a condição de
pressão e temperatura em que os três estados podem ocor-
rer de forma simultânea: é o ponto tríplice, sendo o ponto no
qual as curvas se encontram.

HIPERCONHECIMENTO 205
Física

4
Desta forma, temos seu diagrama de fases com-
pleto como na figura abaixo.

tado.
Observe as curvas de p, t para a mudança de es- Capítulo
Calorimetria

QUANTIDADE DE CALOR (Q)


Falamos muito sobre fenômenos que ocorrem
quando aumentamos ou diminuímos a temperatura,
mas ainda não falamos da energia que provoca este au-
mento ou diminuição, isto é, não falamos da quantida-
de de energia que provoca essas mudanças. A calorime-
tria estuda quanto calor passa de um corpo para o outro
durante a transmissão, quanto calor é necessário para
algo mudar de estado, ou quanto de energia um corpo
armazena em si em forma de calor e também quanto um
Note nos exemplos abaixo os valores de t e p para corpo cede ou recebe de calor para que haja o equilíbrio
duas substâncias: a água e o gás carbônico. térmico.
Em Física, simbolizamos o calor pela letra Q e sua
unidade no Sistema Internacional, por ser energia, é o
p(atm) CO2 Joule (J). A unidade prática que usamos é a caloria (cal)
e seu múltiplo kcal (kilocaloria), que vemos nos rótulos
dos alimentos.

T Uma caloria é definida por:


5
A quantidade de calor (Q) necessária para elevar em
1 1°C, 1 g de água, nas condições normais de temperatura
e pressão.
-78 -56,6 A quantidade de calor (Q) pode ser definida de duas
formas:
• quantidade de calor sensível (QS): é a quantidade
p(mmHg) de calor, recebida ou retirada de um corpo, capaz
H2O de provocar uma alteração na temperatura deste
corpo.
760 • quantidade de calor latente (QL): é a quantidade de
calor, recebida ou retirada de um corpo, capaz de
T provocar uma mudança na estrutura molecular
4,58
do corpo. Toda estrutura molecular possui uma
condição na qual, em vez de ocorrer aumento ou
diminuição da temperatura, ocorre uma altera-
0 ção na estrutura de suas moléculas.
0,01 100

Um exemplo dessas duas quantidades de calor é


quando vamos fazer café. Colocamos água fria numa
panela, colocamos a panela no fogão e acendemos o
fogo. A água vai aumentando de temperatura até chegar
à temperatura de fervura (calor sensível). Se continuar-
mos com o fogo aceso, a água começa a vaporizar, até
terminar toda a água (calor latente).
Antes de darmos a expressão matemática de QS e
QL, vamos estudar outras características do calor nos
corpos.

206 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 3

Capacidade térmica (C) • Q é quantidade de calor latente fornecida ou re-


tirada do corpo.
Mede o quanto de calor um corpo consegue armaze- • m é a massa do corpo.
nar dentro de si para que haja uma determinada variação de
temperatura. Quantidade de calor latente (QL)
A expressão matemática de C é dada por:
Fazendo um arranjo na expressão anterior, obtemos a
expressão que determina a quantidade de calor latente
recebida ou cedida por um corpo:
em cal / °C ou J / °C no SI, em que:
• C é a capacidade térmica.
• Q é a quantidade de calor sensível fornecida ou re- Observe que a quantidade de calor latente não de-
tirada do corpo. pende da temperatura, uma vez que nas mudanças de
• ∆t é a variação de temperatura. estado a temperatura fica constante.

Calor específico (c) Curvas de aquecimento e resfriamento


Da mesma forma que a capacidade térmica, o calor Podemos estudar o resfriamento ou aquecimento
específico mede a quantidade necessária para a variação de qualquer substância por meio de um gráfico de tem-
da temperatura de uma unidade de massa, isto é, para peratura x quantidade de calor, o qual chamamos curva
uma quantidade certa de massa: 1g, 1kg. A expressão ma- de aquecimento e resfriamento da substância.
temática de c é dada por: Observe o exemplo abaixo:

no SI em que
• c é o calor específico
• Q é a quantidade de calor sensível fornecida ou re-

SO
tirada do corpo.

SO
• ∆t é a variação de temperatura.

GA
Ebulição
• m é a massa do corpo. DO

Quantidade de calor sensível (Qs)


I
QU

Fazendo um arranjo na expressão anterior, obtemos


Fusão
a expressão que determina a quantidade de calor sensí-
O

vel recebida ou cedida por um corpo:


D
LI

sensível latente sensível latente sensível


É chamada Equação Fundamental da Calorimetria
e irá medir a quantidade de calor sensível que um corpo Pelo gráfico, percebemos que nos patamares (par-
absorve ou transmite a outro. tes horizontais) ocorrem as mudanças de estado, pois
a temperatura é constante, e ocorrem os aumentos e
Calor latente (L) diminuições de temperatura.
Logo:
Além de medirmos o calor necessário para aumen- • nas partes inclinadas temos as quantidades de ca-
tar e diminuir a temperatura de um corpo podemos me- lor sensível necessárias ao aumento e diminuição
dir o calor necessário para um corpo mudar de estado. da temperatura do corpo.
A grandeza que mede esse calor se chama calor latente, • nos patamares (partes retas) temos as quantidades
simbolizado pela letra L. de calor latente necessárias às mudanças de estado
O calor latente é obtido em função do calor ne- do corpo.
cessário para a mudança de estado de uma unidade
de massa, isto é, para uma quantidade certa de massa: Troca de calor entre corpos
1 g, 1 kg. A expressão matemática de L é dada por:
O que ocorre quando existem dois ou mais cor-
pos trocando de calor? Como saber o quanto um
em cal / g ou J / g no SI, em que: corpo cede ou absorve de energia até atingir o equi-
líbrio térmico? Qual será a temperatura de equilíbrio
• L é o calor latente. térmico?

HIPERCONHECIMENTO 207
Física

5
Haverá fluxo de energia térmica do mais quente
para o mais frio até que todos os corpos atinjam a mes-
ma temperatura, isto é, até que haja o equilíbrio térmico
entre os corpos. Durante as trocas de calor, constata-
Capítulo
-se que a quantidade de calor cedida por um corpo é
numericamente igual à quantidade recebida pelo outro Estudo dos gases
corpo. Convencionamos que quem cede calor tem sinal
negativo (-) e quem recebe calor tem sinal positivo (+).

G
Assim, se a quantidade de calor cedido é igual ao calor ás é um fluido que apresenta uma força de coe-
recebido entre os corpos e os sinais são contrários, a são fraca entre suas moléculas, ocorrendo gran-
soma das energias térmicas é nula. Portanto, nas trocas de distanciamento entre elas e cerca de 99% do
de calor temos: volume ocupado por um gás é espaço vazio. As molé-
culas de um gás apresentam um movimento contínuo e
desordenado chamado movimento brawniano, levando
ou o gás a se expandir e ocupar todo o espaço que lhe é
oferecido.
As características de um gás são representadas por
Potência térmica três grandezas: volume (V), pressão (p) e temperatura
(T), sendo conhecidas como as variáveis de estado de
É a grandeza que mede a quantidade de calor que uma um gás.
determinada fonte consegue fornecer numa unidade de Para nossos estudos utilizaremos um modelo de
tempo. Sua expressão matemática é dada por: gás, isto é, um gás que possui características ideais, cha-
mado gás ideal. Nosso gás ideal tem as seguintes carac-
terísticas:

em cal / s ou J / s ou W (watt) no SI, pois 1J / s = 1W, • o movimento de suas moléculas é contínuo e de-
em que: sordenado, regido pela Mecânica newtoniana;
• P é a potência.
• Q é o calor cedido ou recebido. • as colisões entre as moléculas são perfeitamente
elásticas, isto é, não há perda de energia;

• não há forças de coesão entre as moléculas;

• as moléculas não têm volume próprio.

O gás ideal não existe na natureza. É um modelo de


gás; porém, um gás real pode chegar bem próximo do
comportamento do gás ideal, dependendo da tempera-
tura e pressão a que é submetido.

EQUAÇÃO DE CLAPEYRON
Para descrever o que acontece com os gases, o fí-
sico francês Paul Émile Clapeyron estabeleceu uma re-
lação entre as variáveis, p, T e V e o número de mol (n) de
um gás ideal, nas condições normais de temperatura e
pressão. A relação é dada por:

, em que:

• R é uma constante de proporcionalidade, igual


para todos os gases, é chamada constante univer-
sal dos gases perfeitos.
• n é o número de mol do gás.
• p é a pressão do gás.
• V é o volume que o gás ocupa.
• T é a temperatura do gás, expressa em kelvin (K).

208 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 3

Fazendo um arranjo matemático, temos a seguin-


te expressão: Diagrama de
Clapeyron

estado 2

A expressão obtida é chamada equação de Cla- estado 1


peyron e ela relaciona as variáveis de estado da quan-
tidade de mol de um gás ideal.

Valores de R
Os valores de R só dependem das unidades das va- Já vimos que os gases perfeitos sofrem transfor-
riáveis de estado: mações quando vão de um estado para outro. A trans-
formação sempre ocorre quando uma das três variáveis
• para pressão em atmosferas (atm), o volume em do gás é alterada. Existem transformações particula-
litros (l) e a temperatura em kelvin (K), temos: res, em que apenas uma das três variáveis é mantida
constante e as duas outras variam. Nessas condições,
as transformações particulares são:

• transformação isocórica ou isovolumétrica: quan-


• no SI, isto é, para pressão em N/m², volume em m³ do o volume (V) é mantido constante e a pressão
e temperatura em kelvin (K), temos: (p) e a temperatura (T) variam. Sendo o volume
constante, V1 = V2, a Lei Geral dos Gases passa a
ser:

RELAÇÃO ENTRE DOIS ESTADOS DE UM GÁS


Essa relação é comumente conhecida como Lei de
Dada uma massa de gás ideal, podemos relacionar Charles.
dois estados quaisquer desse gás. Basta aplicar a equa-
ção de Clapeyron para os dois estados. Aplicando a
equação para os dois estados, obtemos a relação:

, em que:

• P1, V1 e T1 são as condições das variáveis de estado,


numa condição.
• P2 , V2 e T2 são as condições das variáveis de estado,
na outra condição.
Essa expressão é chamada de Lei Geral dos Gases
Perfeitos ou Lei Geral das Transformações.
Condições Normais de Pressão e Temperatura • transformação isobárica: quando a pressão (p) é
(CNPT ou TPN): mantida constante e o volume (V) e a tempera-
• Temperatura: 0 °C = 273 K tura (T) variam. Sendo a pressão constante, p1 =
• Pressão: 1 atm 105 N/m² p2, a Lei Geral dos Gases passa a ser:
V 1 = V2
T1 T2
Transformações gasosas
Essa relação constitui a Lei de Charles para a trans-
Dizemos que um gás perfeito sofreu uma transforma- formação isobárica.
ção quando ele passa de um estado para outro, isto é, se • transformação isotérmica: quando a temperatura
houve alterações em suas variáveis de estado. Essa trans- (T) é mantida constante e o volume (V) e a pres-
formação de estado pode ser expressa por de um diagrama são (p) variam. Sendo a pressão constante, T1 =
ou gráfico. O gráfico p x V dessa transformação é chamado T2, a Lei Geral dos Gases passa a ser:
de Diagrama de Clapeyron. P1V1 = P2V2

HIPERCONHECIMENTO 209
Física

6
Essa relação é comumente conhecida como Lei de
Boyle.
Capítulo
Termodinâmica

Efeito estufa e oceanos


V ocê vai iniciar o estudo de termodinâmica, que
analisa as relações que existem entre as variáveis
do gás (p, V, T) e o calor produzido num sistema
e a sua capacidade de realizar alguma tarefa.
A termodinâmica é de primordial importância no
estudo das máquinas térmicas, tais como motores à
explosão e máquinas a vapor. Foi esse estudo que im-
pulsionou o desenvolvimento da tecnologia durante a
Revolução Industrial.
Nossos estudos serão sobre as relações entre ca-
lor, energia interna do gás e trabalho do gás. Você já
sabe o que é calor, e, como primeiro passo, vamos de-
senvolver os conceitos de energia interna e trabalho.

ENERGIA INTERNA (U)


Chamamos de energia interna a soma de todos os
tipos de energia que os átomos e moléculas de um gás
podem ter, tais como: energia cinética de translação
da molécula, energia cinética de rotação, energia
potencial de vibração, energia potencial de ligação,
Dois estudos apresentam evidências de entre outras. Como o nosso gás é ideal, as moléculas só
que o aquecimento dos oceanos é resul- possuem energia cinética de translação, isto é, energia
tado das atividades humanas que contri- cinética devido ao seu movimento.
buem para o chamado efeito estufa, isto
é, a elevação da temperatura média da Variação de energia interna (∆U)
Terra. A queima de combustíveis fósseis A energia interna (U) de um sistema não é medida di-
(gasolina, diesel etc.) é tida como um retamente. No entanto, a variação da energia interna (∆U) é
importante no processo termodinâmico. Nas transforma-
dos fatores responsáveis pela elevação
ções gasosas, a variação da energia interna (∆U) é sempre
da temperatura do planeta. O fenômeno acompanhada de variação de temperatura (∆T), sendo que
ganhou um nome de efeito estufa por- ∆T = T2 – T1. A expressão matemática que dimensiona a
que os gases resultantes da queima ficam variação da energia interna de um gás ideal é dada por:

presos na atmosfera da mesma forma em J, em que:


que o calor fica preso dentro de uma es-
tufa de plantas, porém, a relação entre a • ∆U é a variação da energia interna do gás.
queima de combustíveis e a elevação da • n é o número de mol do gás.
• R é a constante universal dos gases ideais.
temperatura sempre foi controversa. • T2 é a temperatura final da transformação.
• T1 é a temperatura inicial da transformação.
Esses resultados e os resultados de outra Observe que a energia interna de uma certa quanti-
pesquisa, que detectou um aumento de dade de gás é função exclusivamente de sua temperatura.
0,06°C nos oceanos de 1955 para cá, são Se durante a transformação a temperatura final do
gás for maior que a temperatura inicial, houve aumen-
a mais forte evidência até agora de que
to da temperatura, a energia interna do gás também
existe relação entre a queima de com- aumentou. Por outro lado, se a temperatura final for
bustíveis e o aumento da temperatura menor que a temperatura inicial, houve diminuição da
terrestre. temperatura, a energia interna do gás também dimi-
nuiu. Se a temperatura permanece constante, a ener-
gia interna do gás também permanece constante.

