Você está na página 1de 13

.,.;n1;j|3|IhIu—|-l.¢.n.u:;-.-u..;s-.. .1“;-x H. i 1- .i. l ~ ..i. -a -- -.

PAULO DE SALLES OLIVEIRA


ORGANIZADOR

Metodologia das
Ciéncias I-Iumanas

U (__
{¢:|i i ur*c.1

. .I§1.E$P
‘ El.)l'I‘(_)R./\ ll[](':l'l1l“,(1
S51’) Pzllllu, 199$
cAM11§11—I0s DE CONSTRUQAO DA PESQUISA
EM CIENCIAS HUMANAS
PAULO DE SALLES OLWEIRA

A IMPORT.51NCIA DO METODO
QUAL 0 SENTIDO que se pods emprcstar A nugéo cle métudu? Trat:-.1-se dc conceito
que cumporta multiplas acepgées. Nestes cases, sempre E bum comegar por um di-
ciunério especializado. Lalande assinala: esfurgo para atiugir urn fim, investigagfio,
estudo; caminho pclo qua] sc chega a um determinadu resultadu; prugrama que regu-
Ia antecipadamente urna seqfiéncia dc operagfies a executar, assinalando certos crros
11 evitar]. Mé_';gc10 indica,_p0r.tantp_,'_1_2st§§_C11;,_v_ia dc ace$s1;1_c, simultaueameute, rumo,
discernimeuto dc diregfio. Concluindu, com as palavras cl»:-: Marilena Chaui, “-merh0-
dos significa uma investigagiio que segue um 1111311111) nu uma 1‘11;1_[1_EjIa_.]_;1la-11cj11d;1 ¢ I ‘ T
determinada para cunhecer alguma coisa; procedimentu raciunal para 1:1 c1)nl1ecim1=:n- 'T"‘~-. .
_l'-—-
r"'

to seguinclo um pcrcurso fixadui.”


O método assinala, pqrtanto, um__];_>¢1‘_r;E:s_Q E§1';Q_ll1i_cf[1§1__-::l1[1j_e_Q_1i1§E15_P_q§5_i:y_qi_§_L% -: _ '

é sen1pr1=:, puréxpj que c1rpesquisad0r"1em cuusciéncia dc tudus 1:15 aspectus q11e e111'11l- \.

v1=::1-11 e'5'te‘§1=.-‘u 1:an1inl1ar; hf:m pm" isso cleixa cle ussumir um 1111*.-1+1.11.l'1.1. _T1'11I;11'i11. 1111511‘- 1 1-.1|.111d1:, .-\11d1'1:'*. \'11.*.1b11!.1r1u re.
.150, curre muims riscus dc 1113131 proceder :1-it1=:ri~:1s:1 1:: 1:uere11t121111:11tc- 1511111 us p1'1;‘1111S- 11f1‘11 1- .-1.-.-mp.-u .17.: f1l11$0fi.1 ‘1. 1
111.111 111111111111-:11. sob -.1 1.-u1:+1'd1.n*1 1
sas teuricas que norteialu seu pensumenm. Quer clizer, 0 1111’-1111111 115111 1'1:-pm:-211111 1.111-
Q5111 1.11: 31111111110 31-l.11111e| 31112.1
sum-5-nte um caminho qualqufi-"r EHIFE 1311111115, 111115 1.1111 c'.1111i11l111 1111;.-_111'11, 11111.1 1=i;1 1.'lc‘ |h".11:11. P11110: R155. 5.1.1., l 1'
.:-11:ess11 que permitu int¢rprfi1:ar.c0m 11 111:.;1i1':1r cut-r511-;"i:1 1: c111'|'1~1,*§111 p111;1;i1'1'i1; 111; 111112;- 1
-
¢.'.h.11.11', M.11‘1|r.11.1. l11tr1.11I'11;.I11 1
11
-1

tf1f:5 suciais prup1'1stus num da c|1:1 125111110, dc11t1'u clu pur1;]11:1;1i1-'11 ;1111*111;111|;1 |11:|11 p1~1=.1"|11i- h1":~‘1!“111'1.1 11.1 }‘1}'1_1.<11,f1'.1. U115 p11-.*-~.1.1-
-.;1'.1ti1.‘1.‘1r1 .1 .—\1'i~.~11:1.'1t1*l1's. 5.111 |‘.111
sadur. O 1;1l:1jc-to 1:111 |111*:rud11l11g;i_11 E-, e11tE11:.~, 1.1 dc E-st111'|11r 111: p11:11;il1i|i1i.11l1_::1 1.'?~:pli1*.11i1'.11=.
1 .
lu: P-1'.1.1'1l11*11:a1", l‘»“14. p. 31.1-1
1:.-1.111r~.111'1ss 111-‘ 1_';1111:51'11111_..'111 1:1.-1 1'1:11_111|1.-1 1'11 111'?-;1'1.11 1111'|,11:1' '3'

i
—- _-|-1 —-- -1- - -1- - — in——1-_'_u1___.,_ i. 1 -I‘-.___ M.
1 1. 1 11 1- r . |!.|-1--‘L '1-,..1--11-=1';.1'-."

dos difaramas 1111111111115, 5111111111111 as pa1:11|iari1ladas da cada qual, as difarangas, as


d1va1gE111:1as, ham 131111111 os aspaat11a am aomurn.
F.:1p11a11ta11 11115 c1E~111:11'1s 11111111111115 tam ra1:11nha1:ido qua as q11as113as s11s1:11adas palo
111111111111, 115111 ol1s1;11111a saj11111 a11tran111ma11ta ralavantas 11a pasquis.-11, nam sampra tém
1a1:al11do 11 ata11gf111 qua 111a1a1:a1111111 da alguns pa5q11isadoras. Curioso é notar qua asaa
d 1
tipo a dasa1a11g1-1o poasa astar, da algurna forma, vin1:11|ado 1 pratica da sa astudar
n1at11dolog1a. W11gl11 Mills constata qua:
'
1
1I
“Muitos autoras 1n511n1111aman1a comagam a1a1.:ar1do os problamas do método da
' 1
I forma acartada. Mas dapois da astudaram matodologia, alas sa tornam consciantas da
‘\-.
1
nun1arosas a1n1adill1as a outros parigos qua os asparam. O rasultado é qua pardam a
sua saguranga intarior a sfio dasviados ou tomam dacisfi-as inadaquadas.”
Dianta disso, racomanda um auidado aspacial aos pasquisadoras, o cla buscar
fundamanto nos autoras axprassivos qua samcaram o tarrano para nos a qua, fortala-
cidos por assa ampraitada, aada qual possa sar tambérn sau “pro-p110 111111111 a sau
préprio n1atod1i1logo”“. Numa parspactiva ampla, é isso qua sa déi ant ra os filésofos,
"\
corno mostra Marilana Chaui, rassalvando antratanto q ua , no sa-n11'd 0 astrito, “o1':1om
"1
__.- método é aquala qua parmita conhacar vardadairamanta 0 111:.-1101 nfunaro da aoisas
com 0 manor nfimaro da ragras”5. Mais racantamanta, a autora acrascanta qua sa é
vardadairo qua as c1§1j1_1:_1_as do l1on1am cornportam varios ramos aspacificos, da acordo
b. 1 .
com saus 0 ]€'£(JS a n1é1o1Es, assa aspacificidada 115.0 davana inibir aproximagoas an-
1'.
1"
1 ra as araas,
’ pols.
-.111-~
[...] as a1an1:1as
' humanas tandem" a aprasant-.11 résultados mais
I-
‘-

complatos a satisfatorios quando trabalham intardisciplinarmanta.. da rnodo a abra


