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Abril de 2003
ÍNDICE
1. Introdução 1
2. Componentes do betão 6
2.1. Cimentos 6
2.1.1. Introdução 6
2.1.2. Fabrico 7
2.1.3. Tipos de cimentos e aplicações 8
2.2. Água de amassadura 11
2.2.1. Introdução 11
2.2.2. Propriedades / funções 12
2.3. Agregados 12
2.3.1. Introdução 12
2.3.2. Classificação / propriedades 13
2.3.3. Outros tipos de agregados 15
2.4. Adjuvantes 15
2.4.1. Introdução 15
2.4.2. Classificação / propriedades 16
2.5. Aditivos 17
2.5.1. Introdução 17
2.5.2. Classificação / propriedades 18
3. Armaduras 19
3.1. Introdução 19
3.2. Classificação geral 19
3.3. Processo de fabrico 21
3.4. Características / propriedades 22
3.4.1. Armaduras ordinárias 22
3.4.2. Armaduras de pré-esforço 22
3.5. Armaduras de desempenho / durabilidade melhorados 23
4. Composição do betão 25
4.1. Introdução 25
4.2. Métodos de cálculo 28
4.3. O betão corrente 29
4.3.1. Propriedades 30
4.3.1.1. Trabalhabilidade 30
4.3.1.2. Resistência mecânica 32
4.3.1.3. Durabilidade 34
4.4. Outros tipos de betão 36
4.4.1. Betões leves 36
4.4.2. Betões pesados 38
4.4.3. Betões de elevado desempenho 39
4.4.4. Betão ciclópico 42
4.4.5. Betão arquitectónico 43
4.4.5.1. Introdução 43
4.4.5.2. Betão branco 43
4.4.5.3. Betão colorido 45
4.4.5.4. Betão à vista 47
5. Preparação e colocação das armaduras 49
5.1. Preparação das armaduras 49
5.1.1. Corte 49
5.1.2. Dobragem 50
5.1.3. Armaduras ordinárias pré-fabricadas 53
5.2. Transporte das armaduras 54
5.2.1. Transporte do fornecedor até à obra 54
5.2.2. Transporte no interior da obra 54
5.3. Colocação das armaduras 55
6. Fabrico do betão 59
6.1. Técnicas de fabrico 59
6.1.1. Betão produzido em obra 60
6.1.1.1. Betão misturado em betoneiras 61
6.1.1.2. Centrais de betão 63
6.1.2. Betão pronto 65
6.2. Principais dificuldades no fabrico do betão 66
7. Transporte do betão 67
7.1. Introdução 67
7.2. Transporte da central distribuidora até à obra 67
7.2.1. Sistema não convencional de distribuição em centrais 67
7.2.2. Camiões betoneira e agitadoras (auto-betoneiras) 68
7.3. Transporte no interior da obra 70
7.3.1. Sistemas de transporte 70
7.3.2. Transporte por bombagem 73
7.3.3. Funcionamento das bombas 73
7.3.4. Condições fundamentais para o transporte de betão por bombagem 75
7.3.5. Transporte pneumático 77
8. Betonagem 79
8.1. Introdução 79
8.2. Operações de pré-betonagem 79
8.3. Técnicas de betonagem 82
8.4. Cuidados 85
8.4.1. Betonagens em tempo quente 87
8.4.2. Betonagens em tempo frio 88
9. Compactação 90
9.1. Introdução 90
9.2. Técnicas de compactação 90
9.2.1. Apiloamento 91
9.2.2. Vibração 91
10. Cura 95
10.1. Introdução 95
10.2. Comportamento após a presa 95
10.3. Métodos de cura a temperaturas correntes 97
10.4. Cura acelerada 100
10.5. Cuidados 102
11. Aprovisionamento de materiais 104
11.1. Agregados 104
11.2. Cimento 107
11.3. Água, aditivos e adjuvantes 108
11.4. Armaduras 108
12. Controlo da qualidade 111
12.1. Introdução 111
12.2. Controlo do plano de betonagem 111
12.3. Encomenda e recepção do betão 111
12.3.1. Ensaios de trabalhabilidade 114
12.3.2. Cura e conservação dos provetes para ensaios 116
12.4. Recepção dos materiais 116
12.5. Controlo da produção 118
12.6. Controlo da conformidade 119
13. Normalização 122
13.1. Normalização Portuguesa e especificações 122
13.1.1. Ensaios de agregados 122
13.1.1.1. Características geométricas 122
13.1.1.2. Características físicas 122
13.1.1.3. Características químicas 122
13.1.1.4. Características mecânicas 123
13.1.2. Ensaios de cimentos e adições 123
13.1.2.1. Características geométricas 123
13.1.2.2. Características físicas 124
13.1.2.3. Características químicas 124
13.1.2.4. Características mecânicas 124
13.1.3. Ensaios de cinzas volantes 125
13.1.3.1. Características físicas 125
13.1.3.2. Características químicas 125
13.1.4. Ensaios de adjuvantes e água 125
13.1.5. Ensaios de armaduras 125
13.1.6. Ensaios de betões 126
13.1.6.1. Recepção de betões 126
13.1.6.2. Amostragens de betão em obra 126
13.1.6.3. Peritagens e ensaios não destrutivos 126
13.1.6.4. Estudos de betão 127
13.1.6.5. Características físicas 127
13.1.6.6. Diversos 128
13.2. A normalização Europeia 128
13.2.1. Introdução 128
13.2.2. A norma provisória Europeia prENV 13670 “Execução de Estruturas de
Betão - Parte 1 - Regras Gerais” 129
13.2.2.1. Aspectos gerais relativos às armaduras 130
13.2.2.2. Aspectos gerais relativos à betonagem 131
13.2.2.3. Inspecção e correcção 134
13.2.2.4. Anexo E (Guia de betonagem) 135
13.2.2.5. Anexo G (Guia de Inspecção) 138
14. Bibliografia 140
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Execução de Estruturas de Betão Armado por Inês Flores Colen e Jorge de Brito
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1. INTRODUÇÃO
A ideia da utilização de misturas de pedras e areia com um ligante é talvez tão antiga como o
Homem, mas as realizações mais primitivas não chegaram aos nossos dias, certamente devido
à natureza do ligante que seria provavelmente a argila, a qual, secando, perde as suas
propriedades ligantes. O betão mais antigo que foi descoberto é datado de 5600 A.C. e situa-
se em Lepenski Vir, na ex-Jugoslávia, nas margens do rio Danúbio, constituindo o pavimento
térreo de uma habitação, com a cal parda com função de ligante. Também se julga que a
mistura de agregados com um ligante, provavelmente cal ou gesso, foi empregue na
construção das pirâmides do Egipto. Num mural de Tebas, naquele país, datado de 1950 A.C.
existe uma referência ao emprego de argamassa e betão.
O uso deste material estendeu-se certamente a toda a zona mediterrânica de tal modo que os
Romanos utilizaram largamente misturas de pedras e areia (por vezes de natureza pozolânica),
cal e água na construção das grandes obras públicas, como aquedutos, pontes, cais, molhes,
grandes edifícios e outras obras maciças que, geralmente, revestiam com alvenaria de tijolo
ou de pedra. Durante a Idade Média e o Renascimento, a tradição do emprego deste material
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Pode considerar-se que o betão, tal como o conhecemos hoje em dia, teve início no século
XIX, com a invenção do cimento artificial por Louis Vicat em 1817, através da cozedura
conjunta de calcário e argila, que começou a ter uma utilização mais ampla devido à
hidraulicidade e à rapidez com que endurecia. Em 1820, Joseph Aspdim obtém um cimento
de resistência mais elevada do que o de Vicat aquecendo fortemente o calcário e a argila.
Com ele surge a primeira fábrica de cimento portland, em Inglaterra.
Em meados do século XIX, o betão teve o seu grande impulso com a invenção do betão
armado [1] quando o agricultor Joseph-Louis Lambot construiu um bote colocando num
canudo de cimento uma armadura de ferro. Porém, certos autores atribuem a invenção do
betão armado ao jardineiro do palácio de Versailles, Joseph Monnier, com a inclusão de
armaduras no betão na construção das suas caixas para plantas.
A partir de 1890, o betão armado iniciou a enorme expansão, graças às realizações do notável
construtor François Hennebique e aos estudos experimentais e teóricos de Considére, Rabut e
Mesnager que estabeleceram as leis fundamentais da resistência do betão armado.
Ao longo das primeiras décadas do século XX, numerosos estudiosos tentaram melhorar as
características do betão, nomeadamente no que respeita à sua compacidade através do estudo
de curvas granulométricas de referência, factor fundamental para o aumento da tensão de
rotura, e desenvolveram novos conceitos como o da trabalhabilidade, do módulo de finura dos
agregados e do efeito de parede. Um conceito também importante para melhorar a
compacidade do betão foi descoberto acidentalmente durante a construção de um hangar em
Orly, criando uma técnica que permite aumentar a compacidade do betão através da expulsão
do ar existente no seu interior.
Este material apresenta diversas vantagens em relação a outros, como por exemplo o aço, tais
como: disponibilidade de matéria-prima, em especial no nosso país (factor económico
competitivo), fácil adaptabilidade em termos geométricos, incombustibilidade. O peso próprio
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Este documento pretende servir de apoio aos alunos do Mestrado Avançado em Construção e
Reabilitação do Instituto Superior Técnico na Cadeira de Construção de Edifícios. Foca parte
do capítulo dessa mesma cadeira dedicado às estruturas de edifícios de betão que, tal como
toda a restante matéria, se restringe fundamentalmente aos edifícios correntes. Dentro deste
capítulo, insere-se no betão, componentes e armaduras. De fora ficam as cofragens, tratadas
em dois documentos independentes: [15] e [16].
A elaboração deste documento não resultou de investigação específica sobre o tema efectuada
pelos seus Autores mas sim de alguma pesquisa bibliográfica, da consulta dos profissionais
do sector, da organização de um Seminário de Especialização sobre um tema associado e de
monografias escritas realizadas por alunos do Instituto Superior Técnico, na Licenciatura em
Engenharia Civil e no Mestrado em Construção. Assim, muita da informação nele contida
poderá também ser encontrada nos seguintes textos, que não serão citados ao longo do texto:
Pedro Paulo e Jorge de Brito, “Noções Gerais sobre Sistemas de Cofragens”, Curso sobre
Sistemas de Cofragens, FUNDEC / ICIST, Dezembro de 2000, Lisboa;
Jorge de Brito e Pedro Paulo, “Sistemas Tradicionais de Cofragens em Edifícios Corren-
tes”, Curso sobre Sistemas de Cofragens, FUNDEC / ICIST, Outubro de 2001, Lisboa;
João Paulo Ribeiro e Artur Bezelga, “Fundações Directas Correntes”, Instituto Superior
Técnico, 1995, Lisboa;
Duarte Serrado, “Fabrico e Transporte de Betão; Betonagem”, Monografia apresentada no
12º Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico, 2003, Lisboa;
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Bruno Paisana, Francisco Fonseca, David Capela e Nuno Marques, ”Execução de Lajes e
Vigas”, Monografia apresentada na Licenciatura de Engenharia Civil, Instituto Superior
Técnico, 1998, Lisboa;
António Carvalho, Filipe Nunes, Rui Tavares e Carlos Guerreiro, ”Sistemas
Racionalizados de Cofragens”, Monografia apresentada na Licenciatura de Engenharia
Civil, Instituto Superior Técnico, 2002, Lisboa.
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2. COMPONENTES DO BETÃO
2.1. CIMENTOS
2.1.1. Introdução
O cimento é o principal componente do betão (Fig.1, à esquerda), uma vez que tem a função
de aglomerar todos os outros, constituindo 10 a 20% do volume de betão. É um ligante
hidráulico, composto por materiais inorgânicos finamente moídos que, quando misturados
com a água, formam uma pasta que faz presa e endurece em virtude das reacções e processos
de hidratação e que, depois de endurecer, mantém a sua resistência e estabilidade mesmo em
contacto com a água.
Não se sabe quando foi descoberto o primeiro material aglomerante, mas já era usado no
Antigo Egipto na construção de monumentos, época em que se empregava o gesso impuro
cozido. A composição mineralógica dos cimentos naturais era diversa da actual, com
temperaturas de cozedura muito mais baixas, não permitindo a formação dos compostos que
hoje existem nos cimentos e que são os grandes responsáveis pelo desenvolvimento da sua
resistência. Este conhecimento perdeu-se durante a Idade Média. A partir do século XVIII, os
investigadores dedicaram-se à investigação do tema, mas só no final do século XIX é que a
tecnologia do cimento começa a tomar forma.
A designação de ligante deve-se à propriedade que têm de poder aglomerar uma proporção
elevada de materiais (geralmente) inertes, como areias (Fig. 1, à direita), godos, pedra britada
(Fig. 1, ao centro), etc., conferindo ao conjunto grande coesão e resistência, o que o torna apto
a ser utilizado na construção como argamassas e betões. Considera-se hidráulico porque, além
de endurecer ao ar, é capaz de adquirir elevadas resistências debaixo de água, suportando
perfeitamente a sua acção, propriedade muito procurada e apreciada pelos construtores de
todas as épocas.
O papel desempenhado pela ligação cimento - agregado nas propriedades do betão não é
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ainda conhecido com rigor suficiente pois só nos últimos anos se tem iniciado o seu estudo,
constituindo, certamente, um factor importante em todas as propriedades, como a tensão de
rotura, a permeabilidade, a capilaridade, a resistência à congelação, a contracção e a fluência.
Fig. 1 - Componentes do betão: cimento ensacado (à esquerda), britas (ao centro) e areia (à
direita)
Os cimentos devem satisfazer os requisitos expressos na NP 2064 que está harmonizada com
a ENV 197-1:1992. Desde 1990, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) tem
verificado a conformidade dos cimentos produzidos em Portugal relativamente à norma NP
2064 e tem emitido o respectivo certificado de conformidade.
2.1.2. Fabrico
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variam com a tecnologia de cada fabricante. É um processo que aquece o material a 1500 ºC,
para dar origem a componentes essenciais para o desenvolvimento da resistência nos
cimentos (silicato de tricálcio, silicato de bicálcio, alumina tricálcica e ferro aluminato
tetracálcico).
O produto final resultante da cozedura designa-se por “clínquer”. Para que o clínquer não faça
presa instantânea, é necessário adicionar gesso (5%), que funciona como regulador. O
cimento resulta da moagem fina de vários componentes, onde o clínquer se encontra em
maior proporção. Para além do gesso, podem ser adicionados filer calcário, pozolanas,
escórias de alto-forno, cinzas volantes e outros constituintes em percentagem minoritária.
A escolha do tipo de cimento tem de ser criteriosa, face à exposição ambiental a que o betão
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estará sujeito. Existem vários tipos de cimento produzidos no nosso país, definidos nas
Normas Portuguesas: cimento portland (Tipo I), cimento portland composto (Tipo II),
cimento de alto-forno (CE Tipo III) e cimento pozolânico (Tipo IV). Os vários tipos que
existem no mercado variam na sua composição:
Nos cimentos brancos, os óxidos metálicos que estão incorporados nas matérias-primas, como
as margas, têm de estar totalmente ausentes. Para a produção destes cimentos, os calcários
têm de ser muito brancos e muito bem lavados. Em vez da marga utiliza-se o caulino, a
matéria-prima da porcelana, que é muito branco. A areia também tem de ser muito alva e a
temperatura de forno é maior porque o clínquer é mais difícil de cozer. O processo de
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moagem é especial e toda a cadeia de produção tem de ser específica até ao transporte, para
que não haja mistura de cimentos. A aplicação do betão branco em obra exige também grande
disciplina (ver capítulo 4.4.5.2 deste documento).
