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Unidade II

Unidade II
5 Análise Vertical e Análise Horizontal

A análise vertical e a análise horizontal são formas de análise das demonstrações contábeis de um
exercício com outro, ou uma análise das demonstrações contábeis entre vários exercícios e entre grupos
de empresas similares.

É uma ferramenta poderosa de análise comparativa, pois os dados e informações são comparáveis.
A análise vertical e horizontal são utilizadas principalmente para verificar as tendências do setor, do
segmento em que a empresa atua.

Dois dos primeiros tipos de análises passíveis de serem realizadas nos balanços patrimoniais, e mesmo
em muitas outras demonstrações, são as análises vertical e horizontal de suas contas.

A análise vertical apresenta a participação de cada componente no todo, ou seja, a participação


de cada conta, subconta ou grupo de contas no total do ativo (igual à soma total de passivos mais
patrimônio líquido), ou no total de seu respectivo agrupamento.

Essa análise consiste em fazer os cálculos de coeficientes de participação, que são obtidos ao
comparar itens homogêneos das demonstrações, por exemplo: ativo com ativo, passivo com passivo,
receita com receita etc. Também analisa a participação de cada conta em relação ao total do grupo. Uma
vez que a participação é efetuado em relação ao total, pode‑se comparar vários exercícios cuja base é a
mesma, facilitando a análise comparativa.

Por sua vez, o objetivo da análise horizontal é verificar a evolução das contas e dos resultados ao
longo de vários exercícios sociais. Observar a evolução dos números permite ao empreendedor avaliar o
aumento ou a diminuição dos valores contábeis e os efeitos da inflação da economia sobre os elementos
do patrimônio e dos resultados dos exercícios sociais da empresa.

A análise horizontal apresenta a evolução do balanço e de seus vários componentes ao longo do


tempo, permitindo uma avaliação dessa evolução.

Vale destacar que essas variações são função tanto de fatores internos, quanto externos;
por isso, é fundamental a comparação temporal (evolução dos componentes verticais ao
longo do tempo) e também setorial (comparação com outras empresas similares, em termos
de participações verticais e de evolução temporal). Por meio dessas análises e comparações,
inicia‑se a verificação quanto ao “sucesso” da empresa em seus negócios, tanto individualmente
(empresa está crescendo ao longo do tempo, mais do que proporcionalmente à alocação de
recursos novos de terceiros e/ou dos sócios, por exemplo) quanto comparativamente a outras
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Análise das Demonstrações Contábeis

similares atuantes no mesmo nicho de mercado (empresa cresceu mais do que seus concorrentes
nos últimos tantos anos, por exemplo).

A análise vertical e a análise horizontal devem ser utilizadas conjuntamente. Servem para
complementar as observações efetuadas por meio da análise por quocientes. A análise por quocientes
apresenta dados resultantes da comparação entre itens ou grupos da demonstração do resultado do
exercício e do balanço patrimonial.

As análises vertical e horizontal são mais detalhadas, envolvendo todos os itens das demonstrações,
e revelam as falhas responsáveis pelas situações de anomalia da entidade.

Saiba mais

Para aprofundar seus conhecimentos sobre análise vertical e horizontal, visite:


<http://www.investeducar.com.br/Educacao/(S(gx3wnn55pxk1v345zfnzrxyf))/
analiseVerticalHorizontal.ashx>. Acesso em: 1 fev. 2012.

E: <http://ideiaspasseadiante.blogspot.com/2011/01/analise‑contabil‑
analise‑vertical‑e.html>. Acesso em: 1 fev. 2012.

Análise vertical

É aquela a partir da qual se compara cada uma das contas que compõem o conjunto de contas com
o total do conjunto, ou seja, cada conta do ativo com o total do ativo, ou cada conta do passivo com o
total do passivo.

Dessa forma, existe a comparabilidade entre as contas de cada ano, pois a base, total do ativo ou
passivo, é a mesma. É importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no
tempo.

Quanto à composição de itens e sua evolução no tempo: a evolução de cada conta mostra os
caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências.

No balanço patrimonial, calcula‑se o percentual de cada conta em relação ao total do ativo.