,_

H ' T1‘
gar os multiplos aspaatos s1n1ul1fi11aos a sucassivos dos fan1I‘1n1anos as111dados.”*'
Assim, fair.-as astas considara 1; 1111 , aspara-sa qua laitoras a pasq111s-.1doras, longa da
sa apartaram d1-:1 matodologia, dala sa np1o1:1n1am l11p1d-undo 111ta<-111n.1l1'11
1 - anta 11 cons-
trugao da saus astudos, sam pardar da vista 11 idéia da 111t11l1d-.1da qua racobra as 121E11-
P1
c1asl1u111anas.
Wright M1115, Charles. A 1r'm11g1'-
111:11;11o 1111111131111. Trad. da W.
Dutra. 6." ad. Rio da janairoz
Zahar, 1931, p. 135.
4
U;-1da111', p. 134.
-fl .- O ARTIESAO lN'1"l1l.I1Cl'1"lJ1’1l.
Chau1, Mar11ana. Filosofia mo-
darna. I11: Chaui, Marilana a1
al11. Pr1111air11 f1'1’osof11'1. S110 Pau- Wright Mills raflata 1111111 11ala".1.11 a 111111111111 1111l11'a aata 111111111 111-: p1'111:ada1 a d1s1"1111a
io-. B1'a11111a111a, 1984, 13.77.
F1
sohra 11111-11111 as]1a1:111s 1'aIa11111111:1~;:_11 1'1:1111;511 a11t1'1' 11 11111111 da 11111111111111 1111 1111111111111 do
Chaui, Ma1"11a11a. C1:-111111111 {H11-
sofln. 3111 P1111111: 1111111, 19514, 11. 11af1q1111_1_111_111r, a 11"11}111r1'i1111.:111 11111'11I1g1r 1111111111;1"11-1; am 111-1111111111 11111111111111 1:11111o Ia1'1111111-
RTE‘. 111111111111 1111111111 1:11}11'1111111;fi111l1'11111-'111~.f111111-11,11 1111p111't11111.'111 111~1"11'1'11."11-.11*11 i111111_11n111;E1o

13 |’.r'1lJl.U 111 .‘1."111l‘*1Ull‘1"|"1|1..-*1


L$l&&lA 1- 1' - ill " i "" \' I‘ I ' " ' ‘I ll _" i k --I -F Ii "- + -"FL "" "'-"1'-"'""

criadnra, a ateiigao c11n1 a |i11_1_;;11age111, 1'ee11sa11d11 a aietagfiri e 11 hermetismn 1' além da


[-;-j;=;1|i"1ilit31;.§lL"1 da pesquisa 13111110 prritiea artesa11al111e11te e1:::-ristniida. Nada substitui sua
'I'

ieitura" e teritareinus de1111111st1'1i-I0, 1'ea|iz.a11d11 i11e11rsfi11 iigeira a estes printris. Uma i.


I

I F '1
quesraei fu11da111e11tal se refere as reiaefies entre U te111a eleitu para pesquisa e a vida do 1 ‘II. .
I _,.
pesquisadeir. “Os pe11sad0res mais ad111i1':iveis“ —- e11si11a 1": autrir — “nan separam seu
rrahaihn de suas vidas. E11eara111 an1l1us demasiadu a seriri para permitir tal dissocia-
gae, e desejarn usar eada u111a dessas coisas para 11.1 e11riqueeimente1 da 0utra"3.
Ademais, pronmver a c1_1r1s1J11ar1eia e11tre pesquisa e biugrafia é altamente esti-
mulante, peiis atribui vida ac) estudo, retiraude cla prudugao iriteleetual poeiras de
artifieialismo, que recobrem parte da pesquisa aeadEn1iea eiu, senau isso, que acabam
e-antribuiudo para a representagao social da universidade CUITIIIJ redoma, imagern que
.p

ainda eneemtra ressonancia 1'10 conjunto da soeieclacle. K .1-

Um euidado, todavia, pareee necessairioz a reiteragae mecfinica da experiéneia


pede levar a0 eonforpnismo, a reprodugao da mesrnice diarite de situagfies complem-
mente cliversas. Por isso, previne 0 autor, eorwém manter uma relagan ambigua com
a experieneia
*“£ “ser ao mesrno tem 0 confiante e 1:e't'11': __-::1__:_,d_1;_s§_E3__a..tn611I£.==;1._£11_Q. tra Eici‘r
ma u_r_r_:L . esurnidamente:aincorporagaoda eiqgerienciavivid. __a,p0de_5__0nfer1r ' alrna
-1, - 1.,‘ - - J r "
a pesquisa, mas ceder as verclades crlstahzadas, a formulas vulgares, a esquemas re-
‘diifiuriisfas, mesnio_<s1uh'1=?§uj;50sta1'i1kenfe__<ili<;l3.?ie0s, tuclo isso pride trazer 0 resultado
inverse, 0 da mortificagao. mm- “*“_""'"
s2rquiv0s, 0 autor rece-mencla nae descurar nem mesrno dos
minuseulos detalhes, clas coisas m0mentanean1ente sagas. Futuras assoeiacfies eriati- 1'

-_ -\-

vas podem desvandar nexos hoje néio percebidos. Imp-rirtante também é ser <;_1§_iteri0s0 .
e absoiu sto ao eoli ir ou ao roduzir Cifldfifi, ee1111e- no ease da(s"e_11tr_ei.7i“s'-‘
"55; per exemplo. Elas niio sari feitas apenas corn buns reiteireis, previamente_Eesr11i.ir1s
eTue1l10rad0s, mas com atitudes éticas em relagae as pessrias pesquisadas. Vulture-
rnos a este pontei mais acliante, com 0 auxilin clas refleieeies cle Osu.-'11|d0 Elias Xidieh.
Buns pesquisadores, esclareee Wrig]1t Mills, nfiri se li111it11r11 £1 11l1servii11ei11 de re-
gras, mesmei pe1rq11e na maioria das veaes e1-cperi111e11r:111"1 sit1111q1*1es que us 111111111;1is
1&0 poderiarp a_n1:ecipar. Além do que, pesquisar 115111 se rest1'i‘11_QE**RiF§
e p111-las em prarie-aT_(3)~eultiv0 da capaeidade i11111gi11:11i11r;1 se11;11'a 11t1;'*1;11i1:11 do pesqui-
"5?-1d0r; snmente a er1genh1;1sidade saherd£1-_11£|1_1E_r;;__;1_Qs;1_ggQ_1£1Q_11e_1§;}_i_s51s, 1.11112 11511.‘.-
i|1pOEiE1'iHffiDS seq11eFi' '§§ei1THu1_1iia seH1111PQ,[1_s!11i1l1.L11LLl11-.1.Ls?lLL1[i.‘;* :~1111:i;1|. 1 F ‘I!