210 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 3

Trabalho termodinâmico (τ)


Trabalho é a medida de transferência ou transfor-
d (deslocamento)
mação de energia. Quando uma força realiza uma tarefa
alterando a energia de um corpo, houve trabalho, e tra-
balho é a medida dessa alteração.
No caso dos gases, imagine um cilindro aberto em
cima com um êmbolo móvel. Entre o fundo do cilindro
e o êmbolo temos um gás. O que ocorre se aquecermos
A (área da base)
o gás? O gás aumentará a energia interna e aumentará
de volume, empurrando o êmbolo para cima. Se houve
uma alteração na altura do êmbolo, sua energia potencial Determinação do trabalho por meio de gráficos
gravitacional foi alterada, portanto, houve trabalho do gás.
No caso, a diferença de altura do êmbolo está relacionada Também podemos calcular o trabalho termodinâ-
com o aumento de volume do gás; tudo isso ocorreu em mico de uma transformação qualquer por meio de grá-
pressão constante, isto é, da pressão atmosférica. ficos. A área do gráfico que vai da linha da transforma-
Portanto, o trabalho de um gás está relacionado com a ção até o eixo horizontal do volume é numericamente
variação de volume do gás (∆V) e da pressão (p). A expressão igual ao trabalho realizado pelo gás.
matemática que relaciona essas grandezas é dada por: Área ≈ τ
em J, em que: Podemos também calcular, por gráficos, o trabalho
• τ é o trabalho do gás. em uma transformação cíclica de um gás. A área do in-
• p é a pressão durante a transformação. terior da figura, formada da transformação, será nume-
• ∆V é a variação do volume do gás. ricamente igual ao trabalho em 1 ciclo.
O trabalho de um gás pode ser positivo, negativo ou • Se o ciclo for na direção horária, o trabalho é positivo.
nulo, conforme a variação do volume: • Se o ciclo for na direção anti-horário, o trabalho é
• trabalho positivo: quando o gás se expande, au- negativo.
menta de volume.
• trabalho nulo: quando o volume do gás não muda,
permanece constante.
• trabalho negativo: quando o gás é comprimido, di-
minui de volume. Diagrama de Clapeyron

Motor revolucionário

Pela primeira 1º PRINCÍPIO DA TERMODINÂMICA


vez foi ligado
O primeiro princípio da termodinâmica é para as
o motor Deep transformações gasosas uma reafirmação do Princí-
Space (Nasa), pio da Conservação da Energia, que diz que nenhuma
o qual fun- energia é criada ou perdida, ela sempre está sendo trans-
formada ou transferida.
cionou por Assim, podemos dizer que todas as variações de
apenas quatro energia internas de um gás ocorrem pela difusão do ca-
minutos. O combustível clássico foi lor trocado com o meio externo e o trabalho executado
pelo gás. A expressão matemática que relaciona essas
substituído por íons de gás xenônio, igual
grandezas é dada por:
ao utilizado pela nave da série Jornada ∆U = Q - τ em J, em que:
nas Estrelas. O impulso do motor é fraco, • ∆U é a variação da energia interna do gás.
porém se mantém por muito tempo, • τ é o trabalho do gás.
• Q é a energia térmica trocada com o meio externo
permitindo ao veículo espacial atingir uma
pelo gás.
velocidade de 13 mil km/h. Os sinais das grandezas envolvidas no 1o princí-
pio podem ser:

HIPERCONHECIMENTO 211
Física
QUANTIDADE DE CALOR (Q)
AB - Transf. adiabática
Q > 0: O sistema recebe calor do meio externo. CD - Transf. isotérmica

Q < 0: O sistema cede calor ao meio externo.


Q = 0: O sistema não troca calor com o meio externo.

TRABALHO (τ)
τ > 0: O sistema realiza o traballho sobre o meio isoterma
externo (volume aumenta).
τ < 0: O sistema recebe trabalho do meio externo
(volume diminui). 2º Princípio da Termodinâmica e o ciclo de
τ = 0: O sistema não troca trabalho com o meio Carnot
externo (volume não varia).
O 2º Princípio da Termodinâmica está ligado a um
VARIAÇÃO DE ENERGIA INTERNA (∆U) comportamento da natureza a que chamamos de entro-
∆U >0: A energia interna do sistema aumenta pia, que diz que os sistemas possuem uma tendência a
(temperatura aumenta). degradar suas características. No caso da energia, a for-
∆U < 0: A energia interna do sistema diminui ma mais degradada é o calor. Esse princípio pode ser
(temperatura diminui). definido de duas formas:
• “O calor não passa espontaneamente do corpo
∆U = 0: A energia interna do sistema não varia
mais frio para o mais quente.” (Clausius)
(temperatura não varia).
• “É impossível construir uma máquina térmica
que, operando em ciclos, retire calor de uma fon-
1ª LEI DA TERMODINÂMICA NAS te quente e o transforme integralmente em traba-
TRANSFORMAÇÕES PARTICULARES lho.” (Kelvin e Planck)
O engenheiro francês Nicolas Carnot (1796-1832),
• Transformação isobárica: nesse caso, a pressão é por meio de seus estudos sobre máquinas térmicas,
constante, o volume e a temperatura variam. Por- verificou que:
tanto, há trabalho e variação da energia interna: • “Para que uma máquina térmica funcione de
∆U = Q - τ em J. modo contínuo, ela deve operar em ciclos entre
• Transformação isotérmica: nesse caso, a temperatu- duas fontes térmicas, uma quente e outra fria.”
ra é constante, o volume e a pressão variam. Portan- A expressão matemática que mostra essa condição é:
to, há trabalho, mas a energia interna não varia: τ = Qq – Qf em J, em que:
τ = Q em J. • τ é o trabalho executado pela máquina térmica.
Todo calor é convertido em trabalho. • Qq é a energia térmica retirada da fonte quente.
• Transformação isovolumétrica: nesse caso, o volume é • Qf é a energia transferida para a fonte fria, a energia
constante, a pressão e a temperatura variam. Portanto, excedente que não foi transformada em trabalho.
não há trabalho, mas a energia interna varia:
∆U = Q em J. Rendimento de uma máquina térmica (η)
Todo o calor é armazenado na forma de energia in-
terna. O termo “rendimento”, em Física, é utilizado para
dimensionar, em termos de porcentagem, quanta
Transformação adiabática energia é aproveitada por uma máquina térmica em
relação ao total de energia térmica que ela recebe.
Quando um gás realiza um trabalho sem receber Assim, temos algumas relações matemáticas que nos
calor externo, o trabalho realizado é à custa de sua pró- dão esse percentual, expresso em decimais:
pria energia interna (∆U). Esse tipo de transformação re- , em que
cebe o nome de transformação adiabática. A expressão
matemática que mostra esta condição é: • η é o rendimento da máquina térmica.
τ = – ∆U em J. • Qq é o calor recebido da fonte quente.
As trocas de calor entre o gás e o meio devem ocor- • Qf é o calor excedente transferido para a fonte fria.
rer lentamente. • Tf é a temperatura da fonte fria.
Para que a troca seja lenta, devemos fazer com que o • Tq é a temperatura da fonte quente.
processo seja rápido, evitando que haja tempo para trocas • τútil é o trabalho útil, a energia efetivamente trans-
de calor. formada em trabalho.
As transformações adiabáticas podem ser feitas por O rendimento não tem unidade, é um número adi-
expansão ou compressão do gás. mensional.

212 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 4

UNIDADE 4 Eletricidade

Capítulo
Eletrização
1 LEI DE DUFAY
Enuncia que:
• cargas elétricas de mesmo sinal se repelem;
• cargas elétricas de sinais contrários se atraem.

A
o retirarmos uma blusa de lã, em dias secos,
ouvimos pequenos estalos e, se estivermos no
escuro, vemos pequenas faíscas de eletricidade
saltando da blusa para o corpo. Certos materiais plás-
ticos, quando atritados, ficam carregados eletricamen-
te, passando a atrair pedacinhos de madeira, tecido,
papel, fatos observados desde a antiga Grécia. Esses
fatos são conhecidos como fenômenos eletrostáticos,
ocasionados por cargas elétricas em repouso.

CARGAS ELÉTRICAS
Princípio da enunciação das cargas elétricas
As cargas elétricas são a evidência do caráter elétri-
co que a matéria possui. Há dois tipos de carga: Enuncia que:
• positiva, associada ao próton; “A soma algébrica das cargas positivas e negativas é
• negativa, associada ao elétron. constante num sistema isolado eletricamente, podendo
Dependendo de como essas cargas estiverem distri- haver troca de cargas entre os corpos.”
buídas, poderemos dizer que um corpo está: Para exemplificar, imagine dois corpos, A e B, ele-
• eletrizado positivamente: quando o número de trizados com cargas elétricas QA e QB, respectivamente.
elétrons for menor que o número de prótons; Vamos admitir que houve troca de cargas entre eles e as
• eletrizado negativamente: quando o número de novas cargas são Q’A e Q’B.
elétrons for maior que o número de prótons;
• eletricamente neutro: quando possuir iguais quan-
tidades de prótons e elétrons.

De acordo com o Princípio da Conservação das


Cargas Elétricas, a carga elétrica total antes é igual à car-
Corpo positivo Corpo negativo Corpo neutro ga elétrica depois, isto é:

HIPERCONHECIMENTO 213
Física
Processos de eletrização Se ligarmos esses corpos por um fio condutor, alguns
elétrons de A passarão para B, deixando-o negativo.
Existem três tipos de processo de eletrização: por Nesse outro caso, temos um corpo positivo A liga-
atrito, contato ou indução. Dependendo da natureza do do por um fio condutor para B (neutro). Elétrons fluirão
corpo a ser eletrizado e do processo utilizado, teremos de B para A, deixando este último positivo.
um tipo de carga.
Observe que:
Atrito • Se B for isolante, não haverá eletrização.
• Se A e B forem condutores geometricamente idên-
Neste processo, os corpos atritados ficam eletriza- ticos, após contato eles terão cargas iguais.
dos com cargas elétricas de sinais contrários, mas sem-
pre com mesmo valor absoluto.
Por exemplo, se atritarmos um pedaço de seda num
vidro, a seda arrancará elétrons do vidro e irá absorvê- A B
-los, ficando negativa, e o vidro, que perdeu elétrons,
ficará positivo.
Observe a tabela abaixo: aquele que ocupa posi-
ção superior na série é o que perde elétrons para o que
está na posição inferior, ficando positivo.

Série Triboelétrica:
A B

• pele de coelho
• vidro
• mics
• lã Indução
• pele de gato Na eletrização por indução, o induzido eletriza-
• seda -se com carga de sinal contrário a do indutor. Ao
• algodão aproximarmos um corpo positivamente eletrizado
• madeira num outro eletricamente neutro, os elétrons livres
• âmbar do último serão atraídos pelo corpo positivo, acu-
• ebonite mulando-se na região mais próxima possível. Já na
• enxo região mais afastada ficam os excessos de cargas
positivas. Esse fenômeno é denominado indução
• frecobre
eletrostática.
• celuloide
Veja que para que B fique eletrizado, deve-se apro-
ximar A de B e realizar a seguinte sequência:
Contato
Se colocarmos em contato dois condutores, um ele-
tricamente negativo e outro eletricamente neutro, este
último se tornará negativo.

Veja os exemplos abaixo:

A B • na presença do indutor (A) encoste o dedo em B


(induzido).

A B

214 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 4

Fazendo isso, os elétrons sobem da terra e neutrali- Os tipos comuns são:


zam a carga positiva induzida de B.
• na presença do indutor, desfaz-se a ligação do in-
duzido com a terra (tira-se o dedo) afasta-se o in-
dutor.

Eletroscópio de lâminas

Pêndulo elétrico

Os elétrons em excesso no
induzido espalham-se imedia- ELETRICIDADE
tamente por ele. Sendo assim, ATMOSFÉRICA
eletriza-se negativamente.
A nossa atmos-
fera permanece eletri-
zada, mesmo em dias
Veja agora a secos, quanto mais A nuvem eletriza-se
operação realizada, alta, mais eletrizada é
considerando um a atmosfera. Por outro
indutor negativo: lado, as nuvens, devi-
Note que, ao do ao atrito com o ar,
ser efetuada a li- vão se eletrizando, as
gação do induzido partículas positivas,
com a terra, os elé- que são mais pesadas, são separadas facilmente das partí-
trons, que cons- culas negativas, que são mais leves. Essa separação forma
tituem as cargas nuvens positivas e nuvens negativas, surgindo entre elas
do induzido, de uma forte atração.
mesmo sinal que Quando as nuvens que estão se atraindo estão a uma
a carga do indu- certa distância, a isolação do ar é rompida e uma descar-
tor, escoam para a ga elétrica ocorre entre as nuvens. A essa descarga elétrica
terra. No final do chamamos de raio; seu efeito luminoso é o relâmpago e o
processo, temos B efeito sonoro, o estrondo, que é o trovão.
eletricamente po-
sitivo.

Fio terra
O fio terra é usado para o escoamento das car-
gas elétricas em excesso para a terra. Portanto, se
não houver um fio ligado à terra num aparelho, e ele
estiver com acúmulo de carga, quando o tocarmos,
faremos o papel do fio, onde escoarão as cargas em
excesso. Além dos raios, as auroras boreais são fenômenos
provocados pela eletricidade atmosférica.

Eletroscópios Aurora boreal.


Existe um dispositivo utilizado para indicar se um
corpo está ou não carregado eletricamente. Esse dispo-
sitivo chama-se eletroscópio.

HIPERCONHECIMENTO 215
Física

2
CAMPO ELÉTRICO
Capítulo Você já aprendeu em mecânica que o planeta Terra
e os demais planetas exercem uma determinada influên-
cia sobre os corpos colocados nas regiões do espaço ao
Lei de Coulomb e seu redor, à qual chamamos de atração gravitacional.
campo elétrico A região do espaço, em torno do planeta, onde quais-
quer corpos são atraídos por ele, denomina-se campo
gravitacional. O mesmo conceito pode ser aplicado às

V
ocê aprendeu que corpos com cargas opostas se cargas elétricas e às forças de interação atuantes no es-
atraem e corpos com cargas iguais se repelem. paço que os cerca.
Essa atração ou repulsão é devida ao aparecimen-
to de forças originadas. Essas forças aparecem aos pares, Observe:
sendo ação e reação, de acordo com a 3ª Lei de Newton;
portanto, têm mesma intensidade, mesma direção, porém
com sentidos contrários.

meio qualquer

Podemos conceituar campo elétrico como a região


do espaço em torno de uma carga ou de uma superfície
carregada (Q), onde qualquer corpo eletrizado (q) fica su-
jeito à ação de uma força de origem elétrica (F).
Percebemos que ao redor da carga fixa Q (carga
meio qualquer geradora) existe um campo elétrico manifestando-se
por meio da força de repulsão F que impulsiona a car-
ga móvel q. O valor da força F depende da distância da
Nesse tema, vamos considerar as cargas puntifor- carga q até a carga fixa Q, quanto menor a distância,
mes, isto é, como pontos. A intensidade da força elé- maior é a força F.
trica entre duas cargas separadas por uma distância
e num certo meio é expressa matematicamente por:

, em N, no SI, em que:

• F é a força elétrica.
• K é a constante eletrostática que caracteriza o meio em
que as cargas estão imersas, em N. m² /C2. Pela Lei de Coulomb, podemos chegar ao valor do
• q1 e q2 são os valores das cargas elétricas, em C campo elétrico:
(coulomb).
• d é a distância entre as cargas, em m. ou
O valor de K para o vácuo é 9 . 109 N. m² / C2 . A
constante K, no ar, tem um valor aproximado igual
ao do vácuo. A unidade do campo elétrico é N/C, no SI.

Observe:
ALGUNS VALORES DE K • na primeira expressão, o campo elétrico pode ser
interpretado em função da força que atua sobre
Água 1,1 . 108 N . m2/C2 uma carga puntiforme colocada no interior desse
campo.
Etanol 3,6 . 108 N . m2/C2
• na primeira expressão, o campo elétrico é direta-
Benzeno 2,3 . 109 N . m2/C2 mente proporcional à carga fixa e inversamente pro-
porcional à distância ou quadrado (d2) entre a carga
Petróleo 3,6 . 109 N . m2/C2 fixa e o ponto onde se pretende medir o campo.

216 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 4

O valor do campo elétrico varia, isto é, cada ponto


da região do campo tem um valor, dependendo da dis-
tância do ponto à carga fixa.

