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A MANSÃO GREYVIS

Martim R. Clives
CAPÍTULO 1

Por um minuto sua visão ficou turva e embaçada. Seus pensamentos


vagueavam em um turbilhão de imagens desordenadas. Sua respiração fluía de maneira
agitada e seu coração batia com tanto estrépito que ela podia jurar que estava prestes a
morrer. Era desta maneira que Jana se sentiu após perceber que estava em lugar
desconhecido. Todo o ambiente cheirava a mobília nova e perfume de criança, um lustre de
cristal iluminava todo o recinto, enquanto uma grande vitrola tocava clássicos em inglês. Os
olhos de Jana finalmente se abriram por completo e ela pode ver a onde estava. Olhou para
seu lado esquerdo e vislumbrou a grande vitrola toda feita de ouro, quando virou seu rosto
para a direita ela pode ver suas amigas todas de joelho, desacordada e com as mãos
amarradas nas costas.
Fazendo um movimento voluntario para tentar ajudar suas amigas, Jana logo
percebeu que também estava com as mãos firmes em cordas. Ela logo buscou forças para
tentar livrar-se das cordas enquanto olhava para todos os lados estranhado o lugar, porém,
se surpreendendo com os moveis dos mais variados e elegantes. Um som emitido por
saxofone logo encheu a sala com uma canção melodiosa e edificadora, as janelas enormes
que estavam escondidas por detrás de longas e brilhosas cortinas, logo revelaram um dia
ensolarado.
O som de passos firmes podia ser ouvido junto ao som do saxofone. Jana temia que o
pior estivesse por vim, não parecia ser mais obvio que era o homem ou mulher que traria
seu fim e de suas amigas. A vitrola sustou os clássicos, permitindo que o saxofone tomasse
conta da sonorização do lugar, as portas rangeram ao mesmo tempo em que um trovão foi
escutado e o som do saxofone parou. O suor frio de Jana escorreu por sua testa a ter salgar
sua boca, ela foi tomada por um medo sem igual envolvida por uma curiosidade sem
tamanho. Temia olhar para trás achando que seria a ultima coisa que faria.
- Não tenha medo! – disse uma voz firme e bem masculina – eu não sou um homem
mal, nem um louco. Só sou um simples orientador.
Jana ainda temia olhar para trás mesmo após o aviso. Mantendo uma postura ereta e
séria, manteve-se fixa. O homem se aproximou das grandes janelas. Jana de canto de olho
virou-se lentamente para espiar. Uma silhueta de estatura mediana tomava conta de um
terno bem passado e com uma cor de vinho. Em sua mente, tentou ao máximo desenhar o
rosto do homem elegante que de costa estava, parecia que ele apenas apreciava o jardim e
nada mais.
O silencio permaneceu... Jana temia dizer algo e o pior acontecesse. Finalmente,
acompanhado de um leve suspiro, o homem quebrou a quietação:
- Você é uma moça muito bonita. Assim como as suas amigas. Não me admiro nada
de vocês estarem aqui.
Naquele momento, Jana estranhou o jeito com que homem referiu-se a ela e a suas
amigas. Pensou que ele poderia ser um estuprador ou um psicopata que abusaria delas sem
ao menos pensar duas vezes. Mesmo Jana tendo sido avisada pelo próprio homem; que não
deveria ter medo e de que ele não era um louco, ela desconfiou.
- Eu sei como você se sente... Aquela sensação de insegurança, desconfiança,
impotência, medo, raiva... Eu lhe entendo... Meu pai sempre dizia que um homem tem cinco
segredos. Segredos simples, porém, com efeitos devastadores. Ele amava a historia e os
segredos que a acompanhava. Ele dizia que tudo podia ser resolvido com um simples dialogo
e uma xícara de café. “Pois os segredos do universo não estão contidos em milhares de
paginas amareladas, e sim, no quanto acreditamos que ele existe”.