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Unidade II

Tabela 6: Balanço patrimonial consolidado

Análise vertical em milhões


Ativo 2010 %V 2009 %V
Circulante
Disponíveis 3.252 2,59% 7.208 7,06%
Aplicação financeira 15.096 12,01% 13.855 13,57%
Contas a receber 23.310 18,55% 12.567 12,31%
Estoques 3.717 2,96% 3.242 3,18%
Outras contas 3.220 2,56% 2.746 2,69%
Total circulante 48.595 38,68% 39.618 38,81%
Não circulante
Realizável em longo prazo
Aplicações financeiras 9.920 7,90% 9.620 9,42%
Recebíveis 18.460 14,69% 13.788 13,51%
Partes relacionadas 4 0,00% 252 0,25%
Tributos a recuperar 5.889 4,69% 5.284 5,18%
Outros valores 1.744 1,39% 645 0,63%
Total realizável longo prazo 36.017 28,67% 29.589 28,98%
Permanente
Investimentos 3.973 3,16% 1.847 1,81%
Imobilizado 25.997 20,69% 22.541 22,08%
Ativo biológico 1.451 1,15% 1.446 1,42%
Intangível 9.615 7,65% 7.050 6,91%
Total permanente 41.036 32,66% 32.884 32,21%
Total ativo 125.648 100,00% 102.091 100,00%

Passivo 2010 %v 2009 %v


Circulante
Empréstimos e financiamentos 36.958 29,41% 27.851 27,28%
Fornecedores 2.705 2,15% 2.588 2,53%
Salários e encargos a pagar 606 0,48% 613 0,60%
Imposto de Renda e CSLL 667 0,53% 288 0,28%
Títulos a recolher 402 0,32% 684 0,67%
Dividendos a pagar 564 0,45% 619 0,61%
Adiantamento de clientes 124 0,10% 232 0,23%
Provisões 5 0,00% 512 0,50%
Outras contas a pagar 2.134 1,70% 243 0,24%
Total circulante 44.165 35,15% 33.630 32,94%
Não circulante
Exigível em longo prazo
Empréstimos e financiamentos 34.625 27,56% 30.329 29,71%
Tributos diferidos 4.172 3,32% 2.384 2,34%

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Análise das Demonstrações Contábeis

Provisões 5.860 4,66% 4.357 4,27%


Outras contas a pagar longo prazo 606 0,48% 1.333 1,31%
Total não circulante 45.263 36,02% 38.403 37,62%
Patrimônio líquido
Capital social 20.000 15,92% 12.380 12,13%
Reserva de lucros 17.709 14,09% 18.620 18,24%
Ajustes avaliação patrimonial ‑ 1.489 ‑1,19% ‑ 942 ‑0,92%
Total patrimônio líquido 36.220 28,83% 30.058 29,44%
Total passivo 125.648 100,00% 102.091 100,00%

Comentário:

A empresa, em relação ao balanço patrimonial entre os dois anos 2009 e 2010, teve uma performance
semelhante: a composição das contas, do ativo e do passivo, têm muita semelhança.

Na DRE, calcula‑se o percentual de cada conta em relação às vendas (receita líquida ou vendas
líquidas).

Tabela 7: Demonstração do resultado do exercício

Análise vertical 2010 %V 2009 %V


Receitas de produtos e serviços 29.497 100,0% 29.231 100,0%
(‑) CMV/CPSV 21.561 73,1% 22.309 76,3%
Lucro bruto 7.936 26,9% 6.922 23,7%
Despesas operacionais
Vendas 1.251 4,2% 1.240 4,2%
Administrativas 3.087 10,5% 3.285 11,2%
Outras receitas/despesas ‑ 3.601 ‑12,2% ‑ 4.191 ‑14,3%
Total despesas operacionais 737 2,5% 334 1,1%
Lucro operacional 7.199 24,4% 6.588 22,5%
Resultado da equivalência patrimonial ‑ 660 ‑2,2% 1.965 6,7%
Lucro antes Imp. Renda/Cont. Social 6.539 22,2% 8.553 29,3%
Imposto Renda / Cont. Social lucro 1.669 5,7% 2.394 8,2%
Lucro líquido 4.870 16,5% 6.159 21,1%

A performance do ano de 2010, 16,5% de lucro líquido, foi menor que no ano de 2009, cujo lucro
líquido foi de 21,1%.

Na DRE, calcula‑se o percentual de cada conta em relação às vendas (receita líquida ou vendas
líquidas).

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Unidade II

Análise horizontal

Na análise horizontal, um determinado ano, normalmente o ano anterior, serve como base (100%),
e os demais anos são comparados em relação ao ano base. Portanto, podemos verificar se houve um
crescimento ou decréscimo em relação ao ano anterior de forma nominal ou real.