Quanto gastamos pela utilização


de um aparelho elétrico?
Faça você mesmo a experiência! • num sistema formado por duas cargas fixas positi-
vas de mesmo valor teremos:
Procure saber a potência do seu aparelho
(pode ser qualquer um, desde chuveiro, bar-
beador, rádio, etc.). Também será necessário o
conhecimento do tempo (em horas) de consu-
mo deste por você.

Agora, com os dados na mão, faça o seguinte:

Pegue o valor da potência de seu aparelho e


divida por mil (para que o valor saia em kw).
Multiplique o tempo por 30 (referente ao • para duas cargas elétricas puntiformes com valores
número médio de dias/mês). Calcule a ener- desiguais teremos:
gia consumida multiplicando esses resultados
obtidos para saber o quanto foi gasto por mês
neste aparelho.

Linhas de força ou linhas de campo


À trajetória seguida por uma carga de prova positi-
va, dentro de um campo elétrico, damos o nome de linha
de força.

Exemplos: • para um campo elétrico uniforme (CEU), que con-


siste em segmentos de retas paralelas entre si, ob-
• para um campo elétrico gerado por uma carga fixa tido por meio de placas eletrizadas, ao invés de
positiva ou negativa, as linhas de força serão: cargas puntiformes, teremos:

Nascem na carga central surgem dos limites do cargo


positiva, prolongando-se até os e morrem na carga central
limites do campo elétrico. negativa.

Nesse caso, as linhas de força são orientadas do


• num sistema formado por duas cargas fixas, de sentido positivo para o negativo e o campo elétrico E
mesmo valor e de sinais contrários teremos: permanece constante entre as placas.

HIPERCONHECIMENTO 217
Física

3
Considerando um certo intervalo de tempo para
a passagem dos elétrons na seção do fio condutor, te-
Capítulo remos o que se chama corrente elétrica (i):

Corrente elétrica em A (ampère), no SI, em que:

N
os capítulos anteriores, analisamos fenômenos • i é o valor da corrente elétrica, em A (ampère), no
de cargas elétricas em repouso. Nos próximos SI.
capítulos, abordaremos os fenômenos relacio- • ∆q é a carga total que passa numa seção do fio
nados a cargas elétricas em movimento. condutor, em C (coulomb).
Imagine um fio metálico no qual atua um campo • ∆t é o intervalo de tempo considerado, em s.
elétrico, gerado pela ligação das pontas do fio a uma ba-
teria ou uma pilha, por exemplo.

Quantidade de elétrons que passam numa seção do fio


Elétrons livres em movimento desordenado. condutor, num certo intervalo de tempo.

No fio condutor existe uma grande quantidade de


elétrons livres em movimento desordenado que, sob a Corrente elétrica contínua
ação do campo elétrico, passam a ter um movimen- e corrente elétrica alternada
to ordenado. Como os elétrons são negativos, o seu
movimento será no sentido contrário ao do campo Chamamos de corrente contínua quando o flu-
elétrico. Portanto, um campo elétrico aplicado num fio xo de elétrons é constante, tanto na quantidade de
metálico cria um fluxo de elétrons ordenado chamado elétrons que passam por uma seção, bem como no
corrente elétrica. sentido de movimento dos elétrons. Exemplos de
geração de corrente contínua são as pilhas e as ba-
terias utilizadas em rádios, celulares e o automóvel.
Corrente alternada é quando o fluxo de elétrons
não é constante, tanto na quantidade de elétrons que
passam por uma seção, bem como no sentido de mo-
vimento dos elétrons. Exemplo de corrente alternada
é a corrente fornecida em nossas casas, nas tomadas,
onde o fluxo de elétrons varia 60 vezes num segundo,
isto é, tem uma frequência de 60 Hz.
Bateria

A intensidade da corrente elétrica depende da quan-


tidade de elétrons que passa numa seção transversal do
fio condutor, num certo intervalo de tempo. Como cada Corrente contínua,
fluxo constante
elétron possui uma carga elétrica, cujo valor é 1,6 . 10–19 (pilhas, baterias).
C (coulomb), a corrente elétrica é a soma das cargas dos
elétrons que passam na seção, num certo intervalo de
tempo.

Assim, a carga total (∆q) que passa numa seção do


fio condutor é dada por:
em C (coulomb), no SI, em que: Corrente alternada,
• ∆q é a carga total. fluxo variável (energia
• n é a quantidade de elétrons que passa numa seção elétrica fornecida para
do fio condutor. as casas, fábricas etc.).
• e é o valor da carga de um elétron, cujo valor é 1,6.
10–19 C (coulomb).

218 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 4

4
UNIDADES
Como vimos, a unidade de corrente elétrica no SI é
ampère, em homenagem ao cientista francês André-
Capítulo
-Marie Ampère, e o símbolo é A; esta é uma unidade
fundamental do Sistema Internacional de Unidades
(SI). A unidade ampère apresenta os seguintes sub-
Resistência elétrica
múltiplos usuais:

D
• miliampère: mA, sendo 1/1.000 A ou 0,001 A ou 10–3 A. ando continuidade ao estudo da eletricidade, es-
tudaremos agora um importante elemento utili-
• microampère: mA, sendo 1/1.000.000 A ou zado em circuitos eletroeletrônicos e em diver-
0,000001 A ou 10–6 A. sos aparatos usados em nossas casas, que é a resistência
elétrica.
A partir do ampère, definimos a unidade de carga
Coulomb (C) como sendo: 1C = 1A . 1s (um ampère . um Diferença de potencial (ddp)
segundo).
No capítulo anterior, você viu que um campo elé-
trico num condutor pode ser obtido ligando-se esse
condutor aos polos de uma bateria ou pilha. Isso ocor-
re porque as baterias ou pilhas são elementos capazes de
manter uma diferença de potencial (ddp) entre os seus
polos. O polo positivo de uma bateria tem o potencial
mais alto (VA) e o polo negativo tem o potencial mais
baixo (VB).
Laser ajuda a A ddp ou voltagem ou tensão (U) é dada por:
regenerar o fígado U = VA – VB em V (volt), no SI, em que:
• U é a diferença de potencial entre os pontos A e B.
Testes experimentais realizados em ratos • VA é o potencial elétrico no ponto A.
• VB é o potencial elétrico no ponto B.
demonstraram que o uso de laser de Uma pilha ou bateria é simbolizada num circuito
baixa potência acelera o processo de como na figura abaixo:
regeneração do fígado em até 10 vezes.
As pesquisas foram realizadas pela Facul-
dade de Medicina de Ribeirão Preto, em
São Paulo. A expectativa da equipe é de
que o novo método apresente a mesma
eficácia em seres humanos, passando a
ser empregado em pacientes submetidos
Símbolo de um pilha. Pilha.
à remoção parcial do tecido hepático. A
Comissão de Ética do Hospital das Clí-
nicas, em São Paulo, já estuda a possi-
bilidade da adoção do novo método em O movimento das cargas elétricas só é possível se
a ddp U entre dois pontos for mantida. Então, podemos
pacientes.
considerar que a ddp é a causa da passagem da corrente
O uso do laser requer cuidados especiais elétrica (i).
na intensidade, para não provocar danos
celulares, mas, se aplicado corretamente,
mostra-se bastante positivo, pois apre-
senta menos efeitos colaterais que as
drogas normalmente utilizadas.

HIPERCONHECIMENTO 219
Física
RESISTÊNCIA ELÉTRICA: LEI DE OHM Representação da resistência elétrica
Um condutor ligado a uma bateria estabelece uma Em diagramas de circuitos elétricos, a resistência
ddp, ou voltagem, nas pontas desse condutor, que por elétrica é representada conforme abaixo:
sua vez provoca a passagem de uma corrente elétrica
(i), isto é, a voltagem movimenta as cargas elétricas (elé-
trons livres), que constituem a corrente elétrica. Durante
o movimento, as cargas elétricas realizam colisões con-
tra os átomos e moléculas do condutor, que assim ofe-
recem uma resistência à passagem da corrente elétrica
através do condutor.

Resistência de um material
A experiência mostra que a resistência de um fio
Essa resistência que ocorre durante a passagem da condutor depende de seu comprimento, da área trans-
corrente elétrica recebe o nome de resistência elétrica. A versal do fio e do material. A expressão que determina
expressão da resistência elétrica é dada por: essa relação é dada por:

R = ρL
, em Ω (ohm), no SI, em que: A
em Ω, no SI, em que:

• R é a resistência elétrica. • R é a resistência do fio condutor.


• U é a voltagem aplicada na resistência. • L é o comprimento do condutor, em m.
• i é a corrente elétrica que passa pela resistência. • A é a área transversal do fio, em m².
• ρ é a resistividade do material do fio, em Ω.m.

Unidades: = 1ohm = 1Ω. Um material será tanto mais condutor quanto me-
nor for sua resistividade. Abaixo alguns valores de resis-
tividade, na temperatura ambiente:
Quanto maior a resistência elétrica, maior a dificul-
dade da corrente elétrica atravessar o condutor.
O cientista alemão Georg Ohm, no século pas-
sado, realizou várias experiências com diversos fios
condutores submetendo-os a diversas voltagens, e Área
verificou que para muitos materiais, principalmente os Transversal
metais, o valor da resistência permanecia constante, in-
dependentemente da voltagem. Esse resultado, expresso
por R = U/i, é conhecido como Lei de Ohm.
Há condutores que obedecem à Lei de Ohm, isto Alumínio: 2,6 . 10–8 Ω.m
é, o valor da resistência permanece constante, inde- Cobre: 1,7 . 10–8 Ω.m
pendentemente da voltagem aplicada sobre ele. Esses Níquel-cromo: 100 . 10–8 Ω.m
condutores são chamados de condutores ôhmicos. Chumbo: 22 . 10–8 Ω.m
Há condutores que não obedecem à Lei de Ohm, Ferro: 10 . 10–8 Ω.m
isto é, conforme varia a voltagem sobre ele o valor da Mercúrio: 94 . 10–8 Ω.m
resistência muda, não permanece constante. Prata: 1,5 . 10–8 Ω.m
A relação R = U/i é válida para qualquer tipo de con- Tungstênio: 5,5 . 10–8 Ω.m
dutor. Exemplo de aplicação:
Se o condutor for ôhmico, o valor de R sempre será Um fio condutor de cobre com 500 m de compri-
o mesmo, independentemente da voltagem, enquanto mento e área transversal de 0,0002 m² terá uma resis-
que, para um condutor não ôhmico, o valor de R variará tência de:
conforme a voltagem aplicada.
A expressão R = U/i também é utilizada na forma U =
R . i.

220 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 4

Associação de resistências
Muitas vezes, nos circuitos elétricos, aparecem
resistências umas ligadas nas outras. Verifica-se que é
possível substituir o conjunto de resistências por uma
única resistência R capaz de fazer o mesmo papel do
conjunto. Essa resistência recebe o nome de resistência
equivalente (Req).

A resistência equivalente para associação em pa-


ralelo é dada por:

O inverso da resistência equivalente é a soma do


inverso do valor das resistências. Se, por exemplo, os
valores de R1, R2 e R3 fossem, respectivamente, 2Ω, 3Ω
e 7Ω, a resistência equivalente seria:

Para determinar a resistência equivalente, estu-


daremos dois tipos de associações: associação em série
e associação em paralelo.

Associação em série
Associação mista: em paralelo e série
É quando as resistências estão ligadas uma atrás
da outra, como as lâmpadas utilizadas nas árvores de Nos circuitos elétricos, geralmente, ocorrem associa-
Natal, que geralmente apresentam ligação em série. ções mistas, isto é, em paralelo e série. Nesse caso, determi-
namos resistências equivalentes parciais e depois determi-
namos a resistência equivalente total.

A resistência equivalente para associação em série


é dada por:

É a soma do valor das resistências. Se, por


exemplo, os valores de R1, R2 e R3 fossem respectiva- Se, por exemplo, os valores de R1, R2 e R3 fossem,
mente, 2Ω, 3Ω e 7Ω, a resistência equivalente seria respectivamente, 2Ω, 3Ω e 7Ω, a resistência equiva-
lente total seria a associação em série entre R3 e R2,
resultando uma Req1 parcial, e depois a associação em
Associação em paralelo paralelo entre a Req1 parcial e R1:

As resistências também podem estar ligadas, con-


forme a figura. Esse tipo de ligação é chamada associa-
ção em paralelo. As lâmpadas dos faróis dos automóveis
e das casas residenciais são exemplos desse tipo de li-
gação.

HIPERCONHECIMENTO 221
Física

Capítulo
Geradores
5
V
ocê viu anteriormente que, para haver uma
corrente elétrica num fio condutor ou cir- Força eletromotriz (fem)
cuito, é necessário colocar um elemento que
proporcione uma diferença potencial e movimente A partir de fatos experimentais, verificamos que a
os elétrons livres, formando a corrente elétrica. Esse potência elétrica total gerada (Pg) por um gerador é dire-
elemento, em nossos exemplos, era uma bateria ou tamente proporcional à intensidade da corrente (i) que
pilha, cuja função era fornecer energia elétrica. Todo passa por ele. Esse fato é expresso por:
o elemento ou aparelho que transforma um tipo qual- Pg = E . i
quer de energia em energia elétrica chama-se gerador em W (watt), no SI, em que a constante de propor-
elétrico. cionalidade, simbolizada pela letra E, é chamada de força
As baterias e pilhas transformam energia química eletromotriz (fem) do gerador. Como consequência, a
em energia elétrica, as hidrelétricas transformam ener- fem de um gerador pode ser definida como:
gia mecânica em energia elétrica, as termoelétricas E = Pg / i
transformam energia térmica em energia elétrica. A unidade, no SI, da fem é o volt (V), pois

Desse modo, podemos dizer que E (fem) é a voltagem


gerada pelo gerador, que não é necessariamente a volta-
gem que ele fornece ao circuito, uma vez que há perdas
internas no gerador, como veremos adiante.

Resistência interna (r)


Dados experimentais mostram que um gerador
em funcionamento normal não fornece ao circuito toda
a potência gerada por ele, parte da potência é consumida
dentro do próprio gerador.
Isso ocorre porque dentro do gerador há conduto-
Gerador elétrico é qualquer aparelho que transforma um tipo res que dissipam, consomem, parte da energia gerada,
qualquer de energia em energia elétrica. transformando essa energia em calor. Esses condutores
internos ao gerador possuem uma certa resistência elé-
Como vimos, um gerador elétrico tem dois polos: trica (r), a qual chamamos de resistência interna.
• polo negativo, que corresponde ao terminal de Desta forma, representamos um gerador num cir-
menor potencial elétrico. cuito da seguinte maneira:

• E é a voltagem gerada pelo gerador, em V, no SI.

(+) polo de maior potencial gerador (pilha)


(-) polo de menos potencial

• polo positivo, que corresponde ao terminal de circuito externo


maior potencial elétrico.
• U é a voltagem fornecida ao circuito, em V, no SI.
É convencionado que a corrente elétrica se movi- • r é a resistência interna do gerador, em Ω, no SI.
menta do polo negativo para o polo positivo, elevando • i é a corrente que passa pelo gerador e pelo circuito,
assim o potencial das cargas elétricas. em A, no SI.

222 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 4

POTÊNCIAS DO GERADOR • U = E – r . i , em V, no SI, em que:


• U é a voltagem lançada no circuito, em V, no SI.
• Potência elétrica total gerada pelo gerador: • E é a voltagem gerada pelo gerador, em V, no SI.
Pg = E . i • r é a resistência interna do gerador, em Ω, no SI.
• Potência elétrica útil lançada no circuito: • i é a corrente que passa pelo gerador, em A, no SI.
Pu = U . i Se o circuito estiver aberto, isto é, como se não
• Potência dissipada internamente pelo gerador: Pd houvesse circuito, o gerador operando sem nada
= r . i2 conectado a ele, teremos que U = E, a voltagem for-
Observe que: Pg = Pu + Pd necida é a própria voltagem gerada.
U=E
Gerador
Se, por outro lado, conectarmos os dois polos do ge-
rador, isto é, operarmos um curto-circuito no gerador,
teremos:
U=0
Quer dizer, quando há curto-circuito no gerador,
a voltagem é zero.