Algo diferente despertou no coração de Jana, ate aquele momento, sua mente
desenhava inúmeros rostos e expressões para assegurar de que estava na presença de um
insano. Mas, a ouvir a as palavras sábias do eloqüente senhor, sua alma resfriara, e uma
calmaria estancou seu suor frio.
- Não vai dizer nada? – perguntou o homem ainda de costa – a maioria das pessoas
acaba falando algo antes mesmo de mim.
Jana catou uma porção mínima de coragem e perguntou:
- Quem é você? E por que eu estou aqui junto com elas?
- Quem sou, ou o porquê de vocês estarem aqui, é o menor dos problemas...
- E qual seria o maior problema?
- Incredulidade... Orgulho... Vaidade... Vícios... Interesse... Negação... Essas coisas...
Elas são o problema.
- E o que essas coisas têm a ver comigo? Ou com elas?
- Tudo...
- Não, não é... Me diga o que você realmente quer?
- O que eu quero você não pode me dar. É algo arrebatador, alegre, único,
deslumbrante, a melhor visão que qualquer homem já mais sonhou ou irar sonhar. Você
pode me dar isso? Pode me dar o que apenas um ser majestoso pode proporcionar?
Talvez ele seja um homem bem bonito com barba bem aparada e um queixo de galã
de cinema – pensou Jana após desenhar o rosto do homem mais de mil vezes. Em sua mera
análise o homem só poderia ser alguém com tais características, pois, quem poderia falar tão
bonito e ter um rosto tão feio?
- Eu posso ver seu rosto? – perguntou Jana tomada pela curiosidade.
- Uma garota esperta não pediria isso. Normalmente ela pediria para ir embora ou
simplesmente clamaria para que suas amigas não saíssem machucada dessa situação.
- Eu sei. Mais eu quero ver você de frente
- Acho que você vai se decepcionar.
- Não me importo – disse Jana com o coração ansiando para ver o rosto do misterioso
homem – eu só quero vê-lo.
- Como queira...
O homem bem devagar se virou... E para surpresa de Jana o menos provável foi o
escolhido. Ao perceber que não era o homem que falava, Sua boca ficou entreaberta.
Naquele momento, ela se lembrou da pergunta do homem que nem era um homem: ” Pode
me dar o que apenas um ser majestoso pode proporcionar?”
CAPÍTULO 2

Um gato? Um gato de pelo cinza com algumas listras iguais aos do tigre e
olhos verdes claríssimos. Jana não podia acreditar que todo esse tempo estava falando com
um gato. Um gato com voz de homem? Como pode ser? Quer dizer, não pode ser, não é
possível... – pensou Jana ainda tentando acreditar em seus olhos.
Em suas meras palavras ela só pode dizer uma única coisa:
- Não...
- Não o que? – perguntou o gato com voz de homem.
- Não, eu não posso lidar o que somente um ser majestoso pode proporcionar –
Respondeu Jana com rosto ainda em espanto.
O homem que segurava o belo gato de pelo escovado, se dirigiu ate uma poltrona que
estava à frente de Jana e suas amigas. O rosto do homem era uma leve mistura de juventude
com velha guarda. Ele não parecia com nem um dos rostos que Jana avia desenhado. Mas
naquele momento, Jana manteve seus olhos fixos no único ser que realmente chamava
atenção. O homem se ajeitou na poltrona.
- E então o que acha do seu galã de cinema? – perguntou o gato fintando Jana.
- O que? – Jana quase não ouvira o que ele perguntará, pois, estava tão concentrada
na estética que só pode ver sua boca mexer.
- Eu disse que você já pode fechar a boca.
Jana rapidamente fechou sua boca e levemente mordeu os lábios.
- Então. Este é você, um gato? – perguntou Jana querendo ouvir quais novas palavras
sairiam da boca do gato, pois, nunca tinha ouvido um animal falar. Agora ela estava na
presença de um ser único e não perderia uma si quer palavra.
