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1 Introdução
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O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990 ou CDC (LGL\1990\40)) completou
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25 anos de vigência em 2015. É um passado e um presente de conquistas da sociedade
brasileira e do movimento consumerista. Há muito a comemorar. Foram muitas as
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conquistas da sociedade civil organizada, da Academia e dos Autores do Anteprojeto, do
Ministério Público, da Defensoria Pública, dos servidores dos Procons e AGU, da
Advocacia e da Magistratura, mas acima de tudo, foram conquistas do Brasil em direção
ao desenvolvimento econômico (art. 170 c/c art. 218 da CF/1988 (LGL\1988\3)) e a
uma sociedade de consumo mais saudável e harmônica, a reconhecer o dever de
proteção do Estado ao sujeito de direitos vulnerável no mercado, o consumidor (art. 5.º,
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XXXII c/c art. 48 ADCT (LGL\1988\31) da CF/1988 (LGL\1988\3)).
Esta lei, de "ordem pública e interesse social" (art. 1.º do CDC (LGL\1990\40))
renovadora das bases do direito civil brasileiro, foi inovadora ao regular a publicidade, o
regime dos contratos de serviços e ainda iniciar o diálogo das fontes no Brasil; foi
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
Há, porém, um futuro. Comemorando os seus 30 anos, foi aprovada pela Assembleia
Geral da ONU, no dia 22 de dezembro de 2015, a Revisão das Diretrizes sobre Proteção
dos Consumidores (UN Guidelines for Consumer Protection 1985, revistas em 1999 para
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incluir o consumo sustentável e agora em 2015), trazendo importantes sugestões para
tratar os novos temas da sociedade de consumo, como o consumo à distância por meios
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eletrônicos e móveis, a privacidade, a proteção dos consumidores hipervulneráveis, os
serviços financeiros e de crédito, o turismo e transporte de massa, a densificação do
poder das agências de proteção administrativa dos consumidores, como os Procons e a
SENACON, e o consumo internacional. Exatamente os temas dos Projetos do Senado
Federal agora em exame pela Câmara de Deputados, PLS 281/2012 e PLS 283/2012
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visando a Atualização do Código de Defesa do Consumidor, processo que se iniciou em
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2010, comemorando os 20 anos do CDC (LGL\1990\40).
Como tive a honra de ser Relatora-Geral dos Anteprojetos, sob a engajada presidência
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do e. Min. Antônio Herman Benjamin, da Comissão de Juristas do Senado Federal
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que elaborou os projetos de Atualização do CDC (LGL\1990\40) (PLS 281/2012, PLS
282/2012 e PLS 283/2012) e de participar, junto com a Profa. Dra. Wei Dan, como
observadora em representação da "International Law Association" dos trabalhos de
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revisão das Diretrizes, parece-me que a coincidência temática destas duas "revisões" -
ou, no caso brasileiro, de mera atualização do Código de Defesa do Consumidor, leva
necessariamente à conclusão que o tempo é maduro para avançar o direito do
consumidor e confirma a urgente necessidade de atuação legislativa nacional pelo menos
nestes temas em que sugestões foram traçadas pela ONU.
A revisão das Diretrizes ainda tratou de temas importantes, como o acesso a bens e
serviços essenciais, a energia e os serviços públicos, a cooperação internacional, que
ainda não estão refletidos no processo de Atualização do CDC (LGL\1990\40), daí a
necessidade de pensarmos a oportunidade de incluir algumas sugestões para o legislador
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nacional. E a Revisão de 2015 das Diretrizes sobre Proteção dos Consumidores criou
pela primeira vez uma instituição do sistema da ONU específica para acompanhar a
evolução do consumo no mundo, na UNCTAD, o "Grupo Intergovernamental de Experts
em Direito e Política do Consumidor" (Intergovernmental Group of Experts (IGE) on
consumer protection law and policy), que acompanhará a implementação das próprias
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Diretrizes.
Esta revisão, a mais extensa desde 1985, das Diretrizes da ONU está a demonstrar ao
mesmo tempo, a força e a importância do direito e da política de proteção dos
consumidores para todos os países, especialmente os em desenvolvimentos e
emergentes, como o Brasil, mas também a necessidade de atualizar o direito do
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consumidor nacional frente aos desafios da sociedade atual.
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
Importante também foi a sua obra para aproximar e sensibilizar todas as carreiras
jurídicas para a importância desta lei protetiva, em especial através da criação por
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Antônio Herman Benjamin, do Brasilcon (Instituto Brasileiro de Política e Direito do
Consumidor), em 1991 e da Revista de Direito do Consumidor, em 1992, um importante
veículo para divulgar a reflexão teórica e científica, assim como exemplos da prática
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advocatícia e jurisprudencial, sobre este novo direito do consumidor.
É, pois, um sucesso que se inicia a muitas mãos, com muito esforço, fruto de muita
paixão e competência, frutifica com muita luta e superando vários obstáculos. É uma
grande obra, a merecer todas as nossas homenagens e o nosso profundo
reconhecimento. Mudou o mercado, mudou profundamente o direito brasileiro!
econômico;
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b) a incorporação da pragmática teoria da qualidade, de origem norte-americana e que
relativiza a summa divisio entre responsabilidade contratual e extracontratual, de forma
a assegurar em todas as relações de consumo uma qualidade-adequação (sem vícios)
dos produtos e serviços e uma qualidade-segurança (sem defeitos) dos produtos e
serviços;
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c) uma nova teoria contratual, guiada pela boa-fé objetiva - com uma visão de deveres
anexos de conduta e direitos (básicos) de boa-fé positivados na lei para as relações de
consumo, bem como uma visão de obrigação como processo no tempo, valorizando as
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fases pré e pós-contratual, bem como impondo um novo regime aos contratos de fazer
(serviços) e de dar (produtos). Vejamos.
Destaque-se também a evolução no tempo, antes do Código Civil de 2002, uma visão
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mais maximalista de consumidor, depois uma visão finalista, mas humanizada pelo
teste da vulnerabilidade, no finalismo aprofundado do STJ que beneficia 'bordadeiras',
agricultores, caminhoneiros e taxistas, pequenas e micro empresas se fora de sua
atividade profissional ou provada a vulnerabilidade técnica, jurídica, informacional ou
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fática frente ao fornecedor de serviços ou produtos. As dúvidas iniciais sobre se não
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seria melhor uma definição negativa (o não profissional) foram superadas, assim como
as críticas sobre a inclusão das pessoas jurídicas na definição principal de consumidor,
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no art. 2.º, caput, do CDC (LGL\1990\40).
Uma segunda é a distinção entre pessoas físicas consumidoras e pessoas jurídicas, que
se aprofunda com o processo de Atualização. No PLS 283/2012 sobre
superendividamento dos consumidores, uma menção ao consumidor pessoa física se
impôs, pois para as pessoas jurídicas já há o privilégio da falência e seu regime especial.