\Y-1*i_1g,l"1t Mills, L.11-.11"|es. D11 arre-


. _ 1": . Ln“ -I - - “H-_‘“"'*
,- 1%
islr I11 1£3 =.1pr|n10rar
’ a ]3€l‘LC'])1s§1J,l(.f1ll£1F
" ' -* ' a se11s1l11i1ri111le,1'1111p|1;'11‘ l1111'1r.1111t1's 1i1;"1.'11111-
' s-.111.1r1;1 1111:-:iect11.1l. 111: is U31.

y-lb“P rendidas nu seu i11ri1111i.


reensari, ccmiiiver-se dianre cle ]1r1itieas, |1e1|11e11i1111s 1111 s11-.1 P11111111, 1"11l111'11s11s e des- 1‘1'r., p. ll I-43.
‘I HJ1J1'1r;_ p. 11 l-ll. H
4 H11¢1'1'11i, p. 1 I3.

i r;.\..111|1-.1111s 111 1.11:-1s111111_..111 11.1111.~.1_111|.~..1 1.111"11"1~a1.1s s111"1.11s


I‘) '
1 I , I‘
-I
-~ F _.-F‘

_.- .-*’
.
__-I‘

‘_. 1"
I I§fiji" ' ""‘i-|—T‘|""' _ - in _ ' 1 - -i_____ i

Nerves sadies, enrre tantes eutres escrites de Walter Benjamin, exemplifica cern
K
inigualaluel eucante iste que estarnes tratancle. Refere-se :11 relagae enrre a cultura
visual e e ceticliane clas pesseas, cem base em expesigae erganizacla per Ernst jeel.
Nae ebjetiva clespejar infermacees aes expectacleres na vs tentativa de terriéi-les
especialistas; pretencle acienar e interesse cles visitantes para que Clali 1'15-0 Sfliflm Elfl
mesrne jeite que entrararn. Cacla prepesta esta erientacla para rechagar e clistancia-
mente e a indiferenga, almejancle a cenjungae entre arte, cenhecimente e vicla prairi-
ca. Dende as surpresas, e acenchege cles cenaries e pegas, a mebilizagae elegante e
criativa para prencler a atengae, sem jamais perder a leveza. Assim, para representar
‘U
‘\. e censurne cle urn alcecilatra num dade periede, que fez ele? “A icléia rnais cemum
"-*-.
1‘-i
seria iacemeclar urn cenjunte censideravel de garrafas de vinhe eu aguardente. he
’| invés clisse, Jeél celeca, ae lacle cle quaclre cem a inscrigae, urn papelzinhe tecle
4
.J gaste e clebracle: a centa trimestral cla venda”‘°.
\__.l Ceerente cern tal encarninhamente, Wright Mills sublinha a necessidacle cle se per-
.
1-‘-

\__ .1 seguir, sempre qr-is pessreel, e emprege cla linguagem clara e simples. Nae é nada fricil,
'\:_ ._ ,
1. _:-HI?‘ -1:

mesrneperque priaticas anterieres censagraram linguagens especificas cenferrne a area:


‘\ Q psicelegués, e ecene1r1§:s, e secielegués e assim per diante. Entencla-se hem: nae se
tr'a'ta-cie-vulgariaar quesrees e cenceites, mas cle sempre se esfergar para enunciéi-les
cem a clareza e linguagem simples. Questees cemplexas pedem ter tratamente nae-
reducienisra, usande-se clareza de expressae, de rnecle a que tarnbém se pessa er-dander
a cemplexidacle em sua plenitude. Escerregar a tecla hera para e ininteligivel, recerrer
a jargees, abusar cle estrangeirisrries, criar supestas nevas seméinticas quancle urna ace-
medagae criativa talvez fesse pessivel em pertugués, eu, especialmente, quancle rude
iste é feitea prete:-rte de riger, ceme se a predugae cientifica devesse permaiiecer n1ari§i-
ria di-5 apreensmeie selieifiif-Z1"E'aT§'§im clistinguir cem prestigie e mérite a quem a realiza, ai e
ne da questae. Fazer urn estude cempre-ensi'velnE1e é alge que, aprierisricamente, pessa
ser asseciade s superficialidacle. “Escrever”, ensina Wright Mills, “é pretend1f-:_r_a_,;1ren-
gae des leiteres”“. Fazé-le cem desen1barag1>,'s'e"m cle'sviesbanalizadere‘sTfé"1ii'abalhe de
Tapidag:§re..pa-ra"a-vida tecla. Que e cligarn es literates!
"‘lE'1ei1jan1in, Walter. Nerves sa- Tecles esses aspectes cenvergern para a necessidade de e pesquisader se assumir
dies. In: ——. Decumeirtes de
CH.l!’I¢?'1:i', decrriireirtes ale bnrbririe.
cerne artesae pertinaz, paciente, atente, sensivel e, ae n1esn1e tempe, desprerensiese,
Varies rracluteres. Selecae e in- zelader de censercie enrre reeria e prarica, reservande exemples prebanres a cacla
rred ucfie de Willi Belle. San Pau- mevirnenre irnpertante cie sua reflexfiri. As ciencias humanas, ae serem exerciclas
le: Cultrixflidusp, 1986, p. 179-
31.
ceme eficie, perniitem que cada pesquisader se sinta parte integrante cla tradicae
"‘1"I-’1'i__-1__:|1t Mills, Charles. Ob. crr., classica, pedencle fazer reviver, rlentre cle 1113s e enrre nes, aquile que cle n1ais alenra-
p. E35. der a crsndicari hurnana pede eferecer.

20 PAULCJ IIJE S.-‘1.Ll_E5 Ul_l‘1"lI1RE'1


I I-i-i.-iii--,3,-.11. .|-. 1-.1 1 1_J'-I 1 $1! ' 111' 1| 1'1 I I 1 I ‘I1-111 - -1-I ,--1 -1- -,1 -I _, ' —-1-_—1;""'1——r-.|_.-'1-'- Iinfli
_ _ n.—- .|"