- É o que parece. Você achou estranho?
- Não! Que dizer sim. Não é todo dia que você conhece um gato que fala.
- Você tem em sua casa algum gato?
- Não nem um. Mas eu tenho certeza que nem um deles fala.
O gato esboçou um leve sorriso. Aquele tipo de sorriso que um avô dá quando o neto
faz uma pergunta boba. Jana não sentia mais medo algum. Ao conhecer o individuo que
estava por trás de todo aquele drama, seu coração se encheu de tranqüilidade.
- Você é uma moça bem interessante. Acho que a mais carismática que já passou por
aqui.
- Hãm... Obrigado. IEEE... Você não é uma ameaça? Não é?
- Eu pareço uma ameaça?
- Não. Na verdade você ate que é um pouco fofo... Que dizer, não, você é tipo, não,
um gato doméstico incomum.
- Por que esta se enrolando nas palavras?
- Bom. Eu nunca falei com um gato. Pode ser que você não goste que te chame de
fofo ou algo parecido.
- Pode me chamar do jeito que você achar melhor.
- Hum... Que bom.
Jana estava segura, agora realmente podia dialogar mais com o gato e descobrir seus
planos. Ela ainda, bem lá no fundo sentia que não devia confiar no gato, porém, estava
disposto a dá um voto de confiança.
- Agora que estamos nos entendo. Poderia por favor, me soltar? – pediu Jana com um
sorriso no rosto.
- E quem disse que você esta amarrada... – respondeu o gato sem hesitar.
Jana olhou para trás e vil suas mãos desamarradas, não apenas as dela mais as de
suas amigas.
- Obrigado... – agradeceu Jana se levantando.
- Senti-se! – disse o gato indicando com a cabeça para que Jana olhasse para trás. Ela

olhou e vil uma poltrona que parecia ter saída do nada.

- Nossa! – disse Jana após se assustar – como isso veio parar aqui?
- Ela estava aí todo esse tempo. Você é que não percebeu.
- Não percebi mesmo. É, e elas, você também não vai acordá-las?
- Sim eu vou. Mas não agora. Não se preocupe com elas, estão muito bem.
- Tem certeza? – perguntou Jana com receio.
- Tenho sim. Você não confia em mim?
- Será estranho se eu disser que não? – Jana assentou-se na poltrona confortável.
-É claro que não. Você está certa.
- Que bom.
O Gato puxou um longo suspiro e disse:
- Não quero mais perder tempo. E o tempo é a única coisa na qual eu não posso
tocar. Então eu vou adiante. Meu pai, aquele belo homem ali na parede – Jana olhou
primeiramente para grande vitrola de ouro e logo em seguida direcionou seus olhos para
um imenso quadro onde avistou um belo homem de terno, o terno parecia ser caríssimo. Ele
segurava um livro de capa de couro marrom e com algumas letras que Jana nunca tinha
visto. O cabelo do homem era castanho claro e seus olhos eram verdes, iguais aos do gato –
Era um grande historiador, filosofo poeta, literário e sábio. Em toda sua vida, tentou ao
máximo ser o mais transparente e correto, era uma pessoa agradável de ter por perto.
- E o que aconteceu com ele? – perguntou Jana rapidamente.
- Ele foi morto pelo meu tio – disse o gato mudando o tom de sua voz.
- Eu sinto muito – disse Jana tentando parecer sentimentalmente interessada.
- Ele fez de tudo para ser uma boa pessoal e foi morto pelo único homem que não
poderia dizer e nem apontar uma injuria contra ele.
- Me desculpe por perguntar só agora. Mais qual é o seu nome? – perguntou com
um pouco de vergonha por interromper.
- Jhuniu Greyveis – disse o gato com firmeza.
- Nossa! Que nome bonito, combina com você – disse Jana com animo.
- Obrigado. Foi minha mãe que me batizou assim.