Note-se também que na revisão das Diretrizes da ONU, a definição de consumidor (n. 3)
não foi modificada, mas a autorização que a legislação nacional de cada país estenda a
definição para consumidores pessoas jurídicas, foi mantida, não sendo, porém, a regra e
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sim a exceção.
Em um balanço realista, o CDC (LGL\1990\40) é uma das leis que teve maior impacto no
ordenamento brasileiro, especialmente no que concerne o direito privado, um impacto
dogmático e de mudanças de paradigmas, daí a sua valorização sistemática e a forte
aceitação da teoria do diálogo das fontes, pelas Cortes superiores. Mas nem tudo são
flores e conquistas, muitos temas sofreram retrocessos nestes 25 anos e outros não
aparecem na versão atual do substitutivo enviado à Câmara dos Projetos de Atualização
do CDC (LGL\1990\40), sendo assim, permitam-me aproveitar este balanço para realizar
algumas sugestões de melhoria destes PLS 281/2012 e PLS 283/2012, na esperança que
estes temas-limites do CDC (LGL\1990\40) possam ser enfrentados no futuro.
Ensinou o STF, na decisão da ADIn 2.591, conhecida como ADIn dos Bancos, que: "A
proteção ao consumidor e a defesa da integridade de seus direitos representam
compromissos inderrogáveis que o Estado brasileiro conscientemente assumiu no plano
de nosso ordenamento jurídico (...) a Assembleia Nacional constituinte, em caráter
absolutamente inovador, elevou a defesa do consumidor à posição eminente de direito
fundamental (art. 5.º, XXXII), atribuindo-lhe, ainda, a condição de princípio estruturador
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e conformador da próprio ordem jurídica (CF/1988 (LGL\1988\3), art. 170, V)".
Neste sentido, saúde-se que o próprio e. STJ, em face do novo CPC, afetou a Súmula
381, que limita a aplicação ex officio do CDC (LGL\1990\40) nos contratos bancários -
apesar da vitória na ADIN - desde 2013, no REsp 1.465.832- RS, em repetitivo, de
08.09.2015. O eminente Min. Paulo de Tarso Sanseverino afirma: "Discute-se a
possibilidade de o juiz ou tribunal reconhecer de ofício a abusividade de cláusulas
contratuais em negócios jurídicos de consumo (art. 51 do CDC (LGL\1990\40)). Em
relação a contratos bancários, a vedação da possibilidade de ser reconhecida de ofício a
abusividade de cláusulas abusivas foi objeto da Súmula 381 (MIX\2010\1629)/STJ ("Nos
contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas"). A existência do enunciado sumular não impede, porém, que a matéria
continue a ser submetida a esta Corte mediante recursos especiais. Assim, tendo em
vista a multiplicidade de recursos que ascendem a esta Corte com fundamento em
idêntica controvérsia, afeto à Segunda Seção o julgamento do presente recurso para,
nos termos do art. 543-C do Código de Processo Civil, consolidar o entendimento sobre
as seguintes questões jurídicas: "Possibilidade de o juiz ou o Tribunal reconhecer de
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
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Na decisão da ADIn 2.591 também, pela primeira vez no Brasil, foi aceita por uma corte
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superior, a teoria do diálogo das fontes, de Erik Jayme. O STF, neste histórico
julgamento da ADIn 2.591, concluiu pela constitucionalidade da aplicação do CDC
(LGL\1990\40) a todas atividades bancárias, reconhecendo a necessidade do diálogo das
fontes. Do voto do Min. Joaquim Barbosa extrai-se a seguinte passagem: "Entendo que o
regramento do sistema financeiro e a disciplina do consumo e da defesa do consumidor
podem perfeitamente conviver. Em muitos casos, o operador do direito irá deparar-se
com fatos que conclamam a aplicação de normas tanto de uma como de outra área do
conhecimento jurídico. Assim ocorre em razão dos diferentes aspectos que uma mesma
realidade apresenta, fazendo com que ela possa amoldar-se aos âmbitos normativos de
diferentes leis". Em relação ao alegado confronto entre lei complementar disciplinadora
da estrutura do sistema financeiro e CDC (LGL\1990\40), o Min. Joaquim Barbosa,
referindo-se à técnica do diálogo das fontes, observa: "Não há, a priori, por que falar em
exclusão formal entre essas espécies normativas, mas, sim, em 'influências recíprocas',
em 'aplicação conjunta das duas normas ao mesmo tempo e ao mesmo caso, seja
complementarmente, seja subsidiariamente, seja permitindo a opção voluntária das
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partes sobre a fonte prevalente".
uma opção por uma das leis em conflito abstrato - uma solução flexível e aberta, de
interpenetração, ou mesmo a solução mais favorável ao mais fraco da relação
(tratamento diferente dos diferentes). Diálogo das fontes é uma expressão retórica (e
semiótica = conta sua própria finalidade de impor duas lógicas, de aplicar simultânea e
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coerentemente duas leis)".
O Art. 7.º do CDC (LGL\1990\40) já prevê, desde 1990, que as fontes devem ser
aplicadas em conjunto, a favor dos consumidores, podendo o direito do consumidor estar
em outras leis, que o CDC (LGL\1990\40). Como esclarece o STJ: "o art. 7.º da Lei
8.078/1990 fixa o chamado diálogo de fontes, segundo o qual sempre que uma lei
garantir algum direito para o consumidor, ela poderá se somar ao microssistema do CDC
(LGL\1990\40), incorporando-se na tutela especial e tendo a mesma preferência no trato
da relação de consumo". (REsp 1037759/RJ, rel. Min. Nancy Andrighi, 3.ª T., j.
23.02.2010, DJe 05.03.2010).
Em alguns poucos casos, a teoria foi afastada, a saber: 1) quando a relação não era de
consumo e a regra especial não deveria (ou poderia) repercutir no sistema de direito civil
entre comerciantes, tendo como leading case um pedido de revisonal entre empresários,
que deve seguir as normas de imprevisão e revisão dos contratos entre iguais do Código
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Civil (LGL\2002\400) com exclusividade, - decidindo caso de diálogo sistemático de
coerência encontrando coerência em manter a diferença de sistemas, pois não há
vulnerável envolvido; 2) para manter a prioridade de regras específicas para o caso do
próprio microssistema tutelar de proteção dos consumidores frente a regras outras do
sistema geral, em especial para impor os prazos prescricionais de 5 anos do CDC
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(LGL\1990\40) em matéria de acidentes de consumo, - em um diálogo sistemático de
complementariedade ou subsidiariedade (...) decidindo que não há lacuna ou
necessidade de complementar o sistema de proteção especial, que é expresso no prazo
prescricional para o caso examinado; e 3) em caso de medidas de urgência, impedindo
que a fazenda pública possa fazer a penhora online com prejuízo para as empresas.
