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INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS - CAMPUS SÃO JOÃO

EVANGELISTA
CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA FLORESTAL

IsadoraAzevedo Perpétuo
Izabella Pimenta de Queiroz
Naiara Silva Souza
Pablo Yuri Ferreira
Thamara Júlia Ferreira Almeida
Vanessa Almeida Lessa

PLANTAS MEDICINAIS

São João Evangelista


2021
INTRODUÇÃO

As Plantas medicinais estão presente em nosso cotidiano a milhares de anos de


geração a geração e de cultura a cultura. A OMS define planta medicinal como sendo "todo e
qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas
com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semissintéticos".
A evolução do conhecimento das plantas medicinais foi um processo lento. Pesquisas
arqueológicas demonstram que na pré-história, o ser humano já as conhecia, tendo como
exemplo a noz-de-bétele (Areca catechu- Arecacea) mascada desde 13000 anos, no Timor.
No Brasil sabemos que essa cultura vem dos povos indígenas que sempre tiveram a
natureza como fonte de sobrevivência. A descoberta da América favoreceu os conquistadores
o conhecimento das plantas nativas, principalmente aquelas que proporcionam aos usuários
estados alterados de consciência, as psicoativas. Colonizadores procuraram destruir praticas
indígenas de cunho religioso e político, em que plantas psicoativas tinham papel importante.
Introduziram ideias novas juntos aos costumes tribais, interferindo em suas crenças e em seus
rituais. Apesar das proibições e dos severos controles exercidos pelos portugueses, os
indígenas continuaram a exercer suas práticas religiosas voltadas a curas, empregando as
plantas nativas que passaram a ocupar espaços nos sistemas de crenças afro-brasileiros, que
aos poucos, foram se organizando no país.
Com a revolução cientifica as plantas medicinais começaram a perder sua identidade,
porém atualmente têm sido registrados variados procedimentos clínicos tradicionais utilizando
plantas medicinais. Apelos da mídia para o consumo de produtos à base de fontes naturais
aumentam a cada dia
As plantas medicinais, que têm avaliadas as suas eficiências terapêuticas e a segurança
do uso estão cientificamente aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas
necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da
compatibilidade cultural com as tradições populares. Uma vez que as plantas medicinais são
classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas livremente,
além de poderem ser cultivadas por aqueles que disponham de condições mínimas
necessárias.
É natural encontrar atualmente em diversas casas algumas mudas de plantas
medicinais onde são designadas a chás para diversos fins e isso vem passado de geração a
geração.
As plantas medicinais mais conhecidas no Brasil são:
Babosa: Tem com utilidade hidratação para o cabelo, queimadas e feridas. Recomendada ao
uso externo.
Camomila: Muito utilizada em forma de chá para ansiedade e insônia.
Guaco: Utilizada em forma de chá ou xarope, para estados gripais.
Boldo: Utilizada em forma de chá para problemas digestivos, azias e “ressaca”.
Gengibre: Chá da raiz utilizado para problemas na garganta.

Esses são alguns exemplos das plantas medicinais conhecidas, mas possuem uma
grande variedade no mundo inteiro. Entretanto, é sempre importante lembrar que embora
algumas ervas realmente ajudem a curar uma dor ou outra, a automedicação pode ser
perigosa. Por isso é importante procurar um médico para situações mais graves.