Neste caso, em curto-circuito, a corrente elétrica que


Rendimento de um gerador (η) passa pelo gerador é a máxima corrente que pode atraves-
sá-lo e a chamamos corrente de curto-circuito (icc). Seu
O rendimento de um gerador é o quociente entre a valor será dado por:
potência lançada no circuito e a potência total gerada:

Além disso, toda a potência gerada será dissipada


totalmente na resistência interna do gerador, podendo
O rendimento não possui unidade, é um número danificá-lo. Nesses termos, temos:
admensional, e se multiplicamos por 100 obtemos o
percentual da potência aproveitada. Pg = Pd
Exemplo: Exemplo:
Um gerador tem fem de 100 V e lança no circuito Um gerador tem uma fem de 140V e sua resistência
90 V. interna é 20Ω. Em caso de curto-circuito a corrente será:
O seu rendimento será:
η = (90 / 100).100 = 90%, isto é, o gerador lança no
circuito 90% da energia gerada, os 10% restantes são con-
sumidos internamente pelo gerador.
Curva característica de um gerador
Equação do gerador
A equação de um gerador é U = E – r · i, o que ca-
A equação que relaciona a voltagem gerada, a vol- racteriza uma equação do primeiro grau, ou seja, é uma
tagem lançada no circuito, a resistência interna e a cor- reta. Portanto, a curva característica de um gerador será
rente é expressa por: dada por:

HIPERCONHECIMENTO 223
Física

UNIDADE 5 Magnetismo

Capítulo
Fenômenos magnéticos
1 O fato de o ímã alinhar-se ao polo norte-sul geo-
gráfico permitiu aos chineses a invenção da bússola, que
consiste em uma agulha magnética apoiada sobre um eixo
móvel que está apoiado sobre uma graduação, que são os
pontos cardeais.
Colocando dois ímãs próximos um do outro, ob-
servamos que ocorrem forças de atração e repulsão,

Q
uando se coloca limalha de ferro em contato dependendo da posição dos dois, o que nos permite
com um ímã, observa-se que a limalha de ferro concluir que polos iguais se repelem e polos diferentes
adere a certas regiões do ímã e não sobre todo se atraem.
o ímã. Num ímã em forma de barra, a limalha de ferro
adere às extremidades da barra, as quais denominamos
polos, qualquer ímã possui sempre dois polos.

Quando cortamos um ímã em duas partes, observa-


mos que essas duas partes constituem dois novos ímãs,
Observa-se que um ímã suspenso, de modo que que, apesar de serem menores, têm dois polos e as mesmas
possa girar livremente, po- propriedades de um ímã. Se cortarmos novamente esses
siciona-se na direção nor- ímãs em dois novos ímãs, ocorrerá o mesmo fato, isto é,
te-sul geográfica do local. À agora teremos quatro novos ímãs com dois polos cada, e
região do ímã que toma o assim podemos cortar sucessivamente um ímã que obte-
sentido do norte geográfi- remos sempre um novo ímã.
co denominamos
polo norte (N) do
ímã, e à região
oposta denomina-
Onde eu vou usar os conhecimentos
mos polo sul (S) do sobre eletricidade?
ímã. É comum que
os polos do ímã O estudo do magnetismo complementa os
sejam pintados de estudos da eletricidade, pois está intimamente
cores diferentes. ligado a ela. Elementos ou dispositivos eletro-
magnéticos são muito utilizados em eletro-
domésticos e automóveis, tais como válvulas,
chaves e solenoides, sendo objeto de estudos
Norte avançados em supercondutores.
geográfico

224 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 5

Capítulo
Campos magnéticos
2
CAMPOS MAGNÉTICOS DE ÍMÃS
Da mesma forma que cargas eletrizadas ge-
ram um campo elétrico na região em sua volta, os A partir da experiência de Oersted, vários traba-
ímãs geram um campo magnético na região em sua lhos foram feitos por diversos cientistas, a ciência mo-
volta. derna mostrou que não existe diferença entre o campo
O campo magnético é determinado experimental- magnético provocado por um ímã e um campo mag-
mente, colocando-se uma limalha de ferro sobre uma nético provocado por uma corrente elétrica. O campo
cartolina e o ímã por baixo da cartolina. Uma vez colo- magnético provocado por uma corrente elétrica é es-
cado o ímã, as limalhas de ferro ficarão posicionadas de tabelecido por meio de diversas leis importantes na
forma que indiquem as linhas de indução. No caso de Física.
um ímã na forma de barra, as linhas de indução terão a
seguinte forma:
Campos magnéticos de um condutor reto
Considere um condutor reto, colocado na vertical,
atravessando uma cartolina na horizontal. No condutor
fazemos passar uma corrente (i) no sentido de baixo para
cima. As linhas de campo são circulares e concêntricas,
situadas num plano perpendicular (cartolina), confor-
me a figura:

No caso de um ímã na forma de U, conhecido como


ímã ferradura, a limalha concentra-se ao redor dos polos,
entretanto, na região onde os polos estão paralelos, as li-
nhas praticamente são paralelas, originando um campo
magnético uniforme. Um ponto P, a uma distância (r) do fio, o vetor indu-
ção magnética terá as seguintes características:

• direção: tangente à linha de indução que passa


Campos magnéticos das correntes elétricas pelo ponto P.
• sentido: conforme convenção (vide desenho).
Durante muito tempo, foram estudadas as pro-
priedades dos ímãs sem se levar em consideração
• intensidade: em T (Tesla), no SI, em
a relação entre o magnetismo e a eletricidade. Em
que:
1820, Oersted descobriu que a passagem da cor-
rente elétrica por um fio condutor também pro-
• B é o valor do campo magnético num ponto P, cuja
duz efeitos magnéticos, tais como desviar uma distância ao fio é r.
agulha de uma bússola. Esse fato mudou a situa- • μ0 é a permeabilidade magnética do vácuo, e vale
ção, pois revelou que os fenômenos magnéticos es-
tão intimamente ligados aos fenômenos elétricos. , no SI.
Atualmente, sabemos que os fenômenos magnéticos
ocorrem devido a forças que aparecem quando car- • i é a corrente que passa pelo fio condutor, em A, no
gas elétricas se movimentam. SI.

HIPERCONHECIMENTO 225
Física
• r é distância do fio condutor, um ponto P do cam-
po, em m, no SI.

(a) Vista em perspectiva. (b) Vista de cima.

(c) Vista lateral.

Polo
Campo magnético de uma espira circular
Imagine um fio condutor dobrado na forma de uma B
circunferência por onde circula uma corrente elétrica.
As linhas de campo nesse tipo de formato de fio condu-
tor são parecidas com as linhas de campo de um ímã,
norte
sendo atribuídos a elas um polo norte, de ondesaem as
linhas, e um polo sul, no qual chegam.

Pólo Norte Pólo Sul Polo

B
sul

O vetor indução magnética no centro da espira


tem como características: Campo magnético de várias espiras circulares
• direção: perpendicular ao plano da espira.
• sentido: determinado pela regra prática do reló- Dobrando o fio condutor como na forma de uma
gio. espira circular, porém dando várias voltas, teremos o que
chamamos bobina chata. A direção e o sentido do vetor
• intensidade: em T (Tesla), no indução magnética para a bobina chata são iguais a
SI, em que: uma espira, exceto a intensidade:
• B é o valor do campo magnético no centro da
espira, cuja distância é o raio R. em T (Tesla), no SI, em que:
• μ0 é a permeabilidade magnética do vácuo e vale
• B é o valor do campo magnético no centro das es-
, no SI piras da bobina, cuja distância é o raio R.
• μ0 é a permeabilidade magnética do vácuo, e vale
• i é a corrente que passa pelo fio condutor, em A, no
SI. , no SI.
• R é o raio da espira, em m, no SI.
A espira também pode ser representada no plano, • i é a corrente que passa pelo fio condutor, em A, no
sendo o vetor indução magnética perpendicular a esse SI.
plano. A representação nessas condições é a simbologia • R é o raio das espiras da bobina, em m, no SI.
internacional para vetores, conforme abaixo: • N é o número de espiras da bobina.

226 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 5

3
Acima de um certo valor de temperatura, o prego dei-
xará de ser atraído pelo ímã. No caso do ferro, 770°C. A
Capítulo temperatura em que ocorre esse fenômeno é chamada
de ponto Curie, sendo definida como a temperatura à
qual o material perde as propriedades ferromagnéticas.

Substâncias magnéticas
Eletroímã

Q
uando um campo magnético atua em qualquer Chamamos de eletroímã a um dispositivo consti-
meio material, este meio sofre uma modifica- tuído de ferro doce (ferro aquecido e esfriado lentamen-
ção, dizemos que ele se magnetiza ou imanta. te). Ao redor do ferro doce são enroladas espiras com
Experiências realizadas mostram que a maioria das fio condutor, de modo que, quando uma corrente pas-
substâncias presentes na natureza se imanta muito fra- sa, ocorra a magnetização e, quando cessa a corrente,
camente quando colocada sob um campo magnético. cessa a magnetização. Havendo magnetização, pode-
Materiais como papel, cobre, chumbo e alumínio são mos atrair um material. Este recebe o nome de armadura.
exemplos desses materiais, sendo este o motivo pelo O eletroímã tem aplicações importantes. Uma de-
qual não podemos construir ímãs com eles. las é o guindaste eletromagnético, usado para levantar
Por outro lado, há materiais que são fortemente sucata ou outras peças pesadas de ferro.
imantados quando colocados na presença de campos
magnéticos. Em relação aos materiais, podemos dividi-
-los em três grupos:
• paramagnéticos: são aqueles que, quando colo-
cados num campo magnético, magnetizam-se
de modo que provoquem um pequeno aumen-
to do campo magnético num ponto qualquer.
Alumínio, magnésio, platina e sulfato de cobre
são exemplos desses materiais.
• diamagnéticos: são aqueles que, quando coloca-
dos num campo magnético, magnetizam-se de
modo que provoquem uma pequena diminuição
do campo magnético num ponto qualquer. Bis-
muto, cobre, água, ouro e chumbo são exemplos
desses materiais.
• ferromagnéticos: são um pequeno grupo, encon-
trado na natureza, com características bem di-
ferentes dos grupos anteriores. Esses materiais
magnetizam-se fortemente quando colocados
num campo magnético, estabelecendo um cam-
po magnético muitas vezes maior do que o campo
aplicado sobre ele, podendo resultar em campos
magnéticos, centenas e milhares de vezes maiores
que o campo magnético inicial, o que leva a apli-
cações práticas muito importantes. Ferro, cobalto,
níquel e as ligas que apresentem essas substâncias
são os componentes desse grupo.
Um fenômeno importante que essas substâncias
apresentam é o que chamamos de histerese magnética.
Magnetizando-se estas substâncias, elas poderão per-
manecer imantadas, mesmo que seja retirada a causa da
magnetização. O aço temperado, o qual mantém alto
valor de magnetização, é utilizado na construção de
ímãs permanentes.

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA
SOBRE A MAGNETIZAÇÃO
Um prego é atraído por um ímã permanente. Se
aquecermos o prego, ele continuará sendo atraído
pelo ímã enquanto a temperatura não fique muito alta.

HIPERCONHECIMENTO 227
Física

UNIDADE 6 Fenômenos ondulatórios

Capítulo
Ondas
1 lago. No ponto de queda da pedra formam-se as on-
das, que vão se deslocando até atingir a rolha. O que
ocorre com a rolha? Ela está parada, em repouso, e,
quando as ondas passam, ela começa a subir e a des-
cer, isto é, quando estava parada não tinha energia de
movimento, com a passagem das ondas ela adquiriu
energia de movimento. Isso significa que as ondas
CONCEITO DE ONDA transportam energia, podendo transferir essa energia a
elementos que estão em seu caminho.
Ao atirarmos uma pedra num lago tranquilo, ob- Portanto, onda:
servamos que ocorre uma perturbação na superfície da • é uma perturbação que se propaga num meio.
água e, à medida que o tempo passa, a perturbação vai se • ela transporta energia, sem transportar matéria.
alastrando para diferentes pontos do lago. A essa pertur-
bação que se desloca num meio, no caso a água, damos
o nome de onda. Natureza das ondas
Imagine, agora, que no lago exista uma rolha flu-
tuando tranquilamente e você atira uma pedra nesse Quanto à natureza das ondas, temos as que preci-
sam de meio material para se propagar ou as que não
precisam de um meio, isto é, se deslocam no vácuo:
• ondas mecânicas: necessitam de um meio para se
deslocar, seja sólido, líquido ou gasoso, e não se
propagam no vácuo. Ondas em cordas, na super-
fície da água e ondas sonoras são exemplos desse
tipo de onda.

• ondas eletromagnéticas: são as que não pre-


cisam obrigatoriamente de um meio material
para se propagar, elas se propagam no vácuo.
Temos como exemplo para este caso as ondas
de rádio e TV, micro-ondas, a luz etc.

228 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 6

Radar • bidimensionais: quando se propagam ao longo


de um plano, como na superfície de um lago.

• tridimensionais: quando se propagam em todas


as direções, como as ondas sonoras.

Ondas eletromagnéticas.

Dependendo da direção de propagação da onda e


da direção do deslocamento das partículas do meio, as
ondas são classificadas como:

• ondas transversais: são as ondas que se propagam


perpendicularmente ao deslocamento sofrido
pelas partículas, por exemplo, a onda desloca-se Elementos de uma onda periódica
na horizontal e as partículas do meio deslocam-
-se na vertical. Ondas numa corda e as ondas ele- Vamos imaginar uma corda ligada a um vibrador,
tromagnéticas são exemplos desse tipo de onda. isto é, a um dispositivo que vibra na vertical, para cima
e para baixo, produzindo ondas que se repetem em
• ondas longitudinais: são as ondas que se propa- tempos iguais. A essa série de ondas damos o nome de
gam na mesma direção do deslocamento das ondas periódicas. Na figura abaixo, identificamos os
partículas do meio. Ondas ao esticar e soltar uma seguintes elementos:
mola, infrassom, ultrassom são exemplos desse • cristas: são os pontos mais altos da onda.
tipo de onda.
Crista

Propagação Com a mola


Vale
helicoidal,
verificamos
• vales: são os pontos mais baixos da onda.
a existência • amplitude (A): é a distância máxima entre o eixo
de dois tipos de simetria da onda até uma crista ou vale.
de ondas: (a) • comprimento de onda (λ): é a distância entre
transversais (b) dois vales ou duas cristas sucessivas.
longitudinais

Período e frequência de uma onda


Tipos de propagação de energia
Uma vez que estamos estudando um fenômeno
Dependendo da direção de propagação da energia repetitivo, podemos definir duas grandezas, já vistas no
da onda, isto é, dependendo da direção do deslocamento movimento circular:
das partículas do meio, as ondas são classificadas como: • período (T): é o tempo gasto para que uma onda
percorra uma distância igual ao seu comprimen-
• unidimensionais: quando se propagam numa to, ou o tempo gasto para uma onda passar, em
única direção, como ondas em cordas. relação a uma referência.