Estes poucos casos (menos de 10%), demonstram como a teoria está sendo muito bem
percebida (pois é justamente para casos de lacunas ou antinomias apenas aparentes)
nos Tribunais Superiores e tem ajudado a decidir de forma mais refletida nos casos de
conflitos de leis, com um novo paradigma (que já estava no Art. 7.º do CDC desde 1990)
de aplicação conjunta e coerente das normas em diálogo, orientada pelos valores da
Constituição Federal, especialmente o de direitos humanos e proteção dos vulneráveis.
Um dos temas em que a teoria do diálogo das fontes tem sido usada (ou afastada), a
prescrição, merece nossa atenção especial. Quanto ao tema da prescrição, o PLS
283/2012 na versão da Comissão de Juristas possuía norma especial, esclarecendo que
as prescrições não previstas expressamente no CDC (LGL\1990\40) nos arts. 26 e 27
deveriam se regular pelo prazo subsidiário de 10 anos do Código Civil (LGL\2002\400)
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sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
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(art. 206 do CC/2002 (LGL\2002\400)). A regra sugerida era: "Art. 27-AAs pretensões
dos consumidores não reguladas nesta seção prescrevem em dez anos, se a lei não
estabelecer prazo mais favorável ao sujeito vulnerável". A regra tinha uma vantagem em
relação ao texto atual do art. 206 do Código Civil (LGL\2002\400), pois era mais clara e
identificava que o diálogo deveria ser feito no sentido da aplicação do prazo mais
favorável ao sujeito vulnerável.
Justamente por esta parte final, que deixava em aberto os prazos prescricionais - que
deveriam ser determinados claramente em lei, a regra foi retirada no substitutivo. As
discussões da jurisprudência comprovam que a regra era interessante. Assim, se nas
discussões da Câmara houver ainda espaço, sugiro que se recoloque pelo menos a parte
inicial no PLS 283/2012, pois seria muito útil para estabelecer a prescrição em casos de
cláusulas abusivas e outros 'prazos' não regulados ainda expressamente no CDC
(LGL\1990\40).
"Art. 27-AAs pretensões dos consumidores não reguladas expressamente nos artigos
anteriores, prescrevem em dez anos, se os prazos da legislação civil não forem
superiores".
Sabemos que prescrição é tema material, logo, a parte inicial do CDC (LGL\1990\40) é
locus correto para regular, também o prazo subsidiário de prescrição, não previsto nos
arts. 26 e 27 do CDC (LGL\1990\40), principalmente se a teoria do diálogo das fontes
não tem conseguido responder a esta lacuna, de maneira satisfatória. Como afirma
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Hector Valverde Santana, as regras sobre prescrição do CDC (LGL\1990\40) não são
as mais claras e fáceis de aplicar. Assim, reitero que seria positivo que se pudesse
indicar legislativamente, como o diálogo entre o CDC (LGL\1990\40) e o CC/2002
(LGL\2002\400) deve ser realizado.
Concluindo, se pode afirmar que o diálogo das fontes é uma teoria sofisticada, mas
especialmente útil para hard cases, pois como escrevi, "nestes casos difíceis há
convivência de leis com campos de aplicação diferentes, campos por vezes convergentes
e, em geral, diferentes (no que se refere aos sujeitos), em um mesmo sistema jurídico,
há um 'diálogo das fontes' especiais e gerais, aplicando-se ao mesmo caso concreto,
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tudo iluminado pelo sistema de valores constitucionais e de direitos fundamentais."
Se a reação inicial ao art. 7.º do CDC (LGL\1990\40) na jurisprudência não foi a das
mais positivas, quanto à teoria do diálogo das fontes, a tendência é que sua utilização
afirme-se cada vez mais. A comissão de Juristas tinha proposto uma valorização do art.
7.º do CDC (LGL\1990\40), com a inclusão de um parágrafo mais geral:
§ 1.º (...)
O substitutivo do Senado Federal aceitou o conteúdo da regra, mas não sua localização,
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propondo criar um art. 3º-A, logo após as definições. Não há prejuízo nesta mudança,
mas a função sistematizadora do art. 7.º do CDC (LGL\1990\40) perde uma chance de
ser valorizada. De qualquer maneira, pelo que se viu na análise da jurisprudência, a
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teoria do diálogo das fontes foi incorporada à teoria geral do direito brasileiro e muito
bem recebida pelas cortes estaduais e superiores.
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
"Art. 4.º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, a
proteção do meio ambiente, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:
(...)
II - (...)
Por fim, mencione-se que a OAB/RS propôs regular em mais detalhes os serviços
públicos estaduais em uma lei estadual, o que foi aceito pela Assembleia Legislativa do
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Rio Grande do Sul. Outro tema conexo e que aparece na proposta de lei estadual do
RS, é o tema essencialidade (do serviço ou) do produto. Realmente, este é outro tema
limite no CDC (LGL\1990\40), pois o art. 18 do CDC (LGL\1990\40) acaba por criar
dificuldades para o consumidor que necessita um serviço de telefonia, ao não delimitar
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com clareza, por exemplo, se o produto celular, anexo ao serviço de telefonia móvel, é o
não essencial e deve ser trocado imediatamente. A regra estadual, que poderia servir de
modelo a várias outras nos Estados brasileiros, é a seguinte:
"Art. 3.º - São essenciais, nos termos do art. 18, § 3.º, da Lei 8.078, de 11 de setembro
de 1990, os produtos indispensáveis para a satisfação de necessidades imediatas do
consumidor, assim considerados aqueles cujo não atendimento das finalidades
legitimamente esperadas:
IV - os funerários;
V - o transporte coletivo;
Art. 5.º - São deveres dos fornecedores de serviços essenciais, sem prejuízo dos demais
estabelecidos em lei:
Por fim, mencione-se que o substitutivo trazia também uma menção à locação,
intermediada por fornecedores, como sendo relação de consumo, e esta menção foi
retirada. Na Europa, hoje a locação é considerada uma relação de consumo, em especial
pela aplicação da Diretiva de cláusulas abusivas e recentes decisões do Tribunal de
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Justiça da União Europeia.
Uma última sugestão que me pareceria interessante, na esteira da que foi feita por
Leonardo Garcia para os Senadores, mas não alcançou ainda sucesso: a de criar uma
garantia legal mínima para produtos novos. Minha sugestão seria criar uma faixa de uma
a duas semanas, período no qual o produto novo de valor superior a 100 reais,
comprado no comércio registrado e empacotado pela fábrica, pudesse ser trocado por
outro semelhante, caso apresentasse um defeito e o consumidor o retornasse ao
comerciante do qual adquiriu. Muitas lojas têm propiciado este tipo de direito de
"conformidade mínima" voluntariamente, em especial, em produtos da linha branca ou
tecnológicos por sete dias. Efetivamente, em uma sociedade de consumo do século XXI
um produto novo teria que funcionar bem pelo menos na primeira semana e se
apresentar um defeito de fácil constatação, deveria poder ser trocado - de boa-fé - no
comerciante.