A característica mais referida nos cimentos é a sua classe de resistência, ou seja, a resistência
mínima à compressão após 28 dias de secagem. Existem três classes possíveis para cada tipo
de cimento que correspondem a tensões de rotura que oscilam entre 32.5 e 52.5 MPa (32.5,
42.5 e 52.5). A resistência varia com a finura de moagem do clínquer com o gesso. No
Quadro 1 estão indicados os tipos de cimentos mais correntes em Portugal.
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2.2.1. Introdução
Segundo a especificação E 372 do LNEC, os tipos de água usados para amassadura do betão
podem ser de origem residual industrial (ver caso a caso), água do mar (para betões simples),
água de lavagem das centrais de betão, água incolor ou amarelo esbatido. As águas residuais
domésticas não poderão ser utilizadas.
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A água de amassadura influi nas propriedades do betão através das substâncias dissolvidas e
em suspensão. As substâncias dissolvidas podem afectar as resistências mecânica e química
do betão e das armaduras, as substâncias em suspensão podem afectar a compacidade e
especialmente o crescimento cristalino dos produtos da hidratação do cimento. A água de
amassadura apresenta três funções essenciais:
molhagem dos agregados - a quantidade de água necessária para esta função é variável e
depende essencialmente da dimensão dos agregados; quanto menor for a sua dimensão,
mais água necessitam devido à maior superfície específica por molhar;
hidratação do cimento - consome aproximadamente 22% do total da água de amassadura e
é fundamental para alimentar as reacções químicas que ocorrem durante o processo de
presa e endurecimento do betão;
controlo da trabalhabilidade do betão - quanto mais água houver para esta função, mais
trabalhável se torna o betão devido à diminuição do atrito interno entre os agregados; por
outro lado, origina uma diminuição da tensão de rotura, visto esta água evaporar-se
durante o processo de endurecimento do betão e no seu lugar ficarem vazios.
2.3. AGREGADOS
2.3.1. Introdução
Os agregados utilizados no betão, até recentemente designados por inertes, são partículas de
rochas (naturais ou artificiais, podendo também ser reciclados), com dimensões que variam
entre 30 mm e 0.1 mm, para betões correntes, podendo chegar aos 150 mm em casos
especiais, dispersas pela pasta de cimento e cujo volume constitui 70 a 80% do volume do
betão. O seu emprego deve-se a razões técnicas e económicas, mas é necessário ter em conta
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As principais propriedades que os agregados devem possuir são de natureza geométrica, física
e química, das quais se destacam:
A qualidade das britas e das areias é variável conforme a zona de Portugal, o que faz com que
haja necessidade de um reforço na dosagem de cimento para se obter a resistência desejada no
sítio onde as outras matérias que incorporam o betão são de pior qualidade.
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A extracção das britas faz-se através da exploração de pedreiras (Fig. 4). No Porto, as britas
são provenientes na sua grande maioria de pedreiras localizadas entre Penafiel e Entre-os-
Rios. Em Lisboa, são-no da Serra da Arrábida, próxima de Setúbal, e das pedreiras de
Alenquer.
As areias têm de ser boas e bem lavadas, de forma a não terem sobretudo matéria orgânica e
argila. Estas impurezas contribuem para diminuir a resistência final do betão entre 30 a 50%.
As areias podem ser originárias do fundo do mar ou dos rios, de cabedelos, areeiros ou
centrais de britagem. As areias de dunas ou pinhais são impróprias para o fabrico do betão,
uma vez que são extremamente finas (módulo de finura = 1 a 1.5):
as areias do mar têm como vantagens possuírem uma forma arredondada e uma boa
resistência; por outro lado, têm o inconveniente de apresentar sais responsáveis pela
degradação das armaduras do betão armado e conchas de animais marinhos; neste sentido,
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devem ser lavadas com jactos de água doce a fim de dissolver os sais e crivadas para lhes
serem retiradas as conchas;
as areias dos rios, muito usadas no Porto, uma vez que são retiradas do Rio Douro,
nomeadamente em Entre-os-Rios, têm como principais inconvenientes possuírem muitas
impurezas (argila, detritos vegetais, carvão, esgotos domésticos e industriais) que
prejudicam a aderência agregados / pasta de cimento;
as areias dos cabedelos são uma mistura de areias do mar (maior percentagem) e do rio,
tendo por isso como inconvenientes os sais e as argilas que possuem; no Porto, este tipo
de areia provém da Barra do Douro, S. Jacinto, Ovar ou Aveiro;
as areias provenientes dos areeiros têm como desvantagem o elevado teor em sais
provenientes do subsolo;
as areias de britagem têm uma forma angulosa e possuem uma grande percentagem de
finos, pelo que, gastando mais água, conferem menor resistência ao betão; por este facto e
aliada a uma fraca qualidade de produção, não têm grande aceitação em Portugal.
2.4. ADJUVANTES
2.4.1. Introdução
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A utilização dos adjuvantes é tão antiga como a do próprio cimento ou dos ligantes
hidráulicos. Os Romanos utilizavam já o sangue, a clara do ovo, a banha e o leite como
adjuvantes no betão de pozolana, talvez com o fim de melhorar a trabalhabilidade. Hoje sabe-
se que estas substâncias provocam a introdução de ar, sob a forma de bolhas, o que pode ter
contribuído para aumentar a duração do betão romano. A cal aérea foi um adjuvante que se
utilizou e estudou com o objectivo de diminuir a permeabilidade e a fissuração do betão e das
argamassas. A comercialização dos produtos destinados a melhorar certas características do
betão deve ter começado por volta de 1910. Naquela época os adjuvantes eram hidrófobos,
aceleradores da presa ou hidrófobos e aceleradores da presa simultaneamente.
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2.5. ADITIVOS
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2.5.1. Introdução
Os aditivos são materiais inorgânicos, finamente divididos, que podem ser adicionados ao be-
tão (na amassadura) com a finalidade de lhe melhorar certas propriedades ou para lhe conferir
propriedades especiais. Os aditivos não devem conter constituintes prejudiciais em quantida-
des tais que possam afectar a durabilidade do betão ou provocar a corrosão das armaduras.
Existem dois tipos de aditivos, os quase inertes, denominados tipo I, como o filer calcário
(LNEC E 376), material sem características ligantes proveniente do processo de britagem, e
os tipo II, aditivos hidráulicos latentes ou pozolanas (NP 4220), com características ligantes,
como a escória granulada de alto-forno (LNEC E 375), as cinzas volantes (prNP 4243) e as
sílicas de fumo (LNEC E 377). Actualmente, a utilização de aditivos quer incorporados nos
betões de uso corrente, quer na produção de cimentos do tipo II, III ou IV, é cada vez mais
frequente. Os objectivos são não só de ordem técnica (sucesso obtido na modificação das
propriedades do cimento - a nível da estabilidade química), mas também de ordem económica
e ambiental, dado o custo de fabrico e energético do componente fundamental do betão: o
cimento portland.
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3. ARMADURAS
3.1. INTRODUÇÃO
As armaduras, conjuntamente com o betão, são elementos constituintes das peças de betão
armado e/ou pré-esforçado, onde desempenham um papel importante na resistência mecânica,
conferindo resistência à tracção nas zonas traccionadas. Nas estruturas de betão armado, o
cálculo das armaduras é efectuado com base na verificação da segurança aos estados limite
últimos de resistência e, por vezes, deformação. A correcta pormenorização das armaduras
assegura que o funcionamento real da estrutura em serviço, em particular nas zonas de ligação
entre os diferentes elementos, não se afaste do modelo de cálculo adoptado.
Nas estruturas de betão, as armaduras podem ser designadas como ordinárias (betão armado)
ou de pré-esforço (betão pré-esforçado). As armaduras ordinárias (Fig. 5, à esquerda e ao cen-
tro) podem ocorrer sob a forma de “rede de galinheiro” (arame electrossoldado sem função
estrutural), rede electrossoldada (ou malhasol, usada sobretudo na camada de betão
complementar de soluções pré-fabricadas de lajes), varões redondos (a utilização mais
frequente nos diversos elementos estruturais, podendo ser lisos, mas mais frequentes
nervurados) ou vergalhões (de grande secção, geralmente quadrada, com aplicação só em
grandes estruturas). As armaduras de pré-esforço (Fig. 5, à direita) podem ocorrer sob a forma
de fios (de muito pequeno diâmetro, por exemplo nas vigotas pré-esforçadas), cordões
(associação de fios torcidos, podem ser não aderentes - caso dos monotorões em lajes - ou
aderentes - por exemplo em vigas pré-fabricadas) ou cabos (associação de cordões, ocorrem
em estruturas de grande importância, podendo estar à vista - nas pontes suspensas ou
atirantadas).
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As armaduras ordinárias em varão têm resistências diferentes consoante a classe do aço: A235
(chamado aço macio, a cair em desuso), A400 (actualmente o mais utilizado em Portugal) e
A500 (com tendência a tornar-se o mais utilizado; no estrangeiro, já estão homologadas
classes de aço mais resistentes). O Quadro 2 resume os tipos de armaduras ordinárias mais
correntes. Os diâmetros dos varões utilizados em Portugal em edifícios correntes são: 6, 8, 10,
12, 16, 20, 25 e 32 mm.
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Segundo o Eurocódigo 2 - ENV 1992-1-1, os aços para o betão armado deverão ser
classificados pela tensão característica, classe de ductilidade, diâmetro, tipo de superfície e
aptidão para a soldadura.
O fabrico das armaduras ordinárias, em fábrica (Fig. 6), pode ser laminado a quente, para o
aço natural, ou por torção, tracção, trefilagem ou laminagem a frio, para o aço endurecido a
frio. Quanto às armaduras de pré-esforço, são normalmente obtidas por endurecimento a frio
(nomeadamente por estiragem ou trefilagem), acompanhado habitualmente de tratamentos
térmicos e mecânicos destinados a melhorar as suas propriedades.
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4. A COMPOSIÇÃO DO BETÃO
4.1. INTRODUÇÃO
Antes do fabrico do betão, deverá ser realizado o estudo da sua composição, isto é, devem ser
determinadas as dosagens de cimento, agregados e água (e dos aditivos e adjuvantes, quando
utilizados) de maneira a satisfazer os critérios de comportamento para o betão fresco e para o
betão endurecido, incluindo a consistência, densidade, resistência, durabilidade e protecção
das armaduras contra a corrosão. É com base nesse estudo que o betão deve ser fabricado,
adicionando os vários materiais em quantidades proporcionais às que são aí indicadas.
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Estes parâmetros não são independentes pois um ou dois são consequência dos outros. Assim, a
trabalhabilidade depende das dosagens de cimento e de água e da composição granulométrica,
em particular da quantidade de areia. O aumento da trabalhabilidade à custa de mais água di-
minui a resistência. Este princípio não é válido quando são aplicados superplastificantes, que
conseguem aumentar a trabalhabilidade e, em simultâneo, aumentar a resistência. Sabe-se,
também, que o aumento da dosagem de cimento aumenta em simultâneo a resistência, a traba-
lhabilidade e a impermeabilidade do betão. No entanto, a partir de certos limites de dosagem
de cimento, o calor libertado pelas reacções químicas durante a presa origina tensões internas
muito elevadas na massa do betão. Neste sentido, o principal objectivo do estudo da composi-
ção de um betão é o de conseguir o melhor arranjo granulométrico e de dosagem de água, que
permita a máxima compacidade, a maior resistência e fácil trabalhabilidade. Quanto à
dosagem de cimento, ela é normalmente estabelecida à partida como um dado da composição.
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Se a relação R/D aumenta, a quantidade dos agregados grossos aumentará. Se existem moldes
com muitas armaduras, é preciso usar agregados mais finos. Por uma questão de segurança,
pode considerar-se R/D=1 nos cálculos de composições de betões.
Assim, a máxima dimensão do agregado deverá ser escolhida de modo a que o betão possa ser
colocado e compactado à volta das armaduras, de um modo satisfatório, e sem que haja
segregação e, consequentemente, formação de “ninhos de pedras” (Fig. 63). A máxima
dimensão do agregado não deverá exceder um quarto da menor dimensão do elemento
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estrutural, a distância livre entre varões da armadura diminuída de 5 mm ou ainda 1.3 vezes a
espessura do recobrimento das armaduras. O Eurocódigo 2 - ENV 1992-1-1 condiciona a
máxima dimensão do agregado ao recobrimento mínimo para se obter uma boa aderência.
A aplicação de curvas de referência no cálculo do betão tem a sua origem em 1901 com Fuller
que, partindo do conhecimento das curvas granulométricas de diferentes classes de agregados,
procurou estabelecer, para uma dada percentagem de cimento, a curva de misturas que
conduzia às máximas compacidades e resistências dos betões dele resultantes. Seguem-se as
curvas de Bolomey (Fig. 10, à esquerda) e Faury (Fig. 10, à direita), sendo este último, sem
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Destaca-se o método associado à curva de Faury, não só pela sua simplicidade de aplicação
como também pelos parâmetros fundamentais que toma em consideração. Os elementos que
são indispensáveis conhecer são: análise granulométrica dos agregados, massa volúmica dos
componentes (brita, areia e cimento), trabalhabilidade pretendida para o betão e dosagem de
cimento (ex.: 300 kg/m3). A metodologia a seguir é a seguinte:
Um betão corrente é uma mistura de agregados pétreos, cimento e água (Fig. 11, à esquerda).
É um material que resiste razoavelmente bem ao fogo e às acções mecânicas. Apresenta como
principais desvantagens o elevado peso próprio, na ordem dos 2400 kg/m3 e o baixo
isolamento térmico. Para um correcto comportamento da peça que se deseja fabricar, é
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4.3.1. Propriedades
4.3.1.1. Trabalhabilidade
É um conceito que traduz a maior ou menor facilidade de manipular, transportar e colocar nos
moldes um betão sem que haja segregação ou separação dos componentes. A trabalhabilidade
ideal depende do tipo de aplicação e do local onde o betão é aplicado. Quando se betona
peças de pequena dimensão ou fortemente armadas, é aconselhável a utilização de um betão
mais fluido (Fig. 11, ao centro) para evitar o aparecimento de zonas com vazios.
Para avaliar esta propriedade, são utilizados vários ensaios, sendo o do cone de Abrams o
mais universalmente usado de entre outros: ensaio de penetração, ensaio de queda, ensaio de
escoamento, ensaio de amassadura, ensaio de abaixamento VÊBÊ (Fig. 11, à direita), ensaio
de compactação, ensaio de deformação e outros ensaios incluem a combinação dos anteriores.
De facto, o ensaio do cone de Abrams é de fácil execução e não exige nenhum equipamento
especial, bastando um molde tronco-cónico com as dimensões de 20 cm de diâmetro na base,
10 cm de diâmetro no topo e 30 cm de altura (Fig. 12, à esquerda e ao centro) e um varão com
50 a 60 cm de altura e secção transversal de 2 a 3 cm2. As dimensões do cone deverão ser
verificadas através do ensaio dimensional (Fig. 12, ao centro).
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Fig. 11 - Radiografia, com raios X, de uma amostra de betão (à esquerda), aspecto do betão
fluido (ao centro) e ensaio de abaixamento (VÊBÊ) utilizado em laboratórios e aplicado a be-
tões com uma fraca quantidade de água, secos e destinados a serem vibrados [11] (à direita)
Na maioria dos casos, aceita-se em obra betão cujo abaixamento varia de 2 a 3 cm, em relação
ao valor indicado, medido pelo método do cone de Abrams. No entanto, verificam-se
diferenças provocadas pela deficiente realização do ensaio (ver sequência do ensaio no sub-
capítulo 12.3.1, “ensaios de trabalhabilidade”). Este ensaio apenas permite detectar excessos
de água, pois não tem sensibilidade nas dosagens de água normalmente usadas para o betão
armado. É pois inaplicável para os betões secos e pouco a medianamente plásticos [11].