11111 111121211 MUITO 11111311 eas Tsc1\11c11s


Nae é clificil e11c.e11trar quem ce11ceirue 111ere1.le1 ce111e 11111 c1:111i11r1tt.1 cle técnicas,
_.r11as_i_s_s1.f_1 siguificaria eperar u111a ener111e 1'ecl11c;-fie naquile que ele pecle representar.
(P1-‘Iétede e11_1.'elve, sjrn, tE_c_11@q11e de11e111 estar sir1re11izatlas cem aquile que se pre-
\-H‘-"-—Ji—-—a.._.__.—F d

pee, mas, alem isse, dis respeite a frindarneptes e precesses, nes quais se aptiia a
refleatae. ‘ Ae se falar, per ereemple, em 111__1r_'§-tecle 1?_a_11_l_c1 Fre1_r_'e
ii“ cle apren cl izagern, a cl‘1s-
cussae seria rnuire reclutera se apenas aluglisse aes re_cur_ses_e_i.11stru11i1_er1_rr1_s_£;lp _qu_e__se _ I
._._______._._
1'_a_le.para~pce_nj1_1_:11;e_1' _a__al_f-.1l1er_ii:aeae; seria necessarie ir além para perceber e e_rll151_s_a-" -_.. .-"

mente teerice, que as suép-a_rte_ e pe_r_1sist§ncia_ae mete-cle. De que mecle encara a edu- -, {H '1

cagae? Quais es pressupestes Cla relagae enrre eclrrcacler e educandesi‘ Cerne tais _ - .
questees ' peclern inrerferir ria predugae d e saber.'-‘ E assin1 per d ian r e. _
ul-

A superagae cle enrenclimente meramente instrumental cla meteele1egia,Hceme


se ela apenas represenrasse um cenjunrecle ré'cn'icas'das quais e pesquisacler pu- '1

ciesse diaper, inclepenclemente cle suas cencepgcies acerca de munde e clas relagees
enrre suieite e ebjete de pesquisa, reafirma a irnpertancia cle uma reflerrae, capaz cle
dar centa cles prececlimenres peles quais se censrrei um_a'pes_q1_.1isa em ciéncias l1u- _
_ - . .. - - l1Al:1rar1'1e, Perseu. Pesquisa em
manas, '
ciencias seciais. Ir1:I—Iira1'.1e, Secli.
Pesquisafr se aprencle meclianre e prciprie faaer, enfariaam es especialisras; nada
.
- L J| '_ (erg.) Pesqrrisa seemf, prefere e
'I|_-|-—|I
'
I.
-

pc1'rleei~a-su-b's'tirui§ esta'_p'raQ:_i_1;al1'. Mesme perque muitas siruaeees inusiradas esperarn planejamenre. 1.“ ecl. Sae Pau-
- ‘ _

pele pesqursader ne clecerrer cles es memenres de seu traball-1e e, ceme se le: T. A. Queirez, 1935, p. 21-
"—"h1 S3.
cledua, e as rrere '" esrae,
" e nem sequer pe cl ertam ' estar, presuamente
' cl ece cl'f'
1 1ca cl as em 1.1 Oliveira, Paule cle Sallcs. Mes-
manual algum. Para ebrer depeimentes na ferraa rle,e,1‘;Ll;r,e11isra, per esremple, ceme se
1lI—I-I-1-I-1-1|:-1-1-===1|
rre Xiclieh, a culrura 1:le p1I1"11'D c
_ J-=q"='“'ll'| |lI|I"'-'—I.,‘.

[ cleveria prececler? Basraria chegar cliante cles sujeites a serem pesquisatles e iniciar, e a cenaruraliclade. Cae1‘e1-nes ela
i _ . . _- _" - __ .
1F1.1c11lr1'11n'e de Frlesefia e 1:1's11-
qua11Te antes, arenrrevista para n;a1_:1__te111arten1pe nern cle enrrevrsrade eu tampeuce
eilrs. Marilia-SP, numere espe-
cle pesquisacler? Depencle. O pesquisacler l ie seraente ele —- 15EE1s11:1 idenrilicar a cial {dcdicacle ae estude da el:1ra
dinamica Tnais preficua, que resguardasse a inregriclacle ela rnaneira cle ser cles sujei- cle Qswalcle Elias Kidiel-1}, p. 15-
res pesquisacles. Ne estude cla cultura pepular, per ereemple, uma referencia segura 1 1, 1996. De preprie Ciswalde
Elias Xidieh, censulrar: N1:1r-
‘rem cle Oswalcle Elias Xidieh. Seu mettle cle prececler reitera a i111perrii11cia cla censi- r.rr1'1'11s pepiihrres. Bele Heri- In-141.--I-h - -1-1|1|1.-.-1&-I.
.._ -""'1|'1-11-.1,‘
tleragae ae eurre. Mestra que ha: “[...] um rrrerrreirre para a natragae. Ha 1111111 11111121-
"'=— __ __—— _ d_ _—.-III‘-
zenre: Eduspilratiaia, 1993,
gae particular em que a l1isteria pecle ser cenrarla, respeiranrle-se e ce11te11:t11 cultural cem inr1'e1;lu1;f1e de 1-kltirecle E-c:-si;
§e1r1'.r.-111 snrrra 1'1-1.l:11111-1'11. 5511.1 Pa 1.1-
cle 3 ru P e e isse é e Cl ue realn1enteir11 P erra P ara e P es uisader. Se ele seulaer se situar
le: Institute de Esrucles Brasi-
cl enrre cle cente11:te estuclacle, se nae " recerrar a fa I a 1l es e11rre111st.11.
' - l 1.11s per crit1-."'ries leires, l‘€I.T*'2, alem de arrige,
arbitrairies e e1-trerieres e, sebretucle, se nae quiser cerrigir es 1lepei111e11t11s, sal1er:i Q11-.1clr-.15 peprilares e a1.lj:11:en-
disringuir em que 111e111e11te es sujeites estuda1.l11s p11c|e111 se e11:p1'ess11 1' li\'re111e11te l." cias. Esri.-11'e:= 111'.1111,'111z'1.1s. 55111
l‘1111l11, 1'. ll, 11.“ .3-U: p. .ill5'-341
Em razae clisse, vale a pena ret111T1a1' a c11l11ca1';a11 tie l3'e1's1'-:11 fl1l1ra 11111, '1*:1l11ri;-ga1_la
111:1i1.1-11,-;_',1.1st1.1 1.le 19‘?-'.
C.'A.‘1ll1"'-'|Ill!€ Dll *I.1'.J.“~lT'1|llllII_I.-l1'llI 11.-'1 l*l..‘1l._}|.|l.‘i.l1 li.‘1l IlI|E'1"‘~lLil."1l'1 SUD].-Elli

la-' 11- 1. p '. r_l_-'1.‘ -I‘ -11 1|'| -1 1|. I I

1"!’ l If ,-I I‘. l E I '1...‘ I If I '1.


l‘

l 1'. J 1 1"
X 1' ’ I -.
-f-If -% " _-' I 1,‘

I l-1.
i
.,i_ , II
L rm--. |.'I|.11-_1_r-| ,1, _1_1.___J“|_ in-_,r..| | J—

pele ac1'1*§sci111e que ll1e lea Gabriel Ce-l1r1: “e rr1ell1r1r aprenclizacle cla pesquisa secial s
aze-
f, A
a “-1, mas,
.
prefe1e11c1al111e11te:
_ . ‘ Hi
fa-re-la
-1'1
saberrde-se 1:1 q.111.:-1 sa fr‘1!.1‘:'.'.”"l

1-_.__.