"A revisão das DNUPC cobre todo o conteúdo das existentes DNUPC, bem como de
algumas áreas ainda não alcançadas nas Diretrizes (comércio eletrônico, serviços
financeiros, outras questões e implementação), com o objetivo de melhor proteger
consumidores em um mundo de mudanças e na necessidade de atualizar a proteção de
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consumidores em áreas que são, cada vez mais, uma parte essencial do consumo
cotidiano. A finalidade da revisão é alcançar uma efetiva proteção ao consumidor nos
níveis nacional, regional e internacional, no tocante ao direito balanceado entre um alto
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nível de proteção dos consumidores e a competitividade dos negócios".
Durante o processo de revisão, foram criados quatro Grupos de Trabalho, que ficaram
sob a presidência de representantes dos seguintes países: 1. Grupo Comércio eletrônico
(França), 2. Grupo Serviços financeiros (Malásia), 3. Grupo Outros temas (Brasil e
Alemanha) e 4. Grupo Implementação das Diretrizes (Gabão). O Brasil foi representado
pela Secretária Nacional do Consumidor, Dra. Juliana Pereira (SENACON, MJ), que inclui
o tema da proteção dos turistas. Segundo o relatório, "As presidências e o secretariado
da UNCTAD acordaram em trabalhar em uma metodologia para cada grupo, e clamaram
pela participação dos Estados-membros, bem como de organizações internacionais,
Consumers International (CI), a Câmara Internacional de Comércio (ICC), acadêmicos e
outros apoiadores relevantes. Os Grupos de Trabalho têm feito uso da ICT e de dados
regionais quando consultados, apresentando e publicando seus trabalhos".
Assim as Diretrizes 2015 têm as seguintes novas partes: II. Campo de aplicação e III.
Princípios gerais, que foram expandidos para incluir comércio eletrônico, serviços
financeiros, proteção dos dados, privacidade, acesso e energia renováveis, serviços
públicos, turismo e reforçar a cooperação internacional no tema. No nº IV Princípios de
boas práticas (IV. Principles for Good Business Practices), reforçou-se a informação e
transparência (Disclosure and transparency), proteção da privacidade dos consumidores
(Protection of privacy), métodos de resolução de controvérsias (F. Dispute resolution and
redress mechanisms), prevenção dos litígios (G. Dispute Avoidance and Awareness of
Resolution Mechanism), promoção do consumo sustentável (K. Promotion of sustainable
consumption - incluído desde 1999), comércio eletrônico (L. E-commerce), serviços
financeiros (M. Financial Services), e nas medidas sobre temas específicos novas regras
sobre energia, serviços públicos e de interesse geral e turismo (N. Measures relating to
specific areas; 88. Energy. 89. Public utilities, 90. Tourism), VI. Cooperação
internacional (VI. International co-operation), com reforço da proteção internacional dos
consumidores em casos de fraudes.
Como não cabe aqui comentar todo o texto final, gostaria de destacar igualmente que os
considerandos da decisão da Assembleia Geral mencionam: a necessidade de proteger a
privacidade do consumidor, incluir o m-commerce ou comércio móvel no comércio
eletrônico e todas as 'redes' novas tecnológicas neste paradigma de proteção,
preocupar-se com a lei aplicável a jurisdição em matéria de comércio eletrônico
internacional, a necessidade de melhorar a confiança dos consumidores no mercado
financeiro e de crédito abalada pela crise financeira, que deve resultar em mais eficazes
regulamentações deste mercado.
Nos Princípios gerais, no n. 5 das Diretrizes foram incluídos quatro novos interesses
legítimos que os Estados devem levar observar: a) acesso dos consumidores à produtos
e serviços essenciais; b) a proteção dos consumidores com vulnerabilidade agravada e
em situações de desvantagem especial; (...) i) um nível de proteção do consumidor do
comércio eletrônico que não seja menor do que o assegurado nas outras formas de
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comércio; k) a proteção da privacidade e da livre circulação global de informações.
Estes princípios merecerão estudos mais aprofundados, que pela extensão deste texto
não é mais possível agora realizar, mas as diretrizes também trazem regras sobre o
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reforço das agências de proteção dos consumidores (no Brasil, os Procons), sobre
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
Por fim, quero mencionar que foi possível realizar uma revisão extensa e de consenso
mundial no mais importante texto internacional, de 2012 a dezembro 2015 e, no Brasil,
sequer conseguimos que os Projetos de Lei 281 e 283 de 2012 fossem examinados em
ambas as casas do Parlamento Brasileiro. Como diz o dito popular, há males que vêm
para bem e talvez este 'timing' demorado de nosso Parlamento, possa permitir melhorar
ainda mais ambos os projetos.
O Capítulo 'I' sobre comércio eletrônico e o capítulo 'J' sobre serviços financeiros são as
maiores novidades da revisão 2015 das Diretrizes da ONU de Proteção do Consumidor. O
Capítulo 'I' é relativamente curto (se comparado às 13 regras sobre consumo
sustentável, da revisão de 1999) e procura estabelecer as bases para alcançar este nível
pelo menos igual de proteção do comércio eletrônico ou não inferior à proteção do
consumidor em outras formas de comércio (nºs 63, 64, 65). A ênfase é em aumentar a
confiança do consumidor, tentando enfrentar o 'desafio virtual' com mais transparência,
informação, identificação do fornecedor, adaptações das atuais normas a este meio
digital ou tecnológico.
A este capítulo é completado por práticas comerciais que devem reforçar a lealdade (n.
91 92
11, a e b) e a transparência (n. 11, c) na contratação, e se une um número especial
dedicado à proteção da privacidade (n. 11, e).
No PLS 281/2012 acrescenta-se aos direitos básicos dos consumidores exatamente estes
direitos assegurados pela Revisão de 2015 das Diretrizes da ONU, a saber:
O Capítulo J regula os serviços financeiros com mais detalhamento. São três números
93
também, subdivididos em 10 diferentes regras (65, 66 e 67), que se somam a
modificações no que se refere às práticas comerciais (cláusulas abusivas, cobranças de
dívidas, táticas agressivas de marketing, em especial no que concerne o alerta de riscos
94
financeiros, n. 11), assim como assegurando conciliação em matéria de
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superendividamento e 'falência" do consumidor (n.º 40).
que emendas retiraram toda menção à exclusão social, à função social do contrato de
96
crédito, boa-fé e à dignidade da pessoa humana. Assim sugeriria, no PLS 283/2012, o
retorno da norma introdutória proposta pela comissão de juristas, assim como as
sanções ali previstas para a falta de informação. O texto introdutório seria:
"Capítulo VII
E também sugiro introduzir na lista do Art. 39, uma sanção geral pela falta de
informação, incluindo-a como nova prática abusiva, no inciso XV, com o seguinte texto:
"Art. 39 (...)