Histórico das plantas medicinais

O uso das plantas como alimento sempre existiu; os homens sempre buscaram retirar da
natureza recursos para melhorar sua qualidade de vida. As plantas sempre foram utilizadas como
alimento e, aos poucos, como matéria prima para fabricar roupas, ferramentas e outros objetos. É
provável que as observações dos aspectos peculiares das plantas, como modificações nas diversas
estações do ano, poder de regeneração e outros tenham contribuído decisivamente para o uso dessa
plantas em rituais de cura. As plantas chegaram a ser elevadas à categoria de divindade, uma vez que
seus poderes alucinógenos serviam para fazer crer que no estado de indisposição o homem se
aproximava de Deus.
Uma das mais antigas utilizações foi do tabaco, que rapidamente foi transferido a diversas
civilizações. A utilização de plantas medicinais é tão antiga quanto a civilização humana. Exemplo
disso são os registros datados de 3000 a.C. na China que indicam a utilização de diversas ervas no
cuidado à saúde, alimentação e cosmética. Na China, o imperador Sheng-Nung utilizou uma série de
plantas em seu próprio corpo, para saber o efeito que provocavam. Entre tantas destacou o uso da
raiz de ginseng, anunciando ser a mais fabulosa das ervas e que favorecia a longevidade. A história
conta que o Imperador viveu 123 anos, sempre experimentando as ervas e tomando ginseng, erva
que nós dias atuais ê muito utilizada para regeneração dos tecidos, dores de cabeça, auxilia no
tratamento de problemas circulatórios, dos rins e dos sistemas nervoso. Também na China, o
Imperador Huang Ti mencionava 252 plantas em seu “Cânone das Ervas”(2.798 a. C.). Um dos
herbários mais antigos pode ser encontrado atualmente no Egito, que catalogou 125 plantas
medicinais e 811 receitas. Destacou-se no Egito o médico Imhotep, que utilizava ervas medicinais em
suas curas. No ano de 400 a.C., Diocles escreveu o primeiro livro conhecido sobre ervas medicinais,
sistematizando os conhecimentos adquiridos até aquele momento.
Hipócrates, denominado “Pai da Medicina”, idealizou sua obra “Corpos Hipocratium”, onde,
dentre outras informações médicas, apontou para cada doença o remédio vegetal e o tratamento. Já
na era cristã, preciosa contribuição foi deixada por Pelácius, médico de Nero, que realizou estudos
sobre mais de 500 espécies de plantas medicinais. Plínio, o Velho, em sua obra “História Natural”,
escreveu sobre as plantas medicinais em oito dos trinta e sete volumes.
O fortalecimento da Igreja Católica na Idade Média determinou o esquecimento das
pesquisas já realizadas, bem como o desenvolvimento de novas pesquisas sobre as plantas
medicinais. Isso se deu porque a Igreja Católica era contrária ao desenvolvimento dos conhecimentos
científicos.
Somente no século XIII, com o surgimento das Escolas de Salerno e Montpelier, na Europa, o
assunto sobre plantas medicinais é tomado. No ano de 1484 foi impresso o primeiro livro sobre o
cultivo das planas medicinais, com base nos escritos do século IV por Dioscórides. A partir daí
diversos livros surgem na Europa contemporânea com a invenção da imprensa.
Na Alemanha, em 1542, foi elaborada uma lista com mais de 300 espécies de plantas
medicinais, sendo a primeira farmacopeia. Em 1533 foi criada a primeira cátedra de botânica na
Escola de Medicina de Pádua, contribuindo para a ascensão da fitoterapia e a difusão da publicação
de herbários.
No século XIX, o processo de produção industrial de medicamentos cresceu deixando para
traz os processos de cura por meio de ervas medicinais. Vale destacar que durante a Segunda Guerra
Mundial, com a produção de materiais bélico, a produção industrial em grande escala foi
interrompida, fato que mais uma vez favoreceu o uso de ervas.
No Brasil o uso das ervas medicinais era prática utilizada pelos índios que aqui viviam nos
rituais praticados pelos “pajés”. O conhecimento dos poderes de diversas ervas eram adquiridos e
repassados de geração em geração. Com a chegada dos colonizadores europeus, esse conhecimento
também foi repassado a esses, que exploraram as diversas regiões do país. Na verdade, o
conhecimento aqui encontrado foi somado ao conhecimento trazido pelos europeus, incentivando
ainda mais os estudos e a utilização das ervas.
A sistematização do conhecimento a respeito das plantas medicinais brasileiras foi obtida em
diversos trabalhos, dentre os quais podemos destacar: “Matéria Médica Brasileira” de Manuel Freire
Allemão de Cysneiros (1862 a 1864); “Elementos de Botânica Geral e Médica” de Joaquim Monteiro
Caminhoá (1877); “Formulário Official e Magistral” de José Ricardo Pires de Almeida que reuniu a
contribuição de vários especialistas, publicando 4 volumes (1877); “ Dicionário das Plantas Úteis do
Brasil e das Exóticas Cultivadas”, coleção com 6 volumes, de caráter nacional (1926 a 1975) e
“Farmacopéia Brasileira”, publicada em 1929 por Rodolpho Albino Dias da Silva.
Atualmente, no Brasil e no mundo, as novas tendências globais de uma preocupação com a
biodiversidade e as ideias de desenvolvimento sustentável trouxeram novos ares ao estudo das
plantas medicinais, que acabaram despertando novamente um interesse geral na fitoterapia.