CONSTITUIQRO E Pe1.11"1z11<;1F1e DO METODO

O matecle existe para ajuclar a censtruir uma representacae aclequada clas ques-
.,_ _
raes a serem estucladas. Ele fei censtituicle ne arnbire cle um mevimente cuja erigern
1 I1
|_.
1.
‘I.
.1- rementa aes sacules XVI e XVII e que valerizava a capaciclacle cle pensamente ra-
'11

'11
11" cienal. Acreclitava-se que, pele use da razae, seria pessivel aes hernens nae srfi cenhe-
cer e muncle mas, alaru disse, transferraa-le. Esse cliscerr1in1er1re que asseciiava a
razlae clues‘ l11i1‘111-as a. pessibilidacle cle prevecar rnuclancas na vicla secial ja sigaificava
e quesrienamente cle saber clileranre e centernplarive. Represearava, também, uraa
cunha na supremacia clas interpretapaes teecanrricas, prepugnancle a clesvincu_.la§ae
cla preclucae cle sabercla arbira eclesiasrica para que ela puclesse se ceasriruir ne
‘ inrerier cle universe secular. O surgimente clas acarlemias laicas rrazia, perranre, eu-
{ Era pessil:1ili1:lad'e interpretativa, buscancle explicagaes para es dramas seciais na pra-
pria cliraensae humana cle e:-risrancia, sern a interferancia cles cerapeneares estra-
il rerrenes.
i Cuirleu-s_e, entae, cle censtruir _n1ei_es cenfiaveis para eb_s_ervar,__para p_1_:_ernever
e:-rperirnentes, bem cernelpara elaberar hipateses e principies. O desenvelvirneate
destes instrurnenres fei cencerairante ale. clas racnicas;“pestulava-se, afinal, urea ciaa-
cia cle inrervengae, que fesse atuaare na prarica e que esrivesse, a urn s1I1ten1pe,sinrer1i-
zada cem a eirpansae capitalista e cem e aurnente cla capaciclarle precluriva. Orcleaar
as ceisas, sisternatiaa-las, iclenrificar uniclacle e 1.liversicla1.le, n1easurar, clecemper e
tetle era partes, analisar — eis resu111icla111e11te a empreitacla que se queria censeliclar.
.1"! Quem iria eperacienaliaar e rnéterle? A respesta a esra quesrae pae ere eviclancia
1'
1 a figura cle sujeire tle_c_enl1eci111e11te. Trara-se cle alguém cen1 esistancia cerp{1rea1
“versacle 11as l1al:1ili1.lades ha pe1.1ce e11u11cia1.las, desejes11 de fazer valet sua lern1a1;5111
cientilica para elalierar u111 sal1er que nae s1.'11 fesse capar tie clar e11.plica1;1I'1es ceavia-
centes sebre clererminarlas 1;.]11esr1I'1es seciais mas que, sebrerride, puaesse ser aplisflllfi
para interferir ne rurne clas ceisas.
Quantle e rlese11v11lvi11"1e11t1:1 111ere1l11l1"1p,ic1.1 se terna recurse imprescinrlivel pa1‘f1
Cehn, Gabriel. Apresenracae. insinuar, esrahelecer eu 111es111r1j11stific11r i11te1'\-'e111;1T1es 111111.li.fie:11.ler11s 11:1 secierlade. -‘J5
In: Hirarie, Scdi {erg.) Ob. 1:11.,
p. Xll. rela "fies enrre "ia e s11cie1.la1.'le se alteram: a 111-1111119511111111.1111~1 se c1111sagr~..1 c1;1I‘l"11'J-*

22 I’.-'\.l.ll.CJ llli. 5-‘1l-l_l7.51 l'.'1l.l"1"l_ll1‘1."1.

-
— "' " "1' ' —Ir-.-.-_.- q,--.- . _ " I _,'.__,".-'I
" "" ,-

fonre do poder. Sem pordor do vista quo osta 11|1i.?ir1 ontro eonhooimonto e pol itica so
faz, ainda, em moio ao embato travado com as origoos toologioas do sabor.
Nao doixa do sor ourioso notar, com Maria Sylvia do Carvalho Franco, quo a esso
mowimerrro do dessaeralizagfio do oonheoimonto corrosprmdou a saoralizag:ar> do tra-
halho”. Foram voomontomonto contosrados o o>roroi'eio oontomplativo, o ocio, as fes-»
ras, as formas do ocupaoao do tempo ooonomioamonto improdutivas, ao mesmo tem-
po om que so eultuava a disoiplina do eorpo o do ponsamemo, a meoanizagiio do
oorpo pola técnica o 0 adostramonto da monte polo método. A eonstrugao dosto modo
do ponsar foi coneomitante s asoensao burguosa o s constituigao das bases j urfdicas
om que so assontou sua onrorgencia co-mo forga polftioa propondoranto.
Variadas formas do onfrontamento niio impodiram que o Dezenove assistisso a
eonsolidagiio do projoto burgués._Politica e oiénoia rocebem onfim o reconhecimonto
gonoralizado como instrumontos capazos do pron1o¥.ror o domfnio da naturoza o do
disoiplinar os homens 5 logica da produtividado o da acumulagao. Estava, pois, defi-
nitivarnenro intoriorizado nos homens 0 roldgio moral dosta outra diniimiea, como
diria Edward Palmer Thompson“.
Augusto Comte, por sua voz, porsoguindo a tarofa do delimitar o ospago da fisica
social, osripula na segunda ligao do Csrrso do filosofia posirivrrl? quo o caminho da
'5 Franco, Maria 5}-"lvia do Car'.'a-
oienoia leva a provisao o dai 23 agfio, compondo a trilogia: sahor, prover, agir. lho. Rerciricrr o mérodo. Cons1-
Dosdo fins do Dozoito, 0s homons da cionoia podom ser oorrsidorados como figu- doragoos sobre o “progrosso da
ras podorosas e dominadoras, capazos do tudo ontondor o submeter as suas explica- cioncia”. To:-.:ro mimoografado,
novorn‘c~ro do I981]. Da mosma
goos, com o ooncurso do método. No caso dasiciéncias l1umanas,1:>orém, urq p_ar_ado¥ aurora, vor ramlném a minuoiosa
xo so inrorpoez afinal é do homom que so rrara. Isto quor dizor que o homom so torna, rofloxio sobro os fundamonros
ao mesmo tompo, sujoito o objoro na invostigagao ciorrtifica. I- _ da oioncia e do liboralismo no
arrigo: All tho world was Amo-
Alom disso, sondo 0 sujeito do oonhecimonto roprosontado pola figura do ho- rica. Roz-':'sr.z do USP, r1.“ IF’: p
mom-oiontista, olo om rose pod:-2 mdo, mas, ao oxoroirar osto poder, torna-so prisionoi- 30-53, m:1r»;_;o-abril-maio do
1.
ro do uma situagao quo, supostamonto, é capaz do conrrolar o, porranro, dominar. 1999.
ln
Thompson, -.
Edward Palmor
Como assim? E quo, ao submotor o roal ao método — sopondr:-~o noutro e ofioierrto 1
Trr:.1l1'r'l'o:r. r¢’r'::¢‘l1‘J jr cL":rzr:.rorrcfd
para dosvendar as tramas sooiais em sua transparénoia plona o oxata — o sujoito do Lit’cl'.1so. Esrudios sobro la crisis -\-