§ 2.º O juiz poderá nomear administrador, desde que não onere as partes, que
apresentará plano de pagamento, no prazo de até 30 (trinta) dias, após cumpridas as
diligências eventualmente necessárias, contemplando medidas de temporização ou
atenuação dos encargos.
§ 3.º O magistrado do plano judicial poderá, após cinco anos, determinar a remissão do
restante das dívidas, a pedido de consumidores de boa-fé sem bens e cuja remuneração
não ultrapasse 2 salários mínimos".
Sem poder - ou querer- fazer uma conclusão stricto sensu, mencione-se, neste já muito
longo artigo, reiterando a riqueza de ideias e expressões que podem ser retiradas do
texto das Diretrizes da ONU de proteção do consumidor, de dezembro de 2015, para
inspirar a atualização do CDC (LGL\1990\40). Espera-se que em 2016, esta atualização
possa ser aprovada e a crise financeira e ética do país inicie o seu fim, com uma boa
notícia para os consumidores. Atualizar o CDC (LGL\1990\40) é a melhor maneira de
celebrar as conquistas dos 25 anos passados e iniciar os próximos 25 anos desta
importante lei!
4 Referências bibliográficas
______. Diálogo das fontes no direito do consumidor. In: MARQUES, Claudia Lima
(org.). Diálogo das fontes. São Paulo: Ed. RT, 2012.
JAYME, Erik. Visões para uma teoria pós-moderna do direito comparado. Revista dos
Tribunais, v. 759, p. 24-40. São Paulo: Ed. RT, jan. 1999.
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Página 17
25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
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da ONU de proteção dos consumidores para a
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2.591). Revista de Direito do Consumidor, v. 61, p. 40-75. São Paulo: Ed. RT.
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Consumidor - A evolução das obrigações envolvendo serviços remunerados direta ou
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
SODRÉ, Marcelo Gomes. A construção do direito do consumidor. São Paulo: Atlas, 2009.
1 Este artigo é resultado do projeto de pesquisa "A análise dos projetos de atualização
do Código de Defesa do Consumidor: a partir dos trabalhos da Comissão de Juristas do
Senado Federal", que recebeu fomento da FAPERGS através de uma bolsa de iniciação
científica, 2013-2015.
2 Veja BENJAMIN, Antônio Herman. MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe.
Manual de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014.
6 Erik Jayme, comentando um caso de publicidade abusiva no Brasil afirma: "A reação
do direito brasileiro colocou em primeiro plano a dignidade dos pobres (Würde der
Armen). A concepção de consumidor (Verbraucherleitbild) no Brasil ficava assim
impregnada da necessidade material de setores da sociedade, cujo respeito não podia
ser esquecido (...)" (JAYME, Erik. Visões para uma teoria pós-moderna do direito
comparado. In: Revista dos Tribunais, v. 759, n 11, p. 24-40, jan. 1999. Visões
diferentes do consumidor).
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
8 O texto final anda não foi divulgado, assim trabalharemos neste artigo com o texto
aprovado na comissão de experts, em 25 de junho de 2015, que contou com a
participação, além da SENACON pelo Brasil, de representantes do Comitê de Proteção
Internacional dos consumidores do ILA e do Presidente do Brasilcon, mas alertamos o
leitor que modificações de redação podem ter ocorrido até a aprovação pela Assembleia
Geral em dezembro. Veja a versão original, A/RES/39/248, de 16 de Abril de 1985 e sua
importância no Brasil, na obra de SODRÉ, Marcelo Gomes. A construção do direito do
consumidor. São Paulo: Atlas, 2009.
13 A referida Comissão de Juristas foi presidida pelo e. Ministro do STJ, Antônio Herman
Benjamin, e tendo como membros eu mesma, Claudia Lima Marques (UFRGS), como
Relatora-Geral, e os professores Ada Pellegrini Grinover (USP), Leonardo Roscoe Bessa
(UniCeub), Roberto Pfeiffer (USP) e Kazuo Watanabe (USP). Os três focos dos trabalhos
da Comissão de juristas foram o regime do crédito e o combate ao superendividamento
do consumidor, a melhoria da efetividade da parte processual do CDC (LGL\1990\40) e o
fenômeno do comércio eletrônico. Veja MARQUES, Claudia Lima; MIRAGEM, Bruno.
Anteprojetos de lei de atualização do Código de Defesa do Consumidor. Revista de
Direito do Con-sumidor, v. 82, p. 331 e ss. São Paulo: Ed. RT, abr.-jun. 2012.
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
15 Disponível em:
[www.ila-hq.org/en/news/index.cfm/nid/2F35999B-ADFA-4719-9DB11D5CECBAD1A8].
17 Veja mais sobre esta vitória da Consumers International, que teve o apoio do
Brasilcon e da International Law association, assim como decisiva atuação da SENACON,
Disponível em:
[www.consumersinternational.org/news-and-media/news/2015/12/updated-ungcp/].
Acesso em: 03.01.2016.
21 Veja o editorial de MIRAGEM, Bruno; MARQUES, Claudia Lima e LIMA, Clarissa Costa
de. O volume 100 da Revista de Direito do Consumidor - Passado, Presente e Futuro.
Revista de Direito do Consumidor, v. 100, p. 13 - 15, jul.-ago. 2015.
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
22 A teoria da qualidade foi trazida para o Brasil, por Antônio Herman Benjamin, após
seus estudos de mestrado na universidade de Illinois, USA e adaptada à realidade
brasileira, também com a ajuda do direito comprado, em especial da Diretiva europeia
de 1985 sobre o tema, veja detalhes em BENJAMIN, Antônio Herman. Arts. 12 a 27. In:
OLIVEIRA, Juarez de (coord.). Comentários ao Código de Proteção do Consumidor. São
Paulo: Saraiva, 1991 e do mesmo Autor, capítulo 5, do Manual já citado de
MARQUES/BENJAMIN/BESSA.
23 Veja o uso desta expressão "nova teoria contratual" desde a primeira edição em
1992, em: MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor, p.
57 e ss. São Paulo: Ed. RT, 2014.
28 Veja os leading cases citados, em: BENJAMIN, Antônio Herman; MARQUES, Claudia
Lima; MIRAGEM, Bruno. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 4. ed., p. 119
e ss., São Paulo: Ed. RT, 2013. Veja também MORATO, Antonio Carlos. Pessoa jurídica
consumidor. São Paulo: Ed. RT, 2008.
30 Veja MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 5. ed., p. 143 e ss., São
Paulo: Ed. RT, 2014.
31 Esta terminologia foi bem aceita no país, veja as ideias iniciais em: MARQUES,
Contratos, p. 342 e ss. Veja também, defendendo fortemente sua extensão aos micro e
pequenos empresários: OLIVEIRA, Júlio Moraes. Consumidor-Empresário - A defesa do
finalismo aprofundado. Belo Horizonte: Arraes, 2012.