- É ela sabia o que estava fazendo. Eu nunca pensaria em dar um nome desses pro
meu filho. Quer dizer, me desculpe, eu não queria mudar de assunto tão rápido assim eu
sinto muito.
- Não precisa pedir desculpa, está tudo bem, fique calma. Como eu disse você é a
pessoal mais carismática que já pisou nesta mansão e eu não vou ficar com raiva de uma
pessoa tão legal como você.
- Obrigado. E não se preocupe eu não vou mais interromper – naquele momento o
coração de Jana estava um pouco frio e com vergonha, estava com medo de cometer o erro
de interromper o gato que até aquele momento tinha sido tão legal. Suas mãos agarrarão o
apoio da poltrona com força, ela juntou os pés e segurou a língua para não falar mais nada
que não fosse relevante.
- Acredito em você – disse o gato calmamente – Então eu parei na morte do meu pai?
- Jana apenas sinalizou com a cabeça. Estava muito envergonha para dizer sim – Ótimo.
Meu pai estava na biblioteca de Hans-lindey na Castoveá e descobriu um pequeno
manuscrito que ele acreditou ser do próprio punho de Ghalendem Instrum um historiador
famoso da antiguidade. De acordo com o manuscrito que ele datou do ano de 1784 d.s, ele
considerou que tudo o que nossas lendas narravam sobre o tempo antigo estavam certas,
pois, o documento contestava isso. Então, em uma caçada incessante ele buscou cada dia
mais e mais. Ate o dia em que ele encontrou um pequeno facho de luz em meio a uma
escuridão quase sem fim. Uma fonte confiável lhe direcionou a um dos achados
arqueológico mais cobiçado de nossa era, o livro de “Detum”, este lhe revelou onde os
segredos da antiguidade estavam. Os segredos que eram muito bem guardados por uma
sociedade secreta chamada “Sociedade Kerum”. Após isso é claro ele procurou e catalogou
todos os segredos e os guardou em seu diário. Trinta anos, trinta anos, foi o tempo que ele
levou para achar cada segredo. Quando finalmente achou todos, ele construiu esta mansão
com o dinheiro que ganhou com a sua descoberta. Ele não entregou a o livro de Detum, se é
o que você esta pensado, não, ele entregou o manuscrito de Instrum, isso foi o suficiente
para que ele ganhasse uma fortuna e muita credibilidade na academia de história. Logo em
seguida se apaixonou pela minha mãe é claro – Jana, ao ouvir esta declaração, pensou em
uma gata para ser a mãe do gato – mas ela não era um gato se é o que esta pensando – Jana
apenas sinalizou que não com a cabeça - Ele disse, que quando ouviu a noticia que a minha
mãe estava grávida ele quase caiu pra traz, não podia acreditar que aquilo estava
acontecendo, parecia que nada naquele momento ou em qualquer outro fosso mais
importante do que aquela noticia. E então eu vim ao mundo, do jeito que vocês esta
imaginando, como um humano. A vida passou, o tempo passou, as coisas passaram. E então
em um belo dia meu pai discutiu tanto com a minha mãe, que ela se foi sem ao menos se
despedir de mim. Eu só tinha oito anos, mais me lembro de cada detalhe e expressão do meu
pai, por um lado ele parecia contente, e por outro ele parecia que tinha perdido um membro
do seu corpo. Ele não disse nada a mim, não me aconselhou ou deu palavras de consolo, só
me abraçou e chorou... Os anos se passaram e a crise chegou. Muitos protestavam nas ruas
pedindo para que a guerra acabasse e os lideres olhassem para eles com um pingo de
compaixão, mas a guerra apenas piorava. Foi quando em um dia chuvoso o meu tio bateu à
porta. Ele chegou com o rosto pacifico com palavras de elogio e nobreza, disse á meu pai que
precisava da ajuda dele para se reerguer financeiramente. Meu pai disse a ele que tudo o
que ele tinha era esta mansão, alguns animais no curral e fruteiras nos fundos do casarão.
