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(oi, não mexi em nada no texto, até porque você me pediu apenas para ler, então minhas impressões

estão lá no fim, ok? ;])

O céu cintilava junto às nuvens que lentamente eram levadas pela precipitação dos ventos; logo o cheiro da
brisa misturou-se ao insuportável odor de carne e fumaça. Em uma analise rápida pensei que eram os vizinhos
fazendo sua habitual churrascada do fim de semana, pois nada neste mundo parecia lhes impedir de pôr um som ao
ar livre juntamente com os seus amigos bêbados que nunca transpareciam terem um único dia se quer de
sobriedade. Sacudi-me, os olhos pareciam ter sido colados e as pernas mal atendiam as ordens repentinas de meu
cérebro; o cheiro de carne ficou mais forte e minhas mãos foram como que lançadas ao nariz e a boca; como
alguém não tem a mínima consideração pelas ordens de restrição? Pensei, procurando o lençol para cobrir todo o
corpo na esperança de me livrar do cheiro que a cada segundo parecia mais intenso. Tentei lembrar-se do noticiário
da noite passado onde ouvira claramente que qualquer tipo de confraternização, até mesmo uma simples conversa
no fim da tarde, estavam terminantemente proibidas sendo possível levar multa pelo o descumprimento da lei.
Quem liga para a lei? Pensei, e desta vez minhas mãos apalparam algo incomum para o quarto de um adolescente,
não havia lenços ou travesseiro, nada de edredom ou camiseta, mas a inquestionável e inesperada ponta de capim
recém-molhada.
A surpresa foi tanta que meu cérebro pareceu receber um coquetel de adrenalina; as pernas que
primariamente recusaram-se a mover-se serviram de alavanca e os olhos colados abriram-se abruptamente no
momento exato de sentirem o impacto de uma onda sufocante de fumaça que pareceu esperar o meu rosto pôr-se
sobre a altura exata para emitir seu “frescor”. Não suportei... O cheiro não era de carne animal, era cheiro de gente,
era cheiro de morte. Olhei e vi que meu quarto tinha desaparecido, meus pés fixavam-se sobre uma colina íngreme
cercada por vários altares e pedras rústicas. A minha frente, uma grande cidade quase que por completa coberta por
fumaça e cinzas. Novamente minhas mãos voltaram ao rosto, os olhos lacrimejaram e procurei me afastar o mais
rápido possível; avistei a alguns metros uma pedra que por sorte não recebia com tanta intensidade a fumaça que
saia da cidade. Ao alcançar o topo da pedra avistei um grupo de pessoas que pareciam tão abaladas que a fumaça
passava por eles sem fazer-lhes qualquer mal, nada pareci lhes extraviar o caminho.
Suas vestes pareciam trapos, ou eu estava presenciando uma passeata para qual eu não fui convidado ou eu
havia caído da cama e batido a cabeça com bastante força ao ponto de ter tanta criatividade para estar visualizando
uma típica caminhada fúnebre dos antigos gregos – se é que eles assim o faziam. Cerca de vinte homens iam à
frente enquanto algumas mulheres com seus filhos nos braços iam atrás, emitindo angústia em cada passo e uma
solidão sepulcral a cada choro e gemidos que davam. Logo atrás da multidão vinham carroças cheias de corpos, o
rosto dos que as guiavam eram sombrios e sem cor, tão pálidas que pareciam ter morrido junto aos que estavam no
seu encalço. Por um segundo pensei em descer e pedir informações, meu pareceu uma ideia inteligente até me da
conta de que possivelmente tudo aquilo não passava de um sonho no qual logo eu iria acordar, e para ser sincero eu
gostaria logo que terminasse. Mal sabia eu que tudo aquilo se estenderia por longas horas...
O vento empurrou para o leste parte da fumaça que estava na colina e dissipou uma grande quantidade que
impregnava a cidade, quando isso aconteceu consegui ver melhor a grande e gloriosa metrópole a minha frente.
Seus muros e edifícios apoiavam-se em colunas brancas como um osso; ao passo que seus telhados eram revestidos
de formas geométricas quase que perfeitas. A principio pensei está defronte a uma capital que claramente havia
sido assolada por algum grande inimigo e perdido drasticamente. Ao ter um panorama melhor, vi que não se tratava
de um ataque humano propriamente dito e sim de uma enorme crise epidêmica. O cheiro insuportável era de certeza
uma tentativa desesperada de por fim a corpos infectados; isso fez com que eu me voltasse para o grupo na estrada,
mas quando me virei eles já iam longe demais. Relutei por um segundo e refleti na melhor opção: será que seria
prudente ir até lá? Afinal se isso não passava de um sonho nada me impedia de investigar mais de perto a cidade,
porém, a parte consciente em mim gritou mais alto e é claro que mesmo assim não me contive e dei o primeiro
passo... Quando estava para da o segundo uma voz rimbombou por toda a colina fazendo com que meus pés
paralisassem de medo e curiosidade: “PARE!” ordenou a voz com um tom de autoridade.

Eu não sou uma profissional, tá? Estou bem longe de saber de qualquer coisa e eu espero ajudar de
algum jeito, mas se você discordar está tudo bem, só peço que não se ofenda, porque não é e nunca será
minha intenção magoar você.
Primeiramente, eu preciso de mais informações sobre o texto.
Você pretende elaborar um pequeno conto ou isso é um rascunho do que futuramente pode vir a ser
um livro?
Se for a primeira opção, acredito que o desenrolar da narrativa está adequada. Se for a segunda, você
tem um longo caminho pela frente e imagino que já saiba disso.
Você tem uma boa escrita. Tem um excelente vocabulário e um poder descritivo interessante. A única
coisa que lhe peço, caso queira absorver, claro, é que tome mais cuidado com o tamanho dos parágrafos. É
bem comum em livros de fantasia haver uma quantidade de informações além da conta e se você estender
demais os parágrafos o leitor pode chegar no fim e se perguntar “mas o que foi que eu li?”.
Essas são coisinhas que a gente vai aprendendo com os anos e com a prática. E óbvio que também
depende do estilo de cada autor. Pela sua escrita, você deve se inspirar bastante em clássicos e obras
tradicionais, inclusive as de ficção fantástica, então é comum que você traga essa bagagem para os seus
próprios textos, o que não é ruim, é só que dificulta um pouco a leitura e por consequência seu público pode
se tornar bem seleto e restrito.
Mas veja bem, você tem um potencial enorme e estou sendo sincera. O que você me enviou é apenas
um rascunho de duas laudas, sem qualquer lapidação e ainda assim consigo enxergar no seu texto
personalidade suficiente para torna-lo algo grande. Na minha humilde opinião, é mais importante ter uma
escrita com personalidade do que milimetricamente correta. Você se ocupou de dar pequenos detalhes como
a relação do(a) protagonista com os vizinhos, o que indiretamente remete à personalidade do(a) narrador
sem que ele(a) próprio(a) tenha a iniciativa de se descrever. Eu particularmente aprecio esse tipo de
informação que parece ser despretensiosa, mas que no fundo diz muito sobre a história.
Enfim, me parece um bom começo. Você vai ter que ter algum trabalho, lapidar algumas coisas,
reescrever se necessário, mas até mesmo a Biblia não foi escrita de uma vez só e livros são eternas
construções.
Sinto muito não poder ajudar mais, espero que minhas humildes análises te sirvam de norte. Se por
acaso não concordar com nada, não precisa de forma alguma absorver o que eu disse, e se você não gostar,
apenas ignore também e continue fazendo tudo do seu jeito e trabalhando sua escrita.
Muito sucesso!

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