HIPERCONHECIMENTO 229
Física

2
• frequência (f): é a quantidade de ondas que pas-
sam, em relação a uma referência, numa unidade
de tempo.
Como você já sabe, a relação entre período e frequên-
Capítulo
cia é:
Reflexão, refração, difração e
gundos
em que, no SI, o período é dado em se-
polarização
(s) e a frequência em Hertz (Hz). REFLEXÃO DE UM PULSO
1 Hz = 1 oscilação por segundo.
Imagine uma das pontas de uma corda fixa em
Velocidade de uma onda algum lugar e a outra ponta está em sua mão, de for-
ma que a corda está levemente esticada. Se você mo-
Uma onda percorrendo um meio homogêneo apre- vimentar a corda de forma que provoque um pulso, ve-
senta uma velocidade de propagação constante que rificará que o pulso se propaga até o ponto fixo e retorna
pode ser expressa por: na direção de sua mão. Esse fato leva o nome de reflexão
v = λ . f , em que, no SI: de um pulso, ocorrendo seja a extremidade totalmente
• v é a velocidade de propagação da onda, em m/s. fixa, seja tendo liberdade vertical de movimento.
• λ é o comprimento de onda, em m.
• f é a frequência, em Hz.
• Se a extremidade estiver totalmente fixa, o pulso
A velocidade da onda depende do meio em que ela
retorna à sua mão com inversão de fase, isto é,
se propaga, ou seja, a velocidade do som, por exemplo, é
se o pulso é para cima, no retorno ele estará para
diferente na água e no ar.
baixo e vice-versa.

• Se a extremidade estiver parcialmente fixa, o pulso


retorna à sua mão sem inversão de fase, isto é, se o
pulso é para cima, no retorno ele estará para cima
e vice-versa.

Refração de um pulso
Imagine agora uma corda formada por duas cordas,
uma bem grossa e outra bem fina. Uma das extremida-
des está fixa em algum lugar, a outra extremidade está em
sua mão. Você faz um movimento brusco provocando
um pulso, que se desloca em direção à extremidade fixa.
Quando o pulso atinge a união das duas cordas, verifique
que o pulso é transmitido para o outro pedaço de corda.
Esse fenômeno é chamado de refração de um pulso. Além
de transmitir o pulso para a outra corda, no ponto de união
surge um outro pulso, em sentido contrário ao pulso ini-
cial.
Se a 1ª corda for mais fina, o pulso em sentido con-
trário será invertido em relação ao pulso original; se a 1ª
corda for mais grossa, o pulso em sentido contrário não
será invertido em relação ao pulso original.

Reflexão de ondas
Quando uma frente de ondas atinge uma superfí-
cie, por exemplo a água, com um certo ângulo de inci-
dência (i), em relação à linha normal N, a frente de ondas
refletirá com um ângulo de reflexão (r), igual ao ângulo
incidente (i).

230 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 6

A igualdade entre o ângulo de incidência (i) e Difração de ondas


o ângulo de reflexão (r) é válida para qualquer tipo
de onda, por exemplo, para ondas luminosas e ondas Difração de ondas é o fenômeno que ocorre quan-
sonoras. do a onda passa por aberturas estreitas. Quando uma
frente de ondas passa por uma abertura estreita, ocor-
re um espalhamento da frente de onda, fato este que
possibilita às ondas contornarem obstáculos. Isso ocor-
re porque as bordas da abertura provocam ondas se-
cundárias, as quais desviam a frente de onda. Esse fato
pode ser facilmente observado com ondas na água.
Mas com ondas luminosas a abertura por onde passa
a frente de onda tem de ser muito pequena.
A difração do som é facilmente notada, pois, por
esse fato, podem-se ouvir pessoas falando em outra sala
sem vê-las diretamente.
Raio direto

Região Região
de de
sombra sombra

Refração de ondas

Corda “leve“
Corda “pesada“ Corda “pesada“ Corda “leve“

Onda incidente

pulso refletido pulso refratado pulso refletido pulso refratado


Polarização de ondas
Ao passar de um meio para outro ou de uma re- Ondas polarizadas são ondas que se propagam num
gião para outra onde há mudança de sua velocidade, único plano, isto é, não se propagam em todas as dire-
a onda sofre um desvio de direção, que será maior ou ções. O dispositivo que polariza uma onda é chamado de
menor de acordo com a intensidade da mudança de ve- polarizador, e somente ondas transversais são passíveis
locidade. de serem polarizadas.
A relação entre o ângulo de incidência da onda (i),
o ângulo de refração da onda e as velocidades nas duas
condições é dada por:

sen i . vr = sen r . vi , em que:


• sen i é o seno do ângulo de incidência da onda.
• sen r é o ângulo de refração da onda.
• vr é a velocidade no meio após a refração.
• vi é a velocidade no meio de incidência da onda.
A relação entre os ângulos de refração e incidência
da onda e os índices de refração dos meios é dada
por:
A corda oscila em todas as direções antes de pas-
sen i . ni = sen r . nr , em que: sar pela fenda F, que funciona como polarizador, e as
• sen i é o seno do ângulo de incidência da onda. ondas depois de passarem por ela são polarizadas, pois
• sen r é o ângulo de refração da onda. oscilam somente numa direção.
• nr é o índice de refração do meio após a refração.
• ni é o índice de refração do meio de incidência da
onda.

HIPERCONHECIMENTO 231
Física

3
baleia: 40 Hz a 80.000 Hz
morcego: 20 Hz a 160.000 Hz
Capítulo O infrassom pode ser produzido pelo vento, ou por
terremotos. O ultrassom é produzido por alguns animais,
tais como os golfinhos e morcegos para orientar seus

Ondas sonoras movimentos e defesa contra outros animais.


O ultrassom é muito utilizado na Medicina em
diagnósticos de gravidez e outros problemas de saúde.

D
entre os fenômenos ondulatórios, esta parte O sonar é utilizado na navegação de navios e também na
chamada acústica estuda as propriedades das pesquisa do fundo do mar.
ondas sonoras, que são ondas de pressão forma-
das a partir de áreas de compressão e rarefação do meio Velocidade das ondas sonoras
onde se propagam.
O som é um dos meios de comunicação do ser hu- Como o som é uma onda mecânica longitudinal,
mano e dos animais, tirando informações do meio em a sua velocidade será dada por:
que vivem. v = λ . f , em que, no SI:
As ondas sonoras são produzidas a partir de um ele- • v é a velocidade de propagação da onda, em m/s.
mento vibrador, por exemplo, um instrumento musical, • λ é o comprimento de onda, em m.
ou pelas nossas cordas vocais que permitem a nossa co- • f é a frequência, em Hz.
municação por meio da fala. Todos os elementos citados As ondas sonoras são ondas mecânicas e, portan-
causam pressão sobre as moléculas do meio ao seu redor, to, precisam de um meio material para se propagar. Isso
propagando ondas de pressão. As ondas sonoras são ondas quer dizer que, quanto mais próximas estiverem as mo-
mecânicas longitudinais, não podendo, portanto, propa- léculas do meio por onde passa a onda, tão mais rápida
gar-se no vácuo. será a sua velocidade. Como nos sólidos as moléculas
estão mais juntas, a velocidade é maior do que nos lí-
quidos, cujas moléculas estão mais separadas. Os gases
têm suas moléculas mais separadas ainda que os líqui-
dos; portanto, sua velocidade é a mais lenta.

Resumindo, a relação entre as velocidades é:


V sólido > V líquido > V gasoso

Exemplos de velocidade do som:


ar: 340 m/s
água: 1.450 m/s
ferro: 4.450 m/s
Nos gases, verificamos experimentalmente que a
velocidade do som aumenta com o aumento da tempe-
ratura, podendo ser expressa por:
FAIXA DE SOM AUDÍVEL
, em que, no SI:
As ondas sonoras, ao se propagar num meio, podem • v é a velocidade de propagação da onda, em m/s.
atingir o ouvido de um animal ou do ser humano produ- • k é uma constante que depende da natureza do gás.
zindo uma sensação sonora. A audição humana é sen- • T é a temperatura absoluta do gás, em k.
sível a uma certa faixa de frequência sonora: de 20 Hz No ar, a velocidade do som aumenta de acordo
a 20.000 Hz. Uma onda sonora inferior a 20 Hz recebe com:
o nome de infrassom, e acima de 20.000 Hz recebe o , em que, no SI:
nome de ultrassom. • v é a velocidade de propagação da onda, em m/s.
• t é a temperatura, em Co

Infrassom Som audível Ultrassom


Qualidades fisiológicas do som
O ouvido humano diferencia três qualidades fisio-
lógicas: altura, intensidade e timbre.
Os animais geralmente apresentam uma faixa au- • Altura é a qualidade que permite a um observador di-
dível diferente da dos seres humanos, a saber: ferenciar um som grave de um agudo. Quanto me-
elefante: 20 Hz a 10.000 Hz nor a frequência da onda, mais grave será o som. A
gato: 30 Hz a 45.000 Hz voz masculina varia entre 100 Hz e 200 Hz, e a das
cão: 20 Hz a 30.000 Hz mulheres chega a 400 Hz.

232 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 6

• Intensidade é a qualidade que permite diferenciar Timbre é a qualidade que permite diferenciar dois
entre um som forte e um som fraco. A intensidade sons de mesma altura e mesma intensidade, emitidos
do som depende da amplitude da onda sonora. Um por fontes diferentes. O timbre depende da forma da onda,
som forte tem uma onda de amplitude (A) maior, por exemplo, o violino é diferente do piano, que é diferente
ao contrário do som fraco. da voz humana.
A intensidade é expressa por:
Fontes sonoras
em que, no SI:
Fontes sonoras são aparelhos que emitem on-
• I é a intensidade do som, em W/m² (watt por metro das sonoras entre 20 Hz e 20.000 Hz de frequência.
quadrado). As fontes sonoras são:
• P é a potência da fonte sonora, em W. • cordas vibrantes: violão, violino, guitarra, piano.
• S é a área, em m². Considerando uma corda de densidade linear (m)
A intensidade mínima que o ouvido pode ouvir é fixa nas extremidades e submetida à força de tração
I0 = 10 –12 W/m2. (T), a velocidade da onda será dada por:
A intensidade máxima que o ouvido pode ouvir é
Imax = 1 W/m2.
Alguns físicos perceberam que a sensação huma-
na não acompanha de forma linear a variação do som, A propagação dessas ondas e sua reflexão nas ex-
isto é, um som 100 vezes maior é percebido como, tremidades determinam a formação de ondas estacioná-
aproximadamente, o dobro mais forte. Assim, foi de- rias, provocando ondas sonoras. A menor frequência de
finida uma escala logarítmica de nível sonoro (b), re- vibração da corda é dada por:
presentada por:
β = 10 log I/I0 em que, no SI: em que, no SI:
• β é o nível sonoro, em dβ.
• I é a intensidade do som, em W/m². • f1 é a menor frequência de vibração da corda.
• I0 é o limiar de audibilidade, de valor 10 –12 W/m². • v é a velocidade de propagação, em m/s.
Um dos problemas da civilização moderna é o ní- • L é o comprimento da corda, em m.
vel de ruído das grandes cidades. Um indivíduo exposto Uma frequência maior é dada por:
continuamente a níveis maiores que 80 dβ terá graves fn = n . f1 (para n = 1, 2, 3, 4...) em que, no SI:
problemas de saúde, desde a perda de audição, chegan- • fn é uma frequência de n harmônico, em Hz.
do ao estresse e ao taquicardia. • f1 é a frequência fundamental ou 1o harmônico, em
Níveis sonoros de alguma situações: Hz.
• limiar de audibilidade: 0 dβ • n é o harmônico (n = 1, 2, 3, 4...).
• cochicho: 20 dβ • colunas de ar vibrantes ou tubos sonoros.
• em casa: 40 dβ Imagine um diapasão vibrando na entrada de um
• festa barulhenta: 60 dβ tubo de vidro parcialmente cheio de água. Em certas
• tráfego intenso: 80 dβ condições, dependendo do nível da água, a coluna de ar
• máquina agrícola: 100 dβ do tubo entra em ressonância com o som do diapasão.
• conjunto de rock: 110 dβ Isso só ocorre quando as ondas se encaixam no compri-
• decolagem de avião a jato, a 30 m de distância: 140 mento livre do tubo.
dβ • hastes vibrantes: diapasão.
Violino

Piano

HIPERCONHECIMENTO 233
Física

UNIDADE 7 A luz e suas propriedades

Capítulo
Propagação e reflexão da luz
1 Cor de um corpo por reflexão
A chamada luz branca é um conjunto de cores
visíveis, entre as quais estão o vermelho, alaranjado,
amarelo, verde, azul, anil e violeta. Com isso quere-
mos dizer que a luz branca não é, como muitos pen-
sam, uma cor, mas uma soma de cores que para nossa

P
ara enxergar um corpo, é necessário que raios lu-
percepção é o branco. Como exemplos de luz branca
minosos vindos do corpo atinjam nossos olhos.
podemos citar a luz solar e a luz emitida pelas lâmpa-
Exemplificando: o livro que você está lendo só é
das fluorescentes.
perceptível porque raios luminosos vindos da página
atingem seus olhos. Se você apagar a luz e ficar no escu- Todo corpo tem pigmentos que absorvem determina-
ro não mais enxergará o livro, pois não haverá raios de das cores e que refletem outras. Um corpo que é azul para
luz vindos do livro. nós possui pigmentos que absorvem todas as cores, me-
Livros emitem luz? Sim, emitem luz. Apesar de não nos o azul, o qual é refletido para nossos olhos. Portanto,
irradiarem luz própria, eles refletem a luz que está no um corpo azul é um corpo que reflete a cor azul e absorve
ambiente. as demais.
Se iluminarmos o corpo acima com a luz branca,
ele absorverá todas as cores contidas na luz branca,
FONTES DE LUZ menos o azul, que será refletido e percebido pelos
nossos olhos. Ainda, se iluminarmos este corpo com
A partir da situação descrita acima, podem-se distin-
uma luz verde, ele absorverá a luz verde e não refletirá
guir dois tipos de fontes de luz:
nenhuma cor, o que para nós será o preto. Um cor-
• Fontes primárias: são corpos que têm luz própria, cha-
po preto é um corpo que absorve todas as cores, não
mados corpos luminosos. Vela acesa, sol, lâmpada
acesa são exemplos de fontes primá- refletindo nenhuma. Um corpo branco é um corpo
rias. que é capaz de refletir todas as cores, não absorvendo
nenhuma.
• Fontes secundárias: são corpos que Portanto, a cor com que enxergamos um corpo de-
não têm luz própria, apenas refletem pende dos pigmentos que ele possui e da luz que incide
a luz que incide sobre eles, chamados sobre ele.
corpos iluminados. A lua, o livro que
você está lendo, árvores são exem-
plos de fontes secundárias. (a) corpo azul (b) corpo branco (c) corpo negro

Luz Luz Luz


branca branca branca

Luz
azul

234 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 7

Princípio da propagação retilínea da luz Considere a mesma situação anterior, mas utilizan-
do uma fonte extensa, isto é, uma fonte de luz que tem
Você, provavelmente, já esteve num lugar cheio um certo tamanho.
de árvores e observou lindos raios luminosos passan- O que se verifica agora são três regiões distintas:
do entre as árvores, e, se foi atento, observou que os uma região iluminada, uma região parcialmente ilumi-
raios caminhavam em linha reta. nada e uma região escura. A região parcialmente ilumi-
Portanto, podemos definir que, em meios transparen- nada recebe o nome de penumbra.
tes e homogêneos, a luz se propaga em linha reta.

Princípio da independência dos raios de luz Penumbra

Esse princípio diz que dois ou mais raios de luz, ao se Sombra


cruzarem, seguem sua trajetória como se nada houvesse
Penumbra
ocorrido, cada um conservando suas características iniciais.