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O betão é ensaiado aos diversos estados de tensão e às várias resistências, como qualquer
outro material, destacando-se as tensões de rotura à compressão e tracção simples e flexão. Os
factores que influenciam estas propriedades são múltiplos, dos quais se destacam os
seguintes:
dosagem e tipo de cimento, natureza física química e geométrica dos agregados, relação
água / cimento, adjuvantes, aditivos, grau de compactação e idade do betão;
resistência à compressão - é classificada segundo classes de resistência que especificam os
mínimos a satisfazer pelos valores característicos da tensão de rotura à compressão aos 28
dias de idade verificados num ensaio de compressão (Fig. 13, à esquerda), referidos a
provetes cúbicos ou cilíndricos (Quadro 3), entendendo-se por valor característico aquele
valor cuja probabilidade de não ser atingido é de 5%;
resistência à tracção - parâmetro utilizado para controlar a fissuração e dimensionar estru-
turas de betão simples; existem vários ensaios para quantificar a tensão de rotura por
tracção de um betão; um dos métodos é a aplicação de uma força centrífuga a um prisma
de betão, o qual rompe quando é atingida uma determinada velocidade; sabendo essa
velocidade, pode calcular-se a tensão de rotura; outra técnica, desenvolvida no LNEC,
consiste na colagem de placas metálicas às bases dos prismas de betão para posterior
tracção; este ensaio caracteriza a tensão de rotura do betão por tracção (Fig. 13, à direita);
resistência à flexão - parâmetro aplicado em betão simples sujeito a flexão (ex.: pavi-
mentos); a tensão de rotura por flexão é avaliada em ensaios de flexão de vigas (Fig. 14),
no caso da Norma Portuguesa com secção 15 x 15 cm2 e vão de 45 cm; nestes ensaios, a
tensão de rotura depende da relação entre a altura e o vão da viga e da distribuição dos
momentos; no que concerne à relação entre a altura e o vão da viga, pode haver uma
variação do simples para o dobro quando a altura da viga diminui; a distribuição de
momentos provoca um aumento da tensão de rotura em flexão simples quando o ensaio é
realizado com a carga a meio vão, em relação à colocação de duas cargas iguais;
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Fig. 13 - Equipamento utilizado para ensaios de compressão em prensas que aplicam uma
carga de compressão axial (à esquerda) e equipamento de ensaio de tracção simples (à direita)
resistência ao corte - geralmente a rotura por corte puro é muito rara, sendo de difícil me-
dição; os dois métodos mais conhecidos para determinar esta grandeza são a aplicação de
2 forças iguais, paralelas e opostas em planos próximos, e a torção de provetes cilíndricos,
nos quais as tensões principais de tracção e compressão fazem 45º com as de corte;
resistência ao desgaste - o desgaste por adesão e por abrasão é muito importante em estru-
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4.3.1.3. Durabilidade
A durabilidade do betão é, sem dúvida e nos dias de hoje, a propriedade que mais
preocupações trás, como é visível nas situações de deterioração das primeiras construções de
betão armado, precisamente pela falta de conhecimentos que havia então sobre os factores
que aumentavam a durabilidade do betão: a relação água / cimento, a boa compactação e cura
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do betão, conjuntamente com o recobrimento adequado para cada situação (2 a 5 cm). Assim,
a composição de um betão, para atender às exigências de durabilidade, deverá ser estudada
depois da escolha judiciosa dos constituintes, em obediência aos seguintes parâmetros,
quantificados em conformidade com as classes de exposição ambiental: razão água / cimento,
dosagem de cimento, teor de ar do betão fresco, tipo de cimento, classes de resistência e
permeabilidade.
A permeabilidade é um dos factores mais decisivos e varia com a boa compactação, dosagem
de cimento e consistência do betão (Fig. 15, à esquerda). O betão com a consistência plástica
(slump ≈ 10 cm) é o que apresenta uma menor permeabilidade e, por consequência, uma
maior durabilidade. O betão seco, por dificuldades de compactação, não atinge a compacidade
necessária. No que diz respeito ao betão fluido, por ter uma relação água / cimento elevada,
também apresenta elevada permeabilidade.
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aumentar a vida útil do betão, por exemplo os inibidores de corrosão que influenciam a
reacção catódica e anódica do processo electroquímico corrosivo. Estes produtos formam um
filme na superfície do aço (cátodo) e impedem o metal de ser dissolvido graças à formação de
compostos “difíceis de dissolver” (ânodo).
Com o evoluir de novos produtos e conceitos, desenvolveu-se uma série de novos tipos de
betão, onde se procurou dar novas aplicações a este produto e melhorar as já existentes. Os
tipos de betão não se esgotam nos referidos neste capítulo, havendo uma série de outros tipos,
nomeadamente betões projectados, betões injectados e outros, onde se procura melhorar
determinadas características do betão consoante a utilização final da estrutura.
Este tipo de betão, como o próprio nome indica, é um betão com a massa volúmica inferior ao
betão tradicional (< 1800 kg/m3). Os agregados leves de origem mineral podem ser classifica-
dos em dois grupos: naturais (na maioria dos casos, materiais vulcânicos, tal como a pedra-
pomes) e artificiais (geralmente, produzidos por processos térmicos). A leveza originada
pelos vazios existentes neste tipo de betão melhora uma das piores características do betão
tradicional, que é o isolamento térmico. A sua aplicação tem tido sucesso quando se pretende
uma elevada relação resistência - densidade. Para o mesmo nível de resistência, um
decréscimo da densidade permite reduzir o peso próprio da estrutura. No entanto, estes
agregados têm apresentado alguns problemas em termos de durabilidade, devido a serem
muito porosos.
Estes betões são empregues em pré-fabricação ou por motivo das seguintes qualidades:
leveza, isolamento e fácil trabalhabilidade após endurecimento (enchimentos, camada de
forma das coberturas dos edifícios, entre outros). A sua fraca resistência limita a sua
utilização em betão estrutural. Destacam-se alguns tipos de betões leves, características e
aplicações:
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betão de jôrra - para determinados trabalhos, é vantajoso o emprego dum material de en-
chimento com peso específico menor do que o de um betão corrente; se se substituir num
betão corrente a brita por jôrra, obtém-se uma massa volúmica de 1600 a 1800 kg/m3,
variável com as percentagens de cimento e areia e que tem ainda a vantagem de ser um
bom isolador térmico; no entanto, é necessário ter em atenção a qualidade da jôrra que não
pode ter mais de 15% de carvão por queimar nem mais de 1,5% de enxofre; são
inconvenientes deste tipo de betão as baixas resistências à compressão (60 kg/cm2 aos 7
dias) e a sua não utilização em betão armado, dado que as armaduras ficariam sujeitas ao
ataque das jôrras;
betão de “pedra-pomes” - betão obtido por lava vulcânica alveolar que, fragmentada, dá
lugar a brita e areias que constituem o granulado para um betão cuja massa volúmica varia
de 500 a 800 kg/m3;
betão de argila expandida - betão produzido com substituição dos agregados de pedra por
agregados de argila expandida (Fig. 16, à esquerda); a argila expandida resulta da
cozedura a alta temperatura de argila que expande sob a forma de grãos arredondados com
características próprias (Fig.16, ao centro); estes betões apresentam uma massa volúmica
de 600 a 1000 kg/m3;
betão de silicatos expandidos (vermiculite ou perlite - Fig. 16, à direita) - massa volúmica
do betão de 300 a 700 kg/m3;
Fig. 16 - Pavilhão de Portugal, laje em forma de membrana parabólica com 65 por 60m e
apenas 0.20 m de espessura, em betão leve de argila expandida, com um peso de 1850 kg /m3
(à esquerda) grânulos de argila expandida (ao centro) e textura da vermiculite (à direita)
betão de granulados vegetais - betões com grânulos de cortiça, fibras, partículas ou aparas
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Fig. 17 - Betão celular (à esquerda) e betão celular autoclavado (ao centro e à direita)
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Os betões pesados, com massa volúmica superior a 2500 kg/m3, passaram a ter maior
utilização pelo desenvolvimento da energia atómica como forma de conferir protecção às
radiações (edifícios que emitam radiações - aceleradores de partículas, reactores nucleares,
etc.). Os betões refractários e super-refractários são exemplos de betões pesados.
O betão corrente não resiste a temperaturas elevadas e, como exemplo, refere-se que, a partir
de cerca de 200 a 300 ºC, começa a perder as suas características, inclusivamente desfazendo-
se para temperaturas mais elevadas, isto porque em parte os constituintes hidratados do
cimento portland normal perdem a sua água de constituição e, por outro lado, os agregados
normalmente empregados não resistem a temperaturas elevadas (no caso dos calcários, por
exemplo, perante tais temperaturas dá-se a descarbonatação e consequente desintegração).
Perante a necessidade de a indústria (por exemplo: fornos de configuração difícil de realizar
com tijolos refractários) dispor de um betão que apresente um bom comportamento a elevadas
temperaturas, fabrica-se hoje uma larga gama de betões refractários (Fig. 18, à esquerda) e
super-refractários com base nos seguintes elementos:
ligantes - cimento aluminoso ou fundido em vez do cimento portland normal para betões
que suportam até 1350 ºC; a partir destas temperaturas e até cerca de 2000 ºC, utilizam-se
ligantes hidráulicos com elevado teor de alumina (aluminatos de cal muito puros e brancos);
agregados - granulados refractários: rochas naturais (basalto, etc.), chamotte (argila cozida
com pó de tijolo e areia siliciosa), silimanite, gibbsite, corindon e alumina.
Os betões de elevado desempenho exibem, em geral, retracção elevada nas primeiras idades e
desenvolvem apreciável calor de hidratação. Estes aspectos poderão ser ultrapassados
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recorrendo a uma cura adequada e a uma cuidada selecção do ligante. Estes betões têm uma
maior resistência à tracção do que os convencionais, embora não se verifica uma diferença
relativa tão grande como a que ocorre na resistência à compressão. É implícita a noção de que
os betões de elevado desempenho são, em geral, mais duráveis que os betões convencionais,
seja pela maior compacidade da sua estrutura seja pelos maiores cuidados que se devem ter na
sua produção, aplicação e cura.
No entanto, existem factores que requerem uma abordagem mais atenta: a auto-dessecação e a
acção do fogo. A auto-dessecação pode provocar micro-fissuras, o que poderá reduzir a dura-
bilidade. A acção do fogo provoca danos maiores nos betões de elevado desempenho que no
caso dos betões convencionais devido ao destacamento explosivo dos recobrimentos. Outro
aspecto a ter em conta, é a maior probabilidade de ocorrência de reacções álcali-sílica devido
à grande dosagem de cimento dos betões de elevado desempenho relativamente aos betões
convencionais, embora o uso de sílica de fumo ou de cinzas volantes minimize os problemas.
O fabrico de betões de muito elevada resistência exige cuidados peculiares e, portanto, ao ser
previsto o seu emprego, haverá que garantir a possibilidade da sua obtenção em obra. Estes
betões são utilizados em obras especiais (por exemplo, pontes com grandes vãos e edifícios
altos, elementos pré-fabricados, estruturas marítimas entre outras), onde se exige uma maior
durabilidade ao betão e resistências à compressão bastante elevadas, que variam entre 65 e
120 MPa (> C45/55). Estas propriedades são conseguidas à custa de adições (sílica de fumo)
e de baixas relações água / cimento com a introdução de superplastificantes. Focaliza-se, em
geral, as características de um betão de elevado desempenho na sua alta resistência e
durabilidade, mas também se podem referir às características do estado fresco, como sejam a
facilidade de colocação, elevada resistência à segregação, longa manutenção da
trabalhabilidade, baixa exsudação e aderência quando projectado, entre outras.
Consideram-se betões de alta resistência aqueles betões com níveis de resistências à compres-
são acima dos 60 MPa, com características específicas (relação água / cimento baixa, escolha
de agregados - granulometria e resistência, uso de partículas finas, uso de plastificantes, esco-
lha do tipo e dosagem de cimento e cura apropriada). Tem-se verificado na aplicação deste ti-
po de betões que, combinada com uma alta resistência, se observa em geral uma rápida evolu-
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ção das suas características e uma durabilidade superior à dos betões convencionais (uma me-
nor porosidade implica menor carbonatação, melhor resistência química, maior resistividade
eléctrica do betão). Respondem a requisitos especiais de uniformidade e desempenho, os
quais nem sempre se podem atingir, de modo corrente, usando materiais convencionais e
práticas normais de amassadura, colocação e/ou cura. Nos betões com trabalhabilidade
melhorada, o uso imprescindível de plastificantes e das partículas finas facilita a colocação do
betão (menor tempo e custos na colocação e maior facilidade de preenchimento e de
bombagem).
Os betões de ultra-elevada resistência são betões com dimensão máxima de agregado de cerca
de 5 mm, com cura pelo vapor, com ou sem pressão, cujas resistências à compressão, aos 28
dias, podem variar entre os 200 MPa e 800 MPa.
O recurso a fibras nos betões pretende aumentar a ductilidade do conjunto, uma vez que os
betões de elevado desempenho têm rotura frágil. A adição de fibras procura diminuir a micro-
fissuração e incrementar a baixa resistência à tracção do betão. As fibras mais utilizadas para
a produção destes tipos de betão são as de aço, existindo também as fibras de vidro, de
polipropileno e outras (Fig. 18, ao centro e à direita). A utilização mais comum para o betão
com fibras é nos pavimentos industriais, por estarem sujeitos a grandes esforços e desgaste,
embora existam outros exemplos (Fig. 19, à esquerda).
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melhor envolvimento das armaduras, mesmo quando estas são muito densas (consegue
encher todos os espaços, eliminando o aparecimento de chochos e é auto-nivelante);
possibilidade de novos sistemas construtivos;
diminuição dos recursos humanos e equipamentos;
aumento da rapidez de aplicação;
redução do ruído associado ao equipamento de consolidação, melhorando as condições de
trabalho (betão ecológico).
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O betão ciclópico consiste na adição de pedras de grandes dimensões, arrumadas à mão numa
proporção da ordem dos 30% a 40% do volume do betão de modo que o intervalo dessas
pedras possa ser preenchido com betão corrente.
Começa-se por uma camada de betão corrente, seguindo-se (colocada à mão) uma série de
pedras de grandes dimensões, de forma irregular convenientemente intervaladas, sendo esse
intervalo função do diâmetro da brita do betão corrente. Cobre-se estas pedras com uma
camada de betão corrente, torna-se a colocar nova série de pedras grandes e assim
sucessivamente. As resistências destes betões são menores do que as dos betões correntes.
Usam-se principalmente em grandes maciços, como sejam fundações de grande volume não
só por razões de ordem económica, como também para reduzir ao mínimo o aumento de
temperatura resultante da hidratação do cimento. Estão actualmente caídos em desuso.
4.4.5.1. Introdução
O betão arquitectónico permite concretizar um sem número de peças com toda a imaginação
de formas que a arte ousar traçar. A sua versatilidade, associada a um comportamento estável
e de grande durabilidade, comparativamente a materiais alternativos, permite oferecer a um
baixo custo efectivo soluções diferentes e inovadoras, com encargos mínimos de conservação.
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Como último aspecto, é de referir que a adopção de betão branco se traduz numa mais-valia
que pode, com critério, ser utilizada com vantagens na construção. O betão branco aparente
permite que se reduzam prazos e etapas de intervenção e, desde que haja “disponibilidade
técnica”, a eficácia da sua utilização é assegurada a custos aceitáveis.