DESENVOLVIMENTO

O uso das plantas medicinais

As plantas medicinais são usadas há muito tempo por nossos antepassados e são


conhecidas por terem um papel importante na cura e tratamento de algumas doenças. Em
algumas comunidades, essas plantas simbolizam a única forma de tratamento de determinadas
patologias. Estima-se que aproximadamente 80% da população do planeta já tenha feito
uso de algum vegetal para aliviar sintomas de alguma doença.
As substâncias encontradas nas plantas que permitem a cura ou tratamento de doenças
variam de espécie para espécie e normalmente estão relacionadas com a defesa da planta e
com a atração de polinizadores. Essas substâncias, quando possuem ação farmacológica, dão à
planta a classificação de medicinal.
Dentre as principais substâncias encontradas com ação farmacológica em plantas,
podemos destacar os alcaloides, mucilagens, flavonoides, taninos e óleos essenciais.
Os alcaloides atuam no sistema nervoso central e podem funcionar como calmantes,
anestésicos e analgésicos. As mucilagens possuem poder cicatrizante, laxativo, expectorante,
entre outras funções. Já os flavonoides estão relacionados com a função de anti-inflamatório,
anti-hepatotóxico, entre outras. Os taninos destacam-se pela sua ação adstringente e
antimicrobiana. Os óleos essenciais, por sua vez, têm poder bactericida, cicatrizante,
analgésico, relaxante, entre outros.
As plantas medicinais normalmente são utilizadas após a indicação de amigos e
familiares, uma vez que poucos médicos indicam o uso desses produtos. Elas podem ser
usadas frescas, logo após a coleta, ou então secas, dependendo da espécie e de como ela deve
ser preparada. O modo de preparo também varia com a espécie e deve ser avaliado
cuidadosamente. Em alguns casos, por exemplo, utilizar a planta como chá pode fazer com
que os efeitos dela percam-se. O uso das plantas medicinais é grande, principalmente em
virtude do custo, que é menor que o dos medicamentos encontrados nas farmácias. Além
disso, muitas pessoas utilizam essas plantas com a falsa ideia de que elas apresentam risco
menor quando comparadas aos medicamentos. Esse é um problema extremamente grave,
pois algumas plantas utilizadas tradicionalmente nunca foram alvo de estudos toxicológicos e,
mesmo assim, continuam sendo utilizadas. Além dessa errônea ideia, há ainda a noção de que
seu uso não apresenta riscos porque elas são utilizadas há centenas de anos e por várias
pessoas sem causar nenhum dano.
Hoje em dia encontramos estudos, apesar de não ser a quantidade ideal, que procuram
comprovar a eficácia de determinadas plantas medicinais. O objetivo principal desses
trabalhos é caracterizar os princípios ativos da planta através da fitoquímica e avaliar a ação
dela no organismo para a criação de produtos fitoterápicos. Além disso, esses estudos
tentam avaliar a quantidade segura de consumo de uma determinada planta.
O uso indiscriminado de plantas medicinais pode trazer sérios riscos à saúde, sendo
assim, evite o uso de plantas que você não conhece bem e que não sejam alvo de estudos. Para
saber mais sobre os riscos das plantas medicinais.