Princípio da reversibilidade da luz


Eclipses
Quando você observar uma pessoa através de um
espelho, essa pessoa também observa você, no mesmo Quando a Lua fica entre o Sol e a Terra, ocorre o
ângulo de visão. Isso só é possível porque o caminho que se chama de eclipse. Como o Sol é uma fonte ex-
dos raios, vindos da pessoa, que chegam a você, é o tensa, isto é, ele tem um tamanho, serão projetadas na
mesmo dos raios que saem de você e chegam a ela. Terra, sombra e penumbra. Se você estiver na região de
sombra, o eclipse será para você um eclipse total. Se es-
Sombra e penumbra tiver na região de penumbra, o eclipse será para você um
parcial.
O fato de a luz caminhar em linha reta em meios trans-
parentes e homogêneos tem como consequência alguns
fenômenos:
• sombra:
Considere uma fonte de luz pontual, isto é, tão pe-
quena que desprezamos o seu tamanho, um corpo e
um anteparo, tudo isso num meio homogêneo e trans-
parente. O que
verificamos no
anteparo são
duas regiões
distintas: uma
iluminada e ou-
tra escura, cha-
mada de som-
bra projetada.
Os limites entre Órbita da Lua
as duas regiões Órbita da Terra
são definidos.
Sol
Em certas situações, conseguimos resolver alguns
problemas por meio de relações geométricas, que são
formadas quando objetos estão sob as mesmas condi- Terra
ções de luz. Imagine um prédio que tem em seu pátio
uma haste. A relação geométrica entre a sombra e a al-
tura dos dois será: Câmara escura de orifício
• penumbra:
É uma caixa de paredes opacas, e uma das pare-
Luz solar des possui um pequeno orifício. Quando se coloca um
objeto luminoso ou iluminado na frente desse orifício,
ocorre a formação de uma imagem do objeto, de forma
invertida. Se na parede onde a imagem é formada for co-
locada uma folha de papel vegetal, você observará exter-
namente a imagem formada.

HIPERCONHECIMENTO 235
Física

Capítulo
Espelhos planos
2
E
lementos de nosso dia a dia, os espelhos são feitos
de uma fina camada de nitrato de prata sobre uma
face polida, limpa e plana de um vidro. Esse tra-
tamento permite a reflexão de raios luminosos, e a for-
mação de imagem num espelho se dá em função dessa
Do ponto de vista geométrico, tem-se a seguinte reflexão.
relação:

LEIS DA REFLEXÃO
Considere um raio de luz que incide sobre a superfí-
em que: cie do espelho com um certo ângulo de incidência (i), em
• m é o tamanho, a altura do objeto. relação à reta normal N. O ângulo do raio refletido (r) será
• n é o tamanho, a altura da imagem formada do ob- igual ao ângulo do raio incidente (i).
jeto.
• a é a distância do objeto à câmara de orifício.
• b é a profundidade da câmara de orifício.

Portanto, i = r, decorrendo o seguinte:


1ª Lei: o raio refletido, a normal e o raio incidente
estão no mesmo plano.
2ª Lei: o ângulo de reflexão e o ângulo de incidência
são iguais.

Imagem de um ponto em um espelho plano


Considere um ponto P colocado na frente do espe-
lho plano.
A imagem do ponto P estará na intersecção dos pro-
longamentos de todos os raios refletidos, vindos do ponto P.

236 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 7

Para facilitar, considere apenas dois raios de P, Quanto à orientação


uma vez que o prolongamento de todos os raios refle-
tidos se cruzam no mesmo lugar. A imagem é simboli- • Direita: quando a imagem possui a mesma orien-
zada por P’ e recebe o nome ponto-imagem. tação do objeto.

Como se pode observar, a imagem P’ é equidistante • Invertida: quando a imagem possui orientação
e simétrica ao ponto P, em relação ao espelho. oposta à do objeto.

CLASSIFICAÇÃO DAS IMAGENS

Quanto à natureza
• Real: é a imagem formada efetivamente pelos raios
refletidos na frente do espelho.

• Virtual: é a imagem formada pelo prolongamento


dos raios refletidos, uma vez que não há a possibili-
dade de os raios refletidos se encontrarem na frente
do espelho.
Quanto ao tamanho
• Maior: quando a imagem é maior que o objeto.
• Menor: quando a imagem é menor que o objeto.
Ponto imagem • Mesmo tamanho: quando a imagem tem o mesmo
real tamanho que o objeto.

Imagem de um objeto extenso


Pelo fato de serem simétricos, a imagem formada
de objetos extensos terá como características: mesmo
tamanho, direita, porém revertida, isto é, haverá inversão
do lado direito para o esquerdo.

Ponto imagem
virtual

No caso de espelhos planos, essa condição não é


possível de ocorrer, portanto, para espelhos planos, a
imagem sempre será virtual.

HIPERCONHECIMENTO 237
Física

3
Campo visual de um observador
Uma pessoa parada, observando um espelho, con-
seguirá ver através do espelho uma região limitada. Essa
região do espaço que o observador consegue enxergar é
Capítulo
chamada campo visual.

Espelhos esféricos

S
ão espelhos cuja forma poderia fazer parte de uma
esfera, como se fosse uma calota. Se a parte refle-
tora é interna, recebe o nome de espelho côncavo
(a); se a parte refletora é externa, recebe o nome de es-
pelho convexo (b).

Luz, sombra, visão e


espelhos têm a ver?

Normalmente, após os 40 anos de idade,


necessitamos usar óculos. O que aconte- ELEMENTOS DE UM ESPELHO ESFÉRICO
ceu? Quando você enxerga uma pessoa • Centro de curvatura (C): toda esfera tem um cen-
num espelho, essa pessoa também en- tro, portanto, todo espelho esférico também o
tem.
xerga você. Qual o motivo de isso acon-
tecer? De tempos em tempos ocorrem • Eixo principal: é um eixo imaginário, representa-
eclipses do Sol, deixando partes da Terra do pela reta que se encontra com o espelho num
no escuro. Como é isso? Pois bem, o ponto que é equidistante das bordas do espelho.

estudo da luz e dos espelhos servirá para • Vértice (V): é o ponto onde o eixo principal se en-
sanar essas e muitas outras questões! contra com o espelho esférico.

• Foco (f): é o ponto médio entre o centro de curva-


tura e o vértice.

Representação simplificada de um esférico


Para facilitar o estudo, costuma-se simplificar o de-
senho de um espelho esférico; essa simplificação não
representa a forma verdadeira do espelho.

superfície superfície
refletora refletora

espelho convexo espelho côncavo

238 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 7

Imagem formada num espelho esférico • No espelho convexo, valem os mesmos raios
particulares e o mesmo processo de determi-
Há dois métodos para obtenção das característi- nação da imagem de um ponto do objeto. A
cas da imagem formada no espelho esférico: o método diferença está em prolongar os raios refletidos,
gráfico, por meio de desenho, e o método analítico, pela pois o cruzamento se dá no prolongamento dos
matemática. raios refletidos.

Método gráfico
No espelho esférico incidem infinitos raios de luz,
mas existem quatro raios particulares que ajudarão a de-
terminar a imagem formada:

imagem

espelho côncavo

• o raio incidente, paralelo ao eixo principal, reflete


passando pelo foco.
• o raio incidente, que passa pelo foco, reflete para-
lelo ao eixo principal.
• o raio que incide no vértice, reflete com o mesmo
ângulo de incidência.
• o raio incidente que tem a direção do centro de
curvatura reflete sobre si mesmo.
Como se pode notar, há um ponto onde os raios
refletidos se cruzam. Esse ponto é imagem do ponto MÉTODO ANALÍTICO
escolhido no objeto, no caso, a ponta da flecha. Para
determinar esse ponto de cruzamento dos raios, basta É o método de determinação de imagem que utiliza
desenhar apenas dois dos quatro raios particulares. No equações matemáticas. As relações matemáticas utilizadas
ponto de cruzamento estará a imagem do ponto escolhido são:
do objeto.

imagem

espelho convexo

HIPERCONHECIMENTO 239
Física

4
Equação de Gauss
Capítulo
Refração da luz

T
odos nós já vimos um lápis mergulhado dentro
de um copo d’água: ele parece quebrado. Uma
moeda que não vemos, dentro de um copo vazio,
• f é a distância do foco ao vértice. pode passar a ser vista quando colocamos água dentro
• p é distância do objeto ao vértice. do copo.
• p’ é a distância da imagem ao vértice.
• i é a altura da imagem.
• o é a altura do objeto.
• A é um número que indica quantas vezes a ima-
gem é maior ou menor que o objeto.
• As unidades no SI são em metros, porém, é usual
utilizar o cm e o mm. De todas as formas, seja qual
for a unidade utilizada, todos os elementos de-
vem estar na mesma unidade.
Esses fatos e muitos outros são explicados pela re-
Regra de sinais para utilização das equações an- fração da luz, fenômeno que ocorre quando a luz passa
teriores: de um meio para outro.
• f (+) positivo para espelhos côncavos; f (–) nega-
tivo para espelhos convexos. DIOPTRO PLANO
• p e p’ (+) positivos para elementos reais; p e p' (–)
negativos para elementos virtuais. Chama-se dioptro plano a superfície de separação
• A (+) positivo para imagem direita; A (–) negativo de dois meios transparentes e planos, onde a velocidade
para imagem invertida. da luz é diferente nos dois meios.
Num dioptro plano ocorre a refração de um raio
luminoso incidente sobre ele. Se a incidência for oblí-
qua, haverá mudança de direção, se for perpendicular,
não haverá mudança de direção.

Raio incidente Normal

Ar S Ar S
Água Água

Raio refratado

Índice de refração de um meio (n)


Índice de refração é um número que indica quan-
tas vezes a velocidade da luz nesse meio é menor que a
velocidade da luz no vácuo.

, em que:

• n é o índice de refração.
• c é a velocidade da luz no vácuo, e vale c = 3.108 m/s
ou c = 3.105 km/s.
• v é a velocidade da luz no meio. A unidade deve ser
a mesma de c.

240 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 7

Analisando a relação matemática, verifica-se que, • x é a distância do objeto até a superfície de separa-
quanto maior o índice de refração de um meio, menor ção dos dois meios.
será a velocidade da luz nesse meio. • x’ é a distância da imagem até a superfície de sepa-
ração dos dois meios.
• n é o índice de refração do meio de incidência.
Leis da refração • n’ é o índice de refração do meio de emergência.

Imagine uma monocromática se propagando do


meio 1 para o meio 2, mais refringente, isto é, de maior
índice de refração. O raio incide sobre a superfície com
Ar
um ângulo de incidência (i), sendo que, após a refração,
Água
forma um ângulo de refração (r).
Ar
Água

Lâmina de faces paralelas


Nada mais são que duas superfícies de separação
entre dois meios, onde o raio incidente sofre refração
duas vezes. Se a lâmina estiver imersa num único meio,
então o raio emergente será paralelo ao raio incidente.
Neste caso, haverá um desvio lateral entre o raio inci-
dente e emergente.
O desvio lateral entre os raios emergente e inciden-
A relação matemática entre o ângulo de incidência e te é dado por:
o de refração e os índices de refração é dada por:
, em que:
n1 . sen i = n2 . sen r , em que:
• n1 é o índice de refração do meio do raio incidente. • d é o desvio lateral.
• n2 é o índice de refração do meio do raio refratado. • e é a espessura da lâmina.
• sen i é o seno do ângulo de incidência. • i é o ângulo de incidência.
• sen r é o seno do ângulo de refração. • r é o ângulo de refração.

Essa relação é conhecida como Lei de Snell-Descar-


tes. Uma outra lei diz que a normal, o raio incidente e o raio
refratado estão no mesmo plano.

Refração em dioptros planos


Ao observar um peixe dentro da água, na verdade o
que se vê é a imagem dele numa posição acima da po-
sição real. Os índios sabem muito bem desse fato, pois
lançam o arpão numa posição diferente da imagem que
estão enxergando, porque pela experiência sabem deter-
minar o local onde o peixe realmente está.

Por outro lado, um mergulhador dentro do mar,


quando olha para cima, observa o Sol numa posição que
não é verdadeira; a imagem do Sol está mais para cima
que a posição real.

A relação que expressa esses fenômenos é dada por:

, em que:

Exemplo da refração da luz em um prisma.

HIPERCONHECIMENTO 241
Física

Capítulo
Lentes esféricas
5 divergente
Ar

Vidro

L
entes são elementos ópticos muito importantes na
civilização moderna, sendo utilizados em comple- Qualquer lente pode
xos microscópios ou até num simples par de óculos. ser convergente ou diver-
Elas são capazes de formar imagens por meio da re- gente, dependendo do ín-
fração dos raios luminosos. Uma lente possui duas faces, dice de refração do meio
uma do raio incidente, outra do raio emergente, sendo onde ela está. No caso mais
considerada uma lente esférica quando pelo menos uma comum, que é uma lente de
das faces é esférica. vidro imersa no ar, as lentes
de bordas finas são conver-
TIPOS DE LENTES gentes e as de bordas gros-
sas são divergentes.
Abaixo apresentamos os tipos possíveis de lentes:

Lentes de bordos delgados


Representação simplificada
I - Biconvexa II - Plano-convexa Esquematicamente, as lentes são representadas por
um segmento de reta, perpendicular ao eixo principal,
e não representando o trajeto do raio luminoso dentro
da lente.
III - Côncavo-convexa

Lentes de bordos espessos


Lente delgada convergente

IV - Bicôncava V - Plano-côncava

VI - Convexo-côncava
Lente delgada divergente

Focos de uma lente delgada

Comportamento óptico O ponto de encontro entre a lente e o eixo principal


é chamado de centro óptico, sendo representado pela
• Lentes convergentes: são as lentes que fazem con- letra O.
vergir um raio de luz paralelo que entra por ela. • Foco objeto (F) é quando um feixe de luz atinge a lente,
• Lentes divergentes: são as lentes que divergem um saindo dela um feixe paralelo formando um ponto, de-
raio de luz paralelo que entra por ela. corrente do encontro dos raios de luz ou do encontro
dos prolongamentos.
Vidro

Ar
convergente

242 HIPERCONHECIMENTO
UNIDADE 7

• Foco imagem (F’) é quando um feixe de luz de raios • p é distância do objeto até O.
paralelos atinge a lente. Os raios de luz que saem for-
mam um ponto, decorrente do encontro dos raios de
luz emergentes ou do encontro dos seus prolonga-
mentos.

• p’ é a distância da imagem até O.


• i é a altura da imagem.
• o é a altura do objeto.
• A é um número que indica quantas vezes a ima-
IMAGEM FORMADA PELAS LENTES gem é maior ou menor que o objeto.

Método gráfico As unidades no SI são em metros, porém é usual


utilizar o cm e o mm. De todas as formas, seja qual for
Do mesmo modo que os espelhos, as lentes têm raios a unidade utilizada, todos os elementos devem estar na
particulares que nos auxiliarão na determinação gráfica mesma unidade.
de imagens. Regra de sinais para utilização das equações ante-
a) Todo raio que incide na direção do centro óptico, riores:

não sofre desvio ao atravessar a lente (1). • f (+) positivo para lentes convergentes; f (–) negati-
vo para lentes divergentes.
b) Todo raio que incide na direção do foco objeto F, • p e p’ (+) positivos para elementos reais; p e p' (–)
emerge paralelamente ao eixo principal (2). negativos para elementos virtuais.
• A (+) positivo para imagem direita; A (–) negativo
c) Todo raio de luz que incide paralelamente ao eixo, para imagem invertida.
emerge na direção que passa pelo foco imagem (F’) (3).
Vergência (V)
Nos itens a e b, a passagem pelos focos principais
é efetiva na lente convergente e em prolongamento na Vergência é a grandeza que permite a comparação
lente divergente. do quanto uma lente consegue convergir ou divergir.
Quanto maior a vergência, maior o poder de convergir e
divergir. A vergência é dada por:

, em di (dioptria), no SI.