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As regras de fabrico são as válidas para o betão convencional, mas algumas delas são esque-
cidas e os defeitos escondidos pelos revestimentos. O betão colorido é uma solução estética
económica, fácil de obter, versátil e com um potencial criativo (Figs. 21, à direita, e 22). O
acréscimo de custo na sua produção e aplicação é largamente compensado por tornar desne-
cessários os tradicionais revestimentos e pelo consequente encurtamento do prazo da obra.
As opções disponíveis para condicionar a cor do betão são: coloração integral de todo o volu-
me do betão durante a amassadura, aplicação de um endurecedor pigmentado à superfície do
betão durante a sua fase plástica, formando uma ligação monolítica (solução válida apenas
para superfícies próximas da horizontal), e coloração do betão existente por reagentes
químicos penetrantes. Para se obter um bom resultado na coloração integral, são
indispensáveis a selecção do adjuvante adequado e a participação do projectista, do fornecedor
do betão e do empreiteiro:
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As razões fundamentais para o uso de betão à vista são: economia, prazos de execução e es-
tética. Ultimamente, o uso de fibras misturadas na massa de betão foi fundamental para conse-
guir melhores acabamentos. As fibras metálicas, de nylon, de vidro, de polipropileno são
doseadas juntamente com o cimento para diminuir a quantidade de agregados e assim
conseguir elementos mais finos e regulares. É bastante diversificado o aspecto final que o
betão pode adquirir desde uma grande gama de texturas até várias intensidades de brilho (Fig.
23). A trabalhabilidade do betão, enquanto pasta, possibilita o uso de moldes que lhe vão
conferir a forma final, por exemplo a introdução de um friso ou de um baixo-relevo numa
parede de betão. O betão tem, por todas as razões apresentadas anteriormente, um papel
fundamental na arquitectura (Fig. 24). A sua capacidade de se moldar antes de adquirir presa
é sem dúvida uma das suas características fundamentais. Alguns dos aspectos a ter em conta
em relação à cofragem são:
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Existem outros cuidados a ter: os espaçadores de armadura deverão, quando em betão, ser da
mesma massa que constitui a peça. Os arames de ligação dos nós da armadura não devem
ficar em contacto com a superfície cofrante, pois acabará por se notar pontos de ferrugem,
após a peça ser exposta ao ar.
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A preparação das armaduras em obra está muito dependente do projecto de execução (o qual
deve estar suficientemente pormenorizado para que não existam dúvidas em obra, nomeada-
mente nas zonas de apoio e amarração, e deve ter em conta a maximização do aproveitamento
dos varões - comprimentos económicos) e do trabalho dos preparadores (pessoal técnico não
licenciado, cujo trabalho é “transformar” os desenhos do projecto de estabilidade em varões
com as configurações específicas para cada local). Através dos desenhos do projecto, dever-
se-á efectuar o estudo do comprimento dos varões, procurando que os cortes a efectuar
originem desperdícios mínimos. É usual elaborar o mapa das armaduras que discrimine todas
as armaduras com a finalidade de preparar a execução, efectuar a medição ou optimizar o
corte dos varões. O mapa de armaduras deverá incluir a definição geométrica, identificação,
diâmetro, comprimento, número e peso de cada varão da armadura. Os varões são preparados
na secção de corte e dobragem, manualmente ou recorrendo a máquinas eléctricas específicas
para o efeito.
5.1.1. Corte
Para se obter os comprimentos necessários das armaduras definidas em projecto, é preciso por
vezes efectuar cortes nos varões (medida de fabrico 12 m), com recurso a diversas
ferramentas:
serras (Fig. 25) - são usadas apenas quando as secções cortadas sejam tanto quanto
possível ortogonais ao eixo dos varões sem rebarbas;
tesouras portáteis (manuais ou mecânicas) (Fig. 26, à esquerda e ao centro) - são
imprescindíveis tanto nas oficinas como nas obras (estaleiros) pois, devido ao seu
reduzido peso e tamanho, podem facilmente ser transportadas para qualquer local, onde
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sejam pontualmente necessárias, não servindo para uma produção em série; as eléctricas
são mais poderosas mas com o inconveniente de necessitarem de energia eléctrica;
tesouras fixas (manuais ou mecânicas) (Fig. 26, à direita) - as manuais são máquinas sim-
ples, geralmente instaladas à saída da mesa de medição e de marcação dos varões; podem
cortar varões de aço até Ø25 mm e existem geralmente em estaleiros de pequena produ-
ção; as mecânicas usam-se quando se trata de uma produção em série ou a necessidade de
corte é bastante elevada, como em estaleiros ou oficinas de grande produção; são
bastantes potentes e podem cortar simultaneamente vários varões de aço de diâmetros
consideráveis, estando normalmente inseridas em mesas que, para além do corte, efectuam
também mecanicamente o transporte e medição dos varões, o que as torna bastantes
práticas.
Fig. 26 - Tesoura portátil manual (à esquerda), tesoura portátil mecânica (ao centro) e tesoura
fixa manual (à direita)
5.1.2. Dobragem
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a dobragem dos varões tem que respeitar as curvaturas máximas de cada armadura e deve
ser feita por meios mecânicos e a velocidade constante, com o auxílio de mandris; a
velocidade com que se devem fazer as dobragens depende da natureza do aço, sendo
determinada, em certos casos, através de ensaios;
as dobragens devem ser realizadas a frio para que não se alterem as propriedades mecâni-
cas do aço; não é permitido o uso de maçaricos para facilitar a operação da dobragem;
se a temperatura ambiente for inferior a 5ºC, deve reduzir-se a velocidade de dobragem,
aumentar os raios de curvatura e / ou até aquecer ligeiramente a zona a dobrar;
as dobragens para ganchos, cotovelos ou laços devem ser feitas com os diâmetros
interiores mínimos de acordo com o Eurocódigo 2 - ENV 1992-1-1 (Quadro 4);
a desdobragem dos varões só é permitida desde que a operação não danifique os varões.
A dobragem manual que, em princípio, só deve ser utilizada em pequenos estaleiros e para
varões lisos de aço é, em geral, executada pela “chave de dobrar”, que não é mais do que uma
barra com dois espigões na ponta, podendo também o próprio varão servir de alavanca. Este
processo permite apenas dobragens com pequenas curvaturas.
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O transporte das armaduras do fornecedor para o estaleiro é feito com recurso a veículos lon-
gos de grande porte (Fig. 32, à esquerda) e deve ser realizado com cuidado, de forma a evitar:
O transporte das armaduras no estaleiro pode ser manual ou com recurso a equipamento
mecânico (Fig. 32, ao centro e à direita). Durante esta fase, certos cuidados serão necessários
para garantir a funcionalidade da estrutura para a qual foi projectada:
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Fig. 32 - Transporte das armaduras com recurso a veículos longos de grande porte (à
esquerda) e transporte e colocação de armaduras pré-montadas em estaleiro com
recurso a equipamento mecânico (ao centro e à direita)
evitar a deformação das armaduras pré-montadas, com recurso a varões auxiliares que a
solidarizem convenientemente;
respeitar os desenhos do projecto de estabilidade aquando da colocação das obras na
posição final (posição e recobrimento das armaduras);
garantir que as emendas, sempre que necessárias, respeitem as exigências regulamentares.
As armaduras colocadas em obra podem ser montadas na sua localização definitiva, em lajes
(Fig. 33, ao centro), muros de suporte e escadas (Fig. 33, à direita), ou pré-montadas no
estaleiro, no caso das paredes (Fig. 30, à esquerda), pilares e vigas, eventualmente recorrendo
a máquinas / ferramentas de corte e dobragem.
Fig. 33 - Armaduras de vigas (à esquerda), lajes (ao centro) e escadas (à direita) montadas na
sua localização definitiva
Na colocação das armaduras, tem que ser respeitada a dimensão do projecto e assegurada
suficiente rigidez de conjunto para manter a sua forma durante o transporte, colocação e
betonagem. Ao posicionar a armadura, tem que se garantir a sua verticalidade (Fig. 34, à
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Estes valores podem ser diminuídos de 0.5 cm no caso de elementos laminares e de uso de
betão de classe igual ou superior a C25/30. O recobrimento não pode também ser inferior aos
diâmetros das armaduras que recobre e do maior agregado usado no betão.
Os espaçadores podem ser efectuados na própria obra, os mais correntes dada a facilidade da
sua execução, ou podem ser comercializados. No primeiro caso, são feitos de argamassa de
cimento e possuem um arame que faz a ligação à armadura (Fig. 34, à esquerda e ao centro).
No segundo caso, podem ser de nylon, de PVC ou de poliestireno de alta densidade. Os
espaçadores de PVC (Fig. 34, à direita) são os mais utilizados entre os espaçadores comercia-
lizados e apresentam boas características, com aplicação crescente no futuro próximo. Se se
utilizarem estes materiais e se se proceder a tratamentos térmicos no betão, podem aparecer
manchas na superfície ou vazios durante o arrefecimento, provocando a corrosão das
armaduras. Tudo isto se deve ao facto de serem materiais que possuem um coeficiente de
dilatação térmica cerca de 10 vezes superior ao do betão, de perderem a rigidez a partir dos 70
a 80 ºC e fundirem a cerca de 100 ºC a 110 ºC. A superfície de contacto com a cofragem pode
ser reduzida, caso o separador tenha forma semi-esférica ou tronco cónica. Se na obra
existirem separadores de plástico do tipo circular, há que se ter especial cuidado em guardá-
los em caixas, por diâmetros, pois cada um deles só se adapta a um diâmetro de varão. Se
estas medidas não forem tomadas, corre-se o rico de se atrasar a obra.
Para rigidificar as armaduras, recorre-se a arame de atar (Figs. 35, à esquerda e 36, à
esquerda), através de vários pontos de atar (Fig. 35, à direita): pontos simples, ponto em sela
(ou de canto) ou ponto em oito (ou cruzado).
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Outro cuidado tem a ver com zonas densas de armadura, com reduzido espaço disponível
entre varões, que pode conduzir a dificuldades na betonagem e / ou a segregação de
agregados. Os pontos críticos são os nós, onde as armaduras de vários elementos se cruzam
(zona de ligação pilar-viga, onde por questões relacionadas com a ductilidade deve reduzir-se
o espaçamento das cintas) (Fig. 36, ao centro).
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6. FABRICO DO BETÃO
Quanto à duração da amassadura, ela não deve ser nem demasiado longa (pois pode provocar
a segregação dos agregados mais grossos ou a sua fractura, se forem mais friáveis), nem
muito curta. O tempo de amassadura ou o número de rotações é contado a partir do instante
em que todos os materiais sólidos são colocados na betoneira e termina quando se inicia a
descarga, especificando-se que a água deve ser adicionada, quando muito, no decurso do
primeiro quarto de tempo de amassadura. O tempo de mistura varia geralmente entre 30 e 120
s, consoante o tipo e capacidade da betoneira (as de eixo vertical são mais eficazes e
necessitam de tempos inferiores do que as de eixos inclinados), podendo afirmar-se que,
quando a dimensão do tambor aumenta, o tempo de amassadura ou o número de rotações
cresce com a D , sendo D o diâmetro. O American Concrete Institute (ACI 614) recomenda
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amassar durante um minuto, quando o volume é inferior a 750 l e aumentar 15 s por cada 750
l ou sua fracção, acima daquela capacidade. A tensão de rotura do betão amassado na maior
parte das betoneiras vulgares aumenta com o tempo de amassadura até atingir valores
próximos dos máximos após 5 a 10 mins de amassadura. Para betoneiras de capacidade igual
ou inferior a 500 l, não se justifica ultrapassar os dois mins, pois o aumento da resistência não
justifica o custo do prolongamento da amassadura. O prolongamento da amassadura para
além dos limites indicados provoca uma alteração na granulometria e um aumento nos
elementos finos. Recomendando-se, por isso, que o tempo de amassadura não exceda três
vezes o tempo indicado.
Por fim, há que referir que o operador da betoneira tem um papel fundamental em toda a
operação de amassadura, nomeadamente respeitando os requisitos anteriormente descritos e
observando também o betão quanto à sua consistência, podendo fazer pequenas correcções.
Para o correcto doseamento dos materiais, dever-se-á dispor de instruções escritas referentes à
amassadura, pormenorizando o tipo e quantidades dos materiais constituintes. O equipamento
de dosagem, nas condições normais de utilização, deverá possibilitar a obtenção da precisão
requerida. A precisão do equipamento de medição deve estar de acordo com as normas
nacionais ou a regulamentação em vigor no local de fabrico do betão, podendo aplicar-se, em
Portugal, os valores indicados na NP ENV 206.
Na grande maioria das obras, as amassaduras são realizadas através de betoneiras, podendo
ser manuais ou mecânicas. O processo manual está praticamente extinto à excepção de
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pequenas obras, por razões de ordem económica (preço da mão-de-obra), da qualidade, por
não ser possível garantir a homogeneização desejada e, por fim, pelos prazos de execução. A
amassadura manual do betão, quando empregue em pequenos volumes ou em obras pequenas,
deverá ser realizada sobre um estrado ou superfície plana impermeável e resistente. Misturar-
se-ão primeiro, a seco, os agregados e o cimento, de maneira a obter uma cor uniforme. Em
seguida, adiciona-se aos poucos a água necessária, misturando até obter uma massa de
aspecto uniforme. Não será permitido amassar-se, de cada vez, um volume de betão superior
ao correspondente a 100 kg de cimento. O betão obtido é menos homogéneo do que o
fabricado mecanicamente.
As betoneiras - misturadoras de eixo vertical são aparelhos mais eficazes, fornecendo material
muito homogéneo e permitindo a sua observação durante o processo de amassadura e,
consequentemente, a eventual correcção, se necessário. São especialmente utilizadas em
centrais de betão e em grandes estaleiros. Como possuem um sistema de raspagem das
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paredes do tambor, são também muito eficazes para amassar betões secos. As desvantagens
destes equipamentos são o seu custo inicial e a pouca mobilidade, sendo o primeiro
compensado pela elevada produtividade e qualidade do produto final.
Os critérios para avaliação da eficiência da acção de mistura ou de uma betoneira são: homo-
geneidade do betão fabricado, resistência do betão obtido e sua dispersão, percentagem de
material que fica aderente às paredes do tambor depois da descarga e velocidade de descarga.
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As centrais de betão são constituídas por vários equipamentos que têm como função o
armazenamento, transporte / carga e mistura dos materiais constituintes do betão (Fig. 38).
As centrais de betão fixas (Fig. 39), à semelhança das outras instalações de produção (oficina
de cofragens e de armaduras, depósitos de pré-fabricados e outros materiais de construção a
transportar pela grua), deverão estar dispostas nas imediações do centro de gravidade da obra,
ao lado da fachada longitudinal do edifício (no caso de um edifício corrente de forma
regular), especialmente no caso do transporte do betão ser realizado por gruas torre ou gruas-
bomba. Desta forma, conseguem-se os menores percursos de transporte possíveis. A central
deverá, sempre que possível, ser disposta para que a descarga do betão caia dentro da área
abrangida pela grua. Os compartimentos destinados ao depósito dos agregados (estrela de
agregados ou tegões) podem estar fora do alcance da grua e devem situar-se junto ao caminho
de acesso para que os materiais possam ser descarregados por basculagem directa dos
veículos de carga. Deve evitar-se qualquer transporte intermédio, tanto para os agregados
como para o betão.
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descarregar os sacos directamente para o alimentador de cimento. A área ocupada pela central
dependerá do ritmo de produção exigido, do tipo de obra e do equipamento e do pessoal
utilizados.