É aquela a partir da qual se verifica o desempenho (crescimento ou decréscimo) das contas de um


ano para outro, nominal ou real.

O desempenho nominal é o crescimento ou decréscimo em que não se desconta a inflação do


período em análise.

A análise horizontal, também denominada pôr alguns analistas como análise por índices,
tem por finalidade evidenciar a evolução dos itens das demonstrações financeiras ao longo
dos anos.

Por meio desse tipo de análise, é possível acompanhar o desempenho de todas as contas que
compõem a demonstração analisada, verificando as tendências evidenciadas.

A partir da análise horizontal, o analista poderá verificar a evolução normal dessa conta
e compará‑la com a evolução das demais contas da demonstração, para concluir se o lucro
líquido do exercício também alcançou a mesma evolução no período. Caso isso não tenha
ocorrido, a análise das demais contas permitirá ao analista verificar os pontos que impediram
o crescimento e ainda avaliar as tendências de aumento ou diminuição de custos, despesas e
de outras receitas.

O analista não poderá desprezar, evidentemente, em sua análise, a influência da inflação, que pode
concorrer para um crescimento aparente ou para a redução dos valores em análise.

Enquanto a análise vertical é feita pela comparação de cada elemento do conjunto em relação ao
total, em um mesmo período, a análise horizontal compara a evolução dos valores de cada conta as
demonstrações em análise, ao longo de vários períodos.

Fórmula de cálculo

Conta ativo 20X0


( –1) x 100 = AH%
Conta ativo 20X9

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Análise das Demonstrações Contábeis

Tabela 8: Balanço patrimonial consolidado

Análise horizontal em milhões


Ativo AH% 2010 2009
Circulante
Disponíveis ‑54,9% 3.252 7.208
Aplicação financeira 9,0% 15.096 13.855
Contas a receber 85,5% 23.310 12.567
Estoques 14,7% 3.717 3.242
Outras contas 17,3% 3.220 2.746
Total circulante 22,7% 48.595 39.618
Não circulante
Realizável em longo prazo
Aplicações financeiras 3,1% 9.920 9.620
Recebíveis 33,9% 18.460 13.788
Partes relacionadas ‑98,4% 4 252
Tributos a recuperar 11,4% 5.889 5.284
Outros valores 170,4% 1.744 645
Total realizável longo prazo 21,7% 36.017 29.589
Permanente
Investimentos 115,1% 3.973 1.847
Imobilizado 15,3% 25.997 22.541
Ativo biológico 0,3% 1.451 1.446
Intangível 36,4% 9.615 7.050
Total permanente 24,8% 41.036 32.884
Total ativo 23,1% 125.648 102.091

Passivo AH% 2010 2009


Circulante
Empréstimos e financiamentos 32,7% 36.958 27.851
Fornecedores 4,5% 2.705 2.588
Salários e encargos a pagar ‑1,1% 606 613
Imposto de Renda e CSLL 131,6% 667 288
Títulos a recolher ‑41,2% 402 684
Dividendos a pagar ‑8,9% 564 619
Adiantamento de clientes ‑46,6% 124 232
Provisões ‑99,0% 5 512
Outras contas a pagar 778,2% 2.134 243
Total circulante 31,3% 44.165 33.630

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Unidade II

Não circulante
Exigível em longo prazo
Empréstimos e financiamentos 14,2% 34.625 30.329
Tributos diferidos 75,0% 4.172 2.384
Provisões 34,5% 5.860 4.357
Outras contas a pagar longo prazo ‑54,5% 606 1.333
Total não circulante 17,9% 45.263 38.403
Patrimônio líquido
Capital social 61,6% 20.000 12.380
Reserva de lucros ‑4,9% 17.709 18.620
Ajustes avaliação patrimonial 58,1% ‑ 1.489 ‑ 942
Total patrimônio líquido 20,5% 36.220 30.058
Total passivo 23,1% 125.648 102.091

Comentário:

Tabela 9: Demonstração do resultado do exercício

Análise horizontal AH% 2010 2009


Receitas de produtos e serviços 0,9% 29.497 29.231
(‑) CMV/CPSV ‑3,4% 21.561 22.309
Lucro bruto 14,6% 7.936 6.922
Despesas operacionais
Vendas 0,9% 1.251 1.240
Administrativas ‑6,0% 3.087 3.285
Outras receitas/despesas ‑14,1% ‑ 3.601 ‑ 4.191
Total despesas operacionais 120,7% 737 334
Lucro operacional 9,3% 7.199 6.588
Resultado da equivalência patrimonial ‑133,6% ‑ 660 1.965
Lucro antes Imp. Renda/Cont. Social ‑23,5% 6.539 8.553
Imposto Renda / Cont. Social lucro ‑30,3% 1.669 2.394
Lucro líquido ‑20,9% 4.870 6.159

Saiba mais

Aprofunde seus conhecimentos visitando o site: <http://www.cosif.com.br/


mostra.asp?arquivo=analisebalanco4>. Acesso em: 1 fev. 2012.