Medicamentos x fármacos

Como o uso de plantas medicinais tem se popularizado, sendo comum sua utilização
como complemento aos tratamentos convencionais, a falta de conhecimento sobre interações
entre fármacos e plantas medicinais põem em risco a saúde dos usuários. Neste artigo é
apresentada uma revisão de literatura sobre interações farmacocinéticas entre fármacos e
plantas medicinais utilizadas no Brasil.
No Brasil é constante o uso de plantas medicinais como forma de tratamento de
inúmeras doenças e distúrbios orgânicos 1-2. Nos últimos anos esta prática tem crescido, tanto
por pessoas saudáveis que procuram prevenir algumas doenças e melhorar seu bem-estar
físico ou psíquico, como por pacientes que necessitam melhorar e manter a saúde 3. Além
disso, muitos destes pacientes fazem uso de plantas medicinais como complemento ao
tratamento com medicamentos sintéticos e, muitas vezes, não relatam este uso ao médico 4. O
uso de plantas medicinais geralmente está baseado nas propriedades terapêuticas
popularmente conhecidas destas plantas 5-6. Associado ao fácil acesso, a crença de que
plantas medicinais são mais seguras que fármacos sintéticos e menos onerosas, o consumo
indiscriminado dessas plantas como panacéia é comum 4,7. O risco do uso indiscriminado
está relacionado à falta de conhecimento prévio da real atividade terapêutica destas plantas e
das possíveis interações com fármacos que podem, muitas vezes, interferir no tratamento com
medicamentos tradicionais 3. Apesar dos avanços tecnológicos e do aumento das
investigações químicas e farmacológicas das plantas ditas medicinais, muitas ainda não tem
seus constituintes ativos elucidados estruturalmente nem tampouco seus efeitos.
farmacológicos, toxicológicos e possíveis interações pesquisados 8.
As interações entre fármacos e plantas podem causar alterações farmacológicas ou
toxicológicas do fármaco, podendo ser classificadas em dois grupos: interações
farmacodinâmicas, que levam à ampliação ou redução do efeito esperado do fármaco devido
ao sinergismo ou antagonismo, respectivamente; e interações farmacocinéticas, que produzem
alterações nos parâmetros que descrevem os processos de absorção e disposição do fármaco
no organismo, gerando perfis de concentração plasmáticos do fármaco alterados que podem
resultar em efeitos farmacológicos ampliados ou reduzidos 2. As interações farmacocinéticas
planta-fármaco podem ocorrer nos processos de absorção, distribuição, metabolismo e
excreção. Interações no processo de absorção podem causar a redução ou aumento da
quantidade de fármaco absorvido, ou da velocidade de absorção, resultando na diminuição ou
aumento da intensidade do efeito farmacológico obtido. Os compostos fitoquímicos também
podem interagir com transportadores de proteínas ATP dependentes como a glicoproteína-P
intestinal e outras proteínas que facilitam o efluxo do fármaco, alterando sua
biodisponibilidade.
No entanto, a interação entre planta e fármaco de ocorrência mais comum relatada na
literatura consiste na alteração da metabolização do fármaco, devido a compostos da planta
que causam indução ou inibição das enzimas responsáveis pelo metabolismo oxidativo
pertencentes ao citrocromo P450 (CYP), principal sistema utilizado para eliminação de
fármacos do organismo 6,9. Como resultado, pode-se observar a exacerbação dos efeitos
farmacológicos do fármaco e o surgimento de efeitos adversos normalmente não manifestados
quando o fármaco é administrado isoladamente, caracterizando uma interação metabólica
3,10. A maioria dos trabalhos de interação entre fármacos e plantas relatados na literatura
descreve interações farmacodinâmicas ou de mecanismo não elucidado. As interações
farmacocinéticas, no entanto, são de mais fácil manejo, uma vez conhecido o processo
envolvido. Em muitos casos, a alteração da posologia do fármaco em questão durante o
período de utilização concomitante da planta pode reconduzir os níveis plasmáticos do
fármaco para a janela terapêutica, sem maiores danos ao paciente. Entre as plantas que
apresentam interações farmacocinéticas com fármacos, a mais citada é o Hypericum
perforatum 8,11-12, seguido de outras espécies menos investigadas. Considerando que o uso
de plantas medicinais é muito difundido no Brasil, este trabalho objetiva revisar a literatura
sobre as interações farmacocinéticas entre fármacos e três plantas medicais relacionadas entre
as dez mais registradas no país segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA - Ministério da Sáude, Brasil): Hypericum perforatum, Gingko biloba e Panax
ginseng 13. Interações farmacocinéticas de fármacos com algumas classes de compostos
ativos encontrados em outras plantas difundidas no país também foram relatadas.
Exemplo: INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS ENTRE PLANTAS
MEDICINAIS E FÁRMACOS 1. Hypericum perforatum Hypericum perforatum L.,