Meu tio apelou firmemente para que ele lhe entregasse sua maior riqueza. Meu pai é claro
ficou confuso, pois, ele só tinha aquilo que ele havia dito e a mim como filho. Foi quando
meu tio puxou sua arma e a apontou para meu pai, eu estava atrás da porta e me revelei no
momento em que ele fez isso. Meu pai, em uma reação quase imediata, colocou-se como
escudo entre mim e a arma de meu tio. Meu tio começou a ameaça a mim e a meu pai
dizendo que: “se meu pai não entregasse seu maior tesouro, ele nos mataria”. Eu gritei para
meu pai não entregar nada, pois, ele nos mataria de um jeito ou de outro. Meu pai berrou
bem alto: “NÃO! Você não vai... Não vai ferir meu filho”. Meu pai se dirigiu ate a estante e
pegou seu diário com todos os segredos que ele catalogou durante os trinta anos. Eu
encarava meu tio o tempo inteiro e ele nem se quer olhava para mim, apenas via se meu pai
não pegaria arma alguma. Meu pai entregou o livro na mão dele, e ele pediu que meu pai
abrisse no segredo que lhe daria muito ouro e riquezas. E meu pai de imediato disse não. Ele
apontou a arma para minha pessoa e disse: “Agora, abra a porcaria do diário no segredo que
me abençoara com ouro, ou eu vou atirar na cabeça do seu filho”. Ele tinha que escolher,
mas o que ele escolheria? Foi naquele momento em que meus olhos ficaram fixos e cheios de
lagrimas, meu pai só olhou seguramente para mim e disse: “Página 256, vá para a pagina
256. Lá estará o que você procura”. Ele se afastou um pouco de meu pai e começou a folhear
o diário, quando finalmente encontrou o “segredo de ouro” ele ordenou a meu pai que lesse
para ele, pois, o segredo estava escrito em uma língua estranha. Ele leu em uma língua que
era mais que estranha, era simplesmente palavras que nem faziam sentido, e mesmo assim
ele leu convicto. Após terminar a leitura, meu tio continuou dizendo: “E agora? Estou rico?
Abastardo? Diga?!”. E então ele respondeu calmamente: “Coloque a mão em seu bolso”. E ele
assim o fez, quando finalmente parecia que ele tinha apalpado algo, ele retirou de seu bolso
uma moeda de ouro puro, tão brilhante, tão bela, era um agrado para a vista. Os olhos do
meu tio se encheram de uma ganância sem fim, estava aparentando ter vislumbrado tudo de
bom que o ouro podia oferecer. Meu pai perguntou a ele se era somente aquilo que ele
desejava, e ele ainda desconfiado pedia provas para ter certeza de que aquela moeda não era
a única. Então meu pai o encorajou a voltar para sua casa e verificar por si próprio se tinha
funcionado o “segredo”. Ele disse que não, que queria provas concretas, sua casa era muito
longe e ele queria uma prova ali mesmo. Meu pai lhe explicou que não era daquela forma
que os segredos funcionavam, se ele não cresse de nada valeria o que ele desejou. Então,
fingindo ligeiramente, meu tio disse: “Sim, agora eu creio”. Sem motivo algum ele disparou
contra meu pai lhe atingindo no peito, ele caiu abruptamente no carpete. Logo em seguida
vil o brilho deixar seus olhos, eu me joguei sobre seu corpo e gritei sem parar, meu tio me
puxou pelo colarinho e me jogou para o outro lado. Apontando a arma para meu rosto ele
apenas disse: “Seja forte garoto, ou outro será”. Antes que ele puxasse o gatilho desviou seu
olhar para o diário de papai, vil que o diário estava aberto no carpete, ele se aproximou e vil
um segredo que muito lhe interessou. Ao ajuntar o diário ele se virou para mim com os
olhos pregados no livro e disse: ”Mahankiinagaty”. E então, eu fui transfigurado no gato que
você esta vendo. Meu tio achou que tinha vencido e que minha consciência havia
desaparecido, porém, ele não entedia o segredo que dizia: “Todo homem que transfigura
outro homem em animal, esteja consciente que aquém ele transfigurou este sim, continuará
com a consciência de homem”. Ele se aproximou de mim para caçoar da atual aparência de
gato que me enchia de fúria e raiva. Mais o que ele não sabia era que aquele pequeno
gatinho estava furioso com ele, então busquei todas as forças que aquela condição me
permitia e o ataquei com um furor desenfreado. Os olhos deles sangravam devido ao meu
ataque, ele cambaleou ate aquela janela – Ele apontou com o focinho qual era a janela – e a
atravessou sem resistência caiu no jardim e quebrou seu pescoço.