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Análise das Demonstrações Contábeis

Lembrete

A análise vertical e horizontal serve para comparabilidade de períodos


ou entre empresas por meio de uma base padrão – números percentuais.

6 Índices de Atividades

Nesse grupo, estudaremos quantos dias a empresa demora, em média, para receber suas vendas,
para pagar suas compras e para renovar seus estoques.

Nas fórmulas dos índices de atividades, serão sempre usados valores médios (duplicatas a receber,
estoques e fornecedores).

Os índices de atividades indicam as rotações sofridas pelo capital e por valores empregados na
produção, explicitando quantas vezes foram empregados e recuperados. Sabemos que o lucro é o
principal objetivo de um empreendimento, assim sendo, é imprescindível que se saiba como estão
fluindo os negócios, quanto tempo se leva para recuperar os investimentos, pagar os fornecedores e
receber dos clientes, enfim, se o seu ciclo operacional condiz com a sua realidade.

Os principais indicadores de atividades que possibilitam conhecer a evolução da atividade operacional


da empresa são:

• prazos de rotação dos estoques;

• recebimento das vendas;

• pagamentos das compras;

• rotação de ativo.

Que combinados resultam nos:

• ciclo operacional;

• ciclo financeiro.

Esses indicadores demonstram quantos dias em média a empresa leva para pagar suas compras,
receber suas vendas, renovar seus estoques e recuperar seu ativo.

Uma das principais contribuições dos indicadores de atividade é levar ao conhecimento dos
interessados a situação operacional da empresa, mostrando se está com estoques vultuosos demais,
se as vendas condizem com a estrutura de produção e se os prazos de pagamento estão equivalentes

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Unidade II

aos prazos de recebimento. Há uma série de informações fornecidas por essa análise capaz de otimizar
a gestão do empreendimento. Outra função seria a comparação com empresa no mesmo ramo de
atividade. E a mais importante seria o controle interno dos estoques, das vendas, dos pagamentos e dos
recebimentos. A seguir, alguns indicadores:

• prazo médio de recebimento – PMR;

• prazo médio de estoque – PME;

• prazo médio de pagamento – PMP;

• ciclo financeiro = PMR + PME – PMP.

Figura 25

Saiba mais

Entenda melhor os indicadores de atividade em: <http://www.peritocontador.


com.br/artigos/colaboradores/ARTIGO‑_INDICADORES_DE_ATIVIDADE.pdf>.
Acesso em: 1 fev. 2012.

Prazo Médio de Recebimento – PMR

O prazo médio de recebimento é o período compreendido entre o momento em que foram efetuadas
as vendas e o momento do pagamento dessas vendas.

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Análise das Demonstrações Contábeis

Indica quanto tempo em média a empresa leva para receber as suas vendas. Nesse caso, devemos estar
atentos para a quantidade de vendas a prazo e os prazos concedidos. Quanto maior os prazos concedidos
e maior a quantidade de vendas a prazo, pior para a empresa, pois os seu prazo de recebimento será
bastante dilatado, comprometendo, dessa forma, o seu capital de giro. A fórmula utilizada para o cálculo
do prazo médio de recebimento é a seguinte:

Prazo médio de recebimento

Duplicatas receber médias


x 360 = PMR
Vendas brutas

Esse indicador mostra quantos dias em média a empresa espera para receber suas vendas.

Interpretação: quanto menor, melhor.

Figura 26

Prazo Médio de Pagamento – PMP

O prazo médio de pagamento é o período compreendido entre o momento em que foram


efetuadas as compras e o momento de seu pagamento. Para esse cálculo, utilizaremos a seguinte
fórmula:

Prazo médio de pagamento

Fornecedores médios
x 360 = PMP
Compras

Esse indicador diz quantos dias em média a empresa espera para pagar suas compras.