Nas centrais de betão fixas, são muito importantes as relações linha da grua / central de betão
e central de betão / caminho de serviço. Quando for impossível localizar a central junto à
obra, devido a condicionamentos de espaço, topografia do terreno, obstáculos naturais ou
outros, deverá dotar-se esta de um sistema rápido de transporte do betão para os locais de
consumo.
As centrais móveis são cada vez mais procuradas (Fig. 40), devido à sua elevada versatilidade
sem abdicar de desempenhos notáveis. Capaz de atingir produções de 100 m3/h, este tipo de
centrais é ideal para obras de curta duração ou sempre que o espaço disponível seja reduzido.
Para além de uma rápida montagem, possibilita a instalação de equipamentos auxiliares para
melhorar a produção. As suas dimensões são geralmente normalizadas, não sendo ultrapassa-
das as medidas máximas legais. Ao nível de equipamento, este é completo, engenhoso e
recorre às últimas tecnologias das grandes centrais fixas. Assim, vêm equipadas com mistura-
dora, balança de agregados em tapete pesador / elevador, balanças de cimento e água, tolvas
até 4 agregados com vibrador para areia, silo de cimento com capacidades até 25 tons, senfins
incorporados no silo, compressor, cabine de comando e sistemas de controlo da produção
(Fig. 40, à esquerda). Os únicos meios necessários para o seu transporte são um tractor e uma
grua para a sua montagem, sendo esta dispensada sempre que as centrais sejam autoportantes
(Fig. 40, à direita).
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As centrais flutuantes (Fig. 41, à esquerda), assentes em grandes batelões, são usadas em
obras hidráulicas e em vias de comunicação, nomeadamente em pequenas obras de retenção,
estruturas off-shore e pontes. Puxadas por rebocadores, estas centrais, que poderão atingir
elevados níveis de produção, são alimentadas por batelões de agregados desde as margens. O
armazenamento dos agregados é feito através de tolvas ou silos compartimentados.
O betão poderá ser doseado numa central exterior ao local de construção, amassado em
central fixa ou em camião betoneira e entregue pelo produtor no estado fresco (Fig. 41, à
direita), pronto para utilização no local de construção ou para enchimento do veículo do
empreiteiro. Este betão designa-se correntemente por betão pronto.
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(ASTM C94) impõem 50 a 100 rotações naquela velocidade. Se, após a amassadura, o betão
tiver de permanecer no transporte, dever-se-á voltar à velocidade de agitação.
O produtor deverá garantir e demonstrar que o material fornecido está de acordo com as
condições requeridas pelas especificações, normas aplicáveis e exigências do caderno de
encargos. O caderno de encargos deverá definir também os documentos certificadores do
material a apresentar ao dono da obra, pelo empreiteiro. O empreiteiro poderá solicitar ao
fabricante informação sobre: tipo e classe de resistência do cimento e tipo de agregados, tipo
de adjuvantes, tipo de dosagem aproximada das adições (se for o caso), razão água / cimento
prevista e resultados de ensaios prévios relevantes para a composição.
controlo da humidade dos agregados - a humidade dos agregados é de facto uma das
principais dificuldades no fabrico do betão, já que uma variação de 1% na humidade dos
agregados poderá significar uma variação de 10% no total da água da amassadura, com
todas as consequências inerentes; no que respeita às areias, este problema é contornado
com a colocação de sondas que conseguem ler a humidade a cada amassadura; quanto aos
agregados grossos, não é possível esse tipo de leitura, pelo que se recorre a ensaios
expeditos como o de secá-los num recipiente ao lume;
controlo da qualidade dos constituintes de acordo com um plano de ensaios previamente
definido, dependendo da sua frequência e do tipo de ensaios, do material constituinte e da
sua origem.
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7. TRANSPORTE DO BETÃO
7.1. INTRODUÇÃO
O sistema de transporte do betão desde que é descarregado da betoneira até ao local da sua
colocação depende do tipo da obra e impõe muitas vezes a trabalhabilidade com que tem de
ser utilizado. O sistema de transporte não deve provocar a segregação, permitir a perda de ar-
gamassa ou pasta de cimento ou promover a separação entre o agregado grosso e a argamassa.
Deve ser suficientemente rápido para que o betão não seque ou perca trabalhabilidade e para
que não haja interrupções na betonagem que conduzam à formação de planos de reduzida
resistência ou de juntas de trabalho fora dos locais previstos. O tipo de transporte a escolher
depende essencialmente de:
Para além dos sistemas convencionais de distribuição, existem outros sistemas normalmente
instalados em fábricas de pré-fabricação, pelo facto de nestas os locais de descarga do betão
terem um carácter fixo e o sistema ser de certa forma rotineiro.
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última ser de 90º ou 180º conforme se queira que a projecção do betão seja realizada
ortogonalmente ou no seu eixo, respectivamente. O sistema de alimentação, transporte e
descarga pode ser controlado manualmente ou de forma automática através de prévia
programação do sistema ponte rolante / balde.
Outro sistema, este 100% autónomo, é o aerovan (Fig. 42, ao centro e à direita), que consiste
num pequeno depósito com sistema de propulsão e controlo próprio, que corre suspenso em
carris, conduzindo o betão a qualquer ponto distante, de forma rápida e segura. A descarga
realiza-se através de uma comporta de fundo accionada hidraulicamente. Com estes sistemas,
é possível aumentar a rentabilidade do sistema de distribuição de betão, poupar em despesas
de mão-de-obra e de manutenção, evitar possíveis erros humanos e efeitos de segregação
produzidos no betão fresco, aumentando assim a fiabilidade de todo o sistema de distribuição.
A capacidade destes dispositivos varia de caso para caso, consoante os tempos de ciclo de
distribuição desejados.
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O betão é distribuído a partir de centrais pronto a ser aplicado e pode ser amassado por
qualquer dos 3 modos a seguir indicados:
completamente amassado na central por uma betoneira misturadora, donde passa para um
camião transportador que mantém o betão em agitação mediante um tambor rotativo
provido de pás, a fim de evitar a segregação (função agitador);
completamente amassado no camião: a amassadura é feita no percurso para o estaleiro da
obra ou à chegada a esta, mediante 70 a 100 rotações de tambor a uma velocidade de
amassadura específica, que é obviamente superior à velocidade de rotação do trabalho de
agitação (função misturadora);
começo da amassadura na central que termina no camião-betoneira munido de tambor ro-
tativo; neste caso, a amassadura deve ser completada por um número suficiente de rota-
ções do tambor, com uma velocidade pré-indicada para tal efeito e não com a velocidade
de agitação; depois de dado o número de rotações na velocidade de amassadura e se o
betão tiver de permanecer no camião, então deverá voltar-se à velocidade de agitação.
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A principal preocupação a ponderar nesta opção de transporte é evitar a possível perda de tra-
balhabilidade entre o início da amassadura e o momento da colocação, o que deve ser conse-
guido por meios que não alterem o factor água / cimento e que evitem o início prematuro do
endurecimento do betão. Isto é conseguido através de composições cuidadosamente doseadas
e incorporação de adjuvantes específicos que não prejudiquem os níveis de resistência, permi-
tindo a conservação da consistência e propriedades do betão, por vezes durante viagens supe-
riores a 2 h. De qualquer modo, no momento da descarga deverá ser controlada a trabalhabili-
dade por meio do cone de Abrams (ver sub-capítulo 12.3, “encomenda e recepção do betão”).
As especificações correntes do betão preparado em central requerem que o betão seja descar-
regado do camião em menos de 1 h 30 mins ou antes do tambor dar 300 rotações após a adi-
ção de água, ou do cimento, ao agregado húmido [2]. Em condições especialmente favoráveis
poderão ser permitidos períodos de até 2 ou 3 h, se as temperaturas do ar ou dos componentes
forem pouco elevadas. No caso contrário, no período quente de Verão, as temperaturas do ar
provocam tempo de presa mais curto ou perdas substanciais de trabalhabilidade, podendo ser
necessário reduzir o período atrás referido para valores inferiores a 1 h 30 mins.
Nos transportes sem agitação, há o perigo da exsudação da água nos betões húmidos e da
compactação dos betões secos. Para evitar estas dificuldades, o abaixamento no cone de
Abrams deverá estar compreendido entre 1 cm e 7 cm [2].
O betão pode ser colocado no local, num plano inclinado ou por queda livre (é preciso
cuidado com a segregação dos agregados) ou por bombagem (para locais elevados), através
dos seguintes sistemas de transporte:
carros de mão (Fig. 44, à esquerda) - são utilizados geralmente em pequenas obras e onde
a distância de transporte (horizontal) é pequena;
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Fig. 44 - À esquerda, betonagem artesanal de parede de betão com queda deste de altura
apreciável através de carro de mão e, à direita, dumper utilizado no transporte de betão
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Fig. 45 - À esquerda, transporte do betão por balde movido através de grua e, à direita,
descarga de betão recorrendo a calha inclinada
Fig. 46 - À esquerda, betonagem por tapetes rolantes e à direita, tubo de queda livre
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Com condutas rígidas, as bombas actuais permitem atingir 300 m na horizontal e 80 m na ver-
tical (Fig. 47, à direita). Um bom betão, bem trabalhável, pode ser elevado a 30 / 35 m a uma
curta distância da bomba. O caudal situa-se, em média, entre 10 e 100 m³/h, segundo as
condições particulares da bombagem. O diâmetro mais corrente da tubagem é de 15 cm. Hoje
em dia utilizam-se bombas e tubagem flexível, constituída por 2 ou 3 braços articulados,
comandados à distância e montados em camiões (Fig. 47, à esquerda), o que aumenta muito
as possibilidades de acesso a certas partes da estrutura, dispensando em muitos casos o uso de
gruas (Fig. 47, à direita). Para se extrair o máximo rendimento possível, é necessário preparar
cuidadosa e especificamente toda a operação de betonagem. As condições fundamentais para
o transporte do betão por bombagem baseiam-se no atrito entre o betão e as paredes internas
da tubagem.
Fig. 47 - À esquerda, auto-bomba e à direita, transporte por bombagem, sem recorrer a grua
O betão é lançado numa tremonha cónica colocada acima da bomba (Fig. 48), de onde passa
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para o cilindro por queda livre através de uma válvula, embora ajudado pelo vácuo criado
pelo movimento de sucção do êmbolo. Quando este inverte o movimento comprimindo o
betão, a válvula de entrada fecha-se e abre-se a de saída para a tubagem. As válvulas não
fecham completamente quando bombeiam o betão, ajustando-se conforme a máxima
dimensão do agregado. O rendimento da bombagem é proporcional ao grau de enchimento do
cilindro em cada ciclo. A mobilidade ou plasticidade de um betão afecta o caudal da
bombagem, pelo que um betão com teor médio de cimento e proporção correcta de areia, com
boa granulometria, deve alimentar melhor o cilindro do que um betão áspero ou com fraca
trabalhabilidade, enquanto que um betão seco não deve alimentar tão bem como um betão
mais húmido.
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Num outro tipo de bomba, cujo êmbolo é impulsionado por água sob pressão que actua na
parte de trás daquele, saindo do cilindro logo que o êmbolo inverte o movimento, o
rendimento pode ir até 25 m³/h. Contudo, o desgaste do êmbolo provoca o risco de passagem
de água através deste para o betão.
Finalmente, existem ainda bombas de rotor, nas quais o betão é impelido por meio do
esmagamento de um tubo flexível que o conduz da tremonha de alimentação. O esmagamento
é realizado por meio de dois roletes montados num motor. O tubo deformável é evidentemente
a peça que mais se desgasta pois está sujeito a um ciclo de rápidas deformações e ao atrito do
betão. A sua duração permite-lhe bombear 800 a 1000 m³ num tubo com 10 cm de diâmetro.
O estudo das condições em que o betão pode ser bombeado baseia-se no atrito entre o betão e
as paredes internas da tubagem. A dosagem de água de um betão é um valor limite, devendo
ultrapassar uma dosagem crítica, pois um betão pouco molhado, sem os vazios preenchidos
por água, impõe a sua pressão à canalização por meio das partículas sólidas, de onde resulta
um atrito considerável. Mas a água em excesso, sob pressão, tende a escapar-se do esqueleto
sólido e a tornar o betão menos molhado. O princípio fundamental do transporte do betão por
bomba é portanto que a pressão seja transmitida ao tubo pela água. Quando a humidade do
betão é inferior à dosagem crítica, este pode considerar-se na canalização como uma
substância com um coeficiente de atrito diferente de zero. De certa maneira, pode falar-se de
uma verdadeira rolha de betão, pois basta que este ocupe uma zona limitada do tubo para
parar completamente o movimento, que só pode recomeçar após a desmontagem dos tubos.
Ou seja, a utilização da bomba é uma garantia contra a heterogeneidade do betão, pois não há
a possibilidade de passar o menor grupo de pedras. Como são os elementos mais finos do
betão que contêm a maior parte da água, devido ao efeito de parede ficam em contacto com a
superfície interna do tubo, sendo portanto os elementos mais finos da argamassa que
promovem a lubrificação da tubagem. As dificuldades para a bombagem nascem quando tal
camada desaparece, o que pode ocorrer devido a vários factores:
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entrada de um grupo de pedras, por exemplo no fim de uma amassadura, sem a necessária
argamassa para a lubrificação; por esta razão, a tremonha deve estar sempre cheia;
bombagens de composições excessivamente húmidas, que não têm suficiente coesão, ou
possuem excesso de areia; para evitar esta ocorrência, há que ter atenção à granulometria
do betão, a qual deve ser isenta de descontinuidades.
factores inerentes ao tipo de obras - definição das várias fases de betonagem e respectivas
implicações no traçado da tubagem e definição do traçado da tubagem e do local de
implantação da bomba;
factores exteriores - tipo e estado do equipamento de bombagem, distância e altura da
bombagem, diâmetro do tubo, número de curvas, frequência e duração das interrupções;
factores inerentes à composição do betão - selecção de uma composição e trabalhabilidade
do betão e respectivo controlo.
a) natureza dos agregados e sua granulometria - se bem que o agregado rolado conduza, em
geral, a um betão mais bombeável, especialmente quando a trabalhabilidade (medida pelo
cone de Abrams) desce abaixo dos 7 cm, é também possível produzir betão próprio para
bombear, recorrendo ao agregado britado, desde que bem graduado, com poucas
partículas alongadas e achatadas; em qualquer das situações, o conteúdo de areia com
adequada percentagem de finos para reter a água e impedir a exsudação é uma condição
importante; a máxima dimensão do agregado não deverá exceder 1/3 do diâmetro da
tubagem, para reflectir os condicionalismos impostos pelo efeito de parede da tubagem;
por outro lado, a granulometria deve ser bem contínua, mesmo na zona do cimento, para
evitar possível tendência para a segregação que adviria da existência eventual de
patamares de descontinuidade granulométrica; quando o agregado é poroso, tem absorção
elevada e não está saturado, a água introduz-se nos seus poros sob a pressão da
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A bomba é substituída por um reservatório com a forma de tremonha que se enche de betão.
Fecha-se hermeticamente o reservatório e empurra-se aquele material com ar comprimido
introduzido na parte inferior, que se mistura com o betão, aumentando a dosagem de fluido
(água e ar). Pode-se assim transportar betões mais secos, que não passariam numa bomba
desde que a dosagem do fluido seja superior à dosagem crítica.
Os aparelhos de ar comprimido são sobretudo utilizados nos percursos horizontais, pois não
apresentam, como as bombas, o inconveniente do desgaste rápido dos órgãos mecânicos.
Contudo, o consumo de energia é superior para o mesmo caudal horário, sobretudo nas
grandes distâncias. A linha de descarga não se deve inclinar para baixo e o jacto deve ser
dirigido para que o betão não incida directamente sobre as armaduras ou produza choques
violentos.