eonhooimonro é conduzido a olhar a sociedado oomo quom a vi?“ do fora, do lrrrrgo, do la sooiodad proindustrial.
ostonrando olinrpioa extorioridado. Nosre emproondimonro, |'ooorra, dissooa, deoom-i Trad. do E. Rodrigrloz. Barcelo-
na: Cririoa, l‘37"9.
poo o manipula o real om partos, dosejoso do molhor illlilllfiil-l{1.#EI5£B pr.-itioa, aparon. ‘Q Comte, Auausro. Soarrnda lir;-Jo.
romonro rigorosa o acétioa, acaha por mutilar o _r1_11j3_;r;r_s1;_s;_1gir1|, iradlfillfirrrrrlrm-rm. O In: i. {Torso do fflosoplr po-
muodo sooial aparoco oongolado, som r;o|'1t|'arligoos, som lotas, sour o11l_1‘r*:~1T-.\__|‘\."1'£‘T1tr>s, sm'r'o. Tr;‘u.l. do .-K. Llrarmotri.
5-do l".1ulo:.~'\b:'ilL11lrr1r".1I. 1'5-""3.
SE11‘: parado":»:os. E a mortificagfio do ohjoro. Os lromons rransforluarrr-so om olwjoros
I‘- l‘5'. lL'olr‘\‘.io “Us l‘ons.1do-
inorros,ral qoaloadrlwzres,prontos11-ara‘rJo;-rorrfeiooio|1tilioodo mmtomia,nasmfios I1‘:-
I1)

('1.-\.\l|Nl|{,'I.'s H1". II.'l'1'1"*\‘?':l'lllI{, .-H1 [L1 l’l Hl_1'|.1l.*|.'\ l?\| 'LYllL'l"-.'L l.'\?-+ .'$U'\. |.'\l5 3.1

L
._ -|_| _._ .- _,_'.._ i___

do mozdieo legista ou do patologista. “A bom dizor" —- osclaroco Claude Lofort —- “a


1'l us-1o
‘I comoga qoando imaginamos que do um lado as os fatos e do outro a tooria o
quan d o dissimulamos a posioao om razor) (la qual osta divisao apareco. Somos ontiio
fflI'§HCl()5 a deserovor o rnovimonto do eonhoeimonto como so nolo nao tomassomos
parte o fixar sua origem do um lado ou do outro.”"‘
O estudo do metodologia om eioneias humanas necessitaria ser cuidadoso e aolar
para que lromens oonorotos, sujeitos o objetos do suas indagagfiies, nao fossom mutila-
dos on, entfio, nao so _ tornassom
. objotos
_ mortos nas maos do cientisras dis P ostos a
fazor da ciénoia outro podoroso insrrumonto do dominagao. Lucien Febvre so dodloou
s qflu estao,
“ que osta' na base da eonstrugao do saber. “O que vos chamais fa t os.3 Que
F + ..r n -P ' " : - ‘I 1.
colocanois por tras dosta pequomna palavra ‘fato’? Pensais que os E-Efis-s dados a
h. , . . . .
lstoria como roalidados substanc1a1s, que 0 tempo enterrou mais on rnonos profun-
d _,,- I

amonto o que so trara tao slmplosmonte do destorrar, do limpar e do aprosontar em


b o l a estampa a vossos contomporanoos?
" Ou entao retomais ' a vossa conta a palavra
do Borthelot, or-raltando a quimica no dia seguinte ao do sous primeiros triunfos — a
quimica, sua quimioa, a ifmiea enrre todas as ciéncias, dizia ole orgulhosamonte ue
f . . 1 cl
al:-rica sou Gbjfllifi. No que Bertholot so enganou. Porque Eodas as erEn{:_i_as_f_abrie_ram
_s_ou obioto”“3.
E possivol Promover
_ uma ruptura com ostas praticas dorninacloras‘._ Sim o nao,
'
poderiarnos dizor. So a ido"ia'd'o'e"""' *-
ioneia sooialestivefmuito vinculada s q uol a prove-
E mente das cienoias dos fenomonos naturais, havora nitida diseordancia com ostas
colocagoos. So, ao oontrario, o objotivo é ajustar as possibilidados explioativas clas
ciéncias humanas aos limitos da poculiaridade que existe e_rn so tor, sirnultanoamonto,
1 Q ljomemoomo sujoito o ohjeto, a resposta so oncaminharia para uma ruprura. Mos-
1, rno assird , rest a contu d o a indagagiio: como promové-la?
A I '
Varios oaminhos sao possivois Um doles est’a om ostudar o rofletir aoorca das
implieagoos dos funclamonto§to5rieo7'iiiof'6dol'66ior1s
. _,_______ ,,, ____h___;_q ue e rnpregamos o assumimo-is
M‘ E“
para nos como adoquados o oonvomentes.
_____ i O leque do possibilidades é variado
“‘ Loforr, Claude. O nasoimenro do : passa
idoologia o do hurnanismo. In: -"7""pe [ff
as onros“r_o as oiladas
' que oseonclom E -"rra
,___' um
_ enrendi monto g_ue_sp_poro_as aparon-
——. As formers do bistriiria. En- oias nas entranhas d os roars - ' mtorossos
' '
em logo, nas agoos dos sujeitos inter-
saios do anrropologia politics. l ..
locutores numa dada epooa; polo procosso do produgiio do corrlaocaimorrto, ou soja
-l'rad._do L. R. S. Forros o M.
Chaui. Sao Paulo: Brasilionse, pola transformaeao dos dados, com a mediaofio do concoitos, om iirtorproragoes do
—|—_-r—

19?9,p.156. T‘um clorerminado roma sooial; pelrililii-rbirrfllrlrier dizor, pela abrangoncia que so posrula
'9 Feltwre, Lucien. Cooibots pom‘ |

Flziisroiro. 2.“""' ed. Paris: Armand


I p ara a posquisa,
_ além , ainda, da= rollo:-d'1oom
' toruo d as re lagoos
' enrre snjairo o ohjoro
1 - 1 - H ' A ' .-' -

Colin, 1965, p. 115-6. (Tradu- con 1ec1monto o as doertirronoms an implioitas.


oao foira por mim, PSO.) Tondo om vista que nosso direeionamento é rollotir no horizonto d-as oionoias