32 Veja sobre o tema do consumidor idoso a bela obra de SCHMITT, Cristiano Heineck.
Consumidores hipervulneráveis - A proteção do idoso no mercado de consumo. São
Paulo: Atlas, 2014.
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
36 MARQUES, Claudia Lima; MIRAGEM, Bruno. O Novo Direito Privado e a proteção dos
vulneráveis., p. 17 ss. São Paulo: Ed. RT, 2014.
38 Veja os princípios de boas práticas no consumo online e offline: "11. The principles
that establish benchmarks for good business practice for conducting online and off-line
commercial activities with consumers are as follows: (a) Fair and equitable treatment-
Businesses should deal fairly and honestly with consumers at all stages of their
relationship, so that it is an integral part of the business culture. Businesses should avoid
practices that harm consumers, particularly with respect to vulnerable and
disadvantaged consumers.
39 Belo exemplo é a decisão do e. STJ: Recurso especial. Ação civil pública. Ação
destinada a impor à instituição financeira demandada a obrigação de adotar o método
Braille nos contratos bancários de adesão celebrados com pessoa portadora de
deficiência visual. (...) 2. Dever legal consistente na utilização do método Braille nas
relações contratuais bancárias estabelecidas com consumidores portadores de deficiência
visual. Existência. Normatividade com assento constitucional e legal. Observância.
Necessidade. 3. Condenação por danos extrapatrimoniais coletivos. Cabimento. 4.
Imposição de multa diária para o descumprimento das determinações judiciais. Revisão
do valor fixado. Necessidade, na espécie. 5. Efeitos da sentença exarada no bojo de ação
civil pública destinada à tutela de interesses coletivos stricto sensu. Decisão que produz
efeitos em relação a todos os consumidores portadores de deficiência visual que
estabeleceram ou venham a firmar relação contratual com a instituição financeira
demandada em todo o território nacional. Indivisibilidade do direito tutelado. Art. 16 da
Lei 7.347/1985. Inaplicabilidade, na espécie. Precedentes. 7. Recurso especial
parcialmente provido. 1. A instituição financeira demandada, a qual se imputa o
descumprimento de um dever legal, não mantém com as demais existentes no país
(contra as quais nada se alega) vínculo jurídico unitário e incindível, a exigir a
conformação de litisconsórcio passivo necessário. A existência, por si, de obrigação legal
a todas impostas não as une, a ponto de, necessariamente, serem demandadas em
conjunto. In casu, está-se, pois, diante da defesa coletiva de interesses coletivos stricto
sensu, cujos titulares, grupo determinável de pessoas (consumidores portadores de
deficiência visual), encontram-se ligados com a parte contrária por uma relação jurídica
base preexistente à lesão ou à ameaça de lesão. E, nesse contexto, os efeitos do
provimento judicial pretendido terão repercussão na esfera jurídica dos consumidores
portadores de deficiência visual que estabeleceram, ou venham a firmar relação
contratual com a instituição financeira demandada, exclusivamente. 2. Ainda que não
houvesse, como de fato há, um sistema legal protetivo específico das pessoas
portadoras de deficiência (Leis 4.169/1962, 10.048/2000, 10.098/2000 e Decreto
6.949/2009), a obrigatoriedade da utilização do método Braille nas contratações
bancárias estabelecidas com pessoas com deficiência visual encontra lastro, para além
da legislação consumerista in totum aplicável à espécie, no próprio princípio da
Dignidade da Pessoa Humana. 2.1 A Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência impôs aos Estados signatários a obrigação de assegurar o
exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais
pelas pessoas portadoras de deficiência, conferindo-lhes tratamento materialmente
igualitário (diferenciado na proporção de sua desigualdade) e, portanto, não
discriminatório, acessibilidade física e de comunicação e informação, inclusão social,
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
41 O texto da UNGCP revisado é: "3. For the purpose of these Guidelines, the term
'consumer' generally refers to a natural person, regardless of nationality, acting primarily
for personal, family or household purposes, while recognizing that Member States may
adopt differing definitions to address specific domestic needs".
42 Veja meu parecer, MARQUES, Claudia Lima. Violação do dever de boa-fé de informar
corretamente, atos negociais omissivos afetando o direito/liberdade de escolha. Nexo
causal entre a falha/defeito de informação e defeito de qualidade dos produtos de tabaco
e o dano final morte. Responsabilidade do fabricante do produto, direito a ressarcimento
dos danos materiais e morais, sejam preventivos, reparatórios ou satisfatórios (Parecer).
Revista dos Tribunais 835, p. 75-133, maio 2005.
46 Veja sobre a nova teoria contratual (p. 57 a 296) e a responsabilidade pela qualidade
em matéria de vícios e defeitos (p. 1285 a 1378), MARQUES, Claudia Lima. Contratos no
Código de Defesa do Consumidor, São Paulo: Ed. RT, 2014.
49 Veja MARQUES, Claudia Lima. O novo direito privado brasileiro após a decisão da
ADIn dos bancos (ADIn 2.591). Revista de Direito do Consumidor 61, p. 40-75.
54 Veja sobre a teoria, MARQUES, Claudia Lima, O ´diálogo das fontes´ como método
da nova teoria geral do direito: um tributo a Erik Jayme, in MARQUES, Claudia Lima.
Diálogo das Fontes - do conflito à coordenação de normas no direito brasileiro. p. 18 e
ss., São Paulo: RT, 2012.
55 Veja detalhes também em ALMEIDA, João Batista de; PFEIFFER, Roberto (coord.).
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos bancos - ADin 2.591. São Paulo: Ed.
RT, 2006.
56 MARQUES, Claudia Lima. Cap. 4. In: MARQUES, Claudia Lima, BENJAMIN, Antônio
Herman e BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do Consumidor, 6. ed., São
Paulo: Ed. RT, 2015.
57 Veja leading case, Resp. 1.024.128/PR, rel. Min. Herman Benjamin: "A novel
legislação é mais uma etapa da denominada 'reforma do CPC', conjunto de medidas que
vêm modernizando o ordenamento jurídico para tornar mais célere e eficaz o processo
como técnica de composição de lides. Sob esse enfoque, a atribuição de efeito
suspensivo aos embargos do devedor deixou de ser decorrência automática de seu
simples ajuizamento. Em homenagem aos princípios da boa-fé e da lealdade processual,
exige-se que o executado demonstre efetiva vontade de colaborar para a rápida e justa
solução do litígio e comprove que o seu direito é bom. Trata-se de nova concepção
aplicada à teoria geral do processo de execução, que, por essa ratio, reflete-se na
legislação processual esparsa que disciplina microssistemas de execução, desde que as
normas do CPC possam ser subsidiariamente utilizadas para o preenchimento de
lacunas. Aplicação, no âmbito processual, da teoria do diálogo das fontes" (DJ
19.12.2008).
58 Veja sobre a boa recepção do diálogo das fontes na jurisprudência, em: BESSA,
Leonardo Roscoe. Diálogo das fontes no direito do consumidor. In: MARQUES, Claudia
Lima (org.). Diálogo das fontes. p. 183 e ss., São Paulo: Ed. RT, 2012.