Uma objecção geral à utilização do método pneumático é a de provocar uma apreciável perda
de trabalhabilidade durante a operação de transporte, sendo aconselhável trabalhar com uma
consistência mais húmida, na carga da tremonha, do que a necessária nos moldes. A
aparelhagem tem um preço inferior ao das bombas, mas necessita de quantidades
consideráveis de ar comprimido.
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8. BETONAGEM
8.1. INTRODUÇÃO
Uma das operações mais importantes durante o processo de execução de obras em betão con-
siste no modo de colocação deste material e, como tal, não deve ser negligenciado, mesmo
que se saiba ter o mesmo sido correctamente doseado, amassado e transportado. Todo o
processo de colocação do betão deve evitar a segregação e a desagregação dos componentes e
encher perfeitamente todos os espaços dos moldes, envolvendo convenientemente as
armaduras.
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falsos ou pavimentos técnicos para fazer a passagem de condutas; estes sistemas podem
permitir um fácil acesso das tubagens;
Quando se betonam peças de grandes dimensões, devem prever -se pequenos “respiradouros”
para que o ar libertado do betão durante a compactação e vibração possa sair, evitando-se a
formação de “chochos” nas paredes laterais dos elementos.
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uma compactação eficaz; é ainda aconselhável recorrer-se à vibração interna das camadas
superiores para ajustar a saída do ar.
A betonagem deve dar-se logo a seguir à amassadura, não devendo existir entre o fim desta e
a betonagem um intervalo superior a 1 h. Quando houver necessidade de aumentar este
tempo, deverá ser utilizado um retardador de presa e endurecimento, já que depois deste
prazo o betão começa a perder a trabalhabilidade.
betonagem de muros (Fig. 55, à esquerda), vigas (Fig. 55, à direita), pilares (Fig. 56, à
esquerda) e paredes (Fig. 56, ao centro), com balde ou tubos de queda livre movimentados
por grua - o vazamento do betão não deverá ser feito de grandes alturas para não causar
estratificação por diferenças de massa; a betonagem nos pilares deve ser feita por duas
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fases para evitar que as pressões hidrostáticas causem a rotura das cofragens; nos muros e
paredes, a visibilidade durante a betonagem é limitada a 1 m a 1.5 m da parte superior do
molde o que dificulta a operação; sempre que as cofragens o permitam, é conveniente que
uma das faces do molde seja constituída por painéis de 1 a 1.5 m de altura que se colocam
de acordo com a progressão do nível do betão; outra alternativa é prever a existência de
aberturas criteriosamente dispostas através das quais se procede à betonagem;
Fig. 56 - Betonagem de pilar (à esquerda), de parede resistente (ao centro) e de laje (à direita)
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Fig. 57 - À esquerda, betonagem com auxílio de uma manga, ao centro, betonagem e vibração
com agulha, e à direita, medição da profundidade do betão e alisamento da sua superfície
Ao realizar estas operações, é conveniente não pisar a armadura nem vibrá-la, pois os
espaçadores podem sair do lugar, ficando a armadura sem o recobrimento necessário. Para
verificar se a colocação do betão terminou, recorre-se ao uso de uma bitola feita a partir de
um varão de aço com a medida pretendida que, quando mergulhada no betão, fornece a
indicação da espessura da laje no momento em causa (Fig. 58, à esquerda). Uma vez
terminadas a colocação e a vibração do betão, procede-se à regularização e alisamento da
superfície superior da laje, antes do betão ganhar presa, e dá-se por concluída a operação de
betonagem (Fig. 58, à direita). Por vezes, recorre-se ao talochamento mecânico através de um
equipamento (“helicóptero”) que permite o acabamento final da laje, situação corrente para
lajes de estacionamento (nestes casos, é usual a aplicação de um endurecedor de superfície
que confere à superfície resistência às cargas de utilização - Fig. 59), não necessitando de
executar revestimentos posteriores (por exemplo, betonilhas). Neste último caso, deverão ser
tomados cuidados especiais de protecção da laje para não danificar o acabamento, visto ser
final (por exemplo, cuidado especial no apoio dos prumos de escoramento da laje do piso
superior).
8.4. CUIDADOS
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Fig. 58 - À esquerda, espalhamento do betão (uso da bitola de varão de aço para indicação de
espessura da laje) e, à direita, aspecto final da laje após betonagem (regularização e
alisamento com uma régua)
Fig. 59 - À esquerda, helicóptero que permite fazer o talochamento mecânico da laje após
betonagem e, à direita, acabamento final da laje de estacionamento
não se deve depositar toda a massa num só ponto, pensando que ela encherá todo o molde
a betonar por si mesma; é preciso evitar a segregação da água e do agregado fino;
deve evitar-se a colocação do betão em queda livre de alturas elevadas, ou então prever a
utilização de tremonhas ou tubos de descarga, na vertical;
deve-se evitar betonagens demasiado lentas, planeando a execução de todos os trabalhos
previamente;
deve efectuar-se a betonagem tanto quanto possível de uma só vez, em camadas contínuas
com altura máxima de 30 cm, para que a compactação subsequente possa ser eficaz e não
haja segregação nem desagregação;
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a trabalhabilidade do betão, no caso de paredes e pilares, não deve ser inferior a 10 cm;
na execução de paredes, deve-se evitar a colocação do betão em pontos distantes;
juntas de betonagem - pode ser necessário executá-las, quer devido à sequência construti-
va quer devido à dimensão do elemento a betonar (controle da fissuração); devem
realizar-se juntas nas zonas menos esforçadas das peças (a meia altura), cuja superfície de
contacto deverá ser rugosa, com agregados grossos à vista, para colar bem ao betão a
colocar posteriormente; na altura da nova betonagem, a junta deve estar cuidadosamente
limpa (utilização de jactos de água ou ar, após a presa) e molhada de maneira a que fique
baça e sem água superficial; para tal, deve existir um estudo do plano de trabalhos que vai
definir os prazos e planos de retirada dos moldes e colocação de aço adicional nos locais
das juntas de betonagem forçada; as condicionantes para o estabelecimento do plano de
betonagem são de ordem estética / arquitectónica e de ordem estrutural ou de resistência
(as armaduras de espera vão estabelecer as ligações entre os vários elementos estruturais,
absorvendo assim as tensões de corte); não se deve esperar muito tempo entre betonagens
sucessivas (prejudica a aderência) nem usar calda de ligante para efectuar a colagem de
juntas;
não se deve betonar com temperaturas elevadas (> 35 ºC) ou demasiado baixas (< 5 ºC), a
menos que sejam tomadas algumas medidas prévias que o permitam fazer.
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Para betonagens efectuadas a temperaturas inferiores a 5 ºC, devem ser tomadas as seguintes
precauções:
no fabrico de betão - procurar baixar tanto quanto possível a temperatura do betão fresco,
utilizando um tipo de cimento com elevado calor de hidratação e com resistências
mecânicas elevadas em idades jovens; usar água aquecida na amassadura e proteger os
agregados da intempérie ou aquecê-los artificialmente com água quente e recorrer ao uso
de adjuvantes, devidamente testados, para acelerar a presa e/ou o endurecimento do betão,
bem como anticongelantes (Fig. 60); utilizar em simultâneo um adjuvante introdutor de ar,
de modo a criar múltiplas pequenas bolhas de ar no interior da massa, que servirão como
câmaras de expansão, precavendo os danos causados pelo congelamento da água;
na colocação do betão - aplicar o betão especialmente na parte da manhã de modo a fazer
coincidir a temperatura máxima diurna com o período do fim de presa e início do
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9. COMPACTAÇÃO
9.1. INTRODUÇÃO
Uma correcta e eficaz compactação é essencial para um bom acabamento das peças e deve ser
feita logo a seguir à colocação do betão nos moldes para torná-lo o mais compacto possível
provocando a saída do ar aprisionado no seu interior e facilitando o arranjo interno das
partículas do agregado, imbricando-as umas nas outras. O contacto com os moldes, as arma-
duras e os materiais que porventura estejam incluídos no betão deve ser perfeito. Este objecti-
vo é conseguido com a diminuição do atrito interno entre as partículas. A relação entre as ten-
sões de rotura e a percentagem de vazios mostra que a presença de apenas 5% de vazios pode
conduzir a uma queda na tensão de rotura de 30%, o que é equivalente ao aumento de 25% na
água de amassadura de um betão. A eliminação dos vazios por meio de uma compactação
conveniente pode ser ainda mais importante do que o controlo da água de amassadura.
Os métodos que se utilizam para conseguir esta finalidade são: o apiloamento (método ultra-
passado), a vibração com vibradores no interior da massa de betão ou em contacto com as co-
fragens e as mesas vibratórias (pré-fabricação). O grau de compactação é função da consistên-
cia do betão. Nos betões fluidos (cone de Abrams com abaixamento > 15 cm), não se usa
qualquer método para compactação, já que isso causaria a segregação do betão. Ela obtém-se
naturalmente pelo peso próprio. Pelo contrário, um betão seco necessitará de uma vibração
vigorosa. Deve-se evitar um excesso de compactação da massa, para que o agregado grosso
não se deposite no fundo dos moldes (no caso dos betões correntes) ou ascenda à superfície (no
caso dos betões leves). Por outro lado, deve-se evitar uma compactação insuficiente, para que
não surjam vazios ou lacunas (“chochos”) na massa e na superfície das peças em contacto
com os moldes.
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9.2.1. Apiloamento
9.2.2. Vibração
Com o processo vibratório é imposto uma aceleração às partículas, que rompe o contacto
entre elas, obtendo posteriormente uma posição de equilíbrio mais estável das partículas, por
acção da gravidade. As ondas resultantes da acção de um vibrador podem ser transmitidas ao
betão segundo dois modos fundamentais, externo ou interno, consoante o aparelho vibratório
actua directamente sobre uma ou várias faces do volume do betão (vibradores de cofragens
(Fig. 62, à direita), mesas vibratórias, réguas vibrantes superficiais, etc.) ou actua por
introdução vertical no seio da massa de betão (caso das agulhas vibratórias - Fig. 62, à
esquerda e ao centro).
O caso mais corrente é o recurso aos vibradores de agulhas que devem ser caracterizados pelo
seu diâmetro, frequência e amplitude de vibração (vibração interna). Estes aparelhos
transmitem directamente toda a energia ao betão, sendo portáteis, fáceis de manipular e
utilizáveis em posições difíceis. A sua zona de acção é mais extensa à superfície do que em
profundidade, pelo que devem ser colocados sucessivamente em diferentes pontos da massa a
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vibrar. O emprego de betões secos diminui o raio de acção das agulhas e implica aumento do
tempo de tratamento e vibração mais vigorosa, donde, à medida que a trabalhabilidade
diminui, a frequência que conduz ao maior raio de acção tenda para valores mais elevados.
deverá ser determinado o raio de acção do vibrador; uma forma expedita de determinar
esse raio consiste em introduzir, na massa de betão, varões de aço com 20 mm de
diâmetro, com um comprimento igual ao da agulha do vibrador e a diferentes distâncias
desta; o raio de acção (r) pode ser determinado pela distância do varão que se enterra
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10. CURA
10.1. INTRODUÇÃO
A cura deverá ser iniciada, tão cedo quanto possível, logo após a colocação e compactação do
betão, consiste na prevenção contra a secagem prematura, particularmente devido à radiação
solar e ao vento e visa a obtenção das propriedades potenciais esperadas para o betão,
principalmente na zona superficial. Uma correcta cura do betão permite reduzir a
permeabilidade e porosidade da camada superficial do betão, nomeadamente através da
redução das fissuras de retracção de secagem.
Na passagem da massa de betão para o estado sólido distinguem-se duas fases: a presa e o en-
durecimento. A presa corresponde à passagem do estado líquido para o estado sólido e é cara-
cterizada por um aumento da viscosidade. Em relação ao endurecimento, este dá-se com o au-
mento da resistência ao longo do tempo sendo muito rápido no início. Em termos teóricos, o
processo da presa inicia-se logo que se faz a mistura do cimento com a água, sendo esta fase
muito influenciada pela temperatura (a 25 ºC pode demorar 6 a 7 horas mas a 50 ºC pode re-
duzir-se a metade). Posteriormente à presa, o betão continua a ganhar resistência segundo um
processo contínuo desde que não falte água para a realização das reacções de hidratação. Para
garantir que o processo de endurecimento decorra normalmente e para evitar o aparecimento
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O processo de cura é de extrema importância, pois se houver falta de água necessária para a
continuação das reacções de hidratação após a presa do cimento, o betão não terá as caracte-
rísticas ideais de resistência, impermeabilidade e resistência ao desgaste e aos ataques
químicos.
A duração da cura depende do tempo necessário para se obter uma certa impermeabilidade da
zona superficial do betão. Os tempos mínimos estão indicados na NP ENV 206 - §10.6.3., em
dias, de acordo com o Quadro 6. Nas situações II e III, as cofragens devem ser regadas e as
superfícies do betão, quando expostas, devem ser cobertas com materiais absorventes e
regadas com água limpa. As superfícies devem estar sempre húmidas até perfazer, no mínimo,
14 e 21 dias de betonagem, respectivamente.
I. Ausência de exposição ao
sol e humidade relativa do ar 2 2 1 3 3 2 3 3 2
envolvente não inferior a 80%
Quanto maior for o período em que se impede a saída da água do betão, isto é, o período de
cura, maior será a tensão de rotura, a impermeabilidade, a resistência ao desgaste e aos
ataques químicos. O período mínimo de cura deve ser, em média, de 7 a 10 dias. No caso de
cimentos de elevada resistência inicial, o tempo de cura pode ser abreviado para cerca de
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metade daquele tempo (3 a 5 dias) e, para os ligantes de endurecimento lento, o período deve
ser alargado para o dobro (14 a 20 dias), para uma temperatura de 0 ºC. Se as temperaturas
forem inferiores a 0 ºC, não são contabilizados esses dias para a cura e deve proteger-se o
betão nas primeiras 72 h.
Após o endurecimento do betão, passa-se à sua descofragem. Segundo a norma NP ENV 206,
as cofragens podem ser retiradas quando for alcançada uma resistência adequada à capacidade
de carga e às deformações da estrutura pretendidas, ou quando a cofragem já não é necessária
para a cura. Assim, são asseguradas condições de segurança relativas à rotura da peça e não se
verifiquem deformações e fendilhações inconvenientes. Situações em que a descofragem
antecipada se torne imprescindível deverão ser previamente planeadas, sendo necessário que
os betões utilizem no seu fabrico cimentos adequados à situação e, mesmo assim, deverá
haver garantias laboratoriais de que a resistência mínima necessária é atingida ao fim do
período pretendido.