CAPÍTULO 3

Jana estava pasma com o resumido relato do pequeno e belo gato. Ele olhava com
anseio para o chão de madeira, Jana estava com pena dele e, na ponta de sua língua estava
uma resposta imediata: “Eu sinto muito”, porém antes que ela pudesse falar ele disse:
- Não diga, eu sinto muito...
Jana novamente se assustou, era como se o gato lesse seus pensamentos.
- Eu... Eu... Não consigo e, também, nunca saberei como é passar por tudo isso. Eu só
me entristeço ao saber que as pessoas passam por esse tipo de coisa.
- Você tem razão. Porém, mesmo como um gato, eu pude superar tudo isso... Depois
que eu caí em si, percebi que estava sozinho no mundo que nunca me compreenderia. Mas
permaneci forte. Depois de um tempo você se acostuma... Eu comecei a estudar todo o diário
de meu pai, a fim de descobrir todos os segredos, depois de algum tempo eu encontrei um
segredo que me ajudou a ocultar toda essa mansão, dessa forma ninguém poderia tocar no
diário e muito menos descobrir seus segredos.
Jana queria ir logo para a parte em que ele diria de maneira clara as razões
verdadeiras pelas quais ela estava ali junto com suas amigas. As explicações anteriores não
haviam penetrado fundo o suficiente para satisfazer o desejo por verdade que ardia em Jana.
Sem falar absolutamente nada, o homem que segurava o Grayvis, levantou, colocou o
gato na poltrona e se dirigiu ate um quadro imenso. Jana seguiu-o com seus olhos para ver
que surpresa sairia de lá. Ele passou alguns segundos tentando abrir uma pequena tranca
que ficava ao lado do quadro que Jana só vislumbrara naquele momento. Após abrir
delicadamente, foi revelado um cofre sem tranca, um cofre prateado e com entales na sua
frente, o homem girou a maçaneta e retirou de dentro uma pequena arca de madeira.
A arca era luminosa, banhada de um vermelho escarlate com bordas douradas. O
homem trouxe junto uma pequena mesinha bronzeada dos pés a ate a parte de cima, ele a,
pois na frente de Jana, o gato saltou de sua poltrona ate a mesinha e disse:
- Aqui está, sua chave mestre para sair deste lugar.
- Minha o quê? – perguntou Jana franzido a testa.
- Sua chave para a liberdade. Não apenas pra você, mais para todas as sua amigas
que só esperam uma oportunidade para acorda – a arca se abriu, uma nuvem de fumaça
gelada se dispersou de dentro da mesma, Jana ouviu vagamente um toque de flauta suar em
seus ouvidos e, um coro acústico de centenas de vozes que clamavam em uma melodia
tranquila e sussurrante. O homem dirigiu-se e apanhou uma das chaves brancas como a
alva
CAPÍTULO 4

Com furor, as criaturas batiam; uma delas se chocou com tanta força contra uma das
portas que davam acesso à sala que Susan sentiu o chão tremer. Ruídos e barulhos de vidro
quebrando podiam ser sentidos e escutados.