11, da Lei 6.830/1980. Art. 185-A, do CTN (LGL\1966\26). Código de Processo Civil.
Inovação introduzida pela lei 11.382/2006. Arts. 655, I, E 655-A, do CPC. Interpretação
sistemática das leis. Teoria do diálogo das fontes. Aplicação imediata da lei de índole
processual. 1. A utilização do Sistema BACEN-JUD, no período posterior à vacatio legis
da Lei 11.382/2006 (21.01.2007), prescinde do exaurimento de diligências
extrajudiciais, por parte do exequente, a fim de se autorizar o bloqueio eletrônico de
depósitos ou aplicações financeiras (Precedente da 1.ª Seção: EREsp 1.052.081/RS, rel.
Min. Hamilton Carvalhido, 1.ª Seção, j. 12.05.2010, DJe 26.05.2010. Precedentes das
Turmas de Direito Público: REsp 1.194.067/PR, rel. Min. Eliana Calmon, 2.ª T., j.
22.06.2010, DJe 01.07.2010; AgRg no REsp 1.143.806/SP, rel. Min. Humberto Martins,
2.ª T., j.08.06.2010, DJe 21.06.2010; REsp 1.101.288/RS, rel. Min. Benedito Gonçalves,
1.ª T., j. 02.04.2009, DJe 20.04.2009; e REsp 1.074.228/MG, rel. Min. Mauro Campbell
Marques, 2.ª T., j. 07.10.2008, DJe 05.11.2008. Precedente da Corte Especial que
adotou a mesma exegese para a execução civil: REsp 1.112.943/MA, rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 15.09.2010). 2. A execução judicial para a cobrança da Dívida Ativa da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias é regida
pela Lei 6.830/1980 e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.(...) 9. A
antinomia aparente entre o art. 185-A, do CTN (LGL\1966\26) (que cuida da decretação
de indisponibilidade de bens e direitos do devedor executado) e os arts. 655 e 655-A, do
CPC (penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira) é superada com a
aplicação da Teoria pós-moderna do Dialógo das Fontes, idealizada pelo alemão Erik
Jayme e aplicada, no Brasil, pela primeira vez, por Cláudia Lima Marques, a fim de
preservar a coexistência entre o Código de Defesa do Consumidor e o novo Código Civil
(LGL\2002\400). 10. Com efeito, consoante a Teoria do Diálogo das Fontes, as normas
gerais mais benéficas supervenientes preferem à norma especial (concebida para
conferir tratamento privilegiado a determinada categoria), a fim de preservar a coerência
do sistema normativo. (...)19. Recurso especial fazendário provido, declarando-se a
legalidade da ordem judicial que importou no bloqueio liminar dos depósitos e aplicações
financeiras constantes das contas bancárias dos executados. Acórdão submetido ao
regime do art. 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008." (REsp 1184765/PA, rel.
Min. Luiz Fux, Primeira Seção, j. 24.11.2010, DJe 03.12.2010).
65 Trecho de MARQUES, Claudia Lima. Cap. 4. In: MARQUES, Claudia Lima, BENJAMIN,
Antônio Herman e BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do Consumidor, 6. ed.,
São Paulo: Ed. RT, 2015.
67 Veja também MIRAGEM, Bruno. Epur si muove: diálogo das fontes como método de
interpretação sistemática no direito brasileiro, in MARQUES, Claudia Lima, (org.) Diálogo
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
das fontes. Do conflito à coordenação das normas do direito brasileiro. p. 67 e ss., São
Paulo: Ed. RT, 2012.
72 O novo texto da UNGCP é: "K. Measures relating to specific areas (...) 69. In
advancing consumer interests, particularly in developing countries, Member States
should, where appropriate, give priority to areas of essential concern for the health of
the consumer, such as food, water, pharmaceuticals, energy, and public utilities, and
also address the specificities of tourism". (a parte em negrito é a revisada).
74 Veja leading case: "Os serviços públicos podem ser próprios e gerais, sem
possibilidade de identificação dos destinatários. São financiados pelos tributos e
prestados pelo próprio Estado, tais como segurança pública, saúde, educação etc. Podem
ser também impróprios e individuais, com destinatários determinados ou determináveis.
Neste caso, têm uso específico e mensurável, tais como os serviços de telefone, água e
energia elétrica. 4. Os serviços públicos impróprios podem ser prestados por órgãos da
administração pública indireta ou, modernamente, por delegação, como previsto na CF
(LGL\1988\3) (art. 175). São regulados pela Lei 8.987/1995, que dispõe sobre a
concessão e permissão dos serviços públicos. 5. Os serviços prestados por
concessionárias são remunerados por tarifa, sendo facultativa a sua utilização, que é
regida pelo CDC (LGL\1990\40), o que a diferencia da taxa, esta, remuneração do
serviço público próprio. 6. Os serviços públicos essenciais, remunerados por tarifa,
porque prestados por concessionárias do serviço, podem sofrer interrupção quando há
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
inadimplência, como previsto no art. 6.º, § 3.º, II, da Lei 8.987/1995. Exige-se,
entretanto, que a interrupção seja antecedida por aviso, existindo na Lei 9.427/1997,
que criou a ANEEL, idêntica previsão. 7. A continuidade do serviço, sem o efetivo
pagamento, quebra o princípio da igualdade das partes e ocasiona o enriquecimento sem
causa, repudiado pelo direito (arts. 42 e 71 do CDC (LGL\1990\40), em interpretação
conjunta). 8. Recurso especial conhecido parcialmente e, nessa parte, provido" (REsp
1062975/RS, rel. Min. Eliana Calmon, 2.ª T., j. 23.09.2008, DJe 29.10.2008). E: "É lícito
à concessionária interromper o fornecimento de água se, após aviso prévio, o usuário
permanecer inadimplente. Interpretação do art. 6.º, § 3.º, II, da Lei 8.987/1995" (REsp
631.246/RJ, rel. Min. Denise Arruda, 1.ª T., j. 23.10.2006).
75 Veja REsp 628.833, 460.271, 291.158, 442.814, 278.532. Esta posição flexibiliza-se:
"Administrativo -Serviço de telefonia - Falta de pagamento - Bloqueio parcial das linhas
da prefeitura - Município como consumidor. 1. A relação jurídica, na hipótese de serviço
público prestado por concessionária, tem natureza de direito privado, pois o pagamento
é feito sob a modalidade de tarifa, que não se classifica como taxa. 2. Nas condições
indicadas, o pagamento é contra prestação, aplicável o CDC (LGL\1990\40), e o serviço
pode ser interrompido em caso de inadimplemento, desde que antecedido por aviso. 3. A
continuidade do serviço, sem o efetivo pagamento, quebra o princípio da isonomia e
ocasiona o enriquecimento sem causa de uma das partes, repudiado pelo direito
(interpretação conjunta dos arts.42 e 71 do CDC (LGL\1990\40)). 4. Quando o
consumidor é pessoa jurídica de direito público, a mesma regra deve lhe ser estendida,
com a preservação apenas das unidades públicas cuja paralisação é inadmissível. 5.