Fórmula dos fabricantes de lentes


A distância focal (f) de uma lente pode ser determi-
nada a partir do índice de refração dos meios e dos raios
de curvatura de suas faces:
Para determinar a imagem de um ponto (P), faz-
-se o mesmo procedimento para espelhos, isto é, esco-
lhem-se dois raios particulares, e no ponto de encon-
tro efetivo ou dos prolongamentos estará a imagem
do ponto (P’).
em que:
Método analítico • f é a distância focal.
• n2 é o índice de refração da lente.
É o método de determinação de imagem que utiliza equa-
• n1 é o índice de refração do meio.
ções matemáticas. As relações matemáticas utilizadas são:
• R1 e R2 são os raios de curvatura das faces. Para face
Equação de Gauss: côncava, raio negativo; para face convexa, raio
• f é a distância do foco até O. positivo.

HIPERCONHECIMENTO 243
Física

6
DEFEITOS DA VISÃO
Capítulo • Miopia: é quando o foco das imagens está antes da
retina. A correção é feita pelo uso de lentes diver-
gentes.
A visão

O
olho humano é um sistema óptico complexo,
constituído por vários meios transparentes que
são atravessados pela luz.

Esclerótica
Íris Retina
Humor vítreo
Córnea
Eixo
óptico
Humor
aquso Cristalino • Hipermetropia: é quando o foco das imagens está
Nervo óptico depois da retina. A correção é feita pelo uso de
Músculos lentes convergentes.
ciliares

(a) sem esforço (b) com esforço

A entrada da luz é controlada pela íris, na qual o Objeto Objeto


no no
orifício central, a pupila, tem diâmetro variado, contro- infinito infinito
lando assim a intensidade da luz. Uma vez controlada a
luminosidade na entrada, o raio de luz é desviado de
maneira a formar a imagem sobre a retina.

• Presbiopia: quando a pessoa envelhece, seu cristali-


no vai ficando rígido e com perda de flexibilidade.
Como consequência, ele não consegue enxergar
nitidamente objetos próximos, como antigamente,
mas a visão para objetos distantes continua normal.
A correção é feita pelo uso de lentes convergentes.

Uma pessoa com visão normal enxerga objetos a


uma distância de 25 cm até o infinito. Quando olha-
mos o infinito, o músculo que regula o raio de curva-
tura do sistema óptico do olho está relaxado, não faz
esforço. Conforme um objeto é aproximado, o músculo
vai contraindo e modificando o raio de curvatura do sis-
tema óptico para adequar o foco das imagens formadas
na retina.
A 25 cm, em média, é o limite do esforço muscu-
lar, onde o objeto fica com imagem nítida.

A lente de contato
A ideia de aplicar lentes corretivas diretamen-
te na superfície do olho foi proposta pela
primeira vez em 1508 por Leonardo da Vinci,
e ideias similares surgiram de René Descartes
em 1636, mas foi somente em 1887 que o fi-
siologista alemão Adolf Eugen Fick construiu
as primeiras lentes de contato.

244 HIPERCONHECIMENTO
EXERCÍCIOS

Exercícios UNIDADES 1 E 2

1 (CESGRANRIO) Um automóvel passou pelo marco


24 km de uma estrada às 12 horas e 7 minutos. A
seguir, passou pelo marco 28 km da mesma estrada
a) 8,0
b) 4,0
c) 2,0]
d) 0,5
e) 0,25

às 12 horas e 11 minutos. A velocidade média do au-


tomóvel, entre as passagens pelos dois marcos, foi
de aproximadamente:
a) 12 km/h d) 60 km/h
6 (UNIPAC) Se dois corpos descrevem um movimento
circular uniforme cujos períodos são iguais, pode-se
afirmar que:
b) 24 km/h e) 80 km/h a) terá maior velocidade o corpo que descrever uma cir-
c) 28 km/h cunferência de maior raio.
b) terá frequência maior o corpo que descrever uma cir-

2 (FEI-SP) O gráfico da velocidade escalar de um ponto


material em função do tempo é o da figura a seguir.
Pode-se dizer que o movimento é:
cunferência de maior raio.
c) terá velocidade maior o corpo mais pesado.
d) terá velocidade maior o corpo de menor massa.
v a) acelerado durante todo o tem-
po.
7 (UFMS) Um caixote de mercadorias é colocado sobre o
A

B C

b) retardado nos trechos1 AB, CD, piso1 horizontal


R
de um dos vagões de um trem parado
R2 = R 1 1

0
DE. D t
2 numa2 estação.
2R O coeficiente de atrito estático entre o
c) E
só retardado no trecho AB. caixote
C
e o piso do vagão é 0,25. Num dado instante,
d) retardado nos trechos AB e o trem começa a se mover, uniformemente acelerado
CD. em relação à estrada, sobre trilhos retilíneos e horizon-
e) nenhuma das anteriores. tais. No local, g=10m/s2. Para que o caixote não deslize
sobre o piso do vagão, o valor máximo da aceleração

3 (UFLA) Um móvel se desloca em trajetória retilínea,


sendo S = 2 + 16t – 4t2 a sua equação horária. Se “S” é
medido em metros e “t” em segundos, podemos afir-
que se pode imprimir ao trem é:
a) 1,0 m/s²
b) 2,0 m/s²
d) 1,5 m/s²
e) 2,5 m/s²
mar que: c) 3,0 m/s² f) v1 = 3 v2
a) o movimento é acelerado, sendo a aceleração igual a
8 m/s2.
b) o movimento é uniformemente retardado até t = 2s,
sendo a velocidade inicial igual a 16 m/s.
8 (UFU-MG) Quando se usa uma furadeira elétrica para
se fazer um furo numa peça de metal, verifica-se que
existe um aquecimento da peça de metal. Tal aqueci-
c) o móvel estava em repouso quando foram iniciadas as mento é devido ao fato de que:
observações. a) a broca fornece calor à peça de metal.
d) o movimento é retardado com aceleração 8 m/s² e b) o meio ambiente fornece calor à broca e à peça de metal.
posição
V
inicial de 2 m.
1
c) a broca transfere temperatura para a peça de metal.
e) oV móvel é uniformemente acelerado até o instante 2s,
2
d) existe transformação de energia mecânica em ener-
sendo 8m/s² a aceleração e 16 m/s a velocidade inicial. gia térmica.
e) houve conservação de energia mecânica do sistema

4 (UFSCAR-SP) Se uma esfera cai livremente, em certo


meio, de uma altura de 128 m e leva 8 s para percor-
rer a distância, podemos dizer que, nas circunstâncias
broca-peça de metal.
d) 25 e) 100

consideradas, a aceleração é:
a) 32 m/s²
b) 12 m/s²
d) 8 m/s²
e) 4 m/s²
9 (UNIFOR-CE) É fornecido o gráfico velocidade x tempo
de um corpo de massa 4,0 kg, que se move em trajetó-
ria retilínea. O impulso da força resultante sobre o corpo,
c) 16 m/s² no intervalo de tempo de 0 a 4,0 s, é, em N:
a) 8,0 v (m/s)

5 (UNIFOR-CE) Um carrossel gira uniformemente, efe-


tuando uma rotação completa a cada 4,0s. Cada cavalo
executa movimento circular uniforme com frequência
b) 12
c) 16
d) 20
3,0

1,0
em rps (rotação por segundo) igual a: e) 24
0 4,0 t (s)

HIPERCONHECIMENTO 245
Física

10 (UFPE) Um menino, sentado numa canoa parada


na superfície de um lago, atira um tijolo para fora,
como indicado na figura (ver próxima página). A
RESPOSTAS:

massa do menino e da canoa é, no total, 40 kg.


1.D 2.D 3.D 4.E 5.E 6.A 7.D 8.D 9.A 10.D 11.C 12.E 13.E
Sabendo que a massa do tijolo é 0,4 kg e que sua
velocidade, ao sair da mão do menino, é 10 m/s em
relação à água, qual é a velocidade, em cm/s, com UNIDADE 3
que a canoa começa a se movimentar?
a) 5
b) 1
c) 15
d) 10
e) n.d. a. 14 (PUC-RS) A febre é um indicador de alguma anor-
malidade no organismo humano. Dentre as tempe-
raturas a seguir, a que indica um estado febril é:
a) 39°F

11 (UNIP-SP) Na figura, representamos dois carrinhos,


A e B, de massas iguais em um plano horizontal
sem atrito. O carrinho B está em repouso e o carri-
b) 60°F
c) 72°F
d) 102°F
e) 150°F

nho A tem velocidade constante de intensidade


igual a 10 m/s. Os carrinhos colidem e ficam unidos
após a colisão. A velocidade dos carros, após a co-
15 (F. A. CHAMPAGNAT-MG) Em um certo bairro de
Belo Horizonte, um termômetro em graus Fahrenheit
marcou a temperatura de 77°F. Então, o bairro estava:
lisão, tem intensidade igual a: a) numa temperatura amena.
b) muito quente.
V A = 10 m/s
c) muito frio.
VB = 0
d) numa temperatura incompatível, pois não existe re-
4,0 A t (s)
B gião na Terra capaz de atingir tal temperatura.
e) na temperatura em que o gelo funde à pressão normal.

a) 0
b) 10 m/s
16 (F.F.S. AMARO-SP) Calor é:

a) uma forma de energia que se atribui aos corpos quentes.


c) 5,0 m/s b) uma forma de energia que não existe nos corpos frios.
d) 20 m/s c) o mesmo que temperatura de um corpo.
e) 4,0 m/s d) energia em trânsito de um corpo para outro quando
entre eles há diferença de temperatura.

12
v (m/s)
(UFSE) Na figura, que representa esquematicamen-
te o movimento de um planeta em torno do Sol, a
e) n.d.a.

3,0

1,0
a) A
velocidade do planeta é maior em:
17 (PUC-RS) Uma piscina contém 20.000 litros de
água. Sua variação de temperatura durante a noite
0 b) B 4,0 t (s) é de -5ºC. Sabendo que o calor específico da água
c) C é de 1cal/g ºC, a energia, em kcal, perdida pela água
d) D ao longo da noite, em módulo, é:
e) E a) 1 . 104 d) 9 . 103
b) 1 . 105 e) 9 . 107

13 (FUVEST) Um copo cheio de água está inicialmente


mergulhado “de cabeça para baixo” em um reci-
c) 2 . 103

piente com água, com a boca assentada no fundo


18 (UFLA-MG) Dizemos que o calor latente de fusão
4,0 t (s)

do recipiente. Eleva-se o copo lenta- da água é 80 cal/g e sua temperatura de fusão é de


V A = 10 m/s
mente até queV ele = 0
fique com a meta- 0ºC. Isso significa que:
B
de da sua altura fora da água. a) se fornecemos menos de 80 cal a 1 g de gelo, todo o
B
Qual das fi­gu­ras ao lado re­pre­senta gelo continua sólido.
melhor o nível da água dentro do copo na b) 1 g de água a 0ºC estará necessariamente na fase sólida.
posição final? c) fornecendo 80 cal a 1 g de gelo a 0ºC, sua tempera-
tura aumenta de 1ºC.
VB = 0 d) são necessárias 80 cal para derreter totalmente 1 g de
B
gelo a 0ºC.
a) b) c) e) 1 g de gelo a 0ºC possui 80 cal.

= 0 V A = 10 m/s
19 (PUC-RS) Se, ao fornecermos calor a um sistema,
sob pressão constante, observarmos que a tempe-
ratura permanece inalterada, podemos afirmar que
VB = 0
B
B
A
d) e) B
o sistema:
a) é totalmente sólido.
b) é totalmente líquido.
c) está necessariamente em processo de fusão.

246 HIPERCONHECIMENTO
V A = 10 m/s
VB = 0
EXERCÍCIOS

d) está necessariamente evaporando.


e) está sofrendo uma mudança de fase. UNIDADE 4

20 (UNIRIO) Para que a vida continue existindo em


nosso planeta, necessitamos sempre do calor que
emana do Sol. Sabemos que esse calor está rela-
25 (UFRN) Um bastão eletricamente carregado com
carga positiva atrai um objeto suspenso por um fio
isolante. Pode-se garantir que o objeto está:
cionado a reações de fusão nuclear no interior des- a) carregado negativamente.
ta estrela. A transferência de calor do Sol para nós b) carregado positivamente.
ocorre por meio de: c) descarregado.
a) convecção d) dilatação térmica d) carregado negativamente ou descarregado.
b) condução e) ondas mecânicas e) carregado positivamente ou descarregado.
c) irradiação

21 (UFGO) O sentido da transmissão de calor entre


dois corpos depende:
26 (UFRRJ) Um aluno tem 4 esferas idênticas, peque-
nas e condutoras (A, B, C e D), carregadas com car-
gas respectivamente iguais a – 2Q, 4Q, 3Q e 6Q. A
a) de seus estados físicos. esfera A é colocada em contato com a esfera B e a
b) de suas temperaturas. seguir com as esferas C e D. Ao final do processo, a
c) de suas quantidades de calor. esfera A estará carregada com carga equivalente a:
d) de suas densidades. a) 3Q d) 8Q
e) de seus calores específicos. b) 4Q e) 5,5Q
c) Q/2

22 (Puccamp-SP) Em qual dos casos a seguir a pro-


pagação do calor se dá principalmente por condu-
ção? 27 (UFU-MG) Duas cargas elétricas de mesmo módulo
e de sinais opostos são colocadas a uma determi-
a) Água quente que cai do chuveiro. nada distância. No ponto médio da reta que une as
b) A fumaça que sobe pela chaminé. duas cargas:
c) O cigarro que se acende mediante o uso de uma lente a) o campo elétrico é nulo e o potencial elétrico não.
que concentra os raios de sol sobre ele. b) o campo e o potencial elétricos são nulos.
d) A xícara que se aquece com o café quente. c) o potencial elétrico é nulo e o campo elétrico não.
e) A água que é aquecida numa panela colocada sobre a d) o potencial elétrico é numericamente duas vezes
chama, no fogão. maior que a intensidade do campo elétrico.
e) o campo e o potencial elétricos não são nulos.

23 (PUC-RS) Uma barra metálica A tem comprimento


inicial L e sofre variação de temperatura Δ. Se outra
barra B, de mesmo material, possuir um compri- 28 (FAMEMA-SP) Tomando-se um condutor metálico
cilíndrico, observa-se que, através de uma seção
mento inicial 2L e experimentar a mesma variação transversal, passam 5 . 1018 elétrons por segundo.
de temperatura, pode-se dizer que a dilatação da A carga elementar vale 1,6 . 10–19C e a corrente
barra A é: originada por esse movimento de cargas é contí-
a) igual à dilatação da barra B. nua.Qual é a intensidade de corrente elétrica nesse
b) duas vezes maior do que a dilatação da barra B. condutor?
c) duas vezes menor do que a dilatação da barra B. a) 0,2A d) 0,8 A
d) quatro vezes menor do que a dilatação da barra B. b) 0,4 A e) 1,0 A
e) quatro vezes maior do que a dilatação da barra B. c) 0,6 A

24 (FATEC-SP) Um sistema realiza o ciclo ABCDA re-


presentado. O trabalho realizado pelo sistema no
ciclo vale:
29 (PUC-SP) A corrente elétrica real, através de um fio
metálico, é constituída pelo movimento de:
a) cargas positivas no sentido da corrente convencional.
a) 2,0 × 105 J b) cargas positivas no sentido oposto ao da corrente
b) 4,0 × 105 J convencional.
c) 1,0 × 105 J c) elétrons livres no sentido oposto ao da corrente con-
d) 6,0 × 105 J vencional.
e) 3,0 × 105 J d) íons positivos e negativos.
e) nenhuma resposta é satisfatória.