- O que está acontecendo? – perguntou Susan com espanto – não estou gostando
nada disso... Essas... Essas... Coisas vão nos matar Jana! – os olhos de Susan quase lhe
entregavam lagrimas de medo.
- É por isso que nós vamos lutar – ao dizer isso uma mão maliciosa e agia, surgiu no
teto. Com unhas enormes ela começou a desobstruir a cobertura.
- Meu Deus!!!! O que é isso! Nós vamos morrer!
Jana agarrou os ombros de Susan com firmeza.
- Olha pra mim! Você precisa manter a calma! Eu sei que isso é a maior loucura.
Mas, se a gente não lutar, nós vamos perder a cabeça! Você me entendeu?!
Susan balançou a cabeça com tanta rapidez que nem soube se respondeu com
sinceridade ou por plena pressão.
- Sim, sim, sim... Mas o que nós vamos fazer para parar essas coisas?
- Eu disse que tinha um plano, e isso não mudou. Vem!
Jana puxou Susan para perto da vitrola dourada, Susan só conseguia olhar para cima
e vislumbrar com temor a mão que tentava desesperadamente entrar.
- Temos que empurrar essa coisa pra perto da Janela – disse Jana forçando a vitrola,
ela olhou para Susan que ainda olhava para o teto e gritou – SUSAN! – uma das portas foi
atingida por alguma coisa, a colisão fez com que Susan saltasse para perto da vitrola em um
reflexo incrível.
- Por que temos que empurrar isso? Deve pesar uma tonelada...
- Não. Ela tem rodinhas viu. Só precisamos fazer uma focinha que ela vai.
- Ta legal. Mas, pra onde a gente vai levar isso...
- Nós vamos jogar ela lá pra fora, atravessando a janela.
- Por que vamos fazer isso?
- Não pergunta. Só empurra!
As garotas usaram toda a força que tinham; a adrenalina estava a mil, o coração de
ambas estava prestes a sair pela boca, e já não sentiam mais nada, porque toda a sua atenção
estava voltada para escapar daquele pesadelo.
Quando estavam perto do janelão, Jana gritou:
- EMPURRA!
A janela foi ao chão junta com a reluzente vitrola. O impacto fez com que o ouro se
esmiuçasse em milhares de pedaços brilhantes.
- E agora? – perguntou Susan apreensiva.
- Vamos pular!
- O QUÊ! Você ta louca! Que tipo de plano é esse?!
- Você tem que se lembrar do que o Greyvis disse: “Ninguém morre na minha
mansão”. Isso que dizer que se pularmos não vamos morrer.
- É, mas, podemos quebrar uma perna ou um braço, sei lá algo de ruim vai acontecer.
E você nem pensou nas meninas? E elas? Vamos deixar elas aqui?!
- Sim! Nós vamos voltar pra buscar elas, mas, não agora. Você tem que entender que
já começamos a ser testadas. E o teste é pra quem está de olhos abertos, não pra quem está de
olhos fechados. Talvez o que está tentando entrar esteja apenas atrás de nós porque estamos
acordas. Então, só somos nós que eles querem.
- E se estiver errada. Em? E se não for isso mesmo. Como vai ser?
- Somos vamos descobrir se tentarmos...
A mão maliciosa no teto mostrou sua segunda face. As portas já não mais suportando
a pressão, partiram-se; Jana correu rapidamente para pegar a pequena arca com as chaves,
agarrou, e pulou... Susan ficou e vil que as criaturas que estavam por trás de toda a confusão
eram mulheres de pele branca e cabelos curtos. Os olhos das mulheres eram hipnotizadores
e seus vestidos sublimes eram a coisa mais linda que Susan já vira. Quando a mulher que
estava tentado entrar pelo teto despencou; Susan não tinha mais opções a não ser saltar.
Quando alcançou o chão, suas pernas não se quebraram e seus ossos firmes ficaram apenas
um leve formigamento ela sentiu.

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