Recurso especial provido" (REsp 742.640/MG, rel. Min. Eliana Calmon, 2.ª T., j.
06.09.2007, DJ 26.09.2007, p. 203).
76 Veja REsp 647.853/RS, rel. Min. Luiz Fux, j. 28.09.2004, DJ 06.06.2005, p. 194.
78 O novo texto da UNGCP é: "77. Public utilities. Member States should promote
universal access to public utilities as well as formulate, maintain or strengthen national
policies to improve rules and statutes dealing with provision of service, consumer
information, security deposits and advance payment for service, late payment fees,
termination and restoration of service, establishment of payment plans, and dispute
resolution between consumers and utility service providers, taking into account the
needs of vulnerable and disadvantaged consumers".
80 O artigo ainda possui dois parágrafos, a saber: "§ 2.º - Compete ao Conselho
Estadual de Defesa do Consumidor, de modo articulado com o órgão estadual de defesa
do consumidor, acompanhar a prestação dos serviços essenciais, assim como
relacionar-se com os órgãos e entidades públicos competentes para, dentre outras
iniciativas, notificar as falhas que vier a ter conhecimento, assim como recomendar
iniciativas para seu aperfeiçoamento. § 3.º - O Estado promoverá, por intermédio do
órgão executivo estadual de defesa do consumidor, a ampla divulgação à população da
relação de serviços essenciais, dos seus direitos em relação a estes, e os respectivos
deveres dos fornecedores".
83 Assim ensinam MICKLITZ, Hans-W. e REICH, Norbert. Sale of consumer goods. In:
REICH, Norbert; MICKLITZ, Hans-W.; ROTT, Peter; TONNER, Klaus. European Consumer
Law. p. 177, Intersentia: Cambridge, 2014 .
84 Em, 1999 inlcuiu-se nas Diretrizes das Nações Unidas para a Proteção do Consumidor
um capítulo novo, a letra G sobre "Promoção de modalidades sustentáveis de consumo"
que inicia afirmando (n. 42) que "Consumo sutentável compreende satisfazer as
necessidades de bens e serviços das gerações presentes e futuras sejam satisfeitas de
modo tal que possam sustentar-se desde o ponto de vista econômico, social e
ambiental".
87 UNCTAD, Informe sobre as modalidades para a revisão das Diretrizes das Nações
Unidas para Proteção ao Consumidor, Reunião Preparatória para a VII Conferência de
Revisão para Proteção ao Consumidor Genebra, Janeiro de 2015.
88 No original: "III. General principals (...) 5. The legitimate needs which the Guidelines
are intended to meet are the following: (a) Access by consumers to essential goods and
services; (b) The protection of vulnerable and disadvantaged consumers;(...) (i) A level
of protection for consumers using electronic commerce that is not less than that afforded
in other forms of commerce;(k) The protection of consumer privacy and the global free
flow of information; (...)"
89 O novo texto é: "15. Member States should work towards ensuring that consumer
protection enforcement agencies have the necessary human and financial resources to
promote effective compliance and to obtain or facilitate redress for consumers in
appropriate cases".
90 A regra nova é: "14. Member States should work towards establishing consumer
protection policies that encourage: (a) good business practices; (b) clear and timely
information to enable consumers to contact businesses easily, and to enable regulatory
and law enforcement authorities to identify and locate them. This may include
information such as the identity of the business,its legal name and the name under
which it trades, its principal geographic address, website and e-mail address or other
means of contact, its telephone number and its government registration or license
numbers; (c) clear and timely information regarding the goods or services offered by
businesses and the terms and conditions of the relevant transaction; (d) clear and
concise contract terms that are not unfair; (e) a transparent process for the
confirmation, cancellation, return and refund of transactions; (f)secure payment
mechanisms; (g) fair, affordable and speedy dispute resolution and redress;
(h)consumer privacy and data security; and (i) consumer and business education."
91 Veja os princípios de boas práticas no consumo online e offline: "11. The principles
that establish benchmarks for good business practice for conducting online and off-line
commercial activities with consumers are as follows: (a) Fair and equitable treatment-
Businesses should deal fairly and honestly with consumers at all stages of their
relationship, so that it is an integral part of the business culture. Businesses should avoid
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25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as
sugestões traçadas pela Revisão de 2015 das Diretrizes
da ONU de proteção dos consumidores para a
atualização
92 Veja Art. 11: "(c) Disclosure and transparency- Businesses should provide complete,
accurate and not misleading information regarding the goods and services, terms,
conditions, applicable fees and final costs to enable consumers to take informed
decisions. Business should ensure easy access to this information, especially to the key
terms and conditions, regardless of the means of technology used".
93 A regra principal é a do n. 66: "J. Financial Services - 66. Member States should
establish or encourage, as appropriate: (a) financial consumer protection regulatory and
enforcement policies; (b) oversight bodies with the necessary authority and resources to
carry out their mission; (c) appropriate controls and insurance mechanisms to protect
consumer assets, including deposits; (d) improved financial education strategies that
promote financial literacy; (e) fair treatment and proper disclosure, ensuring that
financial institutions are also responsible and accountable for the actions of their
authorized agents. Financial services providers should have a written policy on conflict of
interest, to help detect potential conflicts of interest. When the possibility of a conflict of
interest arises between the provider and a third party, this should be disclosed to the
consumer to ensure that potential consumer detriment generated by conflict of interest
be avoided; (f) responsible business conduct by financial services providers and
authorized agents, including responsible lending and the sale of products that are
suitable to the consumer's needs and means; (g) appropriate controls to protect
consumer financial data, including from fraud and abuse; and (h) a regulatory
framework that promotes cost efficiency and transparency for remittances, such that
consumers are provided with clear information on the price and delivery of the funds to
be transferred, exchange rates, all fees and any other costs associated with the money
transfers offered, as well as remedies if transfers fail".
94 A interessante regra é a seguinte: "Art. 11(...) (d) Education and awareness raising -
Businesses should, as appropriate, develop programs and mechanisms to assist
consumers to develop the knowledge and skills necessary to understand risks, including
financial risks, to take informed decisions, and to access assistance and competent and
professional advice when needed."
95 A regra planejada em julho de 2015 era a seguinte: "40. Member States should
ensure that collective resolution procedures are expeditious, transparent, fair,
inexpensive and accessible to both consumers and businesses, including those pertaining
to over-indebtedness and bankruptcy cases".
96 A regra enviada no PLS 283/2012 para a Câmara é: "Art. 54-A. Este Capítulo tem a
finalidade de prevenir o superendividamento da pessoa natural e de dispor sobre o
crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor".
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