2.4 1*.-KIJLU DE ‘aALl.l5.5 {.lLl"Jl-.IR.+‘\


ii'

humanas, uma possibilidado fértil pode justamente ser esta, a reavaliagfio oritica clas
[,=_.|a§,=,,=_-5 more 5uj_e_i_t_o__e_o_bj_o_to___do _oonl1ocimento. Esse trilhar so inicia, segundo indica
;. . I.arilena Chauilfi I pela rocusa do autoritarismo da s-'erdado,1ou, em outras pa l avras

pela relativizagao da figura soberana do sujoito do Conlreoiinento, que determinados


métodos evidenciam.
“\-

PASSEIO DA ALMA NA ESTEIRA DEIXADA PELO5 OUTROS

A mesma aurora nos lembra, retomando os gregos antigos, que pensar é promo-
ver um passeio do almazll. Como aqui so trata do ostudar diferontes propostas to6rico-
1' . . _, . -
metodologtcas, fundamentando-so na lElllL1i‘i-1, mtoloogao, _~;;_l,rsoussao--o.olal1ora_r_;ao do
associagoos possfvois, dialogando com auroros consagrados, ler e o passo inicial.l‘,Ls!.1f.’."..
— prossegue ela, om outra formulagao — “é aprender a pens‘-ar na esteira deijoada
polo pensamento do outro. Ler é rotomar a rofle:-rao do outrem Como matéria-prima
para o trabalho donossa propria refloxao.”13. ~
Supoe ultrapassar muitas praticas onviesadas, tais como: ler do modo exterior,
sem se importar om distinguir as poculiaridades do texto om si; ler pincando o que
interessa, segundo a convenioncia do (muito doscuidado) loitor; ler do manoira frag-
mentaria sem recompor o oncadoamonto das idéias pelas quais um autor constror sou
1|

ponsar; ler um texto usando lontes e roforonciais ostranhos ao autor que o concebeu.
Longe disso, ler implica identif:ig_aLo_s sigoificados que oautor confore quos; I" Chaui, Is-larilona. Cnlrm-a o de-
mooraoia. o disourso competen-
toes esrudadas. Piboa colhoita na leitura, e:-rplica Alfredo Bosi, est:-ii em distinguir o
to e outras falas. 5.‘ ed. Sao Pau-
oscolher adequadamonto os sontidos originalmente proposros. . -' lo: Cortes, 1990, p, 3-13_
“A palavra que ou leio (logo: colho) na sua ingrata renitenoia sobre a pagina do 3' Chaui, Marilena. Com-rite ti fi-
livro desafia-mo como a perguntarda Esfinge: a rosposta pode variar ao infinito, mas losoflz. Sao Paulo: Eltioa, 1994,
p. 1.51.
o enigma E sompre 0 mesmorlo que on qs:o:'o dizezrfi Ler s collrer tudo quanto vom
31 Chaui, l\'l-arilona. Os trahalhos
esorito. Mas, interprotar é eleger (ex-lagers: escolherl, na messe do possihilidades se- da momoria. In: Bosi, Ecloa. Mo-
manticas, apenas aquelas que so movom no encalgo da questfio crucial: o que o toxto moria e sooiod."ir1'o. Lombranoas
quer diaer?"33 do velhos. 3.“ ed. Sao Paulo:
Companhia das Lotras, 199-‘l, p.
Para intorpretar, respeitando aquilo que um autor quis realmente dioer, é impor- 2'1.
rante deeifrar o enigma do re:-rto: o que dia o autor e, mfiitlfll}l{'}§.§lCL1ll1EI1lIE, por q no ele 3"‘ Bosi, Alt-redo. A intorprotaofio
o faz deste modo. Esse é um exercicio que requer mais que paoioncia e porseveran<;a. da obra liter-.iria. In: —-. Coir.
Su oe uma mentalidade alargada, como diria Hannah .1-‘~.renr|t, oapao nao so do apro- i'1:fo:‘r:t1. F.l1$;1lL15 do oririoa lire-
r.iri.1 o idoologioa. Sao Paulo:
ender as 1 erenoas enrre osto ou aquele autor, mas do salier adrnirar um texto hem Ami.-.1, 1~>ss,p.3."4 . - 3:‘-'5.
C.U.ll?~1lltJ5 or r.r.ir-.-s'|'|nir,:.i.ri n.-1 |=i.so~i1isa rs: ri||".*-rr:|.is sri<."|.-us 2S
_ 1, ___? i. I — ,-_ L _h ,_.~ p. |_| |._|n -—-|-
! I o - I-Z—- I-I.-‘"1 ‘I’ "'LlilLl I

ooncehido, oresnro que e prirsripalmer-rte qsrrmdo néio haj a oonoordanoia com a orien-
tagao teorioo-metodologica s qual nos filiamos. Prejulgar ou entao fugir s Vordadg
i_norente ao texto sao prooodimentos que todos nos pesquisadores prooisamos a todo
custo ovita r. Pot isso, s fundamental o traltialho do reconstruir com nossa imaginagao
o itinerririo do construcao do pensamento do outro, tratando do néio desfigrrra-lo. E
' um encaminhamento do trabalho que respeita a intogridado do todo e que, portanto,
relativiza o pincar fragmentado do partes, a oompreensao apressada ou mesmo a
- leitura er.-rterior, que pode ao re:-rto categorias e desenvolvimentos que ele nunoa pode-
_hria tor, pois jamais fioeram parte dos horizontes do autor que o ooneebeu. O/truo
i cuid s oom as assoora ' .; iifies. Em rorteradas
' vezes , p or c ornodidade, ingenuidade ou
p oorremos no ongano do fazer C(1lago_ns_dhe,cj;;gf,ޣ5_5_ogm
re specifioidades do movimento do ensar do_s,.aut_o_1§e,_s, Uma simples e lini-
oa palavra assiu“mem istmtos, h arrnomzando
i - so ao oontezirto
em que estiver siruada. Por esremplo: Durl-zheim sublinha a neeessidado do so tratar o
faro social como ooisa. Trata-so do algo inroiramente divorso da ooisifioagéio das rela-
igoes sooiais, que apareee na oonceiruagao mararista. Convém, pois, estar atento as
diferengas e identified-las loem,'em vez do teritar esoamotea-las. Um leitor diligente
pode, por outro lado, desoobrir que mesmo autores do tendenoias antagonioas ali-
_ mentam, aqui e ali, ponros em oomum. Mas esre discernimento so apareco quando as
clareza das diforoneiagoes e, portanto, quando j s nos mostramos capazes do praticar
uma leitura que respeite a interioridade do texto.
Autor algum gostaria do ser entendido em aoepooes que nunca originalmonte
foram suas; alem clisso, parte doles pode nem mais estar nosto mundo para poder
defender-so. Do mesmo modo, seria dosalontador para qualquer estudioso tecer oo-
mentarios solare esta ou aquela fonto e ser oonsiderado um mau loitor, soja por distor-
cer soja por trair o signifioado que o autor quis imprimir ao sou to:-tto. Para evitar
estos e outros tantos dissabores , uma saida e aoom panhar atentamente as _cr1nsl:rtir;i.'ies
teorico-metodologieas dos to:-rtos, mergulhando em sua din:.'imica. interior. A recom-
pensa viral do prop-rio or-rercicio em sin, que oultiva a etica na oonstruoao do saber, e das
mrfiltiplas doscolziertas que o tertto, ao monos potencialmente, pode ensejar. Diante do ‘=
auroros que so tornaram roferenoias basieas, como e o caso dos que aqui estfio repro-
duzidos, sempro so pode esperar que suas paginas aoolham muitos tesouros. Ta] qual
ocorro, todavia, na velha falmla lem brada por Walter Benjamin3“, a bengao do en.oon-
H _ _ _, __ _ tra-los nao poderia estar om consumi-los. E sim em desvenda-los no oarercicio do um '
- Ben|am|n, '%\'a|ter. E:-:per|enc|a
e polweza. ln: —-—. or». ri':.. p. Irabal/so silente, atento, perseveranto, engenhoso e, por isso mesmo, quem salve are
195. diverrido.