O método de cura deve ser definido antes do início do trabalho no local. Os principais
métodos para a cura do betão, em temperaturas ordinárias, são, segundo a NP ENV 206:
manutenção da cofragem no lugar (conservação dos moldes) (Fig. 64) - a conservação dos
moldes é aplicada quando estes impedem a secagem através da maior parte da superfície;
os moldes de madeira, quando utilizados, devem ser molhados com frequência para que a
secagem não se faça através deles, tendo em conta que o coeficiente de permeabilidade
higrométrica da madeira é superior ao do betão, mesmo nas primeiras idades; há que ter
em conta que a saturação dos moldes vai ainda impedir a sua fendilhação ou até mesmo a
separação das tábuas, com vista a que não haja evaporação nem por fendas nem por
juntas;
colocação de coberturas húmidas (Fig. 65) - método empregue após a presa; a superfície é
coberta com substâncias que retenham água tais como areia, terra, serradura ou outras
substâncias que evitem a perda de água; é necessário esperar que o betão apresente a
resistência suficiente para suportar o peso, sem danificar a superfície;
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cobertura com filmes plásticos (Fig. 66) - a superfície de betão é coberta com substâncias
impermeáveis, como plástico, com especial atenção aos extremos, vulneráveis à secagem;
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Fig. 66 - Processo de cura através da cobertura com filmes plásticos (à esquerda e ao centro) e
cobertura adequada para temperaturas muito frias (à direita)
aspersão com água (Fig. 67) - este método reside na aspersão com água em intervalos
frequentes, visando evitar a fissuração superficial e até mesmo a resistência da superfície;
deste modo, evitam-se secagens demasiado profundas, não havendo fadiga superficial
causada por contracções e expansões frequentes e intensas;
aplicação de compostos de cura que formem membranas protectoras (Fig. 68) - para evitar
a rápida dessecação do betão, usam-se as membranas de cura, formadas por películas mais
ou menos impermeáveis ao vapor de água, especialmente usadas quando as peças de betão
são delgadas, como no caso de lajes; o seu uso torna-se imprescindível tratando-se de
betão constituído por cimento pozolânico ou de alto-forno, com mais de 40 ou 50% de
escória, uma vez que estes cimentos apresentam elevada dificuldade na retenção de água
nas primeiras semanas; as membranas de cura são obtidas por meio de emulsões aquosas
ou soluções de produtos resinosos ou parafínicos, que se rompem quando chegam ao
contacto com um meio alcalino, depositando-se uma delgada película de resina ou
parafina; para que mais facilmente se verifiquem as áreas já aplicadas, não devem ser
incolores, devendo ter uma cor clara para não absorverem radiação solar, impedindo a
subida da temperatura do betão; a membrana de cura pode ser aplicada antes ou depois da
presa; de acordo com Duriez, quando desaparece o brilho característico da água livre,
tornando-se a superfície baça; a sua aplicação fora de tempo, pode originar perda de
eficácia, se aplicados tardiamente, ou falta de adesão à base, se antecipadamente; em
superfícies moldadas, são aplicadas, naturalmente, após a retirada do molde; no caso de
superfícies posteriormente rebocadas ou juntas a outras, a membrana que normalmente
tem a duração máxima de três a quatro semanas, não deve constituir problema na ligação,
sendo facilmente retirada por meio de escovagem; para avaliar da eficácia destes
produtos, determina-se em laboratório, a medição de perda de peso de espécimes,
comparativamente a espécimes a que não foram aplicadas nas suas faces quaisquer
produtos.
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Fig. 67 - Processo de cura através da rega de pilar ainda não descofrado (à esquerda) e rega de
um pavimento em betão (à direita)
A cura acelerada é quando existe uma aceleração do endurecimento do betão por meio da
subida da temperatura e/ou da pressão. O aquecimento do betão acima de temperaturas
ordinárias leva a que a reacção dos componentes do cimento com água seja mais célere,
caracterizando-se por tensões de rotura mais elevadas em menos tempo. A cura acelerada é
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potenciada em betões com cimentos de baixo teor de aluminato, pois estes são afectados pela
temperatura diminuindo a sua solubilidade, ao contrário dos silicatos. Na prática, em obra, a
temperaturas correntes, o endurecimento pela acção da pressão, exigiria a mobilização de
meios técnicos específicos, levando ao seu insucesso. O mais comum é pois a cura acelerada
por vapor à pressão atmosférica.
É importante não esquecer que o aumento da resistência é afectado pelo tempo, não sendo tão
intenso como na cura normal. Como a cristalização é rápida, os cristais de cimento hidratado
não se desenvolvem bem, a cristalização não é perfeita e sim desordenada, com grande
densidade de núcleos de cristalização, o que origina cristais pequenos e mal conformados, de
modo que o crescimento cristalino posterior não se faz em boas condições.
Consequentemente, o betão exterioriza o aspecto de envelhecimento precoce.
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circulação em tubagens no interior com água ou óleo, ou ainda por vapor de água; por
resistências eléctricas, por radiação infravermelha ou por ar quente);
aquecimento do betão (processo clássico) - aquece-se o betão pela introdução de vapor de
água à pressão atmosférica em recinto fechado; numa primeira fase, o betão é aquecido
entre o fim da betonagem e o início da presa, quando apresenta já alguma solidez;
previne-se assim que o ar existente no interior do betão, ainda líquido, se expanda e
aumente o volume de vazios; este período compreende-se entre 3 a 6 h após o início da
amassadura; de seguida, aumenta-se a temperatura do betão de acordo com programa pré-
estabelecido até atingir um determinado máximo; normalmente, a temperatura do
ambiente no qual está colocada a peça, sobe rapidamente de 10 a 30 ºC por hora,
conforme as dimensões desta; 1 a 6 h é o tempo de duração; a temperatura máxima
mantém-se constante entre os 50 a 80 ºC em 2 a 10 h; por fim, o arrefecimento dá-se em
ambiente saturado de humidade, parando a injecção de vapor; existem três tipos de ciclos
do aquecimento do betão:
a) um mais lento, com um período inicial de 6 h, seguido de uma subida de
temperatura até 40 a 50 ºC, de 24 h; este ciclo permite a utilização dos moldes
apenas de dois em dois dias;
b) um ciclo intermédio, em que se atingem tensões de rotura superiores a 30 MPa ao
fim de 18 h empregando-se cimento normal, utilizando-se os moldes diariamente;
c) no ciclo mais rápido, os moldes podem ser usados duas vezes ao dia, atingindo ao
fim de 8 h uma tensão de rotura na ordem dos 30 MPa, usando cimento de elevada
resistência inicial; por fim, um terceiro tipo de cura é o endurecimento em
autoclave, utilizando vapor sob pressão, trazendo a vantagem de juntar o efeito da
temperatura ao da pressão; neste caso, devido à elevação da temperatura, acelera-
se não só a hidratação, mas origina-se também a formação de novos produtos de
hidratação;
é um método pouco utilizado para o cimento, sendo-o mais para o endurecimento do
ligante constituído por sílica e cal, ou por cimento e sílica finamente moída que reage
com a cal libertada pela hidratação do cimento; as desvantagens do método de aqueci-
mento do betão são a diminuição do aumento de resistência do betão com o tempo e a
cristalização imperfeita implica que o betão fique envelhecido precocemente.
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10.5. CUIDADOS
Fig. 69 - Cura acelerada com aquecimento (uso de mantas para isolamento térmico, ao centro)
a condição extrema diversa é um clima quente, como o alentejano, num período ventoso;
tem de se ter em conta que o betão, para hidratar, precisa de água; como esta se evapora, o
betão não chega a desenvolver as resistências que deveria e corre-se o risco de surgir
fissuração por dessecação; se a obra tiver mesmo de ser feita nestas condições, a laje deve
ser protegida com um filme plástico; só deve ser regada ao fim de 2 h, para que a água não
se misture com a do betão e contribua para aumentar a porosidade deste; o betão deverá
ser protegido da fendilhação com origem nos gradientes térmicos internos; a temperatura
do betão não deverá descer abaixo de 0 ºC até que o betão tenha atingido os 5 MPa de
resistência à compressão; a temperatura máxima do betão não deverá ultrapassar os 70 ºC;
os métodos de cura com base em água não deverão ser permitidos com condições
climáticas que propiciem o congelamento da água;
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a superfície do betão deverá ser protegida contra vibrações e impactos que possam causar-
lhe danos, nomeadamente no recobrimento das armaduras; a superfície do betão deverá
ser protegida de danos causados pela chuva forte, pela água corrente ou por qualquer outra
influência mecânica;
no caso de ser necessário preservar o acabamento de superfície de betão, as especificações
de projecto deverão prever os respectivos processos de protecção a utilizar em obra.
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11.1. AGREGADOS
O armazenamento dos agregados em estaleiro pode ser feito por meio de silos construídos
para o efeito ou, mais vulgarmente, em pilhas (Fig. 70) ou em baias (Fig. 71). Devem ser
construídas divisórias (de madeira, alvenaria, betão) entre os agregados de diferentes classes
de modo a evitar que se misturem. No seu armazenamento devem ter-se cuidados para evitar a
segregação, não permitir a contaminação com substâncias estranhas, evitar a rotura das
partículas de modo a não alterar a granulometria e uniformizar a humidade. Os agregados
constituídos por uma pré-mistura da areia com o agregado grosso segregam com muita
facilidade, durante o transporte ou durante o armazenamento. No caso de instalações fixas de
betonagem ou de longa duração, deverá ser executado previamente um massame de betão
para evitar ter de se desprezar cerca de 15 cm, ou mais, da altura do agregado que fica
misturado com a terra, lama ou pó. Este massame deve ser colocado de modo a drenar
facilmente a água que eventualmente molhe o agregado.
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Fig. 71 - Armazenamento dos agregados em baias (estrela de agregados de uma central radial,
à direita)
As centrais radiais, formadas por estrela de agregados (Figs. 71, à direita, 73 e 74), têm como
principal vantagem possuírem uma grande capacidade de armazenagem de matérias-primas
num reduzido espaço, mesmo em horas de grande produção, sendo desta forma ideais para
utilização em zonas citadinas, onde o espaço é limitado. Por outro lado, mantêm os valores de
humidade homogéneos nos agregados. A carga é realizada após basculagem dos camiões de
transporte, por uma pá-de-arrasto (dragline) montada na estrutura superior da central. Esta é
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Os rendimentos das draglines manuais variam entre 50 e 130 m3/h, enquanto que as
automáticas variam entre 100 e 160 m3/h. A capacidade do balde depende da potência dos
motores da própria dragline, os quais se encontram normalmente localizados na parte
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11.2. CIMENTO
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O cimento é transportado dos silos até ao doseador por meio de sem-fins ou através de
sistemas pneumáticos (Fig. 76). Por vezes, é usado um sistema de fluidificação com o
objectivo de favorecer a saída do cimento dos silos, mesmo aquando da presença de
incrustações produzidas pela humidade. Para evitar a poluição ambiental provocada pelo pó
de cimento libertado aquando da mistura, os fabricantes dotam as suas centrais com air bags e
colectores de poeiras com bombas de vácuo.
11.4. ARMADURAS
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Durante a elaboração do plano do estaleiro, deverá ser criada uma área destinada à
armazenagem dos varões, a qual deverá situar-se dentro do raio de alcance da grua. No
transporte e na armazenagem, o aço deve ser colocado numa posição tal que não lhe provoque
qualquer dano (Fig. 77). O aço deverá ser protegido das intempéries e nunca ser colocado em
contacto directo com o solo. As armaduras devem ser colocadas num local abrigado e
fechado, designado vulgarmente por armazém de ferro (Fig. 78).
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12.1. INTRODUÇÃO
A NP ENV 206 estabelece que o fabrico, colocação e cura do betão deverão ser sujeitos a um
controlo da qualidade. O controlo da qualidade é definido como a combinação das acções e
decisões, tomadas de acordo com especificações e verificações, que asseguram a satisfação
das exigências especificadas. O controlo da qualidade compreende duas partes distintas, mas
interligadas, que são o controlo da produção e o controlo da conformidade. Neste sentido, o
controlo da qualidade passa obrigatoriamente pela verificação e fiscalização das seguintes
actividades principais:
Nenhuma betonagem pode ser marcada sem a aprovação prévia pela fiscalização dos cimbres
e escoramentos, moldes e armaduras e dos elementos a betonar. Esta aprovação deve ser
registada no livro de obra. Só depois deste registo pode o empreiteiro fazer a encomenda e a
marcação do betão. A chegada intempestiva à obra de betão é da exclusiva responsabilidade
do empreiteiro e deve ser recusada a sua aplicação se os elementos a betonar não estiverem
em condições de ser aprovados.
Tendo em atenção a classificação dos betões, os pedidos às centrais de betão devem referir
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O empreiteiro deve preparar com antecedência o acesso dos camiões betoneira e bombas aos
locais de fornecimento, evitando que estes necessitem de fazer manobras demoradas. Os
acessos devem estar preparados para suportar as cargas dos camiões, serem regulares e
isentos tanto quanto possível de lamas e objectos (tábuas, ferros, agregados, etc.), permitindo
assim uma boa circulação. Os acessos devem permitir que os camiões se possam cruzar com
facilidade, evitando demoras no fornecimento.
Quando o camião betoneira chega ao local da obra, o empreiteiro deve ter destacado um
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Deve ser recolhida uma amostra do betão fresco (Fig. 80) representativa obtida a meio da
descarga da auto-betoneira. Esta amostra servirá para a realização do ensaio de
trabalhabilidade e para a preparação de provetes.
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no caso de os resultados dos ensaios de um dado volume não serem satisfatórios, a parte
da obra será demolida, excepto se, por acordo entre o construtor e o dono da obra, forem
tomadas medidas adicionais que possibilitem o aproveitamento dessa parte da construção;
estas medidas só poderão ser aprovadas desde que seja demonstrado que fica respeitada a
segurança, de acordo com as disposições regulamentares em vigor.
A consistência só poderá ser observada quando o betão começar a ser descarregado dado a
dificuldade em a verificar no interior do camião agitador. A adição de água no betão, após
este ser fabricado, de forma a aumentar a sua trabalhabilidade ou a restabelecê-la, em face das
eventuais perdas verificadas durante o transporte, não é permitida. O controlo de água de
amassadura é essencial para se obterem os resultados previstos em todas as construções em
betão. Um excesso de água é um perigo já reconhecido por muitos técnicos. Os prejuízos
provocados por um excesso de água só são verificados tardiamente e as reparações
correspondentes são normalmente muito dispendiosas. O empreiteiro nunca deve autorizar,
quando a descarga do betão na obra está demorada, que seja adicionada água na betoneira,
porquanto as características do betão ficam alteradas e as resistências finais diminuídas.
colocar o cone sobre uma superfície plana, de preferência em chapa de aço, humedecer o
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interior do cone e colocá-lo sobre uma superfície plana, horizontal e estável, também
humedecida, cuja área deve ser superior em vários centímetros à da base do cone; quando
se colocar o betão dentro do cone, manter este em posição tão firme quanto possível
utilizando as abas existentes ao nível da base maior;
encher o cone em três camadas de volume sensivelmente igual, espalhando o betão
uniformemente; encher até 1/3 da sua capacidade e compactar com o varão de
compactação com 15 mm de diâmetro, 60 cm de comprimento, de extremidade
arredondada; esta operação deve ser feita com 25 batimentos;
encher até 2/3, e totalmente, procedendo de cada vez do mesmo modo; cada camada deve
ser compactada 25 vezes e de forma que o varão não atinja as camadas inferiores;
depois de completar a terceira camada, eliminar o excesso de betão por meio de uma
régua de forma que o molde fique completamente cheio (Fig. 81, à esquerda);
levantar o molde com cuidado, em direcção vertical, utilizando as duas pegas (Fig. 81, ao
centro) e colocar o molde ao lado do provete;
medir o abaixamento colocando uma régua em cima do molde e passando pelo eixo do
provete (Fig. 81, à direita); o abaixamento é dado pelo valor resultante da medição
efectuada, expresso em cm, e corresponde à diferença entre a altura do molde (30 cm) e a
altura do provete depois de retirado o molde.
Se, na entrega, a consistência do betão não estiver conforme o especificado, o betão deverá
ser rejeitado. Contudo, se a consistência for inferior ao especificado e o betão estiver ainda no
camião betoneira, essa propriedade poderá ser levada ao valor requerido adicionando água ou
adjuvantes desde que tal seja permitido e que o valor máximo fixado para a razão água /
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cimento não seja excedido. Se num camião betoneira se adicionar, no local da obra, mais água
do que o requerido para a consistência ou para a máxima razão água / cimento especificadas,
o responsável pela decisão de adicionar tal quantidade de água é também responsável pela
modificação da especificação e pelas consequências técnicas resultantes.