conhecido popularmente como Erva-de-São-João, é amplamente usado na medicina como
antidepressivo moderado 3,7. No Brasil, esta planta é utilizada como medicamento
fitoterápico e está disponível individualmente ou em combinação, em formas farmacêuticas
sólidas como comprimidos ou cápsulas, com doses de 300 a 600 mg de extrato por unidade
14. A composição química da planta inclui naftodiantronas (hipericina e pseudo-hipericina),
fla- 569 acta farmacéutica bonaerense - vol. 23 n° 4 - año 2004 vonóides (rutina, hiperosídeo,
isoquercitrina e quercitina), floroglucinóis (hiperforina e adiperforina) e biflavonóides
(biapigenina e amentoflavona) 15. A hiperforina, a hipericina, a quercetina e a biapigenina
são identificadas como os principais constituintes responsáveis pelo efeito de indução
enzimática relatada para a planta 3. As preparações comerciais contendo o extrato são
freqüentemente padronizadas através da hipericina, na concentração de 0,1 a 0,3% 16. Devido
ao grande consumo mundial, o H. perforatum é a planta medicinal mais investigada com
respeito a interações com medicamentos. Consequentemente, apresenta o maior número de
interações farmacocinéticas com fármacos relatadas até o momento.
A planta interage com diversos fármacos tradicionais como a digoxina, a ciclosporina,
os contraceptivos orais, a teofilina, o alprazolam, os anticoagulantes, a carbamazepina e a
amitriptilina 3,6-8. Estudos demonstram que os extratos de H. perforatum apresentam efeito
sobre a glicoproteína-P intestinal de ratos, no CYP3A2 hepático e intestinal de ratos e no
CYP3A4 hepáticos de humanos 17. H. perforatum e Digoxina A digoxina é um fármaco
amplamente usado no tratamento de falência cardíaca e arritmias. Sua interação com H.
perforatum foi estudada em 25 voluntários sadios com níveis de digoxina no steady state. Um
grupo de 13 voluntários recebeu 3 comprimidos de 300 mg de extrato LI160 de H. perforatum
(extrato padronizado em 0,3% hipericina), em dose única de 900 mg/dia junto com digoxina e
outro grupo de 12 voluntários (controle) recebeu somente digoxina. A utilização concomitante
de H. perforatum não apresentou efeito significativo na biodisponibilidade do fármaco em
dose única, apresentando área sob a curva (ASC0-24) de 18,1 ± 2,9 µg·h/L para placebo e
17,7 ± 3,0 µg·h/L para o extrato. No entanto, em doses repetidas por 10 dias, a ASC0-24 da
digoxina diminuiu em 25% para o grupo tratado com extrato (12,9 ± 2,3 µg·h/L) em relação
ao grupo controle (17,2 ± 4,0 µg·h/L), sem alteração do tempo de meia-vida (t1/2),
demonstrando que o metabolismo da digoxina não foi influenciado pelo H. Perforatum 18.
O autor sugeriu como provável mecanismo de interação a indução da glicoproteína-P
intestinal. Esta hipótese foi testada por Dürr et al. 17, que investigaram os possíveis
mecanismos envolvidos na interação entre digoxina e H. perforatum em estudo pré-clínico em
ratos e clínico em 8 voluntários sadios. Em ambos protocolos, o tratamento com extrato
ocorreu por 14 dias, seguido de administração única de digoxina. No estudo clínico os autores
verificaram que houve redução de 18% na ASC do fármaco, com aumento pronunciado da
expressão intestinal da glicoproteína-P e, em menor proporção, do CYP3A4 hepático e
intestinal. No estudo pré-clínico, foi observado aumento da expressão da glicoproteína-P
intestinal e do CYP3A2. Como a digoxina não é significativamente metabolizada pelo CYP
dos hepatócitos e microssomas presentes no fígado humano, mas um bom substrato para a
glicoproteína-P 19, o provável mecanismo apresentado para explicar a redução observada na
ASC consiste na possibilidade de os flavonóides presentes na planta contribuíssem para a
ativação do sistema transportador 20. Sua indução facilitaria a saída da digoxina dos
enterócitos para o lúmem intestinal, reduzindo a biodisponibilidade do fármaco .
Com relação às espécies brasileiras nativas utilizadas como remédios populares, é
preocupante a precariedade de conhecimento científico no que se refere à sua eficácia e
segurança, bem como a inexistência de informações sobre interações farmacocinéticas e/ou
farmacodinâmicas com fármacos tradicionais. Considerando a grande diversidade da flora brasileira,
onde somente na Mata Tropical Atlântica do Estado de São Paulo foi relatado pelos habitantes o uso
de 114 espécies de plantas nativas, constituindo 290 remédios populares utilizados para 628 indicações
medicinais diferentes 52, pode-se dimensionar o risco sanitário ao qual a população está exposta. Em
conclusão, o uso de plantas da medicina popular e de fitoterápicos em associação com fármacos
tradicionais pode trazer conseqüências graves ao usuário. Como a utilização de plantas está ficando
cada vez mais difundida, a investigação farmacológica das plantas utilizados pela população, em
especial da flora nativa, continua sendo uma questão de saúde pública.