RESPOSTAS:
30 (UFJF-MG) Um chuveiro elétrico ligado a uma ddp
de 110 V possui uma resistência de comprimento
L. O mesmo chuveiro, ligado à mesma ddp, mas
com a resistência de comprimento L/2, terá uma
14.D 15.A 16.D 17.B 18.D 19.E 20.C 21.B 22.D 23.C potência dissipada:
24.A a) 4 vezes maior. c) 2 vezes maior.
b) 4 vezes menor. d) 2 vezes menor.

HIPERCONHECIMENTO 247
Física

31 (UFV-MG) Deseja-se associar três resistores idênticos


de modo a dissipar a maior potência possível para dada
diferença de potencial. Para tal, devem ser associados:
b) O campo magnético gerado nas proximidades de
uma rede de alta tensão independe da diferença de
potencial entre os fios.
a) todos em paralelo. c) Correntes elétricas não podem gerar campos magné-
b) todos em série. ticos porque as interações elétrica e magnética são
c) um em série com os outros dois em paralelo. independentes.
d) um em paralelo com os outros dois em série. d) Uma partícula carregada, em repouso, próxima de um
e) dois em paralelo com o outro em ponte. fio percorrido por uma corrente elétrica, sofre uma
força magnética paralela à corrente.

32 (PUC-SP) Numa instalação elétrica de uma residên-


cia com voltagem de 120 V está instalado um fusível
de 30 A. Os moradores podem utilizar um chuveiro
e) A corrente induzida em um circuito aparece sempre
com um sentido tal que o campo magnético que ela
cria tende a intensificar a variação do fluxo magnético
de 3 000 W, um ebulidor de 800 W, um ferro de por meio da espira.
2 500 W e 10 lâmpadas de 100 W cada. O fusível
queima se forem ligados simultaneamente:(As po-
tências dadas são as dissipadas sob 120 V.)
a) 5 lâmpadas e o chuveiro.
36 (PUC-SP) Nos pontos internos de um longo sole-
noide percorrido por corrente elétrica contínua, as
linhas de força do campo magnético são:
b) 10 lâmpadas e o ferro elétrico. a) radiais, com origem no eixo do solenoide.
c) o ebulidor e o chuveiro. b) circunferenciais concêntricas.
d) uma lâmpada, o ebulidor e o ferro. c) retas paralelas ao eixo do solenoide.
e) o ebulidor e o ferro. d) hélices cilíndricas.
e) não há linhas de força, pois o campo magnético é
nulo no interior do solenoide.
RESPOSTAS:
25.D 26.B 27.C 28.D 29.C 30.C 31.A 32.D
37 UFV-MG) As figuras abaixo representam uma espira
e um ímã próximos. Inserir 1ª imagem da página 77
Das situações abaixo, a que não corresponde à in-
dução de corrente na espira é aquela em que:
UNIDADE 5 a) a espira e o ímã se movem
com a mesma velocidade

33 (PUC-RS) Cargas elétricas podem ter sua trajetória


alterada quando em movimento no interior de um
campo magnético. Esse fenômeno fundamental
para a direita.
b) a espira está em repouso e
o ímã se move para cima.
permite explicar: c) a espira se move para cima e o ímã para baixo.
a) o funcionamento da bússola. d) a espira e o ímã se aproximam.
b) o aprisionamento de partículas carregadas pelo cam- e) a espira e o ímã se afastam.
po magnético da Terra.
c) a construção de um aparelho de raio X.
d) o funcionamento do para-raios.
e) o funcionamento da célula fotoelétrica.
38 (UEL-PR) No equador geográfico da Terra, o campo
magnético terrestre tem sentido do:
a) centro da Terra para o espaço exterior.
b) norte para o sul geográficos.

34 (FUVEST) Uma agulha magnética (pequeno ímã)


está suspensa por seu centro, podendo girar li-
vremente em qualquer direção. Próximo está um
c) sul para o norte geográficos.
d) oeste para o leste.
e) leste para o oeste.
condutor retilíneo, pelo qual se faz passar uma forte
corrente elétrica de intensidade constante. Pode-
-se afirmar que a agulha tende a se orientar:
a) na direção vertical, com o polo norte para baixo.
39 (U. MACK-SP) As linhas de indução de um campo
magnético são:
a) o lugar geométrico dos pontos, onde a intensidade do
b) num plano perpendicular ao fio, com os dois polos campo magnético é constante.
equidistantes do fio. b) as trajetórias descritas por cargas elétricas num cam-
c) paralelamente ao fio, com o sentido sul-norte da agu- po magnético.
lha coincidindo com o sentido da corrente. c) aquelas que em cada ponto tangenciam o vetor indu-
d) paralelamente ao fio, com o sentido norte-sul da agu- ção magnética orientadas no seu sentido.
lha coincidindo com o sentido da corrente. d) aquelas que partem do polo norte de um ímã e vão
e) de forma que um dos polos esteja o mais próximo até o infinito.
possível do fio. e) nenhuma das anteriores é correta.

35 (UFV-MG) Assinale a afirmativa correta:

a) A orientação da agulha de uma bússola, que se apro-


40 Considere as afirmativas:
I – Uma pequena agulha magnética é colocada
num ponto de um campo magnético. Ela se orienta
xima de um fio percorrido por uma corrente elétrica, na direção do vetor magnético B desse ponto, es-
varia somente se a corrente for alternada. tando seu polo norte no sentido de B.II – As linhas

248 HIPERCONHECIMENTO
EXERCÍCIOS

de indução de um ímã saem do polo norte e che- a) a mesma amplitude.


gam ao polo sul.III – Cargas elétricas em movimen- b) a mesma frequência.
to originam no espaço que as envolve um campo c) o mesmo comprimento de onda.
magnético.Podemos afirmar que: d) a mesma velocidade.
a) somente I e II são corretas. e) o mesmo período.
b) somente II e III são corretas.
c) I, II e III são corretas.
d) somente I e III são corretas.
e) I, II e III são incorretas.
46 (UFPa) As características fisiológicas das ondas so-
noras (altura, intensidade e timbre) permitem a uma
pessoa distinguir dois sons diferentes. As grandezas
do som que determinam se ele é mais agudo e mais

41 (PUC-SP) Nos polos internos de um longo sole-


noide percorrido por corrente elétrica contínua, as
linhas de indução do campo magnético são:
forte, respectivamente, são:
a) a frequência e a amplitude.
b) a amplitude e o comprimento de onda.
a) radiais com origem no eixo do solenoide. c) a velocidade de propagação e o período.
b) circunferências concêntricas. d) o comprimento de onda e a frequência.
c) retas paralelas ao eixo do solenoide. e) a amplitude e o período.
d) hélices cilíndricas.
e) não há linhas de indução, pois o campo magnético é
nulo no interior do solenoide. 47 (UFLA-MG) Uma onda periódica sofre refração,
ao passar para um meio no qual sua velocidade é
maior. O que acontece com o período, com a fre-

42 Uma agulha magnética tende a:

a) mover-se segundo a perpendicular às linhas do entu-


quência e com o comprimento de onda?
a) O período e a frequência não mudam, o comprimento
de onda é menor.
po magnético local. b) O período diminui, a frequência aumenta, o compri-
b) orientar-se segundo a direção das linhas do campo mento de onda não muda.
magnético local. c) O período e a frequência não mudam, o comprimento
c) efetuar uma rotação que tem por efeito o campo de onda é maior.
magnético local. d) O período aumenta, a frequência diminui, o compri-
d) formar ângulos de 45º com a direção do campo mag- mento de onda aumenta.
nético local. e) O período aumenta, a frequência aumenta, o compri-
e) formar ângulo não nulos, de inclinação e de declina- mento de onda aumenta.
ção com a direção do campo magnético local.

43 A corrente que passa por um fio condutor reto pro-


voca o deslocamento de um pequeno ímã nas pro-
48 9 (CESESP-PE) Independentemente da natureza
de uma onda, sua propagação envolve necessaria-
mente:
ximidades.Invertendo o sentido da corrente, o ímã: a) movimento de matéria.
a) irá inverter o sentido do deslocamento. b) transporte de energia.
b) irá permanecer na situação anterior. c) transformação de energia.
c) toma a direção do campo magnético da Terra. d) produção de energia.
d) tanto (a) como (b) são corretas. e) transporte de energia e matéria.
e) nenhuma das respostas anteriores.

RESPOSTAS:
49 (UFRN) A figura ao
lado representa uma
onda senoidal. Por de-
finição:
33.B 34.E 35.D 36.A 37.A 38.C 39.C 40.C 41. C 42.
B 43. A
a) A é a amplitude e B, o comprimento de onda.
b) A é o comprimento de onda e C, a amplitude.
c) B é o comprimento de onda e C, a amplitude.
UNIDADE 6 d) A é o comprimento de onda e B, a amplitude.
e) C é o comprimento de onda e A, a amplitude.

44 (UFPI) Uma onda sonora é produzida por uma fonte


que produz 200 vibrações por segundo. O período
dessa onda, em segundos, será: 50 (UNITAU-SP) Sabendo-se que o comprimento de
determinada radiação luminosa que está se propa-
a) 1 c) 0 gando em certo meio transparente tem um valor
200 d) 100 l = 4,238 ⋅ 10-7 m e que a frequência da radiação
b) 1 e) 200 tem um valor f = 6,52 ⋅ 1014 Hz, é CORRETO afirmar
100 que a velocidade v com a qual a radiação está se
propagando no meio considerado tem o valor:

45 (PUC-RS) As radiações eletromagnéticas, tais como


ondas de rádio, raios X, raios cósmicos, luz visível etc.,
têm em comum, quando se propagam no vácuo:
a) 2,763176 ⋅ 108 m/s
b) 2,763 ⋅ 10 m/s
8
c) 2,76 ⋅ 108 m/s
d) 2,8 ⋅ 108 m/s

HIPERCONHECIMENTO 249
Física

51 (UFPR) Assinale a característica de uma onda sonora:

a) Propaga-se no vácuo com velocidade igual à da luz.


57 (UFPR) Um menino olha a imagem de uma estrela
refletida numa poça d’água. Com base no diagrama
onde os segmentos de reta AB e BC representam
b) Tem velocidade de propagação igual a 340 m/s qual- o trajeto de um raio luminoso, determine a altura
quer que seja o meio em que se propaga. (em centímetros) em que se encontram os olhos do
c) Propaga-se como ondas transversais. menino em relação ao nível da água. Considere cos
d) Todas as ondas sonoras têm igual comprimento de 53° = 0,6 e sen 53° = 0,8.
onda.
e) Necessita de um meio material para se propagar.

52 (UNIP-SP) As ondas representadas na figura abaixo


propagam-se na superfície da água com velocida-
de igual a 10 cm/s. A frequência destas ondas é:
a) 0,40 Hz
b) 1,0 Hz
c) 2,5 Hz
d) 5,0 Hz a) 96 d) 75
e) 1,25 Hz b) 48 e) 100
c) 94

53 (UFPR) A unidade de nível de intensidade sonora é:

a) decibel d) milissone 58 (UFPI) A figura ao lado representa um raio de luz


que incide no espelho plano E e por ele é refletido.
b) fon e) mel Os ângulos de incidência na reflexão desse raio de
c) sone luz são, respectivamente:

54 (UFPA) A qualidade fisiológica do som, que nos


permite diferenciar o som produzido por um violino
do som emitido por um piano, é denominada:
a) intensidade do som.
b) altura do som.
c) timbre do som. a) 25° e 25° d) 65° e 25°
d) velocidade do som. b) 25° e 65° e) 90° a 90°
e) comprimento do som. c) 65° e 65°

RESPOSTAS:
44.B 45.D 46.A 47.C 48.B 49.B 50.A 51.E 52.C 53.A 54.C
59 (UFES) Uma pessoa utiliza um espelho côncavo para
concentrar raios solares e acender um fósforo. A ca-
beça do fósforo deve estar localizada:

UNIDADE 7

55 (UCBA) Duas fontes de luz emitem feixes que se


interceptam. Durante o cruzamento dos feixes há:
a) reflexão do feixe menos intenso.
b) refração do feixe mais intenso.
c) reflexão do feixe mais intenso. a) entre C e F d) em C
d) refração do feixe menos intenso. b) entre F e A e) em F
e) propagação retilínea dos dois feixes. c) em A

56 (UFAL) Na figura abaixo, F é uma fonte de luz exten-


sa e A, um anteparo opaco. Pode-se afirmar que I, II
e III são, respectivamente, regiões de:
60 (FEI-SP) Um pedaço de lápis é colocado perpendi-
cularmente ao eixo principal de um espelho conve-
xo, de distância focal 10,0 cm, 15,0 cm à frente do
espelho. A imagem formada será:
a) virtual e direita. d) real e direita.
b) real e invertida. e) no infinito.
c) virtual e invertida.

a) sombra, sombra e penumbra.


b) penumbra, sombra e sombra.
c) sombra, penumbra e sombra.
61 (UFLA-MG) Analise as afirmações a seguir e marque
a opção CORRETA:
I. Quando um raio incidente oblíquo passa do meio me-
d) penumbra, sombra e penumbra. nos refringente para o mais refringente, ele aproxima-
e) penumbra, penumbra e sombra. -se da normal.

250 HIPERCONHECIMENTO
EXERCÍCIOS

II. Quando um raio incidente oblíquo passa do meio mais


refringente para o menos refringente, ele afasta-se da
normal.
III. Quando um raio de luz incide na fronteira entre dois
meios transparentes opticamente diferentes, um dos
fenômenos que ocorrem é o da reflexão.
IV. A velocidade de propagação da luz necessariamente
se altera na refração.
a) Todas as afirmações são corretas.
b) Todas as afirmações são incorretas.
c) Apenas as afirmações I e II são corretas.
d) Apenas as afirmações I, II e III são corretas.
e) Apenas as afirmações I, II e IV são corretas.

62 (UNIFOR-CE) As figuras representam os perfis de


lentes de vidro:
Pode-se afirmar que, imersas no ar:
a) todas são convergentes.
b) todas são divergentes.
c) I e II são convergentes e III é diver-
gente.
d) II e III são convergentes e I é diver-
gente.
e) I e III são convergentes e II é diver-
gente.

63 6(PUC-SP) Deseja-se concentrar a luz do Sol num


ponto para aquecê-lo intensamente, usando ape-
nas um dos elementos indicados a seguir. Assinale
qual deles deve ser usado:
a) espelho plano d) espelho convexoe)
b) lente convergente prisma
c) lente divergente

64 (Puccamp-SP) Com relação ao funcionamento do


olho humano e suas anomalias, sabe-se que:
a) o olho míope forma a imagem à frente da retina.
b) o olho hipermetrope forma a imagem à frente da retina.
c) o olho normal forma a imagem sobre o cristalino.
d) o cristalino funciona como uma lente divergente.
e) a presbiopia é corrigida com lentes esféricas conver-
gentes.

RESPOSTAS:
55.E 56.D 57.A 58.C 59.E 60.A 61.A 62.E 63.B 64.A

HIPERCONHECIMENTO 251

Você também pode gostar