Interpretação: quanto maior, melhor.

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Unidade II

Figura 27

Saiba mais

Para saber mais sobre prazo médio de pagamento, visite o site: <http://
www.thinkfn.com/wikibolsa/Prazo_m%C3%A9dio_de_pagamento>. Acesso
em: 1 fev. 2012.

Prazo Médio de Estoques – PME

Os estoques nas empresas comerciais são formados por mercadorias adquiridas para venda. Já nas
empresas industriais, são formados por matéria prima, produtos em processo de elaboração e produtos
acabados. Há também outros materiais que compõem os estoques, como aqueles adquiridos para
uso futuro. Os estoques permanecem na empresa até a sua venda. Seu volume indica o montante de
recursos que a empresa compromete com eles, pois existem muitos gastos envolvendo a sua produção,
estocagem e venda.

O prazo médio de rotação dos estoques é o período compreendido entre o tempo em que
permanece armazenado até o momento da venda. O seu volume depende da política de estocagem
e do volume de vendas. Quanto maior o volume de vendas, mais rápida será a rotação dos estoques,
e em menos tempo o ativo será recuperado. Pelas suas quantidades vendidas, podemos identificar,
tendo como base dois períodos consecutivos no mínimo e utilizando os cálculos de análise, quantas
vezes os estoques se renovaram. A fórmula utilizada para cálculo do prazo médio de rotação dos
estoques é:

Prazo médio de estoque

Estoques médios
x 360 = PME
Custos das vendas

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Análise das Demonstrações Contábeis

Existem empresas que possuem uma rotação de estoques bastante dinâmica, como os supermercados.
E outras são demasiadamente lentas, como revendedoras de caminhões de carga. Dessa forma, devemos
levar em consideração em que tipo de atividade a empresa está inserida, a sua região geográfica e o
nível das empresas com o mesmo ramo de atividade para compararmos e descobrir se àquele resultado
é satisfatório. Sua análise deverá ser feita juntamente com os prazos médios de recebimento e de
pagamento.

Esse indicador mostra quantos dias em média a empresa espera para pagar suas compras.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Ciclo operacional

O ciclo operacional compreende desde a aquisição da matéria prima, sua transformação em


produto acabado, sua estocagem até que seja vendido, o período em que são efetuados os pagamentos
aos fornecedores e o período do recebimento das vendas. O ciclo operacional compara os prazos de
pagamento e de recebimento e a rotação dos estoques. Essa comparação é de fundamental importância
para o empreendimento, pois evidencia a atividade principal da empresa, sua evolução, seu retorno e
sua eficiência.

Compra de
materiais

Recebimento Produção

Vendas

Figura 28

Saiba mais

Para saber mais, acesse: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/


A7A999A09E5D6E9703256F980050F858/$File/NT000A3636.pdf>. Acesso em:
1 fev. 2012.

Ciclo financeiro

O ciclo financeiro é o período compreendido entre a efetivação dos pagamentos e o recebimento dos
clientes. É o período em que a empresa financia o ciclo operacional. Esse intervalo de tempo não deve
ser muito grande, pois tornaria o ciclo operacional muito oneroso.

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Unidade II

Vendas de
Compra Cobrança de
Produtos
de Matéria Duplicatas a
Acabados
Prima Receber
a prazo
PME PMR
PMP
Recebimento
Pagamento
Duplicatas
CICLO FINANCEIRO

Figura 29

Saiba mais

Conheça os princípios do ciclo financeiro em: <http://www.administradores.


com.br/informe‑se/artigos/principios‑do‑ciclo‑financeiro/25319/>. Acesso em:
1 fev. 2012.

Observação

O grupo de índice de atividade demonstra qual é o prazo da empresa


entre o início da produção e o recebimento das vendas.

Resumo

A complementação da análise das demonstrações contábeis depende


do grau de profundidade da análise desejada.

A análise vertical e horizontal são parâmetros para a comparabilidade


entre períodos ou entre empresas de forma isolada – sem comparação, o
sentido da análise é restrito, diferentemente da comparação de períodos
ou entre empresas, pois há um denominador comum entre os dados das
demonstrações contábeis.

Os valores apresentados estão numa mesma base, base percentual,


facilitando as comparações entre períodos ou entre empresas, os valores
percentuais demonstram uma base única.

Essa análise, tanto a vertical quanto a horizontal, para serem


comparáveis, utilizam a mesma base de cálculo.