l".~"\Lll_(_l I'J'L §1.\LLli§-| 'lTILl"~.'l.'|l-’..‘l

'
*€.fl|fl-Hlfli l“|1 !u _ F
.-.1-.| i--|—. "'-'- -

NOTAS SUMARIAS some 0s AUTORES

EMILE DURKHEIM. Nasceu na Franga em 1853 e faloceu em 1917. Entre sous


re:-rtos mais conhecidos estfioz A diuisiio do trabalho social (1393), As rogms do método
socioldgico (1895), O suicidio (1897), As for:-was also-oarzrares cla vida roligiosa (1912),
Edacacfio e sociologia (1922), Sociologla e filosofia (1925), O socialismo (1928), Mon-
rosqsrlou e Rousseau, precmsorcs dc: sociologla (1953).

FLORESTAN FERNANDES. Nasceu em Sfio Paulo em 1920 e faloceu na mosma


cidade em 1995. Publicou numerosos livros, enrre eles:./'11 orgarrloagcfo social dos tapi-
rzambcls (1949), A fmzgiio social do grrcrra us-: sociedade raprsrambd (1952), Frr:rdanrr:n-
tos ompz'rzTcos do oxplicagdo socioldgica (1959), Folcloro o rrrrrdancrz social rm cidade do
Sfio Paulo (1961), Sociedado do classes a srrbdcserz-uoloimerrro (196 8), Crrpiralisruo do-
pe:-rdanto o classes sociais no América Latina (1923), A ravolrrgiio lmrgnosn no Br.-zsil
(1975), D.-:1 guerrillas: do socialismo: or Reuolagdo Csrlarrrra (1979), A rlllftrlrtrrl om qrros-
rfio(1982L

MAX WEBER. Nasceu na Alomanha om 1364 o faloeeu em 1 920. Sn-as priblicrtooos


incluem: A ética protestarzro e o esgffirlro do capirallsrnrr (19116), Ecom_>m:'.1 o $()£‘l£‘tl.-.Zrl£’
(1922), alom do varios escritos, como os Eusaros do srirr'r1lri3ir'1, orgarrizarlos por C. Wri-
ght Mills e Hans H. Gerth, com t1'aclugr'ir:i l:-rasiloira revisada por Fernando Honriquo
Cardoso, e Morodologra clas c:'é::cins soclais, em dois volume."-., r.i.>111t11i.ur;-.1o
‘ ':. l lnasiloir-.1
cle Augustin Werner.

SERGIO BUARQUE DP. l-IOLANDA l\l'1scerio111Ԥ*1ri 1"-uiloom l 901


I l- 1 s. L 1. — 6|
f l
1982.Fo1 professor da USP, dirigiu o Museu llaulisra (mais conliecido como i\lnsr'n do
jioaugal e o Instiruto do hstudos llrasileiros. lluhlicon, enrre outros: l\'or’:r's do Bi-rzsrl

1?

-ii
I--I 1 I H '|.'l=-1:1 ‘F -'-|- .4-|ll""

(1936), Cobra do w}:1lro (1944), Mcmrzgfios (1945) Cum-zirzhos e frmzteorzs (1957) Vis"
do parmso (1959), olém do coorclooar os volumes1 sobro colonia e império do Hi.-ztorio :1 '35‘

gem I ca
l ciuilizogoo
‘ brasr'le.im, po1'f:.1zemlo um total cle sets livros (1960 a 1972).

KARL MARX. NflSC€Ll no Alr.:m:mha om 1818 c o1o|'rcu em 1883. Escosvouz 1III’."U—


dl »- ~. ,1 - . . . . . .. - ~
ugczo a crztrca do f1l(1.*sofm do daroxto do Hegel e Marmscrztos e'co:zrJmzco-fzlosrjficos
(1844), A sc1g1'aolafam:'l£o (com Engels, om 1845), A ideologio alernfi (1846), 1)/Iisérfo do
filosofia (1847), 1)-iaxzifesto do Porrfdo Commrista (1848), Lora do classes em Fmugo
(1850), O Dezorfto Brzmz:ir1'o do Lm’:s Bonaparte (185 2), Esbogos do uma crftica do eco-
nomio polirica (Gr-urzdrisse) (1857-8), Crffica do ecorromia polifica (1859), O capitol,
Livro I, (1867); os livros II E: III so vioram £1 luz em 1885 c 1894, publicados por Engels.

MARILENA CHAU1. Nascou om Siio Paulo, é professora dc histéria cla filosofia o


dc filosofia politica cla USP, foi socr-tt:11'i:1 municipal dc Cultura cm Sfio Paulo entrc 1989
c 1992, c cscrcvcu: O que é ideologio (1980), Culturo e democracia (1 981), Do reoliciade
sem mistérios aos nxistérios do mm-zdo (1981 ), Semixzcirios (1983), Represscio sexual, esso
nossa (des)conheczda (1984), Corzforo-iismo e resistérrcia (1986), Cor-zuite :1 filosofzo (1994),
Irztrodugfio 8' h1'sto'rz'a do filosofio (1994).

José GUILHERME CANTOR MAGNANI. Nasceu cm Curitiba, em 1944 E pro-


fessor cle antropologia cla USP e pub1icou:Fe.-stano pedago (1984), Umbanda (1986), No
metrépole, textos do amfrop ologio urboiro (com Lilian cle Lucca, 1996).

ECLEA BOSI. Nassau cm Sfio Paulo, é profcssora cle psicologia social na USP, c
cscroveu: Cr-zltum do massa e c-ultura popular; leituras do ope-rcirias (197.-'1), Memdria e
sociedade, lembrmzgas do uellvos (1979), Simone Wei], a razéio dos uerrcidos ('198.-'-Z). Pre-
parou e traduziu Rosczlfa do Castro — poesio (1966); orgzmizou e prcflacioxlz A corrdicfio
opemrza e outros est-udos sobnz o opressfio, dc Simone \\'-"'<=:il (19?9).

PAULO DE SALLES OLIVEIRA. Nososu em Sfio Paulo em 1950, é professor do


Dcpartamcnto dc Psicologia Social :2 do Trnlmllxo no USP e c-scrci-W211: Brinqueclos arrow-
nais e expressiuidade cult:-sml (1982), Brisrqrxcrlos tmclic:]:>mr£s (>rnsile>iros (1983), O que
é brinquedo (1984), Brixrqrz-xerlrl 1? :':rol.rEstrio cult:-1-ml (1986). A Hucitoc prcpnru :1 tdigfio
do Vuias compartrllmdos, colt;-:1-o .9 -:o-o:l::co§.:’m do germ-1105.

Você também pode gostar