CONCLUSÃO

Assim, as plantas medicinais, estão entre nós a milhares de anos, desde os primórdios
do homem pré-histórico. E sua utilização, é resultado de séculos e séculos de saberes
empíricos, dos atributos medicinais das plantas, na medicina tradicional. Atualmente, essas
plantas são recomendadas até mesmo pelo ministério da saúde e também pela ANVISA. Tem
– se 14 anos, desde a criação do Programa de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, do
Ministério da saúde.
Contudo, é interessante o uso das plantas medicinais, como uma alternativa. A
sabedoria popular, dispõe-se de meios muito amplos e várias opções, quando o anseio é se
curar de algumas doenças, ou, pelo menos amenizar alguns sintomas com os métodos
fitoterápicos. A sabedoria popular, é sem dúvida o caminho para uma vida melhor. É a
ciência, seriando a sabedoria popular. A fitoterapia, vem sendo passada de geração em
geração, começando aqui no Brasil, com os povos indígenas. E cabe a nós, nova geração,
garantir com que estas tradições importantíssimas não se percam no tempo/espaço
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, C. M. Histórico da utilização de plantas medicinais. Brasília, 2011.

CAMARGO, M. T. L. A. As plantas medicinais e o sagrado: a etnofarmacobotânica em


uma revisão historiográfica da medicina popular no Brasil. São Paulo; ícone, 2014, 1
edição.

Ricardo Tabach, do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, Ministério da Saúde, Ciagri –


Banco de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares da USP; e livro A Flora Nacional
na Medicina Doméstica.

MARTINS, E. R. Plantas medicinais. Viçosa: UFV, 1995. 220 p.

Miller, L.G. (1998) Arch. Intern. Med. 158: 2200-11.

Fugh-Berman, A. (2000) Lancet 355: 134-8.

Ioannides, C. (2002) Xenobiotica 32: 451-78-

Abebe, W. (2002) J. Clin. Pharm. Ther. 27 :391-401.

Robbers, J. E., M.K. Speedie & V.E. Tyler (1997) “Farmacognosia e


Farmacobiotecnologia” Ed. Premier, São Paulo.

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