Na amostra de betão utilizada para o ensaio de trabalhabilidade, são também retirados prove-
tes para a realização posterior do ensaio de compressão. Os provetes devem ser conservados
nos moldes por um período de 16 a 24 h, em ambiente à temperatura de 20 ± 4 ºC, protegidos
com coberturas impermeáveis ou serapilheiras humedecidas, a fim de minimizar as perdas de
água e defendidos de quaisquer choques ou vibrações. Decorrido o período indicado, desmol-
dam-se os provetes com os cuidados necessários para os não danificar e introduzem-se na
câmara de condicionamento até ao momento do ensaio (Fig. 82, à esquerda e ao centro). Caso
não se disponha de tal câmara (condições correntes em estaleiro), os provetes devem ser
conservados após desmoldagem, cobertos com areia, permanentemente húmidos ou imersos
em água. Nestas condições procurar-se-á que a temperatura dos provetes se situe entre 16 e 24
ºC.
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Dada a enorme diversidade de produtos vendidos como adjuvantes para betão, é necessário
um conhecimento aprofundado do seu valor antes de decidir a sua aplicação e uma
fiscalização severa da qualidade. É necessário assegurar-se que, no estaleiro, as diferentes
remessas de adjuvante que se recebem são rigorosamente iguais àquelas com que foi feito o
estudo inicial, mais ou menos aprofundado, das suas propriedades. Não existem ainda normas
gerais para trabalhos desta natureza, mas a questão é tão importante que estão em curso várias
tentativas para normalizar o estudo e controle de adjuvantes no estaleiro. Em primeiro lugar, a
norma exige que o fabricante indique:
No que diz respeito à recepção dos varões de aço, o fornecedor deverá apresentar a
certificação do material contendo toda a informação necessária para a sua identificação e
outra que se julgue relevante. A certificação garante que o aço das armaduras está em
princípio conforme com a regulamentação em vigor. Na recepção, haverá ainda que efectuar:
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a inspecção visual dos varões, de modo a assegurar que estão isentos de substâncias
nocivas que possam afectar o aço, o betão ou a ligação aço / betão;
a verificação da conformidade da guia de remessa com a nota de encomenda;
as armaduras devem ser desempenadas e obedecer rigorosamente aos desenhos do
projecto.
O controlo do fabrico do betão, entendido como uma das fases do controlo da produção,
inclui todas as inspecções e ensaios e a análise dos resultados dos ensaios no que respeita ao
equipamento, materiais constituintes, betão fresco e betão endurecido. Este controlo está
incluído no controlo mais lato da execução da construção ou de um elemento da construção.
Nesse controlo mais lato, e no que diz respeito ao betão, deverão ser efectuadas inspecções e
ensaios antes da betonagem, bem como respeitantes ao transporte, à betonagem, à
compactação e à cura do betão.
Toda a informação relevante do controlo da produção deverá ser anotada num livro de
registos. Deverão ser recolhidos os seguintes elementos:
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no caso do betão pronto deverá ainda ser anotado o nome do fornecedor e número da guia
de remessa.
Os ensaios realizados para o controlo do fabrico podem, por acordo prévio, ser considerados
para o controlo da conformidade, se este for exigido.
o betão fornecido para cada andar de um edifício, ou grupo de vigas / lajes, ou pilares /
paredes de um andar de um edifício, ou partes comparáveis de outras estruturas;
sempre inferior a 450 m³, ou à produção de uma semana de betonagem, tomando-se o
menor destes valores.
No caso de o betão ser fabricado no local, para cada lote deverão colher-se, pelo menos, 6
amostras. Quando se pretender julgar betões de classes de resistência não superiores a C20/25
e de pequenos lotes até 150 m³, poderão tomar-se 3 amostras colhidas separadamente. Para
este último caso, e se o fabricante demonstrar ter um sistema da qualidade satisfazendo às
exigências da ENV 206, bastará uma declaração de conformidade do fabricante.
Para o betão pronto, a conformidade poderá ser baseada na amostragem por lotes tal como no
betão produzido no local, ou poderá ser baseada numa certificação do betão, não sendo neste
caso necessária amostragem ou ensaios de conformidade, desde que se cumpra o estipulado
na ENV 206 quanto à conformidade do betão verificada por um organismo de certificação.
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A amostragem deverá ser feita à saída do camião de transporte, devendo colocar-se um rece-
ptáculo aparando a corrente de descarga, ou dirigi-la para o recipiente em, pelo menos, três
intervalos de tempo regulares durante a descarga. Se a amostragem se fizer no depósito de be-
tão, dever-se-ão colher as amostras representativas da amassadura em pontos distintos do de-
pósito. As porções assim obtidas deverão ser misturadas, homogeneizando-se conveniente-
mente, e deverão perfazer um volume igual a, pelo menos, uma vez e meia o necessário para a
determinação da tensão de rotura e para a realização dos ensaios de trabalhabilidade e de
massa volúmica.
número do provete;
data de fabrico;
modo de conservação;
data do ensaio;
classe do betão;
consistência do betão;
local de onde foi retirado o betão;
resistência obtida no ensaio;
média das resistências dos cubos que formam o conjunto do ensaio;
peso do provete.
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Os provetes deverão dar entrada no laboratório acreditado com a antecedência necessária para
que os ensaios se realizem nas datas previstas, acompanhados de ofícios-guia, nos quais o
fabricante solicitará, por escrito, os ensaios requeridos com as indicações de fabrico e as datas
de ensaio previstas.
Para verificar a conformidade da consistência do betão, deverá ser feita uma inspecção visual
de cada amassadura ou carregamento, ou no caso de betão pronto, de cada entrega. Se o betão
tiver uma aparência normal para a consistência especificada, poder-se-á considerar conforme.
Deverão ser efectuados ensaios para determinar a consistência do betão quando se colherem
amostras para ensaios do betão endurecido, quando se determinar o teor de ar, ou ainda, em
caso de dúvida, após a inspecção visual.
Como os resultados dos ensaios são muitas vezes obtidos passados cerca de um mês após o
início da betonagem, torna-se demasiado tarde para decisões de não-aceitação do betão, as
quais deverão ser efectivadas nos casos de não conformidade com o especificado. Para isso,
poder-se-á recorrer a ensaios de resistência à compressão a idades iniciais, geralmente aos 3
ou 7 dias e estimar a respectiva tensão de resistência aos 28 dias, utilizando para isso a curva
de crescimento da resistência.
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13. NORMALIZAÇÃO
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Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção: métodos de ensaio (NP EN 480);
adjuvantes para betão: definições e exigências (NP EN 934);
características e verificação da conformidade (LNEC E 374);
caracterização e verificação da conformidade (LNEC E 372).
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Amostras constituída por cubos, incluindo a medição da consistência, cura dos provetes e
ensaio de compressão (NP 1383; LNEC E 226);
amostragem constituída por prismas, incluindo a medição da consistência, cura dos
provetes e ensaio de flexão (NP 1383; LNEC E 227);
amostragem constituída por prismas, incluindo a medição da consistência, cura dos
provetes e ensaios de flexão e compressão, incluindo corte e rectificação das faces de
compressão (NP 1383; LNEC E 226; LNEC E 227).
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extracção, corte e rectificação das faces e ensaio de compressão axial de um tarolo (NP
1383, LNEC E-226 e ACI-318R/89);
determinação da resistência mecânica: processo esclerométrico (ISO/DIS 8045);
medição da velocidade de propagação dos ultra-sons (ISO/DIS 8047);
medição do recobrimento e detecção de armaduras;
força de arranque (Pull-out) (EN 12399);
deformação axial e extensão diametral durante o ensaio de compressão (ASTM C-469);
detecção de cloretos e alcalinos (prEN 104-81);
determinação da resistência à penetração de cloretos: Método da célula de difusão (LNEC
E 338);
determinação da resistência à penetração de cloretos: Ensaio de imersão (LNEC E 390);
determinação da resistência à carbonatação (LNEC E 391);
determinação da absorção de água por capilaridade (LNEC E 393);
determinação da resistência à abrasão (LNEC E 396).
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13.1.6.6. Diversos
13.2.1. Introdução
Este último documento foi objecto de um seminário 4, organizado pelo Grupo Português de
Betão Estrutural no Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Esta norma vem colmatar uma
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falha importante na fase da execução, a qual até aqui não acompanhava o esforço normativo
normalmente associado à fase de projecto. Pelo interesse de que se reveste no que se refere à
execução de estruturas de betão armado, é objecto de uma análise comentada das suas
cláusulas principais. Refira-se ainda que, para além deste, dois outros documentos normativos
deverão ser elaborados para se poder concluir um acordo sobre um contracto de execução de
uma construção:
A conformidade dos produtos com estas normas harmonizadas implica a satisfação pelas
obras das seguintes exigências essenciais 4: resistência mecânica e estabilidade; segurança
em caso de incêndio; higiene, saúde e ambiente; segurança na utilização; protecção contra o
ruído e economia de energia e isolamento térmico.
existe uma gestão de estaleiro que organize os trabalhos no local da construção e garanta a
utilização correcta e segura de todos os equipamentos, a qualidade satisfatória dos
materiais, a execução da estrutura conforme o projecto e a sua utilização segura até ao
acto da entrega;
o trabalho em obra é levado a cabo com o conhecimento necessário (regras geralmente
aceites sobre como fazer bem) e o equipamento e meios adequados para cumprir as
especificações de projecto (o qual, por sua vez, deve estar de acordo com as outras normas
acima referidas);
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O âmbito da norma é definido como a execução de estruturas de betão, tanto provisórias como
definitivas, tanto pré-fabricadas como betonadas in-situ, mas não se aplica a trabalhos
auxiliares de menor importância, nem à especificação, produção e conformidade do betão
fresco (ENV 206-1), assim como a estruturas especiais geotécnicas, a aspectos relacionados
com a saúde, a segurança, o controlo de qualidade ou a qualificação da mão-de-obra ou ainda
a aspectos administrativos e legais.
No que se refere aos aspectos gerais relativos às armaduras ordinárias (capítulo 6), a norma dá
indicações sobre os seguintes aspectos: materiais, dobragem, corte, transporte e
armazenamento das armaduras, soldadura, emendas e montagem e colocação das armaduras.
Estas indicações de carácter geral não apresentam grandes novidades em relação à boa prática
corrente, servindo no entanto para definir claramente aquilo que se considera ser uma correcta
execução (por exemplo, é referida a atenção deve ser tomada na colocação de reforços nas
aberturas de pequenas dimensões que não são consideradas no projecto de estabilidade).
13.2.3.1.1. Materiais
Qualquer produto deve ser claramente identificado. A superfície das armaduras deve estar
limpa de ferrugem não aderente e de outras substâncias que possam afectar o aço, o betão ou a
ligação entre ambos.
A dobragem deve ser feita a uma velocidade uniforme. A dobragem dos varões abaixo de
temperaturas de -5ºC é permitida desde que tomados cuidados. Regra geral, a dobragem
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O diâmetro de dobragem de varões deve ser o apropriado para o tipo de armadura, cumprindo
os mínimos na norma, ou de acordo com o caderno de encargos da obra.
O desempenamento dos varões torcidos deve ser feito de acordo com o estipulado na norma.
As permissões deverão ser especificadas no projecto ou no caderno de encargos. As
armaduras em espiral só deverão ser recepcionadas em obra se existir equipamento
apropriado e disponível e os procedimentos de desempenamento estejam aprovados.
13.2.2.1.3. Soldadura
13.2.2.1.4. Juntas
A armadura deve ser colocada de acordo com a especificação do projecto e de acordo com as
tolerâncias da norma. A montagem das armaduras pode ser executada com varão atado ou por
soldadura pontual. O recobrimento especificado deve ser garantido através da utilização de
cadeiras e espaçadores. Só são permitidos espaçadores de aço em ambiente seco. Em áreas
muito densas de armaduras, o espaçamento efectivo dos varões de armadura deverá ser
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documentado e deverão ser tomadas medidas para assegurar que o betão é compactado
devidamente.
No que se refere aos aspectos gerais relativos à betonagem (capítulo 8), a norma dá
indicações sobre os seguintes aspectos: especificação do betão, entrega, recepção e transporte
no local do betão fresco; operações prévias à betonagem; colocação e compactação; cura e
protecção; operações após betonagem; métodos especiais de execução e betonagem de
estruturas compósitas.
Todas as propriedades exigidas para o betão devem ser identificadas. A especificação das
propriedades do betão fresco e endurecido deve ter em atenção o método de execução dos
trabalhos (colocação, compactação, descofragem e cura). O betão deve ser especificado e
produzido de acordo com a EN 206.
Na entrega, recepção e transporte no local do betão fresco, este deve ser inspeccionado no
local de colocação, a segregação, exsudação ou perda de pasta devem ser minimizadas e, se
requerido, as amostras para os ensaios de identidade devem ser colhidas no local de colocação
ou, no caso do betão pronto, no local de descarga. As regras são de carácter geral. São
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O betão jovem deve ser curado e protegido para minimizar a retracção plástica, garantir
adequada resistência superficial e durabilidade da zona superficial. Os métodos de cura
devem conduzir a baixas velocidades de evaporação ou manter as superfícies sempre
húmidas. Se necessário, a cura deve começar logo após a colocação, podendo aplicar cura
temporária antes dos acabamentos. Os compostos de cura não são permitidos em juntas de
construção, em superfícies a tratar ou de colagem de materiais. A temperatura da superfície
do betão não deve cair abaixo de 0 ºC antes de o betão atingir certa resistência (> 5 MPa). A
temperatura máxima no interior do betão não deve em princípio exceder 65 ºC. A duração da
cura deve ser função do desenvolvimento das propriedades da zona superficial do betão: para
as classes de exposição onde não há risco de corrosão, período mínimo de cura de 12 horas;
para as outras classes, o betão deve ser curado até atingir na superfície 50% da tensão
característica.
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A execução de betões especiais, tais como betão leve, betão de alta resistência, betão pesado,
betão submerso, etc., deve seguir as condições do caderno de encargos, procedimentos
reconhecidos ou métodos comprovados.
Nesta norma, as verificações a realizar encontram-se melhor estruturadas através dos planos
de inspecção. São definidas três classes de inspecção (1, 2 e 3), por ordem crescente de
exigência ao nível dos aspectos a verificar ao longo da construção e das propriedades a impor
aos produtos e materiais. Esta classe deve ser definida nas especificações de projecto.
Referem-se, de seguida e somente, as imposições relativas às armaduras e ao betão.
Assim, no que se refere aos requisitos impostos à inspecção dos materiais e produtos, para as
classes 1, 2 e 3:
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Quanto aos aspectos a inspeccionar após a betonagem, eles incluem a verificação das juntas
de construção para assegurar que as armaduras de ligação estão correctamente localizadas.
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[6] SECIL, “Betão Branco e Inertes para Betão”.
[7] “Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado”, Colecção
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[8] “Execução de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado”, Curso de Promoção
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[9] Vieira, Manuel, “Betões de Elevado”, Comunicações do Encontro de Materiais de
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[10] Trincão, Carlos, “A Cor na Construção - A alternativa em Betão”, Revista Betão, Ano
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[11] Coutinho, A. De Sousa, “O Controle da Fabricação do Betão e a Medição da Sua
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[12] “Betões de Elevado Desempenho - Novos Compósitos”, 1ªs Jornadas de Estruturas de
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[13] ENV 1992, “Eurocode 2 - “Design of Concrete Structures: Part 1 - General Rules for
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[15] Brito, Jorge de; Paulo, Pedro, “Cofragens Tradicionais”, IST, Lisboa, 2001.
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2001.
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