90
Análise das Demonstrações Contábeis

O índice de atividades demonstra os períodos das atividades de uma


empresa: compra, estoque, produção e recebimento. Por meio de fórmula
podemos calcular os períodos médios dessas atividades.

Na conjugação dos períodos médios, encontramos o ciclo financeiro e o


ciclo operacional, que correspondem respectivamente ao período de fluxo
financeiro e de fluxo operacional.

A determinação desses ciclos determinam as necessidades e a


operacionalização da empresa.

Exercícios

Questão 1. Os administradores da Cia de Papéis Ltda., uma companhia de comercialização de


papel considerado especial, estão preocupados com os graus de imobilização de capital da empresa
e, simultaneamente, com os níveis de endividamento da organização. Por essa razão solicitaram que
os técnicos contábeis passassem a acompanhar e informar a evolução destes índices, com base no
Balanço da empresa.

Tabela 11

CONTAS 20X9
Total do Ativo Circulante 8.532
Total do Não Circulante 8.436
Permanente 8.436
Total do Ativo 16.968
Total do Passivo Circulante 5.360
Total do Não Circulante 6.191
Exigível a longo Prazo 6.191
Total do Patrimônio Líquido 5.417
Total do Passivo 16.968
Informações adicionais
Vendas líquidas do período 19.197
Lucro Líquido do período 4.799

Analisando o balanço (20x2) anterior, indique a alternativa que traz corretamente o índice de
imobilização do patrimônio líquido e o índice de dependência financeira:

A) 1,56 e 0,68.

B) 3,13 e 0,60.

C) 0,49 e 0,63.
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Unidade II

D) 1,58 e 0,32.

E) 1,36 e 0,68.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.
Justificativa: o índice de imobilização do patrimônio líquido indica quanto do patrimônio líquido da
empresa está aplicado no ativo permanente, sendo calculado pela fórmula: (Investimentos + Imobilizado
+ Intangível ÷ Patrimônio líquido), Interpretação: quanto menor, melhor.

No caso:

IIP = Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido.

IIP = (AP/PL).

Em que:

AP = total do Ativo Permanente

PL = Patrimônio Líquido

IIP = 8.436/5.417

IIP = 1,56

Já o índice de dependência financeira indica a dependência financeira da empresa em relação ao


capital de terceiros; quanto menor for o índice, melhor será a situação de endividamento da empresa,
sendo calculado pela fórmula: (capital de terceiros ÷ ativo total).

IDF = índice de Dependência Financeira.

IDF = (CT / AT).

Em que:

CT = Capital de Terceiros.

CT= passivo circulante + exigível a longo prazo.

92
Análise das Demonstrações Contábeis

AT = Total do Ativo.

CT = 5.360 + 6.191 = 11.551

IDF = 11.551 / 16.968 = 0,68

IDF = 0,68

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: estão apresentados índices que demonstram a relação entre o Ativo e o Patrimônio
Líquido (AT/PL), no lugar do Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido (AP/PL) e a relação entre
Capital de Terceiros e Vendas Líquidas do Período (CT/VLP), no lugar do índice de Dependência Financeira
(CT / AT).

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: foram calculados índices que demonstram a relação entre o Ativo Permanente
e Passivo (AP/P), no lugar do Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido (AP/PL) e a relação
entre Passivo Circulante e Ativo Circulante (PC/AC), no lugar do índice de Dependência
Financeira (CT / AT)

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: calculados índices que demonstram a relação entre o Ativo Circulante e


Patrimônio Liquido (AC/PL), no lugar do Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido (AP/PL) e
a relação entre Passivo Circulante e Ativo (PC/AT), no lugar do índice de Dependência Financeira
(CT / AT).

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: calculados índices que demonstram a relação entre o Ativo Não Circulante e Passivo Não
Circulante (ANC/PNC), no lugar do Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido (AP/PL) e corretamente
o índice de Dependência Financeira (CT / AT).

Questão 2. Leia o texto:

“A análise horizontal se caracteriza por perfilar as contas de balanços de no mínimo dois períodos e
respectivas demonstrações do resultado do exercício referente aos mesmos períodos.”

Porque:

A análise vertical, a exemplo da análise horizontal, é uma metodologia comparativa de grandezas.”

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Unidade II

A respeito dessas duas afirmações, é correto afirmar que:

A) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.

B) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.

C) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.

D) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.

E) As duas afirmações são falsas.

Resposta desta questão na